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#contraponto
amor-barato · 9 days
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O trabalho não passa de uma droga como as outras. É humilhante que os homens não possam viver sem drogas, sobriamente; é humilhante que eles não tenham a coragem de ver que o mundo e eles mesmos são o que realmente são. Têm necessidade de se narcotizar com trabalho. É imbecil. O evangelho do trabalho é simplesmente o evangelho da estupidez e da covardia. Trabalhar pode ser orar; mas é também esconder a cabeça na areia, é também fazer tanto ruído e tanta poeira que a gente não possa ouvir a própria voz nem ver a própria mão diante do rosto. É escondermo-nos de nós mesmos.
Não admira que os Samuel Smiles e os grandes homens de negócios sejam tão entusiastas do trabalho. O trabalho lhes dá a ilusão confortadora de que eles existem e até de que são importantes.
Se parassem de trabalhar, haveriam de perceber que a maioria deles simplesmente não existe.
São apenas buracos no ar, nada mais. Buracos talvez um tanto malcheirosos. A maioria das almas smileanas deve ter um certo mau cheiro, acho eu... Não admira que elas não ousem deixar de trabalhar. Poderiam descobrir o que realmente são, ou antes o que realmente não são. É um risco que não têm a coragem de enfrentar.
Aldous Huxley, in: Contraponto
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no-wings-no-angel · 7 months
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real.
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momo-de-avis · 27 days
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Ofereço em contraponto:
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delirantesko · 3 months
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Fome de pele, Saturação Visual (texto, 2024)
Um dos aspectos da solidão proveniente da baixa autoestima somadas a síndrome de abandono, é que se passa muito mais tempo olhando do que tocando as outras pessoas.
Pra algumas pessoas essa é uma experiência condicionante que pode acontecer durante muitos anos. Touch-starved ou "fome de pele", como descobri recentemente, é um fenômeno real que pode afetar nossa saúde, inclusive. Afinal, o maior orgão do corpo humano, a pele, existe pra ser tocado, experienciado.
Quando foi a última vez que você recebeu uma massagem que não tivesse o intuito imediato do gozo? Quando abraçou alguém por longas horas, seja antes ou depois de uma transa? A satisfação imediata do prazer, a performance cinematográfica fantasiosa que obras pornô dirigidas por e para o homem exigem, a pressa inerente dos dias de hoje que exigem cada vez mais nossos sentidos direcionados para o que não é o prazer, e quando permitem, é o prazer rápido, o equivalente para o sexo do que é o macarrão instantâneo para a alimentação.
O insight que tive hoje de manhã, e que motivou esse texto, é que a saturação visual é o contraponto da fome de pele: são dois opostos, mesmo que sejam da mesma moeda (o prazer).
Graças a internet hoje, e serviços como canais online com cenas de sexo, oferta de vendas de imagens e vídeos pessoais, e até a quantidade de pessoas que transformaram o Tumblr num site de busca, conversa e relacionamentos (nada errado com isso, quem é adulto sabe o que está fazendo e é possível conhecer muitas pessoas assim!) estamos cada vez mais expostos a taras, fetiches, gostos e outras preferências sexuais que antes ficavam relegadas a grupos mais fechados. Tornou-se mais fácil para as pessoas encontrarem e descobrirem o que as deixam excitadas.
E saber o que se gosta é um dos passos para conseguir o prazer, esse que alguns cultos e seitas por aí impuseram um preço (a culpa, Onan que o diga!), já que a satisfação sexual é possível até mesmo sozinho. Um dos ataques a masturbação por exemplo, com ameaças hilárias como "crescer pelos nas mãos", tinha uma única fundação: a vila precisa de homens fortes para se tornarem soldados e mulheres que darão a luz a novas crianças (servindo basicamente como forninho para novos súditos miseráveis). A masturbação impediria ou prejudicaria a produção de novos bebês para a subsistência da vila.
Acontece que não estamos mais nesse período. Por incrível que pareça, e para o negacionismo de muitos cultistas, o mundo não é o mesmo de 2000 anos atrás. Existe na verdade, um excesso de pessoas que aumenta cada vez mais, e o que não aumenta é a satisfação, o prazer. Pelo menos não do homem comum, que precisa pagar as contas todo mês pra não se tornar um mendigo.
Existe toda um campanha, um complô, para que as pessoas comuns, como eu e você, não sintam prazer. Porque ele alivia a dor, e a dor é matéria-prima de muita indústria por aí.
Nosso prazer é prejuízo para um grupo de pessoas, que se alimenta de toda dor proveniente da ausência dele.
Como uma pessoa que se sente satisfeita e amada faria guerra por exemplo? O soldado precisa estar longe de casa e esperando retornar para casa para enfim "viver seu amor".
O soldado pensa: "Mato uns aqui, volto pra casa foder com minha esposa e ter vários filhos." E o ciclo continua.
As guerras de nações contra outras nações diminuíram, com certeza, mas ainda estamos em guerra com outras ideias, outros conceitos.
"Aceito aquela proposta?" "Será que saio do emprego para viver meu sonho?" "Me apaixonei por outra pessoa mas já tenho alguém, o que faço?"
Enfim, o mundo já tem preocupações demais sem contar a sabotagem dos que não querem que você sinta prazer. A existência pode ser uma grande "empata-foda" se você não tomar cuidado.
Com isso, eu exploro dois sentidos: o tato e a visão. Acho que já sei sobre o que vou escrever no próximo texto desse tema...
Esse é o terceiro texto relacionado com voyeur/exibicionismo, um tema que comecei a explorar recentemente e que percebo ao conversar e ver as pessoas reagindo com interesse no assunto. Os outros dois textos estão aqui:
Pornográfico olhar e
O que o exibicionista sente?
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srtarmina · 26 days
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❀°• Stupid Cupidᴶᴼᴱᴸ •°❀
Sᴜᴍᴍᴀʀʏ: Jᴏᴇʟ ʀᴇᴄᴇʙᴇ ᴜᴍ ᴄᴏʀʀᴇɪᴏ ᴇʟᴇɢᴀɴᴛᴇ ɴᴀ ғᴇsᴛᴀ ᴊᴜɴɪɴᴀ.
Tᴀɢs: ғʟᴜғғ, ᴇᴅᴜᴀʀᴅᴏ ᴇ́ ᴜᴍ ᴀᴠɪsᴏ ᴘʀᴏ́ᴘʀɪᴏ, sᴘᴏɪʟᴇʀs ᴇᴘɪsᴏ́ᴅɪᴏ ғɪɴᴀʟ ᴅᴀ s2, ʙᴇɪᴊᴏ, ᴠɪᴀɢᴇᴍ ɴᴏ ᴛᴇᴍᴘᴏ
Wᴏʀᴅ Cᴏᴜɴᴛ: 2.4ᴋ
(ᴅɪᴠɪᴅᴇʀ ʙʏ ᴀɴɪᴛᴀʟᴇɴɪᴀ)
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O pátio do IECET estava lotado, quase sem espaço para que os jovens conseguissem transitar sem esbarrar um no outro; “licença”, “desculpa” e “obrigada” eram as palavras mais escutadas no meio da bagunça. No centro, alguns casais dançavam forró sob o olhar da Professora Beth, encarregada de verificar se os movimentos eram adequados para o evento escolar – porém, de quinze em quinze minutos, podia-se ouvir ela gritar com algum aluno sobre a indecência no ambiente.
As barracas de jogos estavam lotadas e as vendas de comidas típicas disparadas, os doces em abundância. Os jovens conversavam entre si e discutiam sobre a “barraca do beijo” que aconteceria ao fundo da escola, em segredo da administração; Douglas Dourado, o queridinho das garotas e solteiro desde o aniversário de Luiza, estaria dando selinhos nas garotas por 2 reais. Assim, de várias formas, os estudantes do Terceiro Ano ajudavam a juntar dinheiro para a formatura do ensino médio.
Fagulha havia optado apenas pelo show que sua banda faria para angariar fundos, mas quando um dos responsáveis pelo correio elegante ficou doente, ele teve que assumir a posição. Estava de roupas normais – xadrez –, mas por sorte eu que havia confeccionado a asa de cupido do outro menino, então ainda estava comigo.
– Veste as asas – eu disse e ele revirou os olhos, com manha.
Entreguei a peça do figurino para ele, que esticou os elásticos e ajeitou em suas costas. Em contraponto, eu estava com a mesma roupa que havia vestido no carnaval; uma cupido completa, com saia branca, maquiagem de beijinhos pelo rosto, tiara de coração e as asas tão esperadas, carregando a cesta com os cartões. Professora Beth fazia um crucifixo toda vez que me via passar, quase pegando uma régua para medir o tamanho do tutu.
Minha primeira entrega do correio elegante era Joel. Procurei-o com os olhos por todo o evento, encontrando-o distante de seus amigos, alheio a festa e dentro dos próprios pensamentos, perto da arquibancada. Parecia estar procurando uma maneira de chegar atrás do palco, mas não achei que seria do seu feitio burlar o sorteio ou roubar algum produto. Me aproximei dele antes que o perdesse de vista.
Toquei em seu ombro, fazendo-o se virar para mim.
– Tenho um para você – eu disse e ele cerrou o cenho, como se não acreditasse.
– Pra mim?
– É – sorri e procurei por seu nome na cestinha.
Retirei um papel dobrado escrito “JOEL” em um dos lados; não haveria como ele duvidar que era para ele. Quando aberto formava um coração e, dentro, podia-se ler: “Queria pescar um beijinho seu essa noite.”.
Entreguei para que lesse e, instantaneamente, suas pupilas dilataram. Um sorriso cheio apareceu em seu rosto e pude ver suas bochechas rosarem; provavelmente a caroda mais linda que havia visto em todo o São João.
– Ganho uma dica de quem foi? – perguntou, ainda sorrindo.
– Nenhuma. O correio elegante tem compromisso com o anonimato – passei dois dedos em frente a boca como se a lacrasse e jogasse a chave fora. Ele riu.
– E como eu vou saber quem é?
– Não é problema meu – dei de ombros.
Voltei ao trabalho, entregando outros correios elegantes aos seus destinatários, sem revelar o remetente, mesmo que me implorassem – ou uma profissional séria. Além dos casais já assumidos que mandavam correios um para o outro, havia descoberto uma lista de alunos que tinham quedinhas nas pessoas mais inesperadas do IECET – e, por outro lado, uma gama de outros alunos que estavam afim do mesmo garoto: Douglas Dourado.
Assim, quando chegou o momento, instruí todas as garotas que haviam enviado um correio elegante para ele, Fê ou Luiza, a irem calmamente para a parte de trás da escola. Mesmo com o visual perfeito para auxiliar na barraca do beijo, preferi continuar andando no pátio, oferecendo correios elegantes até as pessoas mais velhas, argumentando que a esposa adoraria ser lembrada do amor que sentiam um pelo outro.
Nasci para as vendas, pensei.
Continuei andando por todos os lugares, entrando dentro do prédio da escola apenas para beber água. Porém, para minha infelicidade, ouvi uma voz se aproximando de mim:
– A Professora Beth deixa as alunas usarem esse tamanho de saia? – ao terminar o comentário, escutei aquele riso insuportável que poderia ter apenas um dono.
Era Eduardo. Me virei para encará-lo, tendo que olhar para cima mas sem me sentir inferior por isso. Tensionar a mandíbula e não pisquei, estava me impondo.
– Tem algum problema?
– Problema nenhum – me olhou de cima a baixo e eu quis dá-lo um soco, mas estava acompanhado de dois amigos e eu não conseguiria me defender. – Tava pensando se a cupido aqui só entrega correio elegante ou se ela também entrega beijos.
Seu comentário fez com que os músculos do meu rosto se curvassem em nojo.
– Vê se me erra! – esbravejei e sai do lugar.
O que ele estava fazendo ali? Muita coragem aparecer no IECET depois de tudo que havia feito as pessoas e, principalmente, depois de levar uma bolada da Carol do primeiro ano durante os jogos e ser humilhado na frente de todas as escolas da região. Era um bosta mesmo, mas a festa era pública e eu não poderia fazer nada quanto a isso.
Segui para um pouco mais longe, sem vontade de conversar com mais ninguém – encontrar com Eduardo tinha acabado com qualquer energia e vontade de interagir que ainda havia em meu corpo. À medida que a música ficava cada vez mais fraca, comecei a ouvir um barulho; não era constante, durava um ou dois segundos, cessava, começava de novo. Não entendi.
Quando virei a quadra da escola, consegui encontrar a fonte: Joel estava amarrado em uma árvore, gritando “socorro” contra a fita em sua boca, enquanto se debatia contra a madeira e tentava se soltar. Corri em sua direção. Quem havia feito aquilo? Tirei a fita de sua boca.
– O que aconteceu?
– Eu prometo que te conto tudo depois, mas me tira daqui – implorou. Não quis repetir a pergunta, notando o desespero em sua voz. Comecei a desfazer as camadas de fita que unia suas mãos, com voltas o suficiente para que não conseguisse estourá-las sozinho. Fiz isso o mais rápido que pude e, quando percebi, Anita estava correndo em nossa direção. Ela se abaixou, para ajudar a desfazer as camadas de fita que uniam seus pés.
– Eu não consegui sabotar o sorteio – Joel disse, no maior tom de preocupação possível.
– Então quer dizer que não vai dar? – Anita perguntou, olhando em seus olhos.
Eles sabiam de algo, estavam em sintonia. Mas o que estava acontecendo? Joel ia mesmo sabotar o sorteio? Por que? E por que Fabrício apareceu dizendo que havia visto Eduardo na festa? Sim, havia encontrado com ele antes, mas por que aquela informação era especial? Tudo pareceu ainda mais urgente quando a Treinadora Lúcia anunciou ao microfone que aquela era a hora mais aguardada da festa: o sorteio.
Antes que os três saíssem correndo e me deixassem sozinha, com as sobrancelhas semi-cerradas, segurei o pulso de Joel. Eu merecia uma explicação ou, pelo menos, um obrigada. Seus olhos ficaram suaves ao encontrarem com os meus, mas eu sabia que aquilo era importante, conseguia sentir em sua pulsação. Não o seguraria por muito tempo.
– Vai me contar depois o que aconteceu?
Joel deu um passo em minha direção e passou a mão pela minha bochecha.
– Prometo – afirmou freneticamente com a cabeça.
Distanciou o toque lentamente, deixando com que o dedão acariciasse a pele. A conexão havia durado milissegundos, mas eu a sentiria por horas. Passei a sentir o ácido do estômago, as borboletas pareciam estar loucas dentro da minha barriga e um sorriso bobo apareceu no meu rosto. Em segundos havia perdido-os de vista.
Voltei para a festa em seguida, sem entender muito como Eduardo havia ganhado o computador e por que ele estava com o caderno do Joel; também não entendi por que esse e Anita haviam ido correndo para recuperá-lo. Uma briga se instaurou no pátio e eu apenas observei, esperando o retorno dos dois.
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Não muito tempo depois, já no fim da festa, eu estava contando o dinheiro que havia ganho com o correio elegante. Havia sido um dos comércios mais altos da festa junina considerando custo de produção e vendas, sobrando bastante para investir na festa de formatura do final do ano. Com um sorriso no rosto, Fagulha se aproximou de mim.
– Vendeu quantos? – perguntei, passando o dinheiro de uma mão para a outra e juntando-os com um elástico.
– Ainda ‘tô vendendo.
Pegou um dos cartões de dentro de sua cestinha e me entregou; por fora, tinha meu nome. Ao abri-lo para o formato de coração, me deparei com a mensagem: “Me encontra na barraca da pesca?”. Olhei para ele curiosa, mas apenas recebi um bico e arquejo de ombros, como se não tivesse conhecimento de quem havia pago para que ele escrevesse aquilo.
– Se você me botar numa enrascada… – falei, em tom de ameaça, mas ele apenas riu.
Mesmo que desconfiada, resolvi seguir para a barraca de pesca. Quem poderia ter me mandado aquele correio elegante? Balancei as mãos em ansiedade. Joel estava de costas, mas o identifiquei pelos cachinhos que ostentava no cabelo e a roupa que havia visto mais cedo. Ele também percebeu minha presença quando se virou com um sorriso no rosto. Era ele, não era? Sorri de volta e me aproximei.
– Você disse que queria pescar um beijinho – sorriu e segurou a minha mão.
– Como sabe que fui eu? – o desafiei.
– Eu só sei.
Com um sorriso convencido, me puxou pra perto com uma mão na cintura e, com a outra, acariciou minha bochecha e levou meu rosto até sua boca. Iniciou com um selinho, testando minha recepção ao beijo, mesmo que nossos olhares já tivessem deixado nitidamente explícito nossa vontade de se afogar um no outro. Assim, continuamos com um beijo profundo e eu mordi seu lábio inferior, sentindo os pelos de seu braço se arrepiarem contra a minha mão.
Era o melhor beijo que eu já havia tido. Por mais que tenha beijado outras pessoas, nenhum beijo poderia se comparar com o de uma pessoa que realmente se ama. É mais que técnica e desejo, é a alma se entrelaçando e um êxtase violento que te faz querer cada vez mais. Me aproximei de seu corpo, estava totalmente rendida. Ele sorriu enquanto nos beijávamos e eu nunca estive mais feliz.
Não sei por quanto tempo continuamos beijando, mas quando senti que nossos corpos estavam próximos o suficiente para atrair olhares de julgamento por considerarem inadequado o escalonamento do beijo em um local tão público. Puxei minha cabeça para trás e o senti me perseguir, como se quisesse continuar o beijo. Não consegui desviar meu olhar de sua boca, agora mais volumosa e vermelha do que antes. Queria beijá-lo mais.
Então, me recordei dos acontecimentos passados.
– Que lance foi aquele de sabotar o sorteio? – perguntei, lembrando da promessa que ele havia feito de me contar tudo depois. – E como você sabia que era eu que havia mandado o correio elegante? Eu não contei pro Fagulha. Na verdade, eu não contei pra ninguém.
– É que eu sou do futuro – respondeu, com semblante sério.
– Ha ha ha – forcei uma risada sarcástica – Muito engraçado.
– Eu só… estive pensando no que eu queria para a minha vida, pro meu futuro. É você. Eu sempre fui apaixonado por você e era hora de tornar isso verdade, de fazer o passado valer a pena.
Ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha, onde a tiara estava posicionada. Seu toque era macio e, mesmo que sua frase fizesse pouco sentido semântico e contextual, falando de passado e futuro de maneira branda e confusa, eu sabia que estava falando sério. Minha boca se contorceu em um sorriso e eu tentei desviar o olhar, era a melhor declaração que eu podia ter recebido.
– Sei que perdemos a quadrilha, mas quer dançar? – perguntou.
Me estendeu a mão e eu aceitei, caminhando para o meio do pátio onde adolescentes pulavam animados com a música tocada por Fagulha, Bruna e Henrique – intitulados como “inimigos da Beth” para a ocasião. Não demorou muito para que eu e Joel também começassemos a pular ao som da música, de mãos dadas; ele me rodou e eu não conseguia me desgrudar dele, distribuindo beijinhos em sua bochecha vez ou outra.
– Eu sei que eu to com chupão, mas por que ninguém tá falando do Joel? – Carol disse e todos seus amigos olharam para nós, gritando e assobiando.
– Podem zoar o quanto quiserem, mas a menina mais gata da festa é todinha minha – respondeu confiante e me puxou para mais um beijo, na frente de todos.
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Ele devia isso para o Joel de 17 anos. Da primeira vez que presenciou a festa junina e ganhou o notebook usado, havia sido burro demais para suspeitar que poderia ter sido ela a enviar o correio elegante na ocasião – afinal, a garota era areia demais para seu caminhãozinho durante o ensino média. Seu senso de inferioridade e o leve crush em Anita o impediram de fazer qualquer investida que fosse.
Os anos passaram e uma amizade surgiu em quase todas as timelines que havia experimentado, mas nunca um romance. Ele nunca achou-se merecedor e ela sempre se sentia em segundo lugar com Anita. Foi então que, no futuro não muito promissor em que Eduardo havia comprado quase todos os imóveis da cidade que ela revelou pela primeira vez, completamente bêbada, que havia enviado o cartão. Claro. Era óbvio! Quando Joel tentou se aproximar para beijá-la, ela desviou o olhar.
– Faz tempo, Joel. Esquece – não voltou a encará-lo, apenas mordeu o lábio inferior observando a rua. – Demorei muito para aceitar que isso nunca iria acontecer.
Sua voz era triste e ele sentiu o peito pesar. Prometeu para si mesmo que se Anita voltasse a Imperatriz, independente de quando fosse, faria o possível e o impossível para voltar no tempo. Precisava reverter tudo que havia causado com o caderno, a vitória de Eduardo na quermesse, o futuro horrível de seus amigos e a oportunidade perdida com a garota que amava.
– Eu prometo que vou ajeitar tudo da próxima vez – respondeu rápido, como num pedido de perdão.
– Como se pudéssemos mudar o passado – ela caçoou e revirou os olhos, antes de se levantar para ir embora.
Assim, quando Anita apareceu e sua chance de mudar o passado se tornou realidade, sabia exatamente quem havia lhe enviado o correio elegante.
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Aᴏ3
Wᴀᴛᴛᴘᴀᴅ
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gctinhc · 15 days
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Atenção, atenção, quem vem lá? Ah, é BARTHOLOMEW SABERHAGEN ( FELINO DE BOTAS ) , da história O GATO DE BOTAS! Todo mundo te conhece… Como não conhecer?! Se gostam, aí é outra coisa! Vamos meter um papo reto aqui: as coisas ficaram complicadas para você, né? Você estava vivendo tranquilamente (eu acho…) depois do seu felizes para sempre, você tinha até começado a ROUBAR UM TESOURO… E aí, do nada, um monte de gente estranha caiu do céu para atrapalhar a sua vida! Olha, eu espero que nada de ruim aconteça, porque por mais que você seja CORAJOSO, você é INSOLENTE, e é o que Merlin diz por aí: precisamos manter a integridade da SUA história! Pelo menos, você pode aproveitar a sua estadia no Reino dos Perdidos fazendo o que você gosta: sendo um LADRÃO, GOLPISTA, GATUNO, SALAFRÁRIO.
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O personagem é dono ou cuida de algum lugar no Reino dos Perdidos?
Cassino Far Far Away - Nessa vida, o Gato de Botas resolveu investir em uma nova forma de lucrar e com isso fundou seu mais novo estabelecimento: o Cassino Far Far Away, onde a banca sempre ganha (mas isso é segredo). Com uma decoração suntuosa e clássica, lembrando em muito os clubes aristocráticos de Londres, o Cassino Far Far Away oferece uma variedade de jogos e entretenimento. Além das clássicas mesas de carteado como Pôquer, Bacará, Blackjack, também temos os mais clássicos jogos de azar: Roleta, Dados, Máquinas Caça Niqueis. Você pode ser um dos sortudos que foram contemplados com a misericórdia do Gato e ganhar uma quantia de dinheiro, mas não se iluda, isso é feito apenas para alimentar seu vício. Além do mais, o Cassino Far Far Away conta com ambientes exclusivos para a mais alta sociedade dos contos de fadas, onde apenas aqueles mais abastados podem ingressar e serem servidos por belas pessoas, além de apostarem nas mesas com prêmios mais altos. Também conta com um bar com uma variedade de bebidas e petiscos. Venha por sua conta em risco!
Como está a posição dele em relação aos perdidos? Odiou ou amou?
Talvez ele seja um dos poucos personagens animados com a chegada dos perdidos, pois foi graças a eles que voltou a sua forma humana, deixando de lado a forma animal e as bolas de pelo (eca!). Tem esperanças que não acabe sozinho, no próprio conto, um esforço que está fazendo para tentar reconstruir as relações que ficaram pelo caminho e ele perdeu. No entanto, em contraponto, tem medo das mudanças. Sofre por pensar que se sua história for alterada, pode vir a esquecer de todas as pessoas que já passaram por sua vida, de todas as histórias que já viveu. Por isso, sente-se dividido em dar continuidade a nova história, pois não quer deixar de lembrar-se do que já viveu.
HCS e Conexões em breve!
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laifromthecosmos · 29 days
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Mula Nakshatra: A Força Cósmica Primordial.
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Astrologia Tropical orienta o zodiaco para o ponto do Equinócio Vernal, o que marca no início do signo de Áries. A astrologia Védica orienta o zodiaco do "Centro Galáxico" para o centro do Sol Galático, nos quais as influências passam por nós através da constelação fixa de Sagitário. O Centro Galático é chamado de "Brahma", a força criativa, ou "Vishnunabhi", o umbigo de Vishnu. Do Sol emana a luz que determina a vida e a inteligência na Terra e que dirige os sete raios da criação e da distribuição do Karma.
Em termos da astrologia sideral, o Centro Galático está localizado no início de Sagitário. No sistema védico é encontrado na constelação lunar (nakshatras) chamado "Mula", que significa "a raiz" ou "origem". Mula pode ser, assim, como o primeiro da série da constelação lunar. Marca 13º 20' de Sagitário, no meio que é localizado o Centro Galático. O último na série da constelação lunar é Jyeshta, que significa "o mais velho", é encontrado no fim de Escorpião. Isso mostra que os antigos sabiam do Centro Galático e nomeou as constelações de acordo com este conhecimento. Os maias identificaram o Centro Galático como Hunab Ku, que representa o Deus Supremo e Criador Supremo. É considerado como o "Últero da Mãe" que está constantemente dando a luz e deu a luz ao Sol e ao planeta Terra. Acredita-se que Hunab Ku direciona tudo que acontece na Galáxia a partir de seu centro através da emanação de explosões periódicas de "Energia da Consciência".
A energia do Centro Galático é transmitida principalmente por Júpiter, chamado de "Guru", o professor na astrologia védica, e por Sagitário. Júpiter é dito o professor dos Deuses, o poder cósmico da luz. A este respeito, ele é até mesmo o professor do Sol, que é o guia do mundo. Jupiter representa e direciona a Luz Galática para o sistema solar.
Essa associação de Mula com o Centro Galático sugere uma forte conexão com as forças primordiais e cósmicas, simbolizando a capacidade de acessar a sabedoria profunda e transformadora que pode vir a tona a partir de uma experiência intensa ou de uma busca espiritual. A influência forte de Mula pode sentir uma ligação profunda com essas energias cósmicas, manifestando um desejo de ir ao âmago das questões e buscar a verdade e sua forma mais crua e pura.
Ketu, o plenta que governa Mula, também trata em obter o fundo/núcleo de tudo. Ele armazena Karmas do passado e libera aqueles maduros o suficiente para serem vivenciados no presente. Pode ajudar a reunir as ferramentas necessárias para cumprir o objetivo na vida presente. Isto é sugerido pelo simbolismo das raízes amarradas. Mula, portanto, ajuda a reunir de maneira significativa os talentos que se desenvolveram em vidas passadas.
Mula tem haver com investigações de coisas invisíveis ou desconhecidas. Junto com o seu contraponto Ardra (que fica diretamente oposto no zodíaco) Mula tem senso de investigação mais forte e profundo entre todos os nakshatras. Mula está diretamente associado para fins medicinais. Em sistemas medicinais antigos como Ayuruda, raízes de várias plantas são usadas para a fabricação de medicamentos. Da mesma forma, Mula também se relaciona com a raiz das doenças, ou seja, microrganismos como vírus, bactérias, etc. Assim como tudo sob a jurisdição de Mula, esses microrganismos são invisíveis a olho nu. O fato das raízes estarem ligadas sugerem ideia de limitação. Como resultado, Mula muitas vezes não permite muita liberdade ou dispersão de energias e faz com que as pessoas mergulhe profundamente dentro de uma esfera limitada.
Mula Nakshatra é profundamente ligada à figura de Nritti, uma Deusa poderosa e enigimática da mitologia védica. Nritti é frequentemente associada á destruição, caos e dissolução, mas sua influência vai muito além de uma simples forçar destrutiva. Ela representa as forças primordiais que desconstroem e desmantelam para permitit que algo novo e mais autêntico possa surgir. Nritti é a Deusa da transformação através da destruição. Ela governa o processo de desintegração necessário para a renovaçãoe regeneração, refletindo a ideia de que para que haja crescimento, algo velho precisa ser desfeito. Em muitos aspectos, Nritti pode ser vista como a guardiãdas fronteiras entre o conhecido e o desconhecido, do conforto e do caos, simbolizando os momentos de crise que desafiam as antigas estruturas e crenças, preparando o caminho para o desenvolvimento pessoal e espiritual. O símbolo de Mula é um feixe de raízes amarradas, representando a exploração das origens, o desvelar das verdades mais profundas e a busca pela essência de qualquer situação. No entanto, para alcançar as raízes, é necessário passar por processos de destruição e descontrução, aspectos profundamentes ligados a energia de Nritti. Aqueles que têm planetas importantes em Mula Nakshatra podem experimentar momentos intensos de destruição e renascimento ao longo de suas vidas, sendo chamados a abandonar velhas identidades, crenças e situações para se transformarem em algo novo e mais verdadeiro.
A influência de Nritti em Mula também enfatiza a importância de enfrenatr o caos e o desconhecido como parte do camiho para a iluminação. Mula é o nakshatra de investigação profunda, onde a verdade buscada é revelada, muitas vezes de maneira dura e desafiadora. Nritti guia esta busca, assegurando que as ilusões sejam destruídas para que a verdade, por mais crua que seja, possa emergir.
É da natureza de Mula cortar e destruir rapidamente coisas que perderam o seu valor. Na maioria das vezes, lamenta as suas ações em retrospectiva. Somente quando sua vontade Universal é que Mula funciona de maneira sábia jupiteriana. A luta entre a universalidade e individualidade atinge aqui o seu auge, pois a individualidade está no seu auge de expressão. O processo de individualização começa em Ashwini, é celebrado em Magha e culmina as experiências individuais completadas em Mula. O além do domínio do ego e do egocentrismo, Mula é um nakshatra orgulhoso e arrogante e muitas vezes são incapazes de compreender o seu próprio poder e habilidades. Em alguns casos, isto é bom, pois a sua capacidades de infligir danos a si mesmo é restringida pela sua ignorância. Seu lado terrível e demoníaco vem do funcionamento negativo de Ketu em seus aspectos inferiores, podendo gerar ego, vaidade e arrogância, o que pode levar alguém a realizar ações abomináveis e demoníacas.
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klimtjardin · 3 months
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☁ Contos de Nube ☁
Atualização 43 - "Nova geração" parte II
[Dormitório Renoir]
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Narciso: vou fazer alguma coisa pra vocês comerem, nada de sair pra beber de barriga vazia!
Apolo e Rosa trocam um sorriso.
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Narciso: minha receita de macarrão com queijo, gostaram?
Apolo: bom.
Rosa: nossa, tá ótimo!
Narciso: pareço mais simpático pra você agora, Rosa? 👀
[Na festa]
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A "Festa De Recepção Dos Alumni" da Academia é uma tradição oferecida pelos veteranos e ocorre no primeiro dia em que as portas da Academia de Belas Artes abrem para receber os estudantes.
Mais tarde, no entanto, na primeira semana de aulas, a própria Academia oferece uma programação para seus calouros se conhecerem, competirem e estudarem juntos, por meio dos "Jogos Anuais CT".
Desta vez, o local escolhido pelos veteranos para a festa foi uma boate nas redondezas.
Rosa, Apolo, Narciso, Sun e Hera parecem ter se divertido bastante.
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Exceto Olívio. Sua timidez não o permitiu passar da porta, mesmo acompanhado. Ele quis voltar para casa e se concentrar nas suas primeiras lições.
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Em contraponto, Sun está de olho em seus arredores, torcendo para que tenha um pouco de sorte hoje à noite. Ele não liga muito para más-línguas, não tanto quanto Olívio...
Amei essa foto do Sun, ai ele tá tão lindo, tão galã kkkk
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Rosa caiu dura de sono em algum canto do lugar kkkk - é claro que seus novos amigos estavam com os olhos grudadinhos nela. Não julgo, já aconteceu comigo.
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Apolo solta a franga.
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Depois de acordar, Rosa não lembra bem o que aconteceu... só lembra de ter conversado algo com Sun, que o fez olhá-la de uma forma diferente.
Será que isso será um problema?
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nghtpriestesss · 3 months
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headcannons ✸ connections ✸ timeline ✸ pov's ✸ tasks ✸ playlist ✸ pinterest.
COURTNEY EATON? não! é apenas EMILY Z. HOLT, ela é filha de MELINOE do chalé VINTE E SETE e tem VINTE E SEIS anos. a tv hefesto informa no guia de programação que ela está no NÍVEL II por estar no acampamento há NOVE ANOS, sabia? e se lá estiver certo, LILY é bastante DILIGENTE mas também dizem que ela é INFLEXÍVEL. mas você sabe como hefesto é, sempre inventando fake news pra atrair audiência.
inspos&references: danielle moonstar (marvel); there, there (tommy orange); elora danan (reservation dogs).
BIOGRAFIA:
tw: citações sobre, violência doméstica, abuso de drogas e álcool e suicídio.
nascida em oakland, na califórnia. a maior parte das influências de sua vida vêm das linhagens de seu pai, filho de mãe arapaho e pai chinês. seu pai, também migrante, se instalou na cidade onde lily nasceu e cresceu quando ainda era muito jovem, se mantendo vizinhos a uma das reservas indígenas da cidade desde então. a escolha enfática de sua avó de manter-se perto de outros povos indígenas foi decisiva para a criação de emily, até mesmo, para sua origem. seus pais deram a luz a emily numa viagem noturna à praia de oakland, quando tinham apenas 19 anos - ao menos, especula-se o mesmo de sua mãe, mia holt, uma jovem mirrada, tão pálida, quebradiça, que sequer acreditavam que poderia sustentar uma gravidez completa, inda mais tão jovem, contudo, o fez.*
lily não possui muitas memórias de sua mãe, antes de tudo, especulava-se que ela havia desaparecido quando a menina havia completado, mais ou menos, 03 anos. o assunto não tardou muito a virar, não somente uma chaga, mas um tabu, dentro da família. mia havia os deixando diversas vezes antes, de forma esporádica e sempre sem razão aparente. apesar de seu eterno semblante de naturalidade e calmaria perante as circunstâncias e consequências deste comportamento - algo que, em contraponto, tornava o pai de lily cada vez mais instável - não era esperado que ela de fato o fizesse: desaparecer completamente, mas o fez. do dia para a noite, sem estopins, chacoalhos ou sinais aparentes. mia se desfez no ar e nunca mais tornou a fazer-se de novo.
houveram dois caminhos os quais a comunidade em que viviam e sua própria família tomaram após este acontecimento, eram como linhas paralelas que encontravam-se novamente numa trama que formava sua vida num traçado próprio, assim como os que aprendeu bordar desde a tenra infância. por um lado, havia a nódoa da mágoa de uma traição, a quebra, do vazio do desaparecimento de sua mãe, e às especulações que isso suscitava: havia se perdido nas tentações ilicitas? havia sido levada, como eram levadas todas as meninas? ou havia somente cansado de brincar de “misturar-se com os índios”, e deu no pé, assim como os outros brancos? do outro, havia uma parcela de dever e de compaixão pela própria inocência de emily dentro desta situação e do desamparo de seu pai, o medo que isso logo logo se tornasse um fardo pesado e inflamável. na reserva, lily viveu e desenvolveu-se até seus 16 anos.
um dos pontos essenciais de sua vida era seu grupo de amigos da reserva, sendo eles em cinco, o quinteto era inseparável desde seus 08 anos de idade, contanto com as variações da idade dos demais. lily já apresentava algumas das características que viriam a perturba-lá e taxá-la onde fosse, para além do tdah, havia a linha tênue entre o que seu pai acreditava ser algum tipo de psicose e sua avó tinha certeza ser um chamado ancestral. seu instinto primal era ignorar a ambos e ignorar sua própria natureza, uma das razões as quais eram tão próximos e apegados uns aos outros, especialmente ao mais velho do grupo, que considerava como um irmão: bear mcclarnon. bear era dois anos mais velho que lily e havia acabado de se formar no ensino médio, o restante do grupo variava de um ano a meses de diferença, ele desbravara o mundo por eles primeiro, mas não voltava com boas novas. todos, a seu modo, sofriam das consequências do ambiente que viviam, isolados e acossados, tocados por uma forte violência e em especial, pelo abuso de drogas e álcool. lily sabia, pois em casa sofria os augouros da tensão dos flertes esporádicos de seu pai com o próprio abuso de álcool, mas que era remediado pela presença de ambos seus avós, a situação com seus amigos, contudo, muitas vezes era critica e este era o caso de bear. a noticia de que a mãe de seu amigo havia falecido de overdose era, infelizmente, de se causar pouca surpresa, ainda que uma dor intensa e latente. não muito tempo depois, eles se viam responsáveis em manter bear nos eixos, ainda que ele houvesse deixado seus objetivos anteriores de lado e se apegado ao álcool.
não tardou para que a profecia torna-se a se repetir, bear havia tirado a habilitação naquele mesmo ano, lily tinha 16, na mecânica onde trabalhava, foi presenteado com uma harley sprint recondicionada, parecia um suspiro de alegria e de liberdade após uma série de problemas e recaídas que ele havia apresentado ao grupo, tinham os planos de, ao se formarem dali poucos meses, arrumar suas próprias formas de viajarem para fora da reserva e quem sabe, a deixarem para sempre. menos de 72 horas depois, no entanto, bear teria ligado para lily após uma das discussões com um de seus outros amigos e seria encontrado por ela ao fim da estrada que levava à reserva.
o impacto da morte de bear levou a sensibilidade de lily ao extremo, aquilo que a acompanhava e que não sabiam que era, ao menos por parte, influência da sua relação olimpiana, agora a perturbava intensamente e de todas as formas. sofria recorrentemente de terrores noturnos, espasmos, e mesmo acordada, principalmente a noite, tinha visões e outras alucinações sensoriais. o que a princípio foi tratado como uma doença espiritual, depois, ganhou menos tolerância e fomentou boatos de que, por fim, lily também teria cedido ao alcóol e às drogas. seu estopim para deixá-los foi uma discussão onde, seu pai, sem saber, também atormentado por ela, a queria fazer confessar que na verdade estava sob a influência das substâncias que os demais jovens faziam uso. mesmo com lily provocando-lhes alucinações, de forma inconsciente, durante sua briga, foi ao ser agredida por ele pela primeira e única vez na vida que decidiu-se: precisava, também, sumir.
os meses que passou nas ruas foram os mais conturbados de sua vida, mas também, os mais esclarecedores. sua aparência ambígua, quando bem trabalhada, em especial, quando distanciada da ideia de que ela era indígenas, para os outros, podia causar um impacto ameno e protegê-la, ainda assim, nada a protegia completamente do seu maior perigo: os homens. um em específico tratou de perseguí-la por meses, o qual por acidente, acabou morto no primeiro encontro com um monstro o qual de fato chegaria nos finalmentes de acabar, também, com ela. lily teve a sorte de muitos semideuses que é ter seguido um caminho comum para aqueles como ela, foi salva por um par dos seus, os quais a elucidaram e acompanharam na empreitada de seguir em direção ao acampamento meio-sangue, ao qual chegaria com seus recém-feitos 17 anos.
um ano após uma promissora e, apesar de árdua, de certa forma, recompensadora experiência no acampamento, lily tinha uma missão: ajudar a recuperar um artefato de um deus. o problema é que lily foi tomada pela ambição e queria o artefato para si, a falta de sua mãe, ainda mais agora de forma consciente sobre quem ela era e o que isso significava, era apenas um dos problemas não-resolvidos da vida de emily dos quais ela não conseguia ignorar, e não podia, ainda mas neste momento. contudo, não se faz nenhum trabalho sozinho, e apesar do uso astuto de suas habilidades no processo, os semideuses consigo em missão perceberam suas intenções e tiraram sua chance. ao invés de receber louros e glória, emily voltou pro acampamento recebendo olhares de traição, de desconfiança. desde então, bloqueios pessoais ressurgiram e não foram resolvidos, um deles, sendo o desenvolvimento, uso e entendimento de suas habilidades.
*disclaimer: courtney eaton tem origens chinesa, inglesa e maori, justificativa pela qual foi feita a escolha para a personagem, pensando nos acordos sobre as representações inter e intra-étnicas entre povos indígenas internacionalmente, como pro exemplo, lily gladstone que tem herança européia e blackfeet, ao interpretar uma personagem navajo. é entendido que é necessário respeito e estudo ao representar a um povo, mas que é possível um indígena de outra etnia fazê-lo, se convencionado.
PODERES: ilusionismo - melinoe, na mitologia grega, pode ser considerada a deusa dos fantasmas e também das oferendas e cerimônias fúnebres. todas as noites essa deusa vagava pela terra com uma legião de fantasmas, assustando todos que passassem por seu caminho. este seria umas das razões pelos quais os cães ladram sem motivo algum durante a noite. melinoe também, em parte do conto, usa suas habilidades para se metamorfosear. o poder de ilusionsmo em lily se expressa em como o véu entre a vida e com a vinda da noite, ela também traz consigo o prenúncio dos pesadelos e dos medos, assim como sua alcunha significa algo que se aproxima dos "pensamentos sombrios".
o ilusionismo é o poder de criar e manipular ilusões para alterar a percepção de outros indivíduos. o usuário pode criar, moldar e manipular ilusões, fazendo alvos verem, ouvirem, tocarem e cheirarem ou provarem coisas que realmente não existem, ou levá-los a perceber as coisas de forma diferente do que elas realmente são. alguns usuários podem criar mundos complexos e detalhados, enquanto outros podem ser capazes de apenas alterar a forma como eles ou o alvo são percebidos. em sua base, os usuários podem distorcer a forma e o tamanho de um objeto ou área. aplicações mais complexas incluem fazer com que os alvos interpretem mal a distância ou o número de um objeto, fazendo com que objetos ou paisagens inteiras apareçam ou desapareçam, distorcendo as experiências sensoriais dos alvos, etc. Com seu potencial quase ilimitado, o usuário pode obter uma infinidade de efeitos, como ser extremamente furtivo, desconcertar e confundir alvos, esconder e mascarar objetos ou lugares, fazer com que os alvos machuquem uns aos outros sem saber, e assim por diante.
lembrando que no caso de emily, suas habilidades são sempre ampliadas pela noite e podem sofrer intervenções ao dia.
HABILIDADES: previsão & sentidos aguçados.
ARMA: lily possui uma dupla de armas complementares que podem ser usadas em conjunto ou separadamente, mas que foram feitas para ela como um par: uma faca de mão e uma machadinha, ambas de ferro estígio. estas armas geralmente estão em posse dela no formato de dois braceletes ao estilo arapaho, que agarram ambos seus pulsos paralelamente. - o artefato tem sua origem num presente deixado por melinoe para ela, foi forjado pela deus e pela avó de lily em conjunto, enquanto ela ainda estava grávida.
MALDIÇÃO OU BENÇÃO: por enquanto, não
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be-phoenix · 1 year
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Contraponto
Nem tudo na vida é sobre a felicidade, as vezes o lado escuro gosta de tomar conta e participar fazendo com que a poesia vire escárnio, com que a vida vire morte, com que os planos futuros virem fumaça, com que as esperanças sejam destruídas, com que a luz seja trevas, com que o amor se faça dor, com que a alegria não seja mais do que uma tristeza no retrovisor, com que a agua se torne sangue, com que as verdades se tornem mentiras e palavras se tornem armas mais afiadas do que facas, com que a piada seja só uma ironia, e a humanidade se torne indiferença, apenas para afirmar que somos humanos e que contrapontos inevitavelmente... Existem.
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criador · 2 years
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Eu não vou esquecer você
Voltei aqui pra escrever sobre você. Mal tenho te visto, e quando te encontro, te noto distraído, distante, um contraponto ao seu jeito enérgico e agitado de ser. Parece estar preocupado, apreensivo com alguma coisa. Eu capto seus sinais te olhando meio de lado, lendo seus gestos lentamente, com o receio de sempre, com o medo de invadir seu espaço. Por que a gente age assim um com o outro, como se cada um tivesse um espaço que é inacessível ao outro. O foda é que estamos constantemente aproximando nossos espaços, num flerte natural que flui entre o espontâneo e o ensaiado. A gente nunca pode avançar. Existe algum acordo, um contrato silencioso, que nos impede de avançar. Nós podemos nos importar, podemos desabafar, flertar, zoar, choramingar e até mesmo analisar o mapa astral um do outro, mas não estamos permitidos de demonstrar qualquer sentimento. É um ímpeto reprimido, velado, que nos escapa por entre olhares, mas que preenche o ambiente em que estamos. A energia, a química, se torna palpável, escorrega no ar, ninguém segura. Pelo contrário, as pessoas notam, comentam, perguntam. Um sorrisinho no canto da boca, um brilho no olho, é a empolgação estampada no seu rosto ao me contar uma coisa banal, é a sinergia que a gente troca ao conversar trivialidades nos curtos espaços de tempo em que nos encontramos. Esse ciclo se repete semana após semana, desde que descobri seu nome. E no meio de um papo casual, sem querer, o pronunciei na frente de todos e notei o seu estranhamento, já que você não precisou se apresentar formalmente. Desde então, você demonstrou certa confiança, foi ganhando intimidade, conversa após conversa, piada após piada, papo mole atrás de papo mole. Confesso, no início fiquei encantado, me concentrava em cada palavra que saía da sua boca, não conseguia desviar o olhar dela. Você falava e falava, e meus olhos percorriam o seu rosto como o olhar aguçado do crítico analisa uma obra de arte. Você percebia e gostava, eu via os pensamentos escapando da sua cabeça. Por vezes, te vi sem graça, te vi corar, desviar o olho, engolir as palavras. Enquanto isso, eu me podava, tentava não demonstrar tanto, já estava dando na cara. As pessoas começaram a me relacionar a você, a ponto de me perguntar qual o seu paradeiro quando me viam sozinho. E eu não sabia, eu não sei. Não é esse tipo de relação que nós temos. Ao nos ver juntos, notam a intimidade, o apreço, a química. Essa coisa se tornou dinâmica, virou costume, passou a ser cotidiana. Outro dia alguém comentou que formávamos um bom “time”. Eu fiquei confuso com o que isso queria dizer, mas você se preocupou mais com que isso queria dizer sobre você. Nesse ponto, eu já não tenho mais argumentos para me defender, não tenho como fingir que não gosto de você, que não alimento essa narrativa clichê e ultrapassada de romance platônico unilateral. Não consigo me esconder das problemáticas sugestivas que nossa dança silenciosa causa. Eu quis definir isso como uma dança, por que é assim que me sinto. Alguns dias damos passos para lá, depois passos para cá. Nossas trocas tem uma cadência quase musical, nosso contato cria uma melodia silenciosa, mas harmônica, que me deixa suspenso no ar. Esse manejo nos movimenta de acordo com o sentimento, como se os acordes estivessem produzindo, dia após dia, passos ritmados numa pista de dança, onde não tem mais ninguém além de nós dois.  Como eu desconfiava, tem algo acontecendo na sua vida, você me deu pistas sobre mudanças, pistas do que pode acontecer daqui pra frente. Como um bom time, estávamos ensaiando passos repetidos, quase sincronizados, e de tanta sintonia, parecia que estávamos fazendo tudo espelhado. Em certo momento, nossas mãos se tocaram, mas diferente de outrora, não repelimos o toque, já passamos dessa fase. Apenas continuamos ensaiando. O que não contávamos é que alguém viu, e por achar engraçado, filmou. “Olha só, nesse momento, parecia que vocês estavam de mãos dadas”. Eu vi o desespero no seu rosto. Parece que ela pronunciou as palavras que jamais poderiam ser ditas. Fomos notados. Não é como se fosse a primeira vez, mas a cada vez que algo assim acontece, é um lembrete. Não para mim, mas parece que você regride dois passos atrás, se afasta mais um pouco. Eu não sei que sensação é essa que você reprime, mas sei que foi o suficiente para não olharmos mais um para o outro naquele dia. Confesso que também fiquei constrangido, afinal, como alguém pode supor ou mesmo insinuar qualquer envolvimento romântico entre a gente? Nós estamos cada um ocupando o próprio espaço, se esforçando para não invadir o do outro. Mas como lidar com esse instinto quase selvagem de me achegar no seu espaço e ver finalmente seus olhos de perto? Apesar de manter uma distância necessária, meu desejo sempre foi estar no centro do seu espaço, em um lugar tão próximo que seria possível encostar meus cílios nos teus. Como eu queria que fosse possível chutarmos as barreiras que nos mantém separados e dar fim de uma vez por todas nas cercas que nos prendem cada um no seu canto. Depois disso, como um ato final que anuncia o fim de um show, ainda sem me olhar no olho, você me revela o motivo da sua apreensão: você não sabe qual a próxima vez que nos veremos. Seus horários mudaram, e dessa vez, ao invés de um até logo, damos adeus, no meio de um misto de sensações que me deixou confuso, sem reação lógica. Te vi dar as costas e sair, e comigo ficou apenas o apanhado de palavras encaixadas, frases soltas, parágrafos programados e todo esse texto desajeitado que eu me esforcei a dar vida para tentar expressar minimamente essa relação.
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journaldemarina · 6 months
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Quarta-feira, 20 de março de 2024
Vou dar uma de Saramago e vomitar tudo em um parágrafo. Mas eu gosto de pontuação.
* * *
Fiquei feliz outro dia porque minha melhor amiga está comprando um apartamento. Fiquei feliz agora porque vi o nome dele numa exposição. Feliz pelos outros que me importo. Em contraponto me sinto um fracasso. Estou um fracasso, no gerúndio. Fracassando. Continuamente. Mudei para a cidade que eu queria, construí relações, vivi pela primeira vez. Me sinto aos vinte mesmo a idade real sendo trinta. Assim como é costume nos vinte, me sinto perdida, sem chão, sem rumo. Vejo a falta de dinheiro podando as decisões e possibilidades. Mas tenho trinta, o metabolismo não é mais o mesmo, preciso de novas roupas. Ainda bem que não sonho com filhos e já vivi uma espécie de casamento. Agora quero viver um amor. Passei o dia estudando verbos em francês. Não ter dinheiro me fez ser autodidata a vida inteira. Ainda sonho, afinal. Preciso procurar urgente um apartamento, que seja infinitamente mais barato, num bairro central e que comporte todas minhas milhões de tralhas. Nesse processo provavelmente vou precisar abdicar de algo, só não sei ainda o quê. Não sei o que fazer. Não sei pedir ajuda, não sei desabafar para ninguém. Estou completamente distante do meu pai. Queria que minha irmã se orgulhasse de mim, ainda não vai ser dessa vez. Não me sinto confortável de falar com meus amigos a respeito. Queria conseguir falar sobre isso com ele. Não consigo. Há um privilégio de berço no ar que faz, de alguma forma, me sentir inferior. Não deveria, mas ainda assim. Queria colo. Queria ser cuidada. Também queria saber cuidar de mim sozinha. Se aos trinta não consigo, quando, então? Já deveria ser adulta o suficiente nesse ponto da vida. Preciso me desvencilhar do meu ex. Seguir em frente. Deixar ele seguir em frente também. Tudo mudou. Mas como? No primeiro encontro que tive com o francês, quando falei sobre minha vida, todos os lutos e reviravoltas que tive nesses últimos anos ele entendeu de forma bem compreensiva, de primeira, que meu ex seguia sendo minha base. Falou com essas palavras. Odeio admitir, mas é, segue sendo minha base. Metade da minha vida eu estou com ele, como não ser? Como me desvencilhar? Não sei responder. Também não sei recomeçar, começar tudo de novo, sem nem encerrar nenhum círculo por completo. É sempre algo atropelando outro algo. Desistências, lutos, tudo se perdendo no caminho. Tudo sem rumo. Fui uma criança sem sonhos, sem perspectivas. Não por tristeza, ou não somente, mas por não ter ninguém para me dizer que eu poderia sonhar e querer coisas para mim. Nem sabia que podia. Nem sabia o que poderia sonhar. Agora adulta sonho acordada sem conseguir realizar nada. Vejo a vida passar. Só vejo, em terceira pessoa, espectadora. O pesadelo da invisibilidade da minha adolescência. Uma bagunça, feito esse texto. Queria ser melhor. Queria ser outro alguém. Tenho vergonha de mim e do que apresento ser para os outros, a sensação mais mesquinha. É infantil, mas sinto como se não merecesse o amor e atenção dos outros enquanto estiver nesse buraco. Se fosse alguém me falando isso eu com certeza xingaria, onde já se viu ter esse tipo de pensamento. Enfim. Estou no chão da sala, esparramada num tapete de yoga, notebook entre as pernas. Minhas plantas precisam de água. Preciso colocar o lixo para fora. Me enxergo triste no espelho que foi quebrado sem querer num momento de felicidade. Amanhã procuro apartamento, hoje vou seguir chorando.
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mundinhotolika · 1 year
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You Belong With Me
personagens citados:
par romântico: @princesasapatona ;
vilã: @mgwan ;
melhor amiga da protagonista: @vivimartin
diretor do filme: @andrc
sinopse:
Mehlika Payan é uma jovem atriz em ascensão e junto com sua melhor amiga Vivienne, as duas estrelam sempre os filmes mais esperados do ano. As rainhas das comédias românticas como são chamadas. Em contraponto, temos Maelle, a atriz de filmes de terror que está tentando se aventurar em outros gêneros. Maelle não tem medo de sabotar quem entre em sua frente e o papel que ela deseja no momento é justamente no filme de André, que, por sua vez, já tinha escalado Mehlika como sua atriz principal. A motivação de Maelle em tomar o papel de protagonista é para fazer par romântico com Antoinette, a belíssima atriz ganhadora do Oscar pelo filme "Perdidos na Selva", uma aventura fantástica... na selva.
O que ninguém esperava era que no primeiro encontro do elenco, Mehlika e Tony descobrissem que são almas gêmeas. Ao encostar das mãos, o que pareceu ser uma corrente de eletricidade percorreu o corpo de ambas as atrizes. Teria Maelle condições de sabotar o set e destruir a carreira de Mehlika para tomar o seu lugar no filme ao lado de Tony e atrapalhar a união do vínculo tão antigo que é o de almas gêmeas? Lika e Vivi vão colocar a vilã em seu devido lugar? Descubra em YOU BELONG WITH ME.
SOULMATE AU | COMPLETE 65k | Chapters: 25/25 | Strangers to Lovers | Fluff | Kissing | angst | cinema AU
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arktoib · 30 days
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i haven't stopped thinking about the last thing you said to me. (@mayafitzg)
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀↬⠀⠀a  new  ( +1 )  message  just  arrived  !
                                            ��                   flashback
⠀⠀⠀⠀⠀ergueu a cabeça para encontrar a figura de maya parada ao se lado. como ela podia ser uma das coisas mais bonitas antes mesmo do amanhecer? tocou a madeira do pier indicando para a morena sentar ao seu lado ali, enquanto encarava o nascer do sol. seus pés descalços estavam suspensos na beira, mesmo que não tocassem na água. a última conversa delas havia sido acalorada, para dizer o mínimo, e até mesmo antonia que sempre manteve-se o mais controlada possível, havia alterado a sua vo. não se culpava por aquilo, era tão ruim colocar seus sentimentos em palavras e deixar que os outros te vissem tão exposta, mesmo que essa pessoa fosse maya. era irônico como podiam se dar tão bem, mas em contraponto, serem tão reativas uma com a outra? não se culpava pelas coisas que havia dito, mesmo que, agora com a cabeça fria, sabia que devia ter agido com mais calma. ⠀⠀⠀⠀⠀deitou com a cabeça no ombro alheio quando a menina sentou ao seu lado, com um pequeno sorriso.⠀⠀"⠀⠀me desculpa por ter dito aquilo. eu não queria te machucar.⠀⠀"⠀⠀e era a mais pura verdade. em momento algum pensou que terminariam brigadas ali, com antonia virando a noite e maya tendo que ir atrás dela. não era charme ou estava fazendo para que a filha de anteros corresse atrás de si. mas podia ver como analisara a situação melhor e que queria ter feito diferente. ⠀⠀"⠀⠀você me desculpa? quer dizer, você tem que me desculpar. eu nunca admito que estou errada, isso é quase um milagre.⠀⠀"⠀⠀brincou, enquanto seus dedos deslizavam para segurar os dela, lhe dando a mão.
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abraporu · 1 month
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Nanci
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Rio de Janeiro, capital das fantasias instantâneas. A pioneira quarta-feira das novas cinzas. O carnaval pós-pandêmico se estendia.
A história, a seguinte: não havia verbo ou verba. Apenas ideias esparsas povoavam seu pensamento. No mais, havia trevas. Silêncio.
Deixara um labor de anos, pegara a rescisão, decidira viver o que ainda não havia vivido, pois nunca lhe foi dito outras histórias além das que leu na TV. Não sabia inventar além das entrelinhas. Assim, por escolha própria, fora sozinho por anos a fio. Subindo estava pelas paredes. Zarpou.
Aproveitou a seu modo seu breve estado errante. Conheceu o que deu, e por fim estava ali, naquela zorra carioca. Justo aquela, a última semana com fundos, e a vista já aportavam os débitos de sua vida vazia de sentido.
Valera a pena? Até ali, tinha sido sempre o mesmo enredo. Mas em sua mente logo seria costurado o infinito. A surpresa surgiria no sambódromo.
A malandra sereia aportou de onde nunca se saberá. Do mar, feito magia, se fez leveza. Não deslizara sobre a chuva. Mas, com ela, era uma.
Aquela passista parecia abrir a possibilidade de ser feliz. Só por uma noite.
Tomou ali a coragem do flerte.
– Dou-te o mundo pra descobrir o mistério por debaixo dos seus véus.
– O mundo, não almejo. Mas me ouça; se for atento, poderás desnudar-me.
As mulheres carregam centelhas não à toa. Pensara nela como o fogo. Sua primeira visão: sua beleza era inatingível. Mas o olhar correspondido desamparou o medo. Com um sorriso, alçou o amor.
Sua voz, da foz da alma, acalmou a sofreguidão. Ditou então as veredas de sua resistência. De onde viera, sem gana, se fenecia. Refugiada de mazelas, muitos quintais tivera em poucas primaveras. Resistira pela ira: as violências sofridas, as afrontou, e na sua revolta com ela trouxe um povo. Pelas palavras, pelos suspiros, livrou de amarras a malta.
Seu caminho era aquele. Uma guerreira de tantas cicatrizes, se ainda assim abrigava tanto calor, é porque o que vale na vida solapa a dor. Só pode.
– Vou te contar uma lenda, que vivemos há alguns séculos, disse rindo.
Assenti.
– E todo o resto não será mais verdade!
Por um breve momento, minhas preocupações viraram neblina. Ouvidos tinha apenas para o insólito mundo daquelas fabulações.
Ela era eterna. E tenra. Mas nem sempre foi assim.
Seu povo, ouro derramou sobre os quatro cantos do planeta. Mas a miséria ainda assim os alcançou: suas mandingas não mais bastavam, e algo estranho aconteceu. A memória dos velhos havia se subtraído: um inimigo invisível ceifou a vida dos anciãos, bibliotecas vivas de sua terra. Não havia sinais grafados nas cavernas, nos ossos, na areia, em papiros que pudessem trazer de volta parte de toda a invenção dos deuses antigos. A sabedoria corria perigo. Um liame entre a terra e o além precisava urgentemente ser tecido.
– Decidimos a contragosto aportar em águas e terras vizinhas. Pelos anos adiante, nossas raízes se espalharam, e as vozes perdidas renasceram - cada qual a seu modo. E é nas festas que enxergamos frestas para sorrir. Por isso, estou  aqui, nas batucadas, nos jongos, nos maracatus. Eu sou na dança nossa herança...
Nanci continuara sua toada. Para ela, os grilhões da iniquidade ainda eram sentidos nos rastros das vidas perdidas a esmo, no ranço das desigualdades a flor da pele. Mas, se o jogo do hoje era a luta, a bala, seria no conhecimento gerado em roda, nos gritos dos griots, que o escudo precisava ser cultivado - contraponto a violência precisa é a paz com voz.
– Qual teu nome, consagrada?
– E por ser filha dos filhos de Anansi, me fiz Nanci.
Antes de acessar a chave do resto do baú de suas pérolas, me foi dada a missão.
– Soprarei minhas histórias, que serão suas eternamente. Procure, ache, ame minhas três irmãs, que também estão nesse entrudo.
– Faria tudo pela tua pele, tuas memórias... Mas não tens ciúmes?
– Na festa da carne, todas as almas precisam ser descobertas.
Perplexo, foquei a multidão. Como achar ali três estrelas?
Antevendo minha confusão, ao menos me alentou:
– Seu sentimento, sua astúcia serão seus olhos, seu caminho. Vai-te!
Como tinha em mãos o vácuo, com as pernas fui a sambar um novo destino. Ao batuque de cem dengos, anoitecia.
No abre-alas, pelo instinto felino achei Rosa.
Perigosa, ao primeiro descuido, iria me desferir um - Boa noite, Cinderela! Por isso, em mim injetei o antídoto da sofreguidão.
– Fera assassina, morda minha alma.
Ela ri.
– Sua ordem é um desejo... vai sangrar, mas não doer.
Seus dentes de sabre me atacam.
Inebriada com o veneno do fundo das minhas veias, surpresa, a pantera adormece. Imersa em minha rede, a embalo e parto para a próxima presa.
No enxame da bateria, sinto o perfume da abelha Maia.
Como uma flor, exala beleza simplesmente por existir. Por ela, em minha saliva escondi morfina.
– Com um beijo bambo, me faz voar.
Ela ri.
– Sua ordem é um desejo... Toma aqui suas asas.
Seus lábios doces me apimentam.
Inebriada com o veneno de minha língua, malevolente ela adormece. Imersa em minha rede, a embalo e parto para a próxima presa.
Ao lado do Cristo mendigo, encontro a fada Mara. Sinto a gula do seu querer. Ela me perscruta ao longe. Mal sabe o que guardo entre os dedos.
– Amar é um caminho sem margem. Me invada.
Ela ri.
– Sua ordem é um desejo... por instantes, seremos milagres.
Sua volúpia me arrepia.
Inebriada com o segredo do meu querer coberto de magia, encantada ela adormece. Imersa em minha rede, a embalo e parto para próxima presa.
Uma ideia louca me vem a tona. Precisaria de uma testemunha para esse milagre do meu desencantamento. Por sorte, avisto uma senhora, de sorriso beatífico, que me encara como uma presa. 
– Grande mãe, venha comigo, vou me casar por uma noite para poder viver cem mil dias.
– Oxalá, que história é essa garoto? Epahei! Simbora.
– Veja Nanci. Te trouxe aqui, suas irmãs, e essa anciã, que vai abençoar nossa única noite de núpcias. Findo o carnaval, gira a roda, cê sabe.
– Axé!! Pelo amor, você manteve a chama acesa. Adormecidas minhas irmãs, em seus sonhares elas ainda o preservam. Feche os olhos e as achará também em seus devaneios. Nossos sangues, ao se cruzarem, se tornaram contínuos, irmãos.
A anciã, desejosa por voltar ao fim dos confetes, jogou-nos a afrodisíaca água-de-cheiro dos tempos antigos. Gargalhando, se despediu, e se foi carregada em meio a muvuca.
Nanci ninou suas irmãs numa cama feita de nuvens. Eu estava em delírio, sei bem por que. Do contrário, não haveria nada disso, afinal.
– Vem comigo. No Catete tem um palacete que é só meu, só nosso, hoje.
Como num passe de mágica, voltei ao hotel onde vi Vargas pela janela, baforando do além seu cachimbinho.
– Vi na sua retina, franqueza. Por isso, assim como minhas irmãs, fui tua hoje. Para todo o sempre terás minhas e nossas memórias.
– Eu nem tenho como agradecer.
– Você precisa apenas compartilhar todo o amor que lhe foi dado. Isso não é um pedido; é um chamado. Entre nossos sentires um elo foi construído: nessa linha, encontrarás a razão de seus dias, a emoção do seu pensar.
– Poesia pura, você.
– Ouça: triunfe pela fraqueza. É da essência da vida, adaptar-se. Equilibre sua resiliência. Transforme o inconformismo em atitude. O silêncio em ruído. As palavras em gestos. Os gritos em levantes. Saindo da cama, ajoelhe-se, ore, regue suas esperanças, e vem cá a boa luta do amar.
Arqueando meus olhos, senti suas últimas palavras.
– Lembre-se: fabular é preciso perante o abismo...
Ainda a ouço.
– Amanhã, todos seremos cantares.
Acordei com a aranha a tecer uma teia em minha língua.
Com um bom dia, a rompi
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mateusmuller012 · 2 months
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Caminhando pela cidade, comecei a refletir sobre o quão pouco tenho escrito ultimamente. Logo me dei conta de que já não tenho mais a vontade de escrever que eu tive outrora e as palavras já não brotam mais tão facilmente de minha imaginação.
Questionei-me sobre e esse fato e novas dúvidas e afirmações começaram a surgir enquanto pelas calçadas da fria cidade eu me movimentava. Ao longo da jornada eu constatei, por exemplo, que voltar a escrever de forma rotineira traria diversos benefícios para mim. No entanto, há um contraponto que deve ser levado em consideração: em algum momento de minha vivência eu parei de tentar armazenar as palavras em meu cérebro, como se ali pudessem permanecer engavetadas eternamente, e deixei-as voarem livremente por esse mundo.
Capturar todas as palavras e frases de efeitos chiquérrimas que poderiam ser utilizadas em textos futuros seria tarefa árdua e talvez desnecessárias. Palavras belas surgem com belos sentimentos, aliás, então reconheço que futuramente, a depender dos momentos que viverei, sei que palavras requintadas irão surgir para expressar tais momentos especiais.
Além disso, dei-me conta de outro fato. Ao caminhar pela cidade eu percebi que as palavras em minha mente deram lugar à outra coisa: à imagens. Se outrora eu conhecia poucas pessoas e poderia ocupar meu espaço cerebral com letras do alfabeto, hoje esse espaço é composto por imagens. Por exemplo, ao atravessar uma vitrine de uma floricultura, posso pensar em 10 mulheres que iriam gostar de receber uma flor – ou talvez em 1 em especial. Ao avistar um campo de futebol, logo penso em pessoas capazes de jogar futebol comigo.
Se é verdade o que dizem, que uma imagem vale mais do que mil palavras, sou rico demais. Conheço pessoas únicas e imagens de seus rostos ocupam minha mente diariamente. E o melhor de tudo: não preciso de palavras complexas para descrever o quão especiais são para mim. À essas pessoas eu demonstro meu eterno agradecimento através de ações.
William Shakespeare escreveu que “ação é eloquência”. Concordo com ele, então posso maravilhar-me ao deixar as palavras voarem livremente pelo céu azul e atravessar oceanos e montanhas, contanto que eu seja capaz de utilizar meus nobres sentimentos para agir enquanto meus pés me levam a vaguear pelo mundo.
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