#caipiras
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youreiludida · 2 years ago
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Meu crush agroboy, by principedark98 ❕original youreiludida
Tema: divertido, caipira.
Inspire-se e faça dela uma capa melhor, não copie.
⏰env. 19:41 - 07/07/2023
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allebasimaianunes · 13 hours ago
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"acenda o meu cigarro"
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resumo: acordada nas madrugadas ruidosas, nossa pirralha decide se aventurar pela escadaria do seu prédio para fumar e espairecer a mente, conhecendo feito escrito na sua sina, seu vizinho charmoso que aofre do mesmo mal do século daqueles que pensam demais: a insônia.
baseado livremente na música "sinais", da banda terno rei.
notas da autora: de volta oficalmente aos trabalhos escritícios-literários-criativos (acabei de inventar essa palavra, eu acho rsrsrs), deixei a mente fluir e trouxe em forma de fanfic uma ideia que sempre me apareceu enquanto ouvia essa música em específico (que aliás marcou demais os meus 2020/2, quando eu praticamente só escuva os terno rei), então por que não aproveitar essa minha onda de nostalgia com essa banda que vive na minha alma e escrever algo baseado nas músicas deles, não!?, então basicamente juntei o útil ao agradável e ivoialá, "acenda o meu cigarro", surgiu. o nome também é uma tentativa de fazer uma brincadeiririnha com o nome do filme "drive my car", ou no bom e velho português-brasileiro: "dirija o meu carro". enfim, a ideia aqui é mais explorar o primeiro encontro, a construnção da química e das trocas de vivências e fumos (e olhem que eu nem fumo...); por um acaso estou meio afixionada com o ator kyle gallner, então ele foi o escolhido para viver essa história.
avisos: aqui está tranquilíssimo. na realidade, a única coisa que queria deixar avisado é que o mais breve possível eu irei atualizar minhas fanfics pendentes (oração & the secretary.), apenas isso! ;)
idioma: pt-br
contagem de palavras: 4225 palavras
playlist que escutei pra inspirar:
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Acordada às duas e tantas da madrugada, sem muitas opções do que fazer além de ficar zanzando feito um zumbi nos cômodos do meu apartamento, perturbando o sono alheio quase como uma provocação infantil do tipo: “se eu não consigo dormir, então vocês também não irão…!”, decidi pela primeira vez após tantos meses morando por ali retornar um velho hábito esquisito que tinha de em noites de insônia adentro, acometida pela ansiedade generalizada e uma falta de disposição apática, simplesmente fugir para a cobertura ou teto do prédio, rodeada pelo vento gelado das madrugadas, com o intuito de ficar vendo a hora passar diante de mim enquanto observava as luzes acessas, carros indo e vindo, algumas pessoas ainda acordadas caminhando para sabe-se-lá aonde. Eu só tinha o objetivo de ficar parada, contemplando a beleza caótica do urbanismo aglomerado, fumando meu cigarro, por vezes em companhia de meus fones de ouvidos, minhas músicas aceleradas e melancólicas, uma vez aqui e acolá com algum livro ou meu caderninho de rabiscos. Rara era as vezes que me munia com uma garrafa de bebida alcoólica, só quando me dava o luxo de gastar um dinheiro a mais com alguma coisa que eu gostasse que não fosse refrigerante sabor laranja ou suco de uva integral. 
Naquela madrugada de quinta-feira me enfiei na minha blusa de moletom preta, enfiei meu celular com os fones de fio enrolado ao redor do aparelho, o maço de cigarro vermelho e um isqueiro simples de plástico azul-escuro, que comprei na pressa já que havia magicamente perdido o meu uns dias atras – ou alguém simplesmente o pegou de mim. Calcei meus chinelos, com minhas meias brancas de cano alto, o shortinho de seda do meu pijama larguinho deixando minhas pernas expostas aquele arzinho frio que estava fazendo, contrastando com o capuz que envolvia meu rosto. Verifiquei se meus gatos estavam dormindo e pela posição deles, os mesmo estavam no décimo quinto sono, diferente de mim. Saí do meu apartamento, com cuidado, dividia o corredor com mais outros dois vizinhos que via raramente. Uma era uma senhorinha nos seus setenta e poucos anos, curiosa feito uma criança pequena, adorava futricar da vida de todo mundo, menos a dela, para quem que ela esbarrasse no elevador. 
O outro era um casal gay que mais passavam os dias fora do que naquele lugar, vez ou outra vinham gente que alocava o apê para passar umas temporadas, principalmente pela região ficar próxima aos estádios onde shows ocorriam. Eu gosto de brincar que nem precisava gastar dinheiro com ingressos, já que do meu apartamento eu conseguia escutar o barulho dos shows. Isso era motivo de reclamações durante as reuniões de condomínio.
Apertei o botão para subir no elevador, esfregando os olhos, querendo que o sono viesse de todo jeito. Não notei de primeira o aviso pregado ao lado do painel de controle, espremi a visão para ler que:
— O elevador ficará interditado por tempo interditado até que a manutenção seja feita. Pedimos encarecidamente a compreensão de todos os moradores… Atenciosamente, a portaria e o síndico. — Franzi o cenho: — Não fode comigo! — Murmurei, olhando desacreditada para o elevador. Eu tinha duas opções: ou eu voltar para trás ou eu ficar nas escadas mesmo, pois nunca que eu iria subir uns nove lances de escadas. Nunca. Já que estava na chuva, que eu me molhasse! Assim que entrei na área das escadas, senti ao longe um cheiro familiar ao meu olfato. Olhei para baixo, onde imersa na luz quente automática, vi que no lance de baixo a luz estava acesa também, o que significava que eu não estava sozinha. Eu poderia ficar no meu lance, ou subir e ficar entre o meu corredor e o de cima, mas a minha curiosidade gritou e quando me dei conta, meus pés já estavam descendo degrau por degrau, até chegar no lance que dava acesso ao andar de baixo, vendo as costas de um homem, sem camisa, a pele bronzeada das costas definidas refletindo a luz amarela, onde a fumaça do cigarro acesso dançava translúcida em linhas até o teto. Cabelos acobreados, lisos e curtos rentes a nuca. 
Fiquei parada, atrás dele, sem saber como agir. De repente eu fiquei sem jeito comigo mesma, pensando que a melhor coisa seria não atrapalhar o fumo de um homem em plena madrugada de quinta-feira, a nossa frente a janela estava aberta, deixando que o ar frio passasse e arrepiasse todos meus pêlos, permitindo a mim, em pé, um quadro iluminado da cidade acordada. Mas ele me escutou. Óbvio que me escutou – talvez a respiração mais pesada ou o barulho dos meus pensamentos irritantes, de alguma forma ele me escutou e virou lentamente a cabeça por cima do ombro. Nariz adunco, lábios carnudos e um olhar caído e intenso me fitaram. A sobrancelha grossa se movimentou para cima, um sorrisinho surgiu no cantinho dos lábios, ele voltou para frente, sua voz rouca arrastou um cumprimento:
— Também não consegue dormir?
— Hmnnn, está meio óbvio assim!? — Minha voz saiu esquisita, um tanto esganiçada e brusca, me senti estranha por ter soado quase tosca. Mas ele não reagiu de forma grosseria com minha resposta, pelo contrário, ele soltou uma risadinha nasalada e movimentou seu corpo para ficar de perfil, encarando-me pra valer, com olhos esbugalhados cor anis, cílios volumosos dando-lhe um drama na expressão de tédio. Tinha bigode, espesso por cima do lábio superior carnudo. Levou o cigarro pela metade até os lábios, comprimindo-os ao redor do rolo de nicotina, puxando e exalando após tragar, o resto esbranquiçado de fumaça. Seu olhar me analisou de cima abaixo, com distância. Parou para olhar meu rosto, sorriu gentil me respondendo:
— Não é todo mundo que vêm parar nas escadarias em pleno corujão das quintas-feiras. 
— Você têm razão… Eu posso? — Apontei para o espaço vago ao lado dele, tentando sorrir de forma amigável, ele deu de ombros acenando com a cabeça, arrastando o corpo para o lado, quase se encostando na mureta do corrimão, me olhando com uma espera. Sentei ao seu lado já puxando o meu maço, ele leu com curiosidade a marca:
— Você é do Red Camel? Interessante… Eu prefiro o bom e velho Marlboro! Faz mais meu tipo… — Sorriu charmoso, tirando do meio das pernas, no degrau debaixo, o maço clássico para me mostrar. Olhando-o de relance, vi que ele estava de bermuda cargo preta com bolsos e chinelos, assim como eu. Na realidade, olhando-o de perto, quase dente a dente ou melhor!, cigarro a cigarro, percebi que ele era muito bonito. 
Esbocei uma risadinha, puxando um cigarro pela abertura, puxando-o e levando o rolinho até meus lábios, pegando o isqueiro de dentro do meu bolso, tentando acender o fogo. Uma, duas, três tentativas falhas, até ouvir um zip metálico soar ao meu lado e uma chama surgir diante de mim; o meu vizinho desconhecido estava me oferecendo a sua chama descontraído e receptivo, o isqueiro ziplock cromado aberto, a chama encostando na ponta já acendendo o meu cigarro. Como o ato natural de respirar, eu puxei a fumaça, terminando de acender o meu cigarro, observando com olhar atento ele afastar a chama, os olhos ainda presos no meu rosto, provavelmente no cigarro entre meus lábios, antes de voltar ao seu próprio rolinho de nicotina. 
Ficamos ali, lado-a-lado, naquele silêncio esfumaçado. 
Até o momento que fui segurar as cinzas com minha própria mão, mais uma vez a mão dele surgiu com um cinzeiro prateado, pequeno o suficiente para caber dentro de um bolso mais largo, colocando-o entre nós, no degrau abaixo. Após eu perceber o cinzeiro e o aparente cuidado que ele tinha em não sujar o espaço, ele descontraidamente comentou:
— Já reclamaram das cinzas que eu sem querer deixei cair, mesmo fumando encostado na janela, então passei a me prevenir trazendo meu próprio cinzeiro… Fica a dica!
— Anotado! Sempre carregar um cinzeiro a tira colo, pois nunca se sabe quando estaremos fumando no lugar mais inesperado, certo?
— Com certeza! — Riu, terminando de arrematar seu cigarro, amassando a bituca no pratinho. Seus olhos azulados não desgrudava de mim, sua voz era quente e seu hálito era Marlboro puro com um estranho doce mentolado ao fundo: — E o que te trás aqui, no meu cantinho especial? 
— O mesmo que você, provavelmente.
— Insônia então!
— Exato. Essa maldita insônia.
— Então é você que madrugada sim, madrugada não, fica andando para lá e pra cá feito barata tonta, movendo objetos e abrindo janelas e portas até se acalmar e finalmente dormir, é? — Ele semicerrou os olhos. Segurei a risada envergonhada:
— Me desculpa! Eu juro que tento ser menos barulhenta!
— Se isso é você tentando não ser barulhenta, então imagine quando você é barulhenta de fato!
Nos encaramos e começamos a rir, descontraídos como se fossemos amigos de longa data. Recuperado o fôlego, o homem estendeu sua mão:
— Prazer, eu sou Kyle.
Me apresentei, já pensando que o nome dele era bem exótico. Ele com certeza não era gringo, seu português era muito natural, sem sotaque carregado. Talvez algum de seus pais eram estrangeiros e por algum motivo parou aqui neste país tupiniquim, mas não quis fazer muitas perguntas sobre a vida dele. Queria apenas fumar e aproveitar o momento. Lado a lado com Kyle, sentia o calor do seu corpo em contraste do vento frio que penetrava pela janela. Quando terminei o meu cigarro, amassei no pratinho, limpando os dedos no meu moletom, encostando-me na parede soltando um longo suspiro. Ficamos novamente imersos no nosso próprio silêncio, minha mente estava anuviada, esparsa como a fumaça do cigarro que acabei de matar. Já Kyle apresentava um semblante mais sério, uma interrogação formando entre suas sobrancelhas.
— Você costuma perder o sono por causa dos seus pensamentos?
A pergunta repentina tinha um tom sincero, quase vago. Olhei para ele, percebendo que seu rosto tinha uma expressão suave. Suspirei fundo, juntando os caquinhos da minha vida naqueles últimos meses, ponderando se eu poderia me abrir com um estranho. As palavras começaram a sair, simples da minha boca:
— Nem sempre. Tipo… Desde que me mudei para cá, neste prédio e de emprego também, as coisas deram uma mudadinha e às vezes me pego pensando demais nos meus problemas para resolver e perco o sono. É isso ou eu acabo trocando a noite pelo dia. Simples… E você?
— Quase o mesmo. Eu trabalho fazendo turnos e plantões, então não é incomum eu perder o sono, trocar a noite pelo dia e virce-versa. Quando estou de folga, mesmo sendo por dias ou até uma semana completa… É meio foda resgastar o hábito de deitar à noite e dormir por oito, dez horas seguidas. Foda. 
— Oh, então você é médico? 
— Sou — a voz saiu acompanhada de um suspiro sofrido, percebi melhor que aquela estranha apatia dele na realidade era cansaço acumulado em seu rosto, Kyle continuou: — foram longos anos de curso, mais especialização, depois uma pós, um mestrado… Agora um doutorado. Vivo à base de cafeína, cigarro e — olhou para os lados, como se a qualquer momento alguém aparecesse, se curvando para frente abaixando o tom de voz: — armodafinil ou um metilfenidato aqui e ali, eu estou aguentando o tranco.
— Caralho.
— Pois é, caralho! — Riu, complementando: — Não que eu esteja reclamando do salário e dos benefícios, mas sabe… Uma escolha e uma renúncia. Por isso eu vivo aqui fumando um cigarro atrás do outro, ao menos é meu momento de paz e serenidade comigo mesmo.
— Então eu estou atrapalhando o seu momento sozinho, Sr. Kyle!?
— Sim, de fato você está — seu tom era brincalhão, o sorriso faceiro não sumia de seu rosto cuja linhas finas de expressão desenhavam uma idade uns tantos números a mais que a minha. Aquilo só o deixou mais atraente ainda para mim. Kyle buscou no bolso da bermuda seu maço de cigarros, puxando o último da caixinha, colocando-o entre os dedos, um ar reflexivo na sua fala teatral:
— É irônico eu, um médico que fuma? Sim, é. Porém isso daqui é a única salvação de um homem fudido como eu. Sério.
— Você parece um bêbado lunático falando isso… Sério.
— Não tenho culpa se eu sou sincero com meus problemas, queridinha. — Kyle tinha um riso fácil, frouxo, relaxado para quem sofria demais como ele estava deixando a entender. Ascendeu o cigarro, fumando mais uma vez. Ficamos mais alguns minutos em silêncio, ele fumando encarando a janela – ou o nosso reflexo – enquanto eu tinha meus olhos para o mesmo lugar; a forma como o tronco dele ondulava pelo reflexo da janela. De repente uma onda de calor atravessou meu corpo, quase insuportável demais, me vendo obrigada a deslizar a blusa de moletom para fora, tirando meu celular e maço antes de jogar a peça nos meus pés. O ato de me despir chamou a atenção do homem que desviou seu olhar para mim, interessado no meu pequeno show de exposição. Estava com a camisa de alça fina do pijama de seda, com bordados em renda. Meus cabelos bagunçaram e eu me sentia estúpida demais perto dele, ficando com as bochechas vermelhas. Quando o olhei, notei que o olhar dele estava sereno e sua expressão mais relaxada, como se o ato de me despir daquela blusa pesada me igualasse a ele, com seu torso despido. Agora não tinha mais minha armadura imaginária feita de puro algodão e mormaço ao meu redor, agora eu era carne e osso expostos debaixo da luz amarelada daquela escadaria. Percebi que era minha vez de puxar assunto, havia um pedido mudo dele para que eu tomasse essa iniciativa. Sem pensar muitas vezes, deixei que a pergunta saísse naturalmente de mim:
— Quantos anos você tem?
— Trinta e sete anos… E sinto que já vivi uma vida inteira. 
— Tipo como…?
— Você é jornalista ou algo do tipo? — Seu olhar subiu de cima para baixo, analisando meu rosto. Ri da tentativa dele, negando com a cabeça:
— Professora. Agora adivinha de quê!
— Hmn, se não é jornalista, então é a prima pobre de uma… História? Só pode, com essas perguntas de quem sempre têm que saber dos porquês e tudo mais.
— Na mosca. E caralho, não venha me zoar pela minha profissão — cruzei os braços, fingindo estar aborrecida: — sou pobre sim, mas com orgulho! 
Ele ficou uns segundos me encarando desacreditado, até eu cair na risada, encostando pela primeira vez nele; foi um casual tapinha no ombro, rápido porém muito presente. Kyle revirou os olhos:
— Bem, para responder sua pergunta: eu viajei bastante, conheci muita gente, aproveitei pra caramba minha faculdade, já me meti em encrenca, também salvei muita gente delas… Sem contar minha vida profissional, saca? Eu não tenho nada a reclamar…
— Exceto de não conseguir pregar esses belos olhinhos azuis à noite, né? — Retruquei, sincera. Kyle tragou longamente soltando a fumaça para frente, esmagou a bituca no cinzeiro:
— Exceto por eu ter que aguentar uma pirralha falando que nem uma gralha no meu ouvido em plena manhã de quinta.
— Não sou pirralha. Tenho vinte e sete anos, para a sua informação!
— Oh, sério!? — Um brilho iluminou os olhos do homem, por um momento pensei que ele iria me elogiar, porém a língua de navalha dele cortou mais uma vez: — Pensei que você era bem mais velha que isso, caralho!
— Olha se for pra ficar zoando comigo eu juro que vou me levantar e voltar para minha casa!
— Ei, ei, ei! Só estou te enchendo o saco… Pirralinha! — Me puxou descontraidamente para seu lado em um abraço de lado que me pegou de baixa-guarda, mas que não me incomodou no todo. Sentindo a pele dele, quente e macia em contato com a minha, me fez arrepiar levemente. Rindo ainda, ele me olhou com um doce que contrastava com a cortina de seus cílios e o sorriso de seus lábios:
— Então você é professora, hum? 
— Sim. Professora.
— E você comentou que mora aqui há alguns meses, você é da cidade ou…?
— Sou caipira que tenta se passar por uma cidadã plena desta cidade caótica. Vim para cá depois de passar no mestrado, consegui uma designação e desde então nunca mais quis ir embora. Dá para perceber meu sotaque? — Perguntei genuinamente curiosa, já acostumada com comentários sobre meu sotaque muito acentuado ou meu jeitinho calmo demais. Mas Kyle negou com a cabeça, se afastando de mim para usar a mão do braço que me envolvia para coçar o queixo, antes de sorrir caloroso:
— Eu também não sou daqui, nem da cidade e muito menos do estado! Vim pra cá ainda moleque, atravessei o país praticamente, morei com uma tia enquanto terminava o ensino médio, trabalhava e fazia cursinho pros vestibulares. Tentei uma vez, não passei, meus pais me deram mais uma tentativa senão eu teria que voltar pra roça que eu vim… Fiquei meio puto da vida, isso foi muito bom já que me agarrei em tudo quanto era estudo e passei no ENEM e essas merdas todas. Desde então só volto pra minha cidade natal para visitar meus velhos. 
— Forasteiro que nem eu então… A vida tende ser meio complicada para nós que somos de fora — olhei para frente, para a paisagem que temos da cidade acordada assim como nós, me sentindo perder nos meus devaneios acordada: — bem, pelo menos para mim as coisas são um pouco puxadas, tipo nem é pelo emprego, agora que passei pelo estado e estou com algo garantido. Mas sei lá, socializar com gente que viveu uma vida toda acostumada sempre a ter acesso a tudo, desde cultura e outros pequenos privilégios que não tive na minha cidade natal… Me assustou quando cheguei. E ainda me assusta. Acho que é por isso que eu perco o sono fácil… — Virei para olhá-lo, me surpreendendo que Kyle tinha sua atenção completamente voltada para mim, lábios entreabertos como se ele estivesse contemplando algo de surreal. Sorri tímida:
— Eu meio que busco sinais à meia-noite para tentar me encaixar nessa cidade enorme. Não que eu não queira ser engolida, mas mais do que isso — esbocei essa coisa grandiosa com meus braços: — eu quero fazer parte do todo. Senão irei me perder em mim mesma e não irei aproveitar nem metade de tudo que aqui pode me proporcionar…
— Você tem seu ponto. E concordo… Eu já fiquei muitas noites acordado, ainda no meu internato, me questionando como sobreviver nessa caoticidade, e porra, percebi que às vezes tudo que eu precisava era me abrigar comigo mesmo num canto e esperar as coisas virem naturalmente até mim… Tipo, essa luz acima de nós — apontou para a lâmpada que irradiava a luz amarelada, quase ocre em cima de nós, esquetando o lugar e afastando o gélido azulado que vinha de fora: — é o meu sol. O sol que eu não vejo nos meus plantões de madrugada ou que eu acabo negando quando chego em casa completamente derrotado. E aí eu fico aqui, pensando, pensando… Pensando. E fumando, é claro. 
Sorrimos um para o outro. Era natural a conversa fluir com ele, parecia que já éramos amigos de longas conversas naquela escadaria. Peguei o meu maço, puxando mais um rolinho para mim, levando-o até meus lábios. Olhei para Kyle com o cigarro pendendo nos meus lábios, a voz soando meio abafada:
— Acende meu cigarro, por favor?
— Claro! 
Como mágica o isqueiro estava na minha frente, acesso, com sua chama frágil tremendo e acendendo o meu cigarro. Agradeci, cruzei os braços e fiquei ali, observando a janela na minha frente, enquanto a voz de Kyle surgia ao fundo comentando sobre os vizinhos chatos dele que ficava monitorando as idas e vindas dele no apartamento dele. Quando terminei meu cigarro, o sono estava encostando em mim, pesando minhas pálpebras e me conduzindo aos sonhos acordados. Kyle me perguntou entre um bocejo e um longo espreguiço:
— Que horas já são?
— Deixa eu ver — peguei meu celular, a voz se arrastando de sono também: — puta merda, já passam das três da manhã!
— A conversa e o cigarraço renderam, viu? 
— E como! — Levantei num pulo, trazendo comigo minha blusa de moletom e meu cigarro  nas mãos. Acompanhada de Kyle, agora de pé, pude absorver melhor a visão do corpo magro definido, as ondas dos músculos e como a pele alva parecia acobreada pela luz amarelada. Ele era centímetros mais alto que eu, seus olhos estavam pequenos de sono, o sorriso era amplo ao estender a mão:
— Obrigado pela companhia, pirralha, quero que você saiba que foi muito bom papear com você essas filosofias da matina. Se quiser, estarei sempre aqui para acender seus cigarros.
— Okay, digo o mesmo. — Apertei sua mão. Ficamos com nossas mãos apertadas, sorrindo um para o outro, com certa expectativa pairando entre nós, até finalmente eu afrouxar o aperto e me virar de costas para subir mais um lance e chegar no meu andar, sentindo o olhar dele me queimando.
Tornou-se uma prática comum, nas madrugadas de insônia, encontrá-lo sentado nas escadas. Às vezes estava em pé, outras até mesmo deitado no pequeno corredor entre os degraus de subida e descida, debaixo da janela. Com ou sem camisa, bermudas ou calças de moletom, chinelos e meias nos pés, os dias se tornaram semanas, entre cigarros, cinzeiros compartilhados, algumas canecas de café, vinho ou suco, risadinhas e comentários sobre o sindico que não estava gostando do cheiro de cigarro e cinzas impregnados entre os andares oito e nove, tínhamos criado uma amizade sincera das madrugadas – que na virada no primeiro para o segundo mês se tornou encontros casuais na manhã pelo elevador ou à tarde, retornando da escola, vendo-o conversar com o nosso porteiro. Já no terceiro mês, ele me enviava mensagens perguntando se eu estava de pé ou me ligava quando eu não estava afim de sair do conforto da minha cama. Também pareceu decorar meu cronograma: quando chegava das compras, ele estava parado casualmente de fora, com o cigarro entre os dedos, a cara de cansaço do plantão das duas noites viradas anteriores no rosto, se prontificando a me acompanhar até meu apê para ajudar com as compras.
Eu também tentava ajudá-lo: sempre que podia, levava suas encomendas até a porta do seu apartamento, convidava ele para ir comigo na feira aos finais de semana que ele estava disponível e até mesmo para matar o tempo no meu apê humilde, onde ele se estirar no sofá com um dos meus gatos no colo, vendo a tevê até cair no sono. 
Nesses três meses ele não havia tentado nada demais comigo; nenhum tipo de investida maliciosa ou radical demais. Exceto pelas vezes que ele soltava elogios que soavam sinceros como: “hoje você está muito bonita”, ou “adoro como você é inteligente!”, me deixando lisonjeada, Kyle mantinha sempre uma postura muito polida comigo. Nem mesmo quando nos abraçávamos ou nossas mãos ou joelhos se encostavam, ele tentava tirar proveito, mesmo vendo algo brilhar em seus olhos – talvez uma espera vinda de mim. Um sinal para que ele pudesse tentar algo que talvez maquinasse na sua mente desde o primeiro dia que seus olhos cor anis pousaram em mim. Eu sentia isso, e sabemos que intuição de mulher nunca falha.
De fato, seus olhares eram mais lânguidos e doces para mim, os sorrisos maiores e mais calorosos, suas mãos pareciam querer me envolver quando me abraçava. Mas o que me pegava era a forma como ele acolhia a chama de seu isqueiro para acender o meu cigarro, o vermelho do fogo refletido no azul de seus olhos, tornando-se um espelho para aquela fonte de calor que ascendia o meu fogo.  
Estávamos na nossa usual posição de troca: ele curvado com as mãos protegendo a chama frágil do isqueiro ligado, enquanto eu equilibrava o cigarro reto nos meus lábios para mantê-lo firme no lugar, vendo a pontinha queimar e virar cinza, puxando o ar quente para dentro enquanto erguia minha postura, encostando na parede atrás de mim. Era uma madrugada de sexta-feira de um feriado municipal, então tanto eu quanto ele estávamos de folga – ele pegou banco de horas e só voltaria na próxima segunda. 
Kyle encostou na parede ao lado, debaixo da janela, acendeu o seu cigarro, tragando e exalando para cima. Observei a fumaça diluir na cortina de luz amarelada, densa e ao mesmo tempo fina. Sua voz rouca atravessou nosso espaço:
— Tá livre esta noite?
— Tô, por que?
— Nada — deu de ombros, tirando do bolso da calça de moletom um papel me estendendo: — só queria saber se você curte parques de diversão, chegou esse na cidade umas semanas atrás e pensei que seria legal irmos lá, dar uma voltinha, quem sabe ir na roda-gigante… 
— Tá me chamando para um encontro? — Ri, meio descrente, lendo o panfleto amassado que ele me deu. Kyle riu divertido:
— Bem, se você gostar da ideia disso ser um encontro… sim, eu estou.
Ergui meu olhar para ele, minha expressão mudou ligeiramente para surpresa, porém tentei retornar ao meu estado normal, comprimindo o risinho histérico em meus lábios o engolindo com uma tragada exagerada no meu cigarro, me provocando algumas tosses secas. Depois que me recompus, eu olhei mais uma vez o panfleto que prometia ser um parque de diversões realmente divertido, familiar e com uma roda-gigante enorme instalada no centro que dava ampla visão a cidade. 
O olhar do homem era esperançoso. Minha voz saiu suave e decidida: 
— Tudo bem, eu aceito. 
Era como se o rosto do homem tivesse sido iluminado pela chama do próprio cigarro. Nunca me senti tão aquecida e acessa por dentro quanto me senti naquele momento. 
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bnnuy-wabbit · 9 months ago
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this entire Music Taste debate thing re:rap is getting annoying really fast. Im not USian enough for this.
#tho like. ''ohhhh i dont like it its too violent'' this argument is lame as shit. youre weak lmao. coming from a funk enjoyer#its just annoying as fuck how are always supposed to care about the us and everything about us culture all the time#i listen to rap. i dont listen to us rap however.#i literally spent an entire week last month going thru historical archives of brazilian rap n shit#which is MY culture i guess#n im not even trying to tote my metaphorical horn or anything. i like music history. and the story of br hiphop ties to br funk n SAMBA!#and its really cool! i like a bunch of them. i know the history of rap in my country and how THAT ties to racism and shit#but noooooo if i dont listen to List of 15 artists whether you want to or not youre racist#if youre going to make recommendations at least make them appealing? lmao. not guilt trippy!!!!#i dont listen to rap in english very often because i cant process english that fast. skill issue time. the vibes from the songs are cool!#but its just not my go to music!!!! if i want to listen to hiphop ill just grab my trusty Brazilian oldies#i know dj marlboro got me.#i listen to a lot of genres. from us country to caipira raiz to japanese grindcore. i enjoy a buncha indian songs even. the scales FUCK#idk#i know this is the American Racism website but can't i just enjoy my countries shit in peace. if i don't listen to yours in racist now????#i dont even got anything against it. in fact i like it. but why do i have to listen to (insert large unfiltered list here) of yours Or Else#i know you wont listen to mine if i recommend it???? like none of it.#a lot of it feels like virtue signaling lol listen to this or youre racist watch this or youre racist#and you do not want to be a bad person do you?????#sometimes just understanding why things are the way they are is enough. you dont need to enjoy everything. thats ok. if hiphop isnt for you#then thats fine#just like. stfu. stay on your lane when people who know more about it than you are talking about it#it isn't that hard#one just needs to acknowledge things. hiphop and jazz and blues are extremely important to modern music and culture#but not everybody likes it. and thats fine. the same way a lot of people dont like white girl breakup song number 469. thats also fine#and like. i listen to hiphop! not my go to but i like it. blues is also nice vibes sometimes. but idk the artists that deep.#as a foreigner thats fine ig#but a lot if those posts sound guilt trippy as fuck for the a lot of us arent from your country 👍
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fr33me · 5 months ago
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MAS QUE EPISÓDIO MEUS AMIGOS
Espero que essa série continue por muitos anos @ rustyquill só pode terminar na minha formatura, desde já grato
oq foi esse ep meus amigos O Q FOI ISSO
que temporada
e teve duas confições e teve arquivista e foi paulada atrás de paulada foi só e tome e tome e tome e eles levaram e muito
pois teve celia vilã misteriosa teve morte x2? teve gwen tomando no cu (ela só vai saber dps) teve alice ignorando dois problemas e no fim não ajudando em nada
e terei q ouvir de novo as duas séries não tem jeito
Pontos em aberto para a próxima temporada:
O QUE ACONTECEU COM O COLIN
O que raios o cara que saiu antes do Sam ta arrumando
Gwen ta no sal (Ela não sabe não sabe mesmo) e veremos Lena de novo?
E a fenda? E o Sam? E o equilíbrio??
Celia, meu amor, quem te trouxe aqui, foi a teia? por quem vc foi marcada? a quem vc serve? de onde vem o seu conhecimento? Pq q o bb capeta gosta de vc me conta pq?
Alice, querida, como que é ser marcada pelo olhador incessante? e o seu irmão?
Todos eram do arquivista.... não só o Sam.................
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thesukeban · 5 months ago
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city boy sees the sea for the first time in 10 years and goes crazy
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bat-the-misfit · 8 months ago
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"but portuguese and spanish are so similar i'm sure you can understand spanish speakers"
bestie brazilians can't even understand portuguese people and we literally speak the same language lol
actually brazilians can't even understand other brazilians. i'm still trying to understand mineires and minas gerais is literally above my own state
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cineolho · 2 years ago
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A MARVADA CARNE (1985)
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Dir. ANDRÉ KLOTZEL
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sunnybergamota · 2 years ago
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Dez e meia hj danço quadrilha, pronta pra pagar o mico do semestre 😎
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jorrated · 1 year ago
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jo, sandwich press é tipo a chapa pra fazer os pães na chapa, ícone da cozinha brasileira
Aaaaaaaa (sigo pobre não tenho)
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caipiras · 2 years ago
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A Lenda de Sumé
Condo o jesuíta Manuel da Nóbrega isteve im Santos, no ano de 1549, foi relatado u’a lenda indígena arrespeito de Sumé. Discrito como um home arto, branco, cum longos cabêlo i barba grisaio i que frutuava no ar, teria vino do céu, inviado pur Tupã, adonde tchegô à antonce Enguaguaçu p'ra bebê a áua du’a fonte, localizada nas proximidade da isquina da Av. Bernadino de Campos c’a Rua Floriano Peixoto.
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Êle trazia um grande saco nas cacunda. Tchamô a dgente da região i, pinchano pelo tchão um delúvio de semente que inchia aquêle saco, mostrô a todos que do tchão brotava pranta que logo produzia cumida i riqueza, fartura p'ra tribo, deixano a êles arguns punhado dela p'ra que prantiasse. Cumeçô a sê visto cum scisma pelos cacique locá, os quá tentô matá cum frechada im certa menhã; tentativa essa fáia, visto que as frecha misteriosamente retornô i matô seus atirador. Era tamem u’a das habilidade do istrangêro: tirá frecha de seu corpo sem sangrá. Teve dois fiio, tchamado de Tamandaré i Ariconte, que se odiava mortámente.
Sumé antonce teria andado de costa inté o mar, suverteno im seguida n'um vôo sobre a Baía de Santos p'ra nunca mai vortá. Não sem antes tê deixado na bica adonde apareceu u’a série de desenho, cum distaque p'ra u’a inorme pegada, fora dos tamanho normá p'ra um ser humano. Relatos posterior dos jesuíta dão conta que o motivo da ispursão dele foi tê proibido a poligamia i o canibalismo, motivano a réiva dos cacique.
A estória pur tráis da lenda
Pesquisas mai recente cunseguiu traçá a estória do misterioso home que, adespois de sua saída da Baixada Santista, teria chegado a Assunção, no Paraguai, i aos inca, no Perú, teno aberto o famoso Caminho do Piabirú, que ligava Santos ao Oceano Pacífico i foi utilizado pelos índio p'ras tróca cumerciá i adespois nargu’as iscursão dos banderante. Os inca da região do Piabiru curtiva lendas im arrespeito da Viracocham que im suas aparição seria munto semeiante à Sumé, levano a crê que seria antonce a merma criatura.
Os colonizador purtuguêis levô a hipótese de Sumé sê o apóstolo São Tomé, que sigundo a tradição católica, adespois de presenciá a assunção de Maria, teria ido à Índia pregá o catolicismo. Sua passage é discrita n'um texto do ano 200 denuminado “Atos de Tomé.” Na Índia, teria participado da fundação de 8 eigreja na região de Paravoor Thaluk, no ano 52. Os purtuguêis aquerdita que, adespois de sua passage na Ásia, rumô p'ra América, adonde insinô as benfeitoria aos índio paulista i da região do Piabirú.
C’o advento do abastecimento de áua amuderno im Santos, a fonte foi caino im desuso, inté caí no abandono i tê sido infelizmente demolida im fins do século XIX p'ra proveitamento de suas pedra im lajes i carçada na cidade. Apesá disto, num cunseguimo incontrá ôtros registro ô maior informação sobre a merma, talequá quarqué risquício hoje no locar. O mito ao redor das figura de Sumé, Viraconcha i São Tomé persiste repleto de mistério i estórias na região pur adonde teria passado, representano um interessante relato da mitologia paulista.
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Thales Veiga
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flavio123 · 2 years ago
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youtube
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thesukeban · 5 months ago
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são paulo can be pretty yet chaotic
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bat-the-misfit · 2 years ago
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when was i supposed to know the main character of One Piece was Brazilian????
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danfosky · 3 months ago
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Grandes lutas à vitória, nossa pátria forte e rica; Paulistânia gloriosa, terra mater do caipira! 🗿
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sunnybergamota · 2 years ago
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MDS AGR Q VI SEU ICON DHSMHFSMHD Q BUNITINHOOOO
#juninou
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olaitapetininga · 3 months ago
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Itapetininga sedia evento de turismo com foco em inovação e IA
Itapetininga será palco da 7ª edição do Empreenda Tur, um evento itinerante de turismo, que acontecerá no dia 9 de novembro. O encontro será realizado no Auditório Municipal “Alcides Rossi” e tem como objetivo impulsionar o turismo na região através de uma programação que inclui palestras, consultorias e exposições. Este ano, o tema do evento é “Conferência de Empreendedorismo e Eco Turismo do…
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