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multiplasidentidades · 4 months ago
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Altersexo: sobre o termo e suas aplicações.
Aviso de conteúdo: menção a genitálias/características sexuais e disforia sexual.
Altersexo foi criado para ser utilizado em grande parte, mas não exclusivamente, para personagens fictícies, descrevendo corpos com partes que não são normalmente presentes em homo sapiens, ou, no caso de indivíduos reais utilizando altersexo como identificação pessoal, aqueles cujos planos para seus corpos, ou noção de seus "verdadeiros" corpos, se encaixam em altersexo.
Altersexo é um termo abrangente composto por "alter," que significa "diferente" ou "outra possibilidade," e "sexo," que se refere às características sexuais fisiológicas primárias e secundárias. Esse termo também pode designar sexos que não são nem perissexo nem intersexo, especialmente para aquelus que passam por terapia hormonal ou cirurgia de redesignação sexual. Para essas pessoas, o termo intersexo pode não ser apropriado.
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O termo foi cunhado por indivíduos trans e intersexo para os seguintes propósitos:
1. Diferenciação de termos: Para lidar com o uso inadequado de intersexo ao descrever pessoas e personagens que não são realmente intersexo, mas também não são perissexo. Isso inclui corpos que não se conformam aos padrões binários de sexo, mas não são assim devido a variações intersexo. Pode ser resultado de transição sexual, existência de um sexo fictício/impossível, habilidade de mudar de forma para alterar características sexuais, ou possuir um sexo "alienígena" que não é encontrado em humanes mas pode ser encontrado em outras espécies.
2. Termo não-sexualizado: Para proporcionar um termo que não seja sexualizado ou ofensivo para sexos fictícios ou transicionados, em oposição a termos estigmatizados e sexualizados como "herm" (abreviação de hermafrodita, um termo ofensivo para pessoas com características sexuais intersexo), "cuntboy" (um termo vulgar para pessoas designadas homem ao nascer que adotam uma identidade feminina ou possuem características femininas), "dickgirl" (um termo vulgar para pessoas designadas mulher ao nascer que adotam uma identidade masculina ou possuem características masculinas), e "futa" (abreviação de futanari, um termo japonês relacionado a personagens com características intersexo e geralmente sexualizados), que são populares atualmente e considerados transmisíacos e diadistas.
Altersexo não implica nenhuma característica sexual específica, permitindo a privacidade da pessoa altersexo e evitando reduzir indivíduos à sua genitália. Isso também visa reduzir a fetichização de pessoas intersexo e cisdissidentes na arte e na ficção, fornecendo um descritor neutro útil para personagens e indivíduos que são altersexo.
Para esclarecimento, altersexo refere-se a qualquer sexo que não seja perissexo nem uma variação intersexo. Por exemplo, ume personagem com Síndrome de Klinefelter seria intersexo, não altersexo. Indivíduos ou personagens altersexo não são assim devido a qualquer variação intersexo. Aquelus que passaram por terapia hormonal ou procedimentos cirúrgicos que afetam suas características sexuais, bem como aquelus com disforia dessa natureza ou uma identidade interna que se assemelha a isso, também seriam altersexo. Esse termo pode descrever tanto um corpo físico quanto uma identidade sexual interna, ou ambes, e aquelus que não podem fazer cirurgia ou hormônios, mas têm uma ideia interna de seu sexo que não é fisicamente possível, ainda devem ser respeitades como altersexo.
Importância de termos complementares
O termo altersexo pode coexistir com outras identidades sexuais, como angenital (alguém que não quer ter genitália) e salmaciano (alguém que quer ter tanto pênis quanto vagina funcionais). Ele serve como um termo complementar para descrever estados sexuais que não se enquadram nos binários tradicionais de perissexo e intersexo.
Significado das cores da bandeira altersexo
O termo foi cunhado por farorenightclaw e a bandeira desenhada por pastelmemer.
- Verde Menta: Representa abundância, indicando corpos com abundância de características sexuais e a variedade de possibilidades dos corpos altersexo. Está associado a identidades altersexo específicas, como agenital e salmaciano.
- Azul: Representa fluidez, simbolizando corpos com características sexuais fluidas.
- Branco: Representa transcendência, simbolizando corpos sem características sexuais.
- Roxo: Representa a natureza alternativa e não tradicional dos corpos altersexo.
- Rosa avermelhado: Representa características sexuais.
Altersexo é um termo importante para descrever identidades sexuais que não se encaixam nos binários tradicionais de perissexo e intersexo, proporcionando uma linguagem inclusiva e não estigmatizada para personagens fictícies e indivíduos reais que veem seus corpos ou identidades sexuais de maneira única. É um passo significativo na luta contra a fetichização e discriminação de pessoas intersexo, trans etc.
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arco-pluris · 10 months ago
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orientandoorg · 5 months ago
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Existe algo em pt/br sobre aldernic? Essa identidade seria considerado NHINCQ+?
a) Não sei. Eu nunca escrevi nada sobre o assunto, mas existem comunidades NHINCQ+ em grupos de chat fechados ou redes sociais que requerem conta para acompanhar, o que faz com que tais discussões não sejam públicas, então não acho que faz sentido eu dar uma resposta definitiva só com base na minha bolha.
b) Quanto a se é NHINCQ+, eu diria que depende da pessoa. Embora aldérnique tenha sido um termo cunhado como uma alternativa a altersexo, eu já falei com pessoas que viam o termo como aberto/focado em características não humanas.
Alguém com uma modificação corporal como orelhas pontudas ou implantes de chifres seria viste como alguém quebrando normas de gênero (classificando a pessoa como queer), ainda que tais modificações não sejam relacionadas a gênero e diferenças sexuais? Talvez. Esse é o tipo de coisa que requer relatos de experiências pessoais e discussões dentro da comunidade, e não validações arbitrárias por pessoas que nem usam o termo.
Acho que vão ser essas pessoas que vão se classificar como queer ou parte do + por si só se isso fizer sentido pra elas.
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beyond-mogai-pride-flags · 4 years ago
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Æ-Altsex Pride Flag
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[Image description: vertical 5 stripes colored respectively with blue, black, grey, white and green. End ID]
Ae-Altsex: A person with either dysphoria about not looking (C)AFAB, or simply wants to look DFAB due to the idea being euphoric. This can be both pect and guina, one and then the rest of your body, or any mixture of FDAB/FAAB sex characteristics.
- AP
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arquivo-pluris · 4 years ago
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Bandeira Travestigêner
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Travestigênere/travestigeneridade é uma modalidade de gênero e uma identidade de gênero que abrange as não-binariedade, transgeneridade, transexualidade e travestilidade em uma vivência unificada, ela foge da lógica binária e das corporalidades cisgêneras, reivindicando suas corpa e identidade como dissidentes perante a normatividade. Não é inerentemente transfeminine, há transmasculines que também fazem parte dessa modalidade. Acolho altersexos nela também.
Essa identidade só faz sentido no contexto brasileiro e lusófono, tendo consciência disso, qualquer pessoa pode usar pra si mesma contanto que seja pelo menos trans*/T+, n-b ou travesti.
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midiaqueer · 5 years ago
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O apoio superficial às pessoas não-binárias
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Uma série de questões me incomoda faz tempo, e inclusive já falei dessas coisas em momentos e lugares separados. Mas acho que todas essas questões são conectadas a dois problemas específicos (que também se complementam), e por isto estou aqui fazendo este texto que conecta tudo.
Com o aumento da visibilidade de pessoas não-binárias nos últimos tempos, houve não só um aumento na quantidade de pessoas se identificando como não-binárias, como também as pessoas que tentam incluir pessoas não-binárias em seus trabalhos, mesmo que de formas pequenas. Eu entendo que para um grupo tão abandonado como das pessoas não-binárias, qualquer representação ou inclusão possa virar motivo para comemoração, mas há duas raízes principais que acredito que sejam a causa de muitos problemas:
A exaltação da figura não-binária "justificável"
Existe uma exigência em vários graus de que exista um motivo para pessoas ou personagens serem não-bináries. Isso não é algo novo: desde gamers querendo justificativas para personagens principais serem mulheres ou negres até pessoas queermísicas procurando motivos para alguém real ser multi, lésbica, trans ou de outras identidades NHINCQ+, é um problema de pelo menos muitas décadas. Mas não significa que não possa ser apontado mesmo quando pessoas não-binárias ou supostes aliades fazem isso.
Muites personagens não-bináries são não-bináries por essencialmente "não terem sexo" ou "serem fusões de homem com mulher". Não me venham com "alô Steven Universe, hehehe", porque tem muitos outros lugares onde isso ocorre. Os poucos papeis não-binários de séries que precisam de atories reais geralmente são preenchidos por pessoas consideradas "fisicamente andróginas". Muitas matérias sobre pessoas não-binárias entram em detalhes sobre a corporalidade intersexo de tais pessoas, sendo que, ainda que pessoas não-binárias possam sentir que são não-binárias apenas por serem intersexo, focar nisso é um desserviço a pessoas binárias intersexo e a pessoas não-binárias perissexo.
Especialmente na ficção, parece que há uma tentativa de construir uma narrativa de "personagens não-bináries cis"; não há nenhuma pessoa trans binária na história, mas há personagens que são não-bináries por motivos que não seriam possíveis por pessoas não-binárias reais. Tais personagens também geralmente possuem suas identidades e seus conjuntos de linguagem respeitades por todo mundo.
Não é como se todas as mídias que retratassem pessoas não-binárias precisassem ter personagens não-bináries humanes, que não sejam fusões e/ou altersexo, e que sofressem discriminação; mas há uma ausência de mídia popular que possa ensinar pessoas binárias a tratarem/entenderem melhor pessoas não-binárias.
O apoio a um trinário de gênero
A maioria das pessoas - e isso inclui muita gente não-binária - quer que pessoas não-binárias tenham os mesmos direitos básicos de pessoas binárias, mas não querem ter o "trabalho" de realmente reconhecer uma diversidade de vivências não-binárias.
São as pessoas que falam que rótulos como homem não-binárie e mulher não-binárie não fazem sentido, ainda que não se importem com explicações que digam que pessoas não-binárias "estejam em qualquer ponto no espectro de gênero entre homem e mulher". São as pessoas que só conseguem descrever pessoas não-binárias como "aquelas que não gostam de rótulos", ou como "sem gênero nenhum", ou como "entre homem e mulher". São as pessoas que apoiam a existência de um conjunto como le/elu/e ou ê/elu/e e que querem que vire oficial, mas que tiram sarro de ou criticam fortemente qualquer outra forma de neolinguagem.
(Também podem ser as pessoas que apoiam e se referem a pessoas não-binárias com a linguagem correta, mas que não ousariam usar -/elu/e ou similar para se referir a grupos que contém pessoas binárias, preferindo usar @/el@/@, x/elx/x ou "todes, todas e todos" ou outra coisa que seja mais aceita entre gente binária.)
São as pessoas que "acham problemático" se alguém se disser não-binárie por causa de trauma, neurodivergência, intersexualidade, raça, orientação ou outras experiências, porque querem que todas as pessoas não-binárias só se identifiquem assim porque "nasceram não-binárias". São as pessoas que falam que os rótulos que ajudam pessoas a localizar as próprias identidades de gênero de formas menos genéricas são nocivos para a comunidade. São as pessoas que se recusam a não categorizar pessoas que não são homens e nem mulheres de alguma forma que não seja não-binárie, mesmo que isso não faça sentido dentro da cultura de tais pessoas.
Isso tudo porque querem que não-binárie seja apenas mais uma categoria ao lado (ou no meio) de homem e de mulher, sem nenhuma sobreposição ou complicação ou diversificação. Querem aceitação não-binária, mas só num trinário de gênero restrito que também atrapalha muita gente não-binária.
Acho que já deu pra entender porque considero que estes problemas existem, mas quero elaborar mais sobre o motivo desses problemas serem problemas. Porque muita gente passa pano demais pra essas coisas, afinal, novamente, representação e inclusão não-binária é rara. E tudo bem considerar isso um progresso a um exorsexismo ou apagamento total, mas também não dá pra ignorar que ainda existem problemas aí.
Não-binaridade não é uma teoria ou hipótese; é a experiência vivida de muita gente. E há uma quantidade imensa de pessoas intolerantes ou ignorantes em relação à não-binaridade, o que causa inúmeros problemas pra nós.
Por isso, é importante ter mídia que normalize pessoas não-binárias com as mais diversas experiências: pessoas não-binárias racializadas, gordas, que usam o/ele/o, que usam a/ela/a, que usam -/-/-, que são perissexo, que são intersexo, que fazem transição corporal, que não fazem transição corporal, que foram designadas com gêneros diferentes ao nascimento, que usam diversos rótulos além de não-binárie, que usam neolinguagem em seus conjuntos, que usam mais de um conjunto, que decidem mudar de nome, que possuem nomes tipicamente "de homem" ou "de mulher", que inventam seu próprio nome ou usam um nome "estranho" para que não haja gênero associado com ele, que possuem as mais diversas expressões de gênero, e afins. E, por mais que outras possibilidades também sejam interessantes e possam ser boas representações, precisamos sim ter personagens não-bináries que sejam humanes e que sejam abertamente não-bináries na história. A ausência disso faz com que muitas pessoas nem tenham um ponto de partida quando alguém diz que é não-binárie, o que dificulta a comunicação e aceitação.
Também é importante espalhar que não-binaridade não é uma coisa só. Existem pessoas gênero-fluido, ambigênero, aporagênero, xenogênero, neurogênero, gênero-orientação, gênero-cinza, agênero, gênero neutro e afins, e isso tudo pode coexistir. Rótulos mais específicos fazem parte das identidades de várias pessoas não-binárias, e tentar censurá-los também é rejeitar partes das identidades de pessoas não-binárias, por mais que "de resto esteja tudo bem ser não-binárie".
Se existem pessoas sem gênero que usam a/ela/a e demimulheres que usam o/ele/o, também não faz sentido insistir em categorizar a/ela/a como conjunto feminino e o/ele/o como conjunto masculino. E, visto que um trinário de conjuntos de linguagem ignora as necessidades e expressões identitárias de muitas pessoas não-binárias, insistir que neolinguagem precise ser restrita a um conjunto só também machuca e invalida muita gente não-binária. Não somos de um gênero só, de uma expressão de gênero só ou de uma corporalidade ou corporalidade desejada só, então não há porque nos tratar como se só merecêssemos uma linguagem só (muito menos uma que também seria usada para pessoas de linguagem indefinida, como se não pudéssemos ter identidades próprias separadas da indefinição).
Orientações voltadas a pessoas não-binárias também precisam ser divulgadas. Muita gente parece ter a noção de que identidades não-binárias "não contam para atração", e que pessoas atraídas por pessoas não-binárias sem serem atraídas pelos dois gêneros não-binários só podem usar identidades como gay, lésbica e hétero. Isso é apagamento, não importa o quanto você acha que a pessoa binária só pode se atrair por pessoas não-binárias que "pareçam tal coisa". Pessoas toren e trixen são multi, e também podem se dizer bi e/ou poli se quiserem.
E muita gente acha que pessoas não-binárias são "sempre bi ou pan ou assexuais/arromânticas" porque "não conseguem diferenciar entre gêneros" ou "não ligam pra gênero". Isso novamente é um reducionismo da variedade de experiências não-binárias ao que pessoas binárias quer que nós sejamos; uma massa só que não gosta de rótulos ou que só é não-binária por não entender gênero (ou, em certos casos, por não sentir atração por ninguém). Existem pessoas não-binárias viramóricas, feminamóricas, cetero/medisso e/ou que preferem certo gênero a outros. Existem muitas pessoas não-binárias multi e/ou a-espectrais, inclusive pessoas que ligam isso com sua não-binaridade de alguma forma, mas, novamente, isso não vale pra todo mundo.
Como pessoa não-binária, vejo muita gente só usando alguma linguagem que não seja o/ele/o como neutra quando têm certeza ou certa suposição de que existem pessoas não-binárias na audiência, e eu não acho isso muito legal. Geralmente essas pessoas tropeçam bastante (como em "es pessoes" ou "todes os alunos"), e, além de passarem vexame, também demonstram que só ligam para fazer mudanças no vocabulário quando podem performar para uma audiência que aprecie isso, e não se esforçam para normalizar isso entre pessoas binárias. Também existe a presunção de que pessoas não-binárias só existem em espaços "LGBT", espaços ativistas e/ou alternativos com maioria jovem ou redes sociais, e não em outros ambientes.
Como administradore de espaços como Orientando.org e Colorid.es, também percebo a quantidade de gente que se interessa nestes projetos e que quer se socializar nestes lugares, até que percebe que neles há alguma exigência de respeitar conjuntos diferentes de a/ela/a e de o/ele/o, e de respeitar identidades diferentes de lésbica, gay, bi, trans, e talvez intersexo e/ou assexual. Porque daí é "coisa demais", é "estranho", é "desconfortável", é "anti-LGBTs de verdade", é "militância demais", porque aparentemente respeito à diversidade só conta se a pessoa já conhecia tal diversidade antes e não precisaria se preocupar em conhecer vivências novas.
Independentemente de você ser não-binárie ou não, pense se seu apoio à causa não-binária acaba ou freia quando você tem que botar conforto não-binário acima do conforto binário. Quando vivemos em uma sociedade exorsexista, falar de exorsexismo casual vai ser desconfortável para quem quer ser "livre de preconceito" e "à favor da diversidade" (e isso vale para diversas outras questões também).
Este artigo está sob a licença CC-BY-NC-SA.
Escrito por Aster
Fonte: https://amplifi.casa/~/Asterismos/o-apoio-superficial-%C3%A0s-pessoas-n%C3%A3o-bin%C3%A1rias?fbclid=IwAR1nhJjt05YYdjy770wQvHRbUOuZR7vLZSHqQBizfHyvLRvlkW5UWCe4ObE
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multiplasidentidades · 2 months ago
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Acha que o termo boycetrava pode existir? Sou AMAB-V menino transfem mas n quero ofender a comunidade travesti por ter um identidade homem
Oi! Peço desculpas pela demora na resposta. Recebi sua pergunta há três semanas e, como estava afastada desses assuntos, só a vi hoje. Sua pergunta é bem interessante, mas percebo algumas possíveis contradições nas identidades que você mencionou, então gostaria de entender melhor.
Você foi designado homem ao nascimento (DHAN) e é altersexo, com o desejo de ter uma vagina, certo? No entanto, você também mencionou ser transfeminino, o que me deixou um pouco confusa, já que o termo transfeminino normalmente se refere a pessoas designadas homem ao nascimento cuja identidade tem alguma conexão com feminilidade ou ser mulher. Parece que sua identidade transfeminina pode estar relacionada ao desejo de ter uma vagina, mas isso pode gerar uma contradição, porque boycetas, por exemplo, desafiam a ideia de que vagina significa "mulher" e pênis significa "homem".
Minha dúvida é: como você está conectando a ideia de ser transfeminino com ser altersexo e possivelmente m-altguina (um termo para homens designados homem ao nascimento que prefeririam ter uma vagina)? Estou correta ao supor que você vincula essa característica à feminilidade?
Com base na sua resposta à segunda pergunta, se você associar a vagina à feminilidade, minha resposta seria que utilizar boyceta junto com travesti seria incoerente com o que o termo boyceta propõe: desafiar categorias tradicionais de sexo.
Além disso, reivindicações das travestis por feminilidade ao longo dos anos indicam que mesclar isso com identidades associadas aos conceitos de ser homem e/ou de masculinidade é desrespeitoso. A situação seria diferente se você tivesse várias identidades distintas, incluindo travesti, com outras características de gênero separadas, pois neste caso, travesti não estaria sendo diretamente associada aos conceitos de ser homem e/ou de masculinidade, mas como parte das suas experiências.
Entender melhor esses pontos pode ajudar a responder sua pergunta de forma mais precisa e respeitosa.
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arquivo-pluris · 4 years ago
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Essa postagem é lúdica e ilustrativa, fragmentada em duas partes:
"A desbinarização multilateral
A binaridade é flexível? Até que ponto alguém deixa de ser binário para ser abinário? A não-binariedade faz de alguém menos homem ou menos mulher? Pouco cis ou pouco binário? A binaridade pode ser desbinarizada? Ou ela seria uma não-binaridade rebinarizada?
Dançar entre as linhas e estados binários, faz-nos não-binários? Hoje há o que chamam de cúspide (cusper, também chamado de vertex na arquitetura), pessoas que estão entre “cis” não-conforme de gênero e transgênero binário. O que seria um cis entre aspas?
A princípio, maria sapatão, que de noite é joão, um dia soube o que seria ser classificada como não-binária? Os holofotes da coletividade apontam: pessoas não-binárias são abrangidas pela transgeneridade, por mais que individualmente não sejam não-binárias ou transgêneras. Da mesma forma, a coletividade ignora pessoas trans, como quando dizem que homens não engravidam, sem levar em conta homens trans que engravidam.
O etnocentrismo brasileiro, aquele bem parecido com o norte-americano, no qual pratica-se o imperialismo burguês e a síndrome de vira-lata. Comparável ao transcentrismo da não-binariedade, no qual incluem transmasculinos e transfemininas que sejam não-binários.
Pessoas que não vêem tão rigidamente as normas, aquelas que são simpatizantes de trans binários, aquelas que reivindicam a cisgeneridade. Essas pessoas não são representadas pela visão uniforme da não-binaridade insólita, cuja não-binariedade requer uma androginia ou uma tangibilidade. Pessoas com aparências binárias e com passabilidade cisgênera, seriam ainda não-binárias?
A transgeneridade, pelo menos em sua bandeira, inclui o gênero neutro e pessoas indefinidas de gênero, sem falar de pessoas em transição. Mas e aquelas que só passam por transição social, como eu, sem mudanças físicas, como ficam?!
E a binaridade desbinarizada. Pessoas cuja cultura é binária, logo tal aridade é expressa na materialidade de gênero, a fisiologia. Gosto sempre de falar pessoas que são exceções, para mostrar que, o mundo ocidentalizado, ignoram totalmente. A ótica de que todos os não-binários são transgêneros prejudica todas as exceções. Muitos idealizam viver numa sociedade nulária, aquela que taca o foda-se no binário, que tá pouco se fodendo pro que tá sendo falado na mídia. O tal do genderfuck, o gênero foda-se. A foda de gênero. Os pós-punk, voidpunk e os neofunk. Os pós-humanos, os pós-normcore. Aqueles que transvoluíram, que transvoluem e continuam transvoluindo.
A cisgeneridade abarca abinários? Não! Mas pode abarcar binaridades e binariedades. Ela não abrange a paraforia e neutralidade, ela não está livre nem em equilíbrio. Eu me reivindico, por mim mesmo, como cismasculino e não-binário. Por mais que, coletivamente eu esteja numa transgeneridade. Biopolítica e sociopoliticamente sou homem não-binário. Não só por causa da minha identificação ou leitura social, mas porque para mim, “homem” é neutro, assim como “humano”. Diferente de “mulher” que é um gênero não-unário. Mas meu gênero não é oposto à mulheridade, mas ele também não é uma hombridade ou homenidade. Afinal, enfim. O que é unário? É a aridade primária. O gênero que é embutido primeiro, aquele que esperam que seja ao nascer, dentro de sua cultura e etnia.
Eu sou um homem mundano, pertenço ao mundo. Pois minha corpa materializada é homenil (hombril ou máscula). Meu esqueleto é binarizado, por mais que identitariamente eu não o seja.
Esse texto é só uma reflexão do que sinto no momento, vivo com hipomanias e hiperatividades, logo sinto necessidade de soltar algo no mundo, na esperança de que me ouçam. Assim como eu faço a sós.
Sou eu trans? Sou! Mas não deixo de ser cis por causa disso, eu sou despolarizado e não me contemplo só com uma coisa. É mais que uma diversidade, mas sim uma pluriversidade (poliversidade ou multiversidade), algo não-singular e amplo (não-estrito)."
<segunda parte>"A cisgeneridade é binária? Sua natureza pode não ser! Mas qual natureza é binária? Ah, sim. A fisiologia! Anatomia humana, transgeneridade desbinarizada e passabilidade binária.
A binaridade é tangível? E muito! O gênero, em si, é binário. Tudo que foge disso, é xenogênero. Mas o assimilacionismo binário não se compara a liberação extra-identitária e altersexo.
Natureza está além da anatomia e biologia.
Quando se fala em cisgeneridade não-binária, logo se pensa em demicis e cistrans. O que confunde a cabeça das pessoas, pois modalidades de gênero são primárias, a cisgeneridade jamais abarcou identidades fora do binário fem/masc ou mulher/homem. Mas transgeneridade sempre abarcou? Talvez! O branco na bandeira, originalmente, representa a indefinição ou neutralidade de gênero, além de pessoas em transição e intersexo.
A transgeneridade é limitada, ao ponto de, criarem altersexo. Hoje, você pode ressignificá-la, mas no passado, e aí?!
Lugares de fala só mostram, que somos todes separados em diferenças e semelhanças, dissimilaridades e similaridades. A ciência é uma invenção humana, usada para classificar a natureza em nossa volta.
Mas isso implica a existência de cis não-bináries? Coletivamente não, mas individualmente sim! Liberalismo identitário vs radicalismo identitário vs retrocesso/retrógrado/reacionarismo vs revolução vs reformismo.
Tracemos uma linha entre essas coisas, nem tudo é um anti-centrismo. O centrismo está em constante transvolução e evolução, todo dia surgem ideais novas, levando ao mito de neutralidade e equilíbrio político. Nem tudo é um lado da moeda apenas."
Então, cuidado com o supremacismo pós-identitário. Nem todes es desbinarizades são trans, na perspectiva individual."
São duas linhas de pensamento, vinda de duas pessoas diferentes mas que dividem o mesmo corpo. Um de um cisgênero, outro de um transgênero. Repare que cissexo/cissexual e cisgênero são coisas distintas, assim como transexual/transsexo e transgênero.
Na imagem encontram-se as bandeiras da dissidência, da revolução de gênero, do feminismo, do masculinismo, da mulher-homem gay/vincianas/aquileanas (cuspers), do movimento não-binarista, do QTI+ e dos homens gays.
Entenda: nem todo mundo está nas suas prescrições, quando você ignora a exceção individual, você está omitindo grupos de pessoas, sendo excludente. Radicalismo identitário é o ópio da militância. Devemos ser críticos? A sociedade é crítica, ela quer ter opinião pra tudo, ela ignora os centristas e neutristas, tratam neoliberais como a sujeira da burguesia. Quer dialogo ou materialismo dialético? Vai ficar querendo! O academicismo e elitismo dos defensores de leigos etnocentrados é outro atraso da humanidade, muito presente no Brasil.
Corpas sem órgãos existem, afinal, organismo contribui pra sociedade, mesmo ele sendo associal. O binarismo é unilateral, o unarismo de gênero (machismo) está no mesmo patamar. Os únicos que prestam são conservadores. Mas não se esqueçam, existem discriminações subversivas, como o femismo, misandria, heterofobia e cisfobia, que ajudam e muito o ódio comunitário.
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arquivo-pluris · 4 years ago
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Variância e o espectro indefinido (link pra bandeira)
Variante é uma pessoa que varia, do ditado "só pra variar". Vem do termo que serve para descrever pessoas não-conformes de gênero (como afeminados, masculinizadas e não-bináries) e creatives de gênero (termo adotado pela comunidade aliada a crianças trans, como psiquiatras e psicólogues).
As pessoas podem ser variantes de parentalidade (como uma mãe independente ou um menor de idade tendo somente um responsável), de relacionamento (como o poliamor, homoamor, soloamor/nonamor, agamia, variamor/varigamia ou uma trans namorando um cis ou um trans), de orientação (como gay), de gênero (como garotes não-bináries), de sexo (como intersexo e altersexo), expressão de gênero (como a androginia), linguagem/pronomes (como epicena e neolinguagem) e entre tantas possibilidades.
Ser variante abrange pessoas em questionamento (se questionando sobre sua sexualidade e/ou gênero) e entre tantas outras. Você ser variante você não precisa especificar que você é cúir/kuir/kweer (queer), você simplesmente é, pronto acabou.
Você pode rejeitar quantos rótulos quiser, se declarar dissidente, continuar sendo LGBTQ+. Você pode ser fora do meio. Pode se desvencilhar de políticas identitárias. Você não precisa argumentar sobre sua sexualidade.
Você não precisa se forçar, a se identificar, com uma comunidade, que você considera conformante e normativa demais pra você. Expresse sua não-conformância (inconformismo ou não-conformidade). Você pode ser até antissexual, consequetemente variante.
Não precisa se engajar em ativismos, sua existência já é revolucionária. Lembre-se que isso não vai isentar você de ser sexista.
Variante lembra também desviante, mas ser variante não é nenhum desvio de conduta.
Você pode ser hétero-cis e ser variante. Você não é necessariamente LGBTQ+ por ser variante, mas pode ser, isto vai depender do equilibrio identitário e biopolítico, ou melhor dizendo, como você interpreta e absorve o mundo externo para externalizar aqui como identidade, como a leitura social (passabilidade) e como você se sente.
A rejeição a rótulos é plausível, não somos produtos. Mas há quem ache empoderamento por identidades, mas nem todas se sentem contempladas com tal narrativa identitária. Não faça da sua experiência uma norma universal.
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