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Como Escrever Um Personagem Trans
Olá meus croissants amanteigades, tudo bem com vocês?
Por conta do ocorrido nos últimos meses dias, percebi que ainda tem um vácuo nessa área a cerca de como se escrever ou desenvolver um personagem trans, muito porque há um certo tabu sobre o tema e autores cis não tem experiência com alguns aspectos peculiares da existência como pessoa trans. Além disso, há pouca literatura sobre o assunto no Tumblr, em especial, voltada para a construção e escrita em rpgs.
Esse guia vem para preencher um pouco dessa lacuna, assim como estimular escritores/players cis a criarem e incluírem personagens trans em suas narrativas e jogos. Se após a leitura você tiver dúvida com algum dos pontos ou quiser fazer algum tipo de pergunta de qualquer natureza, não hesite em fazer, a caixa de perguntas está aberta e com o anônimo ligado. Não tenham medo de perguntar, por mais que soe transfóbica a pergunta, prometo encontrar a melhor forma de responder. Só lembrando que asks de hate e transfobia recreativa (quando a mensagem ou comentário é feito com a intenção de ser preconceituose) serão deletadas.
Primeiros Passos
Antes de tudo, trangenericidade, diferente do que muitos pastores evangélicos, coaches quânticos e youtubers masculinistas afirmam, não é uma modinha. Estima-se que 5% da população mundial é trans. Como esse é um guia com o foco na escrita de personagens trans, não vou adentrar em discussões como passibilidade, performance de gênero e binaridade, você pode ler isso bem aqui nesse link, quando estiver sem nada pra fazer.
Mas o que é transgênero?
Os transgêneros são aqueles que não se identificam com o gênero imposto no nascimento com base no sexo biológico, enquanto os cisgêneros são é aquele que se identifica com o gênero que lhe foi designado de acordo com o órgão genital. Não-binários são pessoas que não se encaixam em nenhuma das pontas do espectro masculino-feminino determinado pela sociedade cristã-ocidental. Alguns se consideram trans, outres não, e tudo bem. Há outros gênero dentro do não-binário como o agênero e o gênero-fluído.
Antes de mais nada, é importante que você tenha em mente que uma mulher trans é uma mulher, um homem trans é um homem, e sempre foi assim. Da mesma maneira que uma pessoa preta sempre foi preta, uma pessoa trans sempre foi do gênero com o qual elu se identifica. Então, quando você estiver escrevendo seu personagem, evite dizer coisas do tipo "quando fulana era homem" ou "quando fulane era mulher" porque quem é transgênero nunca se enxergou com o sexo biológico. Também é preciso ter em mente que um não-binario não é "uma mulher light", "uma mulher meio macho" ou "um homem meio viado". Um Não-Binário é um Não-Binário e acabou.
Lembre-se que cis e trans são adjetivos. Você não é obrigado a utilizar a palavra trans quando vai se referir ao seu personagem. Ele é um marcador de identidade e pode ser usado quando você sentir necessidade.
Ao escrever um personagem trans, é crucial garantir que o arco do personagem não gire em torno dessa parte em especial da personalidade delu. Se você quiser mencionar, é perfeitamente válido. No entanto, o plot e o desenvolvimento do personagens não deve girar apenas em torno disso. Isso é importante também para todos os bonecos que pertencem a uma minoria e/ou são marginalizados, caso contrário, você corre o risco do seu personagem acabar estereotipado.
Aspectos que Devem Ser Levados em Consideração
Escrever questões envolvendo personagens trans pode ser complicado, mas não precisa ser uma equação matemática colossal. A melhor maneira é que eles se integrem à história e se relacionem com outras pessoas. Trate-os como pessoas cis, ser trans não os define; eles ainda têm os mesmos objetivos que qualquer outra pessoa teria após a transição.
Validar personagens trans é um sentimento mais fortalecedor que os leitores experimentam em suas histórias, não se limitando apenas a pessoas trans. Se eles conseguirem as roupas, os serviços ou qualquer coisa que os deixe confortáveis no gênero adquirido, funciona! Contanto que seja relevante para a história. Por exemplo, se uma mulher trans for inscrita como bruxa em um mundo de fantasia e for aceita como tal, isso funcionaria da mesma forma que comprar vestidos em uma loja ou receber o gênero correto de um estranho.
O mesmo se aplica a outros personagens. Se os aliados do personagem trans o apoiam pelo que ele é e se referem a ele pelo nome e pronomes legítimos, isso significa que ele está sendo integrado à sociedade como uma pessoa trans válida. Nem todo personagem precisa fazer isso. Aqueles que erram o gênero ou nomeiam personagens trans podem ser bons ou maus, desde que sejam repreendidos por seus comentários desrespeitosos. Melhor ainda se esse não for o enredo principal da história.
Torne seus personagens trans complexos porque pessoas trans são complexas. Certifique-se de dar aos seus personagens transgêneros outros traços de personalidade e motivações para algumas das coisas que eles fazem. Eles são então capazes de se passar tão bem quanto possível por homem, mulher ou qualquer outra coisa.
Dando nome aos bois (escolhendo o nome do personagem)
Diferente das pessoas cis, pessoas trans tem a habilidade única de poder escolher o próprio nome. Geralmente, a escolha é muito distante de uma versão de outro gênero do seu nome de nascimento, porque quase toda pessoas trans odeia com o fogo de mil sóis o nome com o qual foi registrado. É tudo preferência pessoal. (Inclusive, nós, pessoas trans, temos um monte de piadas internas a cerca disso na comunidade lgbtqia+ kkkk)
A Regra é clara, Arnaldo, cada um escolhe o nome da maneira que bem preferir. Algumas pessoas escolhem seus nomes rapidamente, outras levam muito tempo para escolher um e algumas passam por vários nomes antes de encontrar um que se encaixe.
Escolhendo o FC e Transição Corporal
Antes de tudo: cheque com a moderação se é permitido FC cis para personagens trans ou apenas FCs trans e não crie problemas, não mande hate ou dê chiliquinho se você discordar. Você pode argumentar de maneira educada e polida, mas a decisão não é sua. Se você discordar, só vai embora. Lembre-se também que Não-binários não devem androgênia pra ninguém. Só você pode determinar como seu personagem se apresenta e aparenta.
Quanto a transição, isso é um assunto complicado. Não vou entrar nas minúcias, porque já abordei isso antes, e talvez você não esteja interessado na parte problemática, mas nem toda pessoa trans faz a transição corporal, tem gente que tem problema com os procedimentos ou simplesmente não deseja fazer o realinhamento. Cabe a você decidir se quer que seu personagem tenha passado por isso ou não.
Caso você opte por seu personagem ter passado pelo tratamento por completo, vou explicar de forma rápida os passos. Primeiro de tudo, pra começar a transição corporal, deve-se passar por um psicólogo ou psiquiatra. Caso seu personagem seja Brasileiro, o SUS fornecesse esse tipo de apoio nos CRAS e nas unidades de saúde selecionadas de cada estado. Hoje, nos EUA, o tratamento é quase todo particular, apesar que existem clinicas como o Planned Parenthood, centros lgbts e Family Health Clinics que ajudam no processo, mas há estados em que existem leis que proíbem o acesso as terapias de transição corporal como a Flórida, por exemplo. Em países que fazem parte da Commonwealth (Colônias britânicas como Canadá, Austrália e Nova Zelândia) e Reino Unido, até o presente momento (agosto/2023), o NHS também oferece suporte nessa área de forma gratuita, mas há projetos de lei em discussão no parlamento inglês que querem barrar o acesso. Coloco a terapia como o primeiro passo porque, infelizmente, em todo o processo vai ser necessário a comprovação de que você está na terapia.
Em seguida, vem adaptação dos documentos pra adoção do novo nome. Isso varia de estado para estado, mas em regra, você pode mudar no cartório. Após isso, vem a adaptação da apresentação social, que é basicamente como você vai se vestir. Depois vem o tratamento hormonal (HRT), testosterona para homens trans e estradiol para mulheres trans.
E por último as cirurgias mais agressivas, as mais comuns são:
Para Homens Trans: retirada de mamas, masculinização facial e faloplastia
Para Mulheres Trans: redução de pomo de adão, implante de mamas, feminização facial e vaginoplastia
A discussão fica a cerca da cirurgia nos genitais (faloplastia/vaginoplastia). Tem gente que faz, tem gente que não faz por uma série de complicações, que geralmente envolvem perda ou excesso de libido. Fica a critério de cada um.
É possível escrever personagens trans que foram transformados por magia ou presos em outro corpo no início, mas isso precisa ser feito com cuidado. Apenas evite ter muitas referências à sua vida passada, pois isso pode causar confusão ou até mesmo fornecer munição para pessoas transfóbicas atacarem o personagem.
A menos que a transição de um personagem seja a peça central de sua história, deve-se evitar entrar em muitos detalhes sobre o processo de transição. Seu personagem deve ser desenvolvido além de sua identidade trans, pois focar demais em sua identidade pode fazer com que pareça tendencioso.
Pontos a Serem Evitados
Fuja dos pontos abaixo como o Bozo foge da Polícia Federal:
Falar sobre as características físicas ligadas a transgenericidade: Um erro comum, feio e rude pra caramba. Nunca diga coisa do tipo "fulana tem voz de [Turu Turu]" ou "fulana parece trans" e suas alternativas menos ofensivas, mas que todo mundo sabe o que quer dizer. Não há necessidade de ‘dizer’ se a pessoa é trans, mesmo que você mostre isso de maneiras específicas. Falar sobre suas características disfóricas pode contribuir para a transfobia casual. Tenha cuidado ao dizer que os personagens são trans em sua introdução também, pois isso poderia tratá-los como os outros e definir as pessoas cis como padrão, da mesma forma que mencionar pessoas como racializadas. Então, como você aborda esse problema? Bem, você ainda pode descrevê-los pela cor do cabelo e estilo de roupa, como casual ou gótico. Além disso, permita que os personagens mencionem tópicos que indiquem sua transgenericidade, como sua transição ou o quão valorizados eles são como pessoas de um gênero adquirido. Só evite coisas como os ombros largos, quadris grandes, peito grande ou qualquer parte que faça o personagem trans se sentir desconfortável.
Mencionar o Nome Morto/Deadname: Nome morto ou Deadname é o nome de nascimento/registro/batismo. Também pode incluir apelidos anteriores. Geralmente, é bastante ofensivo ficar perguntando isso pra uma pessoa trans. Mas como a vida nem sempre é um morango, muita gente não tem grana ou acesso a mudança de nome. Os únicos momentos em que o nome morto pode ser mencionado é quando você quer reforçar que seu personagem não está assumido para uma pessoa ou grupo específico, ou quando elu está perto de familiares transfóbicos que insistem em chamar pelo nome morto, ou quando esse nome acaba aparecendo em documentos. Um personagem quase nunca dirá que costumava ser “nome morto”. É um nome morto, ninguém usa um nome morto. Revelar que um personagem é trans dando-lhe um nome morto é uma das piores coisas de se fazer. Em resumo, a menos que você tenha motivos para usar o nome morto, não o faça.
Mencionar a aparência de antes da transição: Algumas pessoas trans gostam de compartilhar fotos pré-transição, e seu personagem pode ser uma dessas pessoas. Mas autores cis, infelizmente, se concentraram demais nesse aspecto, e esse tipo de coisa acaba dando a ideia errada de quem é o seu personagem. O problema é que um dos tropos transfóbicos mais populares é o personagem trans ser tirado do armário por algum transfóbico usando fotos pré-transição. Portanto, você precisa estar ciente disso e ser cauteloso ao abordar a aparência de antes da transição de um personagem.
Humor transfóbico: Sabe aquelas piadinhas idiotas nível Danilo Gentili e Pânico na TV com mulheres trans? É isso. Não escreva humor pejorativo às custas do seu personagem trans. Na mídia, em especial na tv aberta, esse tipo de humor é muito popular. Muitas vezes isso significa dizer que uma mulher trans não é uma mulher de verdade ou tentar atacar homens heterossexuais inocentes porque ela é um cara gay disfarçado de mulher. Isso não significa que você não possa usar humor nas suas replies quando estiver escrevendo um personagem trans. Se você tem um personagem trans, terá muitas oportunidades de ter situações irônicas com esse personagem para poder escrever humor.
Tropos transfóbicos: Existem tropos por aí na mídia que podem dar uma impressão errada sobre as pessoas trans na sociedade. Eles podem demonizá-los ou zombar deles a ponto de separá-los daqueles que pouco sabem ou que não vivenciaram as questões LGBT em questão. Já citei alguns aqui, mas queria reforçar mais uma vez o assunto porque é nessa área que a transfobia acaba acontecendo sem querer. Evite o personagem trans perfeito sem defeitos ou o trans que sofreu mais do que Jesus na cruz, ambas são bem comuns e prestam mais um deserviço do que outra coisa. Se você vincular suas ações aos seus ideais ou identidade trans de uma forma prejudicial, eles classificariam a história como ofensiva. Isso não quer dizer que você não possa ter vilões trans, inclusive, seria interessante algum vilão trans no estilo Kilmonger de Black Panther, mas evite situações que possam ser interpretadas como a transição ou não de um personagem sendo a motivação para sua vilania. Ao fazer isso, você corre o risco de pintar as pessoas trans como um todo sob uma luz negativa.
Termos importantes
Alguns termos que podem aparecer durante a sua pesquisa e que você precisa saber ao escrever um personagem trans:
Ace: Sigla para Assexual. Pessoa que não sente atração sexual por outras pessoas. Não obstante, as pessoas assexuais podem ter relações de intimidade com outras pessoas, elas só não tem interesse.
AMAB: Sigla de "Assigned Male at Birth" (Designado como Masculino no Nascimento). Serve como marcador para Não-Binários.
AFAB: Sigla de "Assigned Female at Birth" (Designado como Feminino no Nascimento). Serve como marcador para Não-Binários.
Agênero: Pessoa que não se identifica ou não se sente pertencente a nenhum gênero.
Aro: Sigla para Arromântico. Pessoa que não sente interesse romântico por outras pessoas. Entretanto, pessoas aro são capazes de amar, apenas não tem o foco ou interesse em envolvimentos românticos
Binding:Processo para comprimir o peito de forma a alisá-lo. Exige alguns cuidados específicos para evitar efeitos nocivos à saúde. Quando feito por muito tempo pode causar trauma nas costelas ou músculo mamário
Cisaliade: Pessoa cisgênero que apoia os direitos das pessoas trans
Crossdresser: A palavra designa uma forma de expressão de gênero. É aquele que se veste com roupas associadas, socialmente, a um gênero diferente do seu. Normalmente, se refere a homens que usam esporadicamente roupas, maquiagem e acessórios culturalmente associados às mulheres
Deadnaming: Expressão usada para identificar situações em que intencionalmente é utilizado o nome do registro de nascimento de uma pessoa trans ao invés do nome pelo qual se identifica – independentemente se o nome já foi alterado legalmente ou não. Esta é uma forma de violência contra pessoas trans e não binárias.
Gênero Fluido: São aqueles cuja identidade de gênero flui, ou seja, ao mesmo tempo em que uma pessoa pode se identificar com o gênero feminino ela também pode fluir para o masculino e até para o neutro, entre outras variações.
HRT: Sigla para terapia de tratamento hormonal
Jogar pra fora do armário/Outing: Expressão usada para identificar situações em que a orientação sexual, identidade de gênero e/ou características sexuais de uma pessoa são reveladas a outras pessoas sem o seu consentimento.
Misgendering: Expressão usada para identificar situações em que uma pessoa é tratada pelo gênero com o qual não se identifica (ex: usando pronomes errados) ou quando lhe é assumida determinada identidade. O misgendering pode acontecer de forma acidental ou intencional (podendo constituir transfobia).
Nome Morto/Dead Name: Nome com o qual a pessoa trans foi batizada/registrada no ato do nascimento. Geralmente, são trocados quando a pessoa se descobre trans.
Nome Social: Nome pelo qual a pessoa trans ou não binária se identifica e que pode não corresponder ao seu nome legal.
Queer: Originalmente, uma ofensa em inglês. Acabou resignificado na década de 2010, é um termo adotado como forma de visibilidade a comportamentos fora das normas de gênero e sexualidade. O termo pode ser utilizado como uma orientação sexual, quando não se sabe bem o que se é, apenas que você não é heterossexual cisgênero.
Packing: Processo de utilização de próteses ou outros objetos geradores de volume para aparentar a existência de um pênis.
Sair do Armário: Expressão usada para identificar o processo consensual para revelar a alguém sua orientação sexual e identidade de gênero.
Travesti: A travesti é uma pessoa que foi designada do gênero masculino ao nascer, mas objetiva a construção do feminino. É um gênero trans exclusivo a aqueles que nasceram na América Latina. Atualmente, a palavra travesti adquiriu um teor político de ressignificação de termo historicamente tido como pejorativo.
Traveco: Derrogatório. Ofensa para mulheres trans.
Tucking/Amarrar a neca: Processo para esconder o pênis e torná-lo menos visível. Exige alguns cuidados específicos para evitar efeitos nocivos à saúde. Quando feito por longos períodos, pode causar infecção urinária, dentre outras enfermidades.
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Os atolados a um único chão se mostram incapazes de aportar na diversidade territorial de Logun Edé. Orixá que carrega pai e mãe em si. De Oxóssi, a astúcia silenciosa de caçador. De Oxum, a inteligência política do esteta.
A divindade da multiplicidade e fluidez não é das mais fáceis de captar. E para quem se solidificou no binário, alcançar Logun é tarefa inatingível.
Deslumbrante como a mãe, valente como o pai.
Mas não admitem que possa ter a feminilidade da mãe e a marra do pai. Pois carregar espelho é desonroso a que nasceu com um pênis.
Se tem virtudes, dizem, que seja másculo dentro dos moldes.
Mas a divindade dos entremeios rejeita tais cercas.
Ser feminino é fraqueza? Ser masculino é aspereza?
Logun é a ferida aberta da lgbtfobia nos cultos de matriz africana ainda impregnados pelo cristianismo.
É a denúncia. A divindade jovem desafiando a velhice que nada aprendeu.
Descumprindo a binaridade porque impetuosidade não lhe falta. O feminino sem impedir o masculino e vice-versa. Sem ter que obedecer nem lá e nem cá. Em ambos e em nenhum.
A visão mais linda da fusão mais perfeita: Oxum + Oxóssi = Logun Edé. Amálgama de espelho e flecha como armas de guerra.
Somente quem desconhece Madame Satã e Lolita invalida a bravura e o dia a dia de guerra de quem escapa das celas da heteronormatividade.
Somente quem não conhece a trajetória de um gay feminino e de uma travesti para não entender o que é a coragem de sair na rua, afrontar e resistir. Coisa que a tal macheza, de boca a boca presunçosa, jamais chegará perto.
Loci Loci, nossa divindade do desacato.
#logunedé #logun #orixá #orixás #axé #saravá #candomblé #batuque #umbanda #saravá #povodeterreiro #matrizafricana
#logunedé#orixá#axé#matrizafricana#orixás#umbanda#candomblé#batuque#orixás candomblé matrizafricana axé saravá motumbá#saravá#povodeterreiro#orixás candomblé matrizafricana axé saravá motumbá oxalá#orixás axé
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Que gêneros são não-binários?
Nem todas as identidades não-binárias são gêneros, mas existe uma variedade enorme de gêneros não-binários diferentes. Sendo que muitos já foram cunhados há quase 10 anos! 🌈
Esta postagem apresenta alguns termos mais simples e/ou comuns, mas há centenas de gêneros definidos que podem ser descritos como dentro da não-binaridade. Caso você tenha curiosidade, que tal ir atrás de mais conhecimento sobre termos e suas definições?
Postagem em orientando.org/blog | Postagem no Instagram | Gorjetas?
#não-binárie#não binárie#lgbt brasil#orientando.org#mogai int#mogai brasil#aporagênero#nímise#andrógine#gênero neutro#juxera#proxvir#proxangi#juxtaneu#ceterogênero#ceteromasculine#ceterofeminine#ceteroneutre#xenogênero#caelgênero#gênero-concha#gênero-cor#gênero-noir#lichtgênero
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ENQUANTO HÁ TEMPO E A ASSOMBROLOGIA
Para começarmos a pensar os conceitos presentes no nosso projeto, é interessante primeiramente introduzir um pouco sobre o conceito da “assombrologia”. Principalmente sua etimologia e origem (tradução). 💬
O termo foi marcado pelo filósofo e linguista Jacques Derrida em seu livro Espectros de Marx (Spectres de Marx: l'état de la dette, le travail du deuil et la nouvelle Internationale, 1993) e tem suas raízes na discussão do autor sobre Karl Marx, mais precisamente na proclamação de Marx de que "um fantasma está assombrando a Europa - o fantasma do comunismo" no Manifesto Comunista. O filósofo faz então referência a Hamlet de Shakespeare, em particular a uma frase proferida pelo personagem-título: "o tempo está fora do comum."
Para Derrida a assombrologia é um projeto filosófico essencialmente binário, desde sua concepção fonética e escrita. “Hantologie”, o neologismo do linguista, junta as palavras “hante”, que significa rondar e/ ou assombrar, e “ontologie”, que se refere aos estudos do ser, existência e realidade. Dessa forma, ele acabou demonstrando sua própria teoria pela forma da fonética/escrita em uma experiência espectral na própria palavra, afinal a binariedade é observada em hantologie e ontologie, que tem a mesma pronúncia (salvo alguns tradutores para o português tentando salvar essa característica da palavra pelo uso da transliteração “rondologia”).
Com isso, existem muitas traduções possíveis para o termo "rondologia". Como explicado acima, nas quais são uma tentativa de transliteração com a palavra "ontologia". Podemos encontrar desde "fantologia", "assombrologia" e "espectrologia", porém todas mantêm a questão fantasmagórica. No entanto, elas pecam como traduções, seja por já serem termos conhecidos, como é o caso da "espectrologia", que também é utilizado como estudo dos espectros por certos grupos místicos, ou por "fantologia" que é usado com tradução para outros conceitos. Há também outro termo um pouco menos comum, que seria o "obisidiologia", que funcionaria como "a ciência do obscuro".
Para nós, o termo traduzido que será usado para nos conteúdos será "assombrologia". Pois assim tornamos análogas às ideias dos autores Derrida e Mark Fisher, afinal, a "hantologie" é essencialmente a ciência dos assombros. Além disso, acompanharemos as novas traduções dos trabalhos de Fisher, como "Fantasmas da Minha Vida", traduzido por Guilherme Ziggy.
Um questionamento que fazemos para além da binariedade gramática/fonética da hantologie, seria: Quais são seus motes? Quais seus objetivos? Quais são suas questões?
Jacques Derrida é bem explícito em sua própria introdução do conceito, em tradução livre de seu livro Espectros de Marx: “Assombrar não significa estar presente, e é necessário introduzir o assombro na própria construção de um conceito.” Para todo conceito, começando pelos conceitos de ser e tempo. É isso que estaríamos chamando aqui de uma "hantologie" (assombrologia). A ontologia se opõe a isso apenas em um movimento de exorcismo. A ontologia é uma conjuração.
Para o projeto e para nós, a assombrologia é o estudo daquilo que está entre as binaridades, o estudo daquilo não é presente, o estudo daquilo nos paira e nos assombra. Especialmente quando entendemos que mesmo algo estando morto, como os locais que infelizmente perdemos, não significa que eles estejam realmente mortos.
O conceito pode ser demonstrado por múltiplas faces da nostalgia falsária de tempos dourados, das injustiças nunca pagas, das metáforas linguísticas ou mais simplesmente quando assistimos um filme antigo de ficção científica e o futuro imaginado não se parece com o nosso presente.
Por Felipe Considera
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Não-binaridade de gênero
Não-binaridade de gênero ou apenas não-binaridade é um termo que na maioria das vezes se refere às identidades de gênero não-binárias que pessoas podem ter. N-b ou nb são formas casuais de se referir à não-binaridade ou às pessoas não-binárias. Batatas ou batatinhas são apelidos simpáticos para pessoas não-binárias.
Não-binário de gênero se refere a todos os atributos que não se categorizam dentro do binário de gênero. Isto é, tudo que não é exclusivamente relacionado ao feminino e nem ao masculino. O termo "não-binário" foi originalmente criado com o objetivo de ser essencialmente descritivo e não político (ao contrário de genderqueer, que é um termo essencialmente político). Não-binário pode ser estritamente identitário ou estritamente descritivo. Enquanto termo estritamente descritivo, ele diz respeito a qualquer característica individual que não se enquadre dentro dos padrões de binário de gênero, ou seja, não está necessariamente relacionado com transgeneridade/transexualidade. Enquanto termo estritamente identitário, ele diz respeito à maneira que uma pessoa identifica a si própria e está relacionado à transgeneridade/transexualidade.
Não-binaridade é a qualidade de algo ou alguém que é não-binário. Não-binaridade no sentido amplo se refere ao conjunto amplo de: identidades de gênero não-binárias, expressões de gênero não-binárias, sexualidades não-binárias e romanticidades não-binárias. Enquanto que a não-binaridade no sentido estrito se refere somente às identidades de gênero não-binárias.
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Acabei de ter meu gênero invalidado por quem eu vejo como um pai, ele não sabe da minha identidade de gênero e nem tem obrigação de entender conceitos de não binaridade, mas me causou uma dorzinha.
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estava pensando sobre como aprendemos a enxergar o mundo de forma binária, preto/branco, bom/mau, alto/baixo, dentro/fora, mas me desculpem os literais, tudo é feito de nuances, eu mesma com certeza já fui a vilã na vida de alguém e nem mesmo percebi.
não consigo acreditar que existam os extremos sem colapso, as coisas sobrevivem nas nuances, no equilíbrio, no meio, não seria possível suportar uma vida de extremos, sucumbiríamos a nós mesmos.
uma amiga me perguntou se pessoas boas são capazes de cometer erros ou serem maldosas? e honestamente que tipo de pergunta é essa? eu entendo que ela queria justificar uma atitude, se enganar pra poder perdoar e seguir em frente para não sofrer, mas sejamos sinceros, não é possível ter o melhor de tudo toda vez, as vezes a vida vai te lançar no meio do caos e você vai ter que escolher se vai permanecer nele por escolha e assumir os riscos, ou vai se afastar e se proteger e ter de conviver com as possibilidades existentes na sua própria cabeça, mas é ai que mora o perigo, é ai que começamos a mentir pra nós mesmos, é aí que não aceitamos que mesmo que algumas coisas doam não dá pra simplesmente ter tudo e não sofrer com as consequências das nossas escolhas.
talvez a única certeza é de que sempre iremos perder, porque existem milhares de possibilidades nessa vida, e dentre essas possibilidades nós só podemos ficar com uma, não existe nem a binaridade, o preto não é preto o branco não é branco, tudo é tudo e nada ao mesmo tempo, parece papo de maluco, mas quanto mais cedo entendermos isso melhor pra nós mesmos.
a existência é insignificante como deve ser, seu impacto não vai ressoar por toda eternidade como adoram pregar, ela vai passar como um sopro que não refresca, não derruba, ela vai ser imperceptível como é, segurar-se na ideia de que sim você é importante pro todo é tão inocente, o todo existiria mesmo sem você, e não me entenda mal, não estou tentando ser cruel, mas 50 anos depois que você morrer ninguém mais se lembrará de você, e isso é de certa forma libertador, então viva sua vida, como se ninguém se importasse, porque a verdade é que ninguém realmente se importa, estão todos preocupados demais com a binaridade de como de dentro pra fora tudo será visto, a verdade é que as pessoas procuram seus reflexos, não importa se gostam do que veem ou não, os reflexos delas mesmas, literal ou figurativamente.
tudo é tão maior do que realmente enxergamos, somos tão pequenos e insignificantes, as coisas deveriam ser mais simples, mas temos que colocar tudo em caixinhas, categorizar a vida, isso é meu, isso é seu, isso não pertence a ninguém ainda, acorda! tudo isso aqui é efêmero, o seu "Deus" não se importa, porque se importaria? olha em volta, veja seu tamanho, você é insignificante, então vá viver.
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Passado um ano depois da nossa última postagem sobre não-binaridade e refletindo sobre representatividade, levantamos o questionamento: Okay, mas quando nós vamos ter personagens não-binários que não são “shapeshifters”?
Para quem não sabe, “shape shift” ou “mudança de forma” é o mesmo tipo de super poder da Mística, em X-men. A questão é que, quando falamos de representatividade não-binária, especialmente na animação, esses seres de forma fluída são geralmente os que representam as pessoas não binárias. Temos como exemplo: Double-trouble (She-ra), Camilo (Encanto, “confirmado” fora do filme) e alguns outros fora da indústria da animação também. Nesse breve artigo, tentaremos refletir sobre por que esse tipo de coisa acontece e como podemos avançar para uma melhor representatividade e um entendimento melhor do que é a não-binaridade.
É provável que surja o questionamento de por que esse tipo de representatividade acaba sendo incômoda, afinal, personagens não-binários são tão raros que supostamente deveríamos aceitar absolutamente qualquer coisa. E não vou mentir que por um tempinho foi assim. Eu mesmo fiquei bem feliz quando Double Trouble apareceu em She-ra. Foi o mais perto até então de ver alguém como eu, mesmo que fosse uma espécie de ser reptiliano e vilanesco, que não tivesse muitas outras semelhanças comigo.
Muitos roteiristas parecem esquecer que shapeshifters são seres são mágicos e não binários são pessoas reais (que parecem com pessoas reais e tem problemas bem reais também). Para quem não faz parte da comunidade, a não-binaridade ainda é associada, antes de qualquer outra coisa, a androgenia. Isso acontece porque, por mais que seja explicado, as pessoas ainda não conseguem separar o conceito de identidade de gênero (como você se entende por dentro) com o de expressão de gênero (como você se expressa por fora). Não binários não devem androgenia a ninguém. Esse não é e nem pode ser, de modo algum, um requisito para que suas identidades sejam respeitadas.
Outro ponto importante, é que não-binário é um termo guarda-chuva para diversos gêneros: agênero, bigênero, genderfluid, genderqueer, demiboy, demigirl, mogais e etc. Não binaridade é simplesmente a não conformidade com o binário. Alguns se alinham mais ou masculino, alguns ao feminino, alguns ao neutro, alguns com os dois. Há mil formas diferentes de ser não binário, e nenhuma delas envolve super poderes para aparecer do jeito que se quer, sempre que se quer.
Eu entendo o appeal. Como gênero-fluído, entendo a tentação da fantasia de poder parecer mais masculino ou mais feminino ao bel prazer. Também entendo como isso também torna a mensagem mais fácil para o interlocutor. Mas até que ponto é positivo acostumarmos as pessoas que o respeito a nossa identidade tem a ver com quem aparentamos ser, e não com quem somos?
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WELCOME TO enteryid !
khei / 02 liner / (they/them, elu/delu)
portuguese and english; dedicated for: writing & design, escrita & design;
what i do ( ♡ ) o que eu faço
templates
colorings
photoshop resources (gradients, actions, etc.)
conteúdo para construção de personagem (portuguese only)
dash icons * when i want to / quando eu quero
gif icons * when i want to & i don’t accept requests / quando quero e não aceito pedidos
things i can help ( ♡ ) com o que posso te ajudar:
questions about autism and being neurodivergent.
questions about genderfluid / non binary people.
perguntas sobre autismo e sobre ser neurodivergente.
perguntas sobre gênero fluído / não binaridade.
banner credit: tinytowns ♡
#*/ pt#*/ eng#* / ask#*/ avisos#*/ chara.#*/ design#*/ lists#*/ gif icons#* / psa#* / talks#♡ — mine.
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O apoio superficial às pessoas não-binárias
Uma série de questões me incomoda faz tempo, e inclusive já falei dessas coisas em momentos e lugares separados. Mas acho que todas essas questões são conectadas a dois problemas específicos (que também se complementam), e por isto estou aqui fazendo este texto que conecta tudo.
Com o aumento da visibilidade de pessoas não-binárias nos últimos tempos, houve não só um aumento na quantidade de pessoas se identificando como não-binárias, como também as pessoas que tentam incluir pessoas não-binárias em seus trabalhos, mesmo que de formas pequenas. Eu entendo que para um grupo tão abandonado como das pessoas não-binárias, qualquer representação ou inclusão possa virar motivo para comemoração, mas há duas raízes principais que acredito que sejam a causa de muitos problemas:
A exaltação da figura não-binária "justificável"
Existe uma exigência em vários graus de que exista um motivo para pessoas ou personagens serem não-bináries. Isso não é algo novo: desde gamers querendo justificativas para personagens principais serem mulheres ou negres até pessoas queermísicas procurando motivos para alguém real ser multi, lésbica, trans ou de outras identidades NHINCQ+, é um problema de pelo menos muitas décadas. Mas não significa que não possa ser apontado mesmo quando pessoas não-binárias ou supostes aliades fazem isso.
Muites personagens não-bináries são não-bináries por essencialmente "não terem sexo" ou "serem fusões de homem com mulher". Não me venham com "alô Steven Universe, hehehe", porque tem muitos outros lugares onde isso ocorre. Os poucos papeis não-binários de séries que precisam de atories reais geralmente são preenchidos por pessoas consideradas "fisicamente andróginas". Muitas matérias sobre pessoas não-binárias entram em detalhes sobre a corporalidade intersexo de tais pessoas, sendo que, ainda que pessoas não-binárias possam sentir que são não-binárias apenas por serem intersexo, focar nisso é um desserviço a pessoas binárias intersexo e a pessoas não-binárias perissexo.
Especialmente na ficção, parece que há uma tentativa de construir uma narrativa de "personagens não-bináries cis"; não há nenhuma pessoa trans binária na história, mas há personagens que são não-bináries por motivos que não seriam possíveis por pessoas não-binárias reais. Tais personagens também geralmente possuem suas identidades e seus conjuntos de linguagem respeitades por todo mundo.
Não é como se todas as mídias que retratassem pessoas não-binárias precisassem ter personagens não-bináries humanes, que não sejam fusões e/ou altersexo, e que sofressem discriminação; mas há uma ausência de mídia popular que possa ensinar pessoas binárias a tratarem/entenderem melhor pessoas não-binárias.
O apoio a um trinário de gênero
A maioria das pessoas - e isso inclui muita gente não-binária - quer que pessoas não-binárias tenham os mesmos direitos básicos de pessoas binárias, mas não querem ter o "trabalho" de realmente reconhecer uma diversidade de vivências não-binárias.
São as pessoas que falam que rótulos como homem não-binárie e mulher não-binárie não fazem sentido, ainda que não se importem com explicações que digam que pessoas não-binárias "estejam em qualquer ponto no espectro de gênero entre homem e mulher". São as pessoas que só conseguem descrever pessoas não-binárias como "aquelas que não gostam de rótulos", ou como "sem gênero nenhum", ou como "entre homem e mulher". São as pessoas que apoiam a existência de um conjunto como le/elu/e ou ê/elu/e e que querem que vire oficial, mas que tiram sarro de ou criticam fortemente qualquer outra forma de neolinguagem.
(Também podem ser as pessoas que apoiam e se referem a pessoas não-binárias com a linguagem correta, mas que não ousariam usar -/elu/e ou similar para se referir a grupos que contém pessoas binárias, preferindo usar @/el@/@, x/elx/x ou "todes, todas e todos" ou outra coisa que seja mais aceita entre gente binária.)
São as pessoas que "acham problemático" se alguém se disser não-binárie por causa de trauma, neurodivergência, intersexualidade, raça, orientação ou outras experiências, porque querem que todas as pessoas não-binárias só se identifiquem assim porque "nasceram não-binárias". São as pessoas que falam que os rótulos que ajudam pessoas a localizar as próprias identidades de gênero de formas menos genéricas são nocivos para a comunidade. São as pessoas que se recusam a não categorizar pessoas que não são homens e nem mulheres de alguma forma que não seja não-binárie, mesmo que isso não faça sentido dentro da cultura de tais pessoas.
Isso tudo porque querem que não-binárie seja apenas mais uma categoria ao lado (ou no meio) de homem e de mulher, sem nenhuma sobreposição ou complicação ou diversificação. Querem aceitação não-binária, mas só num trinário de gênero restrito que também atrapalha muita gente não-binária.
Acho que já deu pra entender porque considero que estes problemas existem, mas quero elaborar mais sobre o motivo desses problemas serem problemas. Porque muita gente passa pano demais pra essas coisas, afinal, novamente, representação e inclusão não-binária é rara. E tudo bem considerar isso um progresso a um exorsexismo ou apagamento total, mas também não dá pra ignorar que ainda existem problemas aí.
Não-binaridade não é uma teoria ou hipótese; é a experiência vivida de muita gente. E há uma quantidade imensa de pessoas intolerantes ou ignorantes em relação à não-binaridade, o que causa inúmeros problemas pra nós.
Por isso, é importante ter mídia que normalize pessoas não-binárias com as mais diversas experiências: pessoas não-binárias racializadas, gordas, que usam o/ele/o, que usam a/ela/a, que usam -/-/-, que são perissexo, que são intersexo, que fazem transição corporal, que não fazem transição corporal, que foram designadas com gêneros diferentes ao nascimento, que usam diversos rótulos além de não-binárie, que usam neolinguagem em seus conjuntos, que usam mais de um conjunto, que decidem mudar de nome, que possuem nomes tipicamente "de homem" ou "de mulher", que inventam seu próprio nome ou usam um nome "estranho" para que não haja gênero associado com ele, que possuem as mais diversas expressões de gênero, e afins. E, por mais que outras possibilidades também sejam interessantes e possam ser boas representações, precisamos sim ter personagens não-bináries que sejam humanes e que sejam abertamente não-bináries na história. A ausência disso faz com que muitas pessoas nem tenham um ponto de partida quando alguém diz que é não-binárie, o que dificulta a comunicação e aceitação.
Também é importante espalhar que não-binaridade não é uma coisa só. Existem pessoas gênero-fluido, ambigênero, aporagênero, xenogênero, neurogênero, gênero-orientação, gênero-cinza, agênero, gênero neutro e afins, e isso tudo pode coexistir. Rótulos mais específicos fazem parte das identidades de várias pessoas não-binárias, e tentar censurá-los também é rejeitar partes das identidades de pessoas não-binárias, por mais que "de resto esteja tudo bem ser não-binárie".
Se existem pessoas sem gênero que usam a/ela/a e demimulheres que usam o/ele/o, também não faz sentido insistir em categorizar a/ela/a como conjunto feminino e o/ele/o como conjunto masculino. E, visto que um trinário de conjuntos de linguagem ignora as necessidades e expressões identitárias de muitas pessoas não-binárias, insistir que neolinguagem precise ser restrita a um conjunto só também machuca e invalida muita gente não-binária. Não somos de um gênero só, de uma expressão de gênero só ou de uma corporalidade ou corporalidade desejada só, então não há porque nos tratar como se só merecêssemos uma linguagem só (muito menos uma que também seria usada para pessoas de linguagem indefinida, como se não pudéssemos ter identidades próprias separadas da indefinição).
Orientações voltadas a pessoas não-binárias também precisam ser divulgadas. Muita gente parece ter a noção de que identidades não-binárias "não contam para atração", e que pessoas atraídas por pessoas não-binárias sem serem atraídas pelos dois gêneros não-binários só podem usar identidades como gay, lésbica e hétero. Isso é apagamento, não importa o quanto você acha que a pessoa binária só pode se atrair por pessoas não-binárias que "pareçam tal coisa". Pessoas toren e trixen são multi, e também podem se dizer bi e/ou poli se quiserem.
E muita gente acha que pessoas não-binárias são "sempre bi ou pan ou assexuais/arromânticas" porque "não conseguem diferenciar entre gêneros" ou "não ligam pra gênero". Isso novamente é um reducionismo da variedade de experiências não-binárias ao que pessoas binárias quer que nós sejamos; uma massa só que não gosta de rótulos ou que só é não-binária por não entender gênero (ou, em certos casos, por não sentir atração por ninguém). Existem pessoas não-binárias viramóricas, feminamóricas, cetero/medisso e/ou que preferem certo gênero a outros. Existem muitas pessoas não-binárias multi e/ou a-espectrais, inclusive pessoas que ligam isso com sua não-binaridade de alguma forma, mas, novamente, isso não vale pra todo mundo.
Como pessoa não-binária, vejo muita gente só usando alguma linguagem que não seja o/ele/o como neutra quando têm certeza ou certa suposição de que existem pessoas não-binárias na audiência, e eu não acho isso muito legal. Geralmente essas pessoas tropeçam bastante (como em "es pessoes" ou "todes os alunos"), e, além de passarem vexame, também demonstram que só ligam para fazer mudanças no vocabulário quando podem performar para uma audiência que aprecie isso, e não se esforçam para normalizar isso entre pessoas binárias. Também existe a presunção de que pessoas não-binárias só existem em espaços "LGBT", espaços ativistas e/ou alternativos com maioria jovem ou redes sociais, e não em outros ambientes.
Como administradore de espaços como Orientando.org e Colorid.es, também percebo a quantidade de gente que se interessa nestes projetos e que quer se socializar nestes lugares, até que percebe que neles há alguma exigência de respeitar conjuntos diferentes de a/ela/a e de o/ele/o, e de respeitar identidades diferentes de lésbica, gay, bi, trans, e talvez intersexo e/ou assexual. Porque daí é "coisa demais", é "estranho", é "desconfortável", é "anti-LGBTs de verdade", é "militância demais", porque aparentemente respeito à diversidade só conta se a pessoa já conhecia tal diversidade antes e não precisaria se preocupar em conhecer vivências novas.
Independentemente de você ser não-binárie ou não, pense se seu apoio à causa não-binária acaba ou freia quando você tem que botar conforto não-binário acima do conforto binário. Quando vivemos em uma sociedade exorsexista, falar de exorsexismo casual vai ser desconfortável para quem quer ser "livre de preconceito" e "à favor da diversidade" (e isso vale para diversas outras questões também).
Este artigo está sob a licença CC-BY-NC-SA.
Escrito por Aster
Fonte: https://amplifi.casa/~/Asterismos/o-apoio-superficial-%C3%A0s-pessoas-n%C3%A3o-bin%C3%A1rias?fbclid=IwAR1nhJjt05YYdjy770wQvHRbUOuZR7vLZSHqQBizfHyvLRvlkW5UWCe4ObE
#não-binariedade#não-binaridade#não binário#naobinario#não binarie#não binária#diversidade#exorsexismo#binarismo#pronomes
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Bandeira Garote/Gurie
Garote é uma garotice/garotada não-binária, para pessoas que se identificam com a palavra garote, independente da idade, como uma alternativa única e neutra para homem e mulher. Garoty, garotu, garotone, garotãe, gatorane, garotine, guriu, garot(s) e garoti(e) são aderentes a identidade. Obsolete: garotx, garot@.
#garote#garotinhe#gurizinhe#gurie#gurizada#demigarote#nonbinary#lgbt#mogii#pride flag#bandeira#não-binaridade#não-binárie#não-bináriedade#enby#young#garota#garoto#garotidade#garotia#garoteza#garotismo#elu#garoty#garotw#garoth#garotd#garotx#menine#moce
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Entendendo a sigla LGBTQIA+
A sigla do movimento evoluir de acordo com os anos, mas sempre carregou consigo a mesma pauta: gerar inclusão e incentivar o respeito.
Cada letra da sigla LGBTQIA+ inclui um grupo de pessoas que se reconhecem por uma orientação sexual (com qual ou quais gêneros você se relaciona) ou uma identidade de gênero (forma com que você se identifica socialmente) distinta do que a sociedade normatizou (orientação heterossexual e gêneros masculino e feminino).
Sendo assim, com o fortalecimento de outras identidades, como intersexuais, e de orientações sexuais, como os assexuais, a maneira mais utilizada e atualizada de se fazer referência à comunidade é utilizando o termo LGBTQIA+.
Abaixo, algumas variantes da sigla que surgiram ao longo dos anos:
MHB (Movimento Homossexual do Brasil) - durante a Ditadura Militar, lésbicas, gays, bissexuais e transexuais eram entendidos como todos homossexuais;
GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes) - nos anos 80 a sigla começa a ganhar forma, "simpatizantes” se referia a qualquer pessoa, inclusive pessoas heterossexuais, o que tirava o protagonismo da comunidade;
GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Trans) - a sigla surge na entrada dos anos 2000, houve a primeira conferência nacional realizada pela presidência da república para tratar de políticas públicas para essa população;
LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans) - a sigla sofre outra mudança a partir de 2008, para se dar mais visibilidade as mulheres que sofriam desigualdade de gênero e invisibilidade dentro do movimento.
Dentro do movimento propriamente dito, as siglas podem variar, algumas organizações usam LGBT, outras LGBTT, outras LGBTQ outras LGBTQI, outras LGBTQIAPN, e por aí vai.
Sendo assim, com o fortalecimento de outras identidades, como intersexuais, e de orientações sexuais, como os assexuais, a maneira mais utilizada e atualizada de se fazer referência à comunidade é utilizando o termo LGBTQIA+.
Veja o que as letras da sigla atual representam:
L, G, B: as três primeiras letras tratam a respeito da orientação sexual. O L se refere às lésbicas e o G aos gays, ou seja, mulheres e homens, respectivamente, que sentem atração afetiva e/ou sexual por pessoas do mesmo gênero que o seu. Já o B inclui as pessoas bissexuais, que têm essa atração por ambos os gêneros.
T: tal letra abrange as identidades de gênero, sendo elas transgêneros, transexuais e travestis. Essas pessoas se identificam com um gênero diferente do que foi designado em seu nascimento. Além disso, é o oposto de cisgênero, que são homens e mulheres que se reconhecem conforme seu gênero de nascimento.
Q: o Q vem de queer, que são as pessoas que transitam entre os gêneros feminino e masculino ou que não seguem a binaridade masculino-feminino (não binário).
I: já o I fala sobre o intersexual, que são pessoas cujo desenvolvimento sexual corporal é não binário, então não se encaixa na lógica masculino-feminino.
A: o A também aborda os assexuados, que não sentem atração sexual por outra pessoa, apesar de a afetiva ainda existir.
+: e o que é o símbolo +? São todas as inúmeras outras possibilidades de orientação sexual e identidade de gênero. Um exemplo são os pansexuais, aqueles que sentem atração afetivo-sexual independente da identidade de gênero.
Como um abecedário ou uma sopa de letrinhas, as letras englobam conceitos de diversidade, representatividade, sexualidade, identidade e muito mais!
Fontes do conteúdo:
https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/09/22/sigla-lgbtqia-evoluiu-junto-ao-movimento-para-gerar-inclusao-e-incentivar-o-respeito.ghtml
https://mercadizar.com/noticias/orgulho-lgbtqi-conheca-a-historia-do-movimento-por-direitos/#:~:text=Siglas%20do%20movimento%20LGBTQI%2B&text=Criada%20em%201994%2C%20ela%20significa,tirava%20o%20protagonismo%20da%20comunidade.
https://www.stoodi.com.br/blog/atualidades/movimento-lgbt-o-que-e/
https://catracalivre.com.br/cidadania/glossario-lgbtqia-entenda-cada-letra-da-sigla-e-termos-comuns/
https://catracalivre.com.br/cidadania/saiba-o-significado-das-siglas-lgbtqia/
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Contextualização leptiva e conceitualização lusófona das leptividades (ou leptralidades) e seus espectros, dentro do sistema leptrois/leptivo.
Uma carga leptiva refere-se ao gênero que embute uma positividade, negatividade, nulidade, ambivalência ou neutralidade. Tais cargas de gênero, traduzem-se em formas de expressar seu gênero e como você se sente perante a eles.
Semelhantemente, houve uma concepção de (gender)positive e (gender)negative nas Wiki Identidades e Espectrometria Não-Binária, sendo interpretadas como outrogêneros abináries, ou seja, totalmente fora do binário, chegando a serem nulários/nuláries em certos pontos.
As cargas podem ser: presença, oposição (o tal do gênero oposto), indiferença ou apatia (subtipos de neutre), ausência (ageneridade ou nule/nulo), entre tantas outras formas.
A princípio, a aridade de gênero (leptaridade ou leptariedade), tem a ver com você pertencer, ou não, aos gêneros pré-estabelecidos (ou embutidos), disponíveis ou acessíveis dentro de sua cultura, condição natural e vivência (experiência de vida) para você, como tipos de identificação.
O equilíbrio total (equitrois) resume-se a centrois, antes chamade de neutrois, pode também ser viste como infinitrois, por vezes intercambiável com nulitrois/nullitrois/nulltrois/nultrois, mesmo sendo polaridades extremas/opostas.
Como eu sou uma pessoa demiagender, isto é, tenho uma ausência parcial de gênero, estou em ambos os espectros infinitivo/infinitive e nulo/nule. Por vezes comparável com zerogender.
Antigenders (gêneros opostos) são aqueles que, além de você não o sê-los, você se posiciona no lado contrário a eles, não que você seja contra eles, mas sim oposto, geralmente na binaridade clássica/típica, onde mulher/fem é o oposto de masc/homem.
Na anglo-esfera, usam muito mache e fême como gêneros, assim como os gêneros gramaticais m./f., tanto para socializar gêneros aos/generar traços de sexo (aka características sexuais ou "sexo biológico").
Gender deriva de gendre (em francês e inglês, usavam especificamente invés de genre). Neutrois (neutro+três em francês, trois, neutrês), foi cunhade em 1995. Neologizando positive, negative, null, ambivalent(e), etc. Lep- vem de lepton.
Vale lembrar que, neutrois, é também usado como termo monoléxico para um comgender ou agênero, visto que muites não sabem distinguir intrapessoalmente tais conceitos.
Também encontra-se um gráfico aqui, mostrando apora, gêneros F./M., andrógine, abinárie e maverique. Diferente do outro que já postamos, sobre gênero-fluxo, este retrata demigêneros, não-gêneros/a-gêneros, libragêneros e antigêneros. Com subdivisões de magigênero, pixelgênero/nanogênero e semigênero/hemigênero.
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Os encontros não-binários de São Paulo voltam no dia 14/01/2024!
Os encontros voltados a pessoas não-binárias que ocorrem no Centro Cultural São Paulo agora acontecem apenas no segundo domingo de cada mês. Isso inclui o mês atual, o de Janeiro.
Como antes, o horário é às 15h e o encontro também é aberto a pessoas que estão questionando sua não-binaridade ou que são aliadas de pessoas não-binárias.
Outras informações podem ser encontradas no link do GetTogether (plataforma de eventos) acima.
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Vou tentar deixar aqui as minhas impressões sobre "A mão esquerda da escuridão", mas não será completa, porque não acabei de processar. E talvez eu não consiga processar totalmente até reler mais algumas vezes.
Bem, em "AMEE", Ursula extrapola a realidade para levar as complexidades da vida à outro planeta: Gethen/Inverno. Existem mais de 80 planetas e todos eles fazem parte do Conselho Ekumênico, o que significa que eles podem se comunicar e comercializar entre si, mas não Gethen. Eles vivem isolados. E não só isolados no Universo, como dentro do próprio planeta, de várias formas (cujas quais só dá pra entender, lendo).
O conselho, então, envia Genly Ai para convidar e convencer Gethen - na verdade, em primeiro lugar, Karhide, a nação de Gethen em que Genly pousa - a fazer parte desse grande Conselho. Nisso, ele se vê em um planeta totalmente diferente do que está habituado, um planeta aparentemente hostil, frio, cuja população é andrógina e intersexual, assexual na maior parte do tempo, e as aparências contam demais, de forma que todo diálogo é maquiado e mais parecem enigmas. O jogo político estrutura suas relações e dita o ritmo da sua missão. E é uma missão cansativa, inclusive fisicamente, porque conta com longas caminhadas entre cidades e países, traições, fugas, e gelo, muito gelo.
O povo de Karhide tem valores e princípios diferentes, tudo é mais devagar e indireto. A tecnologia só vai até o necessário para sobreviver. Eles não buscam ter tudo, porque ter tudo seria como ter nada. O desconhecido é o que baseia a vida e "louvadas sejam a escuridão e a Criação inacabada". O que não se sabe, não importa (para os da religião Handdara). É uma vida muito simples.
Para os Yomeshitas e o pessoal de Orgoreyn, outra nação de Gethen, já é diferente, mas contar sobre isso fica para um outra hora.
Foi uma leitura bem diferente do que estou acostumada, mas curiosamente fluiu, fato que se deve ao talento da Ursula para escrever a história porque, apesar da estranheza, cativou. Acho que tem um risco, mas também um acerto muito grande em escrever um livro assim, principalmente se considerarmos a época de lançamento (1969), que é: por mais que você não goste muito, você continua só pra saber onde tudo aquilo vai dar e pra ver se consegue entender minimamente o que tá acontecendo. A estranheza cativa. E eu, particularmente, tava empolgada com as diferenças e tentando visualizar todo aquele universo, tentando visualizar a aparência das pessoas, o processo de Kemmer (um ciclo fértil e sexual mensal), a paisagem (bastante descrita por Ursula).
É um bom livro. Bem escrito, inteligente, com diálogos memoráveis, com a exploração da natureza e das relações humanas sob uma perspectiva interessante. Tem muito o que extrair e refletir sobre o livro. Fala sobre humanidade, patriotismo, dualismos, completude, o não-saber. Questiona a binaridade de gênero.
Porém, não é um livro fácil, tanto pela escrita quanto pela quantidade de descrições do ambiente e por esse ambiente, inclusive, ser algo novo, desconhecido: um outro planeta.
Recomendo pelo valor da obra e dos temas abordados, e também porque todos os personagens são negros, o que ganhou muitos pontos comigos kkkk Nossa, imagina a importância de um livro desse, lançado no fim da década de 60, questionando os pilares do status quo da sociedade ocidental.
Legal, né?
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Binário de gênero
Binário de gênero é a classificação de gênero em duas categorias distintas e desconectadas, que são os gêneros feminino e masculino - mulheres em oposição a homens. É o sistema normativo de gênero, ou seja, é o padrão que é imposto à todas as pessoas. Se você não se adequar ao padrão normativo do binário de gênero (seja através da sua identidade de gênero ou através de sua expressão de gênero), você sofrerá discriminação sistemática em nível institucional e individual. A sociedade e as instituições só legitimam os dois gêneros binários e tratam a não-binaridade como não existente.
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