#Video Resenha
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pandaliteraria · 9 months ago
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Resenha Marry My Husband
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Marry My Husband é um Manhwa escrito por Sung Sojak e ilustrado pela empresa LICO, publicado em 2023 no aplicativo Webtoon que foi adaptado e transmitido pela TvN e Prime Video. Passado na capital coreana, Seul, acompanhamos a história de Kang Ji-won. Kang Ji-won está morrendo. Sozinha no leito do hospital, manda mensagem ao marido para que ele ao menos pagasse sua conta do hospital, mas ele não a responde. Frustrada e irritada, ela volta at�� sua casa para tirar satisfação, mas acaba encontrando-o com sua melhor amiga de infância, Jung Soo-min. Sem escrúpulos, o marido traidor, Park Min-hwan, a empurra, fazendo com que ela caia e morra. Após sua morte, ela recebe uma segunda chance e volta 10 anos atrás. Ji-won decide então passar o seu destino para sua melhor amiga e futura amante de seu marido enquanto se liberta das garras de seus aproveitadores e, com a ajuda de Yoo Ji-Hyuk, vai atrás de sua felicidade.
Personagens
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Kang Ji-won (Park Min-Young)
Nossa protagonista, antes submissa e influenciável, que deixava os outros a manipularem e humilharem, dá a volta por cima quando recebe sua segunda chance. Interpretada por Park Min-Young no k-drama. Assim que saiu o casting da adaptação eu fiquei surpresa que realmente escolheram ela para o papel, pois parece ter sido feito pra ela. De todos, acredito que ela é a que mais se aproximou das características físicas da personagem, além disso, admiro a Min-young desde o papel como Secretária Kim em “O que aconteceu com a Secretária Kim?”. A atuação dela foi impecável, transmitiu as emoções da Ji-won maravilhosamente, não tenho reclamações, acredito também que o personagem dela foi o que menos teve alterações do webtoon.
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Yoo Ji-hyuk (Na In-Woo)
Parceiro de Ji-won(futuramente), pai de gato, ceo, neto do presidente e boy magia. Não concordei com a escolha do ator, mas apenas por conta das características físicas. Interpretado por Na In-woo, o personagem manteve tão apaixonado pela protagonista quanto no webtoon, In-woo também conseguiu expressar perfeitamente a personalidade de Ji-hyuk, que não é muito de demonstrar suas emoções, um introvertido que se coloca a disposição de Ji-won para fazer o possível e impossível para que ela alcance a felicidade, seja ao lado dele ou não. Uma pena que não tenha sido mostrado no K-drama ele nas cenas extras do webtoon, pois é muito fofo.
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Park Min-Hwan (Lee Yi-Kyung)
Antagonista, o desgraçado que matou a Ji-won. Ok, muito tenho a falar sobre ele no k-drama, porque foi um dos personagens que mais teve a história mudada. No webtoon, ele é simplesmente um aproveitador covarde que não tá nem aí pra ninguém, a morte dele é a coisa mais satisfatória na história, pois ele morre pelas próprias mãos. No k-drama, não gostei da morte dele, comparada ao do webtoon, achei a cena desnecessária. Na verdade, a presença da personagem que se tornou a amante dele foi desnecessária, ela não existe no webtoon, a traição foi um plano da Ji-won pra fazer a Soo-min passar pela mesma coisa que ela e que acaba fazendo ela descobrir as armações da ex-amiga, como ela ter matado a sogra(o qual ela expõe no funeral do Min-Hwan e da mãe dele). Foi uma pena não terem colocado essa parte da história, mas enfim, escolhas, né? Não se pode colocar tudo. Além disso, no dorama, ele parece ter sentimentos, sendo que no webtoon ele é a versão masculina da Soo-min, os dois literalmente só ligam pra eles mesmos, então mesmo nas cenas em que ele tenta matar a Soo-min ou a Ji-won, ele deveria estar como a Oh Yu-ra (interpretada pela cantora BoA), completamente sem remorsos ou receios.
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Jung Soo-min (Song Ha-yoon)
Antagonista. Se diz melhor amiga de Ji-won, mas é uma invejosa que quer, e na primeira vida consegue, tudo o que é da Ji-won. Tudo isso causado por seu pai ter traído sua mãe com a mãe da Ji-won, ter saído de casa sem levá-la e sua mãe ter feito da vida dela um inferno sendo que o pai da Ji-won a tratava como uma princesa, ou seja, era pai de verdade. Consumida pela inveja, manipulava todos e espalhava mentiras pela escola e qualquer círculo social em que as duas estivessem para que ela sempre saísse como melhor que a Ji-won. Não gostei que mudaram as características físicas dela, pois além dos lábios, que Song Ha-yoon tem, os cabelos ruivos ondulados são a característica principal, além da personalidade tóxica, claro. Apesar de não ter gostado de alguns pequenos detalhes por chatice mesmo, gostei da cena onde ela é presa, a forma como ela confessa seus crimes na cara da Ji-won achando que não havia mais ninguém com elas(apesar de que também prefiro a versão do Webtoon onde ela é desmascarada quando ela acha que estava falando com a ex-amante do Min-hwan, que, na verdade, era a Ji-won).
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Muitas cenas icônicas do Webtoon ficaram de fora. A forma como o Min-Hwan morre pelas próprias armações, a forma como a sogra tóxica morre, como Ji-won descobre que Ji-Hyuk também voltou ao passado, apesar de que, como ARMY, amei como eles colocaram essa cena na adaptação, além das várias referências a Spring Day. As cenas extras onde os gêmeos aparecem(apesar de terem aparecido brevemente no final), o casamento das amigas de Ji-won, Hee-Yeon e Joo-ran, com seus respectivos parceiros, o que Ji-won fez com o dinheiro dos investimentos, e a bebê que eles adotam e, claro, um capítulo só com o ponto de vista de Pang, o gato deles, que também voltou no tempo. Além disso, no webtoon o problema de Joo-ran é desenvolvido com mais detalhes, coisa que eles poderiam ter feito na adaptação se não tivessem colocado acontecimentos desnecessários. Mas, né, escolhas.
Dito isto, tanto a série quanto o webtoon valem muito a pena a leitura, a forma como Ji-won foi construída, seu desenvolvimento e evolução, assim como sua cura e planos foram produzidos de forma crível e muito bem executadas. A forma como ela se permitiu se aproximar de Ji-hyuk e os outros personagens também não foi corrido, ainda acho uma pena que Pang não tenha tido um destaque maior e que os capítulos extras disponíveis no webtoon, que eu super indico vocês lerem, não entraram na série. Mas foi satisfatório em sua maioria. Como adaptação do webtoon, achei que faltou muita coisa e a forma como o karma atingiu os traidores não chegou ao mesmo patamar que o do webtoon, no entanto, assistindo como uma série original, acredito que foi um bom final. Há boatos de que uma adaptação tailandesa de Marry My Husband está vindo aí, quem sabe eles coloquem algumas cenas a mais do webtoon no drama. Não importa quantas adaptações sejam feitas, vou assistir todas kkkkkk. Mas e você? O que faria se voltasse 10 anos atrás?
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pimentadeacucar · 1 year ago
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criticandocriticas · 2 years ago
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Happy Sugar Life (ハッピーシュガーライフ-2018)
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Direção: Keizo Kusakawa
Roteiro: Touko Machida (baseado no manga de Tomiyaki Kagisora)
Já faz tempo que eu não sento para ver um desenho japonês, sinceramente, minha época de chamar esses desenhos de anime já foram e minha paciência para fillers, a mesma história de garota mágica e meninos com várias pretendentes me fizeram perder o interesse quando eu parei de assistir Clannad todo ano no natal. Sim, eu já fui uma otaku fedida, não tenho orgulho e sinceramente, não se fazem mais animes como antigamente. Mas, eu peguei pra ver esse com minha namorada pelo simples fato que no prime dizia ser sobre o amor de duas meninas. Até aí tudo bem.
"Happy Sugar Life" conta a história de Sato Matsuzawa, uma colegial que aparentemente se prostituía ou só ficava com várias pessoas, o desenho não deixa claro. Em algum momento da vida dela, ela se apaixona e decide arranjar um emprego comum para sustentar ela e sua nova namorada, Kobe. Ainda no primeiro episódio, descobrimos que Sato tem um relacionamento com uma criança e que tem cartazes procurando por ela pela cidade toda. A história é baseada nos quadrinhos de Tomiyaki Kagisora.
Sim, é uma história sobre pedofilia! E como você pode ver na imagem no post e no google, se você tiver coragem, as pessoas parecem não se importar com essa problemática. Elas até gostam, sexualizam as personagens (inclusive a criança). Sinceramente, eu passei três episódios sem querer acreditar no que estava vendo, eu fiquei criando várias suposições na minha cabeça do que estava acontecendo, mas tudo me levou à mesma direção: todos os personagens eram pervertidos e não tinha nenhuma crítica. E eu repito: estão falando bem, as pessoas adoraram e não vêm nenhum problema em falar como horror psicológico é bom e divertido.
O Japão é conhecido por fazer essas histórias extremamente doentias, Hentaiis sobre tentáculos e bastante sexualização dos seus personagens. Mas na minha época, as pessoas usavam "Boku no pico" para zoar os amigos que estavam entrando nesse mundo de weebos, a gente tinha aversão pela pedofilia, ria muito, se preocupava com a cabeça dos japoneses e depois discutia se aquilo era saudável ou não. Era unânime a opinião de que pedofilia era nojento e inaceitável, quando isso virou comum e bonito?
Todos os personagens tem algum desvio sexual, a protagonista é psicopata e pedófila, o professor também é pedófilo e tem aquele desvio de caráter básico de ser casado e se relacionar com outras várias mulheres (e dá em cima de uma aluna), o colega de trabalho da Sato também é pedófilo, a tia tem vício em sexo masoquista (o que faz ela negligente), o irmão da Kobe é obsessivo e a gerente estupradora e sequestradora. De início eu pensei que eles iam falar sobre como o pedófilo pensa, fazer uma análise, afinal, eles falavam o tempo todo de como ela era doce e pura, o que é muito comum em pessoas com esse desvio. Mas a cada vez que foi se aprofundando na história, eu só vi o quanto um ser humano pode ser doentio, porque até o irmão simulava um casamento com Kobe dizendo os mesmos votos que ela falava para a sua abusadora.
Do meio pro final, "HSL" se torna entediante, ele repete muitas vezes os mesmos monólogos longos e exaustivos sobre o quanto a menina é quente, doce e inocente, o que fez tudo perder o impacto. Chegou um momento que até os flashbacks se tornaram irrelevantes, eu só queria acabar logo e que todo mundo morresse. No final, a única personagem saudável morreu num incêndio causado por Sato, a tia levou a culpa e Kobe não morreu depois de cair do telhado do prédio que ela e Sato moravam. Apesar de sair quase ilesa, a criança continuou "apaixonada" pela vilã, ninguém contou para ela que tudo aquilo que ela viveu era errado e ela volta para casa com seu irmão obsessivo e a mãe que literalmente a abandonou a própria sorte na rua. Essa história não tem final feliz, e na minha opinião, é tão doentia, ou até mais do que o bizarro "Boku no piko".
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willbychavemestra · 15 days ago
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Quando a Criatividade Não Basta: A Jornada Inacabada de Red Hood's Hunt for the Wolf
https://wsdailyorg.wordpress.com/2025/01/09/quando-a-criatividade-nao-basta-a-jornada-inacabada-de-red-hoods-hunt-for-the-wolf/
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guywithbeer · 2 years ago
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Confira minha última análise de videogame aqui.
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tambabreja · 2 years ago
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#tambabrejaoficial #pescaecompanhia #okuma #pirarucu #marinesports #terapia #resenha #videos #youtube #pescaria #pescar #isca #pesqueiro #pescaesportiva #pescador #pescadores #pescaria #pesca #tambaqui #fishing #fishtv #fish #hobby #tilapia #pesqueiros #decobaroni #rios #resenha #anzol #linha #albatroz #decobaroni (em São Paulo, Brazil) https://www.instagram.com/p/Cohpdszu2zn/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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geniousbh · 8 months ago
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sei que eu sou percursora do movimento simón aquariano nato, mas🗣 sendo 100% franca é pela resenha. eu acho sim que ele estando solteiro pega algumas meninas, talvez até possa sair com duas ao mesmo tempo, mas novamente, isso corresponde ao comportamento geral de pelo menos - e chutando baixo - 60% da população global a partir dos quatorze anos.
acontece que, recentemente, meu tiktok têm me entregado um conteúdo que é boníssimo: simón hempe em momentos espontâneos, com as fãs, com a família, e principalmente - motivo que me fez vir aqui escrever um breaking my silence🤐😬💢🗯 - vídeos com o cachorrinho dele. não sei se é fêmea ou não, acho que pouco importa também pro objetivo da discussão, mas ele é tão TÃO carinhoso. tipo, vai se foder, a maioria dos caras da uma coçadinha na orelha do bicho e fica é isso👍🏻 (se recusam a mostrar fragilidade? suavidade? não sei, mas certamente tem a ver com o machismo estrutural que afeta eles tb😪). ENFIM! TÔ DANDO MUITAS VOLTAS PRA CHEGAR ONDE EU QUERO QUE É...
simón hempe - muito - provavelmente é um dos melhores do cast pra namorar💋💯✌🏻‼️ ele tem sim um jeitinho de espírito livre, mas mais no sentindo de querer ter novas experiências e querer ver novos lugares e eu totalmente acredito que ele iria adorar fazer isso com uma companhia👫 tipo de namorado que usaria pulseirinhas combinando e que é super atencioso. tenho plena convicção que o cavalheirismo dele é muito sutil e ele nem deve perceber, tipo trocar de lugar contigo na calçada pra você ficar mais longe da rua, sabe? ou então te abraçar apertadinho porque você se emocionou com algo num ambiente lotado e ele sabe que vc tem vergonha de chorar em público.
namoradinho simón que quando vocês estão de namorico na cama, gosta muito de ficar te dando beijo de esquimó segurando seu rosto entre as mãos dele, e se você estiver tristinha ou com a autoestima baixa fica te hypando, porque ele é muito seu fãzinho; não é atoa que te quis. "você é a mais linda, mais cheirosa, mais gostosa, mais cremosa, mais amorosa, mais respeitosa...😌 esqueci outras palavras com osa🥺", e isso intercalando com vários selinhos. ACHO SIM que ele é o "fut amanha, lista de quem vai: simón (se a mulher deixar)", mas não porque você é super enciumada com ele - ele não tem cara de quem dá trabalho, na vdd, tem carinha de quem se dedica muito no papel boyfriendesco - e sim porquê vocês tinham combinado de ir no jardim botânico, mas se ajeitar direitinho, conseguem fazer os dois.
e no sexo acho que ele é soft dom 🧍 sim é isso mesmo que você está lendo. eu acho que ele faz o que você quiser que ele faça (soft🎀🐇💌💖), mas ele é muito intenso na prática (😈👹🔥🥵). se você solta pra ele bem rapidamente - tipo, tá de bobeira vendo twitter e faz um comentário inocente - que já viu um video com overstimulation e "achou legal", ele vai lembrar e vai fazer contigo. talvez ele fique um pouco soberbo de ter você toda afetadinha por baixo, revirando os olhos e soprando umas coisas desconexas, mas ele nunca extrapola. estaria roçando seu pontinho totalmente swonlen já e dizendo "essa sua carinha de puta me deixa maluco, sabia? mas se você pedir pra eu parar eu paro, hm?", e é óbvio que você não quer isso, então ele continua e continua por muito tempo até vocês descobrirem que você consegue fazer squirt e my brother is christ, este homem ficaria 🤩
ele parece ser muito carentinho também, então acho que dá pra esperar que ele seja da turma dos que implora pra qualquer contato carnal, ele vai pedir manhoso, bate uma pra mim, princesa e é foda de negar porque ele já faz tanto por você... nas festinhas vai pedir pra te comer no banheiro ou pra vocês darem uma escapadinha pro estacionamento.
e 👻me thinks👻 sabem aquela trend de perguntar se o namorado comeria lasanha todos os dias pro resto da vida? ele já sabe, antes mesmo de você fazer com ele, então ele diria que sim, mesmo que em dois anos as veias do coração dele fossem entupir e ele bater as botas, mas que ele comeria, comeria de pratada, com aquele garfão, se fosse de microondas era dentro também, quente, gelada, queimando a língua, fazendo calor, fazendo chuva. e você responde "🙄 se eu soubesse que vc já conhecia a trend eu num teria feito", "vida, pra que ficar me perguntando em metáfora se eu te comeria pro resto da vida, já não tá óbvio? se n tiver eu to indo na sua casa agr".
outros pontos importantes/relevantes: ele gosta de dar mordidinhas e de dar tapas na sua bunda enquanto você tá desavisada. e se você tivesse um irmão/irmã mais novos, desculpa, mas o simón seria melhor amigo deles🤝🏻; papo dos pivetes só saberem perguntar do seu namorado pra ti, e de nos domingos que o hempe passa na sua casa, ficarem jogando, ou brincando.
oq nem dá pra você reclamar, porque te deixa de coração quentinho ficar observando eles (também te faz puxar ele pro teu quarto e sentar bem lentinho dps dizendo que não vê a hora de ter um bebêzinho dele - o que >também< deixa ele brisadíssimo e ainda mais apaixonado - "eu te loto de porra agora mesmo", "simón!", vc ri e ele nega, te pegando no colo de súbito e te jogando na cama, só ajeitando antes de voltar a meter, "é sério", "mas a gente ainda é novo... tem a viagem pra madri", "porra, é mesmo", ele diminui o ritmo por segundos - dá até pra ver as engrenagens na cabeça dele rodando - "mas depois, cê n escapa").
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emmieedwards · 1 year ago
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Resenha: Daisy Jones & The Six, de Taylor Jenkins Reid
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Livro: Daisy Jones & The Six Volume Único Autora: Taylor Jenkins Reid Gênero: Ficção, Drama Ano de Publicação: 2019 Editora: Paralela Páginas: 368 Classificação: +16
Estejam cientes que essa resenha foi escrita com lágrimas nos olhos e com uma sensação de saudade, que só quem realmente já foi fã pode se relacionar.
Daisy Jones & The Six é um livro escrito em formato de romance biográfico, que conta a história de uma banda fictícia a qual teria feito sucesso gigantesco nos anos '70 até um rompimento abrupto em '79.
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A obra é divida em 12 partes, que no começo se intercalam entre a vida de groupie precoce de Daisy e a jornada dos irmãos Dunne até virarem os Six. Logo, os caminhos da banda e da cantora se cruzam, formando um fenômeno imediato que o mundo não sabia que precisava.
Para quem está acostumado com o formato de narrativa tradicional, como eu, pode se sentir um pouco deslocado no início, já que os eventos são contados por vários P.O.V. ao mesmo tempo como numa coletiva. Contudo, isso não atrapalhou o impacto do livro — muito pelo contrário, intensificou ainda mais a experiência.
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Tenho certeza que já me apeguei a vários personagens, mas, com DJ&TS foi como se no final da leitura eu estivesse dando adeus a pessoas reais, a ídolos reais, a uma banda real.
A narrativa nos leva de uma forma como se você os acompanhasse desde o início, estivesse presente no seu auge e assistisse sofregamente à sua separação.
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Entretanto, não é apenas sobre estrelas do rock fictícias, é sobre pessoas com problemas de verdade, como vícios, luta pela sobriedade, trabalho em conjunto e coração partido. É sobre o sombrio mundo da fama da década de 70, regado a álcool, drogas e sexo. Um livro, de fato, intenso.
Lembrando que já tem adaptação lançada no Prime Video com a produção de Reese Witherspoon, com Riley Keough e Sam Claflin no cast! Se ainda não leu, CORRE! E assistam também, vale muito a pena!
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NOTA: 🌟🌟🌟🌟🌟 - 5/5 + 💖
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*resenha escrita e publicada originalmente no instagram em 2019*
Alerta de conteúdo: consumo de drogas lícitas e ilícitas conteúdo sexual (leve), linguagem imprópria
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declivar · 1 year ago
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Disjunção e afeto em Tarkovsky: Stalker (1979) e os Strugatski
(24 de Novembro de 2023)
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O diretor-tradutor é um poeta: “retira os signos de um determinado ‘lugar��� e os coloca novamente em ‘rotação’ numa busca de diferentes espaços para sua realização”. Na poética de Tarkovsky, a poesia é o produto final do fazer cinematográfico, pois o cineasta é movido pela criação inspirada pela alma, em um ofício que fala muito sobre o espírito do artista e sobre o sentido da obra de arte. Sua estética é movida pelo potencial afetivo da arte, buscando associações poéticas que provocam memória e emoção.
Para o cineasta, a arte é uma revelação transcendental que pode mudar a realidade. Em suas palavras: “A arte deve transcender e também observar [a realidade]; seu papel é trazer visão espiritual para influenciar a realidade: do mesmo modo que fez Dostoievsky, o primeiro a expressar de forma inspirada o mal do século”. Em 1979, Andrei Tarkovsky dirigiu um filme cujo roteiro foi inspirado no romance de ficção científica Piquenique na Estrada, de 1972, dos irmãos Arkádi Strugatski e Boris Strugatski.
INTRODUÇÃO
Piquenique na Estrada, que é grande sucesso do gênero sci-fi, ganhou várias traduções e foi exportado para mais de vinte países. A partir dos estudos sobre adaptação e tradução intersemiótica, vamos buscar entender como o filme Stalker (1979) conta a história de Roadside Picnic. Nossa análise parte da perspectiva de que diretor e tradutor fazem parte da criação da narrativa, uma vez que capturam sua poiesis de uma obra e a transportam para outro ferramental técnico, nesse caso, outra linguagem artística, o cinema.
A novela dos irmãos Strugatski conta a história de Redrick Schuhart, um stalker que vive do comércio ilegal de artefatos alienígenas. A narrativa se passa em um mundo pós-apocalíptico em que a “visitação” extraterrestre já aconteceu e é descrita como um piquenique na beira da estrada. O protagonista é responsável por vagar dentro de uma zona perigosa e misteriosa de tecnologia extraterrestre, em busca de artefatos apropriados para venda – por isso stalker, perseguidor. Nessa Zona, há um lugar conhecido por ter uma Bola Dourada, capaz de realizar qualquer desejo.
Já o filme trabalha com cenários reais para representar a zona e a Bola Dourada, que nesse caso é um quarto dos desejos. Tarkovsky não abordou tecnologia alienígena para explicar a zona ou a causa de um mundo em ruínas. O diretor-tradutor, no entanto, aplica elementos de sua poética para realizar o romance dos Strugatski em filme. Dentre as técnicas principais, vamos trabalhar com disjunção temporal e associação poética, ambas descritas pelo cineasta em Esculpir o Tempo, livro de 1984.
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Como material de apoio, selecionamos, além do Sculpting in Time, tradução para o inglês por Kitty Hunter-Blair, uma resenha deste elaborada por Luiz Bagolin e Magali Reis (2011), e trechos da dissertação de mestrado de Fabrícia Dantas (2011), cujo tema foi exatamente a adaptação dos livros dos irmãos Strugatski em Stalker (1979). Ainda sobre a análise comparativa, utilizamos um ensaio de John Riley (2017) sobre fantologia (hauntology) e ruínas em Stalker (1979), publicado no Journal of Film and Video. Por fim, o estudo prévio de Teoria e prática da adaptação: Da fidelidade à intertextualidade, de Robert Stam (2006), sedimentou a ponte teórica, possibilitando uma análise técnica e não moralista da adaptação da literatura em filme.
TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
A noção de fidelidade, quando o assunto é adaptação e tradução, vem perdendo lugar na crítica literária. Um exemplo disso é o desenvolvimento teórico sobre a suposta superioridade e hierarquia do texto original sobre a adaptação/tradução, que vem sendo questionada muitas vezes sob os vieses anticolonial, pós-estruturalista e da crítica da tradução (STAM, 2006). Esta última destaca o papel do tradutor como autor e releitor da obra traduzida. Entende-se, sobretudo, que a tradução é a poiesis de um texto realizado em outro; e o mesmo ocorre com adaptação, que já aparece na teoria como “tradução intersemiótica”, devido ao seu caráter de trânsito entre diferentes linguagens artísticas.
Além de a tradução intersemiótica dar conta da realização poética de uma linguagem artística em outra, ela também considera os textos já produzidos, pois sua essência relacional a coloca sempre em contato com um Outro que veio antes. Assim, a tradução intersemiótica “tem em vista esse diálogo entre o passado e o presente e a criação de uma identidade nova para o objeto traduzido. A tradução intersemiótica é uma poética sincrônica” (DANTAS, 2011, p. 28).
Nosso entendimento é de que cada texto é um evento discursivo que remonta a uma trama de diversos outros discursos (o “já-dito”, que também pode ser entendido como intertexto). Portanto, os textos são movidos pela dialética constante entre a história e o sujeito do discurso, isto é, entre o passado e o sujeito que o lê, interpreta e cria. A adaptação, então, é uma transposição poética (às vezes bem literal por delimitações mercadológicas) de um discurso em outro, cuja linguagem artística se manifesta através de uma poética própria, muitas vezes com acréscimos do sujeito e do momento histórico em que se produz. Nessa visão, não há supremacia do original sobre o adaptado, tampouco da literatura sobre o cinema (STAM, 2006). A adaptação nasce como uma fonte de criatividade, fruto da releitura que o processo de tradução intersemiótica possibilita.
O diretor-tradutor é um poeta: “retira os signos de um determinado ‘lugar’ e os coloca novamente em ‘rotação’ numa busca de diferentes espaços para sua realização” (DANTAS, 2011, p. 30). Na poética de Tarkovsky, a poesia é o produto final do fazer cinematográfico, pois o cineasta é movido pela criação inspirada pela alma, em um ofício que fala muito sobre o espírito do artista e sobre o sentido da obra de arte. Sua estética é movida pelo potencial afetivo da arte, buscando associações poéticas que provocam memória e emoção.
Para o cineasta, a arte é uma revelação transcendental que pode mudar a realidade. Em suas palavras: “A arte deve transcender e também observar [a realidade]; seu papel é trazer visão espiritual para influenciar a realidade: do mesmo modo que fez Dostoievsky, o primeiro a expressar de forma inspirada o mal do século”[1] (TARKOVSKY, 1989, p. 96, tradução nossa). Assim, poeta e cineasta não se contentam em descrever o mundo: participam de sua criação e instigam a mudança através do refinamento da sensibilidade.
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Em seu Sculpting in Time, Tarkovsky (1989) elabora partes de sua concepção sobre arte. Para Bagolin e Dos Reis (2011, p. 272), o cineasta segue uma “ética-estética que passa por Horkheimer e Adorno, para depois subordinar a crítica sobre a indústria cinematográfica a um discurso sobre o espírito do artista e sobre o sentido da obra de arte”. A aesthesis do diretor-tradutor valoriza a autonomia do receptor, e por isso é uma estética de semântica ampla, que incentiva o potencial interpretativo dos sujeitos que a confrontam. A principal ferramenta narrativa adotada pelo cineasta é a associação poética e imagética, porque ela provoca os afetos ideais e estimula a sensibilidade artística do receptor, associando memórias, emoções, tempo e o ser da arte.
Outra característica de suas obras é a dilatação ou contração do tempo. Se a memória é importante, é porque é a matéria-prima do ser humano: “Tempo e memória se fundem; (...) É bem óbvio que, sem o Tempo, a memória também não pode existir”[2] (TARKOVSKY, 1989, p. 57, tradução nossa). Assim, Tarkovsky constantemente faz uma reelaboração artística do passado, usando ruptura e descontinuidade temporal. A ideia é que o tempo disruptivo possa gerar uma unidade inteligível, mas paradoxal, que o diretor chama de “conceito espiritual”: “Memory is a spiritual concept!” (TARKOVSKY, 1989, p. 57).
Só que Stalker (1979) é a adaptação de uma narrativa que se passa no futuro.
FUTURO DO PASSADO
A novela tem como personagem principal Redrick Schuhart, ex-funcionário dos laboratórios do Instituto Internacional das Culturas Extraterrestres que usa sua proximidade com a agência para ter acesso ilegal às áreas de visitação extraterrestres, conhecidas como Zonas. A “visitação” é apresentada logo no início da narrativa, e é explicada através da analogia a um piquenique na beira da estrada: os visitantes vieram, fizeram seu piquenique, aproveitaram a paisagem e deixaram os lixos do passeio para trás. Depois da visita, alguns laboratórios foram criados ao redor de seis zonas de contato para estudar o mistério dos restos de tecnologia alienígena. Nessa realidade pós-apocalíptica, as idas de Redrick à Zona Harmont são motivadas pela busca por artefatos alienígenas para comércio ilegal, o que confere a ele o ofício de stalker (ou perseguidor).
O livro Piquenique na Estrada (1971) está inserido na discussão sobre a pouca importância dos seres humanos em um universo povoado por outras civilizações: “Por que vocês, cientistas, têm tanto desdém em relação ao ser humano? Por que é que sempre tentam rebaixá-lo?” (STRUGATSKI, 2017, p. 209). A novela foi publicada na União Soviética apenas dois anos após o pouso da Apolo 11 na lua, durante a corrida espacial da Guerra Fria. Indo contra às narrativas de ficção científica dominantes, a novela gira em torno da realidade de um homem comum, desempregado, em busca de subsistência em um planeta devastado.
Na quarta parte do livro, stalker guia um grupo de exploradores em busca da “Bola dourada”, um artefato que promete realizar desejos. O protagonista aprendeu a contornar as armadilhas da Zona, e por isso tem mais experiência – como Hermes, é um conhecedor de caminhos. Redrick sabe que a expedição deve estar em harmonia com a Zona, uma vez que ela segue uma lógica própria que não deve ser negligenciada. Para Dantas (2011, p. 52), “a Zona é um símbolo da consciência de um homem que se encontra diante de uma ameaça, que, para transcender tal situação, precisa conviver com a possibilidade da existência de seres de inteligência superior a sua”.
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("Voyage d’Hermès" (Moebius, 2010): Hermes é mensageiro e navegante entre os mundos, ou zonas).
Um dos participantes da expedição decide tocar a Bola Dourada, enquanto o stalker, hesitante e sem entusiasmo, sussurra seu pedido: “Felicidade para todos!… De graça!… O quanto quiser!… Venham todos para cá! Dá para todos!… Ninguém será injustiçado!” (STRUGATSKI, 2017, p. 292). A novela é caracterizada por um simbolismo abstrato sobre a possibilidade da felicidade diante da insignificância do ser humano no universo, diante da humilhação avassaladora deixada pelo explorador. Já o cineasta traz a discussão sobre o espírito e a consciência humana sem dar importância para a explicação extraterrestre da narrativa dos irmãos Strugatski: há um stalker, uma Zona em ruínas e um quarto onde os desejos são realizados. Stalker (1979) dá vazão às reflexões sobre a relação do homem com o ambiente que o rodeia, trazendo elementos da poética transcendental do diretor-tradutor ao postular uma relação mística com a natureza.
Enquanto o livro traz como problema a presença e tecnologia extraterrestres, o filme não explica a Zona e nem o quarto, mas se concentra em vê-los simplesmente como o Outro. Ao filme não interessa saber a origem da Zona. Segundo Dantas (2011, p. 46) “A linguagem de Stalker propõe vazios que provocam o espectador a revisitá-los para tentar preenchê-los por meio de uma nova apreciação”. Trata-se das associações poéticas da estética de Tarkovsky, que não tem interesse em fazer o controle do sentido. Sua tradução intersemiótica permitiu que se trabalhasse as questões mais filosóficas da ficção científica, além de mover o eixo temporal para o passado sem impactar a poiesis do livro. A partir da releitura e recriação do texto literário, “O que se afirma aqui é claramente a soberania do diretor, de seu critério de autoria, sobre a edição do que foi primeiramente interpretado e captado” (BAGOLIN; DOS REIS, 2011, p. 270).
Para Riley (2017), a novela dos irmãos Strugatski sugere fortemente o futuro, enquanto o filme de Tarkovsky remonta ao passado. Riley identifica nas ruínas que compõem a Zona, em Stalker (1979), a reminiscência de um Estado russo industrializante e de uma concepção dominante de avanço tecnológico. Aqui, a Zona é ambientada nas ruínas de uma antiga fábrica russa desabitada e por isso mesmo com o domínio da natureza sobre o concreto do edifício. O ambiente do filme integra os homens à natureza e aos artefatos, contando uma história de decadência e fracasso em seus cenários: “Pelo fato de ruínas não serem intencionais, elas podem se tornar um monumento do fracasso”[3] (RILEY, 2017, p. 21, tradução nossa). Mas fracasso de quê?
A deslocação do tempo, na poética de Tarkovsky, é muito mais uma técnica do que uma escolha vazia. O diretor-tradutor articula e remonta o tempo de modo a criar lacunas propositais a serem preenchidas pelo receptor, a quem é responsabilizado o esforço da interpretação. Memória é um conceito espiritual. Assim, o tempo desconjuntado, onírico até, faz parte de sua trama artística. Porém, as condições de produção do texto-filme são constitutivamente históricas, já que é um discurso como qualquer outro. Riley (2017) argumenta, a partir do conceito de fantologia, que Stalker (1979) representa o fracasso do futuro prometido pelo imaginário soviético, tanto dos anos 30 quanto dos anos 70, em que o filme foi produzido. Ou seja, a “visitação”, em Stalker (1979), tem a ver com a presença fantasmagórica das ruínas, símbolo do fracasso soviético, uma constante memória da frustração. O argumento é de que a narrativa de Tarkovsky se passa no passado e no presente, em um mundo assombrado pela era soviética do pré-guerra e pelo legado dos gulags.
Porém, as associações poéticas do diretor-tradutor não precisam do passado literal para desencadear afeto com lastro em memória. Isto é, mesmo com uma narrativa que se passe no presente ou no futuro, é possível fazer associações poéticas que desencadeiem rastros de memória vinculadas ao passado. Aliás, Tarkovsky diz que “O filme pretendia fazer a audiência sentir que tudo aquilo estava acontecendo aqui e agora, que a Zona está ali ao nosso lado”[4] (TARKOVSKY, 1989, p. 200, tradução nossa).
Zonas, aliás, são objeto de muita discussão na literatura. Muros e regiões cercadas são carregados de símbolos os mais variados, desde uma versão edênica do mundo e da humanidade até uma versão nada amistosa e que representa perigo. É sempre uma divisão: “A visita paranormal que dividiu o mundo em dois (...) também cria um espaço e tempo desconjuntado”[5] (RILEY, 2017, p. 24, tradução nossa). Tarkovsky, por exemplo, usa tons sépia para distinguir momentos dentro da Zona.
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No caso dessa narrativa, a Zona é um local que representa a presença de um Outro muito estranho e misterioso; é um lugar cheio de armadilhas e tem uma lógica própria com a qual o stalker deve estar em harmonia. É também um lugar em que os desejos se realizam, e por isso simboliza a esperança diante do desconhecido. Para Dantas (2011), a Zona figura, além de um espaço de diálogo entre a natureza a humanidade, também:
Restos do velho estado russo e sua concepção de mundo dominante, fortemente racionalista, destruído pela pregnância da Zona. Ou seja, ela é o resultado de uma sociedade individualista e racionalista em demasia e, que por isso mesmo, desperta a reflexão sobre a possibilidade de cooperação entre os sujeitos e tudo que está à sua volta. (DANTAS, 2011, p. 42).
Sobre este tópico, Tarkovsky diz: “Em Stalker, eu faço uma espécie de declaração plena: a saber, que apenas o amor é – milagrosamente – prova contra a afirmação grosseira de que não há esperança para o mundo”[6] (TARKOVSKY, 1989, p. 199, tradução nossa). Assim, a Zona de Redrick Schuhart é, dentre outras coisas, a mensagem humanista de esperança frente ao individualismo excessivo – note-se que o quarto dos desejos só foi alcançado em conjunto. No filme, a Zona não é um espaço alheio ao ser humano: ela é, também, povoada de história. Se o livro coloca ênfase na solidão da humanidade diante da vastidão do universo, o filme mostra um ambiente que torna o homem próximo, parte de algo. Nesse sentido, Tarkovsky realiza a narrativa dos Strugatski em conformidade com sua aesthesis filosófica, profundamente sensível e manifestamente ontológica – isto é, ele produziu uma narrativa que fala sobre o ser do homem, da consciência e da vida.
TEM CONCLUSÃO?
Ambas as obras comunicam algo de filosófico sobre a consciência humana. Em sua tradução intersemiótica, o diretor-tradutor realiza sua autonomia como autor de uma nova camada da narrativa dos irmãos Strugatski. O filme é o retrato da leitura feita pelo cineasta, e isso é a captura da poiesis do texto. Tanto livro quanto filme expressam algo de existencialista sobre a humanidade: o primeiro, quando traz a frustração do homem ao perceber sua insignificância diante da vastidão do universo, e o segundo, ao mostrar a desolação da humanidade em um cenário de ruínas e fracasso.
Memória é um conceito espiritual, relativo à alma e à episteme humana, para Tarkovsky. Sua poética exprime exatamente isso em Stalker (1979), uma vez que as associações poéticas relacionadas ao afeto e à memória desembocam em uma reflexão tão humanista, de teor transcendental no quarto dos desejos. Alguns afirmam que Tarkovsky tirou a ficção científica para falar da consciência humana, mas a verdade é que a matéria-prima do filme já estava no livro. A obra dos Strugatski não é menos filosófica, existencial ou “culta” por ser ficção científica; ao contrário, a ficção científica é o motor para imaginar uma novela com elementos tão fantásticos como o Piquenique na Estrada, que deu origem ao filme.
Se Tarkovsky trabalha com o passado e os Strugatski com uma realidade futurista, então o tempo da narrativa poderia estar em um intervalo na história que satisfizesse todos os autores. Porém, o caráter fantológico (hauntological) de Stalker (1979), junto à montagem com ênfase em distorção temporal, faz com que o filme de Tarkovsky seja essencialmente fora do tempo. Ele trabalha com a disjunção temporal. Não é preciso o passado para falar de memória, especialmente quando as associações poéticas fazem o papel de se conectar com o imaginário do receptor. A memória não é literal, ela é sugerida, e por isso não precisa do passado.
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Tanto a Bola Dourada quanto o quarto dos desejos representam a busca por felicidade em um lugar estranho e misterioso. Sobre a Zona, Tarkovsky diz que:
As pessoas constantemente me perguntam o que a Zona é e o que ela simboliza, e fazem conjecturas ferozes sobre o assunto. Essas perguntas me reduzem a um estado de fúria e desespero. A Zona não simboliza nada, nada mais do que qualquer outra coisa em meus filmes: a zona é a zona, é vida, e quando alguém segue na direção dela, pode sucumbir ou atravessar.[7] (TARKOVSKY, 1989, p. 200, tradução nossa).
A falta de felicidade, que justifica sua busca, pode ser resultado tanto da industrialização prometida pelo imaginário soviético da Guerra Fria, quanto do extremo individualismo promovido pela ideologia dominante do capital. Vale lembrar que enquanto Stalker (1979) se passa nas ruínas de uma empresa soviética, Piquenique na Estrada (1972) mostra fortes indícios de se passar no ocidente. A busca pela felicidade é o elemento comum, porque Tarkovsky extrai a essência filosófica da narrativa dos Strugatski e a transforma na parte central de seu filme, dando uma nova perspectiva e importância para o que, no livro, estava dissolvido. Na tradução intersemiótica, tudo se transforma – é o caráter da adaptação, afinal.
Antes de tudo, é uma história sobre esperança. Tanto Tarkovsky quanto os irmãos Strugatski, que aliás participaram da escrita do roteiro do filme, falam sobre a possibilidade de se alcançar a felicidade em um mundo supostamente destruído e abandonado. Em ambos os casos, o que está em jogo é a felicidade da pessoa comum, é a poesia da pessoa comum.
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NOTAS DE FIM
[1] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “But art must transcend as well as observe; its role is to bring spiritual vision to bear on reality: as did Dostoievsky, the first to have given inspired utterance to the incipient disease of the age”.
[2] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “Time and memory merge into each other; (...) It is obvious enough that without Time, memory cannot exist either”.
[3] Texto original: “Because ruins are largely unintentional, they can become a monument to failure”.
[4] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “The film was intended to make the audience feel that it was all happening here and now, that the Zone is there beside us”.
[5] Texto de origem: “The paranormal visitation that has cleft the world in two (...) also creates disjointed place and time”.
[6] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “In Stalker I make some sort of complete statement: namely that human love alone is — miraculously — proof against the blunt assertion that there is no hope for the world”.
[7] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “People have often asked me what the Zone is, and what it symbolises, and have put forward wild conjectures on the subject. I'm reduced to a state of fury and despair by such questions. The Zone doesn't symbolise anything, any more than anything else does in my films: the zone is a zone, it's life, and as he makes his way across it a man may break down or he may come through”.
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REFERÊNCIAS
BAGOLIN, Luiz Armando; DOS REIS, Magali. Resenha de "Esculpir o Tempo" de Tarkovski, Andrei. Matrizes: O ethos e o sensível, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 5, n. 1, pp. 267-272, dez./2011. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=143022280016. Acesos em: 21 nov. 2023.
DANTAS, Fabrícia Silva. Tradução intersemiótica como poética das relações: interfaces entre poesia e cinema em Stalker de Tarkovski. 2011. 116 f. Dissertação (Mestrado em Literatura e Interculturalidade) – Centro de Educação, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.
RILEY, John. Hauntology, Ruins, and the Failure of the Future in Andrei Tarkovsky’s Stalker. Journal of Film and Video, University of Illinois Press, v. 69, n. 1, p. 18-26, mar./2017. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/10.5406/jfilmvideo.69.1.0018. Acesso em: 18 nov. 2023.
STALKER. Direção: Andrei Tarkovsky. Estônia, União Soviética: Janus Films, 1979. 1 filme (163 min), sonoro, legenda, color., 35mm.
STAM, Robert. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. Ilha do Desterro: A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies, Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina, n. 51, pp. 19-53, dez./2006. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4783/478348689002.pdf. Acesso em: 21 nov. 2023.
STRUGÁTSKI, Arkádi; STRUGÁTSKI, Boris. Piquenique na Estrada. 1. ed. São Paulo: Aleph, 2017.
TARKOVSKY, Andrei. Sculpting in Time: Tarkovsky The Great Russian Filmaker Discusses His Art. Tradução: Kitty Hunter-Blair. 2. ed. Texas, EUA: University of Texas Press, 1989.
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tatiregis · 2 years ago
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CREED III (2023)
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Creed sempre foi sobre legado e um chamado ao enfrentamento do passado. Se no primeiro filme, Adonis Creed enfrenta sua jornada com ajuda de Rocky Balboa para fugir da sombra do pai e no segundo o enfrentamento é de filho para filho, com Adonis lutando com Viktor Drago, cujo pai, Ivan, foi responsável pela morte de Apollo em Rocky IV (1985), ainda com ajuda de Rocky; no terceiro Creed, o chamamento continua, só que dessa vez sem Rocky e o passado que assombra Adonis vem na forma de Jonathan Majors, como Damian, um antigo amigo/irmão dos tempos de reformatório que a vida separou.
Creed III é dirigido dessa vez pelo próprio Michael B. Jordan, sua estreia em longas, aliás, e tem roteiro de Keenan Coogler e Zach Baylin a partir de uma história que eles co-escreveram com Ryan Coogler, diretor do primeiro Creed e do Pantera Negra. Após ser consagrado como grande campeão de boxe, Adonis se aposentou e prospera em sua carreira de sócio da academia com Duke (Wood Harris), seu antigo treinador e na vida familiar, com sua filha Amara (Mila Davis-Kent) e sua esposa Bianca (Tessa Thompson) que forçada pela condição da surdez gradativa, largou os palcos e agora tem um estúdio onde produz novos talentos da música.
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Neste filme  o drama emocional como background dos protagonistas continua e tudo o que Adonis tenta esquecer e apagar é trazido de volta, lhe obrigando a lutar uma luta que não se restringe aos ringues, fazendo com que ele se feche em silêncios e isso vai lhe consumindo ao mesmo tempo em que Bianca não sabe mais o que fazer para ajudá-lo. 
Damian procura Adonis para entrar no mundo do boxe, que relutante aceita, mas ele não estava disposto a apenas reparar o passado, ele queria a vida que nunca teve, ou melhor, a vida que ele acha que seria dele se ao invés dele, quem tivesse sido preso fosse Adonis, pois enquanto Damian tinha sua liberdade e seus sonhos ceifados, Adonis seguiu sua vida cheia de privilégios, carregando um nome que, mesmo tentando esconder, lhe abriu portas sem muitos sacrifícios. É muito bem trabalhada a tensão entre eles nos momentos nostálgicos e amenos, dois barris de pólvora prestes a explodir.
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A direção de Michael B. surpreende pelo domínio, assim como também todas as referências que traz. A opção por enquadramentos fechados focando nas expressões e olhares, muitas vezes emocionados, é comovente e apela de forma certeira para nossa empatia. Outro ponto positivo é a coreografia de luta que tá incrível, sem contar no som super realista. 
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Não posso terminar estas breves observações sem antes mencionar o monstro que é Jonathan Majors, seja na sua forma física, expressão corporal ou atuação, ele tá se garantindo muito, consegue transparecer magistralmente toda sua personalidade forjada na raiva e frustração de uma vida violenta e solitária e no momento da inevitável luta entre os dois, o filme ganha contornos quase oníricos, me lembrando Touro Indomável (1980, Martin Scorsese) e a estética de animes que Jordan já deixou claro ser fã.
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Só nos resta confabular e ficar na expectativa do que a franquia nos reserva agora, já que se desvencilhou de vez de todo o legado Rocky e Sylvester Stallone só aparece aqui nos créditos finais como produtor. Aguardemos.
Creed III estreia nos cinemas em 02 de março de 2023 e esta resenha só foi possível pelo convite de cabine da Espaço Z + Warner Bros. Pictures. Ah, se você quiser rever os outros dois para não ir totalmente às cegas para a sessão, tanto Creed quanto Creed II estão disponíveis no Prime VIdeo. 
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sophasswagblog · 2 years ago
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ROMANTIZAÇÃO DO SOFRIMENTO E DESEJO DE TRISTEZA
Enquanto estudava alguns tópicos para aprimorar a minha resenha de "as virgens suicidas", me deparei com um vídeo que fala, em certo nível, sobre uma implicação social que o filme traz. mas diferente do longa, que é uma narrativa, uma história ficcional, o video aborda de maneira histórica e filosófica as questões retratadas no longa-metragem.
O conteúdo com o qual me deparei direcionou os meus pensamentos para tópicos que talvez nunca tenham ocorrido em minha mente e, inclusive, me fez duvidar de noções que eu tinha sobre mim mesma, e são nessas noções que irei me aprofundar agora...
Se você me conhece ou já passou pelo menos 2 horas comigo, deve saber que me enxergo como uma pessoa muito distanciada de qualquer moral. Desde que entendi que tudo é socialmente construído, tenho me desprendido das ideais de certo ou errado previamente estabelecidas.
Apesar disso, ainda reconheço que sou e nunca deixarei de ser refém da condição humana, assim como todos nós. E mesmo que eu me distancie de uma moral pré estabelecida, mesmo discordando da existência natural de algo "certo ou errado", os sentimentos de culpa, injustiça e insatisfação com a realidade sempre serão presentes em mim. Acredito que é isso que posso definir como "condição humana".
Costumo dizer que sigo a minha própria moral, não defino o que é certo ou errado de se fazer porque uma lei ou uma religião me ensinou que é assim. Geralmente, o que funciona para estabelecer os meus valores é a noção de sofrimento.
Se a sua ação causa sofrimento no outro, físico ou mental, você está errado. A sociedade não funcionaria como um caos; e a liberdade da violência, que parte da falta de empatia com o sofrimento alheio seria a causadora do "caos social". Com isso, a noção de empatia se faz como a única coisa a guiar e estabelecer os meus valores.
Costumo receber críticas por isso, por acreditar que, em um âmbito social, não existe verdade absoluta. Por acreditar que tudo é relativo e, da mesma maneira que uma noção foi construída, ela pode ser desconstruída. Mas a única coisa que pra mim parecia nata à condição humana, é a ética empática. Não consigo me sentir bem com a idéia de causar qualquer tipo sofrimento, não importa a situação. Já fui submetida à muita violência, passei por coisas que influenciam a minha personalidade até hoje, e sempre que passava por uma dessas situações, que me causavam tanto desespero, eu repetia para mim mesma que nunca submeteria outra pessoa à isso.
Foi a partir daí, provavelmente, que comecei a desenvolver os meus primeiros posicionamentos políticos.
Se a sua ação causa qualquer tipo de desconforto, de sofrimento à outra pessoa, então você está errado.
TUDO é socialmente construído, todos os conceitos, todas as leis. mas o que é nato à todo ser humano e não pode ser desconstruído, é a noção de que o sofrimento é negativo. e pela lógica, o negativo é errado.
Agora, vamos pausar aí, e agora vou falar um pouco sobre mim, porque isso será necessário no momento de desenvolver o raciocínio principal...
Como todos sabem, tenho transtornos psiquiátricos. Sou bipolar e há anos lido com uma depressão que parece incessnte.
Em conjunto com isso, tenho uma terrível e urgente necessidade de expressão, acho que o fato de eu estar escrevendo esse texto ja deixa isso óbvio.
Sou obcecada por arte, todo tipo de arte. Sou fascinada pela idéia de utilizar cores, sons, palavras e movimentos para expressar detalhes tão íntimos do meu ser, do meu psicológico.
Acredito que tudo isso seja consequência de experiências que tive no passado.
Os meus transtornos me fazem sentir deslocada e incompreendida. Desde pequena, quando tento me expressar, sou recebida com estranheza e reprovação, novamente me deparo com incompreensão. Durante a infância passei por coisas terríveis dentro de casa, que só faziam crescer o meu sentimento de deslocamento. Nada que eu falava parecia fazer sentido para as outras pessoas, como se eu falasse em outra língua.
Acredito que essas experiências foram as motivações para que eu passasse a me esforçar tanto para expressar tudo com clareza. Aumentar o nível do meu vocabulário, explicar tudo com muitos detalhes e frequentemente me repetir, sempre para garantir que os meus discursos e necessidades fossem claramente compreendidos.
Parece que a busca para solucionar uma falha de comunicação acabou por gerar outra, pois agora o meu excesso de clareza parece ser incômodo em interações cotidianas e corriqueiras. Os meus discursos, tão estendidos, não se adaptam a necessidade de agilidade que a sociedade exige e, novamente me deparo com a incompreensão. Mais uma vez, me sinto sozinha e deslocada.
Esse sentimento, ao mesmo tempo em que me torna infeliz e me causa o desesperador sofrimento de querer ser outra pessoa, talvez alguém com uma mente menos complexa, menos bagunçada, também faz, em certo nível, eu me sentir especial.
Não me encontro no cotidiano, nas pessoas do meu dia-a-dia. Em vez disso, encontro a complexidade dos meus sentimentos nas mais finas composições musicais, nos mais complexos livros filosóficos. Não consigo me ver nas pessoas ao me redor. Em vez disso, me vejo em grandes figuras históricas, grandes pensadores da arte e da filosofia, que ao mesmo tempo que me trazem o conforto da compreensão, também parecem mostrar que o verdadeiro intelectualismo, a verdadeira mudança vem de mentes problemáticas, vem do sofrimento, como se o ato de sofrer fosse um mal necessário.
A pessoa que se contenta com uma realidade falha nunca se moverá para mudá-la. A mudança vem dos incomodados, dos incompreendidos e que, muitas vezes, são tratados como loucos.
Isso acaba ocasionando em outra questão. Se os grandes pensadores são os que mais sofreram, então o meu sofrimento também vale de algo?
O que me parece é que quem se contenta, muitas vezes não conhece a dimensão da realidade das coisas. E nós sofredores, somos os únicos conhecedores da verdade, os únicos capazes de fazer uma mudança.
Afinal de contas, talvez esse seja o meu papel no mundo. Talvez o meu sofrimento, a complexidade e a desordem dos meus pensamentos, finalmente sejam úteis para algo.
Não é surpresa que eu, enquanto compositora, associe o meu período de maior evolução musical à pior época da minha vida. Quando eu não tinha amigos, não levantava da cama, larguei a escola, vivia tendo brigas terríveis com a minha mãe e sobrevivia de guitarra e auto-mutilação.
Pareço associar a amplitude da minha capacidade artística ao ato de conhecer todas as sensações possíveis, todo pior tipo de sofrimento. Pois as maiores artes são as mais profundas, as que tocam onde ninguém consegue tocar, as que representam sensações que normalmente fariam o ouvinte se sentir deslocado e incompreendido, assim como eu me senti.
Afinal de contas, parece que estabeleci o meu papel no mundo não é? Finalmente não sou mais uma criança indefesa sofrendo torturas inimagináveis, que pareciam não ter propósito nenhum à não ser acabar com a minha vida.
Deixei de ser uma pessoa sofrida e miserável, finalmente o meu sofrimento tem /motivo/, tem um porquê.
O meu propósito agora é garantir que ninguém mais se sentirá como eu me senti. Que assim como eu encontrei conforto na arte de outras pessoas, as pessoas poderão encontrar conforto na minha arte.
Finalmente parece ser relevante o fato de eu ter passado por tantas coisas terríveis, parece que serviu de algo. Afinal, se eu não tivesse encontrado um propósito pra isso, então de que serviu o meu sofrimento? Por que eu tive de passar por tanta dor, física e emocional?
Se eu não encontrasse um /motivo/ para o que passei, eu seria apenas uma fodida, que sofreu sofreu sofreu, e não alcançou nada na vida porque se afundou nos próprios problemas, no próprio sofrimento.
Talvez seja daí que surja em mim o que as pessoas tendem a chamar de narcisismo. Desde que aceitei o sofrimento como algo positivo, desde que que atribuí um MOTIVO para essa dor, pareço vangloriar o fato de eu ser tão desvalorizada nos meios em que frequento.
Tem um grupo de pessoas me zoando porque eu falo demais na sala de aula? Ótimo, se estou incomodando, se estou passando pelo sofrimento, é porque vou alcançar algo com isso.
Aqueles que causam a dor, que não sofrem, ficarão estagnados na posição onde se encontram agora. E eu, a vítima, chegarei longe.
Na mesma medida em que a rejeição me causa dor, eu pareço desejá-la, porque é ela que vai compor a minha história de superação.
Afinal de contas, é mais bonito um artista que fez sucesso porque recebeu tudo de mãos beijadas, ou um artista que sofreu, foi humilhado, mas continuou se submetendo ao sofrimento para chegar onde chegou?
Já ficou claro o ponto que estou tentando alcançar? Provavelmente não, então agora vem a idéia central desse texto:
Ao longo de todo esse tempo em que me considerei uma pessoa tão distanciada dos valores, tão única, especial e incompreendida, eu não percebi que a minha maior submissão às crenças sociais foi justamente dar tanto valor ao meu próprio sofrimento.
Agora vamos nos aprofundar na história e entender o que isso quer dizer. Esse é o momento em que finalmente, acredito ter chegado numa resposta do que É o bem e o mal, e o que há além desses conceitos:
• Temos enraizada em nossa cabeça a idéia de punição, e com isso, associamos o "causar sofrimento" (crueldade) à consequência de alguma ação ruim. Ou seja, se você faz algo ruim, você deverá sofrer para compensar a sua ação.
Mas por mais natural que essa idéia pareça, a noção de punição é muito moderna e, de acordo com Nietzsche em seu livro "genealogia da moral", o homem primitivo, pré-histórico, não teria a capacidade de entender a cadeia de acontecimentos e as implicações que levariam a algo negativo que mereça ser punido. Então quando foi que surgiu essa noção?
Primitivamente falando, a crueldade é prazerosa para quem pratica. Em tempos (pré) mediaveis, por exemplo, era comum que os piores métodos de tortura (apedrejamento, queimar uma pessoa viva, etc) fossem tratados como espetáculos, quase como shows de comédia, para divertir e entreter quem assistisse.
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Naturalmente, com o avanço da sociedade, foi necessário o estabelecimento do convívio harmônico, afinal, uma sociedade desarmônica colapsa. E com isso, a crueldade teve de ser regulada, caso contrário, a sociedade se tornaria um caos.
Mas considerando a crueldade e o impulso violento como instintos tão primitivos do homem, há um denso trabalho a ser feito para que possamos verdadeiramente controlar isso. Como vamos fazer o homem (humano) rejeitar os seus mais primitivos instintos de crueldade?
(É daí que começam a nascer as noções de culpa e punição, mas ainda vou chegar lá.)
Posso citar duas maneiras que foram encontradas para solucionar esse problema. A primeira delas? institucionalização da violência.
Gostamos de assistir e de produzir filmes violentos (tarantino?👀), de ver vídeos contando histórias de serial killers, gostamos de assistir esportes violentos como artes marciais porque isso supre a nossa necessidade instintiva de crueldade.
Mas só isso não é suficiente para cessar os nossos impulsos cruéis. Assistir não é o suficiente, sempre vamos ter a vontade de agir violentamente; E a solução que encontramos para isso é o que Nietzsche chama de "internalização do homem".
Mas antes de explicar o que esse termo quer dizer, vamos voltar um pouco na história. Vamos voltar para a criação dos conceitos de "bom e mau".
O /primeiro/ significado atribuído a palavra "bom" na história surge com os aristocratas da Grécia Antiga.
O conceito de "bom" surgiu antes do conceito de "mal" (mal com L), e ser "bom" significava ter características comuns aos pertencentes da classe aristocrata; Sendo algumas destas características: bravura, força, saúde física, poder e etc.
Pessoas "boas", de acordo com os aristocratas, eram pessoas superiores por natureza.
Agora o "mal" (com L), conceito que surge após a definição de "bom", significa a ausência dessas características.
(um detalhe importante e que serve para provar a origem da palavra, é que a palavra "bom" em alemão, se traduz para "gut" que pode ter dois significados, sendo eles "bom" e "homem de raça divina".)
Essa definição aristocrata foi estabelecida antes da necessidade social de regular os instintos de violência.
Com o avanço da sociedade e a necessidade de uma nova ordenação, acabamos por estabelecer novos significados para esses conceitos. E nesse caso, vamos definir primeiro o "mau" (dessa vez com U) e só depois o "bom".
Como o "bom" aristocrático se relacionava com características mais primitivas e, consequentemente, associadas à crueldade, vamos estabelecer, nesse ponto, essas características como "más".
o que era "bom" passou a ser "mau", e esse é o ponto em que finalmente venho explicar o que Nietzsche quis dizer com "internalização do homem"...
Se não podemos mais expressar os nossos instintos violentos, e a cultura popular (filmes...) não supre a nossa necessidade de crueldade, o que nos resta para garantir a ordem social é deixar de ser cruéis com os outros, e sermos cruéis com nós mesmos. Acredito que foi daí que surgiram as primeiras noções de auto-flagelação e coisas do tipo.
Não podemos mais buscar força, poder ou qualquer coisa que nos ligue à nossa origem primitiva, pois isso nos levariam novamente à violência, à crueldade e à desordem social.
Agora o "bom" é o homem humilde, sem força, sem poder, que se priva dos pazeres instintivos, carnais (crueldade), para o bem da sociedade.
Podemos ver este tipo de manifestação tanto na religião, que nos incentiva a desvalorizar o homem material, quanto na cultura popular, onde em um filme, sempre preferimos a vítima, que resume sua existência ao sofrimento, e odiamos a figura que a vitimiza, pois o ato de causar sofrimento no outro ja não é mais aceito.
Agora o ato de sofrer é bonito, é história de superação.
Passamos a vida tentando encontrar um motivo, uma razão para o sofrimento. mas em sua origem primitiva, o sofrimento não tem motivação.
E com essa moral tão enraizada na sociedade, essa idéia de que o sofrimento tem o propósito de nos tornar boas pessoas...
(Ex: Se você cometer um crime, você vai se sentir culpado {sofrimento}, e aí não vai cometê-lo de novo, tornando-se assim em uma boa pessoa.
É comum nos auto-sabotarmos e forçarmos uma culpa que não é nossa quando acontece algo negativo, pois isso supostamente nos traria o conforto de pensar que a dor sofrida não foi em vão.)
Vamos sempre continuar a de novo e de novo causar sofrimento a nós mesmos, a nos auto-vitimizar, com a idéia de que isso nos torna boas pessoas. Mas no fundo, estamos apenas liberando o instinto primitivo da violência, que em sua origem, não tem sentido nenhum.
Precisamos romantizar as nossas doenças, os nossos transtornos. Precisamos desejar estar tristes. Pois uma pessoa triste à toa é apenas miserável, e uma pessoa que não passa pelo sofrimento, não é boa em sua essência.
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ffcorporation · 2 years ago
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CARTA ABERTA AO MEU IRMÃO CLÁUDIO! 🕯️🕯️🕯️🕯️🕯️ Essa vai pro FEED!!! Hoje o seu com toda certeza do mundo está em Festa! Dia de muita resenha aí em cima! 🥳🎉 Irmão, hoje seria nosso dia de resenha, aquele churrasco, mas também dia de apertar uma (Fazer caipirinha) Dia de darmos infinitas risadas, de trocar nossas confidências de sempre, dia de rir dos nossos, de comentar sobre a vida, dia de deixar tudo pra amanhã, pois seria dia de comemorar o seu aniversário! 🥳🎉🥰😍🎇 . . Mas DEUS quiser vc por perto pra poder ajudar ele na missão de cuidar dos seus! Não me canso de dizer que te amo e que eternamente sentirei sua falta! Não consigo acreditar de verdade, sinto que eu e vc ainda estamos conectados de alguma forma! Quanta coisa tenho pra te contar irmão, putz…como sempre falamos “você não tá nem ligado” hahahahahahaha. . . Hoje fico com as nossos ótimas memórias, nossas resenhas e acima de tudo com uma saudade sem fim Tru! Me perdoa se te fiz algo que não caiu bem, ou não conseguir estar com vc em algum momento! Sigo aqui naquele nosso dilema de sempre, pregando o que a gente sempre achou justo e seguindo em frente! . CLÁUDIO ROBERTO DE OLIVEIRA, EU TE AMO IRMÃO! FELIZ ANIVERSÁRIO TRU 🥳🎉😍🎇 . . . . #Sambaepagode #Carnaval #fotografia #video #audio #musica #amor #samba #produção #marketing #tv #audiovisual #criadordeconteudo #MarketingDigital #Instagram #musica #aniversario #irmão #amor #luz #família (em Olhando para o céu) https://www.instagram.com/p/CoZw_rlLFAF/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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pimentadeacucar · 2 years ago
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video-reviews · 17 days ago
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TOP 5 Melhor CADEIRINHA DE BEBÊ em 2025 | Melhores CADEIRINHAS PARA CARR...
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00:16 Já deixou o seu LIKE? 00:30 Cadeirinha para carro Burigotto Protege 01:31 Cadeirinha para carro Maxi Baby Elite 
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jidegouveia-blog · 3 months ago
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Achei um vídeo bem legal no Kwai . Venha conferir! https://k.kwai.com/p/AC60Mjon
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andrepadilha · 4 months ago
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Day seven: October 7st
De manhã o trem estava mais lotado que tudo, mais lotado que tudo que já vi na minha vida. É humilhante o que o Paulistano tem que passar todas as manhãs, e fica mais revoltante sabendo que estamos um dia após as eleições municipais, das quais só tinham propostas fraquissimas para a mobilidade urbana...
Na escola, comecei recebendo a notícia que fiquei com D em Ciências Humanas (Deus é bom 🙏🏻), depois ficamos de resenha na sala e meus colegas usaram uma maquina de barbear pra tirar os pelos do meu rosto KKKKKK
Depois disso simplesmente um cara foi preso no Senac e eu não faço ideia do motivo, mas foi muito engraçado do nada chegar 3 viaturas da Polícia Militar pra levar o coitado. Foi bem inusitado KKKKKK
Then we had a discussion about interclass, we came last so it was frustrating. We all agree that the commission was disorganized and the decisions were merely questionable. We were affected a lot, more than any other room, especially because we didn't have a representative. Despite this, I don't think it was a bad thing, nor do I have any personal concerns about the committee and the teacher.
Na aula de sociologia apresentei um trabalho sobre as propostas do prefeito Ricardo Nunes. O sujeito é uma porta e todas as suas propostas são genéricas, estamos absolutamente perdidos e o cenário na política brasileira é de desesperança, alguém me tira desse país por favor kkkkkkkkk
No final, começamos um trabalho que éramos pra interpretar um candidato, e meu grupo interpretará o José Luiz Datena (PSDB). E mais uma vez, um plano de governo sem nenhuma proposta diferente ou profunda, pra minha não surpresa.
Depois que voltei pra casa, me exercitei um pouco, algumas seções de flexão que vi no Instagram. Não pratiquei esportes hoje pra minha infelicidade. Mas gostei bastante dos exercícios.
Por fim, fui pro curso de inglês, bem corrido e escrevi bastante, mas sinceramente gosto do tempo que gasto lá.
Images: Brás Station - Line 12 Sapphire, man being arrested, me getting on the bridge. Video: Going to the English course.
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