#TRIÂNGULO DE FERRO
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satrianova · 4 days ago
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✴︎⠀˚。⠀⋆  ────  𝐚  altivez  dos  passos  diz  que  é  nobre  o  sangue  que  corre  em  katerina  eireen  satrianova.  sendo  encantadora  e  insegura,  ela  foi  escolhida  como  hospedeira  e  protegida  da  deusa  aine.  aos  vinte  e  cinco  anos,  cursa  o  nível obsidiana ii.  sua  reputação  é  conhecida  além  das  fronteiras,  e  dizem  que  se  parece  com  alisha boe.
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⠀⠀︵⠀    𝑜𝒏𝒆 : ⠀  ✴︎⠀˚。⠀⋆⠀    ────   ⠀  𝐚𝐛𝐨𝐮𝐭 .
⠀nome completo katerina eireen satrianova.
⠀apelidos kat, rina.
⠀pronomes ela/dela.
⠀sexualidade heterossexual.
⠀idade 25 anos de idade.
⠀árvore genealógica marquês dmitri satrianova, pai; alissa atréne, mãe; aleksander satrianova, irmão mais velho; sasha satrianova, irmão mais velho.
⠀escolaridade academia hexwood, khajol, hospedeira de aine.
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⠀    ︵⠀    𝓉𝒘𝒐 : ⠀  ✴︎⠀˚。⠀⋆⠀    ────   ⠀   𝐛𝐚𝐜𝐤𝐬𝐭𝐨𝐫𝐲 .
⠀⠀⠀⠀⠀⠀。 ㅤ۫ㅤㅤ ̣̣ 𝑻oda primeira filha das mulheres Satrianova visita o subconsciente das familiares antes de sua chegada — em sonhos. O devaneio trouxe Amara ao imaginário familiar, trajando-a desde a mente com as cores da família e postura graciosa, como toda provinda da boa linhagem. O marquês Dmitri, de Gyndern, e a senhora sua esposa Yelena já haviam cumprido o dever quanto ao arranjo que os aprisionou um ao outro pela então eternidade de seus dias; a mulher lhe presenteara com um par de filhos homens ante o nascimento da primeira menina, estes que seriam responsáveis pela propagação do sobrenome e histórias de grandeza. Sem sinal nos antecedentes seculares da casa de homens ascendendo ao título de khajol, a magia sempre pertenceu às mulheres; um precedente da antecipação natural de uma gravidez com uma figura feminina crescendo no ventre. [ tw. morte no parto/aborto (?) ] Do infortúnio de um parto adiantado em semanas despertou a mácula de uma criança malformada e de uma marquesa falecida, transformando o jardim central do palacete Satrianova em um cemitério de flores mortas. [ fim do tw. ]
⠀⠀⠀⠀⠀⠀。 ㅤ۫ㅤㅤ ̣̣ 𝑬ra certo que o marquês se casaria de novo — afinal, era um homem jovem, e luto e perda eram dores que, mais intensamente, eram reservadas à mulheres —, embora imaginava-se que seu hiato fúnebre pela perda desolante duraria mais que três luas; mesmo assim, tomou a mão de uma nobre khajol de uma casa menor e a tornou sua consorte, e nem mesmo a capacidade pessoal de deliberação matrimonial suavizou a dureza do olhar e os punhos de ferro. Sua segunda esposa, Alissa, tomara como vitória a junção matrimonial com uma figura proeminente na política do reino, até descobrir que sua idealização conjugal estava enterrada próxima à lápide de primeira esposa de seu marido. O único momento em que foi vista como mais que um acessório preso à uma aliança dourada foi quando o sonho da primeira filha retornou — com Katerina. Nascida no tempo certo e com a beleza certa, a primeira filha de Alissa e Dmitri tornou-se o totem mais valorizado pelo patriarca, cuja idealização de um futuro khajol para a filha ultrapassava as barreiras do pensamento; a enxergava como algo além de sangue do próprio sangue, mas como o elo direto da magia de seus antepassados. Visando a proteção (ou o controle) da menina, Dmitri ordenou que Alissa e a menina fossem mantidas em segurança no em um dos aposentos no triângulo de pequenas torres ladinas ao palacete, cujas portas principais encontram apenas um jardim circular médio, o único contato das hóspedes com a natureza além da vista curta da janela, onde a única visão para além dos muros era o céu ao meio-dia e um jardim murado, pequeno e fechado, onde as sombras das poucas árvores nunca alcançavam.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀。 ㅤ۫ㅤㅤ ̣̣ 𝑫urante anos de sua vida, suas únicas interações foram a mãe, cuja essência era mirrada diariamente pela existência inerente ao trancafiamento possessivo, o pai, que aparecia em visitas esparsas e vazias para uma inspeção, e as criadas e preceptoras que entravam e saiam diariamente para realizar as tarefas domésticas, indignas de uma marquesa e sua filha. Sem interação com crianças da sua idade, a pequenina desenvolveu um universo de amigos imaginários, inspirada nas histórias em que criadas contavam antes de dormir. Foi ali, no entremeio daquela torre, que ela sentiu pela primeira vez a presença de Aine — não a deusa distante e severa de seu sangue, mas algo mais próximo, mais doce, como uma chama tímida que aquece um coração solitário. Os anos trancafiada transformaram Katerina em uma jovem adulta imaginativa e as paredes brancas da torre em um mural de sua grande pintura. Apesar dos ensinamentos intrínsecos com tutoras sazonais nos aposentos altivos, a idealização de uma vida fora da torre se apresentava em sua mente como um sonho quase distante. A aceitação em Hexwood transformou-a no orgulho do marquês, um emblema brilhante da continuidade da tradição mágica das mulheres de sua família; ainda assim, o martírio não era o bastante para que observasse a esposa e filha como mais além de peças em um jogo de tabuleiro. A filha poderia vir a se tornar uma khajol poderosa, mas ainda era apenas uma filha, cujo direitos do destino estavam endereçados à figura paterna, como toda mulher; atualmente, são notáveis os boatos que o marquês busca algum pretendente para tomar a mão da mulher quando Katerina findar sua educação curricular em Hexwood.
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⠀    ︵⠀    𝓉𝒉𝒓𝒆𝒆 : ⠀  ✴︎⠀˚。⠀⋆⠀    ────   ⠀   𝐝𝐞𝐭𝐚𝐢𝐥𝐬 .
⠀⠀⠀⠀⠀⠀。 ㅤ۫ㅤㅤ ̣̣ 𝓢𝑶𝑹𝑪𝑯𝑨, com a pronúncia 𝑆𝑈𝑅−𝑢ℎ−𝑘ℎ𝑎, é como é chamada a seon de Katerina. Brilhante, como todo seon, emite um brilho cor-de-rosa empalidecido embora chamativo e, para os padrões dos seons dos khajols, que são mais constantes e incessantes, costuma emitir mais calma, para maior contraste com a contraparte humana que, por si só, já é um pouco tagarela. Sua presença está sempre rente à Katerina, quase sempre na altura do próprio rosto, iluminando a faceta de Satrianova com os o tom rosado de sua calmaria. Sorcha está quase sempre de acordo com as mesmas emoções de Satrianova, um espelho brilhante e flutuante de sua companhia khajol.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀。 ㅤ۫ㅤㅤ ̣̣ 𝓐𝑰𝑵𝑬 é a deusa celta da luz, do amor, da fertilidade e do verão. Associada ao calor do sol e à generosidade da terra, Aine representa vitalidade, paixão e a abundância, e dizem que sua presença traz tanto prosperidade quanto proteção. Segundo a lenda, ela é uma deusa caprichosa, que é ao mesmo tempo bondosa e feroz; é capaz de abençoar campos com colheitas prósperas ou de trazer escassez e caos aos que desrespeitam sua autoridade. Aine é muitas vezes descrita como uma figura radiante, sendo sua essência a própria força da vida. Também é vista como guardiã das mulheres e dos corações apaixonados, influenciando o destino daqueles que buscam amor e alegria.
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⠀    ︵⠀    𝓯𝐨𝐮𝐫 : ⠀  ✴︎⠀˚。⠀⋆⠀    ────   ⠀   𝐭𝐫𝐢𝐯𝐢�� .
𝑰. Sua atividade extracurricular é Meditação e Harmonização Divina.
𝑰𝑰. Seus anos em reclusão tiveram apenas algumas companhias especiais: tintas e pincéis. Katerina é uma pintora exímia e autodidata, tão confortável com telas pequenas quanto com paredes brancas esperando um toque de mágica. Sua obra pessoal favorita é um retrato que pintara da mãe rente à árvore do Jardim das Noivas, dormindo rente ao tronco escuro.
𝑰𝑰𝑰. Possui a mania irremediável de conversar sozinha; pelo menos, desde a benção de Aine e a chegada de Sorcha, consegue disfarçar os devaneios em voz alta como se conversasse com a seon.
⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀pinterest / sobre a família satrianova / playlist.
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momo-de-avis · 2 months ago
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Olá Ana! Como estás sempre a interagir com turistas queria perguntar-te se reparaste se existem muitos que não sabem passar a estrada quando está vermelho para os peões? Já tenho visto vários que quase são passados a ferro porque passam com carros mesmo perto - ou completamente ignoram o carro, continuam a andar serenamente e têm sorte este ter parado a tempo. É que honestamente não sei se foi azar das ultimas vezes ou é mesmo tendência agora vários turistas em Lisboa fazerem isso 😅
Pior. Tenho notado que os americanos em particular não sabem passar a estrada quando não existe um semáforo. Genuinamente, perguntam-me como se faz, uma vez por mês tenho um americano a perguntar como é que se faz quando não existe semáforo e eu tenho de lhes explicar que o peão tem sempre prioridade e a passadeira é o que lhes dá prioridade. Eles acham que tou a fazer truques jedi quando passo a passadeira, o carro para e eu atravesso com a mão levantada quando na verdade o carro ta a respeitar a lei porque vê peões (eu), para e eu agradeço simplesmente. Depende sempre das nacionalidades, alemães e em geral nórdicos não atravessam no vermelho nem que a vaca tussa, sul europeus atiram-se se não vierem carros (e às vezes em tours eu tenho de os travar e lá explico que só porque não vem carro dali, há uma curva que não vêem de onde vem um elétrico, e eu a ouvir o elétrico a chegar...). Mas o que me deixa mesmo parva é eles entrarem em curto circuito com a falta de semáforos. Não sabem mesmo o que fazem
Depois há zonas de Lisboa onde é o autêntico caos. Rua da limoeiro é triângulo das bermudas, os turistas atiram-se à estrada constantemente sem qualquer consciência porque vêm um elétrico a subir e acham "é velho, nao faz mal" e nao sabem que aquela merda acelera bem, ou nao entendem que carros normais que conduzem a 80km a hora (ainda que nao devam) o façam naquela ruela de merda. Há sempre merda nessa rua e eu quando passo aí sou pastora, tou sempre a dizer-lhes voces fiquem junto a mim e imitem os meus pés se nao alguem morre
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ocombatente · 9 months ago
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Porto Velho comemora instalação do município com salto em infraestrutura e desenvolvimento
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Nova rodoviária será um marco na atual gestão municipal “Porto Velho está passando por um salto de desenvolvimento. A gente teve bastante melhorias na cidade na questão de infraestrutura. Temos as novas propostas que estão vindo, uma delas é a nova rodoviária”, disse o professor de História Luis Henrique Araújo, sobre os motivos para comemorar os 109 anos de instalação do município nesta quarta-feira (24). Quanto ao que representa esta data, recordando a história do surgimento da cidade, o professor afirma que Porto Velho tem dois momentos muito importantes para celebrar: o 2 de outubro, dia da criação do município (em 1914), e 24 de janeiro, dia da instalação, que aconteceu em 1915. “Na ocasião, o governador do Amazonas, Jonathas Pedrosa, indicou Fernando Guapindaia de Souza Brejense como superintendente do município, cargo equivalente ao de prefeito na atualidade. Também nomeou os intendentes, equivalente aos atuais vereadores. Porto Velho nesse primeiro momento era um município do estado do Amazonas”, explicou. O INÍCIO O professor relata que o surgimento da cidade está vinculado ao processo de construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). Curiosamente, de um lado da av. Presidente Dutra era uma cidade organizada, toda planejada, vinculada à ferrovia, e do outro estava a Porto Velho brasileira, que era a periferia da época. “Até um termo pejorativo foi colocado: os que tinham vínculo com a estrada de ferro eram chamados de categas, ou seja, os de categoria. Os que não tinham vínculo foram denominados de ‘mundiças’. Então, a estrada de ferro é o que vai possibilitar o surgimento de Porto Velho. A partir daí a cidade vai se formando e se desenvolvendo”, contou. Do lado dos americanos o idioma oficial era o inglês, inclusive os primeiros jornais que circulavam aqui, como o The Porto Velho Marconigram e The Porto Velho Times. A partir dos anos de 1930 é que as coisas vão começar a mudar na pequena cidade. SANTO ANTÔNIO A princípio, não havia a ideia de fundar uma cidade a partir da construção da Madeira-Mamoré. Havia um povoado, que era em Santo Antônio, denominado Santo Antônio do Alto Madeira. “Devido à mudança de ponto para atracar as embarcações, temos então 7 quilômetros aqui mais abaixo. Com isso, o foco fica nessa região, só que não apenas dentro da estrada de ferro, ao redor também”, afirma. De uma forma natural a vila vai crescendo e vão surgindo os primeiros bairros. Um deles inicialmente era conhecido como Alto do Bode, onde atualmente é o bairro Triângulo. Surgiu ainda a Baixa da União e o bairro Mocambo, entre outros. “Temos essa organização social que vai se formando ao redor da ferrovia, o que vai possibilitar o surgimento da cidade de Porto Velho de uma forma espontânea. Porém, desde o século XVIII temos a ocupação dessa localidade, o povoado de Santo Antônio, mas se efetivando mesmo a partir da construção da Madeira-Mamoré”. A ESTATIZAÇÃO Luis Henrique afirma que a partir de 1931, Porto Velho dá um salto importante. Com a EFMM sendo patrimônio do Brasil, Aluízio Ferreira é nomeado o primeiro diretor brasileiro da ferrovia. “Este move a sua influência local durante a visita que o presidente da república, Getúlio Vargas, fez aqui, no que já era Porto Velho”. É quando acontece a inauguração de várias construções muito importantes, como a sede dos Correios, praças, instalação de usina de energia. Esse salto possibilitou, em 1943, a criação do Território Federal do Guaporé. O palácio Presidente Vargas, antiga sede do governo estadual, foi inaugurado em 1954. “Foi montada toda uma estrutura institucional e organizacional para se criar o Território Federal do Guaporé. Essa estrutura vai se formando nas décadas de 20 e 30, quando vários empreendimentos são construídos por meio de empresários, pois com a construção da ferrovia, mais de 40 nacionalidades estavam presentes aqui, trabalhando na obra. Também vieram muitas pessoas para se aventurar, que acabaram ficando e formando comércios”. CICLO DA BORRACHA Nos anos 40, com o 2º ciclo da borracha, quando o Brasil assinou o acordo de Washington para vender a produção aos Estados Unidos da América (EUA), muitos nordestinos migraram para essas bandas e aqui foram chamados de ‘Arigós’, que é o nome de um pássaro. Eles se abrigavam em um galpão onde atualmente é a sede do 1º Batalhão da Polícia Militar, de onde saiam contratados para trabalhar nos seringais. “A gente tem esse grande crescimento também nesse período e a cidade vai se desenvolvendo a partir desses ciclos econômicos. Inclusive em homenagem aos ‘Arigós’ temos hoje um bairro chamado Arigolândia”, afirma o historiador. CICLO DO OURO Nos anos de 1980, aconteceu o ciclo do ouro nos garimpos do rio Madeira. Nessa época, com a inauguração da BR-364 e os planos de ocupação do Governo Federal, muita gente veio para Porto Velho. “É quando temos a formação do que chamamos de zonas Sul e Leste. A cidade dá um salto no número de habitantes, em média de 133 mil no início dos anos 1980, passando para mais de 300 mil no início dos anos 1990”. HIDRELÉTRICAS O professor conta que o processo para construção das hidrelétricas Santo Antônio e Jirau iniciou basicamente no ano de 2008 e trouxe muitas pessoas para trabalhar na construção desses dois empreendimentos, principalmente do Sudeste. “Quando a gente trata de migração recente para Porto Velho é sempre bom lembrar das usinas”. Segundo o historiador, “hoje Porto Velho continua crescendo, sendo um dos principais produtores de gado, inclusive, com o desenvolvimento do agronegócio, instalação de pequenas indústrias e a gente segue nesse desenvolvimento”. MOSAICO CULTURAL Por conta de todos esses ciclos econômicos e de migração, desde o seu processo de formação, a partir das obras da EFMM, o professor entende que Porto Velho é uma cidade plural e um verdadeiro mosaico cultural. Porém, “aos poucos a gente vai moldando a nossa cultura, que é a cultura beradeira. É o nosso peixe, a nossa música regional, é tudo aquilo que nós vivenciamos, tudo o que nós falamos. Como diz o ditado: quem bebe água do rio Madeira nunca mais vai embora, e se vai embora, volta”. O professor Luís também conta que a história dele está muito ligada a história de Porto Velho. “Eu sou fruto de uma família de migrantes. Meu pai nasceu em Minas Gerais, mas com um ano de idade a família dele mudou-se para cá. Minha mãe nasceu no Maranhão e veio para cá no ciclo do ouro do rio Madeira, nos anos 1980. Eles se encontraram aqui, formaram família e eu fui gerado”. PERCEPÇÃO DA CIDADE Olhando a cidade hoje, após tantos ciclos, Luis Henrique acredita que Porto Velho está passando pelo maior período de asfaltamento das vias, gerando uma verdadeira transformação na estética da cidade. “Acredito também que o prefeito Hildon Chaves vai ser bem lembrado, assim como o Chiquilito Erse nos anos de 1990. Acredito que Hildon Chaves também vai ter esse destaque dentro da história local”. Formado em licenciatura em história pela Universidade Federal de Rondônia (Unir) e mestrando em História da Amazônia, Luis Henrique vem ganhando cada vez mais visibilidade em seu trabalho por meio de vídeos que contam a história regional em suas redes sociais. Texto: Augusto Soares Foto: Leandro Morais/ Wesley Pontes Superintendência Municipal de Comunicação (SMC) Fonte: Prefeitura de Porto Velho - RO ,   Read the full article
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10tamurada · 1 year ago
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As avós
As avós são feitas de lã de ovelha bem macia, acabada de branquear. São novelos entrançados em camadas de surpresas, suspiros, salamaleques e outros simulacros impossíveis de adivinhar.
São redondas para impedir arestas contundentes - mesmo as mais estilosas se não tão redondas, são pelo menos ovaladas - . Não quer com isto dizer que não hajam alguns borbotos mais rugosos, quais carraças alapadas nos entremeios da lã em fio enrolada, ângulos e triângulos esses que poderão vir a regular chama rubra em conflito “dás-de-contra”, quando surge o embaraço e o baraço se desenrola com nó e pedalada.
As cabeças das avós, todas num molho, comparam-se ao volátil arco-íris aramado de ralos fios a jubas desempoeiradas, se vistas de relance. Se nos detivermos, divisamos faces  em fases diversas de sedução. Cedo são matreiras, ladinas, dadas a embustes inocentes, a docentes ocasionais, atrizes informais tudo isso e outras  tais para mimar os petizes. 
As avós não são vesgas, nem míopes nem estrábicas nem ceguetas,  enxergam mais, com a pestana corrida, que muita vivalma arregalada. Gostam de usar lentes sejam óculos, binóculos, lupas - acessórios chiques que lhes realçam o carisma e lhes enquadram, lhes arredondam e prolongam as circunstâncias. 
Marcas notáveis fizeram trilhos nos seus rostos; traduzem réplicas de regozijo, rasgos de risos, rajadas de ruinosas rabecadas aí rabiscadas.
Os dentes, genuínos ou de empréstimo têm seguro préstimo seja para trincar os acepipes tradicionais, para arreganhar nas cenas e tropelias que em despique e alternância jogam com os pequenotes, seja ainda numa mordidela inocente no pezinho rechonchudo.
No interior dessas torres eretas, equilibram-se razões a propósito de qualquer ninharia que lhes convenha e  as memórias aninham-se em esponja húmida pronta a desprender gotas preciosas ou derrame inesgotável; são esses os saltimbancos que trapezeiam infalivelmente nos calços e percalços que elas inventam nas histórias, já que as próprias pernas nem sempre lhe asseguram a firmeza das inabaláveis convicções.
Habilidosas, tanto volteiam aparatosas, por vezes rasurando o chão em dramatismo, fingem passeios de pé coxinho ou curvaturas rocambolescas, como sacodem peneiras e poeiras, mimam no colo, estreitam amassos de muitas maneiras.
Os pés das avós não são chatos, nem fardos de mazelas; quando muito estão  aborrecidos, mas não com elas. Aborrecidos  com os pedantes saltos altos que teimam em não os servirem por desfeitio e, não fora essa desfeita bastante, em troçar de tudo quanto é rasteiro - salvem-se as sardaniscas - sejam sabrinas, chinelos ou pantufas.
As mãos são ases volantes em constante volição; tanto ferro quanto água ou veludo. Ambidestras nas rotinas que ali ninguém se dá à preguiça e não se lhes conhece presunção.
O coração é uma almofada de alfinetes, uns caídos de inanição, outros espetados em aflitiva mágoa ou contrição. Cor de cereja, cor de luz e algum sombreamento a realçar é onde alberga tesouros desde o mais fino papel às pedrarias mais invejadas para se alimentar nas invernias estagnadas sem combustão.
Costumam jogar às palavras trocadas, baralham os nomes da garotada para lhes desconcertar a desatenção e queixam-se de surdez se, por única vez, alguém se esqueceu do sacrotanto “por favor”.
Diluem-se como caramelo em efervescência ou como gelo acabado de ser beijado pelo sol e assim permanecem em contacto ou em ausência saboreando tal viscosidade, tal pingo de liquidez.
Avós que apenas são imagens esvaídas de formas, inteiras de substância; avós que são pedaços de véus brancos perdidos no tempo, grafados em memórias de infância; avós que são asas de luz  por cima de cascalho que agride pés incautos.
Avós que são unicamente fórmulas apagadas das leis que lhes vão nas mentes, fracas personagens desanimadas em múltiplos ensaios a quem a verídica cena não chegou a deslumbrar.
Que se contentem os avós a quem não chamei à devoção. Sirvam-se da travessa dos acepipes que mais se ajustem ao seu paladar e creiam que se os não nomeei não foi por falta  mas por ter a certeza que lá estão tão sentimento pleno, sustentáculo maior e diatribes mais conformes à sua estrutura de força, destreza e vocação. 
A eles nem os sapatos nem os chanatos os confrangem, já que sempre tiveram os pés mais assentes e mais destros a chutos… e pontapés não são agora para aqui sentidos nem lembrados!
Graciela Neves
Leiria, 11/11/2023
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rodadecuia · 1 year ago
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jbmagalhaesnetoblog · 6 years ago
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“CABECA-DE-PONTE” OCUPAÇÃO SUTIL? ARMSTÍCIO PONTUAL? VAREJÃO DO PLANALTO Manato será o Ouvidor da Casa Civil na Câmara dos Deputados para atendimento individualizado
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blogdojuanesteves · 3 years ago
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SAUDADES DE HAVANA> Iatã Cannabrava
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O paulistano Iatã Cannabrava viajou por várias partes do mundo em circunstâncias especiais. Mais precisamente, como exilado, como ativista político e também como fotógrafo e produtor cultural de fotografia. Talvez seja o nome mais mencionado quando se fala em festivais ou fóruns que trabalham com imagens. Experiências que datam desde sua infância e adolescência, resultado das peregrinações de seu pai, o jornalista Paulo Cannabrava Filho, perseguido após o golpe militar de 1964 quando integrava a equipe brasileira da Agencia Informativa Latinoamericana de Notícias (Prensa Latina), hoje editor da revista eletrônica Diálogos Sul.
   Saudades de Havana (Ed.Vento Leste/Ipsis, 2021)  faz parte da série Quarentena Books 2, um projeto iniciado em 2020 com oito livros cujo lucro é destinado aos mais fragilizados através do Projeto Rizoma (https://www.projetorizoma.org ). A concepção e idealização é de Lucas Lenci e André Matarazzo, com a participação de Fernando Ullmann, proprietário da Gráfica Ipsis. Curiosamente, e mantendo as normas de proteção para a pandemia, o grupo de produtores e autores nunca se encontraram pessoalmente. Além de Cannabrava, participam os fotógrafos Cris Bierrenbach, Letícia Valverdes, Marcio Scavone, Eustáquio Neves, Ivan Padovani, Betina Samaia e Lucas Lenci.
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Havana foi a sexta cidade fundada pelos espanhóis em 1514 na ilha então chamada de San Cristóbal de la Habana. O nome combina San Cristóbal, seu padroeiro e Habana, de origem obscura, possivelmente derivada de Habaguanex, um chefe nativo Taíno que controlava as Antilhas, conforme mencionado pelo conquistador e primeiro governador da cidade, Diego Velázquez de Cuéllar (1465-1524) em seu relatório ao rei da Espanha. É capital da conhecida ilha de Cuba, pertencente à província de La Ciudad de La Habana.
   Logo após o surgimento das primeiras cidades em Cuba, o lugar serviu de base para outros avanços espanhóis, como a ida para o México, pelo também conquistador Hernán Cortés (1485-1547).  Era um lugar sem as riquezas da época, como ouro e pedras preciosas. Em meados do século XVIII, foi ocupada pelos ingleses, mas já no século XIX começou a florescer e chegou a ser conhecida como a Paris das Antilhas. Durante seu período republicano, de 1902 a 1959, surgiram inúmeros hotéis e cassinos, frequentados pela burguesia americana, como opção à Miami e por nomes famosos do cinema e da literatura como Ernest Hemingway (1899-1961) que lá morou. Com a revolução de Fidel Castro (1926-2016) no poder, após derrubar o militar e ditador Fulgêncio Batista (1901-1973), a ilha viveu um paradoxo: O declínio da economia, condicionado pelo embargo americano, em contrapartida ao seu crescimento cultural.
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É nesta Havana, ainda revolucionária, cursando seu antigo ginásio com 15 anos, que Iatã Cannabrava ganha de presente de seu professor e amigo, uma câmera russa, de plástico, que, conta a lenda, derrete na traseira de um carro. É deste tempo, desta vivência, com os pais exilados, que o fotógrafo cria uma posição mais crítica contra o regime cubano. Que se junta a outros como o genial escritor Guillermo Cabrera Infante (1929-2005), um dos apoiadores na primeira etapa revolucionária, que muda em 1965 quando foi preso pelo regime logo depois de ganhar o Prêmio Biblioteca Breve, concedido pela Editora catalã Seix Barral, por seu livro Três Triste Tigres, um do clássicos da literatura latino-americana. O escritor conseguiu fugir, exilando-se em Londres até o fim da vida, não voltando mais à cidade. Já o fotógrafo, retornou à ilha em 2007, como "uma espécie de guia-professor-coordenador de um grupo heterogêneo de fotógrafos, amadores e profissionais jovens e experientes."
   Para o fotógrafo, seu retorno à Havana foi inusitado e tem um diferencial. Diz ele: " Eu não fui olhar, eu fui mostrar." Sendo assim, sua volta assume nesta publicação uma característica diferenciada ao seu próprio pensamento. Talvez, como ele mesmo às vezes diz, poderia ser uma espécie de curta "reconciliação" com o país. E, em parte, é nesta circunstância que podemos admirar as poéticas imagens de Saudades de Havana. Entretanto, por um jogo de design na capa, que transpassa o título e o sobrenome do autor para a contracapa, podemos também ler, Saudades de Havana Brava. Pensamos então na relatividade da popular expressão espanhola Pero no mucho!
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As travessias da vida social, profissional e política, serviram para que Cannabrava pudesse  de certa forma acertar as contas existenciais através da fotografia. Foi assim com seu ótimo livro Pagode Russo (Ed.Madalena/Ed.Terceiro Nome,2014). O fotógrafo, militante da Juventude Socialista do PDT de Leonel Brizola (1922-2004),  organizou a ida de uma comitiva brasileira para o Festival Mundial da Juventude dos Estudantes,  por dentro da chamada “Cortina de Ferro”, uma Europa ainda dividida entre oriental e ocidental, com o domínio da URSS sobre o bloco do leste. [ leia aqui review sobre este livro https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/101775914461/o-pagode-russo-de-iat%C3%A3-cannabrava ].
    As imagens, feitas em 1985, relatam um desencontro imaginativo do autor. Em outras palavras, a Moscou dos comunistas maléficos que se vendia ao mundo ocidental não era a mesma que ele vislumbrava pela sua câmera. Muito pelo contrário, era “um cenário ingênuo”. Segundo Cannabrava, “não fazia nenhum sentido diante daquela ideia preestabelecida”. Em Saudades de Havana, sua leitura é mais poética ainda. Amigos e casais dominam o espaço em uma cidade limpa e de tom pastel. Nada de Almendrones (os carros americanos antigos) ou casas em ruínas, vendedores de "puros", ou uma supremacia da cor como vemos nos livros Havana ( Ed.Steidl, 2001) do canadense Robert Polidori, Old Habana (Dórea Books, 1998), do carioca Claudio Edinger e HI-FI (Tempo d'Imagem, Ipsis Gráfica e Editora , 2018) do paulistano Daniel Kfouri. [ veja aqui review deste último livro https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/171809809341/hi-fi-daniel-kfouri ].
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Na primeira imagem, temos a impressão de uma outra cidade.  Mas, não é por acaso que estamos diante de uma loja, à noite, onde se destaca o pavilhão cubano azul, vermelho e branco. A bandeira representava a divisão geográfica da ilha no início da revolução de 1850 contra a Espanha e adotada oficialmente em 1902, quando de sua independência. As listras brancas são uma evocação à pureza das intenções do movimento de independência; o triângulo equilátero representa a liberdade, igualdade, fraternidade ( o lema da Revolução francesa 1789-1799 )  e a vermelha, o prenúncio do sangue que seria derramado para alcançar a independência, sendo que a estrela branca representa a solidariedade entre os povos.
   Mas, prosseguindo, temos o cubano tocando seu trompete na murada do Malecón, onde o céu límpido e o mar azul calmo nos anuncia o percurso do autor. Em vez dos casarios desmanchando, uma senhora toda vestida de branco, como uma "Mãe de santo" se protege do sol com sua sombrinha imaculadamente branca. Garotos brincam como golfistas, e amigos bebem na porta, enquanto duas adolescentes, em seus uniformes escolares parecem olhar para o infinito, para que na fotografia seguinte surjam três mulheres que sorriem para a câmera de alguém que estava ao lado de Cannabrava, que pega carona na pose.
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Guardadas as proporções, a Havana de Iatã Cannabrava nos remete à de Walker Evans (1903-1975), ainda que tenham diferenças fundamentais como uma sendo em cor e a outra em preto e branco e muito distantes no tempo uma da outra. Em 1933, o americano viajou a Cuba para fotografar para o livro The Crime of Cuba (J.B. Lippincott, 1933) do jornalista americano Carleton Beals (1893-1979). A ideia era expor a corrupção do ditador Gerardo Machado (1871-1939) e a relação entre os Estados Unidos e sua ilha vizinha. As fotografias de Evans são fascinantes tanto pelo assunto quanto pelas evidências de seu desenvolvimento artístico.
   Publicado pela primeira vez em 1989, o livro Cuba 1933 ( J.Paul Getty, 2001) de Evans, um dos clássicos da fotografia mundial, traz um texto do poeta e romancista romeno radicado nos Estados Unidos Andrei Codrescu, autor de ``Ay, Cuba! (Picador, 1999). O ensaio nos fornece  uma noção das forças estéticas e políticas que moldaram a arte de Evans no início dos anos 1930. Seu argumento é que o caráter do fotógrafo "estava claramente em conflito com a retórica apaixonada de Beals" e mostra que Evans estava apenas no início de sua estética formalista com as preocupações sociais que figuravam de forma tão proeminente em seus trabalhos posteriores.
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    As imagens de Iatã Cannabrava são plenas de lirismo como as de Evans. Há uma evidente empatia para com seus personagens. Vemos as mulheres sentadas e bem arrumadas nas duas publicações, a simplicidade dos cubanos como a imagem das três grávidas conversando, o beijo do casal apaixonado. Os rapazes de cartola e manga arregaçada nas imagens do americano se juntam aos jovens que o brasileiro encontra. Em Saudades de Cuba, a retórica política cede espaço para arte em suas suas poucas 48 páginas.
A frase "Do exílio não há retorno." do argentino León Ferrari (1920-2013), um dos artistas mais provocadores de nosso tempo, é usada por Cannabrava quando ele revela que ela pertence àquelas ideias e emoções que nunca o abandonam. Ele coloca esta série de Havana como um diferencial entre todas oportunidades que teve que transformar lembranças através da fotografia, seu "instrumento particular de alquimia."  Em tempos de pandemia e até mesmo normais, é sempre bom lembrar que temos autores assim.
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 Dados Técnicos: Fotografias de Iatã Cannabrava; design de Celso Longo; produção gráfica de Jair Rocha; escaneamento das imagens de Andressa Casado; tratamento de imagens de Greice Emer; Impressão Ipsis Gráfica e Editora em papel Munken Lynx Rough, idioma português; formato 17X24cm.
 Para adiquir o livro, é só ir direito em https://www.ipsispub.com.br/product-page/saudades-de-havana-iat%C3%A3-cannabrava
 Para ver os demais ou um box completo com os 8 livros, https://www.ipsispub.com.br/selo-ipsispub?page=2
  * nestes tempos bicudos de pandemia e irresponsabilidade política com a cultura vamos apoiar artistas, pesquisadores, editoras, gráficas e toda nossa cultura. A contribuição deles é essencial para além da nossa existência e conforto doméstico nesta quarentena *
        Imagens © Iatã Cannabrava            Texto © Juan Esteves
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formadistinta · 2 years ago
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Eu confessei me movendo tão lentamente como uma cobra rastejando danças ao som de um R&B
Eu só tô tentando achar a autoestima que roubaram de mim
O que eu faço quando não paro de associar as coisas que você me disse e as coisas que eu vivencio com você. Como um triângulo perfeito. Comunicado mal feito. Vamos morrer todos os dias para que eu conheça o melhor jeito de passar nessa trilha. Vamos morrer todos os dias, jaz em você minha paz quando eu tô dentro desse mundo sem o mundo.
Belezas são coisas acesas por dentro.
(Lágrimas negras)
Eu sei tudo que tenho que fazer mas me sinto inseguro, não sei bem porquê.
Lágrimas negras caem; saem; doem. Cada azul celeste brilhante é uma faca atravessando meu peito, suas respostas são coletes a prova de balas. Eu tive um problema com ele, eu tive problema com ela, eu tive um problema nessa esquina e na outra, o problema sou eu. O errado sou eu. Quem não sabe se relacionar com ninguém sou eu. Quem nunca vai se dar bem com ninguém em lugar nenhum. Em trabalho nenhum. Eu tenho que falar o que eles querem ouvir. Agora me diz, como eu vou saber o que é um amor saudável se diante de qualquer ação a reação é uma ardência na marca de fogo com aço quente. Sua dor é uma marca de ferro em chamas. Minha chance é quebrada e a vida é uma guerra, eu devo ser filho do ódio e da raiva, sonhando em ser um príncipe bonzinho e negar que o meu desejo é de sair desmatando tudo e todos pela frente. Cobra a gente mata cortando a cabeça. O desejo de ver sangue jorrando não deve ser fácil nem fútil nem puro gostar nem puro terror, é representação e também arte, é um olhar diferenciado e também visceral. O desejo de ver destruição deve refletir a dor e a raiva. Gangues e drogas, cheiro de carne e carnificina; luxo, luxúria e cocaína; codeína, qualquer droga que apague as vestes e as capas. Quando eu vou me olhar pelado de frente para o espelho? Por que eu senti que estava me despindo pra você? No fim eu acho que foi isso.
Só cheiro de medo e de inimigos mortos.
É cansativo tirar a roupa e não se sentir nu. Existe sexo sem entrega? Qual o sentido do sexo? Eu tiro a roupa e ainda tô vestido e armado. Eu ainda tô de armadura e navalha. Eu porto adaga e loucura.
É uma parada complicada porque ele é um cara legal mas não responde as vezes. O sexo foi incrível, as palavras foram incríveis, mas eu não me sinto seguro e isso me afeta. Quando ele não me responde, me afeta. Porque é como caminhar sem ver se tem chão
Em uma conversa, em um depoimento, em uma confissão
Arthur, Luiz.
É, foda. Toda vez que eu encontro alguém que eu começo a gostar é mais ou menos assim e o padrão tá nessa insegurança. O estado e a vulnerabilidade de me permitir sentir ou sentir sem permissão é o que me envenena.
Tudo eu
Você doeu
Mesmo cedo, pareceu tarde
Tudo eu
Você
Doeu
Fez eu me sentir em metade
Fez eu me sentir
Tu doeu
Você doeu
Mesmo cedo, pareceu tarde
E eu encerro aqui.
Você não falou nada, pelo contrário, mas eu não sou suficiente pra você.
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minasemdia · 3 years ago
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Operação da PCMG combate receptação de peças de veículos em Uberlândia
Operação da PCMG combate receptação de peças de veículos em Uberlândia
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) realizou, na tarde de ontem (27/10), em Uberlândia, Triângulo Mineiro, a operação Agulha no Palheiro. A ação teve o intuito de reprimir o comércio e a receptação de peças usadas de automóveis suspeitas por ferros-velhos da cidade. Um veículo que estava em processo de desmanche foi recuperado, bem como peças e equipamentos furtados apreendidos. Ainda, um…
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tiagosbh · 3 years ago
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 Seu surgimento deve-se aos bandeirantes que por aqui passaram rumo às riquezas dos sertões de Minas e Goiás, por volta da metade do século XVII, e iniciaram o povoamento, cujo primeiro nome era “Serra do Sal”. Às margens do caminho da picada de Goiás, após a construção da primitiva capela em 1765, o lugarejo aos poucos foi perdendo sua denominação, passando a ser chamado de “São João Batista”, referindo-se ao padroeiro do lugar. A substituição do nome São João Batista para atual Morro do Ferro foi imposto por uma Lei Estadual no final do ano de 1943. Essa nova denominação deve-se às jazidas de minério de ferro, na conhecida “Serra dos Alemães”. Esse minério passou ser garimpado pela Rede Guzza e transportado a partir de 02 de agosto de 2010. A primitiva Capela tornou-se Público em 1781. A partir desta data, o lugarejo começou a se desenvolver, com a chegada de novos imigrantes. A pequena São João Batista transforma em Curato em 14 de julho de 1832. Já pela resolução da Câmara Municipal de Oliveira, aprovada pela Lei Provincial nº. 239 de 30 de novembro de 1842, passa ser distrito, sendo elevado a Freguesia conforme a Lei nº. 1784, de 22 de setembro de 1871. Localizado no Centro Oeste de Minas, na zona Campos das Vertentes, a 34 km de sua sede, Oliveira, e a 150 km da capital mineira, situa-se a 25 km da BR – 381 (Fernão Dias), que unem as duas capitais: Belo Horizonte e São Paulo. Está às margens da rodovia que liga o Triângulo Mineiro ao Rio de Janeiro (BR-494), no km 135. Sua área urbana possui aproximadamente 450 residências, habitadas por 1.129 pessoas e na comunidade rural são 1.380 habitantes (fonte PSF-MF 2007). São nada menos que 2.136 eleitores (dados 2004); um número bastante alto se comparado à sua população, pois as pessoas que mudaram para outras cidades, ainda fazem questão de votar nesse distrito. Isto revela o amor à sua terra, além de ser uma oportunidade, a mais, que eles têm para retornar ao seu berço natal. O perímetro urbano do distrito está ilhado numa colina, entre enormes erosões, embora seja motivo de preocupação, este grave problema ambiental não consegue tirar seu encanto. Dos 944 km² do município de Oliveira... (em Morro Do Ferro, Minas Gerais, Brazil) https://www.instagram.com/p/CQWUhucNKHt/?utm_medium=tumblr
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quandoestarvivonaobasta · 4 years ago
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Chico descansou ao chão
Chico tinha uma armadura em seu corpo... Massa magra, e os ossos eram feitos de rocha. Suas veias saltavam para fora. Olhos claros e o orgulho de todos os dentes sadios aos 70 e poucos anos... Chico tinha uma ferramenta que o carregava para todos os cantos, uma bicicleta. O velho tinha mais disposição que eu. Devia ser filho do guerreiro... Ele tinha uma firmeza... Olhar penetrante e expressão forte. O bigode sempre em manutenção... A personalidade era a inconstância do tempo... Hora ensolarado, hora o tempo fechava, chovia muito e soltava raios para todos os lados. Ventania que fazia muitos irem embora. Sinceridade cortante com oque se pensa e o que se sente. Esbravejava, praguejava e xingava. Mas também falava manso, abençoava e zelava. Tinha todos os mimos a oferecer em seus braços. Jogou mel em tanta criança...Por trás daquele ranger de dentes tinha uma fragilidade grande da qual tanto escondia. Chico tinha coração Grande! E Batia rápido demais. Era muito acelerado, fazia tudo ligeiro. Nunca na vida deixou de oferecer a fartura de seu alimento aos visitantes. Nunca na vida deixou de oferecer a falta do mesmo, num copo d'água gelado, num café preto quentinho, num suco feito na hora, caso não o tivesse na geladeira. Numa rapadura, num bolo, num almoço ou janta...Chico era chato com isso, enquanto não visse você mastigando não deixava de oferecer. E mesmo depois de um belo prato de comida, queria empurrar mais e mais... Chico sabia bem receber as pessoas em seu lar. Se tem um legado do qual deixou, foi esse, receber. Doar, oferecer, confortar. Chico olhava com o olhar baixo e resmungava, mas gostava, se preocupava. Tinha a língua afiada feito o ferro que manejava e se cortava. Chico não era muito de família, mas entrou pra maior família/ entre tantas outras muitas... Ele nos colocava pra deitar, nos fazia rezar... - E a bença? - nos cobria dos pé a cabeça, fazia uma espécie de touca com a coberta, ligava o abajur, e coloca na rádio bem baixinho pra não nos sentirmos com medo e sozinhos caso não pegássemos no sono rápido. E eu sempre demorava a dormir... Agradeço a ele por esse cuidado, até hoje tenho esses costumes, abajur e som baixinho... Chico não tinha filhos, mas era pai e avô de muitos! Chico sentia um cansaço no peito, e sempre se deitava pra descansar... Ele gostava de baião, forró antigo, coloca no toca discos seus vinil e acompanhava tocando o seu triângulo, a gente já brincou tanto com aqueles triângulos batucando na cama da vó... Chico arranhava um violão na área de casa, num descongelar de dedos... Chico já tinha aceitado a morte...E num belo dia, madrugou pra fazer o parto de sua cachorra, ajudou a trazer ao mundo 8 cachorrinhos, pegou sua bicicleta e saiu, na volta pra casa, trazendo a fartura de uma melancia em seu cesto, sentiu-se cansado, já estava bem perto de casa. Não teve tempo de deitar em sua cama e cobrir-se dos pé a cabeça. Deitou-se no chão, e ali mesmo descansou. Trouxe muitos choros e lamentos. Chico mostrou o seu valor. Chico se aposentou, deixou de trabalhar, finalmente. Chico caiu ao chão, e descansou. - Izqiloow
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ocombatente · 9 months ago
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Porto Velho comemora instalação do município com salto em infraestrutura e desenvolvimento
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Nova rodoviária será um marco na atual gestão municipal “Porto Velho está passando por um salto de desenvolvimento. A gente teve bastante melhorias na cidade na questão de infraestrutura. Temos as novas propostas que estão vindo, uma delas é a nova rodoviária”, disse o professor de História Luis Henrique Araújo, sobre os motivos para comemorar os 109 anos de instalação do município nesta quarta-feira (24). Quanto ao que representa esta data, recordando a história do surgimento da cidade, o professor afirma que Porto Velho tem dois momentos muito importantes para celebrar: o 2 de outubro, dia da criação do município (em 1914), e 24 de janeiro, dia da instalação, que aconteceu em 1915. “Na ocasião, o governador do Amazonas, Jonathas Pedrosa, indicou Fernando Guapindaia de Souza Brejense como superintendente do município, cargo equivalente ao de prefeito na atualidade. Também nomeou os intendentes, equivalente aos atuais vereadores. Porto Velho nesse primeiro momento era um município do estado do Amazonas”, explicou. O INÍCIO O professor relata que o surgimento da cidade está vinculado ao processo de construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM). Curiosamente, de um lado da av. Presidente Dutra era uma cidade organizada, toda planejada, vinculada à ferrovia, e do outro estava a Porto Velho brasileira, que era a periferia da época. “Até um termo pejorativo foi colocado: os que tinham vínculo com a estrada de ferro eram chamados de categas, ou seja, os de categoria. Os que não tinham vínculo foram denominados de ‘mundiças’. Então, a estrada de ferro é o que vai possibilitar o surgimento de Porto Velho. A partir daí a cidade vai se formando e se desenvolvendo”, contou. Do lado dos americanos o idioma oficial era o inglês, inclusive os primeiros jornais que circulavam aqui, como o The Porto Velho Marconigram e The Porto Velho Times. A partir dos anos de 1930 é que as coisas vão começar a mudar na pequena cidade. SANTO ANTÔNIO A princípio, não havia a ideia de fundar uma cidade a partir da construção da Madeira-Mamoré. Havia um povoado, que era em Santo Antônio, denominado Santo Antônio do Alto Madeira. “Devido à mudança de ponto para atracar as embarcações, temos então 7 quilômetros aqui mais abaixo. Com isso, o foco fica nessa região, só que não apenas dentro da estrada de ferro, ao redor também”, afirma. De uma forma natural a vila vai crescendo e vão surgindo os primeiros bairros. Um deles inicialmente era conhecido como Alto do Bode, onde atualmente é o bairro Triângulo. Surgiu ainda a Baixa da União e o bairro Mocambo, entre outros. “Temos essa organização social que vai se formando ao redor da ferrovia, o que vai possibilitar o surgimento da cidade de Porto Velho de uma forma espontânea. Porém, desde o século XVIII temos a ocupação dessa localidade, o povoado de Santo Antônio, mas se efetivando mesmo a partir da construção da Madeira-Mamoré”. A ESTATIZAÇÃO Luis Henrique afirma que a partir de 1931, Porto Velho dá um salto importante. Com a EFMM sendo patrimônio do Brasil, Aluízio Ferreira é nomeado o primeiro diretor brasileiro da ferrovia. “Este move a sua influência local durante a visita que o presidente da república, Getúlio Vargas, fez aqui, no que já era Porto Velho”. É quando acontece a inauguração de várias construções muito importantes, como a sede dos Correios, praças, instalação de usina de energia. Esse salto possibilitou, em 1943, a criação do Território Federal do Guaporé. O palácio Presidente Vargas, antiga sede do governo estadual, foi inaugurado em 1954. “Foi montada toda uma estrutura institucional e organizacional para se criar o Território Federal do Guaporé. Essa estrutura vai se formando nas décadas de 20 e 30, quando vários empreendimentos são construídos por meio de empresários, pois com a construção da ferrovia, mais de 40 nacionalidades estavam presentes aqui, trabalhando na obra. Também vieram muitas pessoas para se aventurar, que acabaram ficando e formando comércios”. CICLO DA BORRACHA Nos anos 40, com o 2º ciclo da borracha, quando o Brasil assinou o acordo de Washington para vender a produção aos Estados Unidos da América (EUA), muitos nordestinos migraram para essas bandas e aqui foram chamados de ‘Arigós’, que é o nome de um pássaro. Eles se abrigavam em um galpão onde atualmente é a sede do 1º Batalhão da Polícia Militar, de onde saiam contratados para trabalhar nos seringais. “A gente tem esse grande crescimento também nesse período e a cidade vai se desenvolvendo a partir desses ciclos econômicos. Inclusive em homenagem aos ‘Arigós’ temos hoje um bairro chamado Arigolândia”, afirma o historiador. CICLO DO OURO Nos anos de 1980, aconteceu o ciclo do ouro nos garimpos do rio Madeira. Nessa época, com a inauguração da BR-364 e os planos de ocupação do Governo Federal, muita gente veio para Porto Velho. “É quando temos a formação do que chamamos de zonas Sul e Leste. A cidade dá um salto no número de habitantes, em média de 133 mil no início dos anos 1980, passando para mais de 300 mil no início dos anos 1990”. HIDRELÉTRICAS O professor conta que o processo para construção das hidrelétricas Santo Antônio e Jirau iniciou basicamente no ano de 2008 e trouxe muitas pessoas para trabalhar na construção desses dois empreendimentos, principalmente do Sudeste. “Quando a gente trata de migração recente para Porto Velho é sempre bom lembrar das usinas”. Segundo o historiador, “hoje Porto Velho continua crescendo, sendo um dos principais produtores de gado, inclusive, com o desenvolvimento do agronegócio, instalação de pequenas indústrias e a gente segue nesse desenvolvimento”. MOSAICO CULTURAL Por conta de todos esses ciclos econômicos e de migração, desde o seu processo de formação, a partir das obras da EFMM, o professor entende que Porto Velho é uma cidade plural e um verdadeiro mosaico cultural. Porém, “aos poucos a gente vai moldando a nossa cultura, que é a cultura beradeira. É o nosso peixe, a nossa música regional, é tudo aquilo que nós vivenciamos, tudo o que nós falamos. Como diz o ditado: quem bebe água do rio Madeira nunca mais vai embora, e se vai embora, volta”. O professor Luís também conta que a história dele está muito ligada a história de Porto Velho. “Eu sou fruto de uma família de migrantes. Meu pai nasceu em Minas Gerais, mas com um ano de idade a família dele mudou-se para cá. Minha mãe nasceu no Maranhão e veio para cá no ciclo do ouro do rio Madeira, nos anos 1980. Eles se encontraram aqui, formaram família e eu fui gerado”. PERCEPÇÃO DA CIDADE Olhando a cidade hoje, após tantos ciclos, Luis Henrique acredita que Porto Velho está passando pelo maior período de asfaltamento das vias, gerando uma verdadeira transformação na estética da cidade. “Acredito também que o prefeito Hildon Chaves vai ser bem lembrado, assim como o Chiquilito Erse nos anos de 1990. Acredito que Hildon Chaves também vai ter esse destaque dentro da história local”. Formado em licenciatura em história pela Universidade Federal de Rondônia (Unir) e mestrando em História da Amazônia, Luis Henrique vem ganhando cada vez mais visibilidade em seu trabalho por meio de vídeos que contam a história regional em suas redes sociais. Texto: Augusto Soares Foto: Leandro Morais/ Wesley Pontes Superintendência Municipal de Comunicação (SMC) Fonte: Prefeitura de Porto Velho - RO ,   Read the full article
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rodrigosommerdesign · 4 years ago
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Quando o Rômulo Alexis nos fez o convite para fazermos a capa do disco da Rádio Diáspora e disse que o nome seria Negro Humor, antes mesmo dele explicar essa escolha, me veio a lembrança do sorriso dos povos do continente africano e, em seguida, uma frase que minha mãe disse (sem romantizar) em uma conversa que tivemos há alguns anos: “É impressionante como os negros estão sempre sorrindo, mesmo sentindo dor.” Na explicação do Rômulo, era o contrário disso.
Durante a semana, antes de ouvir o disco, comecei a pesquisar sobre a origem da palavra “humor negro” e me deparei com a história daquele desenho famoso, “Jim Crow”. O personagem era uma comparação pejorativa do corpo negro com o corvo. Dizem que é bem provável que o nome tenha vindo da música “Jump Jim Crow” interpretada pelo ator Thomas D. Rice, em 1832, com a face pintada de preto (blackface). Eu até conhecia essa história, mas não sabia que virou uma lei, e que esta impunha a segregação racial no sul dos Estados Unidos no período entre 1877 e 1964. Nessa pesquisa lembrei de uma história que uma pessoa me contou, sobre a importância do corvo na espiritualidade, e que ela disse que até viajou para outro país para tentar pegar uma pena de corvo, mas não conseguiu. Encontrei várias simbologias bonitas do corvo em outros países, bem diferentes dessa dos EUA.
Mudei o foco da pesquisa após ouvir o disco e me sentir incomodada com a repetição das palavras de umas das faixas, pensando no sentido de ter as palavras reprimidas, porque o racismo nos silencia o tempo todo. Eu até comentei com o Rômulo que na maioria das vezes em que sofremos o racismo, a voz não sai, e em resposta a isso, ele falou: “o som (do disco) é para exorcizar o racismo da nossa mente e deixar a gente pronto pra agir”. Fiquei com essa fala martelando na minha cabeça por alguns dias e senti que uma das referências seriam essas palavras.
Peguei todo o acervo de meus estudos dos símbolos dos tecidos do continente africano, coloquei em cima da mesa, e sentamos, o Sommer e eu, para ouvir o disco. Ouvimos em silêncio e ao final do som, começamos a conversar e a escrever e esboçar as ideias no papel. Nesse momento, não estava me sentindo à vontade de desenhar ali, na companhia dele, não por sua presença, mas porque senti um bloqueio, do tipo “estou criando uma arte com uma pessoa que trabalha com design há mais de 20 anos, será que vou conseguir?”
No dia seguinte nos reunimos novamente, colocamos o disco para ouvir de novo e voltamos a desenhar e a trocar ideias. Pra mim, o disco passa muito a ideia de oralidade, como nos cultos das religiões de matriz africana, em que, a meu ver, as palavras têm mais “importância”, de certa forma, do que a escrita. Essa foi uma das coisas que também me chamou a atenção.
Como o Sommer havia trabalhado a semana inteira até tarde para dar conta das entregas de trabalhos e poder dar a atenção que a capa merecia, ele resolveu ir deitar um pouco para descansar e me deixou desenhando. Me concentrei por alguns minutos e me lembrei da primeira imagem que me veio à cabeça logo que ouvi o nome do disco, lembrei da conversa que tive com o Rômulo e das referências que estavam sobre a mesa. Nesse momento o som do Tim Maia que estava tocando do outro lado da rua no último volume foi diminuindo até ficar tudo em silêncio, e eu senti uma paz absoluta. A sensação era como se eu tivesse entrado em contato com a minha ancestralidade, com algo além da minha presença ali, porque aquele desconforto de fazer uma arte com uma pessoa experiente ao meu lado havia sumido. Comecei então a desenhar e pintar com lápis de cor, algo que sempre tive dificuldade, desde a infância. Sommer chegou no estúdio na hora em que eu havia terminado um desenho. Expliquei para ele cada elemento, e então entendemos que a capa precisava mesmo de uma roupa, de estar vestida para – repetindo a frase do Rômulo – exorcizar o racismo e deixar a gente pronto pra agir, da mesma forma que, em alguns países do continente africano, os tecidos eram vestidos em cerimônias importantes.
Seguindo esse pensamento, a capa teve como inspiração as cores do azul índigo e do tecido natural do Adire Eleko, feito pelos povos Iorubá na Nigéria, e também a releitura dos símbolos do Bogolàn, feito em Mali. Os símbolos do Adire são pintados com goma de mandioca no tecido de algodão, que depois é tingido com a planta índigo. Já os símbolos do Bogolàn são pintados no tecido de algodão com pigmentos extraídos das plantas e com óxido de ferro da terra, que a medida em que permanece guardada por dias, meses ou anos, oxida e vai criando variações de tons, do mais claro para o mais escuro. Em ambos os tecidos, os povos africanos narram suas histórias de vida por meio de símbolos, assim como Negro Humor recebeu um símbolo representando cada faixa, criando uma narrativa que atravessa o disco.
O símbolo localizado na parte superior esquerda, repetido em 4 diferentes posições, corresponde à faixa 4 (Negro Humor): são conjuntos de semicírculos que simbolizam um palhaço triste (o ator Grande Otelo). Na parte inferior esquerda está o símbolo do lagarto, que representa força na cultura Iorubá e que incorpora o líder negro norteamericano Malcom X, nas faixas 5 (A.H.M. AL-SHABAZ.1) e 6 (A.H.M. AL-SHABAZ.2). Abaixo do lagarto há uma releitura de dois símbolos Yoruba – os dois triângulos que representam vasos, que significam vida, e o círculo preenchido entre eles, símbolo do ponto de força – que representa as faixas 2 (Mohamad Ali 1) e 3 (Mohamad Ali 2). À direita deles, a faixa 1 (Despacho) é representada por uma dupla de símbolos que se repetem verticalmente: o “Y” é a pata da galinha – o caminhar – e o triângulo espelhado, o tambor – a batida ritimada. Esses dois símbolos correspondem ao protesto do advogado Hélio Silva Junior, que no julgamento sobre a legalidade do sacrifício de animais em rituais e cultos das religiões de matriz africana, declara: “A vida de uma galinha da macumba vale mais do que a de jovens negros”. A faixa 7 (Meia-noite) é representada pelas fases da Lua, uma sequência de círculos e semicírculos preenchidos, e pelo galo, representado por um triângulo e um semicírculo na vertical.
O título NEGRO HUMOR é aplicado sobre a arte, de forma repetida, cobrindo parte tanto dos símbolos quanto do tecido e criando, de maneira análoga ao trabalho do duo no disco, uma série de ruídos e sobreposições que acabam construindo um ritmo visual, não linear como o as composições do disco – nas quais a parte instrumental e os recortes vocais, em repetição constante, ficam em uma disputa dinâmica em que ora um, ora a outra, ganham o protagonismo. Sommer criou a tipografia a partir do vazio deixado pelo desenho das letras, tentando de alguma maneira suprimir os símbolos da linguagem escrita, historicamente utilizada pelo branco europeu como argumento para a desvalorização da cultura dos povos do continente africano e seus descendentes, caracterizada pela oralidade, e simbolicamente ocupar esses vazios com um outro discurso.
Priscila Tâmara 31/03/2021
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blogdebrinquedo · 4 years ago
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Apoio de Livros Harry Potter Relíquias da Morte
Apoio de Livros Harry Potter
Olha que legal este novo apoio de livros da Enesco inspirado na série de filmes do Harry Potter. O Deathly Hallows Cast Iron Bookends Wizarding World of Harry Potter tem o formato do símbolo das Relíquias da Morte com o triângulo da capa da invisibilidade, o círculo da pedra da ressurreição e a reta representando a varinha das varinhas. É feito de ferro fundido para durar uma eternidade,…
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jbmagalhaesnetoblog · 5 years ago
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COISA MURCHA?
PODER DESIDRATADO?
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Seria natural, legítimo e até desejável que a articulação política de governo ficasse num único polo concentrador, mas, na prática, as perspectivas não são nada alvissareiras para quem corre sério risco de se internalizar na burocracia.
Era de se esperar que a perda de espaço fosse minimizada por quem tirou a força e negada por quem ficou sem ela: a compensação virá da caneta…
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venhaver · 4 years ago
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Venha ver o pôr do sol
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ELA SUBIU sem pressa a tortuosa ladeira. À medida que avançava, as casas iam rareando, modestas casas espalhadas sem simetria e ilhadas em terrenos baldios. No meio da rua sem calçamento, coberta aqui e ali por um mato rasteiro, algumas crianças brincavam de roda. A débil cantiga infantil era a única nota viva na quietude da tarde.
Ele a esperava encostado a uma árvore. Esguio e magro, metido num largo blusão azul-marinho, cabelos crescidos e desalinhados, tinham um jeito jovial de estudante. – Minha querida Raquel. Ela encarou-o, séria. E olhou para os próprios sapatos. – Vejam que lama. Só mesmo você inventaria um encontro num lugar destes. Que idéia, Ricardo, que idéia! Tive que descer do taxi lá longe, jamais ele chegaria aqui em cima.
Ele sorriu entre malicioso e ingênuo. – Jamais, não é? Pensei que viesse vestida esportivamente e agora me aparece nessa elegância…Quando você andava comigo, usava uns sapatões de sete-léguas, lembra? – Foi para falar sobre isso que você me fez subir até aqui? – perguntou ela, guardando as luvas na bolsa. Tirou um cigarro. – Hem?! – Ah, Raquel… – e ele tomou-a pelo braço rindo. – Você está uma coisa de linda. E fuma agora uns cigarrinhos pilantras, azul e dourado…Juro que eu tinha que ver uma vez toda essa beleza, sentir esse perfume. Então fiz mal? – Podia ter escolhido um outro lugar, não? – Abrandara a voz – E que é isso aí? Um cemitério? Ele voltou-se para o velho muro arruinado. Indicou com o olhar o portão de ferro, carcomido pela ferrugem. – Cemitério abandonado, meu anjo. Vivos e mortos, desertaram todos. Nem os fantasmas sobraram, olha aí como as criancinhas brincam sem medo – acrescentou, lançando um olhar às crianças rodando na sua ciranda. Ela tragou lentamente. Soprou a fumaça na cara do companheiro. Sorriu. – Ricardo e suas idéias. E agora? Qual é o programa? Brandamente ele a tomou pela cintura. – Conheço bem tudo isso, minha gente está enterrada aí. Vamos entrar um instante e te mostrarei o pôr do sol mais lindo do mundo. Perplexa, ela encarou-o um instante. E vergou a cabeça para trás numa risada. – Ver o pôr do sol!…Ah, meu Deus…Fabuloso, fabuloso!…Me implora um último encontro, me atormenta dias seguidos, me faz vir de longe para esta buraqueira, só mais uma vez, só mais uma! E para quê? Para ver o pôr do sol num cemitério… Ele riu também, afetando encabulamento como um menino pilhado em falta. – Raquel minha querida, não faça assim comigo. Você sabe que eu gostaria era de te levar ao meu apartamento, mas fiquei mais pobre ainda, como se isso fosse possível. Moro agora numa pensão horrenda, a dona é uma Medusa que vive espiando pelo buraco da fechadura… – E você acha que eu iria? – Não se zangue, sei que não iria, você está sendo fidelíssima. Então pensei, se pudéssemos conversar um instante numa rua afastada…- disse ele, aproximando-se mais. Acariciou-lhe o braço com as pontas dos dedos. Ficou sério. E aos poucos, inúmeras rugazinhas foram se formando em redor dos seus olhos ligeiramente apertados. Os leques de rugas se aprofundaram numa expressão astuta. Não era nesse instante tão jovem como aparentava. Mas logo sorriu e a rede de rugas desapareceu sem deixar vestígio. Voltou-lhe novamente o ar inexperiente e meio desatento –Você fez bem em vir. – Quer dizer que o programa… E não podíamos tomar alguma coisa num bar? – Estou sem dinheiro, meu anjo, vê se entende. – Mas eu pago. – Com o dinheiro dele? Prefiro beber formicida. Escolhi este passeio porque é de graça e muito decente, não pode haver passeio mais decente, não concorda comigo? Até romântico. Ela olhou em redor. Puxou o braço que ele apertava. – Foi um risco enorme Ricardo. Ele é ciumentíssimo. Está farto de saber que tive meus casos. Se nos pilha juntos, então sim, quero ver se alguma das suas fabulosas idéias vai me consertar a vida. – Mas me lembrei deste lugar justamente porque não quero que você se arrisque, meu anjo. Não tem lugar mais discreto do que um cemitério abandonado, veja, completamente abandonado – prosseguiu ele, abrindo o portão. Os velhos gonzos gemeram. – Jamais seu amigo ou um amigo do seu amigo saberá que estivemos aqui. – É um risco enorme, já disse . Não insista nessas brincadeiras, por favor. E se vem um enterro? Não suporto enterros. – Mas enterro de quem? Raquel, Raquel, quantas vezes preciso repetir a mesma coisa?! Há séculos ninguém mais é enterrado aqui, acho que nem os ossos sobraram, que bobagem. Vem comigo, pode me dar o braço, não tenha medo… O mato rasteiro dominava tudo. E, não satisfeito de ter se alastrado furioso pelos canteiros, subira pelas sepulturas, infiltrando-se ávido pelos rachões dos mármores, invadira alamedas de pedregulhos esverdinhados, como se quisesse com a sua violenta força de vida cobrir para sempre os últimos vestígios da morte. Foram andando vagarosamente pela longa alameda banhada de sol. Os passos de ambos ressoavam sonoros como uma estranha música feita do som das folhas secas trituradas sobre os pedregulhos. Amuada mas obediente, ela se deixava conduzir como uma criança. Às vezes mostrava certa curiosidade por uma ou outra sepultura com os pálidos medalhões de retratos esmaltados. – É imenso, hem? E tão miserável, nunca vi um cemitério mais miserável, é deprimente – exclamou ela atirando a ponta do cigarro na direção de um anjinho de cabeça decepada.- Vamos embora, Ricardo, chega. – Ah, Raquel, olha um pouco para esta tarde! Deprimente por quê? Não sei onde foi que eu li, a beleza não está nem na luz da manhã nem na sombra da tarde, está no crepúsculo, nesse meio-tom, nessa ambigüidade. Estou lhe dando um crepúsculo numa bandeja e você se queixa. – Não gosto de cemitério, já disse. E ainda mais cemitério pobre. Delicadamente ele beijou-lhe a mão. – Você prometeu dar um fim de tarde a este seu escravo. – É, mas fiz mal. Pode ser muito engraçado, mas não quero me arriscar mais. – Ele é tão rico assim? – Riquíssimo. Vai me levar agora numa viagem fabulosa até o Oriente. Já ouviu falar no Oriente? Vamos até o Oriente, meu caro… Ele apanhou um pedregulho e fechou-o na mão. A pequenina rede de rugas voltou a se estender em redor dos seus olhos. A fisionomia, tão aberta e lisa, repentinamente escureceu, envelhecida. Mas logo o sorriso reapareceu e as rugazinhas sumiram. – Eu também te levei um dia para passear de barco, lembra? Recostando a cabeça no ombro do homem, ela retardou o passo. – Sabe Ricardo, acho que você é mesmo tantã…Mas, apesar de tudo, tenho às vezes saudade daquele tempo. Que ano aquele! Palavra que, quando penso, não entendo até hoje como agüentei tanto, imagine um ano. – É que você tinha lido A dama das Camélias, ficou assim toda frágil, toda sentimental. E agora? Que romance você está lendo agora. Hem? – Nenhum – respondeu ela, franzindo os lábios. Deteve-se para ler a inscrição de uma laje despedaçada: – A minha querida esposa, eternas saudades – leu em voz baixa. Fez um muxoxo.- Pois sim. Durou pouco essa eternidade. Ele atirou o pedregulho num canteiro ressequido. Mas é esse abandono na morte que faz o encanto disto. Não se encontra mais a menor intervenção dos vivos, a estúpida intervenção dos vivos. Veja- disse, apontando uma sepultura fendida, a erva daninha brotando insólita de dentro da fenda -, o musgo já cobriu o nome na pedra. Por cima do musgo, ainda virão as raízes, depois as folhas…Esta a morte perfeita, nem lembrança, nem saudade, nem o nome sequer. Nem isso. Ela aconchegou-se mais a ele. Bocejou. – Está bem, mas agora vamos embora que já me diverti muito, faz tempo que não me divirto tanto, só mesmo um cara como você podia me fazer divertir assim – Deu-lhe um rápido beijo na face. – Chega Ricardo, quero ir embora. – Mais alguns passos… – Mas este cemitério não acaba mais, já andamos quilômetros! – Olhou para atrás. – Nunca andei tanto, Ricardo, vou ficar exausta. – A boa vida te deixou preguiçosa. Que feio – lamentou ele, impelindo-a para frente. – Dobrando esta alameda, fica o jazigo da minha gente, é de lá que se vê o pôr do sol. – E, tomando-a pela cintura: – Sabe, Raquel, andei muitas vezes por aqui de mãos dadas com minha prima. Tínhamos então doze anos. Todos os domingos minha mãe vinha trazer flores e arrumar nossa capelinha onde já estava enterrado meu pai. Eu e minha priminha vínhamos com ela e ficávamos por aí, de mãos dadas, fazendo tantos planos. Agora as duas estão mortas. – Sua prima também? – Também. Morreu quando completou quinze anos. Não era propriamente bonita, mas tinha uns olhos…Eram assim verdes como os seus, parecidos com os seus. Extraordinário, Raquel, extraordinário como vocês duas…Penso agora que toda a beleza dela residia apenas nos olhos, assim meio oblíquos, como os seus. – Vocês se amaram? – Ela me amou. Foi a única criatura que…- Fez um gesto. – Enfim não tem importância. Raquel tirou-lhe o cigarro, tragou e depois devolveu-o – Eu gostei de você, Ricardo. – E eu te amei. E te amo ainda. Percebe agora a diferença? Um pássaro rompeu o cipreste e soltou um grito. Ela estremeceu. – Esfriou, não? Vamos embora. – Já chegamos, meu anjo. Aqui estão meus mortos. Pararam diante de uma capelinha coberta de alto a baixo por uma trepadeira selvagem, que a envolvia num furioso abraço de cipós e folhas. A estreita porta rangeu quando ele a abriu de par em par. A luz invadiu um cubículo de paredes enegrecidas, cheias de estrias de antigas goteiras. No centro do cubículo, um altar meio desmantelado, coberto por uma toalha que adquirira a cor do tempo. Dois vasos de desbotada opalina ladeavam um tosco crucifixo de madeira. Entre os braços da cruz, uma aranha tecera dois triângulos de teias já rompidas, pendendo como farrapos de um manto que alguém colocara sobre os ombro do Cristo. Na parede lateral, à direita da porta, uma portinhola de ferro dando acesso para uma escada de pedra, descendo em caracol para a catacumba. Ela entrou na ponta dos pés, evitando roçar mesmo de leve naqueles restos da capelinha. – Que triste é isto, Ricardo. Nunca mais você esteve aqui? Ele tocou na face da imagem recoberta de poeira. Sorriu melancólico. – Sei que você gostaria de encontrar tudo limpinho, flores nos vasos, velas, sinais da minha dedicação, certo? – Mas já disse que o que eu mais amo neste cemitério é precisamente esse abandono, esta solidão. As pontes com o outro mundo foram cortadas e aqui a morte se isolou total. Absoluta. Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento. – E lá embaixo? – Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola e desceu a escada. Aproximou-se de uma gaveta no centro da parede, segurando firme na alça de bronze, como se fosse puxá-la. – A cômoda de pedra. Não é grandiosa? Detendo-se no topo da escada, ela inclinou-se mais para ver melhor. – Todas estas gavetas estão cheias? – Cheias?…- Sorriu.- Só as que tem o retrato e a inscrição, está vendo? Nesta está o retrato da minha mãe, aqui ficou minha mãe- prosseguiu ele, tocando com as pontas dos dedos num medalhão esmaltado, embutido no centro da gaveta. Ela cruzou os braços. Falou baixinho, um ligeiro tremor na voz. – Vamos, Ricardo, vamos. – Você está com medo? – Claro que não, estou é com frio. Suba e vamos embora, estou com frio! Ele não respondeu. Adiantara-se até um dos gavetões na parede oposta e acendeu um fósforo. Inclinou-se para o medalhão frouxamente iluminado: – A priminha Maria Emília. Lembro-me até do dia em que tirou esse retrato. Foi umas duas semanas antes de morrer… Prendeu os cabelos com uma fita azul e vejo-a se exibir, estou bonita? Estou bonita?…- Falava agora consigo mesmo, doce e gravemente.- Não, não é que fosse bonita, mas os olhos…Venha ver, Raquel, é impressionante como tinha olhos iguais aos seus. Ela desceu a escada, encolhendo-se para não esbarrar em nada. – Que frio que faz aqui. E que escuro, não estou enxergando… Acendendo outro fósforo, ele ofereceu-o à companheira. – Pegue, dá para ver muito bem…- Afastou-se para o lado.- Repare nos olhos. – Mas estão tão desbotados, mal se vê que é uma moça…- Antes da chama se apagar, aproximou-a da inscrição feita na pedra. Leu em voz alta, lentamente.- Maria Emília, nascida em vinte de maio de mil oitocentos e falecida…- Deixou cair o palito e ficou um instante imóvel – Mas esta não podia ser sua namorada, morreu há mais de cem anos! Seu menti… Um baque metálico decepou-lhe a palavra pelo meio. Olhou em redor. A peça estava deserta. Voltou o olhar para a escada. No topo, Ricardo a observava por detrás da portinhola fechada. Tinha seu sorriso meio inocente, meio malicioso. – Isto nunca foi o jazigo da sua família, seu mentiroso? Brincadeira mais cretina! – exclamou ela, subindo rapidamente a escada. – Não tem graça nenhuma, ouviu? Ele esperou que ela chegasse quase a tocar o trinco da portinhola de ferro. Então deu uma volta à chave, arrancou-a da fechadura e saltou para trás. – Ricardo, abre isto imediatamente! Vamos, imediatamente! – ordenou, torcendo o trinco.- Detesto esse tipo de brincadeira, você sabe disso. Seu idiota! É no que dá seguir a cabeça de um idiota desses. Brincadeira mais estúpida! – Uma réstia de sol vai entrar pela frincha da porta, tem uma frincha na porta. Depois, vai se afastando devagarinho, bem devagarinho. Você terá o pôr do sol mais belo do mundo. Ela sacudia a portinhola. – Ricardo, chega, já disse! Chega! Abre imediatamente, imediatamente!- Sacudiu a portinhola com mais força ainda, agarrou-se a ela, dependurando-se por entre as grades. Ficou ofegante, os olhos cheios de lágrimas. Ensaiou um sorriso. – Ouça, meu bem, foi engraçadíssimo, mas agora preciso ir mesmo, vamos, abra… Ele já não sorria. Estava sério, os olhos diminuídos. Em redor deles, reapareceram as rugazinhas abertas em leque. – Boa noite, Raquel. – Chega, Ricardo! Você vai me pagar!… – gritou ela, estendendo os braços por entre as grades, tentando agarrá-lo.- Cretino! Me dá a chave desta porcaria, vamos!- exigiu, examinando a fechadura nova em folha. Examinou em seguida as grades cobertas por uma crosta de ferrugem. Imobilizou-se. Foi erguendo o olhar até a chave que ele balançava pela argola, como um pêndulo. Encarou-o, apertando contra a grade a face sem cor. Esbugalhou os olhos num espasmo e amoleceu o corpo. Foi escorregando. – Não, não… Voltado ainda para ela, ele chegara até a porta e abriu os braços. Foi puxando as duas folhas escancaradas. – Boa noite, meu anjo. Os lábios dela se pregavam um ao outro, como se entre eles houvesse cola. Os olhos rodavam pesadamente numa expressão embrutecida. – Não… Guardando a chave no bolso, ele retomou o caminho percorrido. No breve silêncio, o som dos pedregulhos se entrechocando úmidos sob seus sapatos. E, de repente, o grito medonho, inumano: – NÃO! Durante algum tempo ele ainda ouviu os gritos que se multiplicaram, semelhantes aos de um animal sendo estraçalhado. Depois, os uivos foram ficando mais remotos, abafados como se viessem das profundezas da terra. Assim que atingiu o portão do cemitério, ele lançou ao poente um olhar mortiço. Ficou atento. Nenhum ouvido humano escutaria agora qualquer chamado. Acendeu um cigarro e foi descendo a ladeira. Crianças ao longe brincavam de roda.
Lygia Fagundes Telles In:.Antes do Baile Verde. 1970.
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