#La Jangada
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Don’t you hate it when you’re wrestling electric eels on the bottom of the Amazon River when the bloated corpse of your archenemy is dislodged by the cannonfire of a passing ship causing it to rise straight up through the water column like a soul ascending into Heaven?
Illustration by Benett from La Jangada (Eight Hundred Leagues on the Amazon), by Jules Verne, 1881.
#Jules Verne#La Jangada#electric eels#this one is less about science and more about... codes and ciphers? What???#books
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Pensando a se stessi pensanti
Certi nostri pensieri sono così, servono solo a occupare, precedendoli, il posto di altri che ci darebbero molto più da pensare.
J. Saramago, [A jangada de pedra, 1986], La zattera di pietra, Milano, Feltrinelli, 2010 [Trad. R. Desti]
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Desatar Pesos Âncoras Coirmãs, Desacelerar Todo o Incidente
Várias vezes eu vivi de desembaraçar fios Desmembrar memórias antes de partir Queimar minhas mitologias frágeis Antecedê-las um sorriso fúnebre
Verter indiscrições em espelhos Remodelar pronomes de tratamento Teu homem constrói deuses do tédio Silêncio, germinaram outro entre a sala de espera
Restos do naufrágio pelo corredor Uma mistura de joias e segredos Resgatadas nas frestas daquele beijo Um novelo de línguas tentando se separar
Abandonou os esqueletos Daquilo que foi atendido como íntimo Outra vez, areias comiam suas pupilas E aranhas marchavam sob sua pele
Recordar é vagar por labirintos Temendo o regresso da besta O seu cheiro é o meu cheiro Sua imagem é um imã em mim
Atraído por um rio de águas turvas Onde cada parte minha foi lavar um pecado A margem e se sujeitar a redenção Eis minha língua, meus olhos e ouvidos úmidos
Vesti o corpo de todos os esquecidos E dancei para aqueles que se esqueceram E me tivera como se fosse uma jangada Na deriva de um mar de personagens
Performando os seus anos de ouro Afogando maldições na baia da cidade Desatando os fios de âncoras Abrigando cada rejeitado em meu peito
#inutilidadeaflorada#poema#poesia#pierrot ruivo#projetoflorejo#carteldapoesia#novospoetas#conhecencia#mentesexpostas#espalhepoesias#projetoalmaflorida#poecitas#lardepoetas#pequenosescritores#liberdadeliteraria#pequenosautores#projetoartelivre#arquivopoetico#rascunhosescondidos#projetonovosautores#poetizador#projetomardeescritos#quandoelasorriu#projetovelhopoema#literaturabrasileira#projetonaflordapele#projetoversografando
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Jose Saramago. Portuguese writer.
His distinctive lack of traditional punctuation, including periods and quotation marks, contributed to the immersive and distinct nature of his storytelling. Best known for his unique narrative style characterized by long, flowing sentences and his exploration of philosophical and social themes.
Beyond "Blindness," Saramago wrote other notable works such as "The Gospel According to Jesus Christ" (1991), "The Stone Raft" (1986), "Death with Interruptions" (2005), and "Baltasar and Blimunda" (1982). His writing delved deeply into human nature, politics, power dynamics, and existential questions.
Saramago was awarded the Nobel Prize in Literature in 1998 for his unique literary achievements, making him the first Portuguese-language writer to receive this prestigious honor. His legacy endures through his thought-provoking storytelling and his distinctive, unconventional narrative style that continues to captivate readers worldwide.
Saramago's writing often challenged conventional literary norms. Born on November 16, 1922, in Azinhaga.
Intimidad En el corazón de la mina más secreta, En el interior del fruto más distante, En la vibración de la nota más discreta, En la caracola espiral y resonante, En la capa más densa de pintura, En la vena que en el cuerpo más nos sonde, En la palabra que diga más blandura, En la raíz que más baje, más esconda, En el silencio más hondo de esta pausa, Donde la vida se hizo eternidad, Busco tu mano y descifro la causa De querer y no creer, final, intimidad.
Traducción de Ángel Campos Pámpano
#edisonmariotti .br
José Saramago. Escritor português.
Sua distinta falta de pontuação tradicional, incluindo pontos e aspas, contribuiu para a natureza imersiva e distinta de sua narrativa. Mais conhecido por seu estilo narrativo único, caracterizado por frases longas e fluidas e pela exploração de temas filosóficos e sociais.
Além de “Cegueira”, Saramago escreveu outras obras notáveis como “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” (1991), “A Jangada de Pedra” (1986), “Morte com Interrupções” (2005) e “Baltasar e Blimunda” (1982). ). Seus escritos mergulharam profundamente na natureza humana, na política, na dinâmica do poder e nas questões existenciais.
Saramago recebeu o Prémio Nobel de Literatura em 1998 pelas suas realizações literárias únicas, tornando-o o primeiro escritor de língua portuguesa a receber esta prestigiosa honraria. Seu legado perdura por meio de sua narrativa instigante e de seu estilo narrativo distinto e não convencional que continua a cativar leitores em todo o mundo.
A escrita de Saramago desafiou frequentemente as normas literárias convencionais. Nasceu a 16 de Novembro de 1922, na Azinhaga.
Intimidad En el corazón de la mina más secreta, En el interior del fruto más distante, En la vibración de la nota más discreta, En la caracola espiral y resonante, En la capa más densa de pintura, En la vena que en el cuerpo más nos sonde, En la palabra que diga más blandura, En la raíz que más baje, más esconda, En el silencio más hondo de esta pausa, Donde la vida se hizo eternidad, Busco tu mano y descifro la causa De querer y no creer, final, intimidad.
Traducción de Ángel Campos Pámpano
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São Miguel dos Milagres, Alagoas: Uma Joia Brasileira do Litoral Nordestino
O Brasil é amplamente reconhecido por suas praias espetaculares. De norte a sul, o país oferece uma infinidade de destinos litorâneos que atraem milhões de turistas todos os anos. Mas, dentre todos esses paraísos tropicais, São Miguel dos Milagres, localizado no estado de Alagoas, destaca-se como uma verdadeira joia rara. Localização e Acesso Situada na chamada Costa dos Corais, São Miguel dos Milagres é um dos destinos mais cobiçados do litoral alagoano. Situado a aproximadamente 100 km da capital Maceió, o local é acessível principalmente pela AL-101, que corta boa parte do litoral do estado. Paisagem Natural e Preservação Uma das características mais notáveis de São Miguel dos Milagres é sua paisagem quase intocada. As praias de águas cristalinas, em tons esverdeados e azulados, contrastam com os coqueirais que se estendem ao longo da orla. Essa paisagem paradisíaca é fruto da dedicação dos moradores e de políticas públicas que visam a preservação do meio ambiente e do ecossistema local. A região é parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, a maior unidade de conservação federal marinha costeira do Brasil. Isso significa que diversas atividades na região são controladas para garantir a preservação do ambiente natural. Passeios e Atividades O turismo em São Miguel dos Milagres é voltado, principalmente, para aqueles que buscam tranquilidade. As piscinas naturais formadas pelos corais são um dos grandes atrativos. Durante a maré baixa, é possível acessá-las por meio de jangadas, proporcionando aos visitantes um mergulho único, cercado por peixes coloridos e uma biodiversidade marinha impressionante. Além das praias, a região oferece um passeio pela Rota Ecológica, uma série de estradas de terra que interligam pequenas vilas e praias, proporcionando um contato ainda mais íntimo com a natureza e com a cultura local. Cultura e Hospitalidade A hospitalidade do povo alagoano é, por si só, um dos grandes atrativos de São Miguel dos Milagres. A simplicidade e alegria dos moradores locais tornam a experiência ainda mais rica. Festas tradicionais, como a Festa do Coco, são oportunidades para os visitantes se imergirem na cultura e nas tradições locais. Conclusão São Miguel dos Milagres é mais do que apenas um destino turístico; é um refúgio onde a natureza e a cultura coexistem harmoniosamente. Para aqueles que buscam uma experiência única de conexão com a natureza e com as tradições brasileiras, esse cantinho de Alagoas é, sem dúvida, um destino imperdível. Leia: Explorando as Maravilhas da Chapada Diamantina, Bahia Read the full article
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PRÉSTA LA ORQUESTA | ISBC
Veinte años no es nada vivir, con el dulce recuerdo de los batmanes y cerdos que se volvieron gastada.
Más aun, me conservo para la ocación más arriesgada donde se presta una alzada manera de ser fiel cuervo.
Sera un cien o un diez, vos ¿sos una jerga prestada? A mi mepa que la jangada acaricia su ensueño, precoz.
Por una décima o dos, ¡haré un banquero e' mi almohada!
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O sucesso é uma experiencia coletiva.
Comecei a velejar exatamente a 40 anos atrás e inicialmente competindo na Classe Hobie Cat 16, um pequeno catamaran. Em 1993 interrompi a minha carreira na noite Paulistana (Singapore Sling, AeroAnta, Olivia) para me lançar em um projeto muito arrojado, velejar de Miami à Ilhabela em um barco a vela sem cabine, sem motor ou proteção (Hobiecat 21 pés).
Foi uma viagem de 289 dias, onde fizemos mais de 100 paradas em ilhas do Caribe, Floresta Amazônica e praias da costa brasileira.
Depois desta primeira viagem a minha vida mudou muito, pois comecei a perceber que estas jangadas modernas com toda a sua limitação estavam abrindo um universo de aprendizados imensos.
Vieram mais 7 viagens e resumindo velejamos da Antártica a Groenlândia, cruzamos o Oceano Pacífico, o Oceano Atlântico e no ano passado velejamos ao Norte do Canadá pela Passagem Noroeste com o objetivo de produzirmos um filme sobre mudanças climáticas no Ártico.
Possivelmente eu sou o velejador que mais navegou em um barco aberto pelo planeta, e o que eu aprendi ao longo destas jornadas.
Um dos grandes aprendizados foi sobre gestão de riscos, e todos os seus desdobramentos, inclusive de como lidar com a carga emocional para tomada de decisão sobre pressão.
Porque alguém aceita iniciar um projeto de uma travessia sabendo que as chances de sucesso estão em torno de 5%?
Um exemplo prático foi quando o mundo foi pego de surpresa com a pandemia e o lockdown, onde pude observar como a maior parte das pessoas lidaram muito mal. Este foi outro aprendizado que estes pequenos barcos impuseram a nós; como lidar bem com o confinamento por longos períodos sabendo que os recursos eram escassos, os riscos altos e tínhamos que chegar com saúde do outro lado do oceano.
Quando você se propõe a fazer algo nunca realizado, e tem poucas referências para iniciar um estudo, o seu trabalho necessariamente terá que visitar a autoconfiança. Inicialmente a confiança em montar uma equipe de alta performance, e a partir deste ponto definir claramente as metas do projeto, e contaminá-los com o seu entusiasmo. Todas as oito viagens terminaram com êxito, mesmo contrariando as chances de dar certo.
O SUCESSO É UMA EXPERIÊNCIA COLETIVA. Nunca fui eu, sempre fomos nós. Nunca fomos somente os dois tripulantes, fomos uma grande equipe. Quando um membro da equipe contribui de forma positiva ele teve êxito, mas quando a equipe leva o barco para o seu destino, ela teve sucesso.
O sucesso não tem relação com a fama e o reconhecimento público. O sucesso é uma construção constante da consciência de um grupo que reconhece que o trabalho de cada membro da equipe é um ponto de observação relevante, pois ele traz um olhar diferente de como lidar com a mesma situação.
Não creio que devamos aceitar a diversidade simplesmente. Devemos compreendê-la e dentro deste entendimento é possível ter um rendimento muito alto
É possível ir muito mais longe do que imaginamos com muito menos do que sonhamos
Beto Pandiani
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Assistir Filme O Livro do Amor Online fácil
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O Livro do Amor - Filmes Online Fácil
Se sentindo incapaz de lidar com a dor de perder sua esposa recentemente, um arquiteto decide fazer amizade com uma menina introvertida e concorda em ajudá-la a construir uma jangada para atravessar o Atlântico.
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loren estava caminhando em direção ao mar , os pés afundando na areia a cada passo . a brisa salgada o envolvia , e ele tentava focar em qualquer coisa que não fosse a crescente sensação de estar preso naquele lugar . a voz de irina o atingiu como uma onda gelada , trazendo-o de volta à realidade . parou abruptamente , girando nos calcanhares para encará-la . ❛ olha , eu não estava exatamente indo enfrentar tubarões . só estava ... checando a temperatura da água , sabe ? ❜ disse , tentando manter um tom despreocupado . loren odiava admitir que estava errado , e preferia inventar qualquer desculpa do que ceder à lógica de irina . deu alguns passos para longe da água , voltando para onde a garota estava . ❛ ok , talvez eu tenha subestimado um pouco a situação . ❜ suspirou dramaticamente , levantando as mãos em um gesto de rendição . ❛ então , qual é o plano ? porque , honestamente , minha ideia envolve improvisar uma jangada com algumas palmeiras e tentar a sorte em alto-mar . mas acho que você deve ter algo mais sensato em mente . ❜
@hiloren said ❛ 𝑖 𝑑𝑜𝑛'𝑡 ℎ𝑎𝑣𝑒 𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑏𝑙𝑒𝑚. 𝑦𝑜𝑢 𝑑𝑜, 𝑜𝑡ℎ𝑒𝑟𝑤𝑖𝑠𝑒 𝑤𝑒 𝑤𝑜𝑢𝑙𝑑𝑛'𝑡 𝑏𝑒 ℎ𝑎𝑣𝑖𝑛𝑔 𝑡ℎ𝑖𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛. ❜
bem, para ser justa, hawkins estava certo. em mais maneiras do que queria admitir. ela tinha um problema. mais de um para ser exata. muito provavelmente estava foragida da polícia, presa em um mundo de conto de fadas que ela não tinha a mais vaga idéia de como funcionava, sem contar uma infinidade de problemas com o pai e com a mãe que deixaria qualquer terapeuta de cabelo em pé, mas não era esse o ponto. — tudo bem, eu ia dizer que não podemos ir embora porque tem tubarões assassinos na água, mas se quiser enfrentar isso sozinho, be my guest. — ela cruzou os braços, como uma criança de seis anos faria, confrontando o loiro com os olhos escuros entreabertos e sobrancelhas arqueadas. — ou você pode só assumir que temos um problema e lidar com isso juntos.
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Jules Verne - La Jangada
➽ Découvrez la première et la dernière phrase du livre de Jules Verne "La Jangada¨ ✅ L'Alpha & l'Omega publié tous les dimanche matin sur Primaluxes.com 😎
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#Alpha & Omega#Citations#dernière phrase#Eric Bouf#Jules Verne#La Jangada#première phrase#Primalux.fr
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Nominativo
[...] occorrono due condizioni perché le cose esistano, che l’uomo le veda e dia loro un nome.
J. Saramago, [A jangada de pedra, 1986], La zattera di pietra, Milano, Feltrinelli, 2010 [Trad. R. Desti]
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Os 75 anos da Expedição Kon-Tiki: homenagem e tributo a Thor Heyerdahl nos 20 anos de sua morte (parte 6)
Por Claudio Tsuyoshi Suenaga
Olav Heyerdahl (nascido em 1977) cresceu ouvindo as histórias contadas por seu avô Thor Heyerdahl. Quando a Expedição Kon-Tiki estava às vésperas de completar sessenta anos, Olav resolveu ao mesmo tempo homenageá-la e desempenhar seu próprio papel na saga. A maneira que encontrou para fazer isso foi construir uma jangada de madeira de pau-de-balsa da mesma maneira como o seu avô e com ela percorrer o mesmo trajeto da Kon-Tiki.
Olav Heyerdahl
A Expedição Tangaroa (The Tangaroa Expedition), como foi batizada, em referência ao deus do mar maori Tangaroa, tornou-se possível graças ao apoio financeiro de vários patrocinadores, entre eles Branding Larvik, Skagen Fondene e AGR, além do apoio da Universidade de Bergen, na Noruega, e do auxílio prestado pela Marinha Peruana e pela SIMA (Servicio Industrial de la Marina).
A equipe foi novamente composta por seis homens, sendo quatro noruegueses, um sueco e um peruano: Torgeir Sæverud Higraff (historiador, engenheiro mecânico e líder da expedição), Anders Berg (fotógrafo sueco), Olav Heyerdahl (carpinteiro, engenheiro civil, mergulhador e neto de Thor), Bjarne Krekvik (capitão), Øyvin Lauten (diretor-executivo) e Roberto Sala (ex-oficial da Marinha Peruana e especialista em navegação).
Os troncos foram cortados assim como antes nas florestas do Equador em novembro de 2004 e selecionados em fevereiro de 2005. Enquanto a Kon-Tiki usou nove troncos (lembrando que o mais longo media 13,70 metros de comprimento), a Tangaroa usou onze, sendo que o mais longo media 16 metros, enquanto os demais 14 metros. Apesar da madeira ser das mais leves, ainda assim os troncos pesavam juntos mais de 20 toneladas.
A construção da balsa Tangaroa começou na primavera de 2006. Como se fez na Kon-Tiki, cordas de cânhamo foram usadas para amarrar os troncos e as vigas transversais sem que fosse preciso apelar para um único prego, parafuso ou fio de arame. A cabine de bambu foi feita desta vez em estrutura reforçada para resistir a ondas gigantes e tempestades. O telhado e as paredes da cabine, bem como o deque, foram cobertos com esteiras de totora vindas de Puno (cidade no sudeste do Peru, às margens do Lago Titicaca).
Em relação à que foi usada na Kon-Tiki, a vela quadrada foi consideravelmente ampliada e aperfeiçoada. Enquanto a predecessora media 4,60 metros de altura por 5,50 metros de largura, a atual media 16 metros de altura por 8 metros de largura, possuía maior aderência e permitia até mesmo que navegassem contra o vento.
As nove pranchas guara medindo 4 metros de comprimento por 50 centímetros de largura podiam ser elevadas ou abaixadas de modo a orientar a balsa na direção desejada, enquanto que as cinco utilizadas na Kon-Tiki (medindo 1,50 metros por 60 centímetros) eram fixas e não podiam ser elevadas ou abaixadas. Na época, Heyerdahl não sabia como usar as guaras para manobrar a balsa. Destarte, sua tripulação estava totalmente à mercê dos ventos. Somente anos mais tarde, em 1953, é que Heyerdahl compreendeu o seu engenhoso mecanismo de funcionamento, que consiste em elevar ou abaixar as pranchas de acordo com as condições específicas do vento para manter a balsa na direção desejada.
A tripulação da Tangaroa soube aproveitar-se muito bem disso e dispondo de todo o aparato tecnológico do século XXI do qual não abriram mão (GPS, painéis solares, notebooks e aparelhos de dessalinização), reduziu sensivelmente a sua estadia no mar. Enquanto a tripulação da Kon-Tiki lutava diariamente para enviar notícias por meio de um transmissor de ondas curtas, a da Tangaroa atualizava as informações diretamente em seu website.
Na sexta-feira, dia 28 de abril de 2006, a Expedição Tangaroa iniciou sua longa jornada rumo a Polinésia, no mesmo local (Porto de Callao) e na mesma data em que Thor Heyerdahl partiu com a Kon-Tiki em 1947. As muitas bandeiras içadas representavam as nacionalidades dos tripulantes (Noruega, Suécia e Peru), bem como os países participantes da expedição (Equador e Polinésia Francesa), além da Comunidade de Larvik, na Noruega.
Quando a Kon-Tiki estava a meio caminho através do Pacífico, a tripulação pescou uma cavalinha-serpente (Gempylus Serpens), espécie rara de peixe jamais capturada viva. Por uma estranha coincidência, a Expedição Tangaroa capturou uma amostra semelhante, quase nas mesmas coordenadas, 59 anos depois.
Olav, que também fazia parte da Expedição Plastiki, que procurava chamar a atenção para a saúde dos nossos oceanos, particularmente para a grande quantidade de detritos plásticos, comparou as condições do Pacífico à época da expedição de seu avô com as daquele momento e constatou significativas e tristes mudanças. A Corrente de Humboldt estava repleta de lixo e detritos diversos. Enquanto a tripulação da Kon-Tiki pescava atum às fartas, a da Tangaroa só conseguiu capturar um único atum durante toda a viagem. Pior ainda em relação aos tubarões e as baleias, que costumavam rodear constantemente a Kon-Tiki, enquanto a Tangaroa não chegou a avistar nem um único exemplar deles.
Tangaroa chegou a cobrir em um só dia a distância de mais de 80 milhas náuticas (148 quilômetros), superando o recorde de velocidade da Kon-Tiki. Esta segunda expedição mostrou que a viagem pode ser feita bem mais rapidamente apenas aproveitando melhor as correntes e os ventos por meio de uma vela maior e do uso adequado das pranchas guara.
Assim é que enquanto a Kon-Tiki levou 101 dias para completar a viagem, a Tangaroa foi um mês mais rápida, desembarcando no Atol de Raroia em 8 de julho. A viagem foi feita sem conflitos, situações dramáticas ou incidentes. Os tripulantes disseram que agora eram melhores amigos do que quando haviam iniciado a jornada. Um muito orgulhoso Thor Heyerdahl Jr. saudou seu filho mais novo Olav com estas palavras: “A expedição foi planejada e realizada de uma maneira que superou todas as expectativas, e eu sei que meu pai teria ficado muito orgulhoso se tivesse vivido para ver esta expedição.”
Com imagens de Anders Berg e direção de Havard Jenssen, o documentário A Tangaroa Expedition (Ekspedisionen Tangaroa) foi lançado em DVD em 2007.
youtube
As teorias de Heyerdahl, a despeito de tantos indícios e provas a favor, continuam a ser contestadas, por vezes de forma virulenta, no meios científicos-acadêmicos. Enquanto a noção de migração através do Pacífico já não é um anátema, o da migração cultural transatlântica continua sendo controversa, em parte porque, como é usualmente aceito, as grandes civilizações da América do Sul floresceram muito tempo depois das do Egito e do Oriente Médio. De qualquer forma, suas viagens pelos oceanos o convenceram da unidade essencial da humanidade (“O oceano não nos separa, mas nos une”, disse ele), bem como o de que bem antes dos europeus, antigas culturas do Oriente Médio, do norte da África, da Ásia e da América do Sul já andavam a “civilizar” o mundo espalhando as suas influências nos campos da arquitetura, da astronomia e da religião. E é precisamente isso que pretendo provar navegando com uma réplica de um barco faraônico do Egito ao Brasil.
Inspirado em Heyerdahl, concebi o projeto de construir uma réplica, a mais exata possível, de um navio egípcio empregando materiais semelhantes e obedecendo aos mesmos princípios, técnicas e padrões utilizados pelos antigos egípcios, para com ele partir do Porto de Safaga (nas coordenadas 26º 44 N, 33º 56 E), navegar pelo Mar Vermelho, contornar a costa oriental da África e o Cabo da Boa Esperança, cruzar o Oceano Atlântico e finalmente desembarcar no Porto do Rio de Janeiro (nas coordenadas 22 54’ 23” S, 43 10’ 22” O) ou em algum outro ancoradouro carioca como o Porto de Itaguaí (antigo Porto de Sepetiba, na cidade de Itaguaí), o Porto de Niterói (na Baía de Guanabara, centro da cidade de Niterói), o Porto de Angra dos Reis (na cidade de Angra dos Reis, sul do Rio de Janeiro) ou o Porto do Forno (na extremidade norte da Praia dos Anjos, na cidade de Arraial do Cabo, sudeste do litoral carioca).
Via Cabo da Boa Esperança, a distância de 8.863 milhas náuticas (16.414 quilômetros) entre o Porto de Safaga e o Rio de Janeiro, a uma velocidade média de 5 nós (9,25 km/h), pode ser coberta, sem paradas e salvo complicações, em torno de 74 dias. Como é nossa intenção realizar vários estudos e pesquisas adicionais pelo caminho, calculamos o tempo da viagem em no mínimo 90 e no máximo 150 dias. A jornada seria bastante abreviada caso optássemos pela via do Canal de Suez e do Estreito de Gibraltar, já que a distância se reduziria a 6.646 milhas náuticas (12.308 quilômetros). À mesma velocidade média de 5 nós, o tempo da viagem ficaria em torno de 55 dias. Contudo, como essa rota já foi percorrida pela Expedição Rá II de Thor Heyerdahl em 1970, bem como considerando que as viagens marítimas egípcias se faziam pela rota do Mar Vermelho, preferimos o caminho mais longo. Para efeito de comparação, a distância do Brasil ao Egito via aérea é de 4.375 milhas (7.041 quilômetros). Um voo comercial normal entre o Brasil e o Egito leva em torno de 8 horas e 45 minutos, a uma velocidade média de 434 nós (805 km/h).
Tal périplo indicaria a viabilidade de os antigos egípcios terem realizado a mesma viagem naqueles tempos ao menos uma vez, o que explicaria os vários indícios arqueológicos da presença daquela cultura em nosso país e no continente americano.
Por extensão, reforçaríamos a possibilidade de os egípcios terem estabelecido uma autêntica “civilização global” já naqueles tempos, o que explicaria os surpreendentes paralelos culturais – como a crença na ressurreição do mortos, a mumificação, a construção de pirâmides escalonadas, calendários e hieróglifos – em todos os continentes. Cairia por terra, consequentemente, ou ao menos desmentiríamos parcialmente a falsa noção de que os egípcios não eram grandes navegadores como os fenícios ou os gregos e que quase não se aventuraram nas suas embarcações para além do curso do Nilo ou das proximidades da costa africana.
Pelo que se tem notícia, nenhuma expedição marítima egípcia ousou ir mais longe do que a do faraó Necho II (660 a.C.-593 a.C.), que governou o Egito a partir de 610 a.C., durante a 26ª Dinastia. Necho II mandou fazer um canal que ligava o braço oriental do Nilo ao Mar Vermelho e organizou uma expedição com uma tripulação mista de fenícios e egípcios, liderado pelo fenício Hanon, para circunavegar o continente africano, antecipando-se em dois milênios e um século ao navegador e explorador português Vasco da Gama (1460 ou 1469-1524), que em 1498 se destacou por ter sido o comandante dos primeiros navios europeus a navegar da Europa para a Índia, no que contornou a costa ocidental, a extremidade sul e a costa oriental do continente africano para assim aceder às riquezas da Índia. A expedição egípcio-fenícia saiu do Mar Vermelho, contornou toda a costa africana e três anos depois retornou ao Egito pelo Mar Mediterrâneo.
Se não restam dúvidas de que antigos egípcios construíram grandes e elaborados barcos para navegar ao longo do Rio Nilo e do Mar Vermelho, a questão agora é saber se atravessaram o Oceano Atlântico e chegaram ao continente americano, particularmente ao Brasil. Indícios arqueológicos diversos a indicar que não só desembarcaram mas procuraram estabelecer sua cultura também por aqui, não tem sido aceitos pela arqueologia oficial sob o argumento cada vez mais superado e falacioso de que não possuíam nem técnicas nem conhecimentos náuticos suficientes para cruzar oceanos. O nosso objetivo é provar exatamente o contrário.
Saiba mais sobre o Projeto Sahuré e junte-se a nós nesta empreitada.
Suenaga, Cláudio Tsuyoshi. "Projeto Sahuré: Expedição Marítima - Do Egito ao Brasil com um navio da época dos faraós".
Aqui estão algumas frases de Thor Heyerdahl. O mundo seria um lugar melhor se todos nós as ouvíssemos com atenção:
"Fronteiras? Eu nunca vi uma, mas ouvi dizer que elas existem na mente de algumas pessoas.”
“O progresso é a capacidade do homem de complicar a simplicidade.”
“Não se pode comprar uma passagem para o paraíso, é preciso encontrá-la dentro de si.”
“Aprende-se mais ouvindo do que falando. E tanto o vento quanto as pessoas que continuam a viver perto da natureza ainda têm muito a nos dizer que não podemos ouvir dentro dos muros da universidade.”
“Porque a cada minuto, o futuro está se tornando o passado.”
“Vivemos em uma época em que achamos que tudo é tecnologia, tudo é apertar botões, tudo é economia, e estamos perdendo de vista a realidade.”
“Também é mais raro encontrar a felicidade em um homem cercado pelos milagres da tecnologia do que entre pessoas que vivem no deserto e na selva, e que pelos padrões estabelecidos por nossa sociedade, seriam consideradas indigentes e fora de alcance.”
“A civilização cresceu no início a partir do momento em que tivemos comunicação – particularmente a comunicação por mar que permitiu às pessoas obter inspiração e ideias umas das outras e trocar matérias-primas básicas.”
“Uma nação civilizada não pode ter inimigos, e não se pode traçar uma linha em um mapa, uma linha que nem existe na natureza, e dizer que o inimigo feio mora de um lado e os bons amigos vivem do outro.”
“Na luta contra a natureza, o homem pode vencer todas as batalhas, exceto a última. Se ele vencer isso também, ele perecerá, como um embrião cortando seu próprio cordão umbilical.”
Thor Heyerdahl e sua esposa Yvonne segurando um modelo de bote de junco.
Leia as partes 1, 2, 3, 4 e 5
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nossos olhos costumavam se gastar no dia a dia, nada opacos. por eles, eu via você em entre um olhar e outro olhar e os meus inebriados pela sua luz. encontraram-se em avenidas tão reais e descampadas. e por aí que se instalava no coração o monstro da saudade. indiferença é quando nada se difere, bom é que quando crianças nos dispusemos de algum crachá que nos confere acesso especial à realidade das coisas, algum canal de comunicação transcendente com o mundo, mas apenas que nós enxergamos. aquele mundo de forma diferente, situadas diante do filtro de menos lentes, essas inumeráveis lentes instaladas pouco a pouco ante nossos olhos (antolhos) e que algumas vezes por nós (já adultos) podem acabar tornando tudo cinza, monocromático, sem cores comestíveis ou cores que seduzem o Sol. essa realidade das coisas podiam se instalar em nós novamente, mas graças ao Universo daí me vem o frescor orvalhado de seus pensamentos, das suas imagens e palavras. daí me vem também todos esses dias o seu sabor poético que sempre fora. daí o respiro do coração miúdo: ouvir algo tão doce dos seus lábios, tão inaugural, que é como se o próprio Universo tivesse fornecido uma procuração para falar em seu nome. às vezes é triste de saber que ergueram-se algumas muralhas e entre os mesmos olhos, muros sem os muros, murros na boca do estômago de nada ser. nem urros resolveriam e tão pouco nem sussurros transporão o que agora é muros. mas é um muro puro construído de bem, tijolo com tijolo num desenho lógico. talvez impermeável, sem nenhum furo maciço, robusto e duro e esse muro fez-se de concreto digital. que nos fez pensar quando aos poucos o silêncio crescia entre eles? e o que teríamos dito se numa tarde-noite a saudade de outras janelas? daquela tua comida intocada no prato, e de um vento a entortar o fino caule dos teus manacás, que diziam? se logo pela manhã que me vem a tua doce lembrança e a brancura dos lençóis raramente desarrumados, naquela cama sem sono, diziam algo? teríamos as lágrimas gotejando no escuro do quarto. diz-se: de cada um a noite rouba um detalhe. e dá-se muito também o aso de enganarmos o dia. prevê-lo em seus humores, faltas mas assentir com um sorriso verde-água. que tanto faz. as intactas lembranças e cartas guardadas à sua espera: ou um abismo decorado em azulejos portugueses. hoje a chuva que nem chega a tocar o agreste do corpo, mas espiada pela vidraça parece cair para um fim único, secreto. dizíamos muitos talvez, mas não viremos a saber, que há sempre um tempo de coser e um tempo de rasgar. mas como assegurar que o sangue segue sendo vermelho e quente sem que escorra? como quem espia do outro lado da rua, continuo te acompanhando só por aqui. continua tudo bem bonito .. ... (águas fundas e tempos dormentes aqui dentro e essa escuridão cega parece estar penetrando em meu coração) coração tão fundo e essa dor de nome decerto que se diz em voz bem baixa como se faz com essas mandingas de amor atadas ao pulso. esse mesmo pulso que te guarda mesmo assim nessas dormências do mundo somos uma nudez de olhos. e da sua pele guardo aqui nas veias do meu pulso, nas veias do meu coração que pulsa pelo querer, por você. vez ou outra verte uma pureza, que também não me falta Lua ao rumo dos olhos. me parece sempre que posso contar os passos até ali: do outro lado de ti, a margem de onde ninguém ousaria nos buscar(ria). os escondidos cantos dos olhares guardados quando sonhamos o cheiro das pupilas. deu hoje de noite e de sempre uma saudade de equilibrar, devagarinho, os pés sobre o chão incerto em alguma jangada da vida. (essas ondas não podiam derrubar a gente no mar morno da noite)
e saber assim com a alma meio apertada de nós
que afinal de contas
não estaria nada mal pisar na água sem afundar. e eu piso nelas todas pensando assim. em cada toque que em hora dessas vontade não me falta.
"yo te cielo, pour la mémorie". para que sempre acalme suas noites e sonhos.
thomas teodoro.
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Ficlet: January 6th, 1882
The festive season over, the first week of the new year is drawing to a close. This Christmas and New Year were much happier than the previous. Now I have lodgings and a flatmate who became my best friend. I’m not lonely anymore, and my health has improved, although today my shoulder and leg were nagging me in unison because of the dreary weather. Going out was not an option; neither was moving about. Therefore I was spending the whole day on the sofa, wrapped in a blanket and devouring Jules Verne’s La Jangada. The tale of adventures on the Amazon was a nice distraction from the thoughts of bills to be paid and of my meagre savings which were still not enough to start a practice.
Holmes had had a lean month too, but he seemed to be in good spirits. Thankfully, his recent state of melancholy hadn’t lasted long, and he was in a flurry of activity yet again. When he returned from Bart’s by lunchtime, he received a parcel with a note. He read the note, laughed, and tossed it into the fire.
“Mycroft,” he muttered, shaking his head.
Perhaps it was from one of his friends or former clients? I didn’t want to bother him with my idle curiosity, so I didn’t ask. The parcel contained a bottle of Lafite which we enjoyed with Mrs. Hudson’s cooking. Holmes poured a glass for our landlady too, and we toasted each other’s health.
After lunch Holmes immersed himself in his records of crime, humming some familiar melody under his breath. Merely seeing him so cheerful was heartwarming. Meanwhile I resumed the journey in the jungles which was also an exercise lest my French should become rusty. Some hours later, Holmes suddenly called me.
“Watson.”
“Yes?”
“I... I have two tickets to Albert Hall for a concert of Schubert’s fantasies. Would you like to come?”
It must have been indeed a month of austerity for him if he had managed to buy them. And of course he wouldn’t hear of my paying him back a half. His face was so eager that refusal out of modesty would most likely upset him.
“Thank you, with great pleasure,” I said.
“Excellent!” he exclaimed, beaming.
I couldn’t help smiling.
Fog, sleet, and chilly wind couldn’t spoil our evening as we were rattling along the streets in a four-wheeler, dressed up and full of anticipation. I forgot about the pain altogether, sitting beside Holmes in the stalls and listening to the beautiful music. My companion was alight with joy, his eyes closed, his lips parted a little, and his long fingers tapping the armrest lightly. Those moments were magical.
I thought we would go home afterwards, but instead Holmes took me to a small, cosy Italian restaurant. It was inexpensive yet in our current situation the bill would be still a considerable sum. And again Holmes insisted that it was his treat. It was useless to argue with him.
“Albert Hall, dining out... is it a special occasion today, Holmes?” I asked, giving in.
“Not in particular except that it’s my birthday.” He shrugged his shoulders.
“Why didn’t you tell me before?” I gasped. “I’d get you a present!”
“Your company itself is a sufficient present, my dear Watson,” he replied softly.
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A sereia e o barqueiro
(Inspirado no quadro “The Mermaid”, de Howard Pyle - 1910 , mostrado ao fim do texto)
Era uma vez uma linda sereia que viveu nos mares do norte, há cerca de dois séculos atrás. Ela vivia a procurar barcos para cantar e enfeitiçar os homens.
Um dia ela avistou um barco e pôs-se a segui-lo, pronta para iniciar seu canto hipnótico. Ao sair com o tronco para fora d´água, surpreendeu-se ao ver que se tratava de uma pequena jangada, na qual apenas um pescador estava. Era moço e vestia-se de forma simples. Esse vai ser fácil, pensou, já antevendo que o pobre rapaz se jogaria ao mar diante de seu poder, e que nunca mais ouviriam falar dele.
Contudo, ao chegar mais perto do barco e encarar o moço, imediatamente apaixonou-se pelo mesmo. Ficaram ali, longos momentos, ela muda e ele assustado, olhando-se. Apaixonaram-se perdidamente.
Passaram a se encontrar seguidamente, e ela o seguia em seu trabalho. Conheceram tudo um sobre o outro, seus mundos, seus costumes… cada vez mais gostavam do que ouviam. Trocavam presentes, ele lhe trazia adereços de sua aldeia para enfeitar os longos cabelos, ela lhe trazia objetos do fundo do mar, que ornamentavam seu quarto.
Logo, essa paixão ficou tão forte que as despedidas passaram a ser muito sentidas. Não queriam separar-se, as horas que passavam longe um do outro eram um suplício.
Um dia, em desespero, a Sereia tentou a todo custo subir no barco do rapaz, que teve trabalho para impedi-la. Ele lhe dizia que ficar fora d’água para ela seria sua morte, o que ele jamais permitiria… ela dizia que não suportava mais viver longe dele, ainda que por algumas horas, e que preferia a morte.
O Barqueiro sentia o mesmo. Para ele sua vida longe do mar não fazia mais sentido. Só pensava na sua linda Sereia, sua amada, que o entendia, e ficava angustiado em deixá-la longe, sozinha, nos perigos do mar… aquilo não estava bom.
Enfim, o Barqueiro tomou uma decisão. Ele sabia, por histórias, de uma ilha rochosa muito longínqua, desabitada, que ficava no meio do mar. Pediu à Sereia que o levasse até lá e ela o fez. A ilha era deserta e ficava fora das rotas dos marinheiros.
Decidiram-se estabelecer ali. Ele largou sua vida e foi viver naquela ilha deserta, no meio do mar, o mais próximo que conseguiria ficar de sua amada. Ela passou a viver ao redor da ilha, perto de seu amado. Ela lhe trazia comida, ele fez uma cabana próxima ao mar.
E as pedras à beira da ilha, na divisão entre o mar e a terra, que às vezes ficavam submersas e às vezes à mostra, de acordo com as marés, passaram a ser a sala de estar do lar desse casal improvável.
Ali, na convergência desses dois mundos, os dois se encontravam e trocavam juras de amor, à luz do luar, ele com os pés dentro d’água, ela com o tronco fora d’água, em longos abraços, com os peixes e aves como testemunhas. Nunca mais se separaram.
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