Tumgik
#Já passei muito por este filme
victor1990hugo · 2 years
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stand1ngn3xtou · 24 days
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| and it was, enchanting to meet you
— player! ran takahashi × OC
— gênero: fluff, amor à primeira vista.
— conteúdo/avisos: os diálogos que aparecem em itálico são em inglês.
— word count: 10,2K
— nota da autora: meu primeiro one shot do ran (e espero que não o último), foi super gostoso de escrever e espero que vocês curtam ler também!
Melissa P.O.V
Faltavam cerca de 2 horas pra estar no aeroporto e estava aqui rodando meu apartamento atrás dos meus fones. Quero acreditar que Milo, meu gatinho, não tem nada a ver com o sumiço dos meus belos companheiros de viagem. Sei que é um tempo grande porém preciso chegar com antecedência pois acredito que esteja cheio.
Consegui alguns dias off do meu trabalho na FUNAI de Cuiabá e aproveitei pra colocar minha lista de afazeres do fim de semana em prática. E estes em questão seria, vôlei. A VNL (Liga das Nações de Vôlei) estará passando por terras brasileiras nessa semana, e como grande fã do esporte, e agora, com condições de presenciar, resolvi me presentear com isso. Com dois ingressos para partidas na sexta e no sábado, para ver respectivamente, Brasil e Japão jogarem (contra Cuba e Canadá), passarei 6 dias longe de casa.
Esse ano novamente a sede será no Rio de Janeiro, onde tenho um pouco de receio de ir, porém vou fazer o melhor pra me acalmar. Só verei dessa vez a primeira parada das seleções em solo brasileiro, se pudesse iria vários jogos, mas preferi reduzir ao máximo. Os jogos serão no Maracanãzinho, o qual sempre tive vontade de conhecer, e a casa da medalha de ouro dos jogos do Rio 2016.
Com passagens de ida e volta, e hospedagem prontas, achei meu fone e peguei tudo que precisava. Milo estará sobre os cuidados de uma babá de animais e com meu coração morrendo de saudade do meu filhote. Vou estar saindo da minha cidade numa quarta e voltando em um domingo de madrugada, pensando em deixar um espaço razoável para tudo. Chegarei ainda de tarde no Rio e vou aproveitar pra andar e comer algo por lá.
Além é claro de estar ansiosa para ver os jogos, estou ainda mais pra reencontrar uma amiga que não via à anos pela mudança de moradia, Amanda. Vou me encontrar com ela na quinta, um dia antes do jogo do Brasil para matarmos a saudade, já que ela vai ver se consegue um ingresso para o jogo do Japão, que sinceramente, peguei porque estava no pacote. Só não pensei de ter uma sorte tão grande e ser sorteada, ou selecionada como preferir, pra assistir um jogo/treino deles privado. Obviamente iriam outras pessoas, mas ainda me choca algo assim acontecer comigo.
Esse treino seria no fim da tarde, umas 16:00hs, então daria tempo pra mim e Amanda saírmos para comer alguma coisa por perto, já que esse treino seria no Maracanãzinho. Foi uma seleção feita pela própria VNL, todo ano eles selecionam algumas pessoas pra assisterem treinos das seleções que vão participar, e todas as seleções estão nesse pacote, e a escolhida para mim, foi a japonesa. Por ser treino privado não pode filmar ou fotografar, o que não será problema pra mim, mas acredito que eles liberem no final de tudo.
Como esperado o Rio estava pegando fogo. A cidade inteira movimentada e super viva, um clima gostoso e pessoas calorosas se espalhavam por todo canto. A vista do pão de açúcar e do Cristo é realmente algo que parece existir somente nos filmes, e que honra como brasileira que não é. Alugar um carro foi minha melhor decisão, se locomover sozinha é muito melhor e mais rápido. O hotel ficava perto do aeroporto, porém um pouco longe do ginásio, mas nada que me incomodasse.
Assim que cheguei fui ao mercado que tinha ao lado do hotel, comprei algumas coisas pra passar os dias, já que o hotel servia café, só almoçaria e jantaria fora, mas como tem frigobar e microondas no quarto, já ajuda. Avisei à Amanda que já me encontrava na cidade maravilhosa e nós marcamos de nos encontrar amanhã em um restaurante que fica à poucos minutos do ginásio. Passei o dia apenas descansando e deitada no quarto depois de almoçar e ir para orla de Copacabana, que é de longe uma das coisas mais lindas e que já vi. Voltei para o quarto de hotel para retocar minha chapinha e escova e descansar para os próximos dias.
* - - ☆ - - *
Acordei depois de uma boa noite de sono, já me preparando pra um dia cheio e agitado. Desci pra tomar um café leve no buffet do hotel, uma comida deliciosa. Voltei para o quarto para arrumar um look pro dia, confortável e estiloso, já que passaria o dia com ele e uma bolsa grande. O belo Rio de Janeiro parecia ter acordado de bom humor e resolveu mandar um dia ameno, até frio, o que me permetia usar um blazer, mas com uma regata de seda por baixo. Resolvo por uma calça social caqui e um cinto preto, combinando com a blusa, enquanto o blazer era um tom de cinza para complementar a calça. Coloquei meus bons e fiéis mocassim no pé para aguentar a andada do dia de hoje e terminei de fazer uma maquiagem leve e pentear meu cabelo, mesmo sabendo que vou prender ele depois. Me perfumei e peguei o que precisava pra sair.
Dirigir até o local foi com o trajeto mais pacífico possivel, e o mais belo também, já que a sombra do Cristo me seguia por boa parte do caminho. Liguei pra Amanda pra avisar que já estava chegando ao local, o caminho sendo mais rápido do que pensei, e a mesma me informou que já estava dentro do restaurante ao meu aguardo. Era um local a la carte, bem frequentado e bem ameno. Foi a comida mais deliciosa que comi em algum tempo. Pedi um fettuccine alfredo que vinha com iscas de carne, e de sobremesa a minha favorita, um petit gateau no ponto perfeito. Ficamos por ali, matando tempo até dar a hora de ir para o treino da seleção japonesa. Rever ela depois de tanto tempo é um afago no meu coração, por saber que sustentamos essa amizade por tanto tempo mesmo com a distância. Depois de nos despedir faltando meia hora pra começar tudo, fui atrás de um milkshake para saborear enquanto me acomodava dentro da arena e aproveitei pra comprar alguns chocolates.
Aos poucos, outras pessoas selecionadas iam chegando, quando adentrei a área de treinamento alguns staff's da seleção japonesa e alguns fãs já estavam por ali, tudo bem organizado, onde os fãs podiam ver o que estava acontecendo e os rapazes poderiam interagir com os fãs. Tinha uma espécie de guia com a gente, que falou como tudo iria acontecer, explicou sobre como teve a iniciativa para esses projetos de assistir o treinamento e todo o desenrolar da história. Ele era bem simpático, e novamente reforçou que devemos manter os celulares ou qualquer captor de imagem desligados, que eles seriam usados apenas no fim do treino para caso quiséssemos tirar foto com os jogadores. Esses que por sua vez, acabavam de entrar na quadra.
Ao todo devia ter cerca de 20 à 30 pessoas no local, me sentei afastada de algumas que tinham acompanhante para também manter minha privacidade. Em sua maioria eram mulheres e algumas crianças, que estavam acompanhadas dos responsáveis. Algumas ali disseram que não iriam ver o jogo da seleção no sábado, portanto tentaram vir assistir o treino, já que resolveram trocar. A primeira fileira, na qual eu estava, da arquibancada, era protegida por uma rede, acredito que para evitar as bolas de chegarem ao público, afinal, é uma força e velocidade muito grande, e pode machucar alguém.
Os meninos eram um amor, cumprimentaram todo mundo no seu campo de visão, o capitão, Yuki Ishikawa, agradeceu a presença de todos e pediu para que aproveitassem o treino junto deles. Deveria durar cerca de 2 à 3 horas. Longo e extenso, mas aparentemente necessário. Enquanto o treino rolava, tinha som ambiente com algumas músicas e todas bem animadas, pra deixar o ritmo lá em cima, o que fazia inclusive alguns dos meninos dançarem, o que tornava tudo ainda mais engraçado. Eles estavam à todo momento fazendo o pessoal rir e interagiam muito com todo mundo, até mesmo os mais tímidos como Miyaura. Os extrovertidos como Yamamoto ou Sekita nem se fala, estavam numa festa só. Era um deleite ver eles, mesmo que seja treinando. Tinham uma energia maravilhosa e muita determinação. Não estava vendo o tempo passar.
Ran P.O.V
O clima do Brasil estava quente, como sempre foi, mas agora já é mais fácil pra nós como time, nos acostumarmos ao local e a temperatura provida por ele. Nossas instalações e agora, até o ginásio, contam com ar-condicionados de última geração pra manter o clima estável e agradável. Estar no Rio é sempre uma delícia, a vista, as praias, as pessoas, tudo aqui é tão acolhedor que sinto vontade de nunca ir embora, e quero jogar o melhor que posso para deixar nossos apoiadores felizes. E falando neles, vamos conhecer alguns hoje.
A VNL está com uma nova jogada, de selecionar alguns fãs para verem um treino de cada uma das seleções presentes na competição. Eu achei a ideia incrível, criar laços com nossos admiradores sempre me deixa mais confiante pra jogar, pois sei que independente do resultado, eles vão apoiar a gente e nos motivar de volta. E a troca com o público brasileiro é sempre tão incrível que parece que eles são japoneses e estão super por dentro da partida. Quando o público de um jogo é caloroso, a nossa energia aumenta em 120%, e não importa qual seja o final, saímos sentido que demos tudo que tínhamos.
A partida-treino seria às 16Hs da tarde, um pouco antes disso o local estava sendo preparado para todo mundo. Não seria permitido filmar, nem fotagrafar enquanto estivesse ocorrendo o treino, mas depois poderiamos tirar foto e falar com todo mundo. Como seria no fim da tarde resolvemos levantar um pouco mais tarde, por volta das 11hs para comermos um café da manhã leve e se preparar pro almoço. Bom, todos menos Yuki, que seguia uma rotina fechada à anos, mesmo que não se importasse de sair dela vez ou outra. Ishikawa já estava de pé quando meu corredor de dormitório desceu. Dividia o quarto do Yamamoto, nosso líbero titular, e na mesma faixa tinha Otsuka e Onodera dividindo quarto.
"Eu não posso dizer o alívio que é não dividir o quarto com Yuki dessa vez...", Onodera começa, com um tom de brincadeira na voz fazendo questão que Yuki escute, "é tão bom não ter um despertador que ronca perto de você."
"Você fala como se fosse um poço de silêncio Taishi..." Otsuka comenta.
"Espero que queira continuar tendo cabelo Tatsunori, e se quiser é bom ter cuidado com essa língua." sabia que a intenção de Taishi era a mais ameaçadora possível, mas fazer isso com uma colher de chá, não dava.
Só conseguia assistir aquela cena toda e rir, até sentir meu celular vibrar no bolso. Tirei minha atenção dos dois trocando provocações e fui ver a mensagem que minha mãe tinha mandado.
"Oi RanRan, como você está meu amor? Mamãe vai chegar amanhã junto de seus irmãos, vamos tirar o dia pra descansar pra ver o seu jogo no sábado. Assim que chegarmos no aeroporto em Dubai mando mensagem novamente. Por favor, se alimente bem e descanse bastante. Te amo uma vida. Até mais!"
Sorri ao ver a mensagem. Minha mãe era a mulher mais incrível do mundo, e seria sortudo de encontrar alguém tão maravilhosa como ela. Ter o apoio dela e da minha família era essencial, e apreciava muito o esforço que ela fazia pra estar sempre perto, quando podia. E eu a amava demais por isso.
"Ih olha só, o que foi cara de coelho? Mensagem de alguma pretendente?" Yamamoto começou, já me fazendo revirar os olhos.
"Quem dera, esse coitado tá numa seca maior que o do deserto. Tenho até pena dele." Otsuka, de todas as pessoas, comentou.
"Olha só quem fala, o cara que tá encalhado à mais de 4 anos desde que terminou um rolinho com uma menina lá no Japão." devolvi afiado, cerrando meus olhos. "Não era nenhuma pretendente, apenas minha mãe, falando sobre vir para o jogo aqui. Vou aproveitar e preparar algo para fazermos depois do jogo."
"Faz tempo que não vemos Sayuri mesmo. Estou com saudades dos abraços dela." Yuki tinha falado pela primeira vez no dia, e junto com seu comentário, nosso almoço chegou.
"Ela está bem ocupada com a loja de departamentos lá em Tóquio, o que é ótimo já que ela queria tanto isso à muito tempo. Mas confesso que ter a presença dela pra esse jogo me deixa mais aliviado. Gosto quando ela comparece."
"Ela disse quando vai chegar?"
"Aparentemente na sexta, vai descansar pelo dia e nos encontraremos no sábado." senti meu telefone vibrar novamente enquanto eles continuavam falando da saudade que estavam da minha mãe. Um número desconhecido agora se fazia presente.
"Oi meu docinho. Estava com saudades de mim? Eu estava morrendo de saudades suas meu benzinho. Estou louca pra te encontrar de novo. Até logo lindinho, da sua amada Homohori! <3 "
Senti um choque e um gelo passar pela minha espinha, me arrepiando por inteiro, tanto que deixei o celular e o garfo caírem na mesa. A minha surpresa não se colocava em palavras, principalmente porque me rescusava à acreditar na cara de pau daquela garota que jurei ter me livrado. Os meninos viram pela minha expressão que devia estar carrancuda, que havia algo de errado, e ao invés de perguntarem foram logo ao indício do problema, meu celular.
"Ah nem vem, essa garota de novo? Meu Deus, ela não tem mais o que fazer não?" Otsuka perguntava tão irado quanto eu. Era muito próximo de todos do time e tínhamos uma relação ótima, mas eu e Tatsunori éramos amigos desde o colegial, crescemos juntos. E ele estava lá comigo quando tudo entre mim e Homohori desmoronou, por culpa dela.
"O que aconteceu?"
"Aquela sem noção da Homohori ta infernizando a vida do Ran de novo. Jurei que essa coisa tinha sumido de vez, mas ela sempre dá um jeito de voltar que nem um espírito obsessor. Ela errou e ainda se dá ao direito de querer estar certa. Uma cretina!"
"Ela teve coragem de te mandar mensagem Takahashi? Mas você não tinha bloqueado o número dela?" Yuki pergunta preocupado.
"Apaguei, bloqueei, fiz de tudo pra sumir com tudo dela da minha vida, mas ela sempre tenta reaparecer, como uma praga que me persegue. Sinto que nunca consigo ficar livre de vez dela, e não sei mais o que fazer." já podia sentir aquela história mexendo comigo de novo, depois de tudo que passei pra superar tudo que houve, e de como isso quase afetou minha carreira.
"Olha, não se preocupa com isso agora, tenta ignorar ela por enquanto, bloqueia ou silencia o número que ela te mandou mensagem e vamos focar em outras coisas. Temos um treino aberto à público hoje e vamos poder interagir com várias pessoas pra nos animar e você principalmente. Qualquer coisa a gente arruma até uma gatinha pra te desafogar dessa fossa." Yamamoto brincou, mas sabia que ele falava sério se pudesse.
"Eu vou passar a parte de arrumar uma 'gatinha' Tomo, não to nas melhores pra ficar com alguém com essa coisa na cabeça, mas agradeço a oferta." bati em seu ombro como gesto de agradecimento, "E tenho que lembrar que minha família está vindo pra me apoiar, e tenho vocês aqui, logo logo essa mensagem dela vai passar como um vulto por mim."
"É isso ai, esse é meu amigo, num dá palco nem atenção pra essa maluca não. Temos muito o que fazer pra ficar pensando nessa fracassada." ri do comentário que Tatsu fez, mas tinha verdade ali. Deixei meu término com ela me afetar demais, e não ia deixar ela fazer o mesmo depois de 2 anos que tudo acabou.
Terminamos de comer e fomos dar uma caminhada em volta do hotel que estávamos. O pessoal do Brasil é caloroso, mas ao mesmo tempo super respeitoso. Vêem a gente e mesmo ficando animados não surtam ou algo assim, gosto muito disso neles. Ficamos descando no hotel até dar a hora de irmos para o ginásio começar o treino. Nosso novo treinador era super divertido. Era americano, se chamava Michael Dessner. Treinou várias seleções por anos e em todas elas conseguiu títulos, olímpicos ou não, mas mantinhamos contato com Blain, já que era quase um pai pra gente.
Quando chegamos ao ginásio tudo estava equipado e pronto pra nos receber, e basicamente todos os fãs selecionados já estavam lá. Iríamos fazer nossa rotina de treinos de sempre, o que servia pra descontrair o clima. Dentro da quadra estava um clima agradável, meio gelado por conta dos ar-condicionados e todos os equipamentos estavam em ordem. Entramos e o público presente cumprimentou a gente. Yuki fez a introdução junto com o treinador de todos nós e nos dirigimos à começar o alongamento.
Tinha música ambiente e uma iluminação legal, um clima maravilhoso e me senti extremamente bem enquanto conversava com meus companheiros de time e falávamos com os fãs que conseguíamos ver uma vez ou outra. Fizemos uma rodinha para um alongamento em grupo, separando 6 para cada lado, para iniciarmos uma pequena partida de 3 sets. Do outro lado da rede enquanto trocava bola com Kento, vi o sorrisinho de Otsuka adentrar meu campo de visão, e lhe lancei um olhar confuso. Pedi licença para Miyaura e fui falar com ele, enquanto o moreno se revezava com Kai para os passes.
"O que foi? Que cara é essa?" perguntei enquanto limpava um pouco do meu suor na blusa.
"Do que você ta falando? Minha cara ta normal..." ele não conseguia nem mentir.
"Desembucha logo Tatsunori, a gente não tem o dia todo aqui." me apoiei na rede segurando entre os furos.
"Olha, não vem me matar por favor, nem querer falar nada, eu só to comentando contigo porque somos amigos e somente." meu olhar impaciente já devia ter sido uma deixa pra ele continuar, "Mas Ran... Tem uma gatinha aqui assistindo ao treino, que meu colega..." ele falava enquanto brincava de deslizar na rede, como se tivesse derretendo. Idiota.
"Ah fala sério né Otsuka, você tava com essa cara de pamonha por causa disso? Sempre tem garotas bonitas em treinos e jogos cara, você nunca percebeu? Faça-me o favor." falei já me virando pra voltar aos trabalhos.
"Eu sei disso seu imbecil, mas essa daqui ta de sacanagem. Inclusive deve ter muita menina por ai que a gente já pegou ou já viu que deve ser bem mais bonita que essa aqui, mas cara, to falando sério, tem uma coisa nela, que meu irmão..."
"É só mais uma garota bonita que veio assistir nossos jogos/treinos Tatsu." tentei dispensar ele de novo.
"Vai pensando isso, mas quando você olhar pra ela, você vai entender o que eu to falando." ele bateu o verso da mão no meu peito, pra chamar atenção.
"Então ta sabichão como ela é? Já que aqui tem várias pessoas juntas." ele estava na intenção de apontar a direção que ela estava, mas o técnico chamou a gente pra começar saque e recepção, e Tatsu só me deixou claro uma coisa.
"Ela está de óculos e cabelo solto. Com uma tatuagem no braço. Você vai saber." e foi embora pro seu lado da rede.
Até pensei em olhar em volta pra conferir o que Otsuka tinha dito, mas todo mundo já estava se posicionando para começar a primeira parte do treino, então resolvi ignorar. Por enquanto.
* - - ☆ - - *
A rodada de saques e recepções foi muito divertida, como sempre é quando jogamos juntos. Apesar de não estarem mais na seleção, jogadores como Kentaro, Yamauchi e Yuji, que está de férias enquanto aproveita o casamento com Sarina, sempre tentam comparecer quando dá, e hoje foi um desses dias. Ter eles por perto é tão bom e revigorante, sempre aumenta nossa energia. Nessa primeira parte do treinamento fizemos uma espécie de jogo, de um set apenas, para aumentar a produtividade do time. Mas assim que começamos a nos alongar pra começar uma partida mesmo, o organizador da VNL no Brasil e nossa comissão técnica entraram em quadra, aparentemente para dar um aviso.
"Olá pessoal, muito boa tarde para todos aqui presentes, é uma honra está dividindo esse momento com vocês, que são nossas primeiras experiências desse novo projeto que iremos levar pro mundo todo!" o público presente aplaudiu e alguns assoviaram.
"Bom, os meninos podem continuar se alongando que aqui a gente vai dar inicio à nossa segunda parte da dinâmica. E pra isso, eu gostaria de saber de vocês, quem aqui entende um pouco de vôlei?" Michael perguntou, enquanto continuávamos o alongamento, e algumas pessoas levantaram a mão. E fiquei intrigado pela pergunta, onde ele queria chegar?
Troquei olhares com o pessoal que estava do outro lado da rede, ambos tentando entender do que se tratava, mas aparentemente ninguém sabia.
"Bom, vamos fazer o seguinte, para não comprometer ninguém do time e deixar todos eles participarem da dinâmica do treino, a gente vai chamar alguns de vocês para fazerem a parte 'jurídica' do nosso jogo, que tal?" o misto de surpresa e confusão foi completo. Tantos os jogadores quanto os espectadores não sabiam reagir aquela informação, mas estávamos igualmente animados.
"Rapazes, terminem o alongamento, com calma, e nós dois vamos selecionar as 6 pessoas que vão participar da nossa dinâmica." concordamos e voltamos ao passos finais do alongamento.
Estava tão absorto com a notícia, falando com meus companheiros de time que mal consegui reparar quando Otsuka terminou de falar com nosso técnico, e assim que eles cessaram o assunto, seu olhar se voltou pra mim. Com um sorriso ladino e um piscar de olhos com as sobrancelhas arqueadas, se virou e me deixou indagando, o que ele tinha aprontado?
Melissa P.O.V
Eu queria fingir que o que acabei de escutar era mentira. Chamar pessoas, pra descer lá, e interagir de perto? Era mentira, invenção da minha cabeça. Só podia ser! Desde que eles entraram em quadra a atmosfera estava radiante, e ver eles jogando e se divertindo era um acalento no coração. Achei muito fofo que Otsuka estava sempre interagindo com o local que eu estava, e o pessoal que estava perto de mim adorava, e eu também. Ele era muito simpático, e mesmo de longe, tentava falar com a gente. E isso para todos do time, que desde que chegaram era uma atenção super dividida para todo mundo se sentir incluído. Mas isso?! Isso era mais do que qualquer coisa que já pensei que fosse ocorrer hoje. E não digo isso no sentido de que sei que vou ser escolhida ou qualquer coisa, mas pra qualquer um aqui presente, e caso seja verdade o que o diretor da VNL falou, que isso irá acontecer em todo treino com público, é uma oportunidade única.
Era um turbilhão de coisas que passava pela minha mente, tanto que minha cabeça ja começava a doer. Estava tão absorta dentro de mim que mal senti quando estavam me cutucando e chamando minha atenção.
"O que houve?" perguntei tanto me situar novamente no que estava acontecendo.
"Olha lá, estão apontando pra você e te chamando! Acho que é pra você acompanhar quem vai participar do treino! Vai lá!" uma moça de cabelos ruivos e cacheados ao meu lado comentou.
Comentou e eu não acreditei, porque me esforcei pra não entender, pois não podia ser verdade.
Mas quando olhei para mais baixo de onde eu me encontrava, vi o técnico da seleção japonesa, e o diretor da VNL, com mais 5 pessoas ao seu redor, 3 homens e 2 mulheres, e aparentemente, faltava a sexta, que seria eu. Tentei acalmar meu coração enquanto colocava meu blazer e subia um pouco a manga e prendia meu cabelo em um rabo alto de cavalo. E comecei a aspirar dentro da minha mente, não estava com roupa apropriada pra fazer nenhum tipo de exercício, e mesmo que estivesse, eu não sei dar um passo em direção à bola! Tudo que sei de vôlei é tecnicamente falando!
Um calor desconhecido se dissipava em mim, se espalhando por todo meu corpo, tentei manter a compostura o máximo possível quando cheguei perto dos homens de alto escalão na minha frente. Fui o mais educada possível com todos, inclusive o pessoal que estava lá, que era mais fácil de se comunicar pois todo mundo falava português. Eles nos guiaram para dentro da quadra e o ar parecia mudar drasticamente. O cheiro de gelol e salompas invadia tudo, era um pouco mais quente por conta dos corpos suados que estavam por ali. E olha, não querendo ser essa pessoa mas que corpos... Era bem óbvio que eles eram mais altos que eu, mesmo não sendo tão baixa com meus 1,75cm, mas ali era bem mais diferente.
Eles pareciam maiores, mais altos, mais largos, mais fortes, e bem mais bonitos e simpáticos de perto. Por engrenagem do destino ou não, Otsuka foi o primeiro a me cumprimentar com um tchauzinho, não conseguia acreditar que ele me reconheceu, e devolvi com um sorriso singelo. Passando meus olhos por todos os jogadores via o quão irreal era estar ali. Até os chefes voltarem a falar.
"Bom pessoal, primeira pergunta, todos aqui entendem inglês? Acredito que seja a língua mais fácil de comunicar com todos aqui." eu e dois rapazes assentimos, os outros três ficaram receosos mas disseram que o básico entendiam.
"Bom, qualquer coisa a gente pode ajudar. Eu sei um pouco de japonês, então posso tentar intermediar um todo." um rapaz comentou e todos concordamos.
"Bom, se apresentem todos pra gente explicar como vai funcionar tudo. Digam nome e idade por favor!" da esquerda pra direita, onde eu estava, começou.
"Olá pessoal, me chamo Fernando e tenho 26 anos!" um rapaz moreno, de estatura média, se apresentou primeiro.
"Oi! Me chamo Alice, tenho 17 anos!" uma garota de óculos, baixinha e de cabelos crespos presos falou agora.
"Oi gente, prazer, meu nome é Marcos e eu tenho 30 anos!" ele tinha barba, com olhos claros e também usava óculos.
"Olá! Eu sou a Vanessa, tenho 27 anos de idade!" uma morena, alta, de cabelo curto falou dessa vez.
"Oi gente, tudo bem? Me chamo Nicolas e tenho 25 anos!" o rapaz do meu lado falou, tinha cabelos castanhos claros e era um pouco mais alto que eu, tinha olhos verdes, bem bonitos. E ai chegou minha vez.
"Olá meninos, boa tarde! Me chamo Melissa e eu tenho 23 anos. É um prazer conhecer vocês." minhas mãos suavam enquanto eu falava, mas me aliviei por conseguir dizer o que queria. Todos nos cumprimentaram se curvando um pouco e o diretor da VNL voltou à falar.
"Bom, a dinâmica vai funcionar da seguinte forma: os meninos vão se dividir em dois times de seis com um reserva para entrar, jogaremos 3 sets, mas se algum fizer 2x0 primeiro, acaba. Vou precisar de duas pessoas para ficar no placar, para mudar os pontos de cada um dos times, dois para ficarem em um lado da quadra com as bandeiras pra conferir a trajetória da bola, assim como nos jogos profissionais. E mais dois para serem os juízes que vão apitar a partida. Um no chão perto da rede, e outro acima da antena. Tudo bem?" era bastante informação, mas dava certo para se organizar.
Eu e Nicolas iríamos ser os juízes (depois de muita discussão), Alice e Vanessa iriam ficar no placar e Marcos e Fernando com as bandeiras. Agora seria ver quem iria ficar na antena, e na rede. Yuki se aproximou de onde a gente estava para saber como estava o andamento, e como capitão e um dos melhores ponteiros do mundo, ele tinha uma presença exuberante e muito marcante. Me senti um pouco intimidada com o tamanho dele, ele era ainda maior pessoalmente, e bem bonito também. E percebi atrás dele, outra presença também vindo em nossa direção. Ran. Senti minha respiração falhar. Minhas mãos voltarem a suar. Um calor passa pelo meu corpo. E meu Deus... Como ele era bonito.
"Olá pessoal como estão? É um prazer conhecer vocês, eu sou o Yuki, capitão do time, e esse aqui é o Ran, nosso ponteiro. Estamos por aqui pra saber sobre os juízes, quem ficará em cada posição." ele tinha uma voz solene, mas firme. Exalava confiança ao falar. Típico de um capitão.
"Olá Ishikawa, bom, nesse caso eu gostaria de falar com vocês sobre isso. Mesmo que isso não interfira em nada, quem dos dois sabe mais de vôlei, num contexto geral?" Eu e Nicolas nos entreolhamos
"Eu sei basicamente o que vejo na TV, acompanho em Olimpíadas e coisas assim. Nunca tive contato muito próximo com o esporte, apesar de gostar muito. Sei o básico das regras." ele admitiu, e eu assenti da mesma forma.
"Aqui é do mesmo jeito. Assisto vôlei desde muito nova, sempre fui influenciada pela minha mãe, mas sou péssima jogando, a bola simplesmente me odeia. E assim como Nicolas, eu sei o básico, mas até que entendo bem as regras. Sobre toques, conduções, etc."
"Bom, não será um jogo sério nem uma final pra vocês apitarem, então podem ficar tranquilos." rimos um pouco pelo tom de voz de Yuki. "O que teremos aqui mesmo é só pro básico do vôlei, toques não permitidos, toque na rede, toque de bloqueio. A parte de invasão de linha ou de quadra, até mesmo toque na antena vocês não tem que se preocupar. Aqui é o puro suco mesmo, apenas um treino! Então fiquem à vontade." ele falou enquanto tocava em nossos ombros, como uma forma de assegurar que não precisava de tanta formalidade e regras, e Nicolas completou.
"Bom então sendo assim, fazendo meu papel de cavalheiro, deixarei com que Melissa seja a primeira árbitra para o jogo." disse sorrindo pra mim. Yuki concordou e o diretor também, então tudo foi se aprontando.
Me entregaram os cartões e o apito, informaram apenas do tempo para saque e como funcionava a parte de gesticular com os braços. Ouvia tudo com muita atenção, pois não queria passar muita vergonha. Enquanto organizava tudo que precisava e repassava o que tinha que fazer ao decorrer da partida, e esperava pra subir na pequena cabine, senti uma mão encostar no meu ombro. Assim como senti o ar ser roubado dos meus pulmões quando virei. Ran estava ali. Na minha frente.
"Oi! Sou o Ran, muito prazer!" me apresentei novamente, só por educação, mesmo querendo dizer que obviamente sabia quem ele era. "Olha, só queria te dizer que não precisa ficar muito tensa pra apitar o jogo, qualquer coisa pode pedir ajuda aos nossos técnicos ou coisa parecida, até mesmo a gente! Vamos estar aqui pra o que você precisar." ele falava com um sorriso encantador adornando sua voz doce e melodiosa. Tinha um tom grave no fundo, e seu inglês era muito bem pronunciado, mesmo com o sotaque tão forte, o que deixava ainda mais fofo.
"Ai muito obrigada Ran. Já estou pensando aqui nas mil formas em que vou apitar esse apito forte demais, ou tão fraco que vai sair só o vento! Então caso eu atrase o jogo mais do que o normal, e me distraia muito vendo a partida, já peço mil desculpas de antemão!" por mais que a cor da minha pele não permitisse tanto, eu conseguia sentir minhas bochechas ficarem vermelhas, pelo nervosismo e pela forma que ele olhava pra mim enquanto eu falava.
"Te prometo que o que aconteça vai passar rápido que muita gente nem vai notar. Eu mesmo já fiquei tão nervoso na primeira vez que participei de um torneio que meus saques iam todos pra fora ou na rede. Chegava minha hora de sacar e eu pensava que era só mais uma vergonha pra passar. Então não precisa sentir esse tipo de pressão aqui. É só uma partida divertida pra nós, e queremos que seja pra vocês também." sua mão deslizava em meu braço, subindo e descendo de uma forma suave pra me acalmar, o que ajudou bastante, mesmo que meu nervosismo agora seja somente por ele estar tão perto.
"Muito obrigada senhor 'erra saques por estar nervoso', vou guardar sua experiência no coração pra não deixar nada me abalar daqui pra frente!" ele riu um pouco do apelido e me aliviei, pensei ter passado do ponto.
"Muito bem, isso mesmo! Bom Melissa, eu tenho que voltar pra gente dar início à partida. Fica calma e se divirta! Espero te ver de novo." senti que meu mundo ia parar quando ele piscou leve pra mim e saiu andando. O chamei uma última vez antes de começar a partida e cada um ir pros seus postos.
"Ran! Obrigada novamente, e se divirta também, pra não errar nenhum saque pelo meu nervosismo." ri um pouco ao ver ele sorrir do comentário e me virei, pronta para começar a apitar.
A cabine do juíz que fica perto de uma das antenas, onde eu iria me localizar, era bem mais alta do que eu achei, e bem menor, mas ao menos tem como ficar sentada. Só de pensar ver aquela bola voando pra lá e pra cá na minha cara, só ia facilitar minha tontura, que já se fazia presente. Era realmente bem mais alto do que achei. Perguntei se poderia ficar sentada, pois a altura estava me assustando um pouco e tive o aval positivo, Nicolas iria me ajudar nessa parte. Todo mundo estava em seus devidos lugares, posicionados de forma espalhada e visível. Confirmei com o pessoal, e comecei à apitar pela primeira vez, um jogo que tinha tudo pra ser o momento da minha vida.
* - - ☆ - - *
Ran P.O.V
Eu sentia que estavam pregando uma peça em mim, uma que o Otsuka tinha mão, mas não tinha como confirmar. Sentia meu corpo vibrar, meus pelos estavam em pé e meus sentidos aguçados. Queria ser cético o bastante pra acreditar que não era por causa da presença dela, mas eu estaria mentindo. Quando os participantes estavam sendo escolhidos e vi ela levantar, percebi a mão de Tatsunori acenar pra mim e ai percebi, era dela que ele estava falando. E meu Deus... Ele tinha muita razão. Ela era linda, a pele dela com uma cor de chocolate ao leite, um estilo bonito, cabelos brilhosos, e por favor, que sorriso ela tinha. Mas era mais que isso, pode parecer uma bobagem enorme, mas eu conseguia ver claramente, tinha uma aura nela que parecia transbordar, brilhante e aconchegante, me senti puxado pra ela assim que adentrou a quadra, e foi quando dei a desculpa de seguir Yuki depois da apresentação de cada um.
Ela seria a primeira árbitra do nosso jogo, apenas de forma figurativa por assim dizer, já que era apenas um treino e não precisava de mil regras, só as básicas de toques. Enquanto ela aprendia um pouco mais do que fazer, senti Tatsu se aproximar de mim, com um sorriso ladino no rosto.
"Você acredita em mim agora? Já que viu tão de perto como assistente do capitão não é?" se apoiou com o braço no meu ombro enquanto eu tentava, discretamente, olhar pra ela que estava de costas.
"Você é um idiota Tatsunori, por favor. Eu fui dar as boas vindas à eles, só isso." mas eu também não conseguia nem mentir né?
"Ah por favor Takahashi, não se faça. Você nem falou com nenhum deles e vem com essa pra cima de mim."
"E você pode falar o que? O que você falou pro diretor da VNL antes de chamarem o pessoal? Isso tem dedo seu, que eu sei!"
"Eu fui avisar à ele sobre ela, qual o problema? É crime agora? Disse que ela era uma fã que a gente já conhecia antes e queríamos dar essa experiência pra ela." a cara de inocente dele era um deleite.
"Mas você é um mentiroso né?" cruzei os braços como se fosse dar uma bronca.
"Ah por favor, fala isso como se não tivesse me agradecendo por dentro. Ou você acha que eu não vi a cara que você botou depois que ela chegou? Caidinho você tá. Só tem que ter coragem agora pra falar com ela, e sugiro que faça logo e aproveite que ela ta sozinha." ele me deu um último tapinha no ombro e eu fui, afinal, não tinha nada à perder.
Sua presença era ainda mais quente e brilhante quando estava perto, me sentia atraído por ela, de todos os modos possíveis. Quanto mais me aproximava, mais eu queria ficar por perto, perto dela, junto ali. E quando falamos um com o outro, ela falava tão bem, uma voz tao bonita, diferente das que eu já tinha escutado. Os olhos escuros tinham estrelas dentro deles. Me sentia hipnotizado, por eles, pela risada, pelo sorriso, por ela. E quanto tempo eu não me sentia assim.
Não consigo crer que estava passando por isso nessa altura do campeonato. Eu tendo um monte de coisa pra focar, acabei de me livrar de um relacionamento ruim que tive, não posso ver isso acontecendo de novo. E aí sou só eu sendo emocionado mesmo, problema meu. Mas não vou negar que dei 120% do meu melhor hoje, mesmo sendo treino, pra impressionar ela. E vou checar se funcionou depois. Ela parecia estar tendo o momento da vida dela, se divertindo horrores, e marcava muito bem, sempre muito atenta ao jogo, quando precisava pedia ajuda ao outro árbitro que estava na rede, e assim o jogo seguia. Todo mundo estava aproveitando muito, o que só melhorava ainda mais o clima. Depois de uma vitória apertada de 2x1 pro meu time (comigo sendo o maior pontuador, pura sorte), fomos fazer o alongamento final e terminar o treino.
Todos os participantes foram se desfazer dos objetos que portavam, ela estava com um pouco de medo de descer da cabine e quase fui lá ajudar, mas fui puxado e não tive como. O tempo todo o meu olhar voltava pra ela, era inevitável, não conseguia impedir (e sendo bem sincero, não queria). Enquanto terminávamos de nos alongar, os 6 participantes e o resto do pessoal permanecia no local, para podermos falar com todo mundo e tirar foto com quem quisesse. Fui secar um pouco do suor e tomar água, percebi ela um pouco afastada de todo mundo, apenas olhando em volta, e me senti tentado à ir falar com ela novamente. Não ia perder essa chance.
"Tá se escondendo por aqui?" cheguei ainda com a toalha nos ombros e a garrafa que prontamente ofereci à ela, que recusou mas agradeceu.
"Acho que não consegui não é? Conseguiram me achar..." sua risadinha quase me desmontou, mas continuei firme.
"Sendo bem sincero, é difícil te perder de vista viu? E ai juíza, como está se sentindo depois de apitar uma partida super intensa?" tentei brincar pra descontrair mais o clima e puxar mais assunto com ela.
"Olha, foi uma honra! Nunca pensei que veria atletas de nível mundial jogarem na frente dos meus olhos assim, e que iria apitar pra eles errarem tantos saques. Surpresas da vida sabe?" entendi a piadinha e não pude evitar rir. Sinto que seria algo interno entre a gente agora.
"Mas de verdade Takahashi, vocês jogaram super bem, mesmo pra um treino. Uma qualidade absurda em todos os passes e toques. E você senhor maior pontuador da partida, jogou muito bem!" senti minhas bochechas esquentarem pelo elogio, mas fingi ser pelo calor da partida.
"Nossa, é uma honra receber um elogio desse da melhor juíza que já apitou alguma partida minha. De verdade não sei nem o que dizer!" me encostei na parede perto dela, pra mostrar o quão confortável estava com a nossa conversa. "Mas brincadeiras à parte, obrigada. Espero que eu tenha atingido suas expectativas e que você tenha se divertido muito hoje."
"Você não faz ideia Ran. Isso tudo aqui é muito irreal pra mim. Primeiro o fato de ter sido selecionada pra estar aqui no treino, e depois ser chamada pra estar dentro da quadra com vocês? Isso é incrível em vários níveis, vou lembrar disso aqui pro resto da vida, da melhor forma possível." à cada palavra dada o olho dela brilhava mais, e meu coração batia na mesma intensidade.
"Isso é tão bom de ouvir, você não faz ideia. Nosso maior objetivo é fazer esse esporte ser acessível e amado por muitas pessoas, não importa a razão, pelo visto aqui, ele só vai ser ainda mais amado por você, com várias lembranças boas certo?"
"Certíssimo. Nem nos meus sonhos mais loucos eu poderia imaginar o que aconteceu aqui hoje. Não acho que nada vá ser capaz de apagar da minha mente." sentia como se fôssemos cúmplices um do outro. Eu por ter ajudado isso acontecer, e ela por me sentir como se um vulcão estivesse pronto pra explodir em mim.
Nossa conversa continuou por mais um pouco, ela falando sobre como teve o vôlei na vida dela, e eu me mostrava o mais interessado possível, pois estava mesmo. A gente fluía tão bem junto que o tempo parecia parado somente com nós naquele momento. Fomos interrompidos apenas por Sekita, que veio informar que tínhamos que terminar de preparar tudo pra falar com todo mundo.
"Bom, acho que tenho que te liberar agora bom senhor. Foi um prazer falar com você!" o senso de humor dela era realmente algo que me encantava sem esforço. Ela se virou pra ir e senti que precisava falar mais com ela, ter algo pra guardar. Pensaria nisso antes dela ir embora.
Quando voltei pra perto de todo mundo foi uma chuva de perguntas pra mim, infelizmente não fui tão discreto como pensei, mas não que me importasse, não costumo esconder nada deles de qualquer forma, então segui a vida. Todo mundo se enxugou, pra não falar com o pessoal molhado com o suor, e passamos um pouco de desodorante e tudo mais, além de trocar de blusa, e saímos pra falar com todo mundo. Os primeiros foram os 6 que estavam dentro da quadra ainda, o que já me alegrou, e fui direto pra ela.
"Uau quanto tempo! Achei que não fosse mais te ver." decidi voltar brincando um pouco com ela, ja que dessa vez nosso encontro seria menor.
"Você é sempre dramático assim ou fez curso? Já está com abstinência de mim? Olha lá hein Takahashi..." rimos em conjunto, a leveza era certa quando estávamos próximos.
"Como poderei sobreviver nesse mundo frio e vazio sem a melhor juíza desse mundo, avaliando as partidas que jogo com seus olhos ultra treinados? Não posso!"
"Bom pra sua sorte eu estarei sempre de olho no seu nervosismo para evitar o erro de saques o máximo que puder senhor!" fez uma brincadeira de continência com a mão e soltei uma gargalhada.
"Por falar em assistir, vai nos ver no sábado?"
"Mas é claro! Não perderia esse jogo por nada no mundo. E pode ficar tranquilo que estarei com minha torcida interna pronta pra vocês." bom, depois de ouvir isso e me dar certeza, resolvi agir de maneira sutil, após perceber que estava na hora de falar com o resto do pessoal.
"Bom, que ótimo então, sei que com uma espectadora fiel e competente a gente pode contar. E pra testar nossa sorte, você me devolve isso no final da partida, depois da nossa vitória está bem?" coloquei meu colar discretamente dentro de sua mão, dei um leve apertão e sai, com as bochechas queimando, para falar com quem faltava.
De canto de olho vi ela abrir a mão e arregalar os olhos surpresas, mas depois de um tempo pensando um pouco, resolveu guardar no bolso interno do blazer, me aliviei. Pelo menos é uma certeza de que verei ela de novo, e se não, ela me terá consigo por muito tempo. Nos juntamos todos, time, comissão técnica, participantes e diretores para tirar uma foto em conjunto, e depois, iriamos para individuais e autógrafos com o público geral, porém antes de sair senti uma mão deslizar da metade das minhas costas até meu ombro, e arrepiei. Quando me virei, a vi na minha frente, enquanto ela se posicionava pra sair do ginásio. Mas não antes de me dizer.
"Vou fazer questão de usá-lo sábado, pra testar a sorte desse amuleto mesmo. E devolverei ele para o dono com mais uma vitória conquistada. Tenha um bom jogo no sábado Ran, aproveita. Até mais." e assim como chegou ela foi embora.
Vi todo o percurso que ela fez até sua carteira para pegar a bolsa e colocar o colar em volta do pescoço, e automaticamente senti um arrepio no meu. Ainda tentava processar tudo que aconteceu no dia de hoje, esse encontro repentino, todas as nossas conversas, nossos olhares. Quero vê-la de novo. O mais rápido possível.
* - - ☆ No sábado ☆ - - *
P.O.V
Depois de tantas emoções nos último dias, sábado finalmente tinha chegado para Melissa e Ran. Depois de voltar para seu quarto de hotel na quinta feira, a garota ficou repassando todos os acontecidos na mente, com um sorriso incrédulo no rosto, contando os segundos para rever o jogador. E nos dormitórios isso acontecia também com o rapaz, que falava por horas à fio sobre isso como Yamamoto e Nishida, que havia acabado de pousar na cidade maravilhosa com sua esposa Sarina. Ambos estão tirando um tempo dos esportes para dar início à sua família, e sempre que podem, mostram apoio à seleção de vôlei. Yuji escutava encantado sobre o encontro repentino que Takahashi teve com a moça, feliz por ver seu irmão mais novo desse jeito mais uma vez. O relacionamento dele com Kiumi não acabou da melhor forma, e deixou uma marca grande no rapaz, então realmente era ótimo ver os olhos brilhantes dele.
A conversa dos três perdurou por mais algum tempo, e ajudou o tempo passar até chegar sábado. Na sexta de manhã, Melissa e Amanda se reencontraram pra refazer o mesmo percurso da quinta antes de irem pro jogo da seleção brasileira, que diga-se de passagem, foi um jogo e tanto. Brasil venceu a seleção cubana por 3x1, um jogo com sets apertados e muito vibrantes, e ao sair do ginásio, veio novamente os batimentos fortes no peito pela ansiedade do dia seguinte. Quando sábado chegou, ela tentou fazer as coisas de modo mais leve possível. Dormiu bem, levantou cedo pra tomar um banho completo. Resolveu lavar o cabelo e deixar ele ao natural, com seu cachos bem soltos. Se perfumou bem e foi se aprontar. Com uma maquiagem simples, fez questão da primeira peça ser o colar que o garoto tinha oferecido como um amuleto. De forma descontraída, colocou uma blusa de 'Haikyuu!' um anime de vôlei japonês, uma saia jeans que batia na metade de suas coxas e uma bota média preta. Terminou de colocar tudo que precisava e saiu para comer algo leve. Falou com Amanda no telefone pra saber se ela conseguiria assistir o jogo também, mas a resposta foi negativa, seria só ela dentro do Maracanãzinho.
Já se encontrava uma movimentação relativamente grande por perto do estádio, comprou algumas guloseimas e sucos dentro do local e se dirigiu à sua cadeira. Ficava na primeira fileira da parte superior da quadra, onde ficava por trás da rede. Ao chegar e se posicionar no seu acento, os jogadores de ambas as seleções já estavam se aquecendo, com música e luzes ambientes pra preparar o clima. Tinha algumas pessoas atrás e poucas outras espalhadas ao seu redor, mas entre sua cadeira e mais duas ao seu lado, estava sozinha, o que achou ótimo. Assim que se acomodou de forma confortável na cadeira, passou o olhar pela quadra, tentando localizar um certo rapaz de cabelos castanhos avermelhados e com o número 12 nas costas. Onde se localizava tinha total visão das duas partes da quadra e dos jogadores. À sua frente a seleção japonesa se localizava e interagia com alguns fãs vez ou outra. Takahashi chegava perto de onde ele conseguiria ver ela mas ainda tentava procurar a mesma de forma discreta. Infelizmente esqueceu de pedir algum tipo de contato móvel com a jovem antes de se despedirem e não sabia por onde ela estaria no jogo.
Mas a sua intuição não falhava, enquanto falava com Kai e os dois alongavam em sintonia, sentiu sua nuca queimar, e levou seu olhar pra trás de forma ágil. Varreu todas as cadeiras com seu olhar, até que seus olhos pararam nos dela, de forma certeira. Sentiu um pouco confuso pela repentina mudança visual que o cabelo cacheado proporcionava à ela, mas conseguiu ficar ainda mais linda na sua visão. Enquanto tentava não chamar atenção dos espectadores, mantinha o olhar preso nela e passando pela área que estava, acenando para o pessoal. Melissa para confirmar que estava mesmo ali, pegou o pingente comprido do colar e colocou pra fora da blusa, balançando um pouco a barrinha prateada. Ao perceber o movimento, Ran abriu um dos sorrisos mais lindos que a moça já tinha visto em muito tempo, mas como não podia dar muita pinta de nada, resolvou desviar o olhar dele e se concentrar em outra coisa no momento, já que não queria levantar suspeita. E agora que ele sabe que ela realmente está lá, com seu colar, como prometido, o alívio percorreu seu corpo. É, seria um bom jogo.
Ran P.O.V
Jogar contra o Canadá era sempre eletrizante. São oponentes fortes e teimosos, era sempre bom ficar atento e focado 100% no jogo contra eles. Mas admito que meu foco hoje estava com 5% à menos do que o esperado, afinal, uma bela moça de olhos castanhos me encarava ferozmente. Minha mãe e meus irmãos haviam me encontrado antes de sair do nosso dormitório, falaram com todo mundo do time, e me disseram onde estariam vendo o jogo. O que me surpreendeu foi ver que eles estavam perto de Melissa, o que ela aparentemente não notou. Mas eu sim notei, o quão linda ela estava. O cabelo cacheado dava um ar despojado e mais jovial para ela, e seus olhos pareciam brilhar como holofotes. Quando vi ela levantar o colar, senti o ar prender nos meus pulmões e não consegui esconder meu sorriso, ela realmente estava ali.
Enquanto eu e Kai revezamos entres os passes no aquecimento, tentei pensar num jeito pra avisar alguém da comissão técnica pra chamar ela logo após o fim da partida para o vestiário, afirmando que ela estava comigo. Sempre que falava com alguém da minha família, ou com os fãs que estavam por ali, tirava uma casquinha pra olhar pra ela, e falar também. Me sentia fascinado, num transe, emaranhado nela. Foi chegando a hora da partida começar e resolvemos nos posicionar, com uma última olhada pra ela, vi que sua mão se encontrava sobre meu colar, como se estivesse me mandando forças, e foi o que fiz. Entrei com tudo na partida, determinado à acertar todos os saques, ataques, bloqueios e recepções. Meu sentido de jogo estava aguçado, conseguia perceber tudo ao meu redor com maestria, e meus colegas de time também perceberam isso.
Me senti voar durante a partida, dando meu melhor, colocava todas as minhas cartas na mesa, vibrava a cada ataque que a bola caia no chão. Tinha uma força surreal me envolvendo, e iria aproveitar cada momento dela. Sentia meu corpo queimar, tremer, o vulcão que estava em mim, chacoalhando pra entrar em erupção, e eu queria soltar tudo que podia. E foi nesse ritmo, que batemos o Canadá por 3x0, com uma pontuação bem grande de diferença entre os sets. Mais do que nunca me senti invencível hoje. Comemoramos um pouco por ali, acenei pra minha família mas me preocupei pois não vi Melissa onde originalmente ela estaria, mas não tive tempo de pensar sobre isso pois fui puxado pelo resto do pessoal pra voltar as comemorações.
Elas seguiram até chegar no vestiário, já havia descido os manguitos que estavam grudados no meu corpo, já que estava molhado com o suor, e lá encontramos Yuji e Sarina prontos para nos felicitar pelo jogo. Minutos depois, minha família apareceu e a festa recomeçou. Todos sentiam muita falta da minha mãe, e ela adorava todos eles. No meio de tanta celebração, acabei voltando minha atenção para uma certa pessoa que gostaria de ver, e como se o universo tivesse me ouvido, batidas foram desferidas na porta e um dos nossos técnicos abriu a porta.
"Oi galera, perdão interromper a festa mas Ran, tem alguém aqui querendo falar com você." Narita deu espaço para Melissa entrar no meu campo de visão.
"Oi campeão." foi a primeira coisa que ela disse antes de eu correr em sua direção e a envolver em meus braços. Não me importava com quem estava assistindo aquele momento entre nós dois, pela primeira vez eu abracei ela, e não queria soltar de forma alguma. O encaixe era perfeito, único, certo. Me senti acolhido ali, e queria aproveitar cada momento.
"Você veio gatinha. Não sabe o alívio que foi te ver na arquibancada."
"Bom, eu tinha algo comigo que precisava voltar pro dono não é? E falando nisso, deixe-me devolver." ela foi abrir o fecho do colar, mas uma voz atrás interrompeu.
"E aí Takahashi, não vai apresentar pra gente?" Yuji comentou.
"Nós conhecemos ela já, mas é bom vê-la novamente." Yuki afirmou, e eu concordei. Ela estava meio perdida pois parecia não entender o que estava sendo falado, mas cumprimentou todos mesmo assim.
"Olá meninos, parabéns pela partida! Foi um jogo incrível, vocês estavam ótimos! É um prazer rever vocês." ela se apresentou novamente para todos e falou com os que não tinha visto na quinta, e enquanto ela fazia, senti uma mão tocar minhas costas.
"Que surpresa boa filho, é amiga sua?" minha mãe perguntava cordialmente.
"Não mãe, bom, ainda não acredito eu."
"Essa é a garota que você falou comigo esses dias?" Rui era meu confidente principal, éramos carne e unha, e quando todo aquele turbilhão de coisas aconteceu, ele foi a primeira pessoa que eu pensei em dividir.
"É ela mesma. Achei que não ia conseguir ver ela hoje mas ainda bem que deu tudo certo no fim."
"Ela parece ser uma garota muito doce filho, e é muito bonita também."
"Você não faz ideia mãe, eu vou te contar tudo mais tarde, eu prometo, mas eu queria tentar falar com ela, à sós." tentei fazer minha melhor cara de coitado pra ter a ajuda deles, e minha mãe entendeu o recado.
"Rapazes, com licença interromper vocês aqui, olá minha querida, muito prazer. Me chamo Sayuri e sou a mãe do Ran." Melissa acenou com a cabeça, devolvendo a cortesia da minha mãe. "Vamos todo mundo se organizar, que eu vou levar todos pra comerem algo bem gostoso como recompensa pelo jogo. Vamos, vamos. Deixem a pobre moça respirar." enquanto minha mãe ia pra cima do pessoal para deixar Melissa livre, encontrei o pulso dela e a puxei pra um local mais livre, pra enfim conseguir ter um momento à sós.
"Ran calma, eu não pude me despedir deles!"
"Não precisa de despedir, você não vai embora ainda. Só queria falar com você à sós." nos posicionei em uma sacada que tinha saindo do vestiário, com uma vista espetacular.
"Bom, aqui estamos, o que deseja?" você. Pensei de imediato mas não pude dizer, só com o pensamento fiquei vermelho com aquilo.
"Só aproveitar um pouco de tempo com você. Saber o que achou do jogo, se estava torcendo pra gente. Esse tipo de coisa." seu tom era leve, brincalhão, e senti meu peito aquecer.
"Olha, o jogo mesmo foi impressionante, agora torcer por vocês..." sua mão foi de encontro com o colar, com um sorriso ladino enquanto olhava pra baixo. Ela queria me provocar? Se era a intenção, conseguiu. Olhei incrédulo pra ela que riu da situação e continuou. "É óbvio que eu estava torcendo por vocês seu bobo. Vocês jogaram como nunca vi antes. E você hein? Maior pontuador do jogo. Estava inspirado pelo visto."
"Você não faz ideia..." acho que ela notou pelo meu tom de voz a minha intenção, e apenas desviou o olhar com vergonha.
"Espero que essa inspiração perdure até o fim do campeonato pra ter mais uma medalha no pescoço. Mas já que a medalha ainda não veio, bota esse aqui que tem mais uma vitória acumulada." ela abriu o colar e foi em direção ao meu pescoço.
Abaixei um pouco pra ficar mais fácil dela achar o encaixe, nesse meio tempo a respiração quente dela batia no meu ouvido e me fazia arrepiar. Quanto terminou, ajeitou o pingente no meu peito e olhou pra mim. "Prontinho, de volta à seu verdadeiro dono."
"Apesar de que ficou ótimo em você. Poderia ficar com ele se quiser, me devolveria numa próxima." me aproximei dela da forma mais sutil que pude, colocando minha mão em seu braço.
"Não venha com ideias mirabolantes senhor Takahashi. Isso vai ficar com você somente. Não preciso de um colar pra me lembrar de você. Te ver jogar já é o suficiente pra me lembrar, não se preocupe."
"Seria tão ruim eu querer te dar algo pra se lembrar de mim e das vezes que a gente se viu?"
"Jamais! Mas algo simbólico também serve. Esse momento por exemplo, e todos que tivemos até aqui, vão ficar na minha cabeça pra sempre."
"Então tenho outra proposta, para ajudar esses momentos a ficarem frescos na sua memória, vamos nos manter em contato. Você me passa seu número ou alguma rede social sua e sempre que precisar refrescar sua memória dos momentos que a gente teve, é só mandar mensagem, que tal?" estendi meu celular pra ela que prontamente colocou seu número e uma rede sua, guardei novamente já esperando o momento de contatá-la.
"Feito, agora você já tem algo à mais pra se recordar quando estiver longe. Algo mais?"
"Na verdade, sim. Tem algo mais." respirei fundo antes de dar os próximos passos.
Pela proximidade que estávamos não era difícil por minha mão em sua nuca, e a puxar para mais perto de mim. Quase que instintivamente, suas mãos foram pros meus ombros. Estávamos dançando mesmo sem a música começar, ela sabia de cada passo que eu ia dar, e eu sabia como guiá-la no ritmo perfeito. Quanto mais perto colocava ela de mim, mais o ar ia ficando rarefeito. A vontade ia se dissipando pelos poros, e ia nublando minha cabeça. E ai, meu corpo finalmente entrou em erupção.
E eu a beijei. E nos combalimos um no outro. Explodimos juntos. Tinha vontade, desejo, necessidade. Nos desfizemos e fomos refeitos pelo calor que tinha no beijo. Suas mãos visitavam minhas costas e as minhas exploravam seu corpo, até onde eu conseguia ir. Até onde o senso me deixava chegar. A boca dela fazia parecer que meu corpo era algodão doce, me derretia inteiro por entrar em contato com água. Nos moldamos um ao incêndio do outro, fizemos nossas faíscas se tornarem labaredas quando nos tocamos em meio ao fogo vivo do nosso desejo. Não queria deixar ela sair de mim, daqui, desse momento. Mas assim como veio ardente, nosso fôlego se esvaiu de nós, antes de pedir permissão pra nos deixar.
Enquanto nos separavamos, nossos olhos se fundiam assim como nossas bocas fizeram segundos atrás. Deixei nossas testas ficarem coladas enquanto saboreávamos aquele momento. Tivemos que nos separar por completo, pois precisávamos voltar para nossos respectivos hotéis. E com muito custo deixei com que ela saísse dos meus braços. Me despedi com um beijo no canto de sua bochecha e um afago em seu cabelo, jurando que assim que chegasse no dormitório mandaria mensagem pra ela. E foi o que fiz.
Mal esperei tomar meu banho ou coisa parecida, assim que entrei no quarto, mandei uma mensagem pra ela, falando sobre tudo. Deixei meu telefone na escrivaninha que tinha no quarto e fui tomar banho. Queria ter cuidado pra água não levar o cheiro dela de mim, mas o gosto do seu beijo já estava impregnado e não havia o que fazer. Fechava os olhos e quando passava o sabonete pensanva nas mãos dela passeando pelo meu corpo. Ansiava tê-la de novo, ao menos mais uma vez. Terminei meu banho com um sorriso que não cabia no rosto, estava sozinho no quarto então levei meu tempo pra me preparar para descer e comer, até que escutei o telefone tocar. Sinalizava que uma nova mensagem havia chegado, e fui correndo ver. Infelizmente, não era o que eu estava esperando.
"Olá meu jogador favorito, como vai? Tenho que dizer que fiquei muito orgulhosa da sua performance hoje docinho, parecia até que sabia que eu estava te vendo e queria me impressionar! Uau, de verdade, fiquei sem fôlego te vendo jogar. Mas acabei ficando mais sem fôlego ainda quando te vi olhar para alguém que não era eu, e beijar ela também. Me diz que não é verdade benzinho... Não quero acabar com sua felicidade pra ter a minha de novo. Sugiro que essa garotinha suma amorzinho, ou essa fotinha vai aparecer, e as notícias não serão boas. Até mais lindinho, estou morrendo de saudade! Da sua amada Homohori <3" 
Estava ferrado...
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Bom gente é isso! Perdão por qualquer erro gramatical, levei um bom tempo pra escrever mas apreciei cada segundo. Vou liberar aqui embaixo de como eu visualizo a imagem de Melissa, no treino e no jogo da seleção japonesa, mas fiquem à vontade para verem ela como preferirem! Obrigada pela atenção e até uma próxima quem sabe!
Os visuais:
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uptudy · 1 year
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Como é ter síndrome do pânico, e, como é o meu tratamento.
Vou retratar aqui a minha experiência, o que eu vivo e passo por causa da síndrome do pânico. Por favor, leia com atenção.
O que é síndrome do pânico?
A síndrome ou transtorno do pânico (ansiedade paroxística episódica) é uma doença psicológica que se caracteriza pela ocorrência repentina, inesperada e de certa forma inexplicável de crises de ansiedade aguda marcadas por muito medo e desespero, associadas a sintomas físicos e emocionais aterrorizantes, que atingem sua intensidade máxima em até dez minutos.
Ter síndrome do pânico é:
• De um momento para o outro você tem o seu primeiro ataque de pânico. No meu caso, eu estava voltando para casa, depois de passar um dia fazendo provas na faculdade. A gota d'água foi toda a ansiedade e estresse que eu estava tendo com o fim do período, que é marcado por provas. Acredito que no meu caso teve outros fatores traumáticos que prefiro nem lembrar. Ainda nem consigo falar sobre com o meu psicológo.
• Ter dor de estômago, e é constante. Além de variar, as vezes vai parecer um murro, ou como se estivessem amassando seu estômago ou puxando, igual criança brincando de amoeba.
• Ter algum mal estar no estômago. Quando não é dor é um mal estar. Uma hora é refluxo, na outra uma sensação de acidez no estômago, pinicação também, enjoos, ânsia de vômito, as vezes eu vomito, e tem também a sensação de embrulho no estômago. Já passei um dia onde só consegui consumir um copo de leite, devido a tanto enjoo. Mas, também não senti fome neste dia em questão. E já tive dias similares a este.
• Durante um ataque de pânico ter sintomas variados. Ou seja, cada ataque de pânico tem um conjunto de sintomas. O que eu já senti foi: dor no peito, sensação de peso sobre o peito, garganta fechando, ou como se tivesse uma bola na garganta, calafrios, dor de estômago, enjoo, ânsia de vômito, dormência no corpo, já senti frio como se estivesse numa sala com ar-condicionado no extremo, formigamento pelo corpo, tonturas como se minha cabeça gira-se exatos 360⁰, desorientação mental - é como estar em baixo d'água, sons distantes e difíceis de compreender e a visão turva. Também fico tremendo igual vara verde quando bate um vento e choro muito. E tenho a extrema necessidade de ir ao banheiro, é a mesma sensação de uma infecção urinária.
• Viver com medo de ter um novo ataque de pânico.
• Por medo, evitar situações que possam desencadear ataques.
• Ficar com autoestima baixa, ou quase nula.
• Deixar de sair de casa e se isolar.
• Viver tendo pensamentos negativos.
• Ver sua autoconfiança ir para o buraco.
• Ouvir que você é: fraca, preguiçosa, mentirosa...
• Ser julgada por ter SP.
• A cada ataque de pânico acreditar que esta morrendo, principalmente no início da doença.
Conselhos que eu dou:
• Procure um CAPS, ou um psicólogo no posto de saúde. Pode ser que você precise passar primeiro pelo clínico geral para pegar um encaminhamento para o psicólogo. No CAPS você passa pelo psicólogo, vai para o psiquiatra e já sai de lá com os remédios.
• Corte coisas que te façam mal. Filme de terror e suspense, música triste, ou que te deixe aflita.
• Lembre-se: o ataque de pânico não vai te matar.
• Corte o café, se você conseguir esse feito. Eu fiquei 8 meses sem café, mas sofri com fortes dores de cabeça e não poder tomar café piorava a minha depressão.
• Nunca deixe de fazer algo por causa da SP, exemplo, deixar de sair de casa ou ir fazer uma prova. Pois, seu cérebro entenderá que aquela situação te colocava em perigo. E quando essa situação se repetir você terá um ataque de pânico.
• Não conseguiu ficar sem café? Então, faça dele um prêmio. Como? Faça algo que te deixe ansiosa e estressada, por exemplo, atualmente, eu me desafio a sair uma vez por semana, sozinha e pegar um ônibus. Mas, eu comecei indo até o mercadinho próximo de casa. Voltando ao ônibus, eu não vou tão longe, mas já é o suficiente para começar a criar confiança. Fico em torno de 15 minutos no ônibus, antes eu tinha a sensação de que as paredes estavam se fechando ao meu redor e hoje já não tenho. Eu volto a pé para casa e quando chego tomo um copo bem cheio de café com leite. E no sábado vou para a igreja e não tenho nenhum ataque de pânico, atualmente. Antes eu ficava bem nervosa.
• Desafie-se sempre. E cada vez mais. Como? Comece indo na esquina sozinha, e vá no supermercado com os seus pais. Vá para a igreja sozinha e veja quanto tempo você consegue ficar sem um parente por perto. Ande de ônibus/carro, vá até o bairro vizinho, escolha locais para você ir, como um shopping, por exemplo. E quando se sentir confiante vá para um local mais distante da sua casa. Hoje eu me desafio a sair sozinha uma vez por semana, nas sexta. Quero aumentar para duas vezes por semana e sucetivamente.
• Tome seus remédios certinho, nos primeiros 15 dias você só vai sentir os efeitos colaterais. Mas, se depois disso você não se acostumar e passar mal com eles, procure o seu psiquiatra.
• Não dê ouvidos para opiniões negativas.
• Ao chegar nas duas últimas cartelas procure renovar a sua receita. Se você não conseguir ir ao psiquiatra, o clínico geral pode renovar as suas receitas.
• Ao ter lembranças negativas lembre-se das suas lembranças positivas.
• Ao ter um pensamento negativo sobre algo que você vá fazer, se imagine fazendo isso e tudo ocorrendo bem. Ou crie mantras. Por exemplo, as vezes eu vou sair no dia seguinte e fico pensando: "vou passar mal" então eu penso "amanhã eu vou sair e ter um ótimo dia. Vou ficar ansiosa, mas não vou passar mal", "amanhã será melhor do que hoje", "Hoje será melhor do que ontem".
• Em relação aos traumas da sua vida, faça uma resignificação, que é dar um novo significado para o evento que te trás dor. E pense que isso te deixou mais forte.
• Faça exercícios de autoaprendizado e autoajuda. Recomendo aqueles livros da série: caderno de exercícios para...
• Faça auto-hipnose para SP.
• Assista filmes, séries e vídeos sobre pessoas que deram a volta por cima.
• Ouça músicas animadas e felizes. Recomendo: Vivaldi, Mozart, Tchaikovsky..., músicas clássicas são ótimas para pôr pra fora toda essa angústia e sofrimento que sentimos.
• Tenha uma fonte de renda. Conquistar o seu dinheiro vai ter dar uma sensação de normalidade e confiança.
• Leia livros inspiradores. Recomendo: Pense Grande - Alex Bonifácio
• Faça exercícios físicos.
• Faça yoga.
• Ao andar de ônibus olhe pela janela. Foque na paisagem.
• Se for esperar, fique jogando palavras cruzadas, por exemplo.
• Jogue caça-palavras, palavras cruzadas, jogo da memória, sudoku, quebra cabeça..., jogos que te desafie.
• Respire fundo e devagar. Principalmente se estiver começando a passar mal. Puxe o ar por 3 segundos, devagar. Segure o ar por 3 segundos. Solte o ar por 3 segundos, devagar.
• Jogue conversa fora com algum desconhecido na rua, se estiver na fila, por exemplo. Aliás isso te faz focar em outra coisa e não surtar e ter um ataque de pânico. E te acalma.
• Toque em algo. O tato vai te ajudar a ficar calma.
• Beba ou coma algo devagar. Esse é um ótimo truque para ensinar seu cérebro que aquele lugar e a situação não te trazem perigo.
• Foque no agora.
• Limpe e organize seu quarto, ou sua casa, principalmente se você morar só. Li que um lugar organizado é bom para a saúde mental.
• Tenha uma agenda, planner ou bullet journal. Se organize.
• Tenha metas: diárias, semanais, mensais e anuais.
• Tenha um hobby .
• Faça trabalho voluntário. Pode ser pela internet, criando panfletos para um evento solidário, por exemplo.
⚠️ Infelizmente, a cura da síndrome do pânico não vem rapidamente. Não é como uma gripe que você toma um benegripe e já vai ficar curado num curto prazo de tempo. O tratamento da SP leva muito tempo, cuidados, esforço e dedicação.
É isso. Espero que este conteúdo te ajude, seja a se tratar ou ajudar alguém que sofre com essa doença. Qualquer dúvida, é só deixar um comentário.
Se gostou do vídeo, siga-me, curta e compartilhe este conteúdo para ajudar mais pessoas.
Beijos! E até a próxima.
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blogdojuanesteves · 10 months
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IOLE DE FREITAS Anos 1970-Imagem como presença > HELENA ALMEIDA Fotografia habitada.
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Helena de Almeida
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Iole de Freitas
A arte é vida e movimento, muitas vezes interligados ao enigmático além do artístico, uma porta aberta a mostrar mistérios da vida e longe de ser superficial. Apresentada abertamente pela fotografia, alcança profundidade pela representação do Eu (a modificação por influência do mundo externo, que acentua a alteridade do autor). Além disso, essas imagens vão além da câmera, na maioria das vezes apenas um suporte. Imagens formadas por múltiplos meios, para que o resultado materialize-se na visão do artista com o apuramento de conceitos e sentimentos. O que vemos aqui em dois livros: Helena Almeida Fotografia habitada ( IMS, 2023) e Iole de Freitas Anos 1970-Imagem como presença (IMS, 2023), na construção de elaboradas narrativas que articulam o ficcional e o real.
As duas publicações são resultado de exposições nas galerias do Instituto Moreira Salles este ano. Esta última de maio a setembro, na sede paulista [e agora no Paço das Artes, Rio de Janeiro, de dezembro de 2023 a março de 2024] e a primeira de junho a setembro de 2023. Ambas mostram duas autoras com merecido reconhecimento internacional, como a lisboeta Helena Almeida (1934-2018) cuja carreira inicia em 1967 e a mineira Iole de Freitas, que iniciou a sua obra em 1970. Portanto, contemporâneas em amplo sentido, no tempo e no uso da fotografia como expressão artística, bem como em certo pioneirismo da expressão mais conceitual na abordagem visual de si mesmas.
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Helena de Almeida
Iole de Freitas mostra trabalhos de mais de cinco décadas, alguns raramente exibidos, muitos deles conhecidos apenas de um círculo restrito de admiradores, afirma a curadora Sônia Salzstein, professora de História da Arte e Teoria da Arte do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o Centro de Pesquisa em Arte Brasileira. "Embora as fotos, os filmes e as instalações da mostra talvez surpreendam o público que, desde o início da década de 1980, se habituou a associar a artista ao campo da escultura..." explica ela.
Para Salzstein é a primeira vez que um conjunto tão numeroso e representativo da produção desse período é apresentado, obras que já anunciavam características que de um modo ou de outro emergiram em tudo o que ela produziria depois – "mesmo que as peças em exibição, a diferença das esculturas, sejam feitas de algo tão imponderável e esquivo como a matéria luminosa das imagens."
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Iole de Freitas
Helena Almeida disse certa vez: “A minha pintura é o meu corpo, a minha obra é o meu corpo”. Embora seu trabalho, questionador na essência, seja, por vezes, tratado como arte corporal, vemos uma variedade de meios como fotografia, performance, desenhos e vídeos. Suas atitudes ambíguas, cenários simples e acessórios pobres (arame de metal, cânhamo, espelhos, pigmentos em pó, entre tantos) a tornaram em pouco tempo reconhecida na Europa. O livro estrutura-se em sua maior parte em registros fotográficos  auto referenciados de ações performáticas e alguns desenhos. Imagens ora líricas com inserção de pinceladas da cor azul IKB (Ink Klein Blue) -a nos lembrar do genial francês Yves Klein (1928-1962)- e outras mais contundentes pelo forte contraste do preto e branco.
"Passei para a fotografia através do desenho. Foi o desenho dos fios (colagens de fios de crina) que me obrigou à necessidade de ser fotografada." Para Almeida a linha no papel havia tornado-se sólida, liberta do papel e só através das fotografias isso podia ser expresso e representado, diz ela no livro A minha obra é meu corpo (Fundação de Serralves, 2015). Definindo assim suas preocupações e a diversidade de suas disciplinas, uma espécie de litania, como afirmava a crítica de arte e curadora portuguesa Isabel Carlos já em 1998, que organizou o volume atual do IMS.
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Helena de Almeida
Se na obra da artista portuguesa o preto e branco mais definido tem sua preferência, acontece o oposto com a brasileira Iole de Freitas. Salvo poucas exceções a predominância é da cor em movimento e texturas mais acentuadas, fruto também de projeções, onde a autorreferência é igualmente presente. Em nota do texto da curadora, "casca" é um termo que a artista usa para referir-se ao próprio corpo em um breve texto datilografado originalmente escrito em italiano de 1972, no qual descreve sucintamente o filme Elementos (1972), "O corpo visto como matéria, a pele como casca, substâncias que se transformam, se movem, se alteram como a água e o mercúrio. A ideia do próprio corpo como elemento construtivo de sua obra, aproxima-se de Helena Almeida, ainda que o resultado seja distinto graficamente.
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Iole de Freitas
Isabel Carlos com pertinência coloca que a realização da artista - em que resiste em identificar como fotografias, designando-as por "sequências fotográficas", é o encontro de uma sincronia entre seus movimentos, deu dispêndio físico e emocional enquanto se desloca e aciona o disparador da câmera fotográfica: "as imagens voláteis do corpo que os fragmentos de espelhos dispostos no chão oferecem à câmera ( e eventualmente, à artista) e, finalmente, as imagens que só as lentes lograram ver e fixar toda a performance."
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Helena de Almeida
A ideia do registro fotográfico de uma performance, que por sua vez transforma-se na própria obra do autor, ou parte dela, remonta algumas décadas, como podemos ver nestes dois trabalhos aqui comentados. A estes, podemos juntar imagens de outras artistas contemporâneas a elas, que propõem uma leitura corporal, como Cut Piece, da japonesa Yoko Ono registros de sua histórica apresentação no Sogetsu Art Center de Tóquio, de 1964 que pode ser visto no livro Yoko Ono: One Woman Show, 1960-1971 (MoMA, 2015). Aqui no Brasil, vale lembrar do livro da artista sérvia Marina Abramović, Places of Power (com fotografias de Marco Anelli) produzido pela galeria paulistana de Luciana Brito em 2015, que inclui seu Diário do Brasil - 2012-2013, onde a utilização do próprio corpo estão presentes em imagens fotográficas.
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Iole de Freitas
O trabalho de Iole de Freitas dos anos 1970 guarda algo da imaginação estética do corpo que inspirou as trajetórias de Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927- 2004) e Hélio Oiticica (1937-1980), diz Sônia Salzstein, uma imaginação que persistia como uma cintilação póstera do movimento neoconcreto que se transmitiu a jovem artista, a partir de meados da década de 1960, desde o tempo que ela praticava dança e frequentava o meio artístico carioca. Já em sua entrevista com Helena Almeida, a curadora Isabel Campos destaca que a questão da autoria sempre esteve presente em seu trabalho porque utiliza o seu próprio corpo como veículo primeiro da obra. Almeida argumenta que mesmo antes da fotografia já sentia-se como uma autora. "Parti de linguagens familiares ao princípio porque é assim que  todos começamos.”
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Helena de Almeida
As duas belas publicações quase simultâneas, do IMS celebram a importância da posição feminina na arte fotográfica em seus manifestos transmitidos por uma expressão corporal intensa, lírica e essencialmente autoral, que destacam as suas distintas maneiras de ver o mundo e a si mesmas. Mais do que isso, completam-se ao discutir a importante produção das mulheres nos anos 1960 e 1970 e seus inter-relacionamentos, que até hoje mostram-se de vanguarda. Ainda que distantes geograficamente, consolidam a suas posições na arte contemporânea.
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Iole de Freitas
Imagens © Helena Almeida e Iole de Freitas  Texto © Juan Esteves 
Infos básicas:
Helena Almeida
Organização: Isabel Carlos
Projeto gráfico: Bloco Gráfico/ Ass.Stephanie Y.Shu
Tratamento de Imagens e Impressão em capa dura : Ipsis Gráfica e Editora
Iole de Freitas
Organização: Sônia Salzstein/ Ass. Leonardo Nones
Projeto gráfico: Celso Longo+Daniel Trench, Caterina Bloise e Bárbara Catta
Fotografias: Vicente de Mello, Ass. Guilherme Siqueira
Tratamento de imagens: Núcleo de Digitalização IMS
Impressão brochura:  Ipsis Gráfica e Editora
para adquirir as publicações ims.com.br
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alacunaquefaltava · 2 years
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BDSM
É estreito o caminho que leva ao reino dos céus. Numa analogia pouco inspirada, parece um jogo em que temos de passar por fases, evitando os pecados plantados à direita e à esquerda ao longo da travessia. Sendo que, provavelmente, o prêmio que espera no final não vale um Ki-suco.
Há coisa de uma década atrás, talvez menos, foi posto em tramitação no legislativo federal um projeto de lei que proibia qualquer representação audiovisual de estupros. Apesar do apoio de parte considerável dos setores progressistas, a iniciativa não resultou em lei, ao menos por enquanto. Lembro que escrevi a respeito (no espaço reservado aos comentários dos leitores, no rodapé de um site), alertando que a instituição de tal ilegalidade faria com que precisassem ser cortadas cenas de filmes muito bem considerados. Citei “Laranja Mecânica”, cult dirigido por Stanley Kubrik, baseado no livro homônimo escrito por Anthony Burgess, que por sua vez é um clássico da literatura. Poderia ter citado “Bonitinha, mas Ordinária”, a versão de 1981, com Lucélia Santos, sobre a peça de Nelson Rodrigues; “Tangos, o Exílio de Gardel”, dirigido por Fernando Solanas; “Thelma e Louise”, com Susan Sarandon e Geena Davis, dirigido por Ridley Scott; e algumas dezenas de filmes acima de três estrelas.
Pode ser que algum defensor do projeto diga que os alvos da lei seriam basicamente as obras pornográficas, onde as cenas, ao contrário de serem feitas para se abominar, são feitas para se gostar. Mas há por onde se duvidar: iniciativas como a de corrigir as obras de Monteiro Lobato, de derrubar a estátua de Borba Gato e de vestir meninos de azul e meninas de rosa demonstram que a intenção é modelar nossas vidas como se fôssemos chineses – talvez eu esteja exagerando, acho que não.
Com relação à pornografia, embora correndo risco de afundar um texto raso como este, pode ser que as observações a seguir façam sentido. O pornô explora fixações, fantasias e taras sexuais, além de contribuir muito na educação sexual dos adolescentes que estão na faixa entre os 9 e os 75 anos.
Quando explora um tema como estupro, uma das principais questões é se o pornô atinge mais a estupradores em potencial, funcionando como sublimação ou incentivo, ou atinge mais às pessoas que têm a fantasia masoquista de serem estupradas, neste caso sendo algo menos ofensivo. Penso dizer que o segundo caso é mais frequente, muito mais. Mas não conheço dados nem pesquisas que possam comprovar.
Nas cenas em que a vítima é uma mulher, ela é a estrela da cena, o foco são seu corpo e suas reações, funcionando o estuprador apenas como coadjuvante, mera escada. Quando muito ele tem aspecto assustador, para compor o clima. Naturalmente, é assim porque o público-alvo é predominantemente masculino. Mas seria interessante perceber que o espectador tem unicamente a vítima com quem se identificar. Mas viajo.
Há pessoas que têm fantasias masoquistas, conheci algumas. Um alter ego meu, por exemplo, no tempo que ganhava um salário maior do que merecia, deu para frequentar uma casa da luz vermelha. Tarde da madrugada, já nas piores horas, já sendo o último cliente, pagava para as meretrizes se reunirem e o agarrarem como se o estivessem estuprando. O que elas faziam com gosto, arrancando suas roupas e usando as unhas em sua pele.
Certamente é bizarro. Há quem tenha imenso prazer em lamber pés, há quem deseje ser pisoteado, há quem sinta prazeres ao ser amarrado. São perversões que não se consegue compreender muito bem, valem só para os interessados. Uma grande parte delas envolve algum grau de dor, em conta gotas. Mas tenha-se certeza de que ninguém nunca ficou excitado ao sofrer uma crise de enxaqueca.
Uma vez fui assaltado na rua e ameaçado com uma faca. Nos seis meses seguintes tive dificuldade para voltar a sair de casa. Passei a enxergar assaltantes em quaisquer pessoas minimamente suspeitas. É o trauma de verdade que experimentei. Com certeza é incomparavelmente mais suave que um estupro de verdade, em que o trauma é para a vida toda.
As regras de ouro da pornografia sadomasoquista são a consensualidade e o respeito ao limite de cada um. Basicamente é a mesma coisa quando a mulher se delimita com a sentença “meu corpo, minhas regras”. Nunca se toca no cabelo de alguém como se ele fosse seu.
Tendo dito isso, vetar, suprimir, censurar ou proibir qualquer coisa que seja relevante, instigante, significativa, irresistível ou ainda não proibida, é algo que só se faz olhando em todas as direções. Vide o exemplo da proibição às drogas, uma das unanimidades mais burras que vem percorrendo as décadas mais recentes da nossa história. Mas viajo.
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spaceskiddo · 2 days
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𝗌𝖾𝗉𝗍𝖾𝗆𝖻𝖾𝗋 𝗅𝗈𝗌𝗍 𝗇𝗈𝗍𝖾𝗌. refrigerante de frutas vermelhas, beijo dos ventos outonais, fones de fio, vinte e quatro anos, notas musicais em tom de decepção, paixões dos vinte, juras eternas de amor, blá-blá-blás embriagados.
Pensar é uma das coisas que mais aprecio, no entanto, é um dos hábitos que mais odeio. Por muitas vezes ao dia me pego pensando sobre tudo; o tempo, pessoas ao meu redor, o meu eu, músicas que gosto e suas letras, acontecimentos. Bem, já disse que penso em praticamente tudo? Após pensar por muitas noites mal dormidas ou madrugadas acompanhadas por refrigerante de frutas vermelhas, me dei conta de que, demoro a processar acontecimentos e é por isso que sempre estou pensando, afinal, tudo está acontecendo sempre. Enquanto escrevia esses blá blá blás que provavelmente serão perdidos como poeira no espaço, percebi que adoro contradições e vou além: tudo é contradição. A vida se contradiz, pessoas estão sempre se contradizendo e, como escrito no início da minha fala, os meus próprios quereres se contradizem porque, ao mesmo tempo que amo estar sempre pensando sobre tudo, odeio estar pensando sobre tudo. Onde mais existiria um bom exemplo como este se não aqui?
Com todo este pequeno monólogo sobre contradição, inicio o meu quase-mensal balanço sobre tudo que aconteceu desde a última vez que escrevi uma postagem para o meu abandonado blog com poucos corajosos leitores. Por que andei pensando sobre pensar? Me peguei em uma plena crise dos vinte anos quando passei diariamente a me questionar se queria mesmo levar a música como vício de vida. Sim, as exatas palavras vício de vida. A palavra vício não remete a algo ruim? Quer dizer, todos os vícios são ruins, entretanto, quando penso em música e o que seria música para mim, para além da denominação de profissão, e apenas encontrei duas palavras que se encaixavam neste meu pensar: paixão e vício. Porém, pude igualmente perceber o problema destas denominações. Vícios e paixões não chegam ao fim? Um dia, música teria o seu próprio fim em meu existir? Sinto que hoje estou viajando demais e que talvez, só talvez, este texto seja uma prova contra mim de que sim, crise dos vinte anos é real, mas ela veio um pouco mais tarde porque aos exatos vinte anos, eu estava apenas pensando em marcar presença em lugares só um pouco insalubres.
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Neste ponto, começo a falar sobre o meu principal pensamento sobre o tempo. Quando se pensa em uma "nova vida" qual a primeira conclusão tirada? Como iniciar uma nova vida? Recomeçar? Renascer? Infelizmente, ambos são impossíveis. E é onde entra a minha concepção de tempo, ele é composto por ciclos, enormes ou minúsculos que sejam, para mim, o tempo sempre terá uma data de validade para acabar e um dia de recomeço para iniciar outra vez. Sonhar faz bem ao tempo cíclico. Gosto de pensar que sonhos são atingidos no fim de um ciclo, embora eu não tenha um sonho agora, a concepção de grande sonho soa até como esperança e, não consigo pensar em uma palavra mais bonita que essa no momento. Ao meu ver, a vida é feita de sonhos, muitos sonhos. Sejam eles sonhos nobres ou egoístas. Nós, seres humanos, somos naturalmente sonhadores porque desde crianças somos levados a crer que sonhos se realizam, a magia da infância nos leva a acreditar que é possível fazer o impossível. Até mesmo gosto daquela frase "tudo é impossível até que seja feito" e na infância, tudo é simples. Tudo é um sonho. Tudo é mágico.
Na minha fatídica crise dos vinte e quatro (hehehe) percebi que nem tudo é assim. Na verdade, a vida tem sido um imenso ponto de interrogação ou uma orquestra desafinada. Será que no filme Divertidamente 5 vamos ver a Riley passando pela crise dos vinte e quatro e finalmente, teremos a resposta do que fazer com a vida neste ponto que chegamos? Não importa se tenho doze, dezoito ou vinte e quatro anos, a vida parece confusa e caótica, me faz querer desejar que esse período passe e que grandes acontecimentos se tornem apenas o que aconteceu ontem. Tenho entendido que dar tempo ao tempo é mais real do que o imaginado.
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달은 모두의 시야에 있지만 이곳이 나의 은신처인 건 비밀 — 𝗍𝗁𝖾 𝖽𝗂𝗌𝗍𝖺𝗇𝗍 𝗆𝗈𝗈𝗇.
Chega de reclamações, irei pela primeira vez escrever algo que não é causa de uma crise existencial ou reclamação. Estes últimos dias, tenho descoberto o que é amar. Tá, não amor do tipo "caramba, amo esse filme!" ou "eu amei o seu corte de cabelo". Aquele amor que faz alguém olhar para as estrelas e repetir pela décima vez "amo você mais que o tamanho do universo" mesmo que todos saibam que o universo continua se expandindo há bilhões de anos. Sei falar sobre uma boa quantidade de assuntos, mas quando chegamos no tópico amor, é um pouco difícil porque se torna indescritível e subjetivo demais. Eu odeio coisas que não entendo, mas por que continuo adorando amar? EWWWW... Odeio falar de assuntos pessoais em público. Vamos ao que interessa;
Best of the week ★ = favorites ²
Festa de aniversário com alguns dos meus amigos + bolo azul com cookies ★
Novo telescópio que ganhei de aniversário ★
Música lançada (finalmente)
Dias desligado do mundo, sozinho e aproveitando a minha companhia ★
* O último item é muito importante porque eu moro com quatro outros caras que nunca me deixam em paz *
Worse of the week BAD = too bad ²
Minha bike quebrou e eu caí na rua
Eu caí na POÇA DE ÁGUA
Após cair na poça de água, tive que ir para a universidade fazer uma PROVA
Será que eu preciso repetir os itens acima?
Espero que com estes itens acima, os meus caros leitores entendam porque eu amo reclamar. Como não reclamar tendo essa vida? Eu sou muito azarado.
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ac0ntece · 4 months
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Estes são detalhes entalhados em mim.
Cada detalhe em mim, tem uma razão de ser como é.
Eu sou uma pessoa que tem frio muito facilmente, sou quase alérgica a frio. E por isso, uso roupas quentes, mesmo no sol, eu adoro o sol. Mas isso porque na infância estive muito doente e passei por muitos banhos de gelo para baixar a febre.
Eu detesto shows e lugares cheios de pessoas com muito barulho, porque já estive em perigo em meio a multidão e muitos apenas olharam, sentiram pena e me deixaram sofrer o que eu sofri, no meio de todos.
Não gosto muito de comer, porque comida remete minha mãe, jantares e almoços com discussões, detesto cozinhar porque tudo que eu faço está errado. E sempre foi assim, e ficar sem comer sempre foi mais confortável, mesmo não muito saudável.
Amo ler, ou ver filmes, repetidos ou não, porque de alguma maneira estou em uma outra realidade. E cantar me ajuda a colocar sentimentos pra fora, mesmo que não tenham a ver com meus sentimentos, estou me expressando e isso é tudo.
Quando não faço as sobrancelhas ou começo a roer as unhas, alguma coisa errada está sendo maquinada na minha cabeça, algo que eu não sei o que é, e nem como lidar mas meu corpo dá sinais, como também me machuco ou me coço.
Minhas roupas dependem puramente no meu humor, que dependem puramente do meu psicológico. E isso às vezes é estranho, mas sinceramente é uma peculiaridade que eu gosto bastante em mim. Um dia pareço uma fã zen da Lana Del Rey, no outro, uma senhorita cropped.
Não me considero, fumante nem alcoolátra, mas se estiver mal. Gosto da mistura dos dois. É sincero do meu corpo pedir uma fuga não coerente para tratar situações incoerentes.
— Brí
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sunrise-things · 4 months
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Me perdoe pela demora pra responder, mas o fim de semana foi muito corrido por aqui e não tive tempo. Pelo que me contou o frio deixou bastantes sintomas por aí, aqui foi difícil também, mas felizmente não fiquei doente. E realmente, dor de ouvido é horrível, uma das piores que eu já senti, quando eu era criança eu tinha muito, mas graças a Deus agora não tenho.
Que bom que está conseguindo ir com o ônibus, imagino que agora ficou bem mais fácil de ir pra casa do seus pais. Nossa, nao gosto nem de imaginar o que seu pai deve ter passado nesse frio. Eu queria saber com sua mãe esta? Espero que esteja tudo bem, alguns dias atrás um dos nossos professores trouxe o assunto da depressão pra nós conversarmos e eu lembrei dela na hora. Tô torcendo pra ficar tudo bem.
Bom, não tive nem tempo de terminar a série, mas acho que irei terminar agora essa semana, e te conto oque achei. Sério que já vai entrar de férias? Que maravilha. Pode deixar vou te indicar alguns filmes, mas não esqueça de assistir aqueles que já falei por aqui hahaha, e se quiser me indicar, eu ficaria muito feliz.
Esse fim de semana eu aproveitei o feriado e fui pra casa já na quarta feira, porque na sexta eu tinha um casamento em Curitiba. Eu fui pra Curitiba na sexta de manhã, o casamento era 11 horas, e foi em um lugar muito bonito, pense em um negócio chique, fiquei impressionado, com o lugar, as comidas, tudo muito lindo e organizado. E além disso, foi muito emocionante, não chorei porque eu estava no meio de um monte de gente estranha então tive que me conter, mas deu vontade kkkk, a única coisa ruim é que estava muito frio, e tinha um lago onde a gente poderia ter entrado pra nadar, mas com o clima daquele jeito, sem condições.
Bom, aí eu voltei pra casa já no sábado, pra aproveitar a festa, você me perguntou se eu iria, fui sim, no sábado a noite, e no domingo, passei o dia todo lá, almocei, e até participei de uma das provas que tinham, mas não ganhei, e aí depois a noite voltei pro show que teve. Confesso que esse fim de semana eu aproveitei muito, e você foi na festa??
Fico feliz quando me fala do seu curso e das palestras e tudo que tem vivenciado, da pra ver o quanto está se sentindo bem, e que está no caminho certo. Ontem eu também fui em uma palestra, de um pessoal do Conselho Regional de Psicologia e foi bem interessante, e até ganhei um kit com três livros no sorteio que eles fizeram.
Essa semana eu tenho algumas provas, tô um pouco preocupado, mas acho que vai ocorrer tudo bem, nao vejo a hora de terminar esse semestre. Você me perguntou se eu estou meio que casado kkkkk, não, não estou, eu moro com alguns amigos no apartamento, e no momento acho que estou mais perto de ficar solteiro do que casar. Mas você pelo que eu fiquei sabendo está no caminho, soube que está noiva, e confesso que foi um baque quando descobri, mas depois acabou que fiquei feliz por você, eu sei que esse era um dos seus sonhos.
Desculpa pela demora, e pelo texto mal escrito, eu prometo que o próximo eu te conto mais coisas.
Fica bem, se cuida, aguardo ansiosamente sua resposta, beijo!! Gostei que citou um trecho da música do Leandro e Leonardo no final do texto, eu sou muito fã deles hahaha.
-Este seu jeito de olhar pra mim, foi que fez com que eu gostasse logo de você, tanto assim...
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Os ventos mudam de direção. - E virgens.
Esses dias numa tarde de um domingo qualquer, sentada em um sofá velho mas muito aconchegante, do lado de fora de um lugar que prefiro não mencionar o nome, estava eu lendo o livro "Metamorfose" de Kafka. Um clássico, quanto á isso, dispensa comentários, o livro já fala por si só, através de anos e gerações. Mas, se você é mais um desses abestalhados que não gosta de ler e sequer sabe do que estou falando, este livro fala da história de um cara que acorda em um dia e se transforma em um inseto, há discussões se este inseto seria uma barata, uma mosca, besouro ou coisa do tipo.
Não sou especialista em insetologia, tampouco em fazer trocadilhos ruins com isso, mas a verdade é que o livro é tão curto quanto a ereção de um virgem vendo uma mulher nua pela primeira vez pessoalmente. - Risos.
No entanto, a leitura é tão deliciosa quanto essa mulher na história que acabei de inventar. Mas, isso aqui não é um texto sobre mulheres e virgens. - Deus me perdoe meu senso de humor e minha paixão doentia por mulheres bonitas.
Continuando, a moral da história é algo meio parecido com a proposta do filme "A pele que habito", sobre o que realmente te define: Sua essência ou literalmente a pele que você habita? (no caso do filme), ou sua subserviência ou ser quem você é? (no caso do livro). Bom, é interessante pensar que na minha vida por diversas vezes eu passei por essa metamorfose também, graças a Deus eu diria.
Imagina ter a mesma mentalidade de trinta, quarenta, cinquenta anos atrás? Ainda mais sabendo que o mundo mudou bastante desde então... Mudar acaba sendo necessário. Óbvio que existem valores universais, atemporais e coisas do tipo. Mas, sinto que até mesmo as coisas que eu concordo e gosto, em um determinado ponto me entediam... Porque no fim das contas as pessoas de forma geral, depois de um certo tempo entediam ou começam a inventar besteiras, mudando totalmente o rumo da conversa, da ideia, desviando do objetivo central. Sinto que mais uma vez estou passando por essa mudança significativa, pois até mesmo a Direita consegue ser burra e cada vez mais, tanto quanto a esquerda. Os Cristãos conseguem ser chatos e implicantes tanto quanto ateus e gente de outras religiões. Nas correntes filosóficas acontece o mesmo, nos debates sobre Psicologia também... É discussão mais discussão, parece que não há um momento para respirarmos e ficarmos em paz com as coisas, tudo sempre é uma eterna briga, cobrança e conflitos. Tem horas que sinceramente prefiro sair de todos esses grupos e simplesmente não me definir mais nada. Eu sei que pode parecer um pouco de covardia ou alguém em cima do muro, mas que se lasque, eu só quero ter paz interior, se é que isso é possível neste caralho de mundo. Mas, eu acredito que seja, mas pra isso, eu preciso também colaborar, e sinto que se eu abandonar tudo isso, de certa forma, eu é que vou virar bicho, meu lado humano talvez vá sumir cada vez mais.
É paradoxal, mas é somente quando eu consigo olhar para o outro, que eu consigo entender o que se passa dentro de mim. Deus foi genial em ter feito isso, porque é somente isso que me mantém blindada contra qualquer tipo de niilismo e me tornar uma escritora bêbada, inconsequente e revoltada. E sinceramente revolta demais é meio brega também, é vergonhoso para um adulto ser muito revoltado, só mostra que você não transa na vida e vai morrer um virgem se continuar assim. E também porque eu não sou otária, eu assisti o filme "Into the wild" e vi a merda que deu pro maluco que quis se isolar completamente da sociedade. Nada contra os virgens, é só que eu adoro fazer piada das desgraças alheias e das minhas próprias, é divertido sentir prazer na dor às vezes. E o pior é que essa última afirmação nem é piada. Talvez Freud tenha algo a dizer sobre isso melhor do que eu, estive lendo brevemente sobre o ego e descobri que este desgraçado é um dos meus arqui-inimigos na vida, porque ele nos faz agir de formas bem anti-heróicas às vezes. Não que eu esteja querendo ser perfeita ou fazer o papel de bom mocinho, mas, também odiaria me tornar uma besta irracional ou simplesmente um inseto como em 'Metamorfose'. A literatura é uma grande escola da vida. Já fui muitas coisas nessa vida e ainda pretendo continuar sendo muitas outras, talvez a beleza da vida seja a capacidade de se transformar.
E se por acaso quando partirmos daqui, passar um filme de nossa vida mesmo em um 'telão' (contém humor), que eu possa me orgulhar da personagem que eu me transformei no final, e que quando chegar no último frame deste filme intenso, aventureiro, profundo, trágico e cômico, quando essa personagem de mim aparecer em seu último suspiro, que ela possa estar sorrindo.
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sobreiromecanico · 6 months
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Retornar a 2001
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(ao filme, não ao ano)
2001: A Space Odyssey estreou há 56 anos.
Não é um número redondo, certo, mas qualquer pretexto é bom para para falar da obra-prima de Stanley Kubrick (autor de uma filmografia recheada de obras-primas) e daquele que será decerto o melhor filme de ficção científica jamais realizado.
Descobri 2001 não nas salas de cinema, mas na recta final do meu curso universitário, quando me inscrevi num curso de escrita de guiões orientado pelo escritor Mário de Carvalho, que também leccionava na universidade que frequentei. Excelente escritor, e professor à altura: naquelas horas da Primavera de 2007 os meus horizontes cinematográficos alargaram-se como nunca. Lá descobri Hitchcock (ou redescobri, de certa forma), encontrei um dos filmes da minha vida, The Night of the Hunter de Charles Laughton (que também vou ver à Cinemateca sempre que posso), e fui apresentado a Kubrick em geral, e a 2001 em particular. Recordo-me perfeitamente: o professor quis mostrar como um guião não precisava necessariamente de diálogos, e mostrou à turma, naquele ecrã de televisão que não fazia justiça à imagem, toda a primeira parte do filme, a célebre Alvorada do Homem, até ao famoso corte do osso atirado ao ar para a estação espacial em órbita, milhões de anos no futuro. Nesse momento, Mário de Carvalho parou a imagem, olhou para a turma, e disse:
"E esta, meus caros, é a elipse mais longa da história do cinema."
Não acabámos de ver o filme ali, até porque a aula não teria tempo suficiente, mas encontrei forma de ver o filme na íntegra pouco tempo depois, e fiquei maravilhado. Um par de anos mais tarde ofereceram-me uma edição em DVD que ainda hoje tenho, mas ainda teria de esperar alguns anos até poder ver 2001 como ele deve ser visto: numa sala de cinema. Essa oportunidade veio enfim em 2013, a propósito do 45º aniversário do filme (aqui temos um número mais redondo, vá), num regresso às salas de cinema que à época registei com brevidade aqui, e num registo mais longo aqui. E foi a primeira de muitas: daí para cá já o revi várias vezes em sala - numa sessão do Cinepop há uns anos; numa exibição incrível no auditório do CCB, com um som e uma acústica formidáveis; duas vezes no Nimas, a primeira pouco antes do início da pandemia em 2020, e a mais recente em Novembro último; e talvez ainda uma outra na Cinemateca. E suspeito de que não ficarei por aqui: havendo oportunidade, lá regressarei ao cinema para rever esta incrível aventura no grande ecrã.
Ao longo dos anos, nos vários blogues pelos quais passei, escrevi várias vezes sobre 2001: A Space Odyssey. Não valeria a pena compilar aqui todos esses textos, até porque na sua maioria não são nada de especial; mas recupero aqui este breve apontamento que publiquei no blogue Delito de Opinião em 2018 por ocasião do falecimento de Douglas Rain, o actor que deu voz a HAL 9000, a mais famosa inteligência artificial do cinema:
Douglas Rain faleceu ontem, aos 90 anos. É possível que o nome diga muito pouco à maioria dos leitores; a sua fotografia, se aqui fosse publicada, pouco mais diria. Mas este círculo vermelho e a sua voz grave tornaram-se inesquecíveis quando, há cinquenta anos, construíram a mais famosa inteligência artificial da ficção científica: HAL 9000, o tripulante incorpóreo da Discovery na sua expedição à órbita de Júpiter para confirmar o elusivo primeiro contacto feito com o monólito lunar. Falo de 2001: A Space Odyssey, claro; todo o segundo acto do filme pertence à expressividade impossível que Rain confere ao olho inescrutável que vigia cada recanto da nave espacial, um feito notável quando pensamos que, num filme com tão pouco diálogo, praticamente todas as palavras relevantes são proferidas pela personagem tornada presente pela sua voz. Do orgulho inicial ao impulso homicida, da determinação pela continuidade de uma missão que não consegue compreender até ao desespero dos momentos finais, quando Dave Bowman, suspenso em gravidade zero, lhe desliga os circuitos de memória um por um - o tom enganadoramente monocórdico de Rain transmite todas as emoções da personagem com subtileza, sem esforço aparente. Voltei a confirmar isto mesmo nos últimos meses, nas duas oportunidades que tive de rever a obra-prima de Stanley Kubrick no grande ecrã: inúmeras visualizações depois, o HAL 9000 continua tão fascinante e ameaçador como da primeira vez que o ouvi. Douglas Rain, o actor, talvez tenha tido uma passagem discreta pela Terra; mas a sua voz, essa, perdurará entre as estrelas.
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victor1990hugo · 8 months
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Já passei por este filmes mil anos vezes... Mas, este agora foi o momento de assisti-lo... E valeu muito, pois é um filme bom... Que entrega muitas emoções, clímax e monstros. 😄👍
Filme: Skyline (2010) 🎬☄️🎬
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zanicto · 9 months
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Relatos Pretensiosos de um TCC em Destruição, Parte 3
Anos atrás, submerso nos processos de realizar meu trabalho de conclusão do curso de cinema e audiovisual, escrevi uma série de memorandos a fim de clarear minhas ideias sobre o projeto e manter meus orientadores atualizados sobre o andamento deste. Na ocasião os nomeei ‘Relatos Pretensiosos de um TCC em Destruição’, o que não poderia ser mais correto. Uma vez prolixas minhas escritas nesses momentos de crise, achei válido tirá-las do limbo de textos perdidos na máquina e publicá-las aqui, de forma serializada e seguido de alguns comentários póstumos. Peço perdão pela falta contexto no que diz respeito ao projeto em si, mas uma camada a mais de confusão talvez seja interessante. Divirta-se.
15/08/2021
Time is upon us, e eu espero que eu o sane neste texto.
Este filme que vos pretendo apresentar ao final do semestre como meu trabalho de conclusão de curso é muito claramente reflexo do meu tempo na faculdade e resultado de um período muito específico da minha vida.
Em suma, ele repete em forma mais definida aquilo pincelado cá e lá em todas as produções audiovisuais e narrativas nas quais me envolvi ao longo do curso, dos cenários às temáticas, dos tons às técnicas. É também produto das experiências vividas, ouvidas e apreendidas no decorrer da faculdade, aquilo a que fui apresentado, aquilo pelo que passei a me interessar, aquilo pelo qual outros se interessavam. Mas disso tudo, ele revela-se apenas reflexo, pois surge como efeito de um momento muito específico, no limiar entre a fantasia da juventude e o real da vida adulta, entre o que e a quem agarro-me e aquilo e aqueles que se vão. 
Ele surge justamente no início do fim, período que, já não melancólico o suficiente, veio acompanhado de confusões involuntárias, perdas repentinas e mudanças drásticas, sem contar uma pandemia mundial que somente escalonava a desgracença nacional. Esse não era, e não é, o filme que eu queria fazer, é o filme que eu me vi fazendo e, portanto, percebo agora que não poderia haver projeto mais simbólico destes cinco anos de academia, ainda não concluídos. Creio já ter discorrido sobre isso nos agora saudosos textos do projeto, então não irei me estender, apenas abordarei o que se deu no período de um ano após a conclusão daquele. 
Há um ano atrás, aliás, mais tempo a essa altura, usei como justificativa de relevância de um projeto que em cerne era relevante apenas para mim, o fato da protagonista ser uma pintora, e de estar assim tentando dar tempo de tela, mesmo que mínimo, as tantas pintoras esquecidas pela história da arte. 
Verdade seja dita, esse era apenas o pretexto que encontrei para dar "relevância" ao projeto, em cima de uma decisão que já havia tomado. Desde o início a protagonista seria uma mulher, antes mesmo de ser uma pintora, mas apenas pelo simples fato de que achava mais interessante que assim fosse, não estava em qualquer grau ponderando sobre as questões sociais que essa decisão acarretava.
Me aprofundei na temática, tentando entender, neste meu olhar completamente leigo e externo, as razões por trás da máxima reiterada por Jennifer Higgie e tantas outras: “The museums of the world are filled with paintings of women — by men.” Pensava que ter esse entendimento era relevante para a construção da personagem e a base teórica do projeto, mas não era algo que pretendia em que o filme se aprofundasse. A ele reservava-se - e ainda prevalece - o conflito da artista com sua arte e não da artista com a sociedade, percebo agora, todavia, que é inevitável que grande parte do conflito entre a artista e sua arte, seja resultado direto de seu conflito com a sociedade, e seria extremamente preguiçoso da minha parte não ao menos citar tal fato.
A urgência da questão acometeu-me ainda com mais força assim que decidi que faria uma animação e não mais estava alheio aos acasos fisionômicos que uma atriz traria a tela, eu teria de decidir quais eram esses atributos e me vi conflituoso em replicar o que fizeram os “grandes mestres” e me deixar levar por fetiches pessoais ou conscientemente ponderar sobre o que o físico da personagem representa e não somente quem ela é intelectualmente.
Percebi que eu nunca havia levantado tal questionamento sobre minhas criações e, a bem dizer, nunca havia questionado isso sobre mim mesmo. Talvez por sempre ter vivido em um mundo demasiadamente interno e me ausentar sempre que possível das mazelas do exterior. Ironicamente, um ano e meio aprisionado com meus pais enquanto o mundo pegava fogo, talvez tenha invertido a situação.
Acho que Kerry James Marshall em entrevista ao Museu de Arte Contemporânea de Chicago expressou melhor o que quero dizer:
“You can't quarrel with things that were done 200 years ago, 300 years ago, 400 years ago. Those things are done, and they were done within the context of people who were idealizing themselves. For Rubens to be painting those fleshy, naked women the way he was painting them, that's not problematic. Because that's what he was interested in, that's what the culture was interested in. That's what they were supposed to do.
Now if I'm painting fleshy blond women, and that's my ideal too, then that's a problem. And it's my problem, actually. That if I can't perceive within myself enough value in my image, or the image of black women, or construct a desire to represent that image as an ideal, then that's my problem ultimately. And if I can't figure out a way to raise that image to the same level that it performs at the same frequency, then that is also my problem. But that's my problem to solve. The inability to solve that problem, to me, is a failure of imagination.”
Por esse motivo, e outros que não vem ao caso discorrer agora, minha protagonista, esta eterna desnomeada, é uma mulher, é negra e é uma pintora, essas são as decisões que enquanto criador em diálogo não somente comigo, mas com a sociedade, me vejo tomando. Não que tomar tais decisões me deixe livre das constantes coceiras atrás da nuca, mas eu não estou fazendo um documentário, logo os questionamentos que tal decisão acarreta, estão lá prontos para serem levantados, não necessariamente pelo filme em si, mas por aqueles que o assistirão, eu espero.
Reitero, o fio condutor da narrativa ainda é o conflito interno da artista com sua arte e que a sociedade, mesmo que comente em seu ouvido a todo momento, não é algo que ela enfrentará diretamente no lapso de tempo do filme.
“That she has depicted herself with the tools of her trade – her easel, her palette, her brushes – is significant. Each one of these objects is more than the sum of its parts: they are symbols of this young artist's resistance to the conventions of her time.” (HIGGIE, Jennifer - The Mirror and the Palette, p.21)
Pois permita-me agora relatar você, cara leitora, meu choque ao descobrir A Studio of One's Own: Fictional Women Painters and the Art of Fiction, de Roberta White, livro que pretende investigar o retrato de personagens pintoras na literatura, majoritariamente, ao que tudo indica, do século XIX.
Em suma, muito do que White afirma como tendências da ficcionalização da pintora, eu, ao acaso, acabei fazendo uso na narrativa do filme. Já havia tomado consciência de algumas coincidência ao ler alguns dos materiais originais analisados, como a personagem de Virgina Woolf em To the Lighthouse, Lily Briscoe, que ao começar a se aventurar seriamente como pintora “[...] thinks of herself as venturing down a dark corridor, swimming in high seas, or walking on a narrow plank above water.” (WHITE, p.05)
Talvez sejam convenções tão típicas quanto qualquer outra coisa e eu esteja dando demasiada atenção a eles, mas não posso deixar de me surpreender com as semelhanças entre o filme que pretendo fazer e aquilo exposto pelas análises que White faz das praxes da mídia literária. Entre outras coisas, ela afirma: 
“[...] recurrent images present the artist as liminal and her work as unfinished. One must hasten to add that these are not negative terms. The artist’s liminality means that she is in a state of transition or emergence, and the unfinished nature of her work represents this state of becoming.” (WHITE, p.08)
Não somente surgem semelhanças no que diz respeito às narrativas internas e simbólicas do filme, mas também aos seus cenários.
“Still, one might well reject the term liminality out of hand were it not the case that this general term is given local habitation and specificity by the persistence of imagery of seashore and sea throughout the novels discussed here, from Charlotte Bronte to Mary Gordon. In Phelps, Chopin, Woolf, Murdoch, Madden, Johnston, Walsh, and Gordon, the fictional woman painter lives or works at the edge of a sea. The seashore is the place where the painters work, not necessarily what they paint, and as such it can symbolize their social status. The literal seashore, as a line of demarcation between two separate realms, frequently symbolizes the liminality of the life of the woman artist. The seashore also serves as a nexus from which one can examine the connection (or the opposition) of the aesthetic and the political.” (WHITE, p.13)
Enfim, ainda estou a ler A Studio of One's Own e tenho certeza de que irei encontrar mais semelhanças, talvez eu as repita no meu próximo relatório, até lá, eu tenho um roteiro para escrever antes que as aulas comecem.
Eventualmente eu terminei de ler A Studio of One's Own e o utilizei como referência para um artigo, cartas de apresentação e justificativas de projetos, e certamente o utilizarei na bibliografia de minha futura dissertação que não por acaso extrapola todas as questões que, intencionalmente ou não, eu levantaria com esse filme. De lá pra cá expandi minha referencia e recomento as leituras de Linda Nochilin, Laura Mulvey, Bell Hooks e Silvia Federici sobre a temática ou desdobramentos dela. Aqui, encerram-se minha pretensões, não sei ao certo por qual motivo não escrevi mais relatos, mas é provável que estar entrando em parafuso me impedira.
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Ela.
No primeiro contato, ela era apenas uma mulher desconhecida me pedindo informação no banheiro feminino de um teatro do Recife. Era o segundo dia do Cine PE 2023 e eu combinei com Lucas de ir assistir à mostra com ele. Lucas é cineasta, aquela é a linguagem dele. E é interessante lembrar de que na última vez em que estivemos juntos no Teatro do Parque foi para assistir à minha linguagem, o teatro musical.
Agreste. Este é o filme da noite.
Gosto dos filmes que nos seguram na cadeira enquanto os créditos sobem. Não por interesse na equipe, mas pelo choque causado pela obra assistida. Uns bons minutos. Quando finalmente levantamos, saímos tentando decidir para onde ir depois dali. Uma simples ida ao banheiro pode realinhar ideias. Quem diria. Na fila do banheiro lotado, ouvi mulheres com seus 50/60 anos conversando sobre os curtas exibidos na noite.
É um filme lindo, mas retrata um Nordeste que não existe mais. Eu não sairia de casa para ver ele. Disse uma delas.
Como não existe? Questinou a outra. Você precisa é andar pelos interiores. Completou.
Eu seguia ali, ouvindo. E, como sempre, por algum motivo eu não conseguia parar de sorrir. Ouvir aquelas senhoras conversando tão espontaneamente sobre algo que acabaram de fazer juntas, nunca noite de quarta-feira, me fez pensar sobre quem serão os amigos que estarão comigo quando atingirmos aquela idade. Eu não sei a resposta, mas sei pra quem torço.
De repente ela estava de frente pra mim e eu não tinha percebido.
Tem algum lugar legal por aqui? Perguntou como se fosse alguém comum que não afetaria em nada a minha vida.
Tem. Muitos. Recife é cheio de bares. Eu também 'to procurando algum lugar pra ir depois daqui. Meu amigo disse que sabe de algum lugar. Respondi.
Mas, assim... lugares legais para a comunidade lgbtqia+? Perguntou.
Espero que sim. Ou eu também não vou ficar. Respondi. Ainda sem fazer ideia.
Ela estava anotando algo com alguém quando me aproximei para falar da Casa Bacurau, um lugar que só visitei uma vez e para onde não pretendo voltar. Informei que era a sugestão do meu amigo e quando me dei conta, estávamos todos indo juntos para o mesmo lugar. Sugestão ignorada. Fomos todos para a Mamede Simões, aquela rua tão querida de Recife.
Primeiro é sempre a forma como as pessoas olham pra mim. Pessoas que me enxergam me ganham. Ela olhava. Ela sorria. Ela falava suave e doce e ela flutuava no caminho até lá.
Kátia. Mulher negra de pele marrom, cabelos castanhos cacheados e a energia mais acolhedora que já senti em uma estranha. Baiana. Com seus quarenta ou cinquenta e poucos anos. Atriz. Arte educadora. Mais tarde eu descobriria, mãe. Ex mulher do seu colega de profissão com quem hoje mantém uma relação de pai e filha. Sobre isto, Hertz Félix, o ex marido, comentou, abre aspas, Fomos casados por muitos anos. Eu comecei a desconfiar porque passei a me sentir preso. Nos descobrimos, demos risada, e hoje seguimos amigos com nossa filha e a netinha que acabou de nascer. Fecha aspas.
Que história linda a deles. Ela lésbica. Ele gay. Casaram-se, construíram uma família, se descobriram dentro do casamento. São felizes vivendo suas verdades. Solteiros ou não. Seu Félix disse que se dedica ao trabalho, sem relacionamentos. Tinha uma tristeza no rosto e na voz que eu não sabia se era sono e cansaço ou lamento por não ter ainda encontrado o homem a quem irá amar e por quem será amado. Seu Félix tem a cabeça branquinha.
Amanhã não vou para a comitiva, não. Quero ir à praia. Ele disse.
No caminho, Kátia contou pra gente das suas viagens pela América do Sul. Lucas, obviamente, se interessou muito pelas substâncias naturais psicodélicas que ela experienciou. Eu atentava mais para o fato de esse mochilão comentado ter feito parte da jornada de cura dela, como ela pontuou.
Era bom. Confortável, calmo, bonito. Estar com ela foi como ter sempre uma voz mansa falando junto e baixo. Ela é uma calmaria avassaladora, se isso fizer sentido.
Vou te dar um adesivo. Ela anunciou verificando as opções no quadro do vendedor que parou na nossa mesa. Este aqui! Ela apontou. Perguntei porquê ela tinha escolhido aquele e ela disse ''é isso que você passa.''
Também vou te dar um então. Eu disse. O primeiro que pensei em te dar foi
''este''.
Falamos e apontamos ao mesmo tempo para o adesivo de um rosto com a cabeça aberta de onde saíam cactos, flores, borboletas e tantas coisas que agora não lembro. A gente riu da cena.
Mas dei pra ela a flor que parecia um girassol. É a próxima fase. Expliquei. Sem cactos e tanta dor de cabeça, só florescer agora.
Num certo ponto da noite, estendi a mão direita para Kátia e ela não segurou a minha mão, como eu imaginei que faria. Em vez disso, Kátia pousou as costas da mão aberta na minha e descansou ali uns segundos. Tudo que consegui dizer foi ''que interessante''. As mãos, para Kátia, talvez não signifiquem nada (o que duvido muito), mas pra mim as mãos são a porta de entrada. O gesto de Kátia me fez ler como segurança e coragem, como não ter medo de se sentir vulnerável. Mão aberta que descansa tranquila sobre a mão de uma desconhecida.
No fim da noite, o que, na verdade, já era o início do outro dia, Kátia me ensinou uma coisa importante, que eu tenho penado muito para aprender: gentileza. Não a que vai, mas a que volta.
Fui insistente em tentar explicar que não era justo que ela pagasse pela batata frita, uma vez que fui eu que pedi com o intuito de compartilhar com quem estava na mesa. Me enrolei toda. Isso não ficou bem explicado. Mas Kátia entendeu quando argumentou que as pessoas podem ser gentis e que isso é normal e eu respondi que sabia muito bem disso, que a gentileza não era uma estranha pra mim, a questão era que eu estava acostumada a oferecer, não a receber. Foi um silêncio grande que se interrompeu quando ela soltou um reflexivo ''entendi.''
Os momentos de espera do uber de Kátia e Hertz foram os mais interessantes. Kátia e Lucas acenderam o último Beck, e Hertz sentou do meu lado. Foi quando me contou um pedacinho da sua história, que eu lamentei muito não ter ouvido toda.
Kátia volta hoje pra Bahia. Disse que quando fôssemos pra lá, déssemos um 'oi'. Nunca quis conhecer a Bahia, mas agora penso que quero, só por causa de Kátia.
Fora isso, Kátia é uma pessoa que eu provavelmente nunca mais verei pessoalmente e eu me apaixonei por Kátia numa noite de conversa. Pelo olhar, pelo sorriso, pelas mãos e pela 'mansura' que Kátia é existindo. Ela chegou tão pertinho de mim quando fomos ao banheiro, ela beijou minha mão, o meu ombro. Ela estava ali. Eu deveria ter beijado Kátia. Aqueles beijos que terminam num abraço, sabe? Não beijei. Como poderia? Beijo é tão físico e aquele encanto era tão energético. Fiquei olhando pra ela nos últimos minutos, registrando aquele momento. Kátia é uma das mulheres mais lindas que eu já vi e não importaria se ela fosse fisicamente diferente, ela continuaria sendo linda.
Tem grande chance de Kátia não lembrar de mim daqui pra frente, mas eu nunca, nunca, nunca vou esquecer de Kátia. O encanto por ela vai tá sempre aqui, juntinho do adesivo de uma lata de tinta spray que diz ''eu vou pixar amor por todo o mundo''. Kátia faz isso também.
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A Guerra das Caganitas
Numa tranquila manhã de primavera, um casal de pombos audaciosos e um tanto inconvenientes decidiu transformar a varanda aqui da Patrícia na sua casa de sonho, instalando-se num vaso preto esquecido, que há tempos não via a luz do sol, muito menos uma única erva. Como uma defensora da natureza (embora relutante), decidi deixá-los ficar, afinal, pensei, "são só uns pombinhos".
À medida que os dias se transformaram em semanas, percebi que os pombos eram tudo, menos um casal pequeno e inofensivo. A população de penudinhos cresceu, multiplicando-se como gremlins após um banho nocturno. Logo, além do casal original, havia agora dois irmãos barulhentos, gorduchos e com um apetite insaciável por tudo que os pais lhe trouxessem, só não comiam os pais porque não podiam.
Começei a sentir-me assim como uma mãe à força de uma família de pássaros desgrenhados, e a minha varanda, outrora um local de relaxamento,tornara-se numa espécie de estação central de tráfego aéreo para pombos. Num vai vem constante de ru-rus. Passei a maior parte do tempo a observar gaganitas monstruosas a acumular-se e exclamando, "Como é que isto aconteceu?". (Dah...)
Decidida a restaurar a ordem, aqui a Patrícia, vai uma bela manhã munida de máscara protetora (que afinal para pandemia já chegou) e de espádua em riste, entrei em ação. Encarei a minha tarefa com a resolução de um herói de ação, antes de filme série b mergulhando de cabeça (às vezes literalmente) no campo de batalha de penas e porcaria. Enquanto lutava para limpar a varanda, os pombos observavam-me de forma imperturbável, quase de gozo, como se já planessem algum tipo de contra-ataque engenhoso, tipo drones inimigos em stand by.
Depois de algumas horas de trabalho árduo e muitas risadas amareladas, sem contar com os olhares fluminantes que lançava aos culpados, finalmente consegui transformar (relativamente) a varanda de volta a um espaço digno para humanos. Estava exausta, mas deveras orgulhosa da minha vitória contra a merdeja instaurada pela invasão alada.
No entanto, o que aconteceu a seguir foi uma reviravolta completamente inesperada, ou até não. Apenas dois dias depois, descobri com horror que os belos dos pombos, como se estivessem competindo num concurso de gagamerdeira em ritmo acelerado, tinham enchido a varanda novamente de bostinhas... Uma situação de comédia absurda, num ciclo interminável de limpeza e porcalhice.
Olhei para os pombos desavergonhados e gritei aos céus em tom de desespero: "Oh. Valha-me os deuses do real pagode, estes maladrecos têm um rabo mais solto do que um pião!" Entre risos e frustração, achei que precisava tomar medidas drásticas.
Estou decidida em recuperar a minha varanda, "pombalhada" preparem-se para a batalha final. Na minha mente já doente nasce um plano maquiavélico que envolve espelhos, balões e até uma gravação de uma águia, milhafre ou do Zé Cabra a cantar para assustar os inquilinos abusadores. Estou determinada a defender o meu território. "This is the 6 floor!" Pombinhos!
Isto agora é a batalha final cósmica e intergaláctica entre a raça humana e a aviária, uma guerra épica pelo domínio da varanda. A minha varanda!
Por mais frustrantes que possam ser, estes pombos invasores trouxeram consigo uma certa dose extra de humor à vida. E, quem sabe, talvez decida que partilhar o espaço com esta família de penudinhos não seja assim tão mau. desde que eles aprendam a limpar o "real si senhor" por si mesmos!
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#Pombos #GuerradasGaganitas #Comédia #asasindomável #varandaéminha
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AMOR NÃO CORRESPONDIDO
Olha , eu já passei por situações de amor não correspondido mas aqui vamos a que mais doeu e me traumatizou. Quando você cresce , você passa por fazes , fazes engraçadas que se você olhar pra trás sentirá vergonha de si mesma , mas isso tudo começou em 2017, primeira conta no twitter, depois de eu ter ido assistir piratas do caribe 5 ,a vingança de Salazar eu saí do cinema completamente apaixonada pelo Johnny Depp , é sim vergonhoso dizer por que a parte pior vem depois . Tá , eu gostava dele desde criança desde a fabrica de chocolate e o meu pai que sempre fez tudo por mim trazia os filmes dele para casa ,alegre e satisfeito.Tudo bem sua filha de 10 anos ser apaixonada por um ator mais velho que você ,e tudo òtimo se ele não souber da existÊncia dela nunca , meu pai sempre disse isso."O que me despreocupa é que ele nem conhece e nem vai saber da existência dela , então tudo bem deixa a menina ser feliz e apaixonada por um pirata , que mal tem nisso? Minha preocupação vai ser se ela aparecer aqui com um namorado , eu mando ele pra fora correndo".Os anos passaram e no ano de 2017 eu tinha 18 anos , me julgando adulta o suficiente para ter um twitter e me declarar para o nosso big querido,um queridissimo na época,nossa altos textos , eu defendia ele no twitter , levantava hashtags , dizia que era lindo, colocava num pedestal.Eu realmente amava aquele cara , olhando pra trás dá vergonha meus amados.Enfim numa dessas minhas raparigagens eu fui notada por ninguém menos que o carinha que trabalha para nosso big querido,sim amados a lenda começou a me seguir no twitter e eu acho que assustadoramente , o carinha que trabalhava para ele comentou para ele sobre mim , porque depois de algum tempo uma conta começou a me seguir no twitter que parecia muito verídica e que parecia ser o meu crush big querido, naquele tempo minha consciencia estava no rabo porque eu continuei a minha raparigagem todos dias eu postava textos adoráveis sobre meu crush e que eu o amava ,era quase uma fan account queridos, vergonhoso. Então essa conta que parecia ser autêntica do nosso querido começou a me mandar dms no twitter , corações .Eu fiquei? Who are you , mas ele continuava , e eu na maior paz de deus. Até que eu muito p da vida respondi a conta - eu sei e me desculpe por te incomodar mas você é mesmo meu big querido crush supremo?- acho que ele ficou com raiva de mim porque essa lenda parou de me seguir, mas antes disso acontecer uma adoravel fan dele também me mandou mensagem no twitter pedindo para eu ir falar com ele pra ele seguir ela porque se eu não me engano algo tinha acontecido e o divo a tinha blockeado ela. E eu respondi na timeline-Negativo minha querida , eu sou nervosa , eu não consigo falar com ele , como eu iria falar com meu crush na epoca , não dava senhores , não dava . Daí passou um tempo e este divo voltou a me seguir e me adicionou num grupo com outras pessoas que também eram fans , e era na época da baleia azul e eu fiquei com medo e respondi no grupo do twitter , " pelo amor de deus , eu não quero morrer , eu sou tão jovem e bonita demais para morrer , vocês são da baleia azul, me tira do grupo", caros leitores não era da baleia azul, era o proprio divo la que havia me adicionado para conhecer o querido rebanho de fans dele , então um jovem muito simpático me respondeu e disse " querida , quem te adicionou aqui foi seu proprio divo supremo, não se assuste . Ele está aqui .Se apresente por favor" eu obviamente não acreditei mas continuei na onda "ah sim meu nome e tal e eu tenho essa idade aqui , prazer conhecer vocês ,se ele não sabe fique sabendo agora que eu sou a futura namorada do divo fulano de tal meus anjinhos" foi uma coisa horrível pra se falar , coitado,depois de tudo isso essa benção aleatória começou a me seguir nas minhas outras contas do twitter o que foi assustador , mas feliz ao mesmo tempo , a parte do meu grande coração partido foi que desde então ele sempre me ignorou, achei que ele me desprezava porque ele sempre respondia todas as fans menos eu, ele sempre curtia todos os tweets delas menos meus
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betaldi · 2 years
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O LADO BOM DA INTERNET Rua Caribe, Amparo, 1986. Este que vos escreve tinha seis anos de idade e estudava na pré-escola Gasparzinho. Desde muito cedo meus pais me permitiram a ter contato com livros e filmes. Desses últimos, os que mais me fascinavam eram os de terror, e a antiga SESSÃO DAS DEZ do SBT nunca decepcionava, exibindo clássicos de gosto duvidoso como Alligator, King Kong 1 e 2, O Homem Cobra e por aí vai, mas, para aquele domingo, passaram a semana inteira alardeando um filme diferente, sobre um robô humanóide de aparência assustadora. Eu guardei na memória por anos alguns detalhes do comercial do filme: a tal aparência assustadora do bicho, aviões cruzando o céu, pessoas correndo numa montanha rochosa, um laboratório futurista (para a época). Sim, eu estava ansioso pelo tal filme, os amiguinhos da rua e os coleguinhas da escola (ao menos os que podiam assistir) também estavam, mas eis que... não sei! Não lembro o que pode ter acontecido, mas perdi o filme. Na segunda eu lembro de um moleque no Gasparzinho falando que tinha sido legal, mas só. Passei anos com esses pormenores guardados na cabeça. Virava e mexia comentava isso com algum amigo na esperança dele saber que filme era, pois eu não lembrava o título. Várias vezes recorri ao Google, pesquisando os poucos detalhes que eu me lembrava, e era soterrado por uma enxurrada de robôs/andróides oitentistas que não eram o que eu procurava. Por fim, ontem, após quase quatro décadas, do nada, me surge a brilhante idéia: faça as contas do ano em que você estudou no Gasparzinho e pesquise pelos filmes exibidos nele. Abri o São Google - Padrasto dos Burros (o pai é o Dicionário Aurélio) e digitei "filmes exibidos na sessão das dez sbt 1986". Surgiu uma lista, senti que era minha última esperança e conforme meus olhos iam descendo batia um desespero, pois havia algumas lacunas onde se lia NÃO FORNECIDO PELA EMISSORA. O sorriso brotou de orelha a orelha já quase no fim, ao ler O ANDRÓIDE/POJETO QUESTOR (THE QUESTOR TAPES, 1974). Antes de pesquisar imagens ou informações sobre o título, eu sabia que era ele. Finalmente! (em Amparo, Sao Paulo, Brazil) https://www.instagram.com/p/CoaEffurjLK/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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