#Ana Martins Marques
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Um dia vou aprender a partir vou partir como quem fica
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Um dia vou aprender a ficar vou ficar como quem parte Belo Horizonte, Ana Martins Marques
In: Da arte das armadilhas (2011)
#citou#ana martins marques#literatura#literatura brasileira#poesia brasileira#escritoras#escritoras brasileiras#poesias#poemas#quotes#citações
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10.
Amar profundamente mas testar volta e meia se ainda dá pé
— O Livro das Semelhanças, Ana Martins Marques [Ed. Cia das Letras; 1.ª edição, 2015]
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Sobretudo não falar de amor mas preservar seus gestos, sua coreografia de ternura e pânico sua repetição, seu ritmo amar ainda as imagens, sim não propriamente amar, não exatamente as imagens apenas uma língua muito antiga que aprendemos mal, à peine sem conhecer sua lei oral, mas somente fragmentos de velhos poemas, contabilidades, restos de música, destroços de um decreto, um tratado astrológico, catálogos de barcos, armas, utensílios sem nem ao menos saber se contrato ou canção
— Ana Martins Marques, em "Como se fosse a casa".
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como quem arruma a mala
às pressas
e enfia nela não o que precisa
mas o que encontra mais à mão:
estas duas ou três palavras
frias demais para o inverno
muito quentes para o verão
Ana Martins Marques, in: Fala
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O que eu mais gosto do teu corpo
A parte do teu corpo que procura pelo sol como os gatos pela casa
a parte que permanece imóvel quando cantas, a que se move quando estás parado
a parte que apenas a mim e de relance, por descuido revelaste
a parte onde guardas as memórias de infância, a parte que ainda anseia pelo futuro
a parque que demora a acordar depois que acordaste
a parte que discorda ainda de mim quando já cedeste
aquela que adere mais fortemente ao teu nome
a parte que guarda silêncio enquanto falas
a parte que quando estás cansado ainda não se cansou
a parte ainda noturna quando é dia, diurna quando é noite
a parte que tem parte com o mar
— Risque esta palavra, Ana Martins Marques (2021)
[via poem4]
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Ana Martins Marques
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es más difícil esconder un caballo que la palabra caballo
es más fácil librarse de un piano que de un sentimiento
puedo tocar tu cuerpo pero no tu nombre
es posible terminar una frase con un beso así como es posible
terminar súbitamente una danza con una palabra
entonces haría falta entender el beso como un elemento gramatical
agregar las palabras entre los movimientos básicos de la danza
¿qué tanto del deseo habita
en la palabra deseo?
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Primeiro Poema, Ana Martins Marques
/ᵛᶦᵈᵉᵒˢ ᵈᵃʳᶦⁿᵃ ᵇᵉˡᵒⁿᵒᵍᵒᵛᵃ / ᶜʰᵃʳˡᵒᵗᵗᵉ ᵐᵃʸ / ˡᵉᵉˡᵒᵒ ᵗʰᵉᶠᶦʳˢᵗ / ᵃⁿⁿᵃ ⁿᵉᵏʳᵃˢʰᵉᵛᶦᶜʰ /ʳᵈⁿᵉ ˢᵗᵒᶜᵏ ᵖʳᵒʲᵉᶜᵗ / ᶜʰʳᶦˢᵗᵒᵖʰᵉʳ ˢᶜʰᵘˡᵗᶻ / ᶜᵒᵗᵗᵒⁿᵇʳᵒ ˢᵗᵘᵈᶦᵒ / ˡᵉᵉˡᵒᵒ ᵗʰᵉᶠᶦʳˢᵗ
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Puede ser que como las estrellas las cosas estén separadas por pequeños intervalos de tiempo puede ser que nuestras manos de un día para el otro dejen de entrar unas dentro de las otras puede ser que en el camino hacia el cine pierda una de mis ideas preferidas y puede ser que ya en la vuelta me haya resignado alegremente a esa pérdida puede ser que mi reflejo sucio en el vidrio del café sea una imagen de mí más exacta que la de esta fotografía más exacta que el recuerdo que tiene de mí una antigua compañera de colegio más exacta que la idea que yo misma ahora tengo de mí y también puede ser que la chica cansada de ojos tristes que trabaja en el café tenga de mí una imagen más fiel que la de cualquier otra persona puede ser que un gesto una manera de doblar los labios te devuelva súbitamente toda la infancia de la misma manera en que por una taza puede valer la pena un viaje y una silla puede equivaler a una ciudad pero un cachorro echado al sol no es el sol y un miércoles no puede ser lo mismo que una vida entera puede ser mi querido que olvidando en tu cama mi aro izquierdo te obligue más tarde a pensar en mí al menos por un momento al recoger un pequeño círculo de plata cuyo peso frío sentís ahora en las manos como si fuera (pero ay tan inexacto) mi amor o brinco - Ana Martins Marques
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sim carregamos o mundo nas costas o mundo e as coisas do mundo as coisas e os nomes das coisas sim todos os mapas e as palavras como selos soltando-se Atlas, Ana Martins Marques
In: Da arte das armadilhas (2011)
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No Natal, Pedro Mohallem me presenteou com um livro de poemas da Ana Martins Marques. Esse mês, ganhei dois livros escritos por mulheres latino-americanas, presentes do José Carlos. Acabo de receber em casa uma coletânea de mulheres contistas, organizada pelo Genio Nascimento. Estou relendo Juli Zeh (desde o ano passado, lentamente) e lendo Margaret Atwood. Se depender desse ano e dos homens da minha vida, leio apenas mulheres. E que bom.
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Talvez fosse preciso aprender sobre morar
com aqueles que frequentam a madrugada
ou o mar
e conhecem essas horas imprecisas
nem noite nem manhã
expostos às tormentas ou à luz titubeante
de bares que não fecham
entoando ou não canções de arrebentação
ou de naufrágio
diante do azul ilimitado ou de um cemitério
verde
de garrafas
entre coisas ruidosas ou quietas
vendo a linha do dia pouco a pouco
comendo (vermelho) a linha da noite
na rua como diante do mar
*
(Espera: estou inventado uma língua
para dizer o que preciso)
— Ana Martins Marques, em "Como se fosse a casa".
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Depois de um tempo
todas as coisas ficam marcadas
como se estivessem
impregnadas de veneno
Há um tempo em que os lugares
são limpos e novos
abertos como clareiras
mas já não é este o tempo
Sobre cada lugar se sobrepõe
a experiência do lugar
como um selo
num cartão postal
Por exemplo
hoje sempre que sobrevoo
São Paulo
penso que em algum apartamento
desta cidade interminável
você
fumando
de óculos
exerce seu direito
inalienável
de não mais pensar
em mim
Ana Martins Maques – São Paulo
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Como chamar faca
tanto aquela enfiada na fruta
quanto aquela enfiada no peito?
Ana Martins Marques
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