to live is the rarest thing in the world. most people exist, that is all. — oscar wilde clarissa merlyn, 26, misthaven, WA • • • • • • • • • i travelled the WORLD and the seven seas, everybody's looking for something. some of them want to use you; some of them want to GET USED by you. some of them want to abuse you; some of them want to be abused.
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sanctuary [heroes/push au]
A porta do bar abre rangendo, como sempre, mas Finn não levanta os olhos. Está concentrado demais nos copos que está secando e então organizando atrás de si no balcão, e não está com paciência alguma para mais um bêbado em busca de uma última dose.
"Desculpe, amigo, estamos fechados." É tudo o que diz, o tom de voz baixo e claramente cansado após toda uma noite de trabalho. Esperava que fosse o suficiente para que o cliente atrasado fosse embora, sem mais interrupções. Ele não recebe uma resposta, no entanto. Nem escuta passos se retirando do local. O único som no recinto é uma respiração entrecortada e difícil que finalmente chama atenção suficiente para que ele interrompa suas tarefas.
Finn suspira e levanta a cabeça.
"Ok, o que eu posso fazer–" Ele se interrompe ao perceber a figura parada bem à sua frente.
A mulher é jovem – apenas alguns anos mais nova do que ele, provavelmente –, e sua pele está pálida a ponto de poder ser confundida com a de um fantasma. As roupas são largas e descombinadas, de número muito maior do que o dela. O cabelo loiro está desarrumado, os olhos grandes vasculham o espaço ao seu redor e por trás de seu ombro em desespero, tentando determinar se ele é uma ameaça.
"Por favor. Ele..." A voz dela é baixa e rouca, e Finn precisa se esforçar para compreender o que está sendo dito. Ainda assim, a nota de desespero e tensão que permeia suas palavras ficaria clara mesmo se a desconhecida estivesse falando algum idioma perdido.
Finn nunca poderia ser considerado um gênio no meio acadêmico, mas seu pensamento sempre fora rápido como um raio. A atitude evasiva, o tom urgente e a aparência selvagem e desgrenhada todas se encaixam rapidamente como peças de um quebra-cabeça em sua mente.
"Você precisa de um lugar pra se esconder?"
A mulher afirma com veemência.
"É a polícia?"
Ela dá uma risada sem humor algum, quase com tristeza.
"Pior." Ela responde, não mais do que um sussurro.
Finn estende os braços para ela, que parece compreender sua intenção de imediato. Ele a ajuda a subir em um dos bancos e passar por cima do balcão, sem deixar de perceber o quão leve ela é, braços angulosos despontando de sua blusa larga. Ele abre um dos armários escondidos do lado de dentro, onde, no passado, um de seus parentes guardara algum tipo de arma de fogo. Fazia parte da composição do móvel antigo, incomum na atualidade. O espaço era apertado, mas ela não hesita antes de se arrastar para dentro.
A porta abre rangendo dois segundos após Finn voltar a limpar os copos.
O homem é alto e de ombros largos, e veste um terno escuro sob medida. O cabelo loiro estava bem arrumado, apesar da respiração pesada indicando uma corrida, e ele analisa o recinto com precisão milimétrica antes mesmo de falar algo. Finn reconhece o contorno de um coldre por dentro de seu paletó.
Finn assume de volta com facilidade o papel de bartender cansado.
"Desculpe, amigo, estamos fechados."
O desconhecido se vira para ele, e Finn não pode deixar de perceber a notável semelhança que ele e a fugitiva escondida dentro de seu balcão compartilham, desde o maxilar bem definido, a cor dos cabelos, até os olhos. A postura, no entanto, é completamente diferente. Ele é confiante e sério, e enquanto todo o corpo dela emitia ondas de aflição, ele podia muito bem ser um androide, sem deixar escapar expressão alguma.
"Alguém entrou aqui?"
"Você vai ter que ser mais específico. Muita gente entra aqui, sabe, somos um bar." Responde, mesclando o cansaço que sentia com seu sarcasmo e carisma usual.
O homem não se deixa abalar e nem parece achar engraçado.
"Estou procurando uma mulher. 26 anos, 1,75m, usando roupas roubadas e gastas e está provavelmente desorientada."
Finn lhe faz uma careta.
"Não parece um bom partido, cara."
O homem revira os olhos e puxa algo de dentro do paletó. Finn sente o corpo inteiro tensionar, mas tudo o que ele pega é uma foto dobrada para lhe mostrar. Uma mulher loira, que ele reconhece como a fugitiva, está em roupas de gala, segurando uma taça de champanhe. Ela está ao lado de alguém, mas a dobra impede que Finn identifique quem quer que seja.
"Olha, ela acabou de fugir do hospital psiquiátrico. Está confusa e é perigosa. Não brinque com esse tipo de coisa."
Finn não responde de imediato, ainda observando a fotografia. Nela, a fugitiva está alguns anos mais nova e poderia mesmo ser uma outra pessoa – sorridente e feliz. Era inacreditável a diferença desta mulher fina e a criatura quase que selvagem que entrara em seu bar.
Ele nunca fora alguém de pensar muito antes de agir, confiando sempre em seus instintos, mas não podia negar que existia a real possibilidade de que a mulher dentro de seu balcão era louca e estava prestes a matá-lo.
Mas ele então levanta a cabeça e encara o homem. Os olhos verdes eram parecidos com os da mulher, sim, mas ao mesmo tempo, eram completamente diferentes. Vira nos dela uma determinação furiosa, uma angústia descomunal, e o esforço de alguém que tentava conter as lágrimas. Mas os dele... os olhos do homem eram vazios. Não estavam apenas mascarando emoção, não havia nenhuma. E, de alguma forma, isso assustava Finn mais do que o revólver que o homem mantinha escondido.
"Eu não brincaria com isso." É o que diz, finalmente.
O homem suspira, soando frustrado.
"Certo." Ele tira uma carteira de seu bolso e retira um cartão de visitas, entregando nas mãos de Finn o papel timbrado "Ela é muito importante para mim. Se souber de alguma informação, por favor, aqui está meu número."
Finn apenas concorda com a cabeça e põe o cartão no bolso, contendo a vontade de amassá-lo e jogá-lo no lixo mais próximo.
"Tenha um bom dia." Jonathan C. Merlyn diz, lhe dando as costas e saindo de seu bar a passos largos e determinados.
Finn tranca o local assim que o homem sai de sua soleira, fechando a porta de enrolar automática do lado de fora para impedir qualquer intrusão futura. Ele abre o armário escondido no balcão novamente.
"O Exterminador do Futuro já foi."
A mulher sai do compartimento ofegante e molhada de suor, e ele não sabe dizer se é por conta do esconderijo abafado ou da tensão que ela certamente carregava. Os olhos estão fechados, e Finn logo percebe que ela está tremendo.
O homem se ajoelha no chão ao lado dela e a ajuda a se sentar, as costas apoiadas no balcão de madeira atrás deles. Ele abre o freezer e pega uma garrafa d’água, pondo-a nas mãos dela, que bebe avidamente. Em seu pulso direito há uma pulseira de identificação de hospital, e ele consegue ver “Nome: MERLYN, Claris-” escrito nela.
"Obrigada." Ela diz após alguns momentos respirando fundo, a tensão se dissipando aos poucos de seus ombros.
"Não foi nada." Ele responde. Preferindo fazer uma apresentação mais formal do que apenas dizer o nome que descobrira, ele estende a mão para ela. "Finn Worder."
Uma sombra de sorriso aparece no canto de seus lábios, e ele sente um pouco como se tivesse ganhado na loteria.
"Clarissa. Merlyn." O sobrenome é dito após uma pausa, como se não apresentasse normalmente sob ele. No lugar dela, ele provavelmente faria o mesmo.
"O Exterminador do Futuro..."
"É meu irmão. Sim." Clarissa responde, e sua expressão é vazia, um luto ausente.
Finn não sabe exatamente o que dizer, então assovia baixo. Ele nunca tivera um irmão, muito menos alguém sem sentimentos de porte assustador que estava o perseguindo.
"Parece uma barra pesada."
Ela dá uma risada sarcástica, que o faz sorrir.
“Eufemismo do século.”
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♖ : Having their hair washed by your muse (Finn e Clarissa)
CANGAÇO AU
“Olha Fernando, eu sei que disse que tu podia voltar a vir aqui mas nãosignifica que cê pode aparecer de madrugada na minha venda. O forró acabou faztempo.”
A noite estava límpida e sem nuvens, a luz dasestrelas banhando os rostos dos dois. Encostada na entrada da loja, Clara carregavauma manta de crochê ao redor dos ombros para se proteger do frio quenormalmente acompanhava o sertão após o escurecer. Ele, no entanto, usavaapenas sua blusa de linho, desgastada pelo uso, colete de couro nenhum lugar àvista.
Ela fora acordada com pedrinhas sendo jogadas em suajanela, que por sorte, estava fechada. Não fazia ideia de que horas eram, masnão podia ser cedo – era um dos últimos estabelecimentos a fechar, e hoje anoite de música rendera bastante. Desconhecia o motivo para Fernando estar lheincomodando àquela hora, mas provavelmente envolvia bebida, e tratou de descerpara falar com ele antes que começasse a gritar por seu nome e acordar todos osvizinhos.
“Galega, tu sabe que eu te adoro e meu coração é teu. Posso dormir aquihoje? Juro que num toco num fio dos teus cabelo dourado.”
Ela revirou os olhos, impaciente. Estava prestes acomeçar um sermão sobre privacidade para então expulsá-lo da soleira de suacalçada, quando realmente olhou parao rosto dele. Estava cheio de arranhões e sujo de poeira ou terra, ela nãotinha certeza. Os cabelos estavam emaranhados, se assemelhando a um ninho deratos. Um dos olhos parecia estar inchando e a camisa estava semi-aberta,alguns dos botões arrancados. Fernando poderia ser muitas coisas, mas nuncadeixou de se arrumar para ocasião alguma.
“Vixe Maria. Que foi que aconteceu contigo? Inventasse de arengar denovo com gente que não devia, foi?”
“Um negócio assim.”
Clara pensou em insistir, e qualquer outro dia, teriao feito. Mas ele parecia cansado, e para falar a verdade, ela também estava. Epor mais que tivesse suas ressalvas com o homem, não ia deixar ele voltar paracasa – um tanto quanto afastada da cidade, mais próxima da estrada de terra doque do centro – no estado em que estava.
Ela suspirou.
“Vamo. Entra.”
O homem abriu um sorriso e a seguiu para dentro. Elatrancou a porta às suas costas e andou até os fundos do lugar, onde degraus demadeira davam para o quarto simples, mas amplo, que ambos já conheciam muitobem.
“Tu tem é sorte que ainda tem água aqui em casa, que tu não ia é dormir naminha cama com essa catinga toda”. Apontou para um banco de madeira encostado naparede. “Senta aí por enquanto que eutrago as coisas.”
Desceu as escadas perdida nos próprios pensamentos.Não sabia nem ao certo o motivo de estar fazendo tudo aquilo por ele. Amanhã(ou hoje, provavelmente) o dia seria puxado como todos os outros, e ela estariacansada pela falta de sono. Mas também não é como se ela dormisse bemnormalmente. E tinha algo no rosto de Fernando… ela não ia deixar deajudá-lo, por mais raiva que o homem a fizera passar nos últimos tempos. E noestado em que estava, era mais provável que ele dormisse na calçada dela, eisso não ia ajudar ninguém.
Revirando algumas estantes nos fundos, encontroualgumas roupas antigas que João deixara com ela caso precisasse passar um tempoescondido. Provavelmente caberiam. Encheu dois baldes com a água de uma dasmoringas de barro da despensa, jogando dentro também uma bucha, sabão e cuia,antes de subir novamente.
Encontrou seu visitante brincando com uma pulseirasua, deixada por cima da pequena penteadeira. Deixou os baldes no assoalho earrastou a banheira de latão, antes encostada em um canto do quarto, para ocentro do aposento.
“Deixe de bulir nas minhas coisas e vem tomar teu banho, Fernando”
Ele ergueu os olhos pra ela, um sorriso malicioso noslábios.
“Olhe, eu tô achando que vou precisar de tua ajuda, visse.”
Clara lhe fez uma careta, mas a provocação acaboutendo um grande fundo de verdade. Ele mal conseguia erguer os braços osuficiente para tirar a camisa; não conseguiria se lavar daquela forma.Revirando os olhos novamente para ninguém em particular, se aproximou dele paratirar o tecido sujo do corpo de seu corpo.
“Te aquieta, homem.” Ela diz, em tom repreensivo, para a reação imediata deFernando a sua ajuda.
Com um par extra de braços, o trabalho se torna maisfácil, e não demora para que ele esteja sentado na banheira apenas com suaroupa de baixo, um calção branco de algodão. Ela pega a cuia de madeira ecomeça a despejar a água, começando pelos braços, então o torso e a cabeça. Osdois então entram em uma sincronia fácil, com ela dando ordens simples e ele semovendo para facilitar seu trabalho.
“Tá nó cego esse teu cabelo, Fernando. Deixa de manha.” Os doisresmungam enquanto ela, um pente de madeira em mãos, tenta desembaraçar os fiossem causar mais dor. Após muito esforço, Clara finalmente consegue, passandoentão o extrato de juá para poder limpar a sujeira, enxaguando logo em seguida.Ele dá um suspiro, aliviado.
“Olha… tu sabe que tu pode me contar qualquer coisa, né?” elafala, esfregando as costas machucadas dele com uma delicadeza que não sabia quetinha. “Os cabra safado que fizeram issocontigo, tu sabe que eu posso acabar com tudinho amanhã num instante só”
Fernando balança a cabeça, negando a oferta, mesmosabendo que era sincera e ela teria a completa capacidade de cumpri-la casofosse aceita.
“Carece disso não. Num se aperreie também que daqui a pouco tá tudo nosconforme.” Ele então se vira para ela, os olhos castanhosbrilhando com a luz dourada do candeeiro aceso, o sorriso fácil de volta aoslábios. “Tás falando que nem matuto,galega. Achava que a capitá tinhatirado isso de tu.”
“Eu sou daqui, Fernando. Num tem tempo na capital que tire o sertão demim, não.” Responde, séria novamente. O nervosismo e apreocupação tiravam qualquer formalidade que ela aprendera em seu tempoestudando em Recife. Não que ela se importasse.
Ela enxágua o corpo dele mais uma vez antes que ele selevante para se enxugar com um pano velho que ela separara para isto. Claraentão o ajuda a colocar as roupas de seu irmão, que ficam apenas um pouco maislargas em Fernando do que o normal. Os dois seguem juntos para a cama dela, odossel de metal antigo rangendo quando os dois sobem no colchão, ela seacomodando de costas para ele.
Alguns instantes se passam antes que ele diga, a vozmuito mais tímida e insegura do que ela jamais havia escutado dele.
“Eu disse que não ia tocar em tu, mas será que eu podia…”
Antes que ele possa continuar, Clara se aproxima, pegandoos braços dele e pondo por cima de sua cintura. Ele a abraça o mais firmepossível sem deixá-la desconfortável, enterrando o rosto nos cabelos longos etão raramente soltos dela, respirando o perfume de flores de umbu que aacompanhava por todos os lados.
“Boa noite, Clara.” Ele murmura, o sono já dominando seus sentidos.
“Se tu inventar de roubar minhas rapaduras de novo eu pego minhapeixeira e arranco tuas tripas eu mesma, visse?” Elaentão beija as mãos dele, antes de esticar o braço e apagar o caandeeiro. “Boa noite, Fernando.”
#o que é isto#victória escrevendo fluff??#ISSO MESMO SUAS INCRÉDULAS#FLUFF#DE FINN E CLARISSA#ou fernando e clara#HÁ#finn worder#ask game#cangaço#eu não sei mais tags#btw foi difícil pra CARAMBA encontrar qualquer referência pra esse negócio#Anonymous
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💕 MY MUSE TELLING YOUR MUSE THAT THEY WILL ALWAYS BE FRIENDS
DITADURA AU
RIO DE JANEIRO, 1973
As ruas estavampraticamente vazias. O toque de recolher só começaria dali a duas horas, mas otransporte público era arriscado demais; a maior parte da população temia serlevada pela polícia patrulheira em um eventual atraso. E quem não estavatrabalhando (ou mesmo quem trabalhava) provavelmente parara para assistir o Festivalde Música Brasileira. Se possível, era melhor continuar onde estava, depreferível, em casa.
Ela não tinha essaopção; estava fugindo do mesmo festival, para falar a verdade. Seu voo partiriaem trinta minutos, o último antes do Galeão encerrar os serviços pela noite – ecertamente Clarice não teria mais um dia.
O Gordini 65 gemiacom o esforço que Jasmim exigia de seu motor, apertando impiedosamente o pedaldo acelerador até o fundo. Não se preocupava com a sinalização delimitando avelocidade máxima permitida; qualquer ronda noturna não hesitaria antes deparar duas mulheres dentro de um carro, estando elas rápido demais ou não. Principalmentese uma dessas mulheres fosse o rosto prestes a estampar a capa de todos os jornaisda manhã seguinte.
Fora ousado, foraimpulsivo. Uma loucura; ela sabia.
Ana tinha vetado aideia. Cris tinha adorado, o que deveria ter sido um aviso por si próprio. Fernandoficara receoso, e com razão, mas a apoiou de qualquer forma.
(ainda podia sentir nos lábios o gosto amargoda despedida demasiado apressada)
Ela não contarapara João antes de subir no palco, temendo o que ele poderia dizer. Além disso,ele já se preocupava demais.
Um sentimentogelado percorreu sua espinha e pesou em seu estômago ao perceber que nãoconseguiria dar adeus ao seu irmão mais velho antes de partir para o outro ladodo mundo.
“Amanhã vai ser outro dia, Clara.” Ela escuta Jasmim citando Chico ao seu lado, e é sóentão que percebe a lágrima escorrendo por sua bochecha esquerda. Tratou delimpá-la rapidamente com a manga do casaco volumoso que está usando.
Jasmim. Sua pilotode fuga e sua melhor amiga. Fora ela quem lhe ajudou escrevendo o discurso, eClara tem absoluta certeza de que teriam declamado juntas caso se tivessepedido. Mas o anonimato da amiga era precioso, principalmente em dias sombrioscomo aqueles. E de toda forma, tinha sido um sucesso. Nos três minutos que tevena abertura do festival, difamou profusamente os milicos podres no poder, efetivamentedestruiu a figura pública do seu pai e também sua imagem de queridinha doBrasil.
A memória de TomásMarinho, vestido de sua forma séria e elegante como de praxe, sentado naprimeira fileira da plateia, completamente chocado com o que estava sendo ditopor sua filha mais nova no palco à sua frente era suficiente para trazer osorriso de volta para o rosto de Clarice.
Isso é por Edson Luís. Isso é porMarighella. Por meu irmão. Por minha mãe.
Um sucesso.
Mas agora elaprecisava partir, o mais rápido possível, e era o que estava fazendo nesteexato momento mesmo que a contra-gosto. A passagem já estava comprada há tempos, desde que decidiu fazer aquilo; planejamento feito nos mínimos detalhes. Não gostavada ideia de fugir, mas não tinha nenhum desejo de ser mártir. Ela conhecia seupai, e pior, quem ele conhecia e oque eram capazes de fazer. Mais um desaparecimento não faria diferença nopapel.
Ela podia ver oprédio imponente se aproximando cada vez mais rápido. Saber que era inevitável nãoajudava a impedir as lágrimas que teimavam em não parar, por mais que elatentasse enxugá-las.
“Putz grila, como eu odeio isso tudo”. Ela exclama,frustrada, pela primeira vez desde que decidiram o plano. Nunca gostou dechorar, e Jasmim sabe disso. Clara sente a mão da amiga sobre a sua, e continuaa desabafar “Eu sei que tenho que fazerisso, saca. É só que-”
“Você não devia ter. Eu sei. Você não deveria ter que fugir dopaís só por ter falado a verdade em público. Seu irmão também não deveria tersido expulso de casa por ter ido pra uma passeata. Ana não deveria ter queviver escondida.”
“Tunão deveria ter que arriscar a vida pra me trazer no aeroporto” ela não consegueevitar completar, encarando o velocímetro que atingia praticamente seu máximo.
“É meu prazer fazer os milicos comerempoeira”. As duas riem.Jasmim nunca tivera uma única aula de direção, o que ficava bastante claroquando você se arriscava a pegar uma carona com ela. “Mas é o que a gente tem que fazer agora”, completa, uma expressãodeterminada tomando conta de seu rosto.
O carro canta pneuquando freia na frente do portão de embarque internacional do aeroporto. Não hámais ninguém para presenciar a cena além de dois ou três taxistas cansados, quemal levantam os olhos de seus jornais para encará-las.
“Olha, eu vou querer cartas. Fotos também,se der. Manda para a Lanchonete.” Jasmim evita dizero nome, um costume já bem formado, mas ambas sabem de onde ela está falando. “E é bom você não ficar na fossa lá nagringa, sacou? Uma boazuda como Clarice Marinho tem é que partir uns coraçõescom seu papo firme. Mas não o de Fernando, ok? Eu sei que vocês não acabaram olance de vocês. Mas vai ser fichinha pra você. Ah, e se encontrar o GeorgeHarrison não se esquece de me pedir um autógrafo porque ele é meu Beatle favoritoe eu não vou perdoar-”
“Jazz.” Clarice interrompe o discurso nervoso da amiga lhe abraçando firme, edessa vez não faz esforço nenhum para impedir as lágrimas. “Eu vou sentir tanta saudade tua.”
“A gente sempre vai ser amiga, Clara. Lembradisso.” A morena respiroufundo antes de se afastar. “Agora vaiantes que você perca esse maldito avião.”
Clarice pega amala no apertado banco traseiro e corre para dentro do aeroporto sem olhar paratrás.
Ela pode escutar os pneus doGordini cantando quando dão a partida novamente.
#jasmine blunt#ask game#ditadura au#eu fiquei bem orgulhosa disso surpreendentemente!!#mas tive que fazer uma tonelada de pesquisa#e tomar algumas licenças poéticas#also eu sei um total de nada da geografia do rio então me desculpa lubs se nada disso faz sentido#MAS EU TENTEI EU JURO#e eu não sei se george harrison é o beatle favorito da jasmim mas pareceu adequado#espero que gostem bbs#Anonymous
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◈ my muse’s reaction to finding your muse beaten and bruised
MARVEL AU
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