Text
Personajes/Parejas: Luciana/Martín (Fem!Brasil/Argentina). Advertencias: Smut, para variar. Pero con una embarazada, en caso eso no es lo suyo. Sinopsis: Luciana no sabe qué decir. Intenta buscar una respuesta en los ojos severos de Martín, pero simplemente no la encuentra.
@brargweek - Día 5: Primera Vez
8 notes
·
View notes
Text
@brargweek
Eu ganhei algo que eu nunca imaginaria
Dia 7- Copa do Mundo
Não pode postar safadeza assim escrita direto. Começamos desse jeito, terminaremos do mesmo jeito. Até ano que vem <<33
Ao3:
5 notes
·
View notes
Text
Brargweek Dia 2: Soulmates
Martin le quiere dejar a Luciano una cosa bien en claro, no lo ama solo por que sean almas gemelas o que sea algo marcado por el destino, no cree en esas cosas cuando es con Luciano. A el lo ama por que así lo siente el.
@brargweek
67 notes
·
View notes
Text
Happy Argentine-Brazilian Friendship Day, y'all! Thank you so much for your works, and until the next year!
The week might have come to an end, but remember we’ll keep on posting works out of date! Just remember to use the tag #brargweek2024
9 notes
·
View notes
Text
BrargWeek Day 6: Childhood Crushes
I'm a sucker for little childhood promises lmao I eat that up every time. They'll grow up and go through some shit (and fight a lot along the way) but I believe they can get together for real when they're older~
+ bonus:
207 notes
·
View notes
Text
@brargweek
Sangue sob o luar
Dia 6- Vampiros
Luciana não acredita no que vê.
Desde que saiu da faculdade e passou a lecionar história, ela tem um estudo que parece não ir para conclusão nehuma: Quem é ela?
Em 1793, uma pintura foi exposta em um palacete na Letônia. Ele mostrava uma mulher deitada, parecendo doente, mas com um brilho insano nos olhos e uma mecha de cabelo elevada na frente da testa. Hoje em dia, a pintura está em um museu. Outro museu guarda uma pintura, datada de 1825, de uma mulher em um salão, usando um vestido elegante e um penteado cheio de cristais; uma mecha rebelde, porém, se destaca. Quem é essa mulher?
Existem, ao todo, oito quadros mostrando um jovem mulher loira com uma mecha na testa, além de outras características que revelam que, provavelmente, os oito representam a mesma mulher: cabelo loiro, alta estatura, um nariz que não é reto e uma paisagem sempre noturna atrás dela.
A primeira teoria de Luciana foi que a mulher era uma imagem santa. Foi logo refutada por si mesma, percebendo que os cabelos expostos e as curvas marcadas não combinariam. Pensou também na possibilidade de ser uma imagem da realeza, mas as diferenças do lugar onde as pinturas foram feitas, além da falta do nome da mulher, fizeram ela descartar a hipótese. Estudou figuras folclóricas importantes, mas cada pintura foi encontrada em um lugar diferente. A mulher sempre era pintada em um cenário noturno, poderia ser uma representação das prostitutas.
Luciana estuda até hoje quem é ela. Tem as pinturas impressas coladas em seu caderno, mapas na gaveta e históricos dos museus impressos, cópias de cartas de artistas, e, mesmo com tudo isso, parece sempre se perder e ficar enrolada na mecha loira da jovem.
Exceto agora.
Ela acha que pode ter localizado algo que nunca teria nem passado perto: uma descendente da jovem registrada em tinta.
Luciana, sentada sozinha no banco do bar, numa sexta-feira, olha de rabo de olho para a cliente que está na outra ponta do balcão, olhando distraidamente para o homem que pega sua bebida. De perfil, a mecha na frente de sua testa e a ondulação do nariz são perfeitamente identificáveis.
Luciana nunca teve dificuldade em falar com as pessoas. Mas essa será um desafio para conhecer, já que Luciana a vê como uma borboleta: maravilhosamente intrigante, mas que pode ir embora e nunca mais voltar de for pega pelas mãos erradas. Ela encara o copo à sua frente.
Ela pensa. Se prestar atenção no homem do bar, pode escutar o nome da mulher, procurar nas redes sociais e descobrir o sobrenome. Ela confia pensando sendo interrompida por uma voz que claramente não é do homem.
— Boa noite.
Luciana se vira, dando de cara com uma pintura viva.
A mulher está com um vestido azul que delinea seu corpo. A cor lembra a do traje na pintura de 1825. Os cabelos loiros caem pelas costas, brilhantes, e só mudam esse padrão na mecha rebelde.
— Eu estou apenas passeando na cidade — A mulher começa, sentando no banco ao lado do de Luciana. Seus lábios cobertos de batom hionotizam-a — Imagino que você seja daqui. Sabe de algum bom lugar para passar a noite?
"Na minha casa".
Luciana não fala o que gostaria, então pensa nas pousadas do lugar. Fora da temporada, a cidade litorânea tinha bons estabelecimentos calmos e disponíveis.
— Boa noite. Eu conheço uma pousada perto daqui — Luciana sorri levemente enquanto fala — São três quadras de distância, para frente, um lugar bastante bonito.
— Fico feliz que seja por perto — Ela responde. Luciana não identifica o sotaque dela, mas sabe que é de longe — Acabei nem perguntando seu nome, não é? Sou Martina.
Mar-ti-na reverba em sua cabeça.
— Me chamo Luciana.
— Mulher de luz, variando do latim lux, lembrando Lúcifer, um lindo nome. Eu adoro o significado das coisas.
— Sou professora de história — Luciana comenta — Podemos ter algo em comum, mulher de coragem. Veio de longe?
Martina sorri ao ouvir o significado de seu nome. Ah, se Luciana soubesse o quão corajosa ela precisou ser um dia.
— Muito longe, na verdade. Imagino que estará livre amanhã à noite, não é? Eu adoraria conhecer a cidade.
Luciana sorri para ela e grita por dentro.
— Claro, Martina. Nos vemos aqui e saímos?
— Parece ótimo. Oito horas.
Luciana acha que é um pouco tarde, mas não se importa.
Elas conversam um pouco mais, com Martina às vezes batendo suas longas unhas na mesa ou chacoalhando a perna coberta pelo tecido fino do vestido. Luciana não se apressa, gostando da presença da outra. Algo em Martina entorpecia-a.
O relógio marca as horas na parede, fazendo Luciana lembrar de uma pasta cheia de provas para corrigir. Martina segue o olhar dela, assustando-se com os ponteiros. Ela bebeu bastante, mas não corou.
Ambas pagam a comanda, sorrindo para o atendente.
— Se quiser, posso te acompanhar até a pousada — Luciana oferece.
Martina sorri, concordando.
Juntas, elas caminham pela rua movimentada. Martina é bastante elegante, parecendo até ser mais velha do que realmente é por conta da imponência que, na opinião de Luciana, ela passa.
— Você não é do país, certo? — Luciana não se conteve.
— Bom, eu me chamo Martina Hernández, então você presumia que eu sou dos países vizinhos, Argentina, Uruguai, Paraguai... Mas sou da Letônia, vim de uma família originária da Espanha que se instalou lá. É muito frio.
A cabeça de Luciana explode em pedaços. Ela achou. A possível tataraneta de alguma mulher das pinturas está ao seu lado, voltando de um bar.
Mas, como tantas gerações passaram em anonimato? Um família nobre sem registro, estranho.
— Tenho vontade de conhecer os bálticos. Já visitou a Estônia e a Lituânia?
— Um parente distante meu se instalou na Lituânia. A família foi morta na Guerra, uma tragédia, apesar de ter sobrevivido à batalhas e doenças — Martina comenta, olhando o para o nada. É como se ela estivesse estado lá — Aquela é a pousada? — Martina aponta para uma placa. Sua unha em estiletto reluz.
— Essa mesmo — Luciana se decepciona ao ver que Martina já vai — Nos vemos amanhã?
— Amanhã, oito horas.
Luciana sorri antes de ir embora, sem perceber que Martina não tem uma única bagagem ou meio de transporte.
Após caminhar até o prédio em que fica seu pequeno apartamento, tomar banho e verificar os peixinhos neon, Luciana liga seu computador e puxa uma pasta transparente cheia de papéis e uma caderneta.
Mais uma vez, ela procura famílias na Letônia, mas com um sobrenome em mente. Ela acha algumas pessoas soltas, nada que lembre a pintura. Procura registros desde a ocupação alemã até sua integração à Rússia, tentando conectar com a população da Península Ibérica. Ela encontra um arquivo com uma lista de desaparecidos escrita à mão e com pinturas pretas malfeitas, organizadas pelo sobrenome. Registros dos tempos de guerra antes da independência da Letônia.
A-B-C, Luciana rola rápido com o mouse, indo direto para o X. Ela sobe. K-J-I-H.
O documento digitalizado foi muito comprometido. Ela não encontra as datas de desaparecimento, apenas os nomes e as imagens precárias gastas.
"Martina Hernández" ao lado de uma pintura rápida, que registra uma mecha sobre o rosto. Aparentemente, ela não teve descendentes e sumiu em 1793.
— Puta que pariu.
Ou esse site está muito equivocado sobre a descendência Hernández na velha Letônia, ou ela se deparou com uma coincidência perturbadora. Uma miragem.
Ela imprime algumas fotos reduzidas e cola em sua caderneta. Sua cabeça pesa. Talvez a mulher das pinturas não seja ninguém e ela perdeu metade da sua sanidade buscando-a.
.................
A manhã de Luciana foi cheio de provas corrigidas com dificuldade. Seus alunos precisam, urgentemente, de uma aula de caligrafia. Ela aproveitou a tarde para limpar a casa antes de se arrumar.
Ela não sabe para onde vai, nem pegou o número de Martina. Na dúvida, escolheu uma roupa arrumada, mas básica. Ela combinou com sua correntinha de ouro e brincos de argola. Passou uma maquiagem leve, mas que aparecesse, e calçou um sapato com um salto baixo. Luciana sabe que é bonita.
Ela pega o celular e abre o contato do irmão, apertando para mandar um áudio.
— Ângelo, vou sair com uma mulher que acabou de chegar na cidade. Se eu sumir, chama a Polícia — É uma tradição deles mandar um áudio com esse conteúdo toda vez que conhecem um lugar novo.
Luciana pega sua bolsa, o capacete e alimenta os peixes antes de sair de casa.
Dessa vez, ela pega a Biz lilás e destrava o pequeno compartimento para pegar a touca de cetim que usa sob o capacete, tentado bagunçar menos o cabelo. O capacete de Ângelo ficou ali dentro por conta da última vez que ele precisou de uma carona e dormiu na sala de Luciana.
Ela sente frio, mas tenta não aparecer tremendo na frente da pousada. Martina está sob um poste, fazendo com que ela pareça uma fantasma. Dessa vez, ela usa uma calça solta e uma blusa justa, com uma bolsa de fechos dourados no ombro.
— Luciana!
Martina sorri ao ver ela descendo da Biz. Luciana tira o capacete e puxa a touca rápido, deixando seu cabelo cair pelas costas.
— Boa noite, Martina — Ela se aproxima — Vamos onde?
— Para um lugar muito legal — Ela responde — Estou morrendo de fome.
Ela batia as unhas nos quadris, ansiosa. Luciana agradece mentalmente por não ter desligado o motor.
— Eu posso levar a gente. Onde é?
— Acho que eu prefiro pilotar. Tem outro capacete?
— É do meu irmão, pode usar o meu.
Martina aceita e ajusta o capacete na cabeça. Sua mão treme levemente. Luciana coloca a touca antes de usar o capacete surrado de Ângelo.
Martina sobre, batendo a mão na parte de trás do banco para Luciana subir. Ela sobe e segura nas alças de ferro. Martina demora para dar partida.
— Tudo bem? — Luciana pergunta, ouvindo a voz abafada pelo capacete.
— Vai ir sem segurar?
— Eu já estou me segurando.
— Aí você vai cair — Martina tira as mãos do guidão e segura os pulsos de Luciana, sem olhar — Segura em mim, é mais seguro, essa blusa não fica amassada.
Luciana, contente, envolve o tronco de Martina, sentindo o perfume doce perto de si. Ela está estranhamente fria onde deveria ser quente.
— Segura!
Martina dá partida na Biz e Luciana entende porque ela foi alertada de um risco de queda.
O motorzinho chora enquando Martina acelera. Ela passa pulando pelas lombadas e freando bruscamente pelos sinais. Luciana acha que ela deveria ser proibida de chegar perto até de uma bicicleta.
Elas saem da rua principal, entrando no labirinto de ruas velhas, até chegarem em estradas rodeadas por mato e abandono. Luciana não conhece nenhum lugar por perto dali além da parte que serve de "entrada de serviço" para a favela.
— Onde fica esse lugar? — Luciana pergunta, tendo a voz cortada pelo vento.
— Ninguém conta o lugar do piquenique!
Luciana se sente um pouco melhor. O tom de Martina era sorridente.
Martina finalmente diminui a velocidade, na frente de um antigo hotel. Ela oferece a mão fria para Luciana descer mais facilmente.
— Eu nunca vim aqui — Luciana comenta, olhando para Martina. Ela sorri de um jeito contido, mas feliz.
— É um lugar exclusivo. Único lugar em que eu sei que estaremos sozinhas sob a lua.
Ela entrega a chave da moto para Luciana e segura o capacete. Seu cabelo loiro está arrepiado, combinado com a mecha rebelde. Luciana não tira os olhos dela, como se fosse hipnotizada por seus olhos brilhantes.
Ela oferece a mão para Luciana. Elas entram na construção, o que Luciana não gostou muito, mas, como professora de história, tentou ver o lado de Martina. Alguns quadros antigos ainda estão no hotel. Elas chegam até o térreo de hotel, onde conseguem ver as luzes da cidade e um espelho antigo encostado no suporte da caixa d'água, que Luciana sequer olhou para analisar seu próprio reflexo. Luciana abre sua bolsa e encosta a cabeça no ombro de Martina.
— Posso te mostrar uma coisa, Martina?
— Claro.
Luciana pega a caderneta. Talvez, a chave para sua pesquisa seja encontrada no Hotel detonado. Ela explica para Martina sobre as pinturas e mostra as fotos, até chegar no registro da desaparecida.
— É sua parente?
— Sou eu, mulher de luz.
Luciana ri, olhando para ela.
Martina ri, mostrando um par de caninos afiados. Ela puxa o cabelo de Luciana, fazendo-a olhar para o espelho. Luciana está lá, mas ela não vê Martina, apenas as roupas. Seu coração gela.
— Olha como você é linda, Luciana. Sabia que sangue de mulher é mais amargo e o de homem é azedo? Sabia? Eu não gosto do sangue de homem... Já imaginou passar a eternidade bebendo leite velho quando existe uísque por aí?
Luciana geme, mas não tem força para se debater. A voz de Martina parece prendê-la.
— Você disse que Martina significa "Mulher de Coragem". Eu fui muito corajosa um dia, Luciana... — Martina olha nos olhos dela. Um brilho assustador tomou conta deles — Minha irmã foi entregue em casamento jovem demais por puro capricho do conde. Ela morreu sangrando três dias depois.
Luciana tenta murmurar algo.
— Não se lamente, querida. Eu adoeci quando soube, mas queria me vingar. Na região onde eu morava, havia uma lenda de que se um doente não colocasse alho na janela, um homem entraria por ela e o doente desapareceria — Martina beija a testa de Luciana, fazendo os dentes dela arranharem a pele escura — Eu queria sumir dali, ficar forte e matar ele. Cambaleando, eu tirei o ano da minha janela, e caí logo em seguida. Eu acordei com um homem sussurrando no meu ouvido, dizendo que, se eu tivesse uma razão, viveria para sempre, mas do jeito que eu estava, pálida, dormindo durante o dia, corpo frio. Eu disse o nome da minha irmã, e ele entendeu tudo... Eu não lembro do que aconteceu depois, mas acordei com todos chorando em torno da minha cama. Essa é a cena da primeira pintura. Quando eles saíram, eu fugi pela janela e fui até a casa do conde. Não sei se foi instinto, mas meus dentes cresceram e eu soube o que fazer.
— Por que você vai se alimentar de mim?
Martina beija-a de novo, nos lábios, espetando-os com seus dentes para fora da boca.
— Você tem razão para viver, Luciana? O que te move, senão seu salário? Ou seu irmão, que é um marmanjo? Ou as mulheres e homens que você canta por aí?
— O que te move, Martin, além do sangue de mulher?
Martina ri para ela. Uma lágrima corre pelo olho de Luciana.
— Não vê o noticiário? Cinquenta homens já morreram misteriosamente nos arredores. Mulheres com razão para viver agora têm liberdade e uma chance, graças às minha presas. Sabe as pinturas com meu rosto? São feitas pelas pessoas que são gratas por mim. Transformar é diferente de matar, diferente do que você pensa. Olhe no espelho, e saiba que você morreu por algo bom, mas que não é mais que o cadáver mirrado que eu vou deixar quando acabar.
Luciana vira os olhos para o espelho, sentindo as presas de Martina em sua jugular.
No espelho, seu corpo está meio deitado, apoiado nos braços da vampira.
De repente, uma mancha vermelha surge no seu pescoço. O sangue escorre até o decote da blusa, molhando seus seios.
— Você iria gostar da sensação — Martina murmura contra o pescoço dela — Parece que eu estou mordendo uma ameixa. Você vai morrer como uma pintura, Luciana... Nem todas têm essa honra.
Ela crava os dentes mais forte, sorvendo o sangue. Luciana apenas olha sua imagem no espelho, vendo que o sangue parece preto. A sensação é estranha, como se um vácuo estivesse em suas veias. Martina aperta seu corpo com mais força, fazendo seu perfume envolvê-la outra vez.
Ela sente sua visão embaçar e encher de pontos pretos. Se ela pudesse dizer qual a última coisa que ela viu em vida, não iria saber se foi seu sangue, preto por ilusão da lua, ou o brilho nos olhos de Martina.
.
Talvez eu poste outra fic com essa vampirona. Talvez.
10 notes
·
View notes
Text
Personajes/Parejas: Luciano/Martín (Brasil/Argentina). Cameos de Sebastián (Uruguay) e Inglaterra. Advertencias: Smut, para variar otl Sinopsis: Luciano es un hombre práctico y descomplicado que no mezcla las cosas; puede odiar a Martín y también puede sentir deseo por él. En lo que le respecta, querer romperle la nariz no parece mutuamente excluyente con querer devorar sus labios.
@brargweek - Día 4: Histórico
8 notes
·
View notes
Text
BrargWeek Day 5: Sports and Dances
Martín teaching Lulu some tango~ My idea for this one demanded so much research and more panels than I had anticipated, and it doesn't even look like what I had envisioned + I almost gave up halfway through, but it needed to be done. ♥
+
133 notes
·
View notes
Text
@brargweek
Eu encontrei minha paz em você
Dia 4- Histórico
..
Quando Luciano saiu de casa, com a caixa de latas de conserva, chegou a pensar que seria dispensado por conta de sua estatura. No fim, foi parabenizado, ouvindo que um homem do seu tamanho poderia se esconder em qualquer lugar. Depois, roubaram suas latas e só deixam o abridor que Martina tinha dado a ele após desenhar um círculo de tinta, dizendo que seria seu jeito de estar ao lado dele, que Luciano prendeu com um cordão em torno do pescoço.
Junto com outros homens uniformizados, ele caminhou por uma estrada sinuosa son o Sol escaladante. Alguns dos homens recém-recrutados fizeram um comboio no fundo da fila, conversando sobre o que deixaram para trás. Luciano pensa em quando e como vai ver Martina de novo.
No fim da estrada, um trem pequeno em trilhos recém postos esperava eles com vagões pintados. Um homem mais velho entregava armas orientava os outros a entrarem nele para seguirem até o assentamento. Luciano sentiu toda a sua esperança ser sugada no momento em que sentou com a arma contra o corpo. Ele não queria o cano longo da arma pressionando seu peito, queria a cabeça de Martina, queria poder ver os cabelos dela outra vez.
Martina é filha de um casal argentino, mas está contra Rosas. Ela disse que isso é um atentado contra a terra de seu sangue, e prometeu que, se o Brasil ganhar, ela acompanhará Luciano para Buenos Aires, atravessando a fronteira do estado.
O trem sacode todas vez que passa pelas curvas da estrada. Luciano e os outros são jogados um contra o outro, parecendo ovelhas.
— Quando a gente descer, vou mijar na roda desse trem— O homem ao seu lado sussurra.
— Eu vou mijar no maquinista, então — Luciano responde.
O homem ri, contido. Lhe falta um dente.
— É uma surpresa de conhecer desse jeito. Eu esperava um almoço.
— Quem é você? — Luciano questiona. Martina mencionou que alguns parentes seus que não apareceram no casamento iriam cruzar a fronteira e ficar na casa deles.
— Meu nome é Sebastián. Sou o primo da Martina.
Luciano olhou para ele. Seu cabelo chegava quase nos ombros, mas provavelmente raspariam na base, e seu olho direito era levemente virado. Ele deveria usar óculos.
— Eu não vou sobreviver muito tempo — Sebastián olha nos olhos de Luciano. Não totalmente, já que um olho estava voltado para a janelinha. Sebastián, aparentemente, perdeu a esperança há muito tempo— Minha imunidade é horrível, eu sou magro e trabalho como vendedor, não tenho uma unidade de músculo. Cuide bem da Martina.
Luciano fecha os olhos com força, se esforçando para falar. Ele sente uma vontade absurda de chorar, mas as lágrimas parecem presas.
Sebastián entende a situação e se encosta na contenção, olhando para céu bonito demais para esse dia.
O céu também estava belo demais para a ocasião na casa que Luciano deixou para trás.
— Qual utilidade eu teria na guerra, pelotudo? E quem te garante que eu não estou grávida?
Martina argumenta com a voz elevada. O Exército apareceu em sua casa duas horas depois de Luciano ir embora, dizendo que ela era essencial.
— Se a senhora estiver grávida, te mandamos de volta. Só precisamos de enfermeiras para montar uma área de cuidado emergencial perto do assentamento da fronteira. E não finja que não sabe atirar.
— Eu não sou médica, bol- — Martina foi interrompida pelo homem irritado.
— Pare de me xingar, eu entendo a sua língua! Agora pegue algumas roupas e lenços, te espero aqui fora. Quanto mais cedo a guerra acabar, mais rápido seu marido volta para casa
Martina, ainda indignada, obedeceu ao ouvir a menção de Luciano. Ela foi até o quarto que dividia com ele e pega algumas roupas mais velhas e diversos lenços para o cabelo. Também pega um pacote de papel com carne seca.
— Tranque a casa e pendure as chaves ao redor do pescoço. Dizem que dá sorte.
Ela é levada ao fim da rua, onde outras mulheres esperavam em cima de um carro de bois.
A viagem foi longa, terminando em um trenzinho. O corpo de Martina estava grudento pelo suor, assim como o das outras mulheres ao seu lado. Quando elas subiram no vagão com uma janelinha pequena, sentiram um cheiro forte álcool, vindo de itens diversos para saúde.
— Boa viagem, garotas.
As mulheres xingam o homem fardado assim que ele as deixa.
Analisando o lugar, Martina percebe que o vagão era de carga, com caixotes presos nas paredes para sustentar frascos de álcool, rolos tecido, caixas de algodão, facas de cirurgia, remédios em frascos escuros, espingardas, abridores de latas e seringas ao lado de frascos mais claros.
Martina caminha calmamente até as espingardas com fitas para pôr à tira-colo e pega uma, prendendo ela em seu corpo.
Ela se recusa a estar indefesa e sozinha.
..........
𝘋𝘰𝘪𝘴 𝘮𝘦𝘴𝘦𝘴 𝘥𝘦𝘱𝘰𝘪𝘴-
Desolado, Luciano encara o corpo inerte de Sebastián.
Surpreendentemente, ele não foi o primeiro a morrer.
Luciano não queria imaginar o que ele poderia ter conversado com Sebastián. A última vez que se falaram calmamente foi após uma invasão de argentinos montados em cavalos, onde eles comeram os cavalos e os cães comeram os corpos dos guerrilheiros, que chegaram com espingardas e facões. Não tinham chance.
O guerrilheiro que sobreviveu e tentou fugir foi capturado pelos soldados que cuidavam dos cães magrelos que rondavam a base. Os cães salivaram intensamente quando o pegaram, mas não morderam. Ele agora é prisioneiro em uma cadeia improvisada, mas só os carcereiros entravam lá sem motivo aparente.
O cabelo sujo do cadáver de Sebastián lembrou, subitamente, o de Martina. Luciano não conseguiu se afastar. Ele perdeu tanto sangue que não conseguia se mover direito, batendo as costas contra a carroça que leva os homens para a base das enfermeiras. Sebastián será registrado como morto ao chegar, apesar de ter sido colocado vivo e semiconsciente na "ambulância" puxada por cavalos de orelhas murchas.
Ele está preocupado com Martina. As cartas dele são sempre inteceptadas, e ele presume que as dela também sejam, pois sabe que ela escreve para ele. Ele gosta de imaginar que Martina está saudável e que está se sentindo bem por tudo o que faz pela vida dos feridos após invasões nas bases.
Luciano passou perto da morte três vezes. Uma quando um coice de cavalo quase acertou sua cabeça, outra quando a base foi invadida por soldados de Buenos Aires armados com granadas e, por último, o desastre da noite passada, quando tomou sete tiros pelo corpo durante uma invasão noturna alertada pelos cachorros, que foram mortos. O atirador era tão ruim que ele sobreviveu.
Um dos soldados do Brasil, Valdo, tirou a bala de seu ombro, que estava mais superficial, limpou com cachaça e costurou com linha solta do uniforme surrado. Ele amarrou a boca de Luciano durante todo o processo, para não se desconcentrar com os gritos nauseantes. Sebastián sentiu o impacto de uma bomba improvisada e foi jogado entre escombros de madeira.
Luciano delira e tosse sangue. Ele acha que todo o céu azulado pelo nascer do Sol é o olhar de Martina sobre si. Ele volta a pensar direito, lembrando de regular sua respiração ofegante. Ele delira de novo, gemendo de dor. Ele volta a pensar, reunindo forças.
Com dificuldade, ele ergue o braço, colocando a mão adornada pela aliança de prata sobre o abridor de latas com a mancha de tinta. Ele imagina que a mão está na mão de Martina, no seu seio, no seu ombro, em seu cabelo. Ele esboça um sorriso quando lembra que Martina gosta quando ele acaricia-lhe o cabelo.
Luciano tentou se levantar, mas as outras balas alojadas em seu corpo doeram, queimando a carne e fazendo com que ele tossisse mais sangue.
A carroça diminui a velocidade, aproximando-se da base. Luciano volta ficar consciente do próprio corpo, regulando sua respiração. Um cheiro forte enche suas narinas, fazendo seus olhos lacrimejarem. Em outro delírio, ele bebe um copo de pinga com o cadáver semi decomposto de Sebastián.
— ELES ESTÃO CHEGANDO, VENHAM.
Luciano abre os olhos repentinamente. Ele reconheceria a voz em qualquer lugar, mesmo após ela perder a doçura e o timbre delicado.
A traseira da carroça é jogada para o lado, e Luciano sente duas mãos em seus tornozelos. Ele esperava uma mulher, mas era o condutor da carruagem que resolveu ajudar. O condutor, Ivo, o puxa com força, fazendo sua cabeça roçar na madeira.
— Ela... Me deixa ver ela...
Ivo joga Luciano sobre o ombro. Além de baixo, ele está magro.
Com os olhos passeando por todos os lado, ele vê o barracão cheio de caminhas e alguns homens moribundos nelas.
— Vou te levar aqui no fundo para ela seguir a gente — Ivo sussurra — Eu sei que você quer ver a que manda nessa bagaça. Quando eu abri o trem em que as mulheres estavam, ela já tinha pego uma espingarda e enchido a barriga de carne.
Luciano ri, pensando na cena mas os buracos de bala doem. Sua Martina nunca mudaria.
Luciano é jogado na cama do canto, olhando para as costas de Yuri antes dele ir embora correndo da ira de uma enfermeira alta.
— Qual é o seu... — Martina para no meio da frase para olhar o soldado na cama — LUCHO!
— Tina... — Luciano sorri ao ver ela. Sua mente volta ao lugar.
Ele quer pôr os braços em torno dela, mas não consegue.
— Fica quietinho, Lu. Talvez doa menos.
Luciano corre os olhos por onde ela anda. Está mais magra e rugas de preocupação mancham sua testa, mesmo sendo jovem. Jovem demais para estar ali.
Ela volta com uma bandeja de ferro com pinças, vidros de álcool e panos brancos. Martina deixa a bandeja em uma mesa pequena e olha para Luciano, de cima.
Finalmente, os olhos dela brilham sobre seu rosto. Luciano olha diretamente para eles. Ele teme que seja a última vez.
Martina enrola um pano e coloca na mão. Ela abaixa o tronco e beija os lábios de Luciano rapidamente. Ele sorri, bobo e contente depois de tanto tempo.
— Morde isso, para não desconcentrar as outras.
Luciano obedece, mas não tem força para fechar a mandíbula direito, e Martina rasga sua roupa com uma tesoura perigosamente afiada. As balas em seu abdômen assustam ela.
Martina abre um frasco de álcool e usa para esterelizar a ferida, fazendo Luciano grunhir contra o pano. Se ele conseguisse prestar atenção, escutaria os gritos e gemidos dos soldados, em outras macas, sofrendo remoções de balas e de membros inutilizados.
Quando a pinça agarrou a bala para puxar para fora, Luciano perdeu todo o ar dos pulmões. A dor lancinante o consumiu e deixou sua vista turva.
Uma lágrima solitária correu pelo rosto de Martina quando ela retira o projétil ensanguentado e enfia os pedaços de pano no buraco, para não deixar o sangue escapar. O único que foi removido previamente era o do ombro, que precisaria ser descosturado e adequadamente limpo.
Ela vai para outra bala. Quando ela e Luciano estavam em casa, Luciano tinha a pele escura e brilhante. Agora, ele parece quase cinza.
Os panos que seguravam o sangue enchiam-se. Martina pressiona com os dedos e passa para o outro ferimento
Quando ela puxa a bala, Luciano torce o corpo. Ele ergue o braço e agarra o pulso de Martina, subitamente forte. Ele tosse, fazendo sangue manchar seus dentes.
Martina chora, pois sabe que isso não é bom.
— Tina... Olha 'pra mim — Luciano sussurra — Eu quer que a última coisa que eu veja sejam seus olhos... Não chora...
Martina enche o ferimento de pano antes de obedecer Luciano. Com as duas mãos em seu rosto, ela o beija, como fizeram depois de seus casamento, quando estavam sozinhos. Isso parecia ter acontecido há décadas atrás, mas não tinha o gosto de sangue que tinha agora.
— Você não vai mais s-sentir dor... L-Luciano, corazón, eu te amo... Até o fim.
Luciano entrelaçou os dedos no cabelo de Martina, sentindo seu corpo tremer. Ele não quer chorar, não quer deixá-la mais triste. Martina leva o braço para trás e sente os dedos calejados dele.
— Eu sei que vou morrer, Martina Hernández da Silva, minha eterna amada... Lembre de mim e conte para minha irmã que eu morri da melhor forma que podia... Porque através dos seus olhos, eu vejo o Céu...
..
Brarg trágico e hétero pois eu planejava isso faz tempo. Estamos na Guerra do Prata
5 notes
·
View notes
Text
BrargWeek Day 4: The was only one bed
I just went with the most obvious scenario in the world ok. It's cliché but I had never done it, I think?? So here we go, we love a good cliché in this house.
+
209 notes
·
View notes
Text
Personajes/Parejas: Luciano/Martín (Brasil/Argentina). Advertencias: Smut. Sinopsis: El corazón de Luciano se acelera en su pecho, pero no es miedo lo que lo manda al galope.
@brargweek - Día 3: Fetiche inesperado
4 notes
·
View notes
Text
@brargweek
Silêncio, estou estudando
Dia 3-Roommates
Martín está ansioso, encarando a porta do dormitório.
Sim, ele demorou muito para conseguir o intercâmbio, dormiu em clima dos livros muitas vezes, fez e desfez as malas. Mas lá está ele, onde passará o tempo em que estudará em Glasgow.
Ele abre a porta pesada. Parece isolar sons.
Sim, ela isola sons. O barulho lá dentro é ensurdecedor.
Uma caixa de som reverba uma música que decididamente não está em inglês, nem em em francês, alemão ou qualquer língua falada na Europa. É português do Brasil.
Um rapaz está desfazendo as malas, e já jogou um travesseiro no beliche de cima, marcando deu lugar. Ele empilha as roupas dobradas em um pequeno armário. Uma parafusadeira está jogada no chão.
— Sorry — Ele fala alto, indo desligar a caixinha de som que cantava algo sobre amar alguém em segredo. Martín conviveu muito com brasileiros, a única coisa que não entende são as expressões populares.
— Eu te entendo.
O brasileiro (Martín tem quase certeza de ele não veio de Portugal) se vira rápido para Martín. Os olhos escuros dele brilham intensamente. Ele se aproxima, estendendo a mão.
— Luciano da Silva.
Martín aperta a mão dele.
— Martín Hernández.
Luciano sorri ao olhar para a mala e ver um adesivo com a bandeira da Argentina próximo ao zíper.
— Imagino que já tenha adivinhado de onde eu venho.
Martín ri, vendo que uma mochila com um broche da bandeira do Brasil está ao lado das roupas.
Luciano se afasta, deixando Martín entrar no quarto. À esquerda, o beliche e o armarinho antecedem uma porta escura, enquanto uma mesa e algumas prateleiras cobrem o lado direito.
— Como esse armário veio parar aqui?
— Comprei desmontado de uma senhorinha um pouco preconceituosa, e a parafusadeira veio na mala comigo.
Martín ficou imaginando a situação. Esse cara deveria estudar algo com comunicação.
Ele puxa uma bolsinha com zíper, um travesseiro e um cobertor de dentro da mala e empurra ela para baixo da cama. Martín sai e abre a porta escura, descobrindo que é um banheiro com piso verde. Ele se sente em "O Iluminado". Alguns produtos com rótulos em inglês já estão no banheiro, mas, decididamente, os frascos coloridos que dizem ser para cabelos cacheados não são dali.
Martín deixa sua escova um um suporte e a bolsinha no interior do armário sob a pia. Há uma bolsa de zíper nele também.
— Você vai estudar o quê?
Ele se assusta com Luciano parado na porta, o fazendo se sentir ainda mais como Danny Torrance.
— Engenharia Civil.
— Eu posso te emprestar minha parafusadeira, se quiser. Vou estudar arquitetura.
Martín gosta de arquitetura, mas não é muito bom com os projetos. Talvez eles possam se ajudar, só que Martín não quer usar a parafusadeira dele.
— Você conhece alguém daqui?
— Ninguém — Martín respondeu, se levantando.
— Eu também não — Ele desvia o olhar — Mas talvez eu te conheça mais tarde.
Luciano tira a cabeça da porta e vai colocar suas roupas no armário.
......
Martín está há quatro meses na Universidade e trabalhando como recepcionista. Luciano faz o mesmo, mas no outro lado da cidade.
Eles comem juntos no refeitório e conversam no dormitório. Também costumam discutir por besteiras e se ajudarem a estudar fazendo perguntas. Ambos acabaram aprendendo um sobre as aulas do outro com esse método que não dá muitos resultados positivos.
Agora mesmo, Martín está colocando seus livros no lugar e separando eles dos livros e cadernos de Luciano, que está no chuveiro. Ele gosta de anotar tudo em cadernos pautados e de desenhar em cadernos de páginas lisas e grossas.
Um desses cadernos está sob um livro grosso. Luciano costumar deixar seus desenhos dentro da bolsa ou no alto de seu roupeiro ao invés de largar sobre a mesa. Martín resolve abrir.
A primeira página mostra um desenho bizarramente realista do Cristo Redentor, com o nome completo de Luciano e o número de sua sala ao lado, como a primeira folha de um caderno de criança.
Outra ilustração é mais técnica, com o Empire State visto de cima e cheio de anotações em torno das páginas. Segundo a data no canto da folha, o desenho é recente. Um prédio do que Martín sabe ser de Brasília também está sombreado e envolto por anotações garranchosas.
A página seguinte também está repleta de anotações, mas elas não dizem nada além de "Tincho", um apelido que Luciano deu a ele. No centro da página, Martín está desenhado, numa posição onde ele parece se alongar sem camisa, como faz de manhã ao sair do beliche.
Apesar da caligrafia ruim, Luciano sabe como desenhar a ponto de fazer seus desenhos parecem fotos sem cor. Martín admira o desenho por um bom tempo, até cair a ficha de que seu colega de quarto desenhou ele, seminu, de memória, o que quer dizer que ele passou muito tempo pensando nessa cena para poder retratá-la.
Ele vira mais páginas. Prédios modernos, castelos chineses, casas do estilo colonial português, pontes cheias de anotações. Uma boca sorridente quebra o padrão das construções. Analisando bem, o canto de um dos dentes da frente está lascado, da mesma forma que o de Martín ficou depois de uma queda de bicicleta.
Luciano com certeza gasta boa parte do seu tempo observando seu colega. Martín fecha o caderno e volta a arrumar o quarto antes de Luciano sair do chuveiro.
Martín terminou de arrumar a mesa e aproveitou para guardar suas roupas estendidas em um varal improvisado para fora da janela. Puxou as de Luciano também, pois sabe que a chuva dessa cidade não demora muito para chegar.
— Pode ir, eu termino de dobrar as roupas — Luciano diz, saindo do banheiro em uma nuvem de vapor e com uma toalha nos quadris. Seja lá quem construiu esse prédio adivinhou que um banheiro para o lado de fora e usado por todos os estudantes viveria imundo.
Martín pega uma roupa leve para dormir e entra no banheiro, evitando olhar diretamente para Luciano, que está coberto apenas pela toalha enquanto procura as roupas de seu armário, e tranca a porta atrás de si. Ele mostra os dentes para o espelho, como se a parte lascada de seu dente pudesse ter sumido.
Ele reflete. O caderno tem datas recentes nos desenhos, e Luciano desenha em diversos cadernos desde que chegou e os empilha sobre seu armário, onde sabe que Martín não tem interesse em mexer. Se Martín quisesse saber há quanto tempo ele é observado e ilustrado, teria que olhar eles.
Martín tira a roupa e entra no chuveiro. Luciano usa a maior parte da água quente e tem a prateleira quase toda para seus produtos de cabelo, enquanto Martín tem que guardar suas coisas do lado de fora. Martín não se importa, ele gosta de ver o colega se exibindo em seus piques de autoestima.
Ambos já jantaram em um pequeno estabelecimento de uma família indiana. Martín escova os dentes ao sair do chuveiro, reparando outra vez em seu dente lascado.
— Vou buscar minha parafusadeira e já volto, Tincho! — Luciano grita do lado de fora, fazendo Martín colocar a cabeça para fora da porta com a escova na boca — Quer alguma coisa lá da rua?
Martín nega com a cabeça, fazendo Luciano rir antes de passar pela para buscar sua parafusadeira em uma oficina de ferramentas. Luciano adora pasafusar as coisas, usando muito bem o isolamento de som do dormitório.
Ele escova os dentes mais rápido ao ouvir a porta fechar. Uma espiadinha não faria mal, e a oficina é longe o bastante para Luciano demorar.
Martín sai devagar, como se estivesse sendo observado, e vai até o armário com as roupas de Luciano.
Martín pega o caderno do topo da pilha, abrindo na primeira e se deparando com um desenho de uma grande construção do estilo colonial, um teatro, aparentemente. Ele escreveu o próprio nome na folha, e anotou a data como do primeiro dia de aula dele.
Martín vira outras páginas. Muitos teatros foram desenhados nelas, mas em uma data de vinte dias após o primeiro desenho está o que ele identifica como um grande olho semicerrado, como se o dono do olho estivesse sorrindo. "Hernández" está escrito por toda a página.
Ele senta no chão com o caderno. Um pouco depois desse olho e de algumas pontes, está Martín olhando pela janela. Metade de seu corpo está oculta por trás da parede que Luciano desenhou, mas a metade visível de seu corpo está um pouco virada para a direita, como se ele tentasse olhar algo na estrada, e seu rosto está totalmente virado de lado. Luciano não tentou deixar seu nariz reto.
Outro desenho mostra Martín adormecido, com o cobertor até metade do corpo e as mãos sob o rosto. Seu cabelo está bagunçado e o desenho consegue capturar os pelinhos do cobertor.
Martín gostou muito desse desenho, passando um bom tempo olhando ele sem se concentrar em mais nada. Nem mesmo na chave girando em sua porta
— Esqueci a porra da minha carteira nesse cara- — Luciano, irritado, para no meio da frase enquanto passa pelo batente da porta, encarando Martín.
Martín congela, olhando para Luciano com o caderno na mão. Luciano deixou a carteira na mesa quando saiu, precisando voltar mais cedo.
Eles se olham por alguns segundos antes de Luciano fechar a porta atrás de si e Martín fechar o caderno.
— Belos desenhos — Martín murmura, sem levantar. Ele ainda aperta o caderno nas mãos.
Luciano se aproxima, parando na frente de Martín. Martín se sente minúsculo sob o olhar indecifrável de Luciano.
Martín olhou nos olhos negros do outro por apenas alguns segundos e sua cabeça começou a rugir, assim como seu coração. Em duas semanas, Luciano já o desenhava, e Martín estaria mentindo se dissesse que nunca se perdeu em seus pensamentos e acabou imaginando Luciano, que agora se sentiu na sua frente, passeando por sua mente. Martín, no fundo, gosta de saber que Luciano pensa nele, que talvez queira ele.
— Me desculpa se e- — Luciano é interrompido pelo polegar de Martín no meio de seus lábios. Ele não reage, então Martín aproveita para segurar seu queixo.
Martín aproxima seu rosto do de Luciano, que aceita rapidamente a proposta não dita, deixando que Martín o beijasse com a mão em seu rosto. Luciano retribui avidamente, encurtando a distância entre os dois a ponto de sentir o calor emanado do corpo de Martín.
Quando se separam, Luciano não diz nada, como se não soubesse o que fazer.
— Você não é sempre tão falante, Lucho? — Martín questiona, sorrindo. Foi ele quem inventou esse apelido.
Luciano grunhe algo antes de responder.
— Eu sou falante com pessoas que não importam para mim. Os homens das oficinas, os professores, a mulher que me emprestou o isqueiro, esse tipo de gente, porque eu não ligo para o que vão pensar de mim ou de algo que eu fale, então não meço as palavras com eles. Mas, de eu me importo com o que a pessoa pode achar de mim ou eu simplesmente me importe com ela a ponto de não querer parecer irritante, eu não sei como prosseguir. Por isso nunca falei contigo sobre... Bom... Essas coisas como um adulto racional faria.
Luciano olha no fundo dos olhos de Martín quando termina de falar. Martín pisca, raciocinando o que foi dito. Ele tem que conter a vontade de apertar Luciano contra seu corpo.
— Eu não queria que você achasse que eu só te desejasse pra te usar, ou que eu só me sentia solitário aqui e estivesse desesperado por companhia, ou qualquer coisa do tipo. Então fiquei com isso na cabeça, então comecei a passar para o papel. Desculpa se isso foi estranho, eu posso apagar os desenhos.
Martín sorri, doce, tentando acalmar Luciano.
— Se eu te dizer que você não passava pela minha cabeça toda vez que eu fechava nos olhos, seria mentira. Mas eu costumo quebrar a cara, então não quis mencionar nada disso com o cara que vai dividir esse dormitório comigo por não sei mais quanto tempo. Seus desenhos são incríveis, Luciano, eu gostei de ter encontrado eles, já que não tive que iniciar nenhuma conversa como um adulto racional faria — Martín sorri ao parafrasear Luciano, que revira os olhos antes de seu aproximar mais de Martín.
Luciano é quem inicia o beijo dessa vez, segurando a nuca de Martín. É perceptível que Luciano esperou isso por muito tempo.
Luciano se encosta na parede, surpreendendo-se ao sentir Martín se deitar sobre seu corpo e deixar os braços de Luciano envolverem-o. O chão não é muito confortável, mas Luciano não pretende sair.
Eles não pretendem ir para longe um do outro tão cedo.
...
Não sei se ficou bom, mas eu gostei muito de escrever.
16 notes
·
View notes
Text
#brarg #brargweek2024 @brargweek
Não vou arriscar publicar nada explícito aqui.
12 notes
·
View notes
Text
BrargWeek Day 3: University Roommates
Idk about you but I shared a house with roommates several different times during university, so that's what this is based on (...apart from the making out on the couch, I was too ace for that). Also: insert obligatory "And they were roommates" joke here ♥
202 notes
·
View notes
Text
@brargweek
Ficha Limpa
Dia 2- Enemies to lovers
— Selva — Simão chama, esperando todos se afastarem para colocar mais um gole na caneca — Será que vão colocar aquele filho da puta aqui?
— Sim. Por quê?
— Ele acabou de sair do camburão. Vi pela janela.
Luciano, chamado de Selva por conta de seu costume de fugir da Polícia pelo meio do mato, corre para a janela com grades, vendo que os homens armados olhavam para a entrada da Penitenciária. O camburão está saindo pelo grande portão sobre rodas.
Ele sobre em seu beliche, pegando a faquinha de ferro e enfiando ela na Havaianas encardida. Os outros homens percebem a agitação.
Um carcereiro caminha ruidosamente pelo corredor, indo na direção da cela deles.
— TODOS OS VAGABUNDOS NA PORTA, AGORA! FILA!
Eles se esbarram para colocar Flauta, a mula de carga, em primeiro lugar na fila e Luciano fica por último. Flauta some por trás da porta quando o carcereiro barrigudo abre e fecha ela. Ele não volta.
Tainha vai logo depois, então vai Foguete, Juca, Simão, Bolão e, por último, Luciano. Assim que ele sai, outro guarda passa pela porta e entra na cela.
É uma revista. Que merda.
— Olha a parede, tira o chinelo e a camisa.
Luciano já fez isso várias vezes. Ele foi burro em enfiar a faca dentro do chinelo tão cedo. O homem vira e desvira sua blusa, depois pega seus chinelos, percebendo que um é mais pesado que o outro. Ele tira a faca e se aproxima.
— Se quiser matar o seu amiguinho — Sussurra na sua orelha direita enquanto apalpa as laterais de sua bermuda — Vai ser com essas mãos imundas.
— A cela está cheirando a cachaça, Senhor. Mas nada fora do habitual — o encarregado de revistar a cela avisa.
— Além de vagabundos, são alcoólatras.
Em fila, eles voltam para a cela. Ninguém diz uma palavra.
Demorou um pouco para ouvirem passos outra vez. Mais de um homem atravessa o corredor e alguns encarcerados gritam dentro das celas, fazendo vaias e bajulações ecoarem.
— CADA VAGABUNDO NA SUA CAMA — O carcereiro grita do lado de fora.
Ele abre a porta e entra, verificando que todos estão sentados e quietos.
— Por que o orelhudo ficou no chão? — Pergunta, encarando o Flauta.
— É a minha cama.
O carcereiro manda ele subir em algum lugar. Ele se senta na rede de Tainha, que está lá por crimes contra a Vigilância Sanitária, com seu papelão sob o braço.
É então que ele chega.
Martín Hernández, comandante do CDO, nascido no interior da Argentina, entra na cela com um sorriso presunçoso, uma camisa do Grêmio e chinelos pretos que expõem a falta de alguns dedos nos dois pés.
Ele matou o melhor amigo de Luciano. Luciano matou o primo dele. Martín ferrou seu ombro, arrancou uma parte de sua orelha e quase o deixou cego em suas tentativas de assassinato. Luciano o fez perder alguns dedos dos pés, quebrou seu nariz quatro vezes, expôs suas tripas e quebrou seu joelho.
— Arrumem um lugar para ele dormir. E tratem não agirem como animais — O carcereiro ordena antes de fechar a porta.
A fechadura soa quando é trancada.
Luciano pula de seu beliche, caindo com toda a sua estatura diminuta em cima do argentino.
— TU VAI MORRER HOJE, CARALHO!
Luciano, mais uma vez, está quebrando o nariz de Martín. O sangue escorre e se espalha até a camisa azul e branca.
— MISERABLE.
O argentino revida, mesmo ferido, conseguindo fazer Luciano socar o chão de cimento por acidente. Ele aproveita para torcer a mão dele.
— FILHO DA PUTA.
A mão de Luciano começa a inchar, mas ele não sai de cima de Martín. Os outros homens da cela estão apinhados nos beliches altos, já que Luciano declarou que mataria quem tentasse interferir na briga. Martín ergue um pouco o tronco e morde os trinta por cento de orelha esquerda esquerda que ainda está colada em Luciano. Ele cospe algo depois disso. Que merda.
Martín usa as pernas compridas para se apoiar na madeira do beliche e tentar se levantar. Luciano não deixa, enfiando a mão suja no olho claro dele. Martín grita feito um cachorro ao sentir a unha na sua retina.
Ele se ergue, finalmente, e chuta o meio das pernas de Luciano, que rola no chão, tentando não se concentrar na dor enquanto parte para cima de Martín outra vez. Ele faz Martín bater a nuca contra a parede, deixando-o zonzo. Ele passa a socar seu abdômen com a mão boa, manchando ela com o sangue que sujou a camisa.
Luciano escuta um som vindo de cima, mas ignora. Martín está encurralado entre o beliche e o canto da parede. Agora Luciano sente algo frio em sua mão inchada, fazendo-o olhar. A mão queimada de Bolão deixou uma faquinha com cabo de madeira ali, com a lâmina virada para Martín.
Luciano impulsiona a mão com força, atingindo a barriga dele. Nesse ângulo, seu ombro estragado não colabora para atingir a garganta de Martín, que, outra vez, grita feito um cachorro, incentivando Luciano a tirar a lâmina e esfaqueá-lo múltiplas vezes.
— QUE GRITARIA É ESSA?
O carcereiro entra de supetão na cela, fazendo a porta bater nas costas de Luciano e jogá-lo contra o corpo sangrento de Martín. O cheiro de ferro invade as narinas dele, enjoativo. Martín, provavelmente, estava sentindo cheiro de puro suor na cabeça de Luciano.
Outros dois homens entram na cela e imobilizam ambos, analisando os ferimentos. Furos, hematomas e uma possível concussão em Martín. A orelha perdida, pulso ferido e hematomas diversos em Luciano. Ele questionaria aos médicos do presídio sobre como funcionava uma torção de testículo, pois o seu está doendo anormalmente.
— QUAL VAGABUNDO DEU UMA FACA PRA ELE?
Os homens no beliche olham uns para os outros, fingindo arrepedimento.
— Vamos.
Luciano é algemado, mas Martín fica com as mãos livres para segurar um trampo contra os ferimentos. Os outros presos fazem um estardalhaço nas celas enquanto os dois caminham pelo corredor até a enfermaria.
— Sabe o que a gente vai fazer? — O guarda começa a falar — Tentar curar vocês e depois jogar em uma cela só com uma janelinha. Se um morrer, matamos o outro e as facções de vocês vão pro caralho.
Os guardas sabem que as facções iriam guerrear e entregar alguns homens se os chefes morressem, então Luciano terá que se comportar na cela e esperar para matar Martín durante o sono.
A enfermaria está vazia, apenas alguns homens abrem armários e tiram frascos de álcool, bandagens e algodão.
— Selva?!
O enfermeiro, Quirino, encara Luciano, reconhecendo ele dos tempos de início de seu comando. Quirino foi preso por homicídio doloso com agravante de tortura, mas cuida muito bem dos pacientes. Ele encara Martín.
— Quirino, não é pra matar ninguém.
Quirino fica triste. Ele estava louco para arrancar os olhos de Martín e enfiar na garganta dele.
Os carcereiros soltam os dois na enfermaria e saem. Martín é atendido por outro enfermeiro que Luciano desconhece.
Eles colocaram Luciano algemado na maca antes de Quirino examinar ele. Ele agora só tem dez por cento da orelha, e Quirino a limpa e põe um curativo. A parte mais ferida foi seu pulso, que não quebrou, mas deveria ficar "de repouso" e amarrado. Dão um remédio forte para aliviar a dor.
Luciano está sentado na maca, preso por um pulso, vendo que Martín também está preso, com um curativo na cara e sem camisa, deixando bandagens diversas cobrirem seu abdômen perfurado. Ele está deitado e imóvel.
— Selva, você está bom, pode voltar. Passe maria-louca no toco de orelha. Eu vou te dar bandagens, não tente forçar o pulso ou a mão machucada.
Os carcereiros tiram a algema de Luciano, mandando ele se erguer. Ele dá uma última olhada em Martín, achando cruel o fato de que o prenderam na maca pelos tornozelos.
Escoltam Luciano para sua cela outra vez. Ele passou pouco tempo na enfermeira, mas Martín iria ter que ficar ali em observação.
Ele entra na cela e se força a subir no beliche, mesmo com a mão machucada. Os outros estão jogando cacheta e apostando cigarros, mas Luciano já sente o efeito do remédio em seu corpo.
— Selva, olha as cartas do Foguete pra mim, fazendo favor — Tainha fala.
— Vai tomar no cu.
Ele deita e fecha os olhos, vendo pontos da cor dos olhos de Martín piscarem no interior das suas pálpebras.
........
— ERES TAN CRIMINAL COMO YO SOY, PERRO!
Martín, totalmente recuperado, a não ser por manchas roxas em seu rosto, protesta. Ele não quer ir para o Escuro, que é a cela de punição do lado de fora do bloco, o que, segundo defensores dos direitos dos presidiários, não deveria existir. O Sol ainda não nasceu.
— Cala a boca e entra ali com o outro. Como chamam lá onde tu nasceu? Boludo?
Martín abre a boca para reclamar de novo, mas o carcereiro chuta ele para dentro da cela, sem as algemas.
— Semana que vem eu solto vocês. Tem uma latrina no canto e nós traremos comida e baldes d'água. Não morram e tentem não se ferir gravemente.
A porta de ferro é fechada. Martín senta no chão e encosta nela, encarando Luciano, que se recostou na parede paralela à porta.
Eles não tentam bater um no outro. Também não conversam ou gritam.
O Sol nasce, iluminando a cela pela janela estreita e gradeada. Eles ficam alaranjados.
— Me perdoa pela tua orelha.
Luciano olha para ele, encarando com raiva. O sotaque dele faz com que as palavras pareçam mais sérias.
— Vai se foder. Só não te mato por conta do CMM, nem sei como deixaram a gente ficar perto de outros caras.
Luciano tira a camisa e amassa a ela, fazendo um travesseiro para se deitar no chão duro. Ele não está interessado em virar amigo de Martín.
— Usam nossa posição para desestabilizar a cadeia. Dois líderes significam novas alianças e brigas para forjar elas, por isso estamos com esses fracos que nunca chegaram perto de um fuzil .
Luciano finge que não ouve. Ele não vai admitir que Martín entende das coisas.
Martín copia Luciano, usando a camisa como travesseiro. Deitados, nus do tronco para cima e banhados pelo Sol, eles se vêem em uma situação que não fica menos estranha por conta de distância. Luciano escuta ele ressonar feito um gato.
Que tipo de homem dorme tão rápido perto do inimigo?
O Sol se move até eles voltarem para a penumbra. Martín continua cochilando, e Luciano encara o teto. Sua barriga ronca.
Deve ser meio dia, já que Luciano começa a ouvir movimentação do lado de fora. Se abrirem a porta, vão bater na cabeça de Martín e talvez o matem. Ele finge que está dormindo e espera.
BLENG.
— CUÁL ES TU PROBLEMA?!
Martín grita com ninguém em específico, e Luciano aproveita a chance de fingir que estava dormindo e acordou assustado. Ele se decepciona ao perceber que Martín não morreu.
— Dois baldes de água, uma panelinha de comida com colheres. Usem as colheres na sopa, não um no outro. Não precisa lavar a panela.
Luciano se aproxima da panela que Martín segura. Ele enfia a mão nela para pegar a colher, e Martín coloca ela no chão, deixando Luciano agarrar ela e começar a comer. Martín pega um dos baldes, que, na verdade, é uma garrafa de dois litros cortada e que provavelmente foi utilizada para guardar sabão, para lavar as mãos.
— Se você sujar essa água, eu te faço tomar tudo.
Martín desiste de se lavar e espera ele terminar de comer. Luciano come ruidosamente e enfia o pé de galinha inteiro na boca, mastigando com força.
— Come só a metade, ou vou convencer eles de que você se engasgou com esse pé de e morreu. Tu não é bandidinho de rua, não sei o motivo para comer como um animal.
— Aprende a falar português primeiro, depois me critica — Luciano responde, sem argumentos. Martín fala bem, como se tivesse estudado por anos.
Luciano comeu mais rápido para passar a panela para ele e tentar calar a boca de Martín. Enquanto Martín come, finalmente quieto, ele bebe a água do balde. Tem gosto de cloro.
Martín faz cara feia para a panela que tinha menos da metade da sopa, mas come sem reclamar. Ele parte os legumes com a colher e come o pé devagar e em silêncio, demorando bem mais que Luciano, que voltou a se deitar sobre a camisa.
— Por que te prenderam, Martín?
Martín vira a cabeça para ver Luciano antes de responder. O brasileiro continua olhando para o teto. Uma aranha maria-bola fez uma teia no canto dele. Talvez Martín tenha medo de aranhas, veja ela e morra de ataque cardíaco.
— Polícia da fronteira. Mas eu paguei os milicianos e vim pra cá.
— Por quê?
— Pedir perdão pela tua orelha. E agradecer por ter matado o Sebastián.
Sebastián. O primo de Martín que Luciano ordenou que matassem no Uruguai. Eles lideravam juntos da mesma forma que Luciano e Manuel faziam, por isso, quando Luciano soube que um pistoleiro do CDO matou Pudu, como ele era conhecido, ordenou na hora que matassem o braço direito de Martín.
Presumia-se, sempre, entre os criminosos, que Martín e seu primo se davam bem, caso contrário, não lidarariam a organização juntos.
— Meu primo era um monstro. Nesse trabalho, todos somos, mas Sebastián era anormal. Sádico. Eu sei que você o jogou para os porcos, o que é considerado cruel, mas Sebastián era pior. Ele enganava e sequestrava mulheres, usava seus corpos, vendia quando não queria. Homens e crianças também. Se eu matasse, ele ficaria mais forte, então só sabotei algumas operações e botei a culpa em qualquer um.
Luciano finalmente desviou o olhar do teto, assustado. Sim, o CMM cria porcos, mas Sebastián devia ser algum tipo de demônio.
— E por que matar o Manuel?
— Tu eras o único louco o bastante para ordenar matar o Sebas. Só precisou do motivo.
Luciano sente vontade de levantar e esmurrar Martín. Mas ele tem um ponto. Nesse ramo, todos são monstros. Luciano, o aclamado Selva, vê homens queimados em pneus, mulheres chorando em memória dos irmãos mortos, jovens se envolvendo com o crime antes de terminarem o ensino médio, famílias destruídas pelas drogas, pelas guerras internas e por tudo aquilo que se relacionava com a facção. Mas ele é dono de tudo isso, e só vai parar quando morrer.
— Acho que você tem razão.
Luciano volta a encarar a maria-bola, que pegou uma mosca. Martín ressona outra vez e Luciano aproveita a suposta privacidade para inaugurar a latrina.
A penumbra se torna escuridão total pouco antes da porta reabrir. Uma panela foi entregue junto com garrafas inteiras e com tampa, cheias de água. Martín aprendeu a não dormir encostado na porta.
— O que tem na panela?
— Tem macarrão.
— Com o que?
— "Com o que?" — Luciano zombou — O Escuro não é um hotel, otário.
Martín bufa, pegando a garrafa d'água para beber. Luciano começa a comer o macarrão que tem margarina. Está muito melhor que a sopa de pé.
Luciano passa a panela para Martín, que come com os pés plantados no chão e a panela apoiada entre as pernas e o abdômem. Ele enrola o macarrão no garfo antes de pôr na boca, fazendo Luciano rir sem que ele percebesse.
Com a panela de lado e um pouco de água restante, eles ficam sentados olhando para a janelinha. O céu está limpo, mas poucas estrelas são vistas pela fresta de cimento irregular. Martín dormiu feito um gato durante a maior parte do dia, provavelmente vai demorar para dormir agora.
Luciano olha para os pés dele. O pé esquerdo só possui o dedão, o terceiro dedo e o mindinho. O outro só tem o dedão e o segundo dedo. Ele quer perguntar se ele não se desequilibra ao andar, mas também não perdeu a vontade de matá-lo, então se abstém de falar.
— Não, não é difícil caminar sem dedos. No começo, eu até achei estranho, mas agora eu nem lembro como era ter eles.
Luciano o encarou. Martín sabe como ler as pessoas.
Ele deita sobre a camisa outra vez, finalmente pegando no sono.
..........
Três dias se o passaram no Escuro. A latrina estava em estado de calamidade, a maria-bola teve filhotes e Martín não cala a boca.
Na cela antiga, Luciano fumava, jogava baralho, bebia, batia nos outros, se exercitava no pátio e conversava com os outros criminosos. No castigo, Luciano se recusa a se exercitar perto de Martín, não tem nenhuma carta por perto e está, só agora, cedendo à conversa enrolada do outro.
Ele, mais uma vez, está deitado sobre a camisa imunda. Martín também está deitado, acordado, esperando o Sol nascer para ficar de pé, estalar as vértebras e deitar de novo.
O Sol chega de fininho, deixando os dois alaranjados. Luciano continua deitado, sem chinelos ou blusa, enquanto Martín fica de pé e torce a coluna, entorta o pescoço, dobra os braços, mexe os ombros e gira os joelhos para que estalassem alto. Isso não deve ser saudável.
Martín fica parado, de pé, olhando Luciano de cima. Desse ângulo, ele parece ainda maior, enquanto Luciano ainda está deitado com a barriga para cima. A barriga de Martín está coberta de cicatrizes.
— Tu é bonito mesmo sem a orelha — Martín diz, olhando Luciano, que fechou um olho por conta do Sol na retina.
— Tu decididamente não gosta de mulher.
Martín desce, sentando-se com os pés no chão outra vez.
— Gosto, sim. Mas acho que membros da tua facção odeiam. Mataram cinco das que se envolveram com meus homens.
— Teu braço direito era literalmente um estrupador. Tá insinuando o quê?
— Que seríamos mais fortes unidos, Selva.
.....
Isso vai ter continuação, só não sei quando. Usei o livro Carandiru e a série Queen of the South para escrever, não esperem muita veracidade.
10 notes
·
View notes
Text
Personajes/Parejas: Luciano/Martín (Brasil/Argentina). Advertencias: Smut, atentos a las etiquetas de AO3. Sinopsis: El Comodoro estudia a Luciano de pies a cabeza y aprieta los labios con disgusto. No parece compartir la dicha de Luciano, pero eso no es nuevo. No cuando Luciano es el único pirata que ha conseguido escabullirse de su brazo de hierro una y otra vez, no cuando estrujar el cuello de Luciano con sus propias manos es el más íntimo sus deseos.
@brargweek - Día 2: De enemigos a amantes
6 notes
·
View notes
Text
BrargWeek Day 2: Enemies to Lovers
Ok so this one gave me a lot of trouble to decide on what to draw, cause I have lost the ability to think of them as enemies it seems, but I ended up choosing a fic written by the lovely and talented @berseker to make fanart of~
This art doesn't look "enemies to lovers" but I promise the fic delivers it. It's like, allies to lovers to enemies to lovers to enemies and back to lovers. It's delicious and it made me suffer a Lot. Read here: [ Questão de Honra ] (...It's in Brazilian Portuguese which poses a certain level of difficulty, but maybe Google Translator can help if you wanna read it??)
125 notes
·
View notes