Ideias, projectos e soluções para uma interioridade transformadora e inspiradora e a criação de um mundo sustentável
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Os heróis do quotidiano – Os arquitetos de uma nova sociedade
Não temos nas nossas mãos as soluções para todos os problemas do mundo, mas diante de todos os problemas do mundo temos as nossas mãos.
Friedrich Schiller
Aproveito para pedir desculpa aos leitores por esta ausência prolongada. Motivos de força maior a nível familiar mantiveram-me afastada da escrita. Busco sempre ser coerente com as ideias que transmito através deste blogue. Assim, trabalhar sobre o tema deste mês – a SOLIDARIDADE, ganhou todo o sentido, depois de ter vivido esta questão em consciência, ao longo dos últimos meses, num contexto familiar que exigiu toda a minha presença e dedicação.
Mais do que nunca a conjuntura mundial apela à solidariedade entre os povos. Qual o papel do cidadão comum, nessa sinergia, no momento atual?
A minha maneira de estar no mundo é o testemunho do mundo em que eu quero viver?
Estas questões aparentemente simples merecem ser abordadas em profundidade. Se questionarmos os seres humanos um pouco por todo o mundo, acerca dos seus sonhos para a humanidade, irão obter com alguns graus de variação algumas respostas mais ou menos semelhantes. Alguns dirão que sonham com solidariedade, outros com segurança outros ainda com amor para todos…
A minha maneira de estar no mundo, (as minhas atitudes, os meus pensamentos, as minhas intenções, a minha maneira de ouvir e de me exprimir) testemunham do mundo em que quero viver?
Ou seja, faço parte da solução ou do problema?
Esta reflexão acerca de nos próprios convida-nos a sair da inconsistência das nossas próprias incoerências. Constatar e aceitar, sempre com amor as nossas próprias incoerências e procurar ir mais além, fazem parte dos ingredientes mágicos para a poção mágica da existência.
Hoje em dia sabemos que os nossos esforços de consciência não são solitários, mas solidários pois eles servem de elo de ligação e um sistema contribuindo assim para a grande obra coletiva que é a humanidade.
Os arquitetos dessa nova sociedade são os heróis do quotidiano, cada um ao seu nível de ação, contribuindo continuamente para criar um efeito dominó pelo mundo a fora.
A nível local, todos tivemos a oportunidade de constatar em Portugal, a enorme onda de solidariedade gerada após as tragédias de Pedrógão em junho, e mais recentemente em outubro no centro, norte e litoral do país. Esta louvável vaga de solidariedade testemunha de que estamos em permanência rodeados por heróis e heroínas anónimos que todos os dias realizam tarefas desafiadoras, extrapolando os seus próprios limites em prol de um maior humanismo.
Não apenas em situações caóticas como as originadas pelos incêndios, mas também no quotidiano. Seja como consumidores, optando por produtos com menor impacto ambiental, seja criando uma corrente solidária de apoio aos mais desfavoridos, ou assinando uma petição que pode contribuir para salvar vidas.
O que define os heróis são as suas acções e não o mediatismo.
Várias organizações, um pouco por todo o mundo dedicam os seus esforços a proteger os direitos humanos e a colocar um fim aos abusos dos mesmos. Os websites das principais organizações dos direitos humanos divulgam artigos extensivos que documentam violações e exigindo ação imediata tanto a nível governamental como a nível da comunidade.
Para relembrar os direitos humanos, vale a pena rever a Declaração Universal dos Direitos Humanos:
http://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf
O apoio público e condenação de abusos é fundamental para o seu sucesso, visto que as organizações dos direitos humanos são mais eficazes quando os seus apelos por reforma são apoiados por defesa pública forte.
ORGANIZAÇÕES NÃO–GOVERNAMENTAIS
À escala mundial, os defensores dos direitos humanos são frequentemente cidadãos e não representantes governamentais, contrariamente ao que se possa pensar. As organizações não–governamentais (ONG s) mais particularmente, têm desempenhado um papel decisivo ao chamar a atenção da comunidade internacional para as questões dos direitos humanos. As ONG s contribuem assim para regular as ações de governos e pressioná-los a agir de acordo com princípios dos direitos humanos.
Amnistia Internacional:
A Amnistia Internacional é um movimento mundial de pessoas que fazem campanha internacionalmente a favor do reconhecimento dos direitos humanos para todas as pessoas. Conta com mais de 2,2 milhões de membros e subscritores em mais de 150 países. O seu plano de ação passa pela realização de pesquisa e gera ações para prevenir e pôr fim a violações graves dos direitos humanos, e exigir justiça para aqueles cujos direitos foram violados.
www.amnesty.org
Este mês, tive o prazer de entrevistar o diretor-executivo da Amnistia Internacional em Portugal, Pedro Neto, a quem agradeço mais uma vez a disponibilidade.
https://www.amnistia.pt/
V.A - Quais são os desafios que a Amnistia tem vindo a enfrentar este último ano em Portugal? Como tem vindo a ser superados pelos membros que constituem esta equipa?
P.N - Em Portugal mais especificamente, estamos a começar agora a fazer investigação para dar apoio aos investigadores da Amnistia Internacional que trabalham sobre Portugal. Estamos a começar a ir ao terreno e estamos a conhecer realidades que também já conhecíamos porque vivemos cá.
Mas estamos a começar a fazer um trabalho sistemático com dados que são precisos e não assentes em perceções porque as perceções emitem opiniões. As investigações, com o nosso grau, para as consideramos credíveis, são muito mais complexas e trabalhamos no sentido de ir às raízes dos problemas porque depois também queremos dar soluções.
Nós em Portugal, estamos ainda a viver consequências dos anos de austeridade e há muitas questões de direitos sociais que estão a ser postos e causa e que ainda não se reverteram completamente depois da austeridade. Temos aqui alguns que são bastante graves. Temos pobreza extrema ainda em Portugal.
Há uma política publica que é o rendimento de inserção social e que teoricamente permitiria tirar toda a gente em Portugal da pobreza extrema, mas depois também lá está, a implementação dessa excelente politica publica é também muito difícil e a realidade em que vive muita gente é também muito mais difícil. Temos aqui questões que vão desde a habitação que é uma questão muito séria e que estamos a perceber que é também muito grave.
Estamos a fazer investigação em algumas zonas habitacionais de Lisboa e na grande área metropolitana de Lisboa e depois este problema cruza se também com a integração dos imigrantes e também o acolhimento que se faz às pessoas que vem de fora, até refugiados. Essa integração depois desemboca em mais problemas que não são só o direito à habitação, mas também englobam a inclusão social a integração social a capacitação das pessoas para elas também darem o seu contributo à nossa sociedade.
Temos também episódios de violência social e que são também muito falados pela comunicação social, por exemplo, na Amadora, mas não temos conclusões ainda, aliás o que estamos a tentar fazer é construir pontes entre a policia e a população. Procuramos não tomar posição por um lado ou por outro, que é o que toda a gente vem fazendo e que não tem resolvido. Isto não é um jogo de futebol em que puxamos por um lado ou puxamos por outro, é bastante diferente, trata-se de vidas humanas que estão em todos lados.
Temos de nos aproximar e tentar perceber as suas motivações e os seus problemas, e construir pontes. Há situações que vamos encontrando, problemas de racismo, problemas de exclusão social, problemas de ultranacionalismos, é preciso não dar espaço a essas coisas, porque existem valores absolutos e que não podem ser colocados em causa.
São valores que estão na Declaração Universal dos Direitos Humanos, pois somos todos humanos, devemos agir em fraternidade uns para com os outros e é isso que está em causa.
Em Portugal é isso, nós temos um gabinete de atendimento a queixas. Ao qual as pessoas individuais podem se dirigir quando entendem que são vitimas de abusos de diretos humanos, mas isso são casos isolados e que são completamente confidenciais.
Nós não somos uma ONG de advogados ou um escritório de advocacia portando não fazemos advocacia o que fazemos é encaminhar as pessoas para os órgãos e instituições que as podem proteger.
V.A - A Amnistia Internacional trouxe recentemente para Portugal o projeto Escolas Amigas dos Direitos Humanos, que visa transformar as instituições de ensino em espaços que educam para os direitos humanos. Que impacto a médio e longo prazo considera que esse projeto pode vir a ter no quotidiano da comunidade escolar e mais globalmente na sociedade portuguesa?
P.N - A educação para os direitos humanos é o nosso futuro, eu costumo dizer que é o futuro da Amnistia Internacional enquanto organização e é também o futuro da nossa sociedade. Se tivermos pessoas capacitadas e que conhecem os direitos humanos elas podem número um, defender-se e número dois, defender vitimas de direitos humanos que elas observem e conhecem, porque estão capacitadas e tem know how de direitos humanos e de trabalhar direitos humanos.
Este projeto escolas amigas dos diretos humanos é um projeto piloto, está implementado neste momento em seis escolas do país, uma até aqui no distrito de Aveiro e é um projeto que visa fazer isso.
É que os defensores dos diretos humanos não são só o Nelson Mandela, o Martin Luther King, o Luaty Beirão. São outros mais próximos de nós, são cada um de nós e os alunos também o são, porque a escola é uma micro sociedade e acontecem problemas dentro das escolas.
Por isso acreditamos que se desde cedo capacitarmos os jovens para os direitos humanos eles serão cidadãos muito mais ativos e mais conscientes e muito mais globais.
V.A - Estudos recentes indicam que jovens entre os 15 e os 24 anos passam em média mais de duas horas por dia nas redes sociais. Uma petição da Amnistia leva apenas alguns segundos para ser assinada e partilhada. Que mensagem gostaria de deixar aos jovens utilizadores das redes sociais?
P.N - Que sejam boa influência, que sejam replicadores de boas noticias e que façam ativismo online, que escrevam blogues, que escrevam bem nas suas redes sociais, que publiquem coisas interessantes do ponto de vista social e que assinem petições que partilhem pelos seus amigos, e contatos dessas petições.
Antigamente tínhamos que escrever uma carta e assiná-la em papel e ir com os papéis todos tratar disso e hoje com tecnologia já podemos assinar uma petição eletronicamente e o nosso nome está lá e tem o mesmo valor e a mesma força.
Portanto é isso, em duas horas dá para assinar muita petição e dá para fazer muito bom trabalho.
V.A - John Knox, um dos responsáveis pela elaboração dos relatórios da ONU sobre direitos humanos e meio ambiente alertou recentemente que ¨os direitos humanos estão a ser descartados à medida que se desenvolve uma cultura da impunidade¨. Como considera que é possível agir no quotidiano, a nível local, para reverter esta tendência?
P.N - Há muitos sinais no mundo que estamos a voltar a um ambiente de pré-guerra, anos 20, 30 e muito por causa disso. Pessoas que tem ganancia de poder e de controle e que não olham a meios para o conseguir e o que fazem é tentar excluir os outros e tentar por os outros à parte para poder ter esse controle e esse poder, muitas vezes até sacrificando a democracia.
E fazem no com limpezas em massa. É um termo forte, mas é mesmo assim. O que está a acontecer na Filipinas onde milhares de pessoas já foram mortas sobre a desculpa do combate a droga ou que está a acontecer em Myanmar com os Rohingya, o que esta a acontecer na Síria desde há vários anos, o que está a acontecer em muitos sítios só acontece por causa dessa cultura da impunidade.
Há mesmo muitos países que ponderam agora sair do tribunal penal internacional para ainda serem mais impunes internacionalmente, o próprio José Eduardo dos Santos tentou fazer passar uma lei que lhe dava imunidade vitalícia mesmo depois de já não ser presidente. Como quem não deve não teme, portanto se faz isso é porque teme.
O que nós temos que fazer mais uma vez é aquilo que disse há bocado, as pessoas têm de estar informadas e tem de levar a injustiça como se fosse uma afronta pessoal e não se podem calar perante isso porque é assim que o mundo muda, porque é no equilíbrio de forças que acontece a democracia, e se essas pessoas continuarem a fazer impunemente aquilo que quiserem pois então tomarão conta do mundo à sua maneira.
Infelizmente nós vivemos num mundo em que os recursos são finitos e os direitos humanos são também direitos ambientais porque é daí que a economia e os recursos materiais vêm do mundo e, portanto, está tudo interligado e temos de estar muito alertas para isso. Quer em termos globais quer em termos de comportamentos locais
V.A - Num mundo global em que tendências comportamentais proliferam a um ritmo avassalador, poderia citar-me três valores que acredita serem urgentes manter e relembrar?
P.N - Em primeiro lugar a gratidão, acho que as pessoas contestam muito umas com as outras e revindicam muito umas com as outras, porque temos uma falsa noção de independência. Não precisamos de mais ninguém. E precisamos.
Quando nos levantamos de manhã e lavamos a cara já precisámos de um canalizador para a água lá chegar. Quando tomamos o pequeno almoço, já precisámos de um padeiro que teve de se levantar às cinco da manhã para nos fazer o pão. E mesmo nas empresas, nas organizações, na política, na comunidade, acho que todos precisamos uns dos outros por isso acho que a gratidão é um dos valores necessários.
Depois acho que a fraternidade, esta noção de nos tratarmos como irmãos, porque precisamos uns dos outros e porque temos que saber que sem os outros não conseguimos nada e temos de nos por mais no lugar do outro para o compreender e perceber a vida dos outros.
O terceiro valor, sem falar do Amor que é universal, que é o primeiríssimo, será a tolerância, que vem no sentido da segunda, da fraternidade. Temos de conhecer as pessoas, perceber o que elas sentem. Se continuarmos este discurso de ódio que temos agora, se continuarmos esta cultura de exclusão, se continuarmos a permitir que a riqueza de uns poucos seja cada vez maior, em detrimento de grande maioria que está cada vez mais a viver na pobreza e na humilhação, estamos a cultivar um mundo em que depois é fácil haver gente revoltada e gente que não tem bons sentimentos para com o mundo e que se vai vingar nisso.
E esse sentimento de humilhação é o sentimento mais fértil para o radicalismo e o nosso secretário geral das nações unidas, o António Guterres ainda falou nisso há pouco tempo, na Assembleia geral. E é isso é preciso cuidar dos outros para prevenir males ainda mais para a frente.
Recordo o Charlie Wilson que foi o congressista Americano que conseguiu bastante dinheiro para financiar os Taliban nos anos 80, para derrotar os soviéticos, e depois pediu um pouco mais de dinheiro para construir escolas e centros de saúde e já não o conseguiu. Se o tivesse conseguido se calhar não teríamos tido o 11 de setembro, não tínhamos tido o terrorismo que veio dessa zona e que vem de gente que perdeu a família e que vive na miséria na humilhação desde sempre.
É claro que nada justifica a violência, e o terrorismo, mas o radicalismo pode ser prevenido. Tem de ser combatido, mas pode ser prevenido.
V.A - Que balanço positivo a Amnistia faz do trabalho realizado até agora no ano corrente?
P.N - Este ano não está a ser um ano fácil. Eu já vi uma colega minha a ser presa, a Idil Eser que é a diretora executiva da Amnistia na Turquia. O Presidente da Amnistia Internacional da Turquia, Taner Kiliç, que é voluntário, (as direções são todas compostas por membros que são voluntários), também foi preso, portando o mundo está a caminhar para um lado mais escuro.
É claro que é uma tendência, que depois será invertida e trabalhamos para isso. O balanço positivo é que por causa desse mal, também deste discurso de ódio as pessoas já manifestam cansaço disso. Ou seja, já há muita gente a apelar à paz, à reconciliação, ao equilíbrio, e isso é bom, não se ouviam antes essas vozes, portanto esse eu acho que é o balanço mais positivo.
É que este ano apesar de tantas más notícias já vimos que há ali forças de equilíbrio e forças de apelo à paz e à reconciliação a surgir, que é esse o balanço e aspeto mais positivo deste ano, que ainda não acabou.
Ser arquiteto de uma nova sociedade, mais justa e solidária está muitas vezes apenas à distância de um simples clique...
#solidariedade#direitos humanos#sustentável#humanismo#valores#heroismo#cidadania#amnesty international
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O papel do artista na sociedade contemporânea – a ponte entre o espírito e a matéria
¨A vocação do artista é lançar luz sobre a alma humana.¨
George Sand
Os criadores inspirados são aqueles que procuram na sua época a dar o que a humanidade mais precisa para viver. O seu dom é o da criação e da comunicação.
A arte de dizer/expressar-se e de criar são sem dúvida os atributos do artista contemporâneo.
Através da sua arte, o artista está em relação com o que é justo e verdadeiro. A sua palavra/expressão é criadora. Não é ele que fala, mas a verdade que fala através de si. É guiado pela sua intuição e a sua força repousa na sua capacidade em sentir o que vem até ele e de a traduzir à sua maneira. A sua verdade toca e leva os outros a questionarem-se acerca de si próprios.
O seu discurso é pertinente, objetivo e pode até exasperar aquele que o ouve, pois o que ele diz faz de tal maneira eco no outro, que o leva a encarar a sua própria verdade, o que nem sempre é um processo fácil.
Guerreiro pacifico, ele manuseia a espada da verdade e corta no momento certo o que barra o caminho da liberdade. Mais do que o autor da sua obra, ele é o portador de um projeto que passa através dele.
A sua criação é consciente, e ao criar ele está a transformar o seu pensamento em forma. As formas de expressão como a pintura, o cinema, a música entre outras, transformam a não matéria em vida.
Assim podemos dizer que:
O artista é aquele que faz a ponte entre o mundo do espírito e o mundo da matéria.
O artista contemporâneo não é alguém que vive no mundo dos sonhos e das quimeras, pois isso é destabilisador para ele e para a sua criação. É sim alguém que está profundamente enraizado na matéria, no concreto e que transpõe para a matéria a inspiração que ele vai buscar à sua consciência superior.
Ele vai conscientemente escolher viver de uma forma consistente, profunda e alicerçada na matéria para poder criar com mais intensidade. A sua estrutura é sólida e ele busca o equilíbrio.
Assim, o expoente máximo da sua criação não resulta de um caos interior mas sim de um equilíbrio pleno que potencializa toda a força criadora. Ele vai procurar sempre trilhar o seu caminho afirmando-se e levando os outros a se afirmarem por sua vez.
O artista contemporâneo é um livro aberto. Tudo nele é o reflexo da sua verdade do momento. Ele não usa máscaras, pois é uma pessoa alinhada com a sua própria verdade e como tal é isso que ele expressa naturalmente. Quando este atinge o expoente máximo da sua criação é porque conseguiu fazer o caminho necessário para justamente libertar-se de máscaras, convenções e algemas exteriores que o impedem de se expressar plenamente.
A sua capacidade de auto afirmação é fruto de um trabalho interior profundo. Ele não está numa ótica de provar algo a nada nem nada à sociedade, pois ele tem uma perfeita consciência do seu valor e do valor do seu trabalho. Ele assume-se sem medo, pois aprendeu a aceitar todas as suas facetas e não teme o julgamento exterior.
Como se reflete no concreto a obra do novo artista na sociedade contemporânea?
Foi muitas vezes dito que o artista é um ser instável, pouco consistente que precisa de viver intensamente para poder criar e que cria melhor na dor. A História da Arte está repleta de exemplos que corroboram essa visão do artista, o que infelizmente acabou por se tornar uma ideia feita.
No entanto se prestarmos atenção, vemos que a sociedade de hoje está a fazer emergir um novo tipo de novo artistas que não espelham nenhuma dessas características, muito pelo contrário.
Na sociedade contemporânea, o novo artista não luta contra algo, não está na revolta, nem à margem da sociedade como foi tantas vezes dito ao longo de séculos de história.
Ele usa conscientemente a sua força criadora para transmutar o que ele considera estar errado ou que necessita de ser aperfeiçoado, seja qual for a sua forma de expressão.
Face a uma sociedade corrupta, doente, caótica, falsa ele vai criar uma obra que seja o reflexo da integridade e da honestidade, da expressão plena da verdade dos indivíduos, da harmonia e da verdade, expressão plena da sua vertente humanista.
O artista contemporâneo é acima de tudo um Humanista profundamente comprometido com o mundo em que vive e que procura elevar a sociedade acima da mediocridade.
Apresento aqui uma seleção de artistas por quem tenho uma profunda admiração e cuja obra e personalidade reflete amplamente o tema deste artigo.
Vik Muniz
http://vikmuniz.net/pt/
Vik Muniz é um artista plástico brasileiro que produz obras de pintura, escultura e fotografia voltadas para a sustentabilidade.
Atualmente, ele é conhecido mundialmente pelas suas obras inusitadas em que utiliza técnicas e materiais como alimentos, algodão, materiais recicláveis, cabelo, arame, serrim, pó, terra, entre outros.
Vindo de uma família pobre, ele resolveu fazer algo para retribuir à sociedade tudo que ganhou. Foi assim que teve a ideia de transformar lixo em arte. Ele passou dois anos no maior depósito de lixo do mundo a trabalhar com catadores de lixo e a transformar os seus retratos em obras gigantescas compostas justamente por lixo. O dinheiro arrecadado com a venda das obras foi dado para a associação de catadores local o que contribuiu para mudar a vida daquelas pessoas.
¨No documentário “Lixo Extraordinário” (Waste Land) e é uma bela reflexão sobre felicidade, consumismo, pobreza e solidariedade. Ele mostra os catadores como os seres humanos que são (com sonhos, falhas e alegrias) e devolve dignidade a esses homens e mulheres invisíveis que prestam um grande serviço ao país.¨
Reza Deghati
http://www.rezaphoto.org/
Franco iraniano, este filantropo, idealista, humanista, arquiteto de formação e fotojornalista célebre (conhecido pelas suas fotografias para o National Geographic), Reza percorre o mundo há cerca de 30 anos testemunhando as guerras e instantes de paz. É um homem profundamente comprometido que coloca a formação visual informal dos jovens e das mulheres ao serviço de um mundo melhor. Ele fundou em 2001 a ONG Aina no Afganistão e desde então pratica acções de formação um pouco por todo o mundo, ao mesmo tempo que continua a realizar as suas reportagens para os media internacionais.
Yann Arthus Bertrand
http://www.yannarthusbertrand.org/
Yann Arthus Bertrand é um fotógrafo, jornalista, repórter e ambientalista francês, que criou em 2005 a Fundação Goodplanet e lançou a Acção Carbono, um programa destinado a compensar as emissões de gases de efeito de estufa engendradas pelas suas próprias reportagens fotográficas aéreas, acompanhando depois as empresas na redução do seu próprio impacto sobre o clima.
A Fundação tem por missão sensibilizar e educar o público à proteção ambiental. Ele incita a um modo de vida mais respeitador da terra e dos seus habitantes propondo soluções realistas e otimistas e encorajando cada indivíduo a comprometer-se com o planeta apoiando-se numa série de programas para levar a ecologia ao coração das consciências.
Os seus filmes documentários HUMAN, HOME, TERRA, PLANET OCEAN entre outros foram visionados milhões de vezes e tem despertado consciências pelo mundo fora.
Sebastião Salgado
https://www.amazonasimages.com/
Sebastião Salgado, também brasileiro, recebeu inúmeros prémios, é Embaixador de Boa-Vontade para UNICEF e é membro honorário da Academy of Arts and Science dos Estados Unidos. Juntamente com a sua esposa Lélia Deluiz Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra, há cerca de 10 anos.
Face a um cenário de degradação ambiental em que se encontrava a antiga fazenda de gado adquirida da família de Sebastião Salgado, na cidade mineira de Aimorés, o casal decidiu devolver à natureza o que décadas de degradação ambiental destruiu. Eles conseguiram mobilizar parceiros, captaram recursos e fundaram, em abril de 1998, a organização ambiental dedicada ao desenvolvimento sustentável do Vale do Rio Doce.
A sua mais recente obra, Génesis, considerada pela crítica ¨Uma jornada fotográfica por lugares intocados, onde o homem vive em harmonia com a natureza. Um hino visual à grandeza e à fragilidade da Terra¨ é um testemunho grandioso da filosofia subjacente ao seu trabalho.
¨Se em projetos anteriores – Trabalhadores e Êxodos – Salgado retratou as adversidades da humanidade, neste faz uma homenagem à natureza, embora o trabalho também traga um alerta acerca de tudo o que a humanidade arrisca perder.¨
Como artista considero que a capacidade artística e o potencial criador não é algo reservado a apenas algumas pessoas. Trata-se de uma característica presente em todos os seres humanos e que só aspira a ser revelada e desenvolvida. As crianças são a prova concreta da capacidade criativa ilimitada. Em qualquer fase da nossa vida esse potencial pode ser revelado.
Acredito verdadeiramente na responsabilidade e no papel ativo do artista numa nova sociedade a construir, mais autêntica e equitável e a vejo a Arte e a imagem em particular como incríveis possibilitadores de mudança e despertar de consciências.
Acredito também que o artista contemporâneo escreve o seu próprio destino e impele a humanidade a fazer o mesmo, colocando o melhor de si mesmo ao serviço de todos.
E o leitor? Sente-se preparado para escrever o seu próprio destino?
#arte#artista#consciência#criação#artística#sociedade#humanista#humanismo#responsabilidade#equidade#contemporaneo
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Sexualidade plena – O amor físico consciente
¨Deixem que o vosso fazer amor se torne mais um acontecer do que um fazer. A expressão ocidental ¨fazer amor¨é feia. Como você pode fazer amor? Não é uma coisa como fazer; não é uma ação. É um estado. Você pode estar nele mas não pode fazê-lo. Você pode ser amoroso mas não pode manipulá-lo.¨
Osho
A sexualidade é sem dúvida alguma uma parte integrante da vida de cada indivíduo, que contribui para a sua identidade ao longo de toda a vida e para o seu equilíbrio físico e psicológico.
Segundo a Organização Mundial de Saúde:
¨A sexualidade é uma energia que nos motiva a procurar amor, contacto, ternura e intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos, tocamos e somos tocados, é ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia pensamentos, sentimentos, acções e interacções e, por isso, influencia também a nossa saúde física e mental".
É importante frisar que Os Direitos Sexuais e Reprodutivos são uma componente dos Direitos Humanos Universais, referentes à sexualidade, saúde sexual e saúde reprodutiva e estão intimamente ligados aos direitos de liberdade, igualdade, privacidade, autonomia, integridade e dignidade para todos os seres humanos.
Para assegurar que todas as pessoas desenvolvam uma sexualidade saudável, os direitos sexuais e reprodutivos devem ser reconhecidos, respeitados, promovidos e defendidos por toda a sociedade, em todos os sistemas políticos, económicos e culturais.
A própria Carta de Direitos Sexuais e reprodutivos da Federação Internacional de Planeamento Familiar (IPPF) contempla os seguintes direitos:
1. O Direito à vida
2. O Direito à liberdade e segurança da pessoa
3. O Direito à igualdade e o direito a estar livre de todas as formas de discriminação
4. O Direito à privacidade
5. O Direito à liberdade de pensamento
6. O Direito à informação e educação
7. O Direito de escolher casar ou não e de constituir e planear família
8. O Direito de decidir ter ou não filhos e quando os ter
9. O Direito aos cuidados e à proteção da saúde
10. O Direito aos benefícios do progresso científico
11. O direito à liberdade de reunião e participação política
12. O Direito a não ser submetido nem a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante
http://www.apf.pt/sexualidade
No entanto sabemos que infelizmente a nível mundial estes direitos não são na sua maioria das vezes respeitados...e que a relação dos seres humanos com a sua própria sexualidade é muitas vezes caótica.
E porquê?
Quando consciente, a energia sexual pode ser uma grande fonte de alegria e criatividade, e quando inconsciente, pode se tornar a causa de profundas frustrações e muita confusão pois muitas vezes a forma como fomos educados e desenvolvemos a identidade sexual pode despertar ansiedade sexual.
Sabemos que a personalidade do indivíduo está intimamente relacionada com a sua sexualidade e que o comportamento sexual é muito variável de pessoa para pessoa pois vários fatores influenciam atualmente ativamente na criação da identidade sexual:
Os condicionamentos psíquicos do EGO na infância
A forma que vivemos e nos relacionamos com nossos pais
A precocidade do incentivo pelo sexo divulgado nos media
É inegável que a programação sexual influenciada pela sociedade, contribui para o desenvolvimento de uma sexualidade artificial e mecânica. A longo prazo isto provoca um desequilíbrio sexual e leva os indivíduos a tratar-se uns aos outros como objetos de prazer. A maior parte das perversões, a prostituição, o turismo sexual e a escravidão sexual resultam deste desequilíbrio. Numa sociedade em que a nossa conduta sexual respeitasse a nossa essência profunda isto deixaria de existir pois não faria mais sentido...
Isto levanta uma questão pertinente:
A nossa conduta sexual é influenciada pelos media e pela sociedade em que vivemos ou é a manifestação plena da nossa essência?
Para trabalhar a sexualidade profunda e positivamente é necessário voltar a atenção para o nosso corpo num estado de consciência, amor e profundo respeito.
A sexualidade, sendo uma das forças potencialmente mais poderosas do ser humano, é também uma forma de comunicação entre dois seres, numa união e complementaridade em todos os sentidos. Isto porque o ato sexual envolve um relacionamento que pode transcender a questão física que, aproximando-nos da nossa verdadeira natureza, pode servir como um portal para contato direto com o SER interno.
O tantra como uma das tradições de sabedoria orientais mais antigas de que há conhecimento debruça-se amplamente sobre esta questão.
O Tantra é composto por um conjunto de livros indianos, criados a partir do séc. VII que abrangem várias dimensões sociais como a cultura, a moral e o sexo. A palavra em si significa "Tan" - escuridão e "Tra"- libertação.
O tantra é baseado no outro, mas centrado em si mesmo, num estado de presença plena, liberto de couraças musculares, como as preocupações externas e a nossa programação sexual, influenciada pela sociedade em que vivemos, por valores familiares, traumas infantis e, em casos mais graves, abusos sexuais.
No entanto é importante distinguir tantrismo de kamasutrismo!
Enquanto que o tantrismo compreende um estilo de vida com disciplina sexual necessária ao desenvolvimento do ser humano nos seus aspectos físico, mental e espiritual, o segundo refere-se exclusivamente ao comportamento erótico e suas práticas nas várias posições para exploração de sensações.
Em portugal, existem escolas de Tantra Yoga onde várias vezes por ano são desenvolvidos seminários e workshops para quem queira aprofundar o tema em questão:
http://www.natha.pt/
http://www.tantraloveway.com
Na vertente de expressão corporal existem também as sessões de Bioenergética:
¨O trabalho de Bioenergética é constituído por exercícios corporais vinculados com a respiração. Alexander Lowen, um discípulo de Wilhelm Reich, por sua vez discípulo de Freud, criou-os partindo do princípio de que a criança, quando é obrigada a suprimir a expressão dos seus sentimentos (o que equivale a suprimir o sentimento em si), desenvolve bloqueios corporais correspondentes à emoção que foi suprimida, diminuindo, assim, a mobilidade e a vitalidade do corpo. As emoções que não são expressas ao longo da nossa vida ficam contidas no nosso corpo, originando contracturas (as couraças musculares).
A bioenergética pode ajudar a desbloquear essa expressão, pois por meio de exercícios e posturas corporais, bem como de técnicas de respiração, vai desmanchando esses bloqueios.¨
http://www.encontrosdoumbigo.com/
Por agora ficam algumas dicas de como desenvolver no quotidiano uma sexualidade consciente:
1. Privilegie a qualidade da presença:
Uma sexualidade consciente é baseada numa nova forma de se conectar, privilegiando uma presença amável. Para Stéphen Vasey, sexólogo fazer amor começa muito antes do ato através de pequenas atenções como uma mensagem, palavras amáveis ou mesmo um presente. O objetivo é inundar o coração do seu parceiro com o seu desejo por ele.
2. Desperte os seus 5 sentidos:
Catherine Oberlé, sexóloga e terapeuta gestalt propõe esquecer o mental e deixar o corpo e os sentidos desabrocharem numa dimensão sensual o que tem a vantagem de desenvolver a qualidade de presença e aumentar a capacidade de conexão.
3. Combinem encontros para se expressarem:
Dedicar tempo para ousar falar frente a frente, mostrar-se e instaurar um clima de confiança e de intimidade é primordial. Perguntar ao outro como ele gosta de ser tocado, qual a sua posição preferida e qual a sua parte do corpo preferida demonstram o quanto a opinião do seu parceiro é importante para si.
4. Honre o seu sexo:
Na via tântrica a sexualidade repousa sobre uma dimensão sagrada dos orgãos sexuais. Nesse sentido a massagem tântrica, originária do tantra foi concebida para libertar plenamente a circulação da energia sexual, o que pode ser praticado também como um diálogo corporal e amoroso entre os parceiros. Dar e receber constituem as premissas fundamentais da massagem tântrica.
5. Celebrem a vossa união: Para passar da sexualidade consciente a uma união plena é necessário criar um espaço de celebração. Preparar a dois o espaço com elementos que podem ir de velas, incenso, flores, música a almofadas demonstram o quanto o momento de intimidade a ser partilhado é importante para ambos e alvo de toda a sua atenção.
Por isso da próxima vez que sentir-se invadido pelo instinto de fusionar com alguém porque não experimentar vivê-lo na sua plenitude?
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Afirmação pessoal e assertividade – A verdade interior
¨O oposto de uma afirmação correta é uma afirmação falsa. Mas o oposto de uma verdade profunda pode ser outra verdade profunda.¨
Niels Bohr
Se repararmos bem actualmente os livros sobre liderança e o poder da comunicação atingem níveis recorde de vendas. Sabemos que habitualmente bons líderes são também bons comunicadores. Mas o que significa ser um bom comunicador?
Muitas pessoas são boas oradoras e no entanto isso não significa que tenham assertividade na hora de expor suas ideias. O bom comunicador é claro e conciso, raramente deixa margem para dúvidas. Assim, os líderes de sucesso são bons comunicadores, pois possuem assertividade em expressar-se.
E o que é a assertividade?
A assertividade é a capacidade de nos expressarmos aberta e honestamente, sem negarmos os direitos dos outros. Uma comunicação assertiva é aquela que consegue passar as informações com clareza, respeito, e dinâmica obtendo o retorno esperado.
No artigo da semana passada, Movimento Slow – O equilíbrio entre o Ser e o Fazer - já feito referência ao trabalho do autor Thomas d’Ansembourg trabalhou como advogado, foi assessor jurídico de empresas e animador de uma associação para jovens com dificuldades, tornando-se mais tarde psicoterapeuta e formador.
No seu livro Deixe de ser simpático, seja verdadeiro – Cessez d´être gentil, soyez vrai! - ele aponta uma ideia fundamental:
As pessoas que se sentem livres para serem elas próprias, são muito mais entusiásticas e criativas e produzem mais.
http://www.pergaminho.pt/livros/ficha/deixe-de-ser-simpatico-seja-verdadeiro?id=18347632
Em resposta a uma entrevista à Dinheiro Vivo ele também partilha o seu ponto de vista sobre este assunto de uma forma pertinente:
Ser absolutamente verdadeiro, em vez de dizer uma “mentira piedosa” ou de ser “simpático”, não causará mais conflitos sociais?
¨Quando vemos à nossa volta no mundo todas as mentiras, hipocrisia, manipulação e toda a confusão, e muitas vezes o caos, que resulta dessas atitudes, não corremos o risco de aumentar ainda mais a hipocrisia, as mentiras e a confusão com a nossa própria atitude? Se queremos mais honestidade, transparência, clareza no mundo, precisamos de começar por nós mesmos. No início, é uma disciplina, como uma nova higiene de vida: chamo a isso a «higiene da nossa consciência». Apenas precisamos de aprender a exprimir-nos de uma maneira que respeite a vida e a realidade, como tal, de uma maneira que respeite as dos outros e evite a agressividade, as mentiras, as interpretações, o pensamento de acordo com a nossa própria mentalidade sem a pôr em causa, a manipulação, etc.
Quais as diferenças que sentimos em nós mesmos quando deixamos de ser simpáticos e começamos a ser completamente verdadeiros?
Sentimos orgulho, dignidade, autoestima, autoconfiança, força interior, criatividade. E conhecemos muitas outras pessoas genuínas, autênticas, afáveis, dedicadas e criativas! ¨
As principais vantagens de assumir uma postura assertiva podem-se resumir então nos seguintes tópicos:
Permite às pessoas serem mais construtivas na relação que desenvolvem com os outros.
Aumenta a auto-confiança e o amor próprio.
Aumenta as reacções positivas dos outros.
Diminui a ansiedade em situações sociais.
Favorece a comunicação interpessoal pois possibilita uma maior proximidade entre as pessoas e uma maior satisfação com a expressão das suas emoções.
A pessoa assertiva, ao expressar discordância e insatisfação, direciona esses sentimentos ao comportamento e não à pessoa, sem qualquer tipo de constrangimento ou ansiedade. Assim o seu interlocutor saberá exatamente o que deseja sem sentir que está a ser dominada ou humilhada.
A boa notícia é que a assertividade é algo que pode ser treinado!
Mas qual a relação da afirmação pessoal com a assertividade?
O que à partida parece simples, responder a um pedido na afirmativa ou na negativa, pode ser vivido para muitas pessoas como algo extremamente difícil.
Todos já vivenciamos situações, por mais complexas que possam ter sido, em que o sim deslizou pelos nossos lábios como que por magia. Nesse momento os nossos pensamentos, emoções e intenções estavam perfeitamente em acordo e sintonia, o que originou um estado de harmonia e paz interior.
Em outras ocasiões o não pode também ter surgido como uma evidência, tenha ele sido proferido de uma forma cordial ou como um verdadeiro grito de Ipiranga! Nessas situações a sensação de bem-estar subsequente também surgiu naturalmente, pois ao respeitarmos a nossa vontade mais profunda experimentamos uma emoção de paz.
Até aqui tudo bem... mas o que acontece quando queremos dizer não, e acabamos por esboçar um tímido sim...?
Pessoas que tem uma verdadeira compulsão por agradar, tem uma grande tendência em responder a sim a quase todos os pedidos, mesmo que isso implique ir contra a sua própria vontade, emoções e sentimentos. O que acaba por ter um custo muito elevado para a sua autoestima, acabando por afetar negativamente as suas relações interpessoais.
Antes de mais é importante saber que existem três componentes psicológicos:
Pensamentos agradadores (formas distorcidas de pensamento)
Hábitos agradadores (comportamentos compulsivos)
Sentimentos agradadores (emoções temerosas)
Que se unem para formar um triângulo, no qual cada lado – comportamentos, pensamentos ou emoções – funciona como uma causa e uma consequência dos outros.
Indivíduos agradadores, cujas formas distorcidas de pensamento são a principal causa da compulsão por agradar, são motivados pelo pensamento fixo de que é extremamente necessário se esforçar para que todos gostem dele. Essas pessoas medem a sua autoestima e definem a sua identidade através do quanto podem fazer pelos outros e pensam que se forem agradáveis vão estar protegidas da rejeição e outras reações negativas por parte dos outros.
Pessoas agradadoras cuja compulsão é causada por comportamentos habituais são motivadas a cuidar das necessidades dos outros à revelia das próprias. Estas pessoas são motivadas pela necessidade viciante de obter a aprovação de todos. Elas acabam por assumir compromissos em excesso e se desgastam emocional e fisicamente nesse ciclo vicioso.
O terceiro tipo de agradadores é motivado pelo comportamento de evitar sentimentos assustadores ou desconfortáveis. Agradam na esperança de evitar qualquer tipo de conflito, real ou imaginário, tornando-se assim extremamente vulneráveis à manipulação.
Em qualquer relacionamento, se a sua cortesia impedi-lo de exprimir o que está a causar-lhe infelicidade, com raiva, nervoso ou decepcionado, dificilmente poderá resolver positivamente um conflito.
Como dizer um não de uma forma assertiva quando sente que quer e deve fazê-lo?
Quando estiver em face de um pedido, convite ou exigência, substitua o hábito de dizer sim por esta sequência de ações:
1. Adie dar uma resposta imediata ¨ganhando tempo¨. (aumentando assim o seu sentimento de controle)
Ex: ¨Preciso de um pouco de tempo para pensar sobre isso. Entro em contacto consigo mais tarde/amanhã/daqui a alguns dias/no fim de semana. ¨
2. Identifique as suas opções (Nas situações em que não sabe se quer dizer um ¨não¨definitivo , fazer uma contraproposta ou negociar uma concessão pode ser eficaz).
Ex: ¨Agradeço o convite, mas hoje infelizmente não estou disponível. Podemos deixar para amanhã?¨
3. Preveja as possíveis consequências de cada uma delas (O importante é pensar como cada resposta opcional vai afetá-lo emocional, física ou financeiramente).
4. Selecione a melhor opção (O resultado de uma análise real é sempre o mais acertado).
5. Responda firme e diretamente exercitando a sua escolha de:
Dizer ¨não¨
Sugerir uma contraproposta
Dizer ¨sim¨
Também é importante ter em conta de que um não pode ser firme, mas agradável!
Ex: ¨Estou a ligar-lhe a propósito do convite que me fez no outro dia. Não posso aceitar, mas quero agradecer-lhe por ter pensado em mim. ¨
Pode, no entanto acontecer que o seu interlocutor seja mais insistente do que um carrapato e então nesse caso é necessário recorrer a outra técnica (a do disco arranhado) para lidar com a resistência.
Nesse caso afirme que já ouviu e compreendeu claramente o pedido e a resistência, enfatizando e citando a reação emocional da pessoa de uma forma empática. Depois repita a frase que usou para ganhar tempo, exatamente como um risco arranhado.
Outro meio eficaz de dizer ¨não¨ é utilizar a técnica do sanduiche, ou seja, fazer um sanduiche com a sua resposta negativa entre duas afirmações positivas. O que reduz o impacto da negativa em relação ao pedido. No entanto, a afirmação deverá ser sincera.
Ex: ¨Fiquei muito lisonjeada pelo pedido que me fez, contudo não serei capaz de fazer o que me pediu. Muito obrigada por perguntar, de qualquer forma.
Evidentemente que se trata de um exercício que requer prática. Para além do livro sugerido existe também o atendimento de Coaching, que ajuda a trabalhar a afirmação pessoal e a assertividade à medida do seu próprio ritmo.
http://www.apcoaching.pt/
Então, da próxima vez que lhe fizerem uma proposta...inspire, relaxe, pondere e ouse afirmar-se!
#assertividade#comunicação#afirmação#pessoal#verdade#expressão#amor próprio#autoestima#autoconfiança#liderança#coaching#coach
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Movimento Slow – O equilíbrio entre o Ser e o Fazer
¨Uma vida cheia de coisas para fazer é por vezes uma vida vazia de sentido.¨
Thomas d´Ansembourg
Na sua obra Du Je au Nous – L´intériorité citoyenne: le meilleur de soi au service de tous, (¨Do Eu ao Nós – a interioridade cívica: o melhor de si próprio ao serviço de todos¨), o psicoterapeuta e formador Thomas d´Ansembourg começa por levantar três questões pertinentes:
Do que fujo? Para onde corro? Para que sirvo?
http://www.thomasdansembourg.com/
Ele considera que por não estarem a conseguir encontrar interiormente um sentido para a sua existência, os seres humanos criaram uma sociedade onde todos correm para fora de si. E que esta corrida leva à exaustão pessoal e à exaustão do planeta. Ele alerta também que a fuga e a corrida constituem uma armadilha da qual não é possível sair pelo exterior. Ele admite que numa sociedade em que a corrida é extremamente valorizada pois está associada ao empreendedorismo, ao dinamismo e à proactividade torna-se difícil criar espaços de acesso à nossa interioridade. No entanto, considera que face ao caos mundial uma interioridade transformadora é o único caminho a fazer para a criação de um desenvolvimento pessoal profundo chave de um desenvolvimento social sustentável.
Pois ele acredita profundamente que as nossas escolhas de comportamento pessoal tem consequências sociais cada vez maiores. A corrida e a fuga são causadoras de sofrimentos profundos e a fatura torna-se elevada para toda a sociedade: casais separados, famílias decompostas, tensões e agressividade crescentes na vida privada. Na escola e no trabalho, abandono escolar, doenças, depressões, custos elevados de saúde, suicídios, poluição que chegam até a colocar em risco o próprio planeta.
A boa notícia é que é possível aprender a abrandar o ritmo e a corrida que nos desgasta e destrói o planeta, abrir mão das compensações e dependências e desarmar a violência.
Na mesma linha de pensamento existe um movimento que dá pistas para conseguir abrandar o ritmo. Trata-se de uma corrente mundial e contemporânea assente numa filosofia de vida que desafia a cultura da velocidade, do excesso e da quantidade sobre a qualidade e que se define como um modelo alternativo: O Movimento Slow.
O Movimento slow sugere que vivamos no ritmo adequado para o bem-estar e desenvolvimento pessoal, social, comunitário e ambiental.
As suas origens remontam a 1986, no Sul da Itália, quando um homem decidiu opor-se à abertura de uma cadeia de fast food no centro histórico de Roma ao criar o slow food. Em pouco tempo o conceito expandiu-se a outras áreas — slow travel, slow school e até slow cities .
No actual mundo frenético, essa filosofia humanista sugere que tentemos viver no ritmo certo, privilegiando a qualidade, o equilíbrio e o bem - estar nas diferentes áreas da vida.
Ou seja, procurar viver num ritmo equilibrado que seja positivo para o corpo e para a mente (saúde), positivo para os relacionamentos, para as sociedades e comunidades (desenvolvimento pessoal, social e local), e para o planeta (ambiente, sustentabilidade).
Esta ideia de equilíbrio pressupõe que por vezes é necessário abrandar ou acelerar estando vigilante para o abrandamento não se torne estagnação, nem deixando que a aceleração se torne maníaca.
Assim conseguimos dispor de mais tempo de qualidade para nós próprios, para as pessoas próximas e para os outros.
Em Portugal, a ONG Slow Portugal, é um ponto de encontro e partilha e visa fortalecer diferentes iniciativas identificadas com a atitude slow, já existentes ou a criar de forma a dar-lhes visibilidade, coerência e impacto. Os adeptos do movimento slow não encaixam num perfil único, no entanto identificam-se com os seus valores:
- Valorização de um desenvolvimento durável e sustentável.
- Respeito pelas diferentes diversidades, biodiversidades e diversidades ambientais, locais, culturais e individuais.
- Proximidade e humanização, cuidado e atenção personalizada e flexível.
- Qualidade.
- Respeito pelos ritmos naturais, pessoais e sociais.
- Conciliação e integração das diferentes áreas de vida (educação, saúde, relacionamentos, família, trabalho, lazer) numa perspectiva multidimensional e holística.
- Equilíbrio e moderação entre os extremos e os excessos de forma a minimizar as assimetrias e os fundamentalismos.
- Bem-estar e realização do potencial do indivíduo, do território e da comunidade.
- Valorização da simplicidade voluntária e uso responsável dos recursos materiais.
Ler mais: http://www.slowmovementportugal.com/
O jornalista canadiano Carl Honoré figura de proa do movimento, autor do livro O Movimento Slow, edição de 2006 da Estrela Polar alerta que a cultura actual pressiona-nos a fazer mais com cada vez menos tempo disponível e que, como temos medo de desperdiçar tempo, optamos por não tomar a decisão consciente de abrandar.
Aquele que tem sempre algo para fazer não está preparado para viver as suas escolhas de forma consciente.
Honoré também considera que vivemos hoje numa cultura assente na competição e na impaciência, na qual tudo tem de ser perfeito e imediato, o que traduz-se em excesso de pressão sobre os mais novos, com alguns pais a desejarem crianças Alfa ou super-crianças e todas as repercussões que isso implica.
Face a esta situação o autor apresenta sete motivos para fazer uma pausa, com os seguintes benefícios:
carregar energias;
olhar para trás e aprender com o passado;
refletir e ver além dos dilemas triviais;
tirar prazer de alguns momentos;
conectar-se com as pessoas;
ser mais criativo e até
salvar o mundo.
Entretanto, no campo das neurociências, as pesquisas do neurocientista Andrew Smart mostram, que, além de ajudar na criatividade, o ócio faz bem para a saúde e é fundamental para o autoconhecimento.
Andrew Smart, de 39 anos, pesquisador da Universidade de Nova York resolveu estudar o funcionamento do cérebro quando estamos em repouso. Smart sugere que abandonemos o conceito de produtividade e propõe desperdiçar o tempo . No livro Autopilot: The Art and Science of Doing Nothing ("Piloto automático: a arte e a ciência de não fazer nada"), ele parte de descobertas recentes da neurociência, além de pertinentes observações sobre o mundo das artes, para afirmar que o cérebro, quando não está ocupado com tarefas específicas, continua a trabalhar, numa espécie de "piloto automático". O que é fundamental para processarmos as emoções e informações que recebemos.
Então no malabarismo da vida talvez seja interessante buscar o equilíbrio entre o Ser e o Fazer...
#ciências sociais#fisica#quantica#coaching#Bem estar#humanismo#interioridade#sustentabilidade#Ecologia#Biologia#psicologia#sociedade#tempo#medicina#planeta#pensadores#filosofia#Vida#autonomia#educação#cultura#Consciente#slowfashion#slowmotion#slow#slowmovement
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Alimentação Consciente - O prazer de comer
Todos os homens se nutrem, mas poucos sabem distinguir os sabores.
Confucio
A alimentação consciente nasceu a partir da filosofia prática chamada Mindfulness (atenção plena), que foi inspirada nos estados meditativos e tem sido usada na terapia cognitiva comportamental para tratamento dos estados de ansiedade e compulsão, que agravam o ato de comer compulsivo. Ajuda assim a melhorar o relacionamento com a comida por meio de escolhas mais conscientes, e não movidas pela compulsão.
Esta reportagem do Guardian Post sobre os efeitos positivos da Meditação Mindfulness no tratamento da ansiedade explica bem o mecanismo:
http://www.theguardian.com/society/2013/feb/26/mindfulness-meditation-depression-nhs
A alimentação consciente significa estar presente, atento e alerta ao aqui e agora, consciente do seu corpo, das suas emoções, das suas sensações e pensamentos, num estado de desapego a estes.
Significa também saborear, experimentar o momento presente de forma prazerosa, e usando ao máximo todos os sentidos – tato, olfato, visão, audição, paladar, e sua percepção.
E por fim significa cultivar novos hábitos alimentares , cultivando uma maior consciência da sua sensação de fome, cultivando o prazer e a alegria de experimentar os alimentos com toda intensidade sensorial. Desenvolvendo a atenção para reconhecer os sinais de saciedade e aprender a eliminar o hábito de comer por razões emocionais, num mecanismo de compensação ou por distração. Assim, come apenas o que é necessário, respeitando os ritmos e sensações do corpo.
Atualmente existe um movimento que nasceu em Itália e que está a ganhar adeptos em Portugal. Chama-se Slow Food e já tem um espaço no Porto. A ideia é promover a alimentação consciente e responsável:
https://www.rtp.pt/noticias/pais/movimento-slow-food-promove-alimentacao-consciente_v821209
Como praticar a alimentação consciente:
1) Visualize antes de levar o alimento à boca - Visualize-se a comer devagar e imagine que só necessita de comer até atingir o estado de saciedade. De olhos fechados, respire profundamente e cheire a comida para identificar os diferentes aromas.
2) Sinta prazer na experiência da primeira mordida - Dê a primeira mordida no alimento na boca e, de seguida, pouse os talheres. Enquanto está a mastigar o alimento, focalize sua atenção na textura e sabor da sua comida, engolindo somente depois o alimento. A cada nova mordida repita o processo.
3) Mastigue devagar – Ao mastigar os alimentos muito rapidamente, acabamos por comer mais e tornamos a digestão ao nível do estômago e dos intestinos mais difícil. O cérebro leva cerca de 20 minutos para entender que nosso corpo já ingeriu os alimentos de que necessitava em termos nutricionais. Ao mastigar lentamente o alimento, estará a usufruir plenamente do sabor e das experiências que o alimento lhe proporciona e acabará por comer menos.
4) Invista tempo de qualidade na sua refeição - Reserve tempo e espaço para comer e não se esqueça de ir bebendo água.
5) Use seus cinco sentidos - Enquanto está a comer, concentre-se no cheiro, no gosto e na sensação da comida na boca durante a mastigação . Ao confecionar o prato disponha os alimentos de uma forma estética observando atentamente a sua textura, cor e variedade. Tudo isto contribui para tornar o ato de comer num momento de prazer.
6) Elimine as distrações e conecte-se com o alimento – Tenha o cuidado de desligar a televisão, o rádio, e computador enquanto come para poder se concentrar plenamente na refeição.
7) Ouça o seu corpo - Quando estiver a sentir fome, aprenda a distinguir o desejo da sua mente por uma comida específica e a necessidade que o seu corpo tem de alimentos mais gerais. (Consulte as tabelas abaixo - Distinção entre fome física e fome psicológica / Motivação alimentar - para mais informações)
8) Concentre-se nas sensações de fome e saciedade – Esteja atento aos sinais que o seu corpo lhe envia para a avisar de que chegou ao ponto de saciedade, evitando assim de ingerir alimentos em maior quantidade do que o seu corpo necessita.
9) Não se culpabilize - Quando você optar por comer ocasionalmente um doce ou outro alimento menos saudável, permita-se desfrutar uma pequena quantidade sem sentimentos de culpa, digerindo-o de forma consciente.
10) Alargue o seu leque de opções alimentares – Uma alimentação saudável prima pelo equilíbrio. Consulte um nutricionista para estudar quais são os alimentos e o regime alimentar mais adaptado para si. Abasteça o seu frigorífico com alimentos saudáveis e tenha sempre à mão uma fruta, água ou uma barra de cereais para uma emergência. (Consulte a tabela abaixo - O controle das compulsões - para mais informações)
Um cardápio equilibrado e rico em frutas, legumes e verduras evitam doenças que são causadas por falta de nutrientes e previnem outras que podem atingir o coração, além de combater a obesidade. As folhas de verduras contém clorofila, e essa substância limpa e oxigena o sangue. As folhas verdes de cor escura são abundantes em ácido fólico, cálcio, fósforo e ferro.
Pessoalmente adquiro semanalmente frutas e legumes através da produção agrícola Bancaterra que todas as semanas disponibiliza mais de 20 variedades de produtos à escolha. Podemos personalizar o nossos cabazes com as variedades que quisermos e com as quantidades que mais nos convém.
http://bancaterra.com/site/
Pratica uma produção agrícola sustentável pois preocupam-se com o meio ambiente, produzem alimentos isentos de resíduos prejudiciais à saúde. Os produtos são sempre frescos pois são colhidos horas antes de serem entregues na casa dos consumidores. Todos os legumes são produzidos nas terras da Bancaterra e é praticada uma cultura de proximidade.
Assim, da próxima vez que sentir aquela vontade avassaladora de assaltar o frigorífico porque não fazer uma pausa e experimentar a alimentação consciente?
Tabela - Distinção entre fome física e fome psicológica
Tabela - O controle das compulsões
Tabela - Motivação alimentar
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Comunicação Consciente /Não Violenta (CNV)– A linguagem da empatia
Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.
Madre Teresa de Calcutá
Se está à espera de ler um romance de faca e alguidar, ignore este artigo.
Mas se já tiver passado por aquele momento em que uma discussão com o seu interlocutor ameaçou tomar contornos de ¨Game of Thrones¨, então sim, descontraia e preste atenção às próximas linhas...
A Comunicação Não Violenta é a linguagem da empatia por excelência, trata-se de um método desenvolvido na década de 60 por Marshall Rosenberg, um psicólogo americano que reflecte sobre o que leva a comportarmo nos de maneira violenta e, por outro lado, o que nos mantém conectados à nossa natureza compassiva. Marshall criou a CNV que busca uma entrega mútua de coração entre as pessoas, como uma abordagem para promover o respeito, atenção e empatia. Ao longo das décadas, ele utilizou a CNV para auxiliar comunidades de países que viviam situação de guerra ou conflitos religiosos.
Entender e praticar a CNV é um convite para olhar para dentro e para o outro, mas com um olhar de empatia e compaixão.
A verdade é que a nossa sociedade não nos ensinou a comunicar de uma forma assertiva. As falhas na comunicação continuam a ser um dos maiores problemas das interacções humanas e estão na origem dos maiores desentendimentos entre os indivíduos.
A tendência geral é para comunicarmos de uma forma agressiva, embora muitas vezes não nos damos conta de que o estamos a fazer. Com o desenvolvimento das redes sociais a comunicação tornou-se fragmentada e cada vez mais assistimos a um recrudescimento quase viral de frases feitas na internet, através das quais muitas vezes expressamos pensamentos ou emoções. Mas estaremos realmente a comunicar de uma forma assertiva?
De um modo geral a comunicação verbal é todo tipo de passagem ou troca de informações por meio de uma linguagem escrita ou falada.
No entanto o sucesso da comunicação verbal depende essencialmente da clareza das mensagens trocadas, o que por sua vez está ligado à compatibilidade de vocabulário e intelectual dos envolvidos na troca de informações.
Ou seja, para que a comunicação seja bem sucedida, seja ela escrita ou falada, o receptor da mensagem tem de compreender o que está a ler ou a ouvir, o que implica que tanto o emissor como o receptor comuniquem na mesma língua e estejam no mesmo patamar de conhecimento. Basta uma dessas condições falhar para que a comunicação seja mal sucedida.
Por esse motivo a CNV é o único método de comunicação verdadeiramente eficaz que permite comunicar de uma forma assertiva. Mas em que consiste na prática?
Concretamente trata-se de um processo de comunicação com quatro passos:
Observação – Sentimento - Necessidades – Pedido
Observação: observamos e exprimimos o que está realmente a acontecer. Sem julgamentos e sem juízo de valores.
Sentimento: identificamos e nomeamos o que estamos a sentir em relação ao que estamos a observar o que implica assumir responsabilidade pelos nossos sentimentos e demonstrar vulnerabilidade.
Necessidades: informamos quais são as nossas necessidades, valores e desejos que fizeram nos sentir daquela maneira.
Pedido: pedimos que determinadas acções concretas sejam realizadas, de forma a atender nossas necessidades. Se conseguirmos identificar nossas necessidades, ligando-as aos nossos sentimentos, é mais fácil fazer um pedido sincero e consciente.
EX: Duas pessoas, A e B , combinam um encontro, e a B atrasa-se 30 minutos, sem avisar A do seu atraso.
A – O senhor é mesmo irresponsável! (Furioso) Já viu as horas!? Não deve ter nada para fazer e pensa que os outros também não!! (Declaração com juízo de valor)
B – E então? (Ignorando) Mal chego já está a levantar problemas? (Atacando) Pensei que fosse mais flexível! (Declaração com juízo de valor)
Diálogo baseado na CVN:
A – Quando o vejo chegar com 30 minutos de atraso e que não tenho resposta quando tento ligar-lhe 3 vezes de seguida (observação), sinto-me irritado e impaciente (expressar sentimentos) porque precisava de ter a confirmação de que chegava no horário combinado para eu poder estar disponível para os meus compromissos seguintes. (Necessidade)
B – Lamento imenso. Compreendo que esteja a sentir-se assim. (Empatia) Estava um trânsito caótico e não podia atender porque estava a tentar estacionar. (Explicação)
Como podemos observar através deste exemplo, dentro da CNV, ouvir com empatia é fundamental para que o vínculo empático seja estabelecido pela comunicação. Empatia é a compreensão que respeita o que os outros estão a viver.
Obviamente que em muitas situações as circunstâncias para dois interlocutores comunicarem de uma forma não violenta podem não parecer as ideais, e por isso por vezes é necessário deixar acalmar as emoções primeiro. Numa situação de muita raiva entre duas pessoas antes de abordar o tema do conflito, a atitude mais sensata a tomar é propor um tempo de reflexão antes de começar um diálogo:
- Neste momento sinto-me extremamente irritado e não consigo controlar as minhas emoções. Não me sinto capaz de falar contigo neste estado. Preciso de me acalmar primeiro para depois podermos conversar.
Para quem quiser iniciar-se à linguagem da empatia pode assistir aos vídeos de Marshall Rosenberg:
https://www.youtube.com/watch?v=AbQTnHirOnw
Existem também inúmeros workshops e formações de CNV a decorrer frequentemente em Portugal ao alcançe de um click!
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Cosmética Vegan e Biológica – A Beleza Consciente
Fiódor Dostoiévski disse certa vez ¨A beleza salvará o mundo.¨
No contexto actual esta frase ganha um novo sentido. Vejamos porquê...
Sabemos o mercado da cosmética vale actualmente cerca de 65 mil milhões de euros, sendo que os produtos de origem biológica têm apresentado um crescimento anual de cerca de 16% na Europa, e assumem-se como uma alternativa ecológica e saudável aos ingredientes sintéticos.
As previsões apontam para que dentro de 10 anos, 40% dos consumidores de produtos de beleza optem por artigos de origem biológica.
Pessoalmente a minha procura pessoal de produtos biológicos, naturais, vegan, sem químicos indesejados teve origem numa tomada de consciência há alguns anos. Como muitas pessoas desenvolvia reacções alérgicas repetitivas com os produtos convencionais e procurava também cosméticos que não fossem testados em animais.
Iniciei então uma pesquisa na busca de produtos desenvolvidos em harmonia com a natureza, utilizando técnicas de produção artesanais, não testados em animais e produzidos por empresas com uma preocupação ambiental muito forte.
Para obter a certificação e ostentar a menção produto de agricultura biológica, os produtos comercializados na Europa são controlados em conformidade com os regulamentos oficiais de agricultura biológica, por um organismo de certificação reconhecido pelo governo, qualquer que seja o país de produção (União Europeia e da União não Europeia).
A Ecocert por exemplo, controla e certifica produtos de acordo com os regulamentos aplicáveis no mercado respectivo:
União Europeia: Regulamento: Reg.(CE) n.º834/2007 e as suas normas de execução
Estados Unidos da América: Regulamento NOP (National Organic Program)
Japão: Regulamento JAS (Japanese Agriculture Standart)
Brasil: Lei 10831/03 e respectivos anexos
O logótipo referente aos produtos biológicos que passaram pelo sistema de controlo e certificação de acordo com a regulamentação europeia, permite que qualquer consumidor possa identificar estes produtos com maior facilidade.
No entanto, existem fabricantes de cosméticos biológicos e/ou naturais/artesanais que não possuem selos de agências regulamentadoras nos seus produtos, visto que o processo de certificação é árduo e caro, porém produzem de acordo com todos os parâmetros necessários.
DICA: Depois de estudar quais os produtos mais adaptados à minha pele, diminui significativamente o número de cosméticos e produtos de higiene na minha vida quotidiana, incluindo produtos de maquilhagem, o que me permitiu apostar em produtos versáteis e multifunções. Adquiro os produtos (podendo por vezes variar nas marcas) através destes dois sites, nos quais deposito toda a minha confiança.
https://miristica.pt/
Adoro particularmente a linha de produtos artesanais desenvolvidos para peles com eczema!
http://www.organii.com/pt
Não dispenso os produtos de maquilhagem e vernizes vegan e biológicos!
Hoje em dia são muitos os sites e lojas em que podemos encontrar uma grande variedade de produtos acessíveis e de confiança.
Resumidamente optar por cosméticos biológicos:
É sinónimo de menor impacto socio ambiental, pois as empresas ou produtores artesanais oferecem produtos de qualidade maximizando o desenvolvimento sustentável visto que privilegiam a escolha de matérias primas que provem de comunidades de comércio justo predominantemente locais.
É apoiar o consumo consciente, pois o nosso dinheiro está a ser investido em produtos livres de crueldade animal, que utilizam na fabricação das suas embalagens materiais reciclados e cujos ingredientes são cultivados sem pesticidas e OGM (organismos geneticamente modificados).
É apostar na saúde, pois uma vez que os produtos biológicos são compostos por ingredientes naturais, (boa parte deles é cultivada biologicamente), eles não são tão propensos a causar efeitos colaterais negativos associados aos cosméticos convencionais. Tais como:
• Ressecamento excessivo e descamação da pele; • Agravamento de problemas respiratórios, sinusite e asma; • Reacções alérgicas como erupções cutâneas; • Danos na pele, cabelo e olhos devido à exposição excessiva a produtos químicos; • Aumento do risco de cancro, problemas de fígado, e outros prejuízos no sistema imunitário e reprodutor.
ATENÇÃO: adoptar cosméticos biológicos e/ou naturais não é garantia de evitar qualquer reacção alérgica, cada pessoa possui uma propensão diferente, porém a incidência de reacções adversas com substâncias naturais é significativamente menor do com substâncias sintéticas.
Sabemos que ingredientes sintéticos considerados “seguros” em pequenas doses são aplicados na composição de inúmeros produtos que utilizamos diariamente, no entanto, sendo a pele o maior órgão do nosso corpo, estima-se que cerca de 60% do que colocamos sobre ela seja absorvido e levado para nossa corrente sanguínea. Actualmente, diversas equipas de cientistas por todo o mundo têm se debruçado sobre os efeitos da presença de perturbadores endócrinos no corpo .
Os perturbadores endócrinos são compostos químicos que interferem no funcionamento do sistema endócrino, ou seja, no conjunto de glândulas do corpo, como pâncreas, tiroide, hipófise e supra renais, e alteram a eficácia das hormonas, bem como sua produção endógena. Devido à quantidade e variedade de substâncias químicas com as quais interagimos no ambiente, cria-se um efeito cocktail dos perturbadores endócrinos.
A principal organização internacional de profissionais de saúde reprodutora alertou recentemente que o forte aumento da exposição aos produtos químicos tóxicos durante os últimos quarenta anos está a ameaçar a saúde da reprodução humana.
"Estamos a inundar o mundo com produtos considerados inseguros e vamos pagar caro em termos de saúde reprodutora", declarou Gian Carlo Di Renzo, autor do alerta lançado pela Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras, (organização com sede em Londres que reúne especialistas de 125 países). O alerta foi também publicado na revista International Journal of Gynecology and Obstetrics.
Por todas estas razões não tenho dúvidas de que a busca incessante da humanidade pela beleza pode também contribuir para salvar o mundo, caso seja uma busca consciente, respeitadora da natureza, de todos os seres vivos (humanos e animais) e sustentável!
#cosmética#vegan#beleza#sustentabilidade#biológico#consumo#consciente#ecologia#ecológico#maquilhagem#higiene#saúde
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¨A base de toda a sustentabilidade é o desenvolvimento humano que deve contemplar um melhor relacionamento do homem com os semelhantes e a Natureza.¨
Nagib Anderáos Neto
Um mundo sustentável - Construindo passo a passo
Este blogue tem o propósito de fornecer pistas para cada um de nós construir a sua vida de uma forma mais plena e consciente.
Personalidades eminentes das Ciências Sociais e Humanas, da Física Quântica, da Biologia, da Medicina, da Ecologia, entre outras, levantam questões fundamentais para questionar a nossa relação ao humano e à natureza e repensar um novo modelo de sociedade.
Face à progressiva aniquilação da condição humana, vozes de pensadores, cientistas e militantes, erguem-se actualmente um pouco por todo o mundo. Todos são unânimes em considerar que as nossas sociedades entraram num frenesim que actua como uma epidemia generalizada.
A lógica do lucro encontra formas cada vez mais sofisticadas para acelerar o tempo, fazendo-nos entrar num ciclo vicioso. Cortados de si próprios, os indivíduos recorrem a ansioliticos para atenuar o seu mal estar ou distraem-se e ocupam-se o mais possível para não ter de tomar consciência da sua escravidão. Caímos nesta anomalia para ganhar tempo, mas esta normalidade é que nos armadilha agora.
Paralelamente, um pouco por todo o mundo mulheres e homens tem iniciativas pioneiras, baseadas na consciência determinada e criativa, que nos oferecem novos horizontes para a criação de um novo mundo, inteligente, sóbrio e que coloca em primeiro plano das suas prioridades o desenvolvimento pleno da Vida no nosso planeta.
Neste blog, mensalmente será publicado um artigo ilustrado, que procura dar voz a essas pessoas que colocam em marcha a r(evolução) que esperamos. Os artigos contemplarão diversas iniciativas em áreas tão variadas como: alimentação, saúde, habitat, economia, educação, energia, cultura, ecologia entre outras.
As publicações do blog são ilustradas com fotografias e por vezes cartoon, ambos com direitos autorais registados. Como escritora e ilustradora acredito no papel activo do artista na emergência de uma nova sociedade mais autêntica e equitável. Vejo a Arte e a imagem em particular como incríveis possibilitadores de mudança e despertar de consciências.
De tripla nacionalidade, partilhei a minha vida entre França, Portugal e o Brasil, sendo o meu trabalho muito influenciado por este multiculturalismo e pelo meu percurso académico e profissional nas áreas da Sociologia, da História, História da Arte, Teatro, Cinema e Coaching de Desenvolvimento Pessoal, Saúde e Bem-estar.
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