Tumgik
whoisalana · 5 years
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Quem é Alana Andrade?
Prólogo
É um pouco difícil saber onde tudo começou. Não deveria ser, já que eu sou a Alana Andrade, contando a história de... Alana Andrade. Mas como fazer uma síntese de todos os acontecimentos que me fizeram ser quem sou? Viu?! Difícil.
Decidi começar pelo começo e ir desdobrando minhas vertentes à partir daí, e eu espero, caro leitor, que ao final desse breve texto, eu responda à pergunta: quem é Alana Andrade?
O começo de tudo. Bem... Quase tudo.
Resolvi pular a parte onde tudo começou de fato, porque seria nojento e totalmente bizarro narrar aqui o que meus pais fizeram para me conceber, e além do mais, eu acredito que todo mundo já saiba como essas coisas acontecem, né?! Então vamos direto para aquele momento lindo onde o milagre da vida finalmente acontece.
Eu nasci no dia 12 de dezembro de 2001, às 13h38, em São Paulo - SP. Mas eu quase não nasci.
Por um equívoco médico, eu já tinha passado da hora de nascer, meus batimentos cardíacos estavam muito fracos e eu estava quase morrendo, ainda dentro da barriga da minha mãe. O parto foi de emergência, e apesar do susto e do desespero de todos os envolvidos, ficou tudo bem.
Devido as complicações, eu precisei ficar no hospital por uns dias em observação, e acabei sendo levada pra casa no dia 23 de dezembro, o que a primeiro momento pode parecer uma data propícia, eu ia poder passar o natal em casa, com toda a minha família, meus parentes teriam tempo para me visitar, não poderia ter hora melhor! Mas deixa eu contextualizar um pouco a situação em que eu, recém nascida, me encontrava.
Assim que minha mãe engravidou, minha irmã do meio, Keyri, entrou em uma crise de ciúme que perdurou os 9 meses (e mais alguns anos, mas eu ainda vou chegar lá!) da gravidez, durante esse período ela se recusava a chegar perto da minha mãe, ela era, sem sombra de dúvidas, a pessoa menos animada pra me ter em casa, e ainda por cima, como se os 9 meses de gravidez já não tivessem sido ruins o suficiente, eu ainda iria arruinar o natal.
A minha irmã mais velha, Adna, por outro lado, nunca se incomodou com o fato de ganhar mais uma irmã, a animação na verdade era tanta, que foi ela quem escolheu nome, com todo o cuidado se atentando ao significado dele no livro dos nomes. Mas essa animação foi gradativamente indo embora, porque, veja bem: minha irmã nasceu no dia 14 de dezembro 1988, e eu decidi nascer dois dias antes do aniversário dela, aniversário esse que ela teve que passar seu meus pais, visto que eles estavam em tempo integral comigo na maternidade. Não dá pra julga-la diante dessa situação.
Eu era a pessoa menos bem-vinda na minha casa, e se eu soubesse disso tudo em 2001, eu provavelmente teria preferido passar o natal no hospital, mas essa é a vantagem de ser um bebê: eu não precisei lidar com nada disso.
Infância
Depois das complicações que eu tive ao nascer, todos achavam que o pior já tinha passado, mas a verdade é que depois de nascer, eu ainda quase morri mais algumas vezes. Tudo bem, talvez morrer seja um pouquinho exagerado, mas eu tive alguns imprevistos ao longo do caminho.
Minha mãe sempre foi muito cuidadosa, e não é só porque ela é minha mãe não, mas ela é provavelmente a melhor mãe do mundo. Visto isso, ela sempre cuidou muito bem de mim e das minhas irmãs, mas algumas coisas ela não conseguiu evitar, estavam fora de seu controle.
Eu tive alguns problemas de saúde, dentre eles, rinite, sinusite, estar abaixo do peso, pneumonia e anemia. Mas o que afetou (e ainda afeta) a minha vida de uma forma um pouco mais severa foi a asma.
Eu era uma criança que precisava evitar comer muito chocolate, rir demais, correr muito rápido, pular corda, e mesmo me privando dessas coisas, eu ainda conseguia fazer a proeza de ir para o pronto socorro pelo menos duas vezes na semana, por ter crises de asma muito severas.
Por conta dessas privações, minha mãe tinha medo que eu me tornasse aquele tipo de criança que passa o dia inteiro em casa mexendo no computador, - o que acabou acontecendo por um breve período, mas ter tempo ocioso acabou me incentivando a ler - então o médico recomendou que ela me colocasse na natação. Era um esporte, me ajudaria com a asma, e eu conheceria pessoas novas, iria interagir e viver em sociedade. O sonho de qualquer criança!
Então aos 11 anos eu comecei a fazer aula de natação, e ao contrário do que eu imaginava, eu acabei gostando, e como o médico disse, me ajudou com as crises de asma, eu conheci pessoas novas, dentre elas uma das minhas melhores amigas até hoje, e eu até mesmo peguei gosto pelo esporte.
E foi na natação que eu descobri um traço importante da minha personalidade: eu não sou competitiva.
Eu passei 3 anos na natação, e em um determinado ponto meu professor decidiu que eu deveria competir pela escola, e foi a pior coisa que me aconteceu. Toda a diversão e prazer que eu tinha nadar se esvaiu com o peso nas costas de competir pela escola, onde todo mundo conta com você e te pressiona a ser melhor que os demais. Essa atmosfera nunca me agradou, e alguns meses depois eu resolvi deixar a natação. É claro que hoje eu gosto de carregar o mérito de ter algumas medalhas e dois troféus por competir, mas se você me fizesse escolher, eu iria preferir ter continuado nadando, sem ganhar nada em troca, somente pelo prazer em fazer algo que se gosta.
Com a minha saída da natação, o tempo ocioso voltou e com ele meu interesse em me descobrir em outras áreas, e foi assim que eu fui para nas aulas de dança e teatro.
Logo na minha primeira aula de dança eu percebi que aquilo não foi feito pra mim, eu não tinha nenhuma coordenação e meu corpo parecia se recusar a seguir o ritmo de qualquer que fosse a música, mas eu adorava as professoras, adorava rir junto com a minha melhor amiga durante as aulas, o mais importante pra mim: ninguém esperava que eu fosse boa! Todos se ajudavam, se divertiam, e realmente não importava se existia grupos de dança por aí bem melhores do que nós.
Minha identificação com o teatro aconteceu de forma espontânea, e eu devo uma boa parte da bagagem que carrego comigo às minhas aulas de teatro. Sempre fui uma criança tímida - ainda sou um pouco, pra ser honesta -, e o teatro me ajudou a ser mais solta, falar em público, cativar amizades, entrar em contato com outros tipos de gostos, trabalhar em grupo, compartilhar ideias, respeitar opiniões e também saber dar a sua... O teatro sem dúvidas teve um dos papeis principais na minha vida, incluindo até a minha escolha em estudar algo relacionado a comunicação.
A minha infância foi boa, tive o privilégio de ter contato com artes, esportes, internet e livros. Eu vejo muito de quem eu sou agora, na criança que eu era.
Levo todas essas experiências como um capítulo muito importante no meio desses 18 anos.
Adolescência
Aaah o ensino médio... Aquela fase da vida do adolescente em que ele espera que seja uma mistura de High School Musical e algum outro filme clichê americano, com festas e um amor de verão épico. 
Bom, não sei se todos os adolescentes pensavam isso, mas eu que passei minha infância e pré adolescência assistindo Disney e lendo fanfics da McFly e da One Direction, certamente esperava pelo menos um pouco disso ao longo dos meus três anos do ensino médio. E se você, assim como eu, é uma pessoa que já teve essas expectativas, você já deve imaginar que eu quebrei a cara.
Olha, veja bem, não é como se meu ensino médio tenha sido um desastre total, ou um completo tédio. Eu fui para algumas festas, tive alguns amores (não de verão, no verão sou sempre solteira!), e em algum momento nós até dançamos High School Musical no meio da escola! Mas é como em qualquer outra situação em que se cria expectativas demais: você acaba se decepcionando.
Eu costumava descrever o ensino médio como ser tirado dos braços da sua mãe sem aviso prévio. Eu não sei dizer se essa descrição é culpa da minha personalidade dramática e exagerada, ou é a culpa de toda situação na adolescência tender a parecer o fim do mundo (talvez seja uma junção das duas coisas), mas o fato é que por alguns meses, foi assim que eu me senti.
Apesar do ensino médio não ter sido de todo ruim, seria desonesto da minha parte vir aqui contar que tudo que eu fiz foi beber e beijar na boca, porque você deve saber (ou pelo menos imaginar) que a escola não é assim.
Eu cursava ensino técnico integrado ao médio, o que me fazia passar mais tempo na escola do que em casa, e também me presenteava com o dobro de coisas para fazer. A grande quantidade de trabalhos, o curto prazo para entregas, a semana de provas que parecia interminável, e a constante luta em me adaptar a um curso onde eu não possuía muitas habilidades prévias, desencadeou inúmeras crises de ansiedade em mim. Toda essa situação e a minha falta de jeito para lidar com ela, me deixou muito dente, física e psicologicamente, e a minha lembrança mais vívida do meu primeiro ano de ensino médio foi: eu chorando sem parar por horas e fazendo meia refeição por dia por falta de apetite.
Eventualmente as coisas melhoraram - ou então foi eu quem me acostumei -, e apesar de todo o caos que é a ETEC, eu também me diverti muito, porque tem algumas coisas que só quem estuda na ETEC vive, e são memórias que eu irei carregar pra sempre e que fazem eu me sentir extremamente sortuda e privilegiada.
Em meio a toda rotina que os adolescentes vivem, de arrumar briga na internet, fazer lição de casa e tomar decisões erradas, eu consegui de alguma forma me tornar próxima da minha mãe! Não sei te dizer ao certo a razão disso, mas desde então minha mãe - e minha família, de modo geral - têm sido minha melhor amiga, e fico feliz que, no meio de tantas lições e coisas boas que eu tirei dessa fase da minha vida, ter uma ligação dessas com a minha mãe tenha sido uma delas.
Se eu pudesse resumir minha adolescência, aqui nesse parágrafo, eis o que eu diria: foi o meu momento de cometer erros, e de aprender com eles. Em três anos eu fui capaz de me colocar em situações que até Deus dúvida, tomei todas as decisões erradas possíveis e aprendi com cada uma delas, o que elas tinham pra me ensinar.
Ao fim dessa etapa maluca da minha vida, as situações que antes para mim eram o fim do mundo, se tornaram situações chatas, que no fim só precisavam me ensinar algo.
Fase adulta? Intermediária? Caos?
Bem, chegamos ao presente, agora que eu contei pra você toda a trajetória que me trouxe até aqui, acho que chegou a hora de contar um pouco o que eu já vivi nesses três meses, e de finalmente, depois de tanto falatório, encerrar o que era pra ser um texto breve.
Lembram que eu disse ali em cima que eu descrevia o ensino médio como ser arrancada dos braços da mãe sem aviso prévio? Pois bem, eu estava errada.
A verdade é que sair do ensino médio e ser jogada na faculdade onde todos te cobram uma postura que você ainda não aprendeu a ter, se parece muito com ser arrancada dos braços da mãe, mas surpreendentemente, o processo de adaptação foi muito mais rápido.
Acho que aceitação é a melhor solução né?! Digo isso como uma pessoa que sempre foi muito apegada ao passado, e que sempre teve a vontade de reviver momentos da minha vida, o que é natural, mas que em alguns momentos me deixava tão ligada ao que já passou que me impedia de viver o que estava acontecendo. Aceitar que as coisas se foram, e que essa é sua vida agora, e que por mais difícil que seja você é sim capaz de transforma-la numa aventura incrível e com memórias tão boas quanto as suas antigas, torna tudo muito mais simples, e te enche de uma esperança que você nem mesmo sabia que tinha.
Eu tive medo de pisar na Universidade São Judas por exatos 20 minutos, até me dar contar das oportunidades e portas que vão se abrir pelos próximos anos.
Chegamos ao final desse texto, e a pergunta continua em aberto: quem é Alana Andrade?
E eu acho que talvez eu nunca encontre a resposta, visto que quem somos é a soma de todas as coisas que vivemos, pessoas que conhecemos... E tudo isso está em constante mudança, nós estamos em constante mudança. Não há resposta para essa pergunta, não conseguimos resumir toda a nossa imensidão em apenas uma palavra, uma frase ou texto, por maior que seja.
O que nós podemos fazer é compartilhar com as pessoas parte do que somos, seja contando a vida inteira em um texto como eu fiz, ou mostrando uma música, dando um conselho que você leva consigo... Nós temos infinitas possibilidades de nos dividir com os demais, e eu espero que eu tenha conseguido fazer isso com você, caro leitor. 
Obrigada.
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