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O hétero de Taubaté

Eu to saindo com um cara, já tem uns três meses. Não posso dizer que é um namoro, porque não é. Pelo que eu entendi até agora, ele não quer assumir um relacionamento comigo pelo fato de eu ser um menino.

Eu sei que você vai dizer que se eu tivesse um pouquinho de amor próprio já teria pulado fora. Eu sei disso. Mas mesmo sendo um filho da puta, ele é um filho da puta apaixonante, e mesmo tendo esse problema, eu não consigo me imaginar terminando com ele. Ao menos não agora. Talvez se continuar assim um dia eu encha o saco. E eu sei que eu to errado, e que eu devia pular fora logo. Mas no momento eu realmente não consigo.

Mas vamos à história. Acontece que ele vive dizendo que é hétero. O que me chateia um pouco, afinal eu não sou mulher, então como ele pode dizer que é hétero?

Em defesa dele, ele nunca errou nome nem pronome comigo. E assim que disse pela primeira vez que era hétero, ele se justificou dizendo que não é que ele não me veja como menino, que ele vê sim, só que ele gosta de mim por quem eu sou. Pelo meu jeito, pela forma como eu ajo com ele, essas coisas. Mas que ele se considera hétero porque tipo, andando na rua ele nunca olhou para um cara e pensou que queria transar com ele. Esse tipo de atração física, ele diz que só sente por mulheres.

Se você pensar bem, talvez até faça algum sentido. O chato é que ele já falou isso algumas vezes, como se tivesse que afirmar a sua heterossexualidade. E eu juro que poderia entender, juro.

Se a gente não tivesse se conhecido no Grindr.

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Quando as pessoas nos surpreendem

Às vezes as melhores reações vêm das pessoas mais inusitadas. Mas primeiro eu queria dizer que semana passada foi aniversário de 15 anos de uma prima minha. E eu não via ninguém da minha família por parte de mãe desde o Natal.

No Natal eu tava com o cabelo curto e roupas masculinas, mas ainda não tinha contado pra eles e tinha começado com a TH há poucos dias. Mas nesses últimos meses, minha mãe contou pra eles, mostrou algumas fotos e me disse que foi tranquilo, que eles reagiram bem.

Na festa, todo mundo foi muito bacana. Me cumprimentaram e conversaram normal comigo. Teve um tio que sempre me abraçava que me perguntou como era pra me cumprimentar agora, e eu disse que do mesmo jeito. Teve uma tia que quando me abraçou, falou no meu ouvido “você tá muito gostoso!” Foi bem legal :p

Teve só um primo meu que nem me cumprimentou, mas enfim. No geral, todo mundo foi legal.

Mas isso foi a família da minha mãe. A do meu pai é mais complicada. Eles são insuportáveis - no sentido de que adoram implicar com tudo e se divertem zoando os outros. Acho isso um saco, e to com bastante medo de ir lá. A minha vó já me viu, mas foi rápido, e foi numa visita sem avisar, então eu tava de boa em casa, nem tava de binder...

O que eu quero contar pra vocês é que nessa semana meus pais foram na casa da minha avó e tava lá também a minha dinda. Eu não fui junto, mas a minha mãe me contou um pouco como foi.

Minha avó e minha dinda ficaram falando de mim só no feminino, e usando o meu nome antigo. Minha mãe disse que cada vez que elas fizeram isso, meu pai as corrigiu.

- ela

- ele

- Fulana

- Tales

Teve uma hora que a minha dinda disse “mas isso é uma fase, daqui a pouco ela deixa dessa besteira” e meu pai disse:

- não é uma fase, ele não vai voltar atrás. Ele já retificou todos os documentos, tá de barba, ele tá feliz de um jeito que eu nunca tinha visto antes. É Tales agora, é bom se acostumar.

É isso, meus amigos. Meu pai. O cara que quando tá comigo erra alguns pronomes, ou me chama no masculino de um jeito meio irônico. O cara que vive fazendo piadinha me dizendo que eu gosto de coisa de mulherzinha e que eu sou viado porque não gosto de futebol e cerveja.

Meu pai.

Eu nunca imaginaria que ele iria me defender assim. Foi uma surpresa maravilhosa.

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Enfia o teu esteriótipo no cu, por favor.

Diálogo que se seguiu aqui na casa dos meus pais. Passei pela sala e ouvi meu pai vendo tv. Reconheci na hora o programa, sem olhar pra tela.

- elas acabaram de perder o apartamento, né?

- Como tu sabe??

- É friends, eu posso reconhecer qualquer episódio só com uma fala.

- Porra..!

(Meu pai fica em silêncio por alguns segundos, depois começa a rir e fala pra mim, quando eu saio da cozinha e passo pela sala de novo)

- friends é série de mulherzinha.

Ele fala pra mim, rindo e eu fico com a maior cara de (?)

- friends é a melhor série de comédia de todos os tempos, isso sim.

- É coisa de mulherzinha (ele fala de novo, ainda rindo pra mim).

- Bom, então pq tu tá assistindo?

Ele não responde, mas continua rindo e eu vou pro quarto de novo.

Não interessa que eu diga com todas as letras que eu sou um menino.. pro meu pai, eu nasci sem um pinto e gosto de friends e comédia romântica. Ele nunca vai me ver como menino. É a típica pessoa que diz “eu não tenho preconceito, mas...”

Acho até engraçado ele julgar a minha masculinidade por gostar de uma série de comédia que foi sucesso no mundo todo e reprisa até hoje, certamente não apenas por causa de um público feminino e mesmo que fosse.. ele gosta de ABBA. O ápice da masculinidade, certamente.

Sei lá.. ser trans já é difícil, as pessoas esperam da gente mais reprodução de esteriótipos de gênero do que das pessoas cis. Como se fosse um “vc escolheu ser homem, se escolheu tem que se encaixar em todos os esteriótipos”.. as pessoas não entendem que não é uma escolha. E que ninguém se encaixa em todos os esteriótipos, se nem uma pessoa cis se encaixa, como poderia um trans? A gente tem uma puta vivência do outro lado, mesmo que eu não me identifique como mulher, não posso apagar tudo o que eu já vivi, tudo o que eu aprendi a gostar..

Não é porque eu me descobri trans que de repente eu vou deixar de gostar das coisas que eu gosto.. e não é porque eu sou um menino que é vergonhoso eu gostar de friends, ou de qualquer coisa que possa ser considerada “de mulherzinha”, como se feminilidade fosse um defeito, algo a ser combatido. Como se fosse errado.

Eu sou um menino, e eu posso gostar do que eu quiser. Eu posso ter a sexualidade que for. Posso ter o corpo que for. Isso não faz de mim menos menino. Não muda como eu me sinto ou como eu me vejo.. e eu não sei, mas não tenho paciência pra lidar com essas coisas. Eu sei que eu devia tentar explicar, mas de que adianta falar com alguém que não quer ouvir?

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Acontecimentos bizarros na minha vida, sem nenhuma explicação à respeito

- Eu já dormi em um banheiro, durante uma semana.

- Sou tão bom ator que uma vez ganhei prêmio de Melhor Atriz num festival estadual 👌🏻

- Já pedi dinheiro no sinal.

- Já caí rolando por dois lances de escada e não quebrei nada.

- Já empalhei um rato.

- Já fui em uma entrevista de emprego onde a entrevistadora certamente achou que eu era o anticristo.

- Já caí no golpe do “quer ver um filme lá em casa?” (Spoiler: não tinha filme nenhum).

- Também já caí em esquema de pirâmide.

- Já chorei por ver o cara que eu era a fim ficando com uma menina (mas eu tava completamente bêbado).

- Já morri de rir de uma amiga que estava bêbada e chorando porque o menino que ela gostava não gostava dela (mas, de novo, eu tava completamente bêbado).

- Já consegui emprego no tinder.

- Já marquei com boy do grindr pra transar sem nem saber o nome dele (e foi ruim).

- Já namorei há distância por anos, e quando ela veio morar comigo ficamos juntos por só 6 meses.

- Já caí numa apresentação de patinação.

- Já passei em dois vestibulares federais, e não cursei nenhum.

- Já comecei 5 cursos na faculdade.

Bom, essas foram as coisas que eu lembrei, até agora (e que podem ser mencionadas no horário nobre).

Quem vê, deve achar que a minha vida é uma loucura, mas eu JURO que essas são situações bem únicas e raras mesmo. Normalmente eu sou um anjinho super caseiro e nerd :) Hahahah

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Pra quem ainda não conseguiu retificar o nome: da pra fazer um novo RG. No novo modelo você pode colocar o seu nome social, e também pode atualizar a assinatura e assinar o nome social. Não é o ideal, mas já me deixou bem feliz.

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A saga do emprego - Final (como consegui um emprego graças ao tinder)

Eu tenho certeza que quem lê as minhas histórias deve achar que eu tenho uma vida muito louca, mas na verdade eu sou um cara bem caseiro, quieto, na minha. O foda é que nas raras vezes que eu saio um pouco da minha zona de conforto acontecem coisas MUITO bizarras.

Afinal, acho que você lembra da minha última entrevista de emprego quando eu descobri que eu era o anticristo (além disso ainda tenho algumas histórias que nunca contei, como o dia em que empalhei um rato, ou quando dormi num banheiro).

Hoje vou contar como consegui o meu emprego graças ao Tinder.

Eu comecei a sair com uma menina que conheci no app. Estamos saindo ainda, inclusive (aliás, depois de quanto tempo a gente tem que parar de chamar de “peguete” e tomar vergonha na cara pra pedir em namoro?)

Ela sabia que eu estava desempregado e vivendo um inferno em casa, com a minha família. Tudo o que eu queria era um emprego logo pra voltar a morar sozinho e também pra poder pagar meus hormônios. Estava quase em época de comprar mais e eu não tinha um puto no bolso. Ela sabia que eu era professor de inglês e disse que ia falar com um amigo que trabalhava em uma escola de idiomas.

O cara disse que estavam justamente procurando professor, e que a diretora adorou a ideia e mandou eu mandar um currículo. Eu fiquei meio confuso e perguntei pra menina “como assim? Adorou que ideia? Ela nem viu meu currículo ainda...” e a guria disse que achava que era o fato de eu ser trans.

Na hora eu fiquei meio irritado por ela ter falado isso pro cara. Tipo, não é que seja um segredo. Mas nesse dia eu descobri que ela sempre que falava sobre mim pra algum amigo, mencionava o fato de eu ser trans. E eu acho isso BIZARRO. Porque ninguém tem nada a ver com isso. É estranho, desnecessário, e, sei lá. É tipo “essa é minha amiga loira, mas ela nasceu morena” só que elevado à vigésima potência do oversharing. Ela até agora não entendeu porque eu me chateio dela sair dizendo pras pessoas que eu sou trans. Disse que “eu sou uma pessoa muito sincera, não gosto de esconder as coisas” e simplesmente não entende que dizer isso não é ser sincera, é compartilhar demais. Uma coisa é o assunto surgir, outra é fazer questão de ficar expondo, sabe?

Mas não vou entrar nesse mérito agora. O que interessa é que nesse caso específico foi bom ela ter falado. A escola é do tipo que apoia muito diversidade. Consegui uma entrevista.

Cheguei lá e quem fez a entrevista comigo foi o amigo da minha “peguete”. Ele disse que a coordenadora estava de licença e que a diretora estava em reunião, então ele (apesar de ser só professor) ia falar comigo.

Ele nunca tinha entrevistado ninguém antes e acho que estava mais nervoso do que eu. A coisa toda durou cinco minutos, e terminou com ele me dizendo “pra mim já é você, só tem que ver com a diretora” e ok, fui embora.

Depois recebi varias mensagens dele no WhatsApp com perguntas que ele tinha esquecido de me fazer na hora. Acabou pedindo pra eu voltar lá no dia seguinte pra falar com a diretora.

Eu até estava confiante, mas com medo dela não gostar de mim. Afinal, o amigo da guria era uma coisa.. diretoras costumam ser mais complicadas. Mas ela só me perguntou sobre disponibilidade, coisas mais burocráticas e disse “eu confio no Fulano, se ele gostou de você então está contratado”.

E foi assim.

Dois dias depois recebi uma mensagem de outra escola da mesma franqueadora (em outro bairro) perguntando se eu podia fazer uma entrevista. Eu disse que já estava em uma escola, perguntei se tinha problema, e ele disse que não, que seria pra trabalhar em outros horários, e que a diretora da escola que eu estava que tinha me indicado pra ele.

E foi assim que em menos de uma semana consegui dois empregos.

Tenho 11 horas semanais em uma escola, e 16 na outra. Pensa numa pessoa feliz!!!

Demorei pra escrever aqui, mas já fiz exame admissional, já fiz treinamento, já estou com a carteira de trabalho assinada pelas duas escolas, já tenho crachá.

E já me mudei também. Estou morando sozinho numa mini kitnet que fica bem no meio do caminho entre as duas escolas (e é num prédio todo feito de containers coloridos).

As duas escolas são ótimas. Nunca tive problema algum por ser trans, nem por coisa nenhuma. Inclusive no dia em que eu fui entregar a minha papelada pra secretária e a diretora estava junto eu estava mega nervoso, porque não tenho o nome retificado e não tinha meu nome social em nenhum documento. Aí eu falei isso pra ela e a menina só disse “não tem problema nenhum, xuxu”. Nunca ninguém errou pronome, nem nada.

E acho que estou bastante passavel porque nenhum aluno nunca disse nada também, e eu tenho varios alunos que são crianças (os mais novos têm 5 anos) e crianças geralmente não tem filtro.

Há alguns dias eu fiz uma identidade nova, e nela coloquei meu nome social (não é uma retificação ainda, porque não tenho como pagar nem tempo pra conseguir toda a papelada que eles pedem), mas é o meu nome num documento, né? Fora que também atualizei a assinatura, então já assino o meu nome. Aí cheguei na escola e estava com a diretora, a secretária e o professor que fez a entrevista comigo e falei pra eles que eu tinha feito a identidade e todo mundo comemorou, me deram parabéns, queriam ver como ficou.. na boa, eu nunca gostei tanto de trabalhar em um lugar. Aquela galera é incrível.

Qualquer dia conto mais histórias de lá. E tenho que contar também sobre “a conversa” que tive com a minha mãe. Mas isso fica pra outro texto...

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Trans na entrevista de emprego (você tinha que estar lá pra entender)

Fiz a entrevista. Ninguém me tratou errado, ninguém perguntou se eu era um “homem de verdade” nem nada do tipo. Eu disse “oi, meu nome é Tales” e pronto, todo mundo me tratou no masculino sem questionar nada. Inclusive também ninguém ficou espantado quando eu disse que tinha 28 anos. Foi tudo tranquilo nesse ponto.

Mas teve uns lance meio esquisito.

Eu preenchi uma ficha. Tinha mais 4 caras lá. Nos deram uma prova e depois foram corrigir. Um dos meninos não terminou a prova, os outros 3 mandaram ir pra casa porque não passaram. Aí eu passei e fui fazer a entrevista com a coordenadora.

Era uma tia de sessenta e muitos anos, muito elegante que falava baixo demais. No meio da entrevista acontece o seguinte diálogo:

“Qual a sua formação?”

“Me formei em inglês na Wizard, sou estudante de letras..”

“Não, eu digo a formação da sua família. É cristã.. ou outra coisa..?”

“Ahm.. a minha família é cristã, sim”

“E você?”

“Eu não sigo nenhuma religião”

“Certo.. e quem é Deus pra você?”

Nessa hora eu queria dizer que era um amigo imaginário de muita gente e muletas para controle populacional em muitas culturas. Mas era evidente que essa era a resposta errada. No final das contas, ela me solta um:

“É que a nossa escola é cristã e tal..”

Hm, bom pra você. Mas é pra eu ensinar inglês ou a rezar o pai nosso?

Óbvio que eu não disse que era ateu, né. Eu respeito as religiões dos outros, mas noto fácil quando as pessoas não respeitam o fato dos outros não terem uma crença assim. Enfim.

Depois ela implicou com as minhas tatuagens. Perguntou se eu tinha alguma e eu estava com duas visíveis nos braços né. Então falei delas e mostrei pra ela. Ela ficou implicando.. dizendo que é um pecado e também que pode dar doença e cair o braço (?) mesmo depois de cicatrizado. Enfim. No final, ela só me disse que tudo bem se eu usasse mangas longas. Nem comentei das outras cinco. Não aparecem mesmo.

Final das contas. Ela foi olhar o meu endereço e fez uma cara assustada. Perguntou se estava certo, eu confirmei.

O número da minha casa é 666 (antes que você diga alguma coisa, já estava assim quando eu cheguei. Não fui eu que escolhi esse número, obviamente).

Me mandaram voltar lá no dia seguinte. Mas sei lá. Tá bem óbvio pra mim que a tia não foi muito com a minha cara. Eu sou a síntese de tudo o que eles parecem abominar.

Ateu, tatuado, transgênero que mora no número 666 - obviamente uma cria de satanás.

Mas né. Eu estava decidido a voltar lá. Mas a mulher me disse que eu teria que ir com roupa social e sapato, e eu não tenho isso. Procurei em casa, algo do meu pai, ou sei lá.. mas nada serviu. Aí.. mandei um e-mail pedindo pra remarcar. Tenho 170 reais só, preciso pagar hormônio e não tenho como comprar uma calça e um sapato.

Se eu achasse que tenho boas chances de conseguir, talvez até tentasse mais. Mas eles vão fazer entrevista a semana toda, e mesmo que eu passe, com base no que eu vi ate agora tenho certeza que a minha documentação seria um problema. Então.. acho melhor economizar o dinheiro da passagem (são quase 20 reais ida e volta!)

Tem uma outra escola que ficou de me chamar. Já viram o meu currículo e gostaram bastante, e o cara é amigo de uma amiga minha (“amiga” é meio estranho.. conheci ela no tinder. Não me julgue) e ela já disse pra esse cara que eu sou trans, e eles gostaram ainda mais de mim, aparentemente um pouco de diversidade é bom. Quem diria, não é?

Enfim. Estou apostando minhas fichas nessa escola. Espero mesmo que me chamem, porque a escolinha cristã com certeza não combina muito comigo mesmo..

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A saga do emprego (e os tormentos da baixa autoestima)

Odeio procurar emprego. Odeio colocar no fato de eu ser trans a dificuldade de arrumar um emprego, afinal acho que tá difícil pra todo mundo. Mas não da pra dizer que essa dificuldade não existe, e isso é horrível. A gente se sente péssimo, especialmente quando sabe que é bom na coisa, mas a nossa competência parece importar menos do que a nossa aparência. Eu sou professor. Acho que esse ainda é um espaço bastante conservador. “O que os pais dos alunos vão pensar?”

Há mais ou menos um mês consegui uma entrevista. Por telefone o cara tinha amado o meu currículo. Me deu bastante esperança de que estava quase certo. Aí eu cheguei lá pessoalmente, e o sujeito me olhou dos pés à cabeça com uma cara claramente incomodada. Falou rápido comigo, e disse que qualquer coisa ligava. Não ligou.

Amanhã tenho outra entrevista, numa outra escola. Estou com tanto medo que tenho medo de acabar não indo pra não passar por isso de novo.

Eu sei que estou numa fase meio confusa visualmente para o cistema. Quem olha pra mim às vezes tem dúvida se eu sou um menino de doze anos ou uma lésbica. Ninguém jamais iria imaginar que eu sou um cara de 28 anos. Isso é frustrante.

Eu saio pouco de casa. Nessas saídas fui tratado no masculino por duas pessoas diferentes, que não me conheciam, mas me leram no masculino. Há poucos dias, estava na casa de uma garota e quando ela me apresentou para a mãe dizendo “esse é o Tales, meu amigo”, a mulher me olhou por varios segundos e perguntou “mas é menino ou menina?”

Há poucos dias, meu pai me disse “eu tenho poucas certezas na vida, mas uma certeza que eu tenho é que você não é um menino”.

Uma menina deu match comigo no tinder pra me chamar de aberração no chat e dizer que eu nunca seria um homem de verdade.

Nesses momentos, eu juro que penso como pode ter gente que acha que isso é uma simples escolha? Que pessoas trans escolhem passar por isso porque acham legal? Não é legal. É um golpe diferente na autoestima todos os dias.

Então é. Eu estou surtando com esse lance de entrevista amanhã. Eu sei que sou um bom professor. Sei que meus alunos sempre me adoram e aprendem nas minhas aulas. Sei que na última escola eu tinha a pior turma da escola e a média deles de 5 subiu para 8 depois que comecei a dar aula pra eles. Não estou dizendo isso pra me gabar, mas é que eu sei do meu profissionalismo e é frustrante demais não poder trabalhar com algo que eu amo, que sou bom, que estudei pra isso e tenho experiência só por causa da minha aparência.

“Ah, mas espera. Quando você estiver mais passavel vai conseguir fácil” amigo, eu preciso pagar médico e hormônios pra ser passavel. Como faz isso sem emprego???

Sei lá. Minha confiança está um horror. Eu tenho medo de passar por uma situação ruim de transfobia. É nesses dias que eu só queria chorar em posição fetal. Freddy Mercury me entendia.

I don’t wanna die. Sometimes wish I’d never been born at all.

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Um trans no tinder - não, eu não sofri transfobia

Eu basicamente sempre tive MUITO problema pra me relacionar com as pessoas. Meu nível de experiências pra minha idade é ridículo - o que é até engraçado de pensar, pq por eu ser pansexual todo mundo acha que eu to sempre “pegando alguém”, que sou extremamente promíscuo e etc. E isso não poderia ser mais longe da realidade. Por eu ter muitos problemas pra me aceitar e conviver bem com o meu corpo, eu nunca me envolvo com ninguém. A única coisa que ser pansexual diz sobre mim é que eu posso sentir atração por pessoas, independente de gêneros. Não significa que inevitavelmente eu esteja sempre transando por aí.

Mas enfim. Voltando. Eu sempre tive esses problemas antes da transição, só que não entendia o motivo. Depois que eu comecei eu me perguntei muito isso. “Se eu já não consigo ninguém assim, quem vai me querer agora?” Eu ainda não tinha me aceitado muito bem, e eu mesmo me via como uma coisa esquisita que ninguém ia querer.

Mas eu resolvi arriscar. Eu já vi varios relatos horríveis, prints e coisas do tipo sobre como é difícil ser trans em aplicativos de relacionamento. Mas eu não saio muito, não tenho amigos pra ir em lugares, então achei que era a melhor opção tentar.

Fiz um perfil no tinder, no badoo e no grindr (afinal, pansexual né amores?) e no meu perfil eu deixei claro que sou homem trans. Não falei como “sou mesmo, me amo, se você não me aceita vc é transfóbico”.

Não falei como “sou trans e acho que vou morrer sozinho. Por favor me dá uma chance”.

Nada disso. Eu fiz um perfil legal. Coloquei fotos, escrevi coisas legais sobre mim, e no meio disso tudo um “sou homem trans”. Afinal, isso não é tudo sobre mim. Não é o que me define. É apenas uma das minhas muitas características, então eu não quis dar muita ênfase. Só quis deixar claro no perfil pq seria muito difícil pra mim contar depois.. assim, quem me dá like já sabe e não preciso ficar me explicando.

Foi uma ótima estratégia pra mim. Confesso que não tenho muitos likes. Também teve gente que deu match comigo e quando eu mandei “oi” a pessoa desfez o match e a conversa sumiu, então eu acho que pode ser porque ela deu like sem ler o perfil e quando eu chamei foi ler antes e, enfim.

Não tenho como saber, e também não fico pensando nisso.

Justamente porque a minha experiência, de um modo geral, tem sido ótima!

Eu tinha tanto problema em me aceitar que achei que só tinha gente babaca no mundo. Mas as pessoas com quem eu conversei foram todas muito legais!

Algumas me perguntaram coisas da transição, mas foi de forma natural, que surgiu na conversa. E com muito respeito. Ninguém foi escroto. Algumas dessas pessoas já tinham convivido com algum trans (namorado ou amigo). Algumas não, mas ao contrário do que eu sempre vejo todo mundo falar na internet de que a maioria das pessoas é escrota, faz perguntas inconvenientes e tal, eu não passei por isso. Todo mundo com quem eu conversei foi muito simpático e respeitoso. Bom senso, que chama.

Mas vamos lá. Eu tenho agora experiência em usar esses aplicativos sendo visto como mulher e agora como homem. E cheguei a algumas conclusões interessantes.

Ignorem a generalização. É uma análise do que eu passei, mas sei obviamente que não são todas as pessoas assim.

Homem com mulher: quando eu tinha perfil feminino, os caras em geral tentavam ser simpáticos e ir devagar. Mas sempre tinha aqueles que pediam “foto de agora” e só de dar match já pediam número de WhatsApp. Eu não quero ser esse cara.

Mulher com mulher: elas eram amigáveis demais. Queriam muita amizade.. também quero amizade, mas ficava até difícil pensar em algo além.

Mulher com homem: elas em geral esperam que eu puxe assunto. Tem muita pressão envolvida, eu fico com medo de falar algo errado, ou de não ser tão interessante. Eu sou eu mesmo e converso mto bem depois de algum tempo, a coisa flui magicamente. Mas quebrar o gelo inicial é bem difícil pra mim, e é complicado o fato de sempre esperarem que o cara conduza. Acho q por mais que a gente seja desconstruído, ainda tem muito machismo na nossa vida.

Homem com homem: esses são os mais engraçados. Se homem com mulher eles tentam ser sutis, homem com homem não tem sutileza nenhuma. A maioria das pessoas q falou comigo era “oi, tá livre hj? Tem local?” A maioria deles (dos q eu conversei, pelo menos) usa esses apps só pra pegação, então eles não têm tempo a perder. Mas não senti desrespeito nem objetificação por eu ser trans. Os caras que falaram comigo não pareceram dar muita ênfase a esse fato. Teve um que nunca tinha ficado com trans, então me perguntou algumas coisas meio invasivas, mas como ele tinha interesse de ficar comigo, não vi como algo ruim. Seria ruim se fosse só curiosidade. Teve só um que me assustou um pouco. Que depois de um dia de conversa já tava me chamando de amor e com mil planos.. sei lá. Devagar, né filho? Eu nem sei o seu sobrenome!!

Outra coisa interessante. Eu não peço e nem mando nudes. Nunca recebi nenhum de mulher. Mas de homem.. pqp. Mano, ninguém pediu. Guarda a tua rola, por favor.

Quando eu tinha perfil feminino, isso não acontecia tanto. Mas perfil masculino a maioria dos caras inicia a conversa com uma foto do pinto, e depois segue o papo como se fosse a coisa mais normal do mundo. Eu acho mto engraçado. Confesso que fico me sentindo meio estranho por não corresponder. Será que eu devia mandar uma foto do meu packer? Hahahah.

Em resumo, eu só queria dizer que diferente do que eu imaginava, eu só tive experiências legais nesses apps depois de ter me aceitado e me apresentando no masculino, dizendo que sou trans.

Então, se você está aí do mesmo jeito que eu estava, achando que ninguém nunca vai te querer por ser trans, que vai sofrer preconceito de todo mundo, que sua vida é um erro.. para com isso. Você que está sendo preconceituoso de achar que todo mundo é babaca. Claro que tem gente babaca no mundo. Mas pelo que eu vi até agora, tem muita gente legal, sim.

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Mais uma boa notícia!

Hoje choveu muito aqui e faltou luz. Fomos no shopping porque eu e todo o resto da minha família somos muito hiperativos pra ficar no escuro sem fazer nada.

No shopping, fomos na praça de alimentação. Meus pais foram num restaurante e eu, minha irmã e minha cunhada fomos comprar milkshake no Bob’s.

Quando chegou a minha vez na fila, o atendente me soltou um “o que seria pra você, amigo?”

MANO!!! Isso nunca tinha acontecido! É a primeira vez que alguém que não me conhece me viu e me tratou no masculino. Juro que minha vontade era de rir na hora. Pegar o celular e chamar o cara pra uma selfie do tipo “pera aí, colega, da um sorriso que eu tenho que registrar o momento” Haushsush.

Mas óbvio que não fiz isso. Só fiz o meu pedido normal e acabei meio que engrossando ainda mais a voz, acho que com medo de que se a minha voz saísse fina, o cara se sentisse mal por ter me tratado no masculino, sei lá. Kkkkk

Mas nem precisava, a minha voz tá bem grave já..

Fiquei muito feliz c:

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Um dia feliz

Hoje eu tomei minha primeira dose de Deposteron! \o/

A história é a seguinte. Eu estava usando Androgel por conta própria há 2 meses. Tive ótimos resultados pelo tempo, mas queria fazer a coisa direito, com acompanhamento médico. Em teoria o Androgel é caro, mas se somasse valor de endócrino + psicóloga por sei lá quanto tempo até me dar laudo + transporte pra isso tudo.. ia sair muito caro.

Aí há algum tempo atrás um amigo me ajudou muito e conseguiu o telefone de uma endócrino daqui que disseram que não pedia laudo. Acabei marcando. Eu tenho um convênio (e é justamente o único que ela atende), mas a primeira consulta era paga. Precisei esperar até ter dinheiro pra pagar. Finalmente consegui e fui.

Eu marquei o negócio com meu nome de registro, porque não tenho nenhum documento com nome social ainda. Mas assim que eu cheguei e a secretária me pediu meu documento ela já olhou pra mim (e acho que deu pra ver na minha cara) e perguntou se eu preferia se ela fizesse a ficha com meu nome social. Já dei uma respirada aliviado, adorei aquilo <3

Aí ela me pediu pra esperar. Logo depois a médica chegou e me chamou (pelo meu nome!) e eu entrei, minha irmã tava junto e ficou esperando na recepção.

A médica foi extremamente querida comigo. Nossa, foi demais!! Só foi engraçado quando eu entrei e ela perguntou o que eu estava fazendo lá e eu disse “eu sou trans, e quero fazer terapia hormonal” aí ela me olhou e tipo “tá, mas trans o que?” e eu falei “homem” e ela me olhou meio “ah, tá.. mas você nunca usou hormônio?” e eu expliquei que já estou usando o Androgel há dois meses, aí ela “aaaah, então é isso! Porque você está com um aspecto bem andrógeno, que fica difícil saber” sei lá, foi engraçado. E ela falou da minha voz também. Até disse “porque você não está mais com uma voz feminina.. ou ela já era assim?” Falei que já tinha mudado bastante, e tal.. foi legal. Ela nunca tinha me visto, e sabia que já tinha mudado bastante, hehe.

No final das contas, ela me disse “bom, eu iria te pedir pra fazer uns exames primeiro, mas como você já está usando o hormônio, agora não adianta muito”. Aí ela me deu receita pra duas caixas (6 aplicações) e me deu requisição pros exames também, pediu pra eu fazer antes da última aplicação e levar lá.

Porra, fiquei feliz demais!!! Já saí de lá com as receitas então, logicamente, fui procurar uma farmácia que aplicasse, né?? Haushsush

Demorei até achar uma que aplicasse, mas achei. Aí na hora de aplicar eu tava extremamente ansioso, mas tbm com um puta medo. Primeiro pq eu já morro de medo de agulhas (é, vergonhoso, sei disso) segundo pq a menina que ia aplicar ficou me assustando “vou te avisar que dói bastante, tá? Porque ele é um medicamento muito oleoso”. Achei hilário quando ela me perguntou se eu preferia no glúteo direito ou esquerdo. Antes de eu responder ela já emendou “e sim, tem que ser no glúteo, não pode ser no braço”. Acho que muita gente deve fazer essa pergunta pra ela :p

Mas enfim. Aí ela foi aplicar e ficou narrando tudo o que ia fazer. “Agora eu vou esticar a tua pele e espetar a agulha” e eu tentando ficar calmo, né? Kkkkk mas aí passaram uns 5 segundos e eu não senti nada. Só senti uma picada ou sei lá muito sútil depois de um tempo, e ela disse “agora eu vou aplicar, vai doer porque ele é muito oleoso, por isso eu vou aplicar bem devagar, ok?” E eu lá.. ok, né. Mano, quando ela se afastou eu olhei tipo “já acabou?” E ela disse que sim, e eu fiquei WHAT??? Não senti nada. Quero aplicar sempre com essa menina.

Não senti nada mesmo, nem acreditei.

Aí eu saí e voltei pra casa. E agora estou aaaaaaaa!!!

Mas enfim. Descobri que preciso fazer pelo menos a carteira social, pq a médica ia fazer a receita com meu nome social e teve que fazer com o nome de registro, pq se não a farmácia não ia querer aplicar. Vou fazer assim que possível. Preciso da minha certidão de nascimento, que tá na minha casa e agora eu to na casa dos meus pais. Quando eu for lá já pego pra fazer isso logo.

Bom, basicamente foi isso.

Minha vida tá uma bagunça, um caos, tudo acontecendo.. mas pelo menos agora eu to mais feliz :)

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Tenho algumas notícias bem ruins (como sempre), mas hoje quero focar nas coisas boas!! A primeira delas é a mudança na minha voz, que literalmente me assustou e me pegou totalmente desprevenido! Eu achei que ela seria gradual e sútil e que eu nem iria notar... mas acontece que foi literalmente de um dia pro outro! Desde o primeiro dia em que apliquei a T (uso androgel 50mg - nem tava levando fé que ia funcionar por ser só o gel e não a T injetável) eu senti algo diferente na garganta. Não chegava a ser uma dor, mas é uma sensação estranha. Achei que era psicológico, por causa da minha ansiedade. Mas aí, ontem, eu acordei com a voz bem mais grossa. Foi totalmente de repente, no dia anterior tava fina aí de repente engrossou. Ela na verdade está falhando muito! Se eu falar no meu tom habitual, ela falha e eu fico sem voz nenhuma, aí a minha voz está saindo naturalmente em um tom mais grave. Meio rouca, mas bem mais grave. Eu tento forçar ela a ficar mais fina às vezes, pra ver se consigo, e ela não sai e eu morro de rir, de tanta felicidade. Eu não gravei a minha voz falada antes de começar a T (pq sou uma anta e esqueci), mas tenho em vídeos, então consigo fazer um comparativo legal pra mim mesmo. No entanto, achei no celular essa gravação em que eu tava cantando uma música (gravei isso muito antes da T) e ontem eu gravei de novo a mesma musica e juntei os dois aí pra vocês verem. Pra mim a diferença é gritante!! Confesso que por mais que eu esteja feliz, sinto uma certa dó de saber que aquela voz não vai mais existir no mundo. Eu sempre achei minha voz linda, só não queria que fosse minha, sabe? Hahaha. Mas acho triste ela deixar de existir, de certa forma. Espero que eu ainda tenha uma voz legal pra cantar daqui alguns meses. Vai ser diferente, mas eu amo cantar, e adoraria continuar com uma voz agradável pra isso :p Outra mudança que notei foi o suor. Mas realmente está quente pra caralho, aí poderia ser só isso. Só que eu nunca fui de suar. Eu suava tipo só se estivesse muuuuuito quente E se eu fizesse exercício físico. Agora só de ficar parado sem ar condicionado já estou pingando. A melhor mudança? Desde que comecei com o Androgel não menstruei mais!!! \o/ eu não queria comentar ainda, porque vai que vem, né? Mas já passaram 56 dias desde a última vez, e eu sempre tive isso muito regulado, e menstruava com exatos 30 dias. Acho que é um bom sinal :3 Estou fazendo uso do Androgel há menos de dois meses. Sempre vi todo mundo dizendo que as mudanças com ele eram mto mais lentas do que com a injetável, mas acho que estou seguindo numa velocidade ótima, né? Claro que a gente sempre tá ansioso e quer mais rápido, mas acho que pra Androgel tá muito bom.. O problema é que não to fazendo nenhum acompanhamento médico. Pretendo ir assim que possível (até cheguei a marcar, mas ela não atende a primeira consulta pelo plano, aí tem que pagar e acho que vou ter que desmarcar, pq não vou ter o dinheiro até lá). Mas quero ir, fazer tudo certinho e trocar pela injetável pelo preço mesmo (Androgel não vai dar pra comprar pra sempre). Outra notícia boa é que vou cortar o cabelo hoje!! Eu já tinha cortado um bom pedaço e ele tá na altura do queixo na frente e mais curto atrás. Aí ontem joguei um verde com a minha mãe (até pouco tempo atrás ela não queria de jeito nenhum que eu cortasse. Aí cortei desse jeito pra mudança não ser tão chocante). Ontem eu comecei a reclamar do calor e que o meu cabelo tava me incomodando muito por estar comprido o bastante pra cair na minha cara e ficar quente, mas muito curto pra prender.. aí falei que tava querendo cortar mais, e ela levou de boa, nem falou nada. Acho que escolhi um bom caminho, ao invés de cortar curtinho de primeira, pq aí certeza que ia ter escândalo. Então, é isso. Só queria compartilhar mesmo que estou muito feliz com minhas mudanças!! ❤️

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Tá escrito LMAO mas não interessa, eu sempre vou ler limão.

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Percebo que estou velho quando lembro que no ensino médio ao invés da sigla LGBTQ+ a gente dizia GLS.

Porra, eu to muito velho mesmo.

Quando eu era criança, kinder ovo custava um real. Agora a pessoa tem que fazer um financiamento se quiser comprar um.

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Eu nunca vi nenhum trans falar sobre isso, então não acho que seja algo relevante, mas uma curiosidade que eu acho interessante sobre mim é que desde sempre literalmente em TODOS os meus sonhos eu sempre sou homem. Ou era menino, ou homem adulto, mas sempre era um cara nos meus sonhos. E não era uma grande questão tipo “meu deus, eu sou um homem!” eram sonhos normais, comuns, só que eu sempre me vi e sempre fui visto pelos outros como homem, de uma forma muito natural.

Naqueles papos com família já comentei isso. Sempre tem alguém que tem um sonho recorrente, alguém que jura que tem controle sobre o sonho, alguém que sonhou algo num dia e a continuação do sonho no dia seguinte... aí já comentei isso. Que em todos os meus sonhos eu sempre fui homem.

Óbvio que ninguém achou que isso fosse algo relevante. Nem eu achava até pouco tempo atrás. Mas agora é mais um dos pontos que me faz me sentir extremamente burro por ter levado tanto tempo pra entender.

Sorte dessa geração nova, com a mente mais aberta e com mais informação disponível que com 18 anos já se entende e está se hormonizando. Tenho invejinha de vocês, confesso. Kkkkk

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Quando eu era criança eu não era a ranger rosa nem a ranger amarela. Eu era o ranger vermelho.