#w. bencavaglieri
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vcxed · 1 year ago
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☠️ —— Sentada, tinha os as mãos em seu colo, como se para mantê-las próxima de sua visão e, assim, estar sempre ciente do seu próximo momento a enfrentar. Mas os olhos não estavam observando-as, davam pouca importância para os dedos impacientes e para a forma como elas pareciam querer retirar os pelinhos inexistentes da calça jeans que usava. Ela não sabia se a forma como o coração desacelerava no peito era devido a alguma habilidade que ele possuía, mesmo assim, conforme o estudava e deixava-se levar pelos traços do rosto alheio, seu corpo já começava a se desfazer, brevemente, de toda a confusão antes dona de sua mente. Entretanto, foi o toque alheio causador de um pouco mais de agitação, ela percebeu quando através dos dígitos frios em sua nuca, o filho de Zéfiro exigiu contato visual. Vex quis encolher, talvez até o tenha feito, sem perceber, recebendo o encostar como uma corrente elétrica que se guiou através de sua coluna; ela apertou as próprias coxas, incerta do que fazer com suas mãos.
Sua agitação era visível na vibração das íris que até podiam não mais exibir a cor vermelho sangue, digna de Ares, mas expunham o que sentia. Seus olhos tremiam, vibravam rápido dentro das orbes, rápidos o suficiente para serem perceptíveis apenas por aqueles que realmente fossem bons observadores, mas rápidos o suficiente para que incomodasses Vex na hora de firmar algum tipo de atenção. Ela entreabriu os lábios: uma tentativa infantil de conseguir respirar com mais facilidade, como se fosse preciso. Percorria com atenção exagerada o formato de suas sobrancelhas, a pontinha de seu nariz e até o ponto mais alto de suas maçãs do rosto, por segundos breves, quando tornou-se incapaz de retribuir o olhar fixo que ele tinha em si, envergonhada ━━━ suspeitava agora que o quente que sentia em suas bochechas já não era mais devido à sobrecarga.
Talvez devido a sua incapacidade de sustentar o olhar que Vex percebeu a forma como os sentimentos que lhe invadiam lutavam contra a sensação que o rapaz queria lhe transmitir através de seu toque delicado e seu semblante impassivo. De início, foi como uma guerra entre as sensações ruins e as boas que eram fortalecidas através do toque. Então, a filha de Ares suspirou pesadamente, pulmões enchendo-se de uma vez pelo ar que antes parecia não chegar até estes, fora a sensação de alívio que lhe acometeu. Finalmente, parecendo livre daquilo tudo. Pelo menos por alguns instantes. E sorriu, genuíno, sincero, grata pelo que havia lhe sido feito.
Nem mesmo a constatação foi o suficiente para derrubar seu humor, repentinamente, melhor. Na saída, Vex sentiu falta imediata dos dígitos alheios tocando sua nuca, mas tentou não demonstrar, não fosse pelo leve franzir em seu cenho, mas que poderia ser facilmente despercebido. "Acho que vou ter que me virar aqui dentro", concluiu simplista, enganando-se quando, na verdade, já havia pensado algumas vezes em sair dali outra vez. Ainda assim, estava entretida com... "Ben", ela saboreou o nome entre os lábios, sussurrando, se deleitando com os fonemas. Não lhe era incomum, não era novo. Certamente havia ouvido falar dele, o conhecera, nem que fosse à distância, anos antes. "Prazer, Ben, filho de Zéfiro. Vex", apresentou-se sem dar muita importância. Talvez ela também não lembrasse de si com tanta facilidade assim. "Muito melhor", era claro como o dia na expressão limpa; nos olhos azuis, certos; no sorriso que não deixava seus lábios. "Muito obrigada! Com certeza te procuraria, entretanto, não quero incomodá-lo mais uma vez com toda essa situação", explicou-se rapidamente. "Mesmo assim, muito obrigada! De verdade!"
Ben considerava que ser filho de um deus, já era uma bênção por si só. Quando percebia que havia tido mais sorte do que nunca de ter sido descendente de alguém como Zéfiro, então... Sentia-se mais grato do que nunca por apenas observar o sofrimento dos outros legados, não partilhando deles, como parecia ser o caso da loira diante de si. Em partes, o Cavaglieri realmente se comovia em excesso com aquele tipo de cena, mas também sentia que, como no tempo dos próprios divinos, a sorte estava lançada e todos nasciam onde e quando tinham de nascer, sendo uma pena, entretanto, que algumas crianças sofressem o que a filha de Ares sofria agora, por exemplo. Não que gostasse daquela sensação de ter se acomodado ou ser incapaz de lutar por algo muito diferente, mas era o que era; ser um filho da brisa suave tinha lá seus impactos na vida dele, também, a começar pelo comportamento que tinha diante de situações tão difíceis.
Por fim, acabou se ajeitando ao lado dela, respirando fundo, tentando ignorar os outros ruídos que os cercavam. Ouviu com atenção as palavras alheias antes de, efetivamente, levar os dedos da destra até a nuca feminina, tocando com cuidado a região, ao mesmo tempo que buscava pelo contato visual dela, quase se distraindo, por uma fração de segundo, com o brilho azul das irises alheias ou no cheiro muito específico que vinha dos fios loiros. Poderia ter utilizado somente do toque, do olhar ou do sorriso para ajudá-la a se tranquilizar, mas preferiu combinar dois elementos só para garantir. Primeiro porque, tendo obedecido às orientações de Zéfiro desde muito cedo, procurava evitar os filhos da guerra a todo o custo, e segundo, porque, tendo feito isso ao longo de sua vida, não sabia muito bem qual a eficácia da bênção de Afrodite sobre a figura à sua frente.
De qualquer forma, Benaminiano manteve-se naquela postura, aguardando alguns instantes até que tivesse a certeza de que havia conseguido projetar a ajuda necessária, em Vex. Situação que também havia sido um bocado inusitada para ele, que poderia jurar que havia sentido algo como uma leve sensação de choque percorrendo a base de sua espinha e indo de encontro à sua nuca. Parecia ter sido bem mais difícil, e resistente, do que o que já havia feito com qualquer outro semideus, como se, de fato, as sensações ruins dela criassem uma barreira extremamente sólida entre os dois.
"O Acampamento não vai ser o melhor lugar do mundo pra você nos próximos tempos... Mas você também não pode voltar lá pra fora." Constatou, crispando os lábios antes de soltá-la, com tanto cuidado quanto havia tratado de tocá-la. Ben era grande, corpulento, mas tão delicado quanto sua ascendência divina poderia permitir que ele fosse. "Quando isso acontecer de novo, se você precisar de ajuda e não encontrar algum semideus da prole da justiça que faça o mesmo que eu... Pode me procurar." Sorriu de canto, mantendo o tom baixo e agradável enquanto ajeitava a postura. Não sabia se Vex sabia quem ele era como ele sabia sobre ela, então era melhor seguir com o usual. "Chalé de Zéfiro. Meu nome é Ben, a propósito." Encolheu minimamente os ombros. Era tão estranho precisar se reapresentar depois de todos aqueles anos... Mas não era de todo algo ruim. "Se sente melhor?"
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divincomedy · 1 year ago
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╰ . ꙳ ━━━ Sua experiência com o retorno ao acampamento estava sendo... Hm, emblemática. Ele era o único até então no chalé de Tânatos que, por si só, já era pouco frequentado, então era como estar do lado de fora do acampamento. Sozinho. Estava desatento quando escutou a voz do maldito e um de seus sorrisos mais sinceros enfeitou o rosto. 'Vai a quel paese!', respondeu-o assim que o sotaque italiano foi ouvido em sua voz brincalhona. Era possível sentir falta de amigos assim? Dante não tinha certeza, mas, com certeza, sentia falta de Ben. Num ato muito mais italiano do que Dantesco, ele se aproximou, encostando as testas e rindo ao que lhe segurava pelo pescoço, antes de finalmente puxá-lo para um abraço. 'In momenti come questo, è bello vedere un volto familiare', disse em meio ao abraço. 'Como você está?'
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Em meio a todo o caos dos últimos dias, Benaminiano não havia sido bem-sucedido em sua missão de ir de encontro aos velhos amigos de sua época como campista. Não que tivesse muitos, mas conhecia bastante gente e mesmo após ter recebido alguns deles em sua residência na Itália, ainda haviam algumas pessoas que o filho de Zéfiro gostaria de encontrar, em uma necessidade inconsciente de ver que ele estava bem e sobrevivera aos últimos tempos tão complicados. Para tanto, Ben acabou rumando até o chalé de Tânatos, mantendo as mãos dentro dos bolsos da calça, entretido com tudo e nada no trajeto até lá. Havia tanta coisa se passando pela cabeça do primogênito da prole do vento, que ficava difícil se atentar a qualquer coisa que não fossem seus próprios sentimentos, exceto quando os nós de seus dedos foram de encontro à porta da acomodação, batendo de leve ali, antes que Ben adentrasse o recinto já que a entrada estava entreaberta. "O quão poético é te reencontrar próximo do Halloween, strano?" Brincou, abrindo um sorriso de lado. Era bom poder usar de sua língua materna com alguém que pudesse entendê-lo completamente, para variar. "Queria que fosse em termos melhores, confesso, mas é o que vamos ter por um bom tempo por aqui, não é?"
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vcxed · 1 year ago
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☠️ —— Estar longe do centro do furacão, era um alívio que Vex não saberia nomear. Ser filha de Ares tinha seus benefícios, suas vantagens, entretanto, sempre que parava para enumerá-los, em seu caso, era mais fácil encontrar cons do que pros, foi o que pensou em uma epifania de humor. E ali estava mais um de seus malefícios. Talvez estivesse, de fato, febril. Pois os pensamentos continuavam embaralhados e assim que ele retirou, com tamanha delicadeza, os fios curtos que tampavam o olhar, a prole de Ares lhe sorriu, breve e mísero, quase despercebido no momento em que viviam, mas ela saberia e se culparia que o sorriso havia existido sim. Ao menos, sentada, não precisava apoiar-se tanto no outro para conseguir lutar contra a gravidade. Tentando ainda focar no presente, sem se deixar levar para muito além e para lugares que não gostaria de explorar, Vex umedeceu os lábios, mãos se fechando, unhas contra a palma da mão o suficiente para marcar e doer, o suficiente para ela sentir outras coisas. "Eu aceito", ofegou antes que ele terminasse de lhe dizer acerca da ajuda que poderia oferecer, sorrindo mais uma vez, dessa vez envergonhada. "Qualquer coisa... Huh... Menos isso", gesticulou para seu coração, como se fosse o culpado. Mas não morava ali o problema. Pelo menos, a confusão se esvaía e voltava a pensar direito, voltava a entender quem era e onde estava, sem gastar energia o suficiente para dormir por cinco dias. "Desculpa", pediu repentinamente, lembrando-se de como ele havia cedido ao seu momento para ajudar a pobrezinha da Vex. Seu pai certamente não estava orgulhoso, onde é que estivesse agora. "Presentinho de Ares", explicou em um meio sorriso. Esperava que os olhos não estivesse oscilando tanto entre vermelho e azul, mesmo assim, piscava com longos segundos de descanso. "Tudo bem, eu estou acostumada... No geral", ela buscou o ar, esse voltava a si lentamente, mesmo que em si ainda corresse a adrenalina do ódio. "É fácil de lidar... Só não estava nos meus cálculos um lugar onde todo mundo estivesse sentido raiva, ódio, medo e pânico", admitiu. Ingênua.
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Ben não era exatamente um bom samaritano a ponto de sair por aí recolhendo pessoas que se mostravam indispostas ou incapacitadas. Era algo heroico demais para alguém como ele. Entretanto, como a figura de Vex havia aparecido para si de forma tão abrupta e confusa, por que não perder alguns bons minutos tentando ajudá-la? Ainda que soubesse que corria o risco de testemunhar um rompante de raiva ou qualquer coisa assim, ali estava ele, se preocupando mais em sentá-la em um dos bancos disponíveis e se sentar ao lado dela, tentando segurar, com cuidado, os fios loiros para trás, com o intuito de afastá-los do rosto feminino. Ela estava cada vez mais vermelha e parecia cada vez mais quente, o que fazia Ben pensar com seus botões em como procederia se a menor tivesse uma síncope. Porque, aos poucos, ele estava próximo de uma, cada vez mais e mais ansioso, por mais que tentasse se controlar e, com certo sucesso, demonstrasse aquilo: ser filho de Zéfiro ajudava muito em momentos de tensão como aquele. "Eu posso tentar te ajudar... Só vai ser meio incômodo, porque costuma bater muito direto, mas pelo menos você vai melhorar um pouco e conseguir voltar a respirar direito para podermos ir até a enfermaria." Ofereceu. Ainda não havia liberado a bênção de Afrodite, porque realmente não queria agitar ainda mais os sentidos da loira, mas agora que já haviam deixado o epicentro da confusão, Ben poderia ser um pouco mais útil e efetivamente usar sua bênção nela. "São seus poderes, né? O lance de sentir as coisas que os outros sentem..." Crispou os lábios, tentando se lembrar do que já havia ouvido sobre ela. Parecia, realmente, um fardo terrível de se carregar. "Eu... Eu sinto muito por isso."
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vcxed · 1 year ago
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☠️ —— O toque podia não ser capaz de calar sua mente confusa diante do sufocamento sofrido, ainda assim, o contraste da pele mais frio na sua, quente como água fervendo, teve efeito quase parecido, pelo menos por alguns segundos. Chocar-se ao corpo alheio levou-a a fechar os olhos com forças, mãos cobrindo o rosto, principalmente os ouvidos, como se isso fosse impedi-la de sentir. Quis rir, quis respondê-lo, de fato, mas de si só conseguiu resmungar um uhum esguio, quase tão baixo que ele poderia não ter ouvido, devido às vozes que se erguiam mais e mais ao redor deles. Deveria estar pálida, mas sentia as maçãs do rosto esquentando e ela não suspeitava que estas deviam estar vermelhas com um morango. "Vamos", conseguiu concordar após alguns instantes, acostumando-se ao toque alheio em suas costas, acostumando-se ao fato de que não sentir emanar dele nem raiva nem pânico, acostumando-se ao fato de que não o conhecia bem o suficiente para confiar e deixar-se levar, mas mesmo assim era o que estava prestes a acontecer. Vex deixou o peso de seu corpo pesar no filho de Zéfiro, mãos segurando o braço alheio que ainda estava livre como se este fosse a única luz a lhe guiar na escuridão. Os lábios partidos tentavam ser o suficiente para encaminhar ar para seus pulmões, mas essa parecia ser uma tarefa impossível diante das circunstâncias, e Vex ofegava mais e mais enquanto andavam para fora. "Eu só... Não estou me sentindo muito bem", tentou explicar o óbvio, meio a confusão que seus pensamentos enfrentavam. A filha de Ares dividia-se entre evitar um massacre e deixar-se levar, relembrar os momentos cruciais que lhe levaram até onde estava agora, cumprindo as punições que lhe foram colocadas como justas.
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Em meio ao caos, a figura imponente de Ben também servia para transmitir alguma paz. O semblante do filho de Zéfiro era neutro, enquanto mantinha as mãos nos bolsos e atentava-se aos conflitos, chegando a escutar algumas acusações sobre os deuses da natureza, que, sinceramente, não haviam provocado o Cavaglieri. Era plenamente consciente da inércia e da pouca consideração dos genitores divinos em relação aos filhos, fossem eles adolescentes ou não, o que incluía ele próprio, por mais que ainda tivesse tido uma boa comunicação com o Vento Oeste ao longo de sua vida. Sendo assim, não estava se doendo tanto quanto qualquer outro campista que vagava por ali, chegando a cogitar voltar para seu chalé com o intuito de organizar logo suas coisas, quando sentiu algo vindo de encontro ao seu corpo, chocando-se contra a altura de seu peito. Alguém. Imediatamente a atenção de Ben se voltou para a figura alheia, passando a franzir o cenho ao constatar a situação da menor, após soltá-la da tentativa de contê-la para que não fosse de encontro ao chão devido ao choque entre eles. Não que fosse tão próximo da prole de Ares, mas conhecia Vex por tabela, para além dos boatos sobre ela. "Você tá pálida pra caramba." Constatou, incapaz de ponderar se aquela era mesmo a cor da menor ou, de fato, havia algo de errado, como ele supunha. Com cuidado, ele posicionou uma das mãos sobre o centro das costas dela, ainda não imprimindo sua habilidade calmante sobre a jovem primeiro, porque: este traço costumava se chocar levemente com as personalidades dos filhos da guerra; segundo, porque ele estava mais preocupado em ajudá-la a sair dali antes de qualquer coisa. Ainda assim, sua postura permanecia calma, bem como sua voz, que apenas operava em tom de comando, mas sutilmente. "Vamos até um lugar onde você possa respirar um pouco e se acalmar. Parece que viu um fantasma."
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