#transforme as pedras do caminho em seu castelo
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Semáforo Vermelho
Semáforo Vermelho - Estou há anos tentando chamar a sua atenção. Desde o primeiro dia de aula, o tropeço, sentar perto no recreio, esperar da faculdade a aprovação. Vendo todos se casando, quando será nosso começo? #poema #caminho #poesia #estrada
Estou há anos tentando chamar a sua atenção. Desde o primeiro dia de aula, o tropeço, sentar perto no recreio, esperar da faculdade a aprovação. Vendo todos se casando, quando será nosso começo? Dando o passa-fora em todos os lobos da alcateia. Não era eu naquela viagem de lua de mel para a França. Eu fui apenas a mosca esquecida na sua teia. Fantasiando de matar sua atual, mas sei que não…
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#caminho certo#caminho errado#caminho tortuoso#caminhos difíceis#caminhos do destino#carro#escolha seu próprio caminho#estrada bifurcada#nova direção#para que tanta velocidade?#poema#poesia#seguindo o caminho errado na vida#transforme as pedras do caminho em seu castelo#velocidade
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Aparentemente, anos após a primeira queda de Lord Voldemort, o Profeta Diário ainda escreve matérias sobre Lily Evans. Pertencente à Ordem da Fênix, a bruxa era nascida-trouxa e, quando em Hogwarts, pertenceu à casa de Godric Gryffindor. Alguns criticavam sua inocência, outros ressaltavam seu altruísmo. Dessa história, você só conheceu boatos — até agora.
O que sabemos sobre: Lily Evans foi uma bruxa inglesa nascida trouxa, filha mais nova do Sr. e Sra. Evans , e a irmã mais nova de Petunia Evans. Ela aprendeu sobre sua natureza mágica quando criança, depois que Severus Snape a reconheceu como uma bruxa e lhe contou sobre a existência da magia. Lily frequentou a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts de 1971 a 1978 . Era membro do Slug Club e, em seu sétimo ano, foi nomeada monitora-chefe e começou a namorar James Potter. Depois de Hogwarts, Lily se casou com James. Junto com seus amigos Sirius Black , Remus Lupin e Peter Pettigrew , o casal se juntou à Ordem da Fênix durante a Primeira Guerra Bruxa . Ela e o marido desafiaram o próprio Lord Voldemort três vezes. Pouco tempo depois, Lílian e Tiago tiveram um filho, Harry James Potter , de quem fizeram de Sirius o padrinho. No entanto, a família foi forçada a se esconder depois que uma profecia foi feita sobre Lord Voldemort e seu filho pequeno. Referia-se a um menino que nasceria no final de julho de 1980, que tinha o poder de derrotar Lord Voldemort. Ela e James foram traídos por Pettigrew e foram assassinados por Voldemort na noite de Halloween em 1981, enquanto tentavam proteger seu filho.
Principais pontos da personalidade: Por trás das íris verde, Lily escondia, desde criança, um universo de probabilidades que gostava de explorar em sua mente todas as vezes antes de dormir. traçava seus objetivos e costurava seus sonhos às pontas mais acessíveis que sua realidade permitia. e tentava, e tentava, e tentava até conseguir atingi-los. mesmo com as pequenas rasteiras que a vida dava, cedo. lily nunca deixava de tentar. estava em sua natureza. Quando se descobriu bruxa tentou entender o máximo que podia e a que era permitida sobre o mundo antes de efetivamente pôr os pés no castelo, nada a prepararia, no entanto, para aquela sensação de pertencimento e familiaridade em relação à algo que tinha acabado de conhecer. uma sensação morna que acompanhava o tum tum tum de seu coração e servia como um guia para um caminho que seria cultivado e dele nasceria um universo repleto de conquistas (top of her class, head girl, prefect) conquistas que Lily se esforçava todos os dias para manter, esforços que ela fazia e dava como forma de tentar retribuir o acalento trazido pelas paredes de pedra. É, com certeza, uma pessoa que doa. é a pessoa que sorri para alguém que não conhece e é a pessoa que costumava fazer o trabalho que ninguém mais quer. mas não a ponto de perder-se em sua própria gentileza, pois também é uma pessoa que toma. com uma boca que cospe fogo tão vermelho quanto os fios de seus cabelos, lily nunca mediu ou poupou palavras duras e diretas todas as vezes que via algo que considerava uma injustiça. standing up for what she believes in. nunca deixou de expor sua opinião ou saiu quieta de uma discussão, isso não significa, entretanto, que lily não acredite em segundas chances. na realidade, ela acredita até demais. ela procura o melhor que alguém tem a oferecer, mesmo quando a própria pessoa não sabe o que é.
Curiosidades: diferente de muitos bruxos nascidos-trouxas, lily já sabia o que esperar (um garoto de roupas estranhas e muito maiores que ele próprio já tinha adiantado bastante o que ela veria futuramente) entretanto, ao finalmente receber a carta de hogwarts (com um bruxo do ministério responsável por explicar o que ela já sabia) o universo de probabilidades que lily costumava desenhar em sua própria mente expandiu tanto que eclodiu e se transformou em pequenas penas douradas que caíam ao seu redor. magia. as penas eram verdadeiras, tinha acabado de transformar sua carta nelas. ela lembra das feições de seus pais, lembra do susto que o bruxo tinha levado, mas lembra especialmente do rosto de sua irmã. A mágoa que parecia cegá-la dizer que lily e petúnia deixaram totalmente de se falar desde que lily recebeu sua carta era bondade. elas praticamente viraram inimigas, muito mais pela parte da irmã mais velha mas ainda assim não eram mais as mesmas e nunca voltariam a ser, porque todas as vezes que lily pisava em casa novamente a irmã parecia gostar de recebê-la com a temida palavra “freak”. Ela quase chorou na estação 9 3/4 quando a palavra a atingiu pela primeira vez aos 11 anos de idade, mas os anos ouvindo acabaram a endurecendo pra isso, criando uma casca de indiferença muda todas as vezes que a palavra entrava por seus ouvidos, em seu quarto entretanto, e antes de dormir, voltando ao universo que gostava de explorar em sua própria mente, lily se permitia lutar contra seus demônios, porque ela sofria certa exclusão dentro do mundo bruxo por não ter o sangue que eles inventaram em suas veias e quando voltava para casa sofria com outro tipo de exclusão. parecia as vezes que ela simplesmente não pertencia. mas então o dia chegava e ela se via vitoriosa diante das criaturas da noite que ela própria tinha criado. ou fingia que sim. Se tinha uma coisa contra a qual lily teria gostado de se preparar mais era o preconceito e violência contra nascidos-trouxas. contra pessoas como ela. parecia ridículo que um mundo mágico não fosse utópico mas é claro que um mundo habitado por humanos, ainda que mágico, teria seus defeitos. sendo uma pessoa que não leva desaforos para o quarto, lily se viu em diversas situações complicadas, situações nas quais seu temperamento e paciência eram testados como pequenas farpas na pele. ela nunca cedeu entretanto, nunca baixou ao nível de alguns dos seus agressores porque sabia que não conseguiria se olhar no espelho se o fizesse, entretanto, quando chegasse a hora ela lutaria. sabia que lutaria. até a morte se preciso. Sua banda favorita é The Beatles, mesmo que a banda tenha acabado... ela ainda continuaria sendo fã até os dias de hoje, já que cresceu ouvindo os álbuns e ama demais mesmo, mas também está sempre cantarolando as letras do Queen e do David Bowie pelos corredores.
Bicho-papão: morte. mas não a morte dela. das pessoas, de todas as pessoas que ela ama. por culpa dela, porque não conseguiu salvá-los.
Espelho de ojesed: ela vê a si mesma, trazendo diferença no mundo bruxo. também vê sua irmã ao seu lado, não há raiva nos olhos dela.
Clubes e atividades extracurriculares: clube do slugue, clube de duelos, clube de poções e runas antigas.
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Veela Desaparecido
Parte 7 - Final 🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷
Penny andou apressada e puxou Ângelo para ficarem frente a frente, o rosto dele estava vermelho e não conseguia olhar Penny nós olhos. Os piores pensamentos sobre o que eles poderiam dizer começaram a passar por sua mente. Contudo a garota o olhava com um olhar complacente, inesperadamente ela o abraçou muito forte, ignorando qualquer menção a sua forma Veela.
– Ainda bem que o Ollie te encontrou, eu estava tão preocupa, achei que tinha acontecido alguma coisa, eu não sei o que faria se você estivesse machucado.
– Penny...? – Ele estava incrédulo, enquanto ela o abraçava mais forte. – É Penny... você... está puxando minhas... penas...
– Me desculpe. – Penny o soltou imediatamente, com isso ela deu uma longa olhada em Ângelo. – Angelo, você é uma Veela também, por que não nos contou?
– Eu... eu tenho... vergonha...
– Angelo, não precisa ter vergonha, somos seus amigos, você é importante para nós... Você é importante para mim Ângelo.
Penny segurou seu rosto com carinho e delicadeza, com um olhar terno, ela o beijou, em surpresa Ângelo paralisou se ação, seus olhos arregalados olharam para a garota. Fechando os olhos, ele se deixou levar, aos poucos
Enquanto isso, Ollie já tinha assumido sua forma humana, ele começou a vestir a camisa.
– Como foi que você nos achou? – Ollie perguntou para Talbott.
– Vocês estavam demorando, então comecei a voar sobre a floresta para ver se conseguia vê-los, encontrei a Penny quando sobrevoei uma clareira alguns metros, quando vi vocês dois, eu mostrei o caminho para ela. Mas não imaginei que vocês estariam assim, você não gosta de assumir sua forma Veela.
– Eu sei, mas Ângelo tem vergonha de sua forma, ele precisava ver que não tem nada errado. – Ollie disse vestindo a capa. – E ele não tem quem o ajude a controlar suas transformações.
– Acho que agora ele tem. – Talbott indicou os dois.
Ângelo e Penny já tinham se separado e estavam abraçados novamente. Ele não estava mais em sua forma Veela, seu peito e braços coberto de penas voltou ao normal e as asas desapareceram.
– Na verdade fui eu que insistiu para o Ollie vir procurar você comigo, ele não revelou o seu segredo, na verdade ele guardou seu segredo muito bem.
– Ollie, me desculpe, eu achei que você tinha contado, eu... fiquei com medo... eu só não queria que vocês descobrissem assim...
– Está tudo bem Ângelo, não precisa ter mais vergonha. – Penny segurou a mão de Ângelo. – Estamos com você e somos seus amigos. Vamos voltar para o castelo, se não receberem notícias nossas é bem capaz do professora Sprout e o professor Flitwick terem um ataque.
– Certo, eu só vou colocar minha camisa.
Ângelo pegou suas roupas que estavam ao lado da pedra e as vestiu apressadamente, enquanto os quatro tomavam o caminho de volta, Angel segurou a manga das vestes de Ollie.
– Ollie, eu... espero que possa me perdoar, eu não devia ter duvidado de você, é só que eu realmente entrei em pânico, nunca tive coragem de contar sobre esse meu lado para ninguém, só contei para você, e parece que contei para a pessoa certa.
Se conseguir se segurar Angel abraçou Ollie mais forte do que antes.
– Está na hora de contar sobre o dia em que conheci, Sebastian Radesh.
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Missing Veela
Part 7 - End 🇬🇧🇬🇧🇬🇧🇬🇧🇬🇧
Penny walked hurriedly and pulled Angelo to face each other, his face was red and he couldn't look Penny in the eyes. The worst thoughts of what they could say began to cross his mind. However the girl was looking at him with a full look, unexpectedly she hugged him very tightly, ignoring any mention of his Veela form.
"Good thing Ollie found you, I was so worried, I thought something had happened, I don't know what I would do if you were hurt."
"Penny ...?" He was incredulous as she hugged him tighter, her hands clenched tightly over the feathers of his back. "It's Penny ... you ... are pulling my ... feathers ..."
"Excuse me." Penny released him immediately, so she took a long look at Angelo. "Angelo, you're Veela too, why didn't you tell us?"
"I ... I'm ... ashamed ..." "Angelo, no need to be ashamed, we are your friends, you are important to us ... You are important to me Angelo."
Penny held his face tenderly and gently, with a tender look, she kissed him, in surprise Angelo froze in action, his wide eyes stared at the girl. Closing his eyes, he slowly drifted away.
Meanwhile, Ollie had already assumed his human form, he began to wear the shirt.
"How did you find us?" Ollie asked Talbott.
"You were taking so long, so I started flying over the forest to see if I could see you, I found Penny when I flew over a clearing a few meters, when I saw you both, I showed you the way. But I didn't imagine you would be like this, you don't like to assume your Veela form. "
"I know, but Angelo is ashamed of his form, he needed to see that there is nothing wrong." Ollie said wearing the cape. "And he has no one to help him control his transformations."
"I think he has now." Talbott indicated both.
Angelo and Penny had already split up and were hugging each other again. He was no longer in his Veela form, his feather-covered chest and arms returned to normal and the wings disappeared.
"Actually, I was the one who insisted Ollie come to see you with me, he didn't reveal his secret, in fact he kept his secret very well."
"Ollie, I'm sorry, I thought you told me, I ... I was scared ... I just didn't want you to find out like this ..."
"It's okay Angelo, you don't have to be ashamed anymore." Penny took Angelo's hand. "We're with you and your friends. Let's go back to the castle, if you don't hear from us, Professor Sprout and Professor Flitwick might well have a fit."
"Okay, I'll just put my shirt on."
Angelo picked up his clothes from the side of the stone and hurriedly dressed them as the four of them made their way back. Angel gripped the sleeve of Ollie's robes.
"Ollie, I ... I hope you can forgive me, I shouldn't have doubted you, it's just that I really panicked, I never had the courage to tell anyone about this side of me, I just told you, and it seems that I told the right person. "
If she can hold on, Angel hugged Ollie harder than before.
"It's time to tell you about the day I met, Sebastian Anguslow."
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🇧🇷 – Aqui está a parte final dessa pequena série Veela Desaparecido, finalmente Ângelo se sente confortável em compartilhar sua forma de Veela com Penny, Talbott e principalmente com Ollie, se não fosse por ele, Ângelo ainda se sentiria inseguro em sua forma de veela. Parece que o plano de Ollie deu certo.
Obrigado Ollie.
(E obrigado @ryollie, por me deixar compartilhar essa história junto com o Ollie. Espero que Ângelo e Ollie possam viver mais aventuras juntos. Melhores Amigos Veela pra Sempre.)
🇬🇧 — Here's the final part of this little Missing Veela series, finally Angelo feels comfortable sharing his Veela form with Penny, Talbott and especially Ollie, if it wasn't for him, Angelo would still feel insecure in his Veela form. It seems that Ollie's plan worked.
Thanks Ollie.
(And thanks @ryollie, for letting me share this story with Ollie. I hope Angelo and Ollie can live more adventures together. Best Friends Veela Forever.)
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Os melhores sambas-enredo do Acadêmicos do Salgueiro
Marco Antonio Antunes Chica da Silva - 1963 - Anescar e Noel Rosa de Oliveira ESTE SAMBA MARCOU ÉPOCA, PRIMEIRO PORQUE EMBALOU O PRIMEIRO CAMPEONATO DA ACADÊMICOS DO SALGUEIRO E SEGUNDO PORQUE A SUA PERSONAGEM É DESCRITA COM INVEJÁVEL PROPRIEDADE PARA UM BRASIL QUE NAMORAVA COM UMA VISÃO MAIS ANÁRQUICA DO MUNDO, QUE ELA ILUSTRA COMO POUCAS. SEM LAMÚRIAS, ELA SAI DA ESCRAVIDÃO PARA AFRONTAR COM SUA NEGRITUDE E EXCÊNTRICIDADE A HIPOCRISIA DOS SALÕES DA ''NOBREZA'', SE É QUE O BRASIL JÁ TEVE UMA CLASSE QUE MERECESSE ESSE NOME SEM SOAR RIDÍCULO! ENREDO CERTO PARA O MOMENTO PRECISO! SAMBA TRADICIONAL, NARRATIVO, CANÔNICO NA FORMA, É PROVOCATIVO EM SEU CONTEÚDO ZOMBETEIRO. NENHUMA ANTOLOGIA QUE SE PREZE PODE OMITIR ''CHICA DA SILVA'' POIS REPRESENTA UM MOMENTO CRUCIAL NÃO SÓ DA HISTÓRIA DO SAMBA COMO DA HISTÓRIA DO BRASIL, AFINAL, UM ANO MAIS TARDE, A CONVULSÃO CHEGARIA COM UM GOLPE REACIONÁRIO. PARA QUEM NÃO CONSEGUE VER A ''AMEAÇA'' QUE JUSTIFICOU O INFAME GOLPE, A VITÓRIA DO SALGUEIRO PODE LANÇAR ALGUMA LUZ NAS MENTES OBSCURAS E DETURPADAS QUE COMANDARAM O GOLPE! Chico Rei - 1964 - Geraldo Babão, Djalma Sabiá, Binha SE AO CRÍTICO É PERMITIDO TER PREDILEÇÕES, CONFESSO QUE TENHO UM ESPECIAL CARINHO POR ESTE SAMBA. O MOTIVO HÁ DE SER OBSCURO À PRIMEIRA AUDIÇÃO, AFINAL TRATA-SE DE UM SAMBA BEM COMPORTADO, CANÔNICO E CONSERVADOR NA FORMA! MAS PROCUREMOS ENTENDER O MOMENTO HISTÓRICO EM QUE ESTE SAMBA SURGIU E SERVIU AO SALGUEIRO (E COMO SERVIU!) POBRE DA ESCOLA QUE OUSASSE FUGIR DOS RIGORES DA CENSURA E SE AVENTURASSE POR UM TEMA OU SAMBA MAIS CRÍTICO! MAS O SALGUEIRO O FEZ! É ESTE CHICO REI MONUMENTAL! QUEM COMEÇASSE A OUVIR O SAMBA, DIFICILMENTE LHE ADIVINHARIA O CARÁTER ALTAMENTE SUBVERSIVO POR BAIXO DE EXPRESSÕES DESPISTATÓRIAS COMO ''TRIBO ORDEIRA'' E ''TERRA LABORIOSA E HOSPITALEIRA''. ACONTECE QUE ESSE CHICO SE DESPEDE DE SUA LIBERDADE, COM UM LAMENTO QUE ATÉ HOJE EMOCIONA: ''ADEUS, BAOBÁ'' E FALA AO SEU POVO, SEM QUE ''MINAS'' JAMAIS O OUÇA: JURAS DE LIBERDADE! ESSE CHICO, TIRA DO QUE ROUBA DAS MINAS O OURO, A LIBERDADE QUE TINHA NA CABEÇA! E NA IGREJA DOS BRANCOS, COMO QUEM PARTICIPA DE UM SACRAMENTO, RECOLHE NA PIA BATISMAL O PÓ DE OURO E O GUARDA! LIBERTO, LIBERTA, COMO PROMETERA, USANDO O OURO DO OPRESSOR COMO PAGA AO OPRESSOR E ''SOB O SOL DA LIBERDADE'' ACHA OURO E, COMO CHICA DA SILVA, FALA COM O BRANCO NA SUA LÍNGUA E RELIGIÃO: ERA MUITO! ERA MAIS DO QUE SE CONCEBERIA EM SUA ÉPOCA! ERA UMA REVOLUÇÃO PELA INTELIGÊNCIA, TIRANDO O OURO DA CABEÇA E O DEVOLVENDO AO BRANCO EM TROCA DE LIBERDADE! ADOTA O NOME DO MAIS POBRE DOS SANTOS CATÓLICOS E ERIGE UMA IGREJA NO PONTO MAIS ALTO A UMA SANTA MÁRTIR, COMO SEUS IRMÃOS! ERA A REVOLUÇÃO POSSÍVEL, ERA O SAMBA DE LIBERTAÇÃO POSSÍVEL. SEMPRE ME PERGUNTO SE OS AUTORES TIVERAM PLENA CONSCIÊNCIA DA ENORMIDADE DO SAMBA QUE FIZERAM! MAS RECONHEÇO QUE ESSA É UMA DÚVIDA ARROGANTE E PEQUENO-BURGUESA. Bahia de Todos os Deuses - 1969 - Bala e Manuel ESTE SAMBA GOSTOSÍSSIMO, DELÍCIA DO GÊNERO, SUCESSO ABSOLUTO, É O PARADIGMA DO SAMBA-EXALTAÇÃO. O SAMBA NASCE DOS OLHOS BRILHANTES DO POETA E O RITMO DE SEU CORAÇÃO PALPITANTE, CHEIO DE FELICIDADE, ANUNCIADA E CONFIRMADA, ESSA É A TÔNICA DA HOMENAGEM. DESTACA-SE DE PRONTO O STATUS DE PRIMEIRA CAPITAL, DEPOIS, A VOZ DE UM POPULAR, PRETO VELHO BENEDITO, PRAZENTEIRAMENTE, NOS DIZ QUE A FELICIDADE TAMBÉM MORA LÁ! EM SEGUIDA, DIRIGINDO-SE À HOMENAGEADA, CITA-LHE OS ATRIBUTOS, RIQUEZAS E MÉRITOS. E TERMINA COM UMA CENA POPULAR: A BAHIANA COM SEU TABULEIRO NO BONFIM E A CAPOEIRA PELAS LADEIRAS. UM VÍDEO CLIP PERFEITO! MELHOR PROPAGANDA DA BAHIA NÃO FARIA O DEPARTAMENTO DE TURISMO! O ZUM ZUM ZUM DO FINAL É DESSES ACHADOS RÍTMICOS QUE PERSEGUEM O OUVINTE POR DIAS. SAMBA PERFEITO E DELICIOSO COMO UM QUINDIM! Festa Para Um Rei Negro - 1971 - Zuzuca ESTE DIVERTIDO SAMBA QUE DEU CAMPEONATO AO SALGUEIRO E ATÉ HOJE É UM MONUMENTAL SUCESSO (EXPERIMENTE TOCAR EM QUALQUER LUGAR DO BRASIL!) E AINDA É UM EXEMPLO A SE SEGUIR. A MELODIA E O RITMO NÃO SÃO TUDO NA FESTA PARA UM REI NEGRO, MAS SÃO MAIS DA METADE! CLARO QUE A LETRA É EXCELENTE, MUITO ACIMA DA MÉDIA, MAS O RITMO DELICIOSO DO REFRÃO É O PONTO ALTO! O TEMA É UMA FESTA PARA RECEBER UM REI NO BRASIL COLÔNIA! O CLIMA É DE FESTA E O PREGOEIRO CONVIDA AS PESSOAS DA ALDEIA PARA FESTEJAR. AO PROCLAMAR JÁ CONVIDA PARA A ALEGRIA. SIMPLES, EFICIENTE E DELICIOSO. SENTIMO-NOS TODOS CONVIDADOS PARA A FESTA E PEGAMOS NO GANZÁ (CHOCALHO) PARA AJUDAR NA FESTA! Mangueira, Nossa Querida Madrinha - 1972 - Zuzuca ESTA É UMA DELÍCIA DE TODOS OS CARNAVAIS! É O SAMBA MAIS CARINHOSO DE TODOS. O SALGUEIRO VAI À AVENIDA RECORDAR A NOITE EM QUE MANGUEIRA BATIZOU A ESCOLA QUE DEPOIS SERIA UMA DAS GRANDES CAMPEÃS DO CARNAVAL! ESSA É UMA TRADIÇÃO DAS MAIS BELAS DO MUNDO DO SAMBA. UMA ESCOLA BATIZA A OUTRA, QUE EM GERAL, NÃO NESTE CASO, ASSUME AS CORES DA MADRINHA! A LETRA É SIMPLES E PERFEITA. O REFRÃO INESQUECÍVEL! EM TEMPO, TENGO-TENGO QUER DIZER, DEVAGAR, SEM GRANDE ESFORÇO! O Rei de França Na Ilha da Assombração - 1974 - Zé Di e Malandro ESTE SAMBA FICOU MUITO ASSOCIADO A UMA TRANSFORMAÇÃO DO DESFILE DAS ESCOLAS QUE SE DEU, PARA MUITOS EM PREJUÍZO DO SAMBA, PELA VALORIZAÇÃO EXCESSIVA DO LUXO DE FANTASIAS E ALEGORIAS! A RESPOSTA DA PRINCIPAL PERSONAGEM DESTA HISTÓRIA: JOÃOSINHO TRINTA SÓ VEIO MAIS TARDE (RATOS E URUBUS). RESPOSTA QUE SE TRANSFORMOU NA REDENÇÃO DELE, JOÃOSINHO, DO SALGUEIRO E DA BEIJA-FLOR E DE SAMBAS MARAVILHOSOS COMO O PRESENTE, QUE FOI GRANDE SUCESSO POPULAR NA ÉPOCA! E É PERFEITO. OS AUTORES OPTAM POR CONTAR SUA ESTÓRIA A PARTIR DA EXCLAMAÇÃO DAS PRETA VÉIA: ''IN CREDO IN CRUZ Ê Ê''! DAS VOZES DO POVO, COMEÇA O CLIMA DE CONTO DE ASSOMBRAÇÃO: UM CITY-TOUR PELA ILHA DE ASSOMBRAÇÃO: SÃO LUIS DO MARANHÃO E SUAS LENDAS ASSUSTADORAS - TIRANAS DONAS DE ESCRAVAS QUE, DIANTE DE UM ELOGIO DO MARIDO AOS SEIOS DE UMA ESCRAVA, MANDA QUE ELA OS LEVE, DECEPADOS EM UMA BANDEJA AO MARIDO, ESCRAVAS QUE SE TRANSFORMAM EM SERPENTES E RODEIAM A ILHA E ATÉ UM SURPREENDENTE DOM SEBASTIÃO TROPICAL QUE MORA EM CASTELO NO FUNDO DO MAR E APARECE COMO UM TOURO COROADO! QUE IMAGEM! TAL DELÍRIO INFERNAL, PROVOCA NO REI MENINO DE FRANÇA O DELÍRIO DE SONHAR COM SUA CORTE SOFISTICADA NA ILHA RÚSTICA E ENVOLVENTE! EM SEU DELÍRIO, O MENINO VÊ CANDELABROS NAS PALMEIRAS, BARÕES, VISCONDES E MARQUESAS NA GENTE INDÍGENA. UM DEVANEIO COMPLETO NA LOUCURA TROPICAL QUE SE MISTURA COM O PRÓPRIO CARNAVAL! ENREDO GENIAL COBERTO POR UM SAMBA COMPETENTE QUE O VESTE COM BELEZA E RITMOS INVEJÁVEIS! O Segredo das Minas do Rei Salomão - 1975 - Nininha Rossi, Dauro Ribeiro, Zé Pinto, Mário Pedra ESTE SAMBA É O SEGUNDO DA FASE DE OURO QUE O SALGUEIRO VIVEU NA DÉCADA DE 70, QUANDO REVOLUCIONOU O DESFILE E ABRIU CAMINHO PARA A BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS EM SEU ESPLENDOR. NÃO É UM SAMBA TÃO INTELIGENTE COMO O DO CAMPEONATO DE 74, MAS CUMPRE SEU PAPEL COM BRILHO. Do Yorubá à Luz, A Aurora dos Deuses - 1978 - Renato de Verdade É UM GRANDE SAMBA E NINGUÉM PODE NEGAR. O TEMA É COMPLEXO E, EMBORA POPULAR, NÃO LOGRA GRANDE COMUNICAÇÃO COM O PÚBLICO, PORQUE, POR MAIS QUE PROPICIASSE UM BOM DESFILE, FALAR DA COSMOGONIA DA TRADIÇÃO DO CANDOMBLÉ, NECESSARIAMENTE TERÁ QUE FALAR DE ORIXAS E TERMOS NAGÔS QUE TORNAM O SAMBA DIFÍCIL. SEJA COMO FOR, NA DÉCADA DE 70, O TEMA FOI RECORRENTE E OS NOMES AFRO-BRASILEIROS INUNDARAM OS SAMBAS. SUPERADO ESSE PROBLEMA, RESTA DIZER QUE O SAMBA, POPULAR OU NÃO, É BRILHANTE, CONTA A HISTÓRIA COM VIVO COLORIDO E TERMINA DEIXANDO O MUNDO CRIADO EM NÍVEL DOS HOMENS: ''E os pretos velhos da Bahia Ainda seguem seus antigos rituais Usando a mais pura magia Nos terreiros de famosos babalorixás Saruê! Baiana, iorubana Da saia amarrada co'a paia da cana'' E DITO DIRETAMENTE COM A VOZ DO POVO FAZ UM EFEITO ENCANTADOR PARA O PEQUENO REFRÃO QUE FOI E É CANTADO ATÉ HOJE. A PROPÓSITO, SARUÊ: Dança em que se misturam figuras da quadrilha francesa e passos de danças sertanejas, e na qual a marcação é feita num misto de francês estropiado e de português. (DIC. AURÉLIO) E IORUBANA: Indivíduo dos iorubas, povo negro do grupo sudanês da África Ocidental, que vive no sudoeste da Nigéria, em Benim e em Togo; nagô. (DIC. AURÉLIO) Traços e Troças - 1983 - Bala e Celso Trindade ESTE SAMBA, DO PONTO DE VISTA DO HUMOR DE SUA LETRA, É, SEM DÚVIDA, O MELHOR DE TODOS OS TEMPOS. A LETRA É MATREIRA E DIVERTIDA, EM PERFEITO ACORDO COM O TEMA: TRAÇOS E TROÇAS, HOMENAGEM AOS CARTUNISTAS DA IMPRENSA NACIONAL. OBRA PRIMA ABSOLUTA, A LETRA USA E NÃO ABUSA DO TROCADILHO, DO JOGO DE DUPLO SENTIDO, PERFEITAMENTE COMPORTADO PELO HUMOR QUE O TEMA HOMENAGEIA. RIO (CIDADE) E RIO (VERBO RIR); PENA (CANETA DO CARTUNISTA) E PENA (PIEDADE) E O GENIAL ''RISCANDO'', LIGEIRAMENTE EMPREGADO DE MODO IMPRÓPRIO NO SENTIDO DE DESENHAR, MAS ALUDINDO AO RISCO DA CENSURA, NOS MOMENTOS EM QUE O CARTUNISTA E A IMPRENSA PERDEM O DIREITO DE CRÍTICA. O REFRÃO, COMO GRITO DE GUERRA PARA O PRÓPRIO SALGUEIRO, TAMBEM JOGA COM O ''BOTA BANCA NA AVENIDA'' DE DUPLO SENTIDO: POR UM LADO MANDA O SALGUEIRO BRILHAR E, POR OUTRO, COLOCAR A BANCA DE REVISTA ONDE SE VENDE O JORNAL COM A TROÇA NA RUA! ABSOLUTAMENTE BEM COLOCADO E PERTINENTE! A SEGUNDA PARTE LEMBRA AS GRANDES CARICATURAS E PERSONAGENS E FECHA PRILHANTEMENTE NO PRÓPRIO CARNAVAL, COMO A MAIOR CARICATURA. O OITAVO LUGAR DO SALGUEIRO NÃO REFLETE A MAGNITUDE DESTE SAMBA, MAS A HISTÓRIA DO SAMBA NÃO DESAMPARA A ESCOLA QUE BRILHOU TÃO ALTO. EIS AQUI A TODA PROVA UM SAMBA PERFEITO DO PONTO DE VISTA DE SUA LETRA! Skindô Skindô - 1984 - David Correa e Jorge Macedo ESTE SAMBA DO EXCELENTE DAVID CORREA, OUTRO CRAQUE DO CARNAVAL, É BRILHANTE E POSSUI UMA DAS MELODIAS MAIS ENCANTADORAS DOS SAMBAS DE ENREDO. A PROVA É SEU IMENSO SUCESSO POPULAR E O CARINHO (PAIXÃO MESMO) COM QUE MUITOS RESPONDEM AOS SEUS ACORDES! O PRIMEIRO VERSO, NO ENTANTO, É NO MÍNIMO OBSCURO! NÃO CONSIGO CHEGAR NEM PELO VOCABULÁRIO ORTODOXO, NEM PELA GÍRIA AO QUE ISSO QUERERÁ DIZER: ''O QUE VEM DE MIM É PRA ROLAR'' SEU TEMA É JUSTAMENTE O DOS POETAS DO SAMBA, ESSA GENTE QUE TEM ARCO-ÍRIS NOS OLHOS, UM CLARIM DE POESIA NO PEITO! A LETRA É POÉTICA SEM CAIR EM LUGAR COMUM, BELA SEM SER PIEGAS! FORA AQUELA EXCENTRICIDADE (ASSIM ME PARECE) JÁ APONTADA, ESTE SAMBA É UM CLÁSSICO IMORTAL! Me Masso Se Não Passo Pela Rua do Ouvidor - 1991 - Sereno, Luiz Fernando, Diogo ESTE SAMBA, ANIMADÍSSIMO, AUTÊNTICO SAMBA DE ENREDO ATÉ A RAIZ, PODE SER USADO COMO PARADIGMA DO VERDADEIRO SAMBA. SEM PRECISAR SER MARCHINHA, ELE VESTE O ENREDO COM BELEZA, LEVEZA, SUAVE POESIA, SEM EXAGEROS, SEM SOBRAS. UMA JÓIA DO CARNAVAL. BOM GOSTO E ORIGINALIDADE SEM APELAÇÃO, SEM ABRIR MÃO DO RITMO E COM PRIVILEGIADA LINHA MELÓDICA. O Negro Que Virou Ouro Nas Terras do Salgueiro - 1992 - Bala, Efe Alves, Preto Velho, Sobral, Tiãozinho do Salgueiro ESTE SAMBA DE ENREDO ATÉ A RAIZ MAIS PURA DO SAMBA. PARTE DE UMA METÁFORA GENIAL E PERFEITA: CAFÉ = ''NEGRO QUE VIROU OURO LÁ NAS TERRAS DO SALGUEIRO'', PROMOVENDO A IDENTIFICAÇÃO DO INTEGRANTE DO SALGUEIRO, QUE SE ORGULHA DE SER NEGRO E DE SUA NEGRITUDE, COMO DEMONSTRAM A ENORME COLEÇÃO DE SAMBAS ÉTNICOS DO SALGUEIRO. O CAFÉ É VISITADO EM TODOS OS SEUS ASPECTOS: HISTÓRICOS, POLÍTICOS, DOMÉSTICOS, COTIDIANOS. SAMBA GENIAL E EXEMPLAR. INFELIZMENTE NÃO EMPOLGOU, MAS É UM PURO-SANGUE DO GÊNERO. Peguei um Ita no Norte - 1993 - Bala, Demá Chagas, Arizão, Guaracy, Celso Trindade ESTE SAMBA, COM GOSTINHO DE CAMPEONATO PARA UMA ESCOLA QUE NÃO O GANHAVA HÁ MUITOS ANOS, É UM FENÔMENO DE COMUNICAÇÃO COM O PÚBLICO, QUESITO QUE DEVERIA FAZER PARTE DO DESFILE! QUEM VIU NÃO ESQUECE: A MARQUÊS DE SAPUCAÍ AINDA TREME COM AS ARQUIBANCADAS QUE CANTAVAM E SAMBAVAM INSPIRADAS PELO VELHO ITA (Navio misto de cabotagem que fazia o percurso entre o Norte e o Sul do País) DO SALGUEIRO. UM EU-LÍRICO, INSPIRADO NA MÚSICA DE CAYMMI, NOS CONTA UMA VIAGEM BRASILEIRA: UM EMIGRANTE DO NORTE DO PAÍS EM BUSCA DA SORTE NA CIDADE GRANDE, SUA SAUDADE APERTADA, OS PORTOS EM QUE O VELHO ITA PAROU, ALI O FOLCLORE, OS COSTUMES, COMO O BRASIL MUDA SUA FACE EM CADA LUGAR, ETC ATÉ CHEGAR NO RIO, PARA COMEÇAR A NOVA VIDA, NUM DIA DE CARNAVAL. NA CIDADE NOVA, CHEIO DE ANSIEDADE, AVISTA O SALGUEIRO FALANDO A SUA LÍNGUA, CONTANDO A SUA HISTÓRIA: CATARSIS TOTAL! O RETIRANTE TRANSFORMA O MEDO DE SEU COURAÇA, A SAUDADE EM ALEGRIA E ESPERANÇA! É UM SAMBA SOBRE CORAÇÃO, SOBRE AVENTURA, SOBRE DESCOBERTAS, SOBRE PAIXÃO, PELO BRASIL, PELO SALGUEIRO, PELA VIDA! O PÚBLICO ENTENDEU! OS CORAÇÕES EXPLODIRAM EM VERMELHO E BRANCO E O SALGUEIRO ESCREVEU UMA DAS PÁGINAS MAIS GLORIOSAS DO SAMBA CARIOCA! O PARÁ FOI HOMENAGEADO, REINTEGRADO AO BRASIL PLENAMENTE, O AMAZONAS DESAGUOU NO RIO, MAS NÃO FOI PRECISO ESCANCARAR A HOMENAGEM, DESSA FORMA EMOCIONOU, CONVENCEU E VENCEU! ESTE SAMBA DEVE SER ESCRITO EM LETRAS DOURADAS NA HISTÓRIA DO CARNAVAL! Anarquistas Sim, Mas Nem Todos - 1996 - Márcio Paiva, Adalto Magalha, Eduardo Dias, Quinho ESTE SAMBA, QUE, APOIADO EM UM REFRÃO ESPETACULAR, BEM AO GOSTO DO SALGUEIRO, EMPOLGOU A AVENIDA, É MAIS UM EXEMPLO DE BOM SAMBA DO GÊNERO. EXCELENTE, SALGUEIENSE ATÉ A RAIZ MAIS PROFUNDA DA TIJUCA, LEMBRA DA ITÁLIA E DOS IMIGRANTES ITALIANOS, SUA CULTURA E INFLUÊNCIA. O CHARME DO VERSO EM QUE O SALGUEIRO FAZ A ''MASSA'' É BEM HUMORADO E FUNCIONA COMO UMA PISCADINHA. Parintins, A Ilha do Boi Bumbá. Garantido e Caprichoso - 1998 - Paulo Onça ESTE SAMBA, ANIMADÍSSIMO, FUNCIONOU NO DESFILE. DE UM ÚNICO AUTOR (COISA CADA VEZ MAIS RARA) ESTÁ UM POUCO NA CONTRAMÃO DOS ÚLTIMOS SAMBAS DO SALGUEIRO QUE VINHAM SENDO BEM EXEMPLARES DO SAMBA DE ENREDO AUTÊNTICO. ESTE TEM MUITO DE MARCHINHA, MAS A LETRA É INTERESSANTE E MATREIRA. LEMBRA BEM A MANIFESTAÇÃO FOLCLÓRICA, A BATIDA DO SAMBA REMETE TAMBÉM AO RITMO TÍPICO DO BOI-BUMBÁ DE PARINTINS. Sou Rei, Sou Salgueiro, Meu Reinado é Brasileiro - 2000 - Fernando Baster, J.C. Couto, João da Valsa, Touro, Wander Pires ESTE SAMBA, CLARAMENTE DE ENREDO. É EXCELENTE EM MUITOS ASPECTOS. A MELODIA É DELICADA E O REFRÃO FUNCIONAL. Do Fogo Que Ilumina a Vida, Salgueiro é Chama Que Não Se Apaga - 2005 - Moisés Santiago, Waltinho Honorato, Fernando Magaça, Luiz Antonio, Quinho ESTE SAMBA TEM A CARA DO SALGUEIRO TAMBÉM, A ESCOLA PRECISA SE IDENTIFICAR COM SEU TEMA E É MESTRA EM TRADUZIR NO SAMBA-ENREDO. AQUI O FOGO, SEU TEMA, INCENDEIA O PRÓPRIO SALGUEIRO, DAS SUAS CORES, À ICONOGRAFIA DO FOGO: PAIXÃO, OUTRA PALAVRA SALGUEIRENSE POR DEFINIÇÃO. O SAMBA NÃO PERDE UMA AO ''BRINCAR'' COM O FOGO, DAS EXPRESSÕES POPULARES À HISTÓRIA DO FOGO, IDENTIFICADO COM A PRÓPRIA CIVILIZAÇÃO. PERFEITO! INDEFECTÍVEL. Microcosmos: O que os olhos não vêem o coração sente - 2006 - Moisés Santiago, Waltinho Honorato, Fernando Magaça, Paulo Shell, Tiãozinho do Salgueiro, ABS, Leonel, Luizinho Professor, Quinho O SAMBA É PERFEITO. A LETRA IMPECÁVEL, INVEJÁVEL POESIA, FUNCIONOU BRILHANTEMENTE NA AVENIDA! A ESCOLA CANTOU! O SALGUEIRO NÃO FOI PERFEITO? NÃO, NÃO FOI MESMO! MAS QUEM JULGA SAMBA PRECISA SER HONESTO COM SEU QUESITO. TEM JULGAR SÓ MESMO O SAMBA NA AVENIDA! ISSO NÃO FOI FEITO COM O SALGUEIRO! UMA PENA!
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Segunda temporada de 'Ilha de Ferro' promete mais ação e paixão
Cauã Reymond e Maria Casadevall ganham novos companheiros de cena: Mariana Ximenes, Romulo Estrela, Eriberto Leão e Erom Cordeiro Olívia (Mariana Ximenes) e Dante (Cauã Reymond) Raquel Cunha A nova temporada de Ilha de Ferro vai aprofundar os relacionamentos e dar um novo colorido à trama. Os conflitos e turbulências de Dante (Cauã Reymond) e Júlia (Maria Casadevall) aumentam de potência com a chegada do Comandante Ramiro (Romulo Estrela), da Dra. Olívia (Mariana Ximenes) e de Diogo (Eriberto Leão), irmão da Júlia e presidente da empresa petrolífera. “Os personagens são como tubarões emocionais, precisam se mover para não morrer. Quase sempre se metendo ou criando confusão. A plataforma é o epicentro da história, onde eles se encontram e dividem suas angústias. Mas em terra firme temos uma poderosa trilha policial. Tem mais ação e mais paixão”, adianta Mauro Wilson, redator final da série. Afonso Poyart, diretor artístico da série, revela que o sentimento de apropriação é maior na segunda temporada. O fato dos personagens já serem conhecidos dá mais liberdade para avançar e aprofundar as histórias e fantasmas de cada um deles. “Vamos continuar contando a história desse cara que se sente melhor dentro da plataforma, longe da terra, do que em casa. Vamos mostrar essa dualidade entre terra e mar que quem trabalha numa plataforma sente. Eles se sentem meio esquisitos em terra, e nem totalmente naturais na plataforma. A gente está sempre tentando desvendar o que esse tipo de trabalho e estilo de vida impacta nos relacionamentos das pessoas”, resume o diretor. Encontros e desencontros A segunda temporada começa depois de uma passagem de tempo de três anos. Agora Dante é pai solo. Depois que Bruno (Klebber Toledo) foi preso, ele assumiu a paternidade de Maria (Alice Palmar), mas a vida mudou mesmo depois que Leona (Sophie Charlotte) os abandona. Com a filha, mas sem as presenças do irmão e da mulher, o petroleiro é um cara cada vez mais solitário. Dante (Cauã Reymond) e Júlia (Maria Casadevall) vão se reencontrar em 'Ilha de Ferro' Globo/Raquel Cunha Júlia foi embora, Buda (Taumaturgo Ferreira) morreu, e o seu amor é cada vez mais a PLT 137. Sua obstinação aumentou a produtividade da plataforma, ainda que às custas do bem-estar da equipe. Vai ser justamente para tentar controlar os ânimos em erupção na Ilha de Ferro que Olívia (Mariana Ximenes), a psiquiatra da empresa, será chamada à embarcação. “Dante agora é pai e, apesar de fazer tudo pela filha, não buscou a paternidade. Ela veio para ele. Nesse tempo, ele não teve desejo se estabelecer vínculo com ninguém desde que terminou com a Júlia. Até que a Olivia surge. Mas o amor da vida dela é a plataforma. A vida dele é no mar. Profissionalmente ele foi o cara que, nesse tempo, transformou a 137 na plataforma de maior produtividade da Bacia de Santos”, conta o ator Cauã Reymond. Olívia é uma mulher intensa. Noiva de Diogo (Eriberto Leão), presidente da Federativa, ela tenta não expor a relação dos dois para não interferir no trabalho. Mas tudo muda quando conhece Dante. Aos poucos, ela vai se envolvendo nos tormentos dele e segue, assim, tentando diminuir as sombras dos fantasmas do seu passado. Dante (Cauã Reymond) e Olívia (Mariana Ximenes) João Miguel O que ela não contava é que o passado recente de Dante volta com tudo. Após três anos fora, e mais bem resolvida com suas questões pessoais, Júlia retorna a pedido do avô João Bravo (Osmar Prado), que vai receber uma homenagem a bordo da PLT 137. O reencontro traz de volta sua veia petroleira e as lembranças do romance com Dante. Para Maria Casadevall, apesar de a essência de Júlia ainda ser a mesma, suas relações foram amadurecendo, mesmo que a distância. “Quando Julia volta à PLT 137 existe uma cumplicidade profunda com toda a equipe de trabalhadores da plataforma que se fortalece ainda mais nesse reencontro e, claro, uma paixão mal resolvida que vem à tona quando ela e Dante se reaproximam. Na primeira temporada acompanhamos muito pouco a vida de Julia fora da plataforma. Agora o caminho é inverso: vemos Júlia na vida em terra e acompanhamos a maneira como essas escolhas impactam suas passagens pela plataforma”, adianta a atriz. Sobre a vida em terra de Júlia, leia-se: comandante Ramiro (Romulo Estrela). Mergulhador de combate da Marinha, ele é daquele tipo de cara boa praça, mas reservado. Não por acaso, os dois se conhecem no meio de uma perseguição. Apesar de durões, aos poucos, eles vão baixando a guarda, se deixando conhecer e se apaixonando. Mas Ramiro também tem contas a acertar com seu passado. Novos amores, novos desafetos Protagonista de uma boa parte da trilha de ação da segunda temporada, Romulo Estrela fez laboratório na Marinha para conhecer de perto a vida dos mergulhadores de combate para viver o comandante Ramiro. “Fiquei três semanas imerso no universo deles, num complexo naval, vivendo o dia a dia. É um personagem muito especifico, precisava viver da forma mais real que eu pudesse. Foi muito bom ter essa aproximação com eles. É um personagem completamente diferente do que eu já fiz”, conta ele. Romulo Estrela vive o comandante Ramiro em 'Ilha de Ferro 2' Arthur Meninea/ Gshow Se Ramiro e Dante vão dividir o coração de Júlia, Olívia entra na outra ponta desse enredo, tumultuando as atenç��es do petroleiro e, com isso, causando confusão no caminho da gerente de plataforma. “Olivia é uma psiquiatra, com história de vida complicada, que guarda uma amargura em sua alma. E as cicatrizes pelo corpo. Ela é objetiva, reservada, observadora”, revela Mariana Ximenes. Irmão de Júlia e noivo de Olívia, Diogo não aceita perder o posto no coração da psiquiatra para Dante. Presidente da Federativa, a estatal de petróleo da história, ele não mede esforços para conseguir o que quer, seja pessoal ou profissionalmente. “Ele é ambicioso e disciplinado e vê em Dante uma pedra no seu caminho. É um homem diplomático e astuto, que usa o poder e a inteligência que carrega para atingir o que almeja”, define Eriberto Leão. Fora do núcleo petroleiro, a segunda temporada tem ainda outros dois antagonistas. Bruno (Klebber Toledo), que está preso pelo sequestro da plataforma, tenta viver uma vida regenerada, com pregações religiosas e amparo a outros presidiários, mas, quando tem seus objetivos contrariados, volta a assumir riscos para ter o que quer. Bruno (Klebber Toledo) Renan Castelo Branco/ Gshow O maior dos riscos, Bruno assumirá ao lado de Playboy (Erom Cordeiro), um criminoso impiedoso a quem conhece na prisão e que será responsável por sequestros, perseguições e um acerto de contas com o passado. Criada por Max Mallmann e Adriana Lunardi, 'Ilha de Ferro' é escrita por Nilton Braga, Mariana Torres, Rodrigo Salomão, David Rauh e Anna Lee, e tem redação final de Mauro Wilson. A série é dirigida por Afonso Poyart, Roberta Richard e Rafael Miranda, com direção artística de Afonso Poyart. Mariana Ximenes, Romulo Estrela e Eriberto Leão entram para o elenco de 'Ilha de Ferro' Mais Lidas
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Eu ouço "Bebel Gilberto - Somewhere else" e você entra em cena, esse é o local que guardei meu amor. Cuidei, alimentei, vivi, aceitei, e agora? Você indagar... Mas a resposta está nos olhos. Vem dançar comigo, aproveite essa música, leve, doce, afeto, não existe nada que a infinitude do presente possa nos abraçar. Eu tive esse problema com histérica desnecessária, o tal do controle, medo de perde você, esquivando as rejeições, congelando o coração em pedra de gelo. Sofrimento é uma condição humana, bastar aceitar e tente viver com maturidade aquilo que já não se pode mudar. Olhos grandes e secos, você trouxe a mensagem da despedida que o amor se transformou num pássaro cuja encontrou outro abrigo. Isso já é o bastante para compreender que na vida tem seus ciclos. E pode ficar tranquilo, minha alma esta serena com si mesma. Meu coração está em processo de solitude. Aprendendo a brincar com areia do deserto. Fingir que dar para criar expectativas, como castelos de areia. Respeito-o. Coisa que você não fez e estou tratando dele. Não quero trazer ressentimentos. Já é um sofrimento que não vale apenas tocá-lo. Deixei-o. A mulher que está dentro de ti e de mim, fomos a energia feminina que o nutri nossa psique, nossa alma, nossas vidas. Isso levou ao processo de autoconhecimento, intuição, percepção, expansão de consciência, fomos mães, uma cuidou da outra. Tudo isso é a soma do suficiente para nós não se ver, nem procurar mais um ao outro, somos grandes em tamanho e o bastante para ser adultos que seguem em frente, sem culpar, somente respeito. Não vou controlar seu pensamento e nem o que vai sair de sua boca, apenas tente não repetir ciclos viciosos, comportamentais, ressentimentos, com a distorção de nossa história, não existe o arquétipo de vítima entre ambos. Seus olhos continuam sendo os mesmos que tive afeto ao suficiente de ir e deixar de ser. Portanto, não cruze o meu caminho noutra vida, quanto menos nessa se for algo em vão. Esteja presente na sua vida e não faça aquilo que você fez comigo em noutras experiências. Assim, faço pacto comigo, as mesmas coisas desnecessárias, infantis, histéricas, cuja mulher não vai sobreviver sem um pouco de drama a não ser controlado, conforme em bom sensor. Todos os elogios e juras feitas ficaram guardados no nosso armário. Cuja foste uma relação que não teve um prolongamento ao suficiente de dizer que foi namoro, ou noivado e indo além, casados, nem mesmo parceiros. Bom, 6 meses, um semestre, um tempo, um corpo, um coração, um afeto, que nada mais é amor. Nada disso teve nomeação, não decoramos nossas paredes do quarto, nem compramos um cachorro, e nem fomos descobertos fazendo amor no carro em local público. Esse tipo de relação foi o "armário gay". Eu sei que tive meus problemas, ficamos no oculto, deixei meus problemas pessoais toca-lo na sua porta, tem coisas que não se controlar e você não soube lhe dar. O respeito era o mínimo para esse fim de ciclo que está selado. Minha alma dança devagar, trocando passos, e tentando tira o peso da cabeça, como os pensamentos podem matar por vias doenças psicológicas, como depressão, ansiedade, pânico, etc. O que eu preciso é iniciar uma nova trajetória, sem criar expectativas que perfura os espinhos que já tem nessa rosa, noutra rosa se apaixonar com seus espinhos não cortarem minha carne. A dança é um processo para eu amar o suficiente que eu não tenho culpa e nem devo olhar para você com sentimentos maus resolvidos. Fico no meio-termo, olho para a situação vê bom e, ao mesmo tempo sinto frustrada olha para o início e terminar assim. A etapa de um início e o seu fim, tem o meio, esse meio é o processo que devo lhe dar com a solidão. Ficar sozinha processo que preciso ser independente comigo mesma, sem depositar o demais para o outro. A dança é o ritual de gestos, movimentos, energia gasta, suor, para criar uma nova história, existência e afeto. Quero vestir minha paz e passar meu perfume: desapego, e viver o aqui e o agora. Agora estou pronta para mim mesma. Vamos dançar?
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Em outra pele
Era uma fria manhã, bem como os sapos da lagoa da floresta próxima ao reino de Ternapola gostavam. Durante um longo tempo dessa parte do dia, o príncipe sapo estava com sua família cumprindo com seus deveres. Fazia a limpeza do que caia sobre a grama alta, definia os caminhos mais seguros até a lagoa, e preparava os melhores chamarizes para os insetos que seriam alimento de todos. Por um breve instante se distanciou levemente da rota e da companhia de todos enquanto observava o balançar das folhas das árvores. Mal sabia ele que era essa distração que o salvará.
A poucos metros de sua família e de alguns companheiros, o príncipe sapo foi poupado do ataque de uma terrível besta-fera. Um grande dragão negro e esfumaçado, que todos conheciam apenas como lenda da região, pairou pelos ares da grande floresta cuspindo grandes tormentas de fogo sobre os animais que por lá passavam e sobre a copa das árvores onde muitos viviam e se alimentavam. A destruição foi imensa. No reino dos sapos, apenas os que mergulhavam na lagoa tiveram chances de sobreviver. Poucos em terra conseguiram escapar no mínimo com alguns ferimentos leves do ataque.
O príncipe sapo foi o único da família real que não se feriu pelo ataque, ao menos não fisicamente. Com suas duas irmãs que não conseguiram fugir de algumas chamas, os três se tornaram os únicos sobreviventes da família real de sapos.
Após ver o estado em que ficaram suas terras, seus súditos e o reduzido tamanho de sua família, o príncipe sapo assumiu o dever de manter seu reino protegido e de vingar àqueles que perderam o direito de viver. Mantendo todos em abrigos escondidos entre as pedras e perto da lagoa, o príncipe sapo prometeu a todos o seu compromisso com a segurança do reino, e seu breve retorno a ele. O príncipe sairia em busca de auxílio para derrotar a fera que os atacara.
O príncipe foi ao recanto mais escuro e distante da floresta, e lá buscou durante dias a presença de uma bruxa que segundo lendas antigas do reino, possuía poderes além do que se conseguiria imaginar. Depois de um longo tempo a procura da bruxa da floresta, o príncipe sapo, quase no momento de desistir, viu um clarão de luz surgindo próximo a uma grande rocha. A luz o guiou até uma fogueira onde a tão procurada bruxa se aquecia naquela noite fria.
O príncipe clamou por ajuda. Disse os terríveis estragos e perdas causadas pelo ataque do dragão e implorou por um poder para conseguir derrotá-lo. Enquanto a bruxa recusava por não ter qualquer relação ou medo da fera ou do reino do príncipe, ele ainda insistia em pelo menos uma chance de proteger a quem precisava. A bruxa por fim demonstrou empatia pelas palavras de necessidade e disse que concederia ao príncipe sapo um poder para enfrentar o dragão.
A bruxa da floresta, em um longo e enfeitado ritual transformou o príncipe sapo em um humano. Alto, com cabelos, pernas e mãos, o príncipe agora tinha altura para ir atrás da fera, mas não o poder suficiente para derrotá-la. A bruxa disse que essa havia sido a parte fácil do encantamento, uma simples brincadeira de magia, e que o poder real que ela teria que tirar de si mesma para emprestar ao príncipe viria na forma de uma reluzente espada, portadora de toda a magia possuída pela bruxa. Por causa disso, a bruxa definiu como regra o uso apenas por um único dia desse poder. Após o último raio de sol do dia seguinte se pôr no horizonte, a magia da espada retornaria à posse da bruxa, e por isso o príncipe teria que cumprir sua vontade antes desse tempo acabar.
Saindo correndo e tropeçando nos próprios novos pés, o príncipe, agora humano, seguia o rastro de destruição do dragão para achar onde este estava. Passando por montanhas, grandes rios e florestas mais densas do que estava acostumado, o príncipe finalmente encontrou a criatura em uma alta torre de um castelo que caía aos pedaços. Já era quase o pôr do Sol que indicava o limite do poder da espada cedida ao príncipe, e com grande bravura e velocidade, o príncipe entrou em uma grande luta contra o poderoso dragão. Defletindo cortes e golpes às asas da criatura, o príncipe conseguiu enfraquecê-la o suficiente para dar o golpe final com a poderosa espada.
O príncipe conseguira derrotar a terrível fera. Ofegante após a batalha e buscando sopros de ar puro, o príncipe se surpreendeu com a chegada de uma enorme multidão de pessoas feridas e abaladas. Todos correram em direção ao salvador de seu quase perdido reino. O castelo em que o dragão estava havia sido o último alvo de seu ataque onde o rei e a rainha haviam saído eliminados.
Enquanto a multidão fervorosa agradecia e erguia o jovem rapaz que os salvara, o tempo passou e a espada enfim perdeu seu poder ao pôr do sol. Entretanto, como a própria bruxa dissera, só a espada guardava seu real poder, então a forma humana do príncipe se manteve como se fixamente sempre a tivesse.
Desesperado para voltar e cuidar de seu reino e sua família, o jovem príncipe relutava em aceitar uma grande honraria pela multidão salva. Queriam coroá-lo rei pela nobre batalha com a fera salvando assim o que restou daquele reino humano. Após perceber o grave estado em que esse estava e o quanto as pessoas de lá precisavam, o antigo sapo aceitou a honraria de se tornar rei humano.
O rapaz salvador da multidão remanescente se tornou então rei, e em seu poder, reconstruiu o reino e protegeu seus moradores, assim como protegera também a floresta onde sua família e antigo reino viviam. Declarando leis, construindo muros e cuidando de todo o ambiente, em outra forma, em outra pele e de uma grande distância, o agora rei humano assumia não apenas um, mas os dois reinos em que se envolveu, proporcionando grande segurança e prosperidade para seu saudoso e querido reino de sapos e seu novo e necessitado reino humano.
- Gabriel Tessarini
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Melusine (ou Melusina) pode ser considerada um espírito feminino das águas doces em rios e fontes sagradas.
Ligada à fertilidade, vingança e segredos, sua origem é obscura pois sua história recebeu muitas modificações na Idade Média, sendo que ela já foi referenciada como deusa celta, uma fada, ninfa, sereia e, hoje em dia, encontra-se como uma personagem de lendas e folclore europeus, retratada como um tipo de espírito das águas.
Geralmente representada como uma bela mulher que é uma serpente ou peixe da cintura para baixo, ao estilo das sereias. Algumas vezes, é também retratada com asas, duas caudas ou ambos e, por vezes, mencionada como sendo uma nixie, um espírito aquático do folclore Alemão.
Sua história pode ser vista como uma metáfora para a sexualidade e a dualidade contraditória da natureza feminina como vista através de olhos medievais.
Seu simbolismo de natureza dual também foi abordado na alquimia, que emprega a sirene/sereia como um emblema benevolente da iluminação – a sirene dos filósofos. Alquimicamente, as duas caudas da sereia representam a unidade – da terra e da água, do corpo e da alma – e a visão do Mercúrio Universal, a anima mundi que invade o filósofo e o faz ansiar por ela.
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Mitologia
Filha de Pressina, uma fada de água e com um homem mortal, o rei Elinas (ou o Rei Helmas), Melusina nem sempre foi uma criatura sereia/serpentina. De acordo com seu mito e lenda, ela recebeu essa condição depois que sua mãe descobriu o que Melusina fez com seu pai, o rei Elinas o rei Elinas.
O rei Elinas havia encontrado Pressina na “fontaine de la soif” (ou “fonte dos sedentos”) e se apaixonou por ela. Ele então pediu Pressina em casamento mas a fada concordou em casar-se com o rei sob a condição de que ele nunca entrar em suas câmaras durante o parto ou após ele, para que visse seus filhos.
Pouco depois do casamento ela ficou grávida e deu à luz três filhas Melusina, Melior e Plantina. O filho mais velho de Elinas (de um casamento anterior) insistiu para que ele fosse ver sua esposa e seus novos bebês. Pressina ficou tão triste por seu rei ter quebrado a promessa, que fugiu levando os bebês para uma ilha escondida, Cefalônia (ou Kefalonia, uma ilha grega).
Quando as filhas se tornam adolescentes, Pressina as levou para ver o reino de seu pai. Ela contou para as jovens sobre a promessa que seu pai quebrou e Melusine decide se vingar. Ela convence suas irmãs a ajudá-la a seqüestrar seu pai e aprisioná-lo dentro de uma montanha. Quando Pressina descobre o feito, ela fica muito chateada e pune Melusine, tornando-a uma criatura de meio peixe/serpente todos os sábados para o resto de sua vida.
Melusine se refugia na floresta até que um dia ela esbarra em Raymond, o Conde de Anjou (algumas histórias dizem que teriam sido o Duque da Aquitânia), que estava muito angustiado por ter, acidentalmente, matado seu tio durante uma caça de javali. Não sabia o que fazer mas, depois de encontrar Melusine, ela prometeu-lhe que o ajudaria a obter dinheiro, fortuna e poder, às quais nunca poderia imaginar além de oferecer conselhos de como explicar a morte acidental do seu tio à família dele. A nova companheira que ele encontrou nela, ajudou a aliviar sua dor. De fato, ficou tão satisfeito com a ajuda de Melusine que pediu a ela para ser sua noiva. Ela concordou com uma condição, que ele não poderia vê-la em seu quarto aos sábados, não importasse o que acontecesse.
Algumas fontes contam que o conde Raymond se desviou de seu caminho, numa noite de luar, e viu três fadas dançando, sendo que a mais bela era Melusine. Ela era tão doce e gentil que ele se apaixonou loucamente por ela, e pediu-lhe que se casasse com ele.
Ele concordou com o pedido que considerou bobo e eles se casaram logo. Melusine o ajudou a ganhar poder no reino e a construir as cidades francesas de Poitou e Lusignan, onde Melusine se tornou a mãe da linhagem Lusignan. Ela até mesmo teve um castelo construído em Lusignan onde governou a terra e seu o seu povo com graça e amor.
Ao longo do tempo, o feliz casal teve muitos filhos (a maioria dos quais nasceu com uma deformidade de algum tipo). Mas Raymond começou a ser pressionado por membros da família sobre as estranhas atividades de sábado de Melusine. Em um ataque de ciúme (pensando que ela também poderia estar o enganando) ele espiou através do buraco da fechadura na porta para suas câmaras e a viu no banho. Ela parecia tão bonita como sempre da cintura para cima, mas da cintura para baixo seu corpo de peixe/serpente chapinhava na agua com uma cauda feroz. Raymond não podia acreditar em seus olhos, mas nunca mencionou isso a ninguém até que um de seus filhos cometeu um crime. Ele pensou que, como todos os seus filhos tinham nascido tortos, deve ter sido por causa de alguma coisa perversa que Melusine tinha feito e então a acusou de ser “Metade Serpente”. Melusine ficou muito perturbada não só por Raymond saber seu segredo e quebrar sua promessa, mas também por ter anunciado à todos do que ela realmente era. Alguns livros dizem que, por vergonha, Melusine se transformou em um dragão e voou para longe, enquanto outras fontes dizem que ela pulou pela janela em seu estado de peixe e nadou para o rio.
Dizia-se que ela visitava seus filhos em forma humana durante a noite, mas outras histórias afirmam que vê-la era um sinal de mau presságio, pois se você a visse voando e chorando isso significava uma morte iminente na terra.
Versão de Luxemburgo
Quando o conde Siegfried das Ardenas comprou os direitos feudais sobre Luxemburgo em 1963, seu nome foi ligado a versão local de Melusine, que possuía basicamente os mesmos dons mágicos que a ancestral dos Lusignan. A Melusine de Luxemburgo fez surgir o castelo de Bock por mágica na manhã após o casamento dela. Pelos termos do matrimônio, ela exigiu um dia de absoluta privacidade a cada semana. Infelizmente, Sigefroid, como os luxemburgueses o chamam, “não conseguiu resistir à tentação e num dos dias proibidos ele a espiou no banho e descobriu que ela era uma sereia. Quando ele soltou um grito de surpresa, Melusine percebeu-o e a banheira imediatamente afundou-se na rocha sólida, carregando-a com ela”.
Desde então é dito que Melusine surge brevemente na superfície a cada sete anos como uma bela mulher ou serpente, carregando uma pequena chave de ouro na boca. Quem quer que tire a chave dela a libertará e poderá tomá-la como sua noiva.
Versão Germânica
Em Baden, a Áustria, havia floresta chamada Stollenwald, e lá, sobre a montanha de Stollenberg, estão as ruínas de um velho castelo, o palácio Stauffenber. Neste palácio viveu um dia o filho de um magistrado que gostava de capturar pássaros. Um dia ele entrou na floresta para apanhar uma ave titmice. Lá ele ouviu uma bela voz e viu uma belíssima mulher, que gritou para ele:
– Resgata-me, resgata-me! Apenas me beije três vezes três! – Quem é você? – Chamou o jovem e o espectro disse:
– Melusine é o meu nome, A filha do canto celestial! No começo da nona hora, Sem medo, beije minha boca e minhas bochechas, Então serei redimida, E ficarei contigo, meu amado noivo!
Olhando para o ser miraculoso mais de perto, o jovem viu que Melusine tinha um belo rosto, olhos azuis e cabelos loiros. Sua parte superior do corpo também era maravilhosamente proporcionada, mas não as mãos e os pés. Suas mãos não tinham dedos, pareciam pequenas bolsas abertas, e ela não tinha pés, mas sim um corpo de cobra. No entanto, o jovem sem medo deu seus primeiros três beijos. Ela expressou alegria com seu primeiro beijo, e então desapareceu.
Na manhã seguinte, o amante voltou e seguiu a canção sedutora até encontrá-la, ele viu que Melusine agora tinha asas. O corpo de cobra estava salpicado de verde e terminava com a cauda de um dragão. Mas os olhos e o rosto de emanavam beleza, e sua boca era tão sedutora, que ele foi dominado pelo desejo, e ele deu-lhe novamente três beijos. Ela estremeceu com luxúria e desejo, batendo as asas sobre sua cabeça.
Naquela noite, o jovem mal conseguia fechar os olhos. Todos os seus pensamentos estavam com a figura brilhante e linda. Antes do amanhecer, ele entrou no bosque e seguiu a doce voz cantando. Mas desta vez Melusine tinha a cabeça de um sapo, e o amante devia beijá-la como se nada tivesse acontecido. Mas, em vez disso, ele deu-lhe as costas e fugiu o mais rápido que pôde. Atrás dele, ele ouviu um som e gritos de angústia.
Ele nunca mais foi para a Montanha Stollenberg e acabou noivando outra menina que, embora não tão bela como Melusine, pelo menos não tinha cabeça de sapo e um corpo de cobra.
A festa de casamento no Palácio Stauffenberg estava pronta, e todos estavam comemorando, quando uma pequena rachadura se abriu no teto. Uma gota de orvalho caiu no prato, mas ninguém viu. E qualquer um que deu uma mordida na qual a gota caíra caiu morto. E de cima, uma pequena cauda de cobra surgiu através da rachadura no teto e aquele foi o fim da celebração do casamento.
Em outra ocasião Melusine apareceu a uma menina de um pastor e levou a moça até a montanha Stollenberg. Mostrando seus tesouros subterrâneos, disse à menina que seriam dela se pudesse lhe desencantar. A moça não conseguiu manter este segredo e o sacerdote a ameaçou com sanções da igreja se continuasse a comungar com o espectro. Isso silenciou a menina do pastor e o encanto não foi quebrado.
Uma árvore de abeto dupla que cresce a partir de uma única raiz ainda está perto do lugar que eles chamam de “as doze pedras”. É chamado “a árvore de Melusine.”.
Por causa desta lenda, na Baviera, o nome Melusina não se refere apenas a seres mágicos de água, mas também à montanha e à floresta.
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Registros históricos
Na história francesa, muitos membros da realeza de Charlemagne reivindicaram ter descendido da linhagem da família de Melusine. Na verdade, as famílias Plantagenet, Angevin e a Casa de Anjou e Vere ainda reivindicam linhagem que remontam à história de Melusine.
De acordo com o livro “A Serpente E O Cisne: A Noiva Animal No Folclore e Na Literatura”, o nome Melusine foi usado por D’Arras e Couldrette como uma abreviatura das palavras “Mere des Lusignan” ou “Mãe do Lusignans. Muitas outras derivações do nome Melusine foram sugeridas emparelhando a história de fadas com divindades greco-romanas e até origens celtas.
Outra origem do nome vem da latinização das palavras gregas, “Melas-Leuke” significando “Preto e Branco”. Sendo assim Melusine aquela que define a dupla natureza, significando que ela era humana e animal, boa e má, masculina e feminina. A parte masculina e feminina pode soar estranha mas, de acordo com as histórias, o fato de que ela era metade peixe ou metade serpente deu a idéia de sua metade superior era feminina, enquanto sua metade inferior era mais falica e masculina.
De acordo com levantamentos históricos franceses, provou-se ter existido de fato uma rainha armêna com o nome de Melisende (ou Melesende), cujo marido era Fulk V, Conde de Anjou. Há ainda uma história onde diz que o rei Richard I (Ricardo Coração de Leão) tinha feito comentários sobre seu antepassado Fulk III (avô de Fulk V) dizendo “nós vimos do diabo, e ao diabo nós retornaremos.” – querendo dizer que pelo fato da história de Melusine ter sido ligada ao mal ou amaldiçoada, a linhagem da família estava contaminada.
Mesmo antes do casamento de Fulk V e Melisende havia rumores de lendas da ascendência com uma fada mítica que lembrava a história de Melusine. Os nomes Melisende e Melusine certamente soam muito parecidos. Talvez o nome real de Melusine na história não tivesse sido conjurado por algumas gerações e, em seguida, mais tarde através de histórias passadas para as gerações seguintes os nomes de pessoas reais foram misturadas com os da lenda para criar uma genealogia tão antiga quanto a lenda.
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Locais de culto
As lendas de Melusine estão especialmente ligadas às áreas setentrionais, mais célticas, da Gália e dos Países Baixos mas há versões de seu mito na Albânia, em Chipre, na França, em Luxemburgo e na Alemanha.
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Curiosidade
Martinho Lutero, monge alemão responsável pela Reforma Protestante conhecia outra versão da história de Melusine, a qual conta em “Die Melusina zu Lucelberg” (Lucelberg na Silésia), a quem ele se refere várias vezes como um súcubo.
Johann Wolfgang von Goethe, escritor alemão, escreveu o conto “Die Neue Melusine” em 1807 e publicou-o como parte do seu livro Wilhelm Meisters Wanderjahre.
O dramaturgo austríaco Franz Grillparzer encenou o conto de Goethe e Felix Mendelssohn, um compositor alemão, criou uma abertura de concerto denominada “Das Märchen von der schönen Melusine” ou “O conto da bela Melusine” como sua obra nº 32.
Nos dias de hoje, Melusine está presente no logotipo da franquia de cafés Starbucks, sendo que a sereia foi escolhida como logotipo porque seus donos procuravam um tema náutico que capturasse a essência de Seattle, a cidade conhecida pelos velejadores e os portos marinhos na época da fundação da cafeteria.
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Parentesco:
Filha de Pressina, uma fada de água, e um homem mortal, o rei Elinas em algumas versões
Irmã de Melior e Plantina
Esposa de Raymond, o Conde de Anjou na versão francesa e de Siegfried nas versões de luxemburgo.
Mãe de diversas crianças (há referencias que cita, 7, 9 e 10 filhos) mas seus nomes são, na maioria desconhecidos..
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Deusas com os atributos semelhantes:
Mitologia Angolana: Kianda, rainha das dereias
Mitologia Babilônica: Oannes ou Adapa, um dos sete sábios enviados para civilizar os humanos
Mitologia Indiana: Matsyāṅganā
Mitologia iorubá: Yemojá ou Iemanjá, divindade da fertilidade associada a rios e desembocaduras
Mitologia Grega: Mixoparthenos, criatura híbrida com cauda de peixe dupla do Mar Negro.
Folclore europeu: Lorelei, uma sereia germânica
Folclore Japonês: Ningyo, as sereias nipônicas
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Guia rápido de Correspondências:
Invoque a Melusine para: fertilidade, transformações, segredos, ocultações Animais: serpente, peixes e dragões Face da Deusa: Mãe Elemento: água Planeta: Lua Dia da semana: Segunda-feira Símbolos: simbolos aquáticos, espirais, serpentes, peixes
Fontes: http://whatdoeshistorysay.blogspot.com.br/2012/07/who-was-melusine-water-fairy-mermaid-or.html http://www.pitt.edu/~dash/melusina.html https://en.wikipedia.org/wiki/Melusine http://www.gotmedieval.com/2010/08/the-other-starbucks-mermaid-cover-up.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Melusina http://blogs.universal.org/bispomacedo/2015/11/17/a-polemica-do-copo-da-starbucks/
LVIV; UKRAINE – OCTOBER 13: Sculpture – Nympha Melusine on October 13, 2013 in Lviv, Ukraine.
Melusine, divindade das águas de rios e fontes sagradas Melusine (ou Melusina) pode ser considerada um espírito feminino das águas doces em rios e fontes sagradas.
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Irmãozinho e Irmãzinha
O irmãozinho, pegando a irmãzinha pela mão, disse:
- Desde que nossa mãe morreu, nunca mais tivemos uma hora feliz: nossa madrasta nos espanca todos os dias e, quando chegamos perto dela, nos enxota a pontapés. Nosso único alimento, são as côdeas duras de pão; trata melhor o cachorrinho debaixo da mesa, pelo menos ela lhe dá, de vez em quando, algum bocado bem bom. Meu Deus, se nossa mãe soubesse! Vem, vamo-nos embora daqui, vamos por esse mundo afora.
Foram andando e caminharam o dia inteiro, percorrendo prados, campos, caminhos pedregosos. De repente, começou a chover, e a irmãzinha disse:
- Deus e os nossos corações estão chorando juntos.
Ao anoitecer, chegaram a uma grande floresta; estavam tão cansados de chorar e de andar e com tanta fome que resolveram entrar na cavidade de uma velha árvore oca e aí adormeceram.
Na manhã seguinte, quando despertaram, o sol já estava alto no céu e seus raios ardentes penetravam na cavidade da árvore. Então, o irmãozinho disse:
- Estou com sede, irmãzinha; se descobrisse alguma fonte por aí, iria beber um pouco; aliás, parece-me ouvir um murmúrio de água a correr!
Levantou-se, pegou a irmãzinha pela mão e saíram ambos à procura da fonte. Mas a perversa madrasta, que era uma bruxa ruim, vira os meninos irem-se embora; seguiu-os ocultamente, mesmo como fazem as bruxas, e enfeitiçou os mananciais da floresta. Quando os meninos encontraram o regato de água, que corria cintilante sobre as pedras, o irmãozinho precipitou-se para beber; mas a irmãzinha ouviu o murmúrio da água que dizia:
- Quem beber desta água transformar-se-á em tigre.
- Peço-te, querido irmãozinho, que não bebas desta água, - disse ela, - senão te transformarás em fera e me devorarás.
O irmãozinho não bebeu, apesar da grande sede que tinha, e disse:
- Esperarei até encontrar outra fonte.
Quando, porém, chegaram à outra fonte, a irmãzinha ouviu-a dizer:
- Quem beber desta água se transformará em lobo; transformar-se-á em lobo.
Não bebas, querido irmãozinho, - suplicou a irmãzinha, - senão te transformarás em lobo e me devorarás.
O irmãozinho não bebeu, mas disse:
- Esperarei até encontrar a terceira fonte: ai então beberei, digas o que disseres, pois não resisto mais de tanta sede.
Quando chegaram à terceira fonte, a irmãzinha ouviu- a murmurar:
- Quem beber desta água transformar-se-á num gamozinho.
A irmãzinha tornou a pedir:
- Oh, meu irmãozinho, peço-te, não bebas desta água, senão te transformarás num gamozinho e fugirás de mim.
Mas o irmãozinho já estava ajoelhado junto da água e bebeu, porque sentia grande sede. Mal tinha sorvido os primeiros goles, eis que se transformou num pequeno gamo.
A irmãzinha, então, chorou muito ao ver o irmãozinho transformado em gamo e este chorou com ela, achegando-se muito acabrunhado ao seu lado. Por fim a menina disse:
- Tranquiliza-te, meu querido gamozinho, eu jamais te abandonarei.
Desprendeu da perna sua liga dourada e atou-a ao pescoço do gamo; colheu alguns juncos e com eles trançou um cordel com o qual prendeu o animalzinho; depois internaram-se ambos na floresta.
Andaram, andaram, andaram e, por fim, descobriram uma casinha; a menina espiou dentro, viu que estava vazia, e resolveu: "Ficaremos morando aqui."
Juntou folhas e musgo e fez uma caminha macia para o gamozinho e todas as manhãs saía cedo para colher raízes, amoras e nozes pura seu sustento.
A irmãzinha colhia a erva mais tenra, que ele vinha comer alegremente em suas mãozinhas, saltando e dando mil cabriolas a seu lado. A noite, cansada das labutas diárias, irmãzinha rezava suas orações, depois reclinava a cabeça no dorso de gamozinho e nesse travesseiro adormecia sossegada. Se o irmãozinho voltasse à forma humana, a vida ali seria maravilhosa.
Bastante tempo viveram ainda sozinhos na floresta, mas deu-se o caso que o rei organizou uma grande caçada; então ressoaram as trompas por entre o arvoredo, o latido dos cães, os gritos alegres dos caçadores, e o gamozinho, ouvindo esse tropel, pensou no prazer que teria em participar daquele divertimento.
- Ah, - disse ele à irmãzinha, - deixa-me tomar parte na caçada! Não resisto à vontade de ir ter com eles.
Tanto implorou que ela teve de consentir, mas disse-lhe:
- Deves voltar, à tarde; eu fecharei a porta por causa dos caçadores; ao bater, para que se reconheça, deves dizer:
"Deixa-me entrar, minha irmãzinha"; se não disseres isso, não abrirei.
O gamozinho escapuliu bem depressa, satisfeito e feliz por encontrar-se ao ar livre. O rei e os caçadores, vendo o lindo animalzinho, saíram em sua perseguição, mas não conseguiram alcançá-lo, pois quando contavam agarrá-lo, de um salto ele desapareceu por trás das moitas. Assim que anoiteceu, correu para casa, bateu à porta e disse:
- Deixa-me entrar minha irmãzinha!
Então, a porta abriu-se; ele pulou para dentro e dormiu, tranquilamente, a noite toda, no seu fofo leito. No dia seguinte, teve prosseguimento a caçada; quando o gamozinho ouviu as trompas de caça e os oh, oh, dos caçadores, não pôde conter-se e disse:
- Abre-me a porta, irmãzinha, tenho que sair!
A irmãzinha abriu e tornou a dizer:
- Tens, porém, que voltar à tarde e pronunciar a senha.
Assim que o rei e os caçadores tomaram a ver o gamozinho com a coleira de ouro, deitaram a persegui-lo, mas ele era muito ágil e esperto. A perseguição durou o dia todo, até que afinal, ao entardecer, os caçadores conseguiram cercá-lo e um deles feriu-o no pé. O pobre gamozinho, mancando muito, conseguiu fugir, embora menos depressa. Um dos caçadores seguiu-o, cautelosamente, e viu-o chegar à casinha e chamar:
- Deixa-me entrar, minha irmãzinha!
A porta abriu-se e fechou-se rapidamente. O caçador, vendo isso, guardou tudo na memória e foi contar ao rei o que vira e ouvira.
- Amanhã, - disse o rei, - voltaremos a caçar outra vez.
Entretanto, a irmãzinha assustara-se terrivelmente quando viu o gamozinho ferido. Lavou-lhe o ferimento e aplicou-lhe logo algumas ervas, dizendo:
- Agora vai deitar-te, meu querido gamozinho, para sarar bem depressa.
O ferimento, porém, era tão insignificante que na manhã seguinte o gamozinho não tinha mais nada. Ouvindo novamente a algazarra dos caçadores, exclamou:
- Não resisto ficar aqui, tenho de ir logo para lá; desta vez não me pegarão facilmente.
A irmãzinha, chorando, dizia-lhe:
- Desta vez te matarão e eu ficarei sozinha nesta floresta, abandonada por todos; não, não te deixarei ir.
- Se não for morrerei de tristeza, - lamentava-se o gamo, - quando ouço a trompa de caça, não posso conter-me dentro da pele!
A irmãzinha não teve outro remédio senão abrir-lhe a porta, embora com o coração cheio de angústia. O gamo, alegre e feliz, disparou rumo à floresta. Assim que o rei o viu, ordenou aos caçadores:
- Podeis segui-lo, o dia todo, mas proíbo que se lhe faça o menor mal.
Logo que o sol se escondeu, disse o rei ao caçador:
- Vem, mostra-me a casinha da floresta.
Quando chegaram diante da porta, o rei bateu, dizendo:
- Deixa-me entrar, minha irmãzinha!
Então a porta se abriu e o rei entrou; lá dentro, deparou com uma jovem tão linda como jamais vira. A jovem assustou-se quando viu entrar, não o seu querido gamozinho, mas um homem estranho, com uma coroa de ouro na cabeça. Entretanto, o rei contemplava-a com tanta doçura e meiguice que, quando lhe estendeu a mão disse:
- Queres vir comigo para meu castelo e ser minha esposa?
Ela respondeu contente:
- Oh, sim! Mas quero que o meu gamozinho me acompanhe, pois nunca me separarei dele.
- Ficará sempre contigo, - prometeu o rei, - e enquanto viveres nada lhe faltará.
Nisso, chegou o gamo fazendo cabriolas; a irmãzinha prendeu-o com o cordel de junco, segurando-o com as mãos; depois saíram todos da casinha da floresta.
O rei fê-la montar no cavalo e conduziu-a ao castelo onde, pouco depois, realizaram as bodas, com intenso júbilo e grandes pompas. Assim, ela tornou-se Sua Majestade a Rainha e juntos iam vivendo felizes e tranquilos. O gamo era bem alimentado, bem tratado e passava o tempo dando cabriolas no jardim.
A perversa madrasta, que havia obrigado as crianças a vagar ao leu, julgava que a irmãzinha tivesse sido devorada pelas feras na floresta e o irmãozinho, transformado em gamo, tivesse caído vitima dos caçadores. Entretanto. quando ouviu contar que viviam felizes e abastados, o coração encheu-se de inveja e de ciúme, não tendo mais sossego. Não pensava em outra coisa senão na maneira de criar-lhes novas desventuras. Sua filha única. que era feia como a escuridão e que tinha um só olho, censurava-a, dizendo:
- A mim é que devia calhar a sorte de ser rainha!
- Fica tranquila, - respondeu a velha, acrescentando com satisfação: - no momento oportuno, estarei a postos!
E o momento oportuno chegou. A rainha deu à luz um belo menino, justamente quando o rei se achava ausente, durante as caçadas. A bruxa, então, tomando o aspecto da camareira, entrou no quarto onde repousava a rainha e disse-lhe:
- Vinde, senhora, vosso banho está pronto; ele vos fará bem e vos dará novas forças, vinde logo, antes que esfrie.
Com ela estava também a filha. Ambas carregaram a rainha, ainda muito débil, para o quarto de banho e puseram-na na banheira; depois fecharam a porta e deitaram a fugir. Antes, porém, haviam aceso um fogo infernal no quarto de banho e a rainha, fechada lá dentro, em breve sucumbiu sufocada.
Feito isto, a velha meteu uma touca na cabeça da filha e deitou-a no leito, no lugar da rainha. Deu-lhe também a forma e a semelhança desta; só não pôde restituir-lhe o olho que lhe faltava; e para que o rei não percebesse, ela foi obrigada a deitar-se de lado, tentando assim esconder a falha.
A noite, quando voltou e soube que lhe nascera um menino, o rei ficou radiante de alegria e quis logo dirigir-se ao quarto de sua querida esposa a fim de saber como estava passando. A velha, porém, interveio rápida, gritando:
- Pelo amor de Deus, deixai as cortinas fechadas; e rainha ainda não pode ver luz, além disso está muito fraca e precisa descansar.
O rei, então, retirou-se e não ficou sabendo que no leito havia uma falsa rainha.
Mas à meia-noite, quando todos dormiam no castelo, a ama velava junto ao berço do recém-nascido e viu abrir-se a porta e entrar a verdadeira rainha. Esta tirou a criança do berço, tomou-a no colo e deu-lhe de mamar; depois ajeitou o travesseirinho e deitou-a, agasalhando-a bem com o cobertorzinho. Não esqueceu, também, o seu gamozinho; dirigiu-se para o canto onde estava deitado e fez-lhe alguns carinhos; em seguida saiu silenciosamente, como havia entrado. Na manhã seguinte, a ama perguntou aos guardas se tinham visto entrar alguém no castelo durante a noite. Responderam-lhe:
- Não, não vimos entrar ninguém.
Durante muitas noites seguidas, a rainha voltou a aparecer, sempre sem pronunciar palavra; a ama via-a todas as vezes mas não ousava contar a ninguém.
Depois de alguns dias, a rainha certa noite começou a falar:
"Que faz o meu filhinho? Que faz meu gamozinho? Ainda duas vezes virei, depois nunca mais voltarei."
A ama não disse nada, mas, quando ela desapareceu, foi aonde se encontrava o rei e contou-lhe tudo o que vinha se passando.
- Meu Deus, - exclamou o rei, - que será isso! Na próxima noite, ficarei velando perto de meu filho.
Assim o fez; chegando a noite, ocultou-se no quarto do menino e, quando deu meia-noite, viu aparecer a rainha, que tornou a falar:
"Que faz o meu filhinho? Que faz meu gamozinho? Ainda uma vez virei, depois nunca mais voltarei."
Cuidou, como sempre fazia, da criança antes de desaparecer; o rei, porém, não teve coragem de falar-lhe e decidiu ficar velando, também, na noite seguinte junto do filho. À meia-noite viu-a entrar e dizer:
"Que faz o meu filhinho? Que faz meu gamozinho? Vim ainda esta vez e depois nunca mais."
O rei então não se conteve mais, correu para ela, dizendo:
- Não podes ser outra senão a minha esposa querida.
- Sim, - respondeu-lhe ela, - sou eu mesma, tua esposa querida.
Pela graça de Deus, voltou à vida; bela, sadia e viçosa como fora antes. Contou ao rei o crime praticado pela bruxa perversa e sua filha e o rei, então mandou que fossem ambas julgadas e condenadas. A filha foi conduzida à floresta, onde acabou estraçalhada pelos animais ferozes; a bruxa foi lançada à fogueira, onde teve morte horrível e assim que se transformou em cinzas, o gamozinho recuperou novamente seu aspecto humano.
A partir de então, a irmãzinha e o irmãozinho viveram juntos com o rei no castelo, alegres e felizes pelo resto da vida.
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Posso abrir o jogo?
Não quero mentir, às vezes me pego pensando naquele sorriso que você tanto segurava, me pego lembrando de como seus braços seguravam minha cintura, me pegava até mesmo lembrando de seu cheiro...Era bem estranho, eu estava me imaginando sem vc, devia ser por que em algum momento eu sabia que aquilo seria a minha realidade, eu apenas não queria admitir.
Aquela realidade chegou rápido, rápido até demais...pensei q demoraria em cerca de 3 meses ou 4, foram apenas segundos, foram apenas milésimos segundo, foi o tempo de minha amiga ter dito aquelas malditas palavras: "ele te traiu". Aquela maldita frase, aquele maldito amor...
Um mundo que antes parecia ser seguro, repleto de amor e carinho, um mundo no qual um selinho curava tudo! Se transformou eu ruínas, castelos derrubados, aqueles q haviam sidos construídos por pequenas pedras encontradas no meu caminho. Você destruiu com tanta facilidade, era inacreditável!!!
Com a mesma rapidez que teve para destruir, teve para reconstruir. Muitos irão me dizer q fui trouxa, eu sei...e quer saber? Eu não ligo, quero apenas estar com vc, n importa o lugar ou a circunstância. Meu amor por você não tem validade, por mim, será para todo o sempre, mesmo sabendo q o pra sempre não existe.
Eu sou trouxa, mas prefiro ouvir um eu te amo da sua boca, mesmo se for falso, do que chorar por n sentir sua pele, seu cheiro ou seus lábios. Isso é amor, pelo menos, para mim.
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Vivemos sempre na vontade de viver coisas incríveis, sem dificuldades e sem pedras no caminho. Sabe por quê? Porque a Disney fez vários filmes infantis nos dizendo que a vida era assim, você nascia uma princesinha ou um príncipe. Crescia aprendendo a como ter classe e se portar diante das pessoas. Então você crescia e encontrava o príncipe ou a princesa e aí viviam felizes para sempre. Tudo bem que no meio do caminho para que o casal se encontrasse aconteciam alguns contratempos, mas qual é? Nada comparado a vida não é mesmo? Um dos meus filmes favoritos de princesa é a Bela e a Fera, porque houve ali um contratempo maior que em algumas outras histórias. A Fera teve que abrir seu coração e mostrar seu lado bom para recuperar sua imagem de antes, ele precisava do amor da Bela. E a Bela com seu coração bondoso teve paciência e acreditou que a Fera podia mudar e ser melhor, sem contar que Bela adorava ler, o que fazia dela mais interessante. Ambos cresceram com todo o transtorno causado pela maldição da Fera. E quando digo todos, são todos literalmente nesta história. Lembra dos criados do castelo que a Feiticeira transformou em objetos encantados? Todos sujeitos a ficarem daquele jeito caso a Fera não encontrasse o verdadeiro amor. Pois é, mas o fato aqui não é esse, é que fomos induzidos a acreditar que a vida seria brincar, crescer e encontrar o amor da vida e ser feliz para sempre. A parte que faltou é que quando crescemos dificilmente encontramos príncipes ou princesas por aí. Porque ambos, homens e mulheres, já passaram por decepções amorosas que os fizeram deixar de lado todo esse papo de ser o amor da vida das pessoas. Hoje falam por aí da lei do desapego. Aprendi lendo alguns livros, de uma escritora que admiro, que desapegar não é simplesmente não se apegar a ninguém e fazer as pessoas de trouxa. É somente deixar de lado e para trás aquilo que não te faz bem, aquilo que não te leva a seguir seu caminho a frente. Deixar de se preocupar com aquilo que não te move. Aquilo que te deixa triste e faz chorar. Desapegar é falar para você mesmo que você não... (texto completo no blog e facebook) #aquinoLA #writerofinstagram #aquinoescreve #writerslife
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Desatino
Primeiro ato
{Cenário: uma grande pedra}
{Luz sobe lentamente revelando o rosto da atriz que dorme
numa pedra. Desperta lentamente}
{fala sentada}
Quando toco em uma pedra sinto como se o universo
me acariciasse silenciosamente.
Me sinto forte e renovada.
É apaixonante o silêncio das pedras.
Um reverente silêncio de mais de quatro bilhões de anos.
A nobreza está nos minerais.
{começa a se deitar}
Sempre que eu posso, durmo com a cabeça encostada numa pedra.
Tenho meus melhores sonhos.
{Fala com a cabeça encostada na pedra}
Quando eu era criança me divertia com as pedras,
agora eu comungo com elas.
Amanhã serei inteiramente pedra.
{sentada}
Só quem conhece as pedras pode entender o tempo.
{levanta-se}
Eu digo por que eu sei das pedras.
{começa a andar em cima da pedra}
Eu sei andar em pedras.
Nasci com esse dom.
Todo o nosso planeta é uma grande pedra.
A civilização é o lodo que faz escorregar
quem não tem atenção
ao andar em cima de pedras.
O limo é o homem.
{em cima da grande pedra}
No meio da pedra tinha um caminho.
Os homens, pra seguir mais rápido, começaram a cortar caminho.
Escravizaram, aprisionaram, explodiram, deformaram as pedras.
Desde a construção das tumbas em forma de pirâmides,
até as suntuosas catedrais, erguidas em nome da fé,
o homem aprisiona as pedras.
Os fortes militares, e os castelos medievais,
só foram construídos graças à fortaleza e obediência das pedras.
Nas esculturas, a pedra, moldada pelo homem, deforma a obra da natureza.
Não gosto de homens escultores.
A liberdade é uma pedra bruta.
Não é pedra mexida, moldada, carregada, deslocada, empilhada, lapidada.
{grita}
Sísifo.
{Luz começa a cair}
{deita, com o rosto encostado na pedra}
A morte é a vingança da pedra na lápide esculpida.
{escuro}
Segundo ato
{Cenário: um spot de luz, com tripé, voltado para o rosto da atriz
e outro spot idêntico, voltado para a platéia}
{escuro}
Quem de nós será absolvido depois da morte?
{Ascende o spot no rosto da atriz}
Eu já roubei.
{cara de desdém, minimizando o fato}
Eu roubei chocolate das lojas americanas.
Bom, mas os americanos são os americanos…
E foi o Álvaro, um português, quem me instigou.
Eu ficava andando louca atrás de sonho de valsa
pelas prateleiras das lojas americanas.
Ele cochichava baixinho no meu ouvido:
Come chocolate, pequena;
Come chocolate!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
{gritando}
Come, pequena, come!
Há, há, há, ninguém nunca me pegou.
Americanos são muito americanos.
{Spot apaga e ascende novamente}
Eu já avancei sinal de trânsito.
Quem é que pode ficar parado na esquina e ser um
alvo fácil dos brasileiros?
Brasileiros são muito brasileiros.
{Spot apaga e ascende novamente}
Eu já colei na escola.
Era prova de química.
Pra que ensinar química na escola?
Deviam ensinar coisas práticas:
Amamentação.
Seria muito mais útil ter aulas de amamentação em vez de
decorar a tabela periódica…
Li na Kapa da Rebista coisas Francesas…
Quem aprendeu o que era colostro na escola?
Quando meu filho nasceu, teve uma ignorante que me disse
que meu leite não prestava.
E eu acreditei.
Eu não tinha aprendido o que era colostro.
{Spot apaga e ascende novamente}
Eu já cheirei cola no banheiro da escola.
Isso foi influência dos amigos.
Uma mãe, se for zelosa, devia ensinar o filho em casa.
Depois ele ia direto trabalhar.
O meu filho agora está fora da escola.
Ele não vai aprender coisa errada na escola.
A escola é ruim.
Lá ou se aprende coisa inútil ou coisa errada.
{spot apaga e ao ascender revela atriz com as mãos na cabeça}
Tanto tempo que eu não vejo meu filho…
{continua intranqüila}
No tempo em que eu dormia, eu sonhava com ele.
Quando eu queria estar com ele, eu dormia.
Pra mim, o sono era meu suborno.
{O segundo spot ascende para iluminar a platéia}
E vocês? aceitam suborno?
{blackout}
{desolada}
O sono de vocês me angustia.
Terceiro ato
{Cenário: quatro manequins}
{Atriz parada no centro do palco}
Uma indagação, viciado eleitor:
Você confia mais no seu traficante ou no seu senador?
{Atriz correndo pelo palco, passeia por entre os modelos}
Atenção traficantes:
O cerco vai se fechar.
{Para}
Atenção congressistas!
O circo vai começar.
{começa a andar}
Já chega de palhaçada.
{parada}
Fechem o congresso!
Não é ordem,
É pedido de progresso.
{olhando pros modelos}
E pro povo feliz?
Castigo duro:
Governar o próprio nariz!
O povo decidindo seu próprio destino?
{risos sarcásticos. Fala enquanto rodeia os modelos, examinando-os}
Esse aqui não sabe ler.
Esse aqui não tem educação.
Esse outro não é capaz de ganhar dinheiro pra manter a própria família.
Esse não sabe o que é planejamento familiar.
Esse só sabe planejar a cachaça do sábado.
Nem a de domingo ele planeja.
Isso vai depender da surra que ele der ou levar da própria mulher.
Ah, isso todos eles têm muito. Mulher e amante. E filho. Muitos filhos.
Esse não sabe votar.
Esse não sabe o que está acontecendo.
Esse é massa de manobra.
Esse é voto de cabresto.
Esse não saberia votar em si mesmo.
Anularia seu próprio voto. Ignorante que é.
{olhando com desdém para os modelos}
O povo desgovernaria o próprio nariz…
{vai à platéia}
Qual a sua ideologia?
Socialismo?
Capitalismo?
Cristianismo?
Alcoolismo?
Islamismo?
Liberalismo?
Populismo?
Budismo?
Ateísmo?
Romantismo?
Reumatismo?
Daltonismo?
Ceticismo?
Comunismo?
Catolicismo?
{gritando}
No fim é tudo igual.
{insegura}
Meu professor de filosofia me disse que Aristóteles, o antigo filósofo grego,
profetizou que eu nasceria um animal político.
{fala com voz de homem e imita um diálogo}
Essa nobre Comissão Parlamentar de Inquérito, está vigilante e atua
visando o bem maior da nossa valorosa coletividade.
{tentando interromper a si mesmo}
Vossa excelência me concede um aparte?
{volta}
É nosso dever fiscalizar com retidão impoluta e inexpugnável coragem
as ações vis praticadas por uma minoria opulenta,
que vela seus interesses próprios e, mais importante, escusados de ética;
e, agindo assim, transformou nossa nobilíssima Comissão Mista de Orçamento
num misto de furna e cofre.
{tentando interromper a si mesmo}
Questão de ordem vossa Excelência…
{volta}
Outro caso sobre o qual não poderemos calar é o recentemente ocorrido
na Comissão de Constituição e Justiça, onde, aliás, só há justiça nas redondezas
dos interesses das grandes corporações aquinhoadas com o vasto capital mundial,
e que tentam, em vão, subjugar uma minoria proba, na qual este relator que vos fala
humildemente se inclui estacionário ad infinitum, sob os olhares vigilantes de Marco Aurélio,
o Imperador, de quem aprendi que erra não apenas quem faz, mas também quem deixa
de fazer alguma coisa.
{tentando interromper a si mesmo}
Questão de ordem vossa Excelência…
{volta}
Podemos acusar, sem medo de serem falsas as ilações, que, esses detentores do ouro,
só garantem sua vitória folgada nesta casa, mediante o interesse com frescor quase juvenil que os venais nutrem pelo fausto dourado e a eterna sofreguidão que sentem por tudo que seja relativo ao universo pecuniário.
{tentando interromper a si mesmo}
Um aparte, por obséquio, vossa excelência:
{volta}
Aparte concedido a vossa excelência.
{andando encara a platéia}
No Conselho de Ética,
Quem ganha mais?
{anda até a boca de cena e fala baixinho apontando para os modelos}
O relator ou os que ficam calados?
{histérica, grita e aponta para os modelos}
O relator, ou os que ficam caladinhos?
{volta a falar olhando para a platéia}
Aqui fora, quem sofre mais?
Os que botam a boca no trombone ou os que ficam vendo a banda passar?
Os ignorantes ou os que só ficam lendo e estudando?
O mundo deve muito mais a um dia de trabalho de um motorista de
ônibus do que a produção completa de todos os filósofos gregos.
Eu acho. Só não tive coragem de dizer pro meu analista.
{com os olhos de doida}
Fiquei com medo que ele me convidasse pra frequentar a sua turma
de estudos sobre Heidegger.
{anda impaciente pelo palco, de repente estaca}
Qual será a melhor ética?
{passeia graciosamente, como se fosse uma menina feliz}
Certamente é a poética!
Alexandrina, concreta, lírica, romântica, épica, metafísica.
Eu quero ser poeta.
{olha com alegria e cochicha}
Pra sonhar mais que poeta, só dormindo a eternidade.
{para de repente e grita}
Eu não sou doida.
Eu quero ser poeta.
{tentando ficar tranquila, explica:}
Os loucos subvertem a lógica.
Os poetas vertem a ilógica.
Os loucos ficam surdos, de tanto gritar pra fora.
Os poetas, ficam mudos, de tanto escutar pra dentro.
{anda pelo palco a pensar. Fala angustiada }
Eu não quero ser poeta.
Os poetas morrem cedo.
Eu quero viver. Eu não quero morrer.
Eu sou louca, não sou poeta. Eu sou louca.
{olha pra cima e pergunta suplicando}
Eu sou lúcida? Álvaro, responda, eu sou lúcida?
{chegando muito perto da platéia com olhos de doida}
Meu pensamento é ao contrário:
Quando eu escuto com o nariz, cuidado!
Não cochiche enquanto eu espirrar.
Quando eu olho com o pé,
Minha visão alcança mais, muito mais.
Quando eu falo de ouvido,
Cada palavra sai de uma orelha diferente.
A boca grita eternamente assim:
A morte é o fim!
{blackout}
Quarto ato
{Cenário: Divã. projeção de uma ultra-sonografia}
{fala empolgada andando e gesticulando}
Eu vi o começo de tudo.
A gente nasce coração.
Só um coração batendo cento e setenta vezes por minuto.
Tutututututututututututu.
Tudo é uma questão de ritmo.
Tutututututututututututu.
Nada mais interessa.
Tutututututututututututu.
E esse ritmo do coração que bate a cento e
setenta por minuto é que faz a gente desenvolver coragem
pra enfrentar a saída da primeira caverna: o útero.
Eu não me lembro do dia em que eu saí de dentro do útero.
Mas eu me lembro do dia em que eu descobri que estava dentro
de uma outra caverna: o universo.
E com o passar do tempo eu entendi a abissal diferença entre
os seres humanos: os poucos, que mesmo percebendo
a imensidão da segunda caverna se sentem enclausurados,
e os muitos, que não percebem nada e se sentem livres.
{começa a dançar}
Os que se sentem livres nem suspeitam que moram numa caverna.
O homem nunca saiu da caverna.
Não existe nave espacial capaz de tirar ninguém da caverna.
{sarcástica}
Nem os americanos, que são os americanos, e que dizem até que já foram pra lua, conseguem sair da caverna.
{para, enfática}
O homem está preso.
Pode chorar.
Pode rezar.
Pode gritar.
Pode inventar.
O homem não para de inventar coisas pra ajudar a vencer
o desconforto do porvir.
Nem assim ele mudará o destino de ser homem das cavernas.
O homem ainda é o homem das cavernas.
{Fala rodeando o divã}
Esse é o seu destino.
{senta no divã}
O meu destino é o meu desatino…
{levantando-se}
Questão metafísica relevante: livre-arbítrio.
Se a gente puder escolher, não existe problema.
Mas se não há opção, existirá outra solução?
{quase cochichando para a platéia}
Dizem que um dos sintomas da loucura é a dificuldade de escolher.
{gritando}
Para!
Eu não quero mais.
Eu não agüento ter que pensar.
Ter que discernir entre o certo e o errado.
Eu não quero escolher mais nada.
Escolher é um problema pra mim, sim.
{volta a falar num tom eufórico}
Ser ou não ser?
Ter ou não ter?
Ser o filho ou ter um filho?
Se tiver, é melhor:
Um ou dois?
Três ou quatro?
Homem ou Mulher?
biológico ou adotivo?
Matar os pais?
Ou adotá-los para sempre?
Cedo ou Tarde?
Perto ou longe?
Grande ou pequeno?
Levantar pra viver a vida?
{deita no divã}
Ou ver a vida passar deitada em um divã?
{resignada, senta no divã}
Desistir, ou desistir de desistir?
Eu só queria uma pausa. Uma pausa na vida.
{blackout}
{aparece em pé, ao lado do divã}
Quando eu disse pro Álvaro que queria dar um tempo ele
me olhou com desprezo…
{vai andando até a platéia}
… Como se eu fosse uma vaca louca, e me disse com aquele
ar sereno dos que se dizem normais:
{imita voz de velho}
Um mergulho mais profundo na alma não tem volta.
Na dúvida, permaneça feliz.
Boiando na superfície.
{música: Uma valsinha}
{Luz vermelha ilumina todo o palco. Começa a dançar girando pelo palco}
É isso.
Eu quero ser feliz sim.
Feliz, feliz, boiando na superfície.
Um tempo.
O meu próprio tempo.
Feliz, boiando na superfície.
{encarando o teto}
Algum problema?
{sarcástica}
Algum problema ai, Doutor Álvaro?
{volta a olhar a platéia}
Eu quero ser feliz.
Eu não vou mais mergulhar.
Eu vou ficar só boiando.
Na superfície.
{olha para o teto de novo e fala enfática}
Vou ser feliz.
{volta a andar em direção ao divã. Grita, deitada no divã}
Eu vou sentir saudades do divã.
Mas, doutor… agora, eu quero temperar a vida.
{blakout}
{Grita no escuro, e depois dá uma gargalhada}
Eu quero temperar a vida. E viver destemperadamente.
{música agitada e paranóica}
Eu fui feliz.
Boiar era muito bom.
Eu ficava só na superfície. Boiando.
{para em frente ao divã}
Não havia preocupação.
{irônica, olhando para o alto}
Não havia como se afogar, eu não ia mais pro fundo. E eu sabia boiar.
{corre em volta do divã. Pára e se ajoelha}
Boiar era mais fácil do que se deitar num divã.
{Inicia uma melodia triste e repetitiva, com poucas variações de notas}
{luz torna-se azul em fade in}
{atriz fala deitada no divã}
Eu to me afogando.
Alguém me ajuda.
Eu não quero morrer agora.
{anda pelo palco, angustiada}
Eu não sei boiar assim tão bem.
Alguém me ajuda, por favor.
Eu não quero morrer tão nova.
{Deita no divã e olha desesperada para cima, voz angustiada}
Doutor me ajuda hem?
Diazepan, dormonid ou lexotan?
Me ajuda doutor.
Uma receita azul, por favor.
Resolve o meu problema, doutor.
{levanta do divã, olhando para todos os lados}
Alguém me ajude, por favor.
Alguém tem receita azul?
valium, rivotril, ou diempax, doutor?
{grita}
Alguém, por favor, me ajuda.
Aquele papel azul.
prozac, ocadil ou lorax?
{Para e fala resiliente}
Eu me sinto melhor!
{anda ao encontro da platéia}
Pergunta aos depressivos:
Deixar a vida ainda
Mal passada
Ou viver até passar do ponto?
{blackout}
{Luz volta branca}
{Gritando}
Eu quero fugir.
{sussurrando}
Fugir pra qualquer lugar.
De qualquer um, inclusive, de mim.
{deitada no divã, olhando pra cima}
Que paralisia.
Não consigo fugir nem de mim mesmo.
O verdadeiro covarde é o que fica:
Falta-lhe coragem até para fugir!
{levanta e vai em direção à platéia, olha para cima depois para
a platéia e depois para cima novamente}
As únicas exceções, são as relativas aos casos de Sócrates, o filósofo, e Jesus, o mestre, e mais ninguém, ouviram?
{Gritando}:
ninguém!
{indignada}:
Eu não quero ser covarde.
Eu quero ser sábia.
O que eu faço pra ser sábia, doutor Álvaro?
{sorrindo com ar de superioridade, imita voz de homem}
Para isso bastaria que a ação se efetuasse depois da precipitação
tola e antes da hesitação covarde.
{deitada no divã}
Eu só consigo ficar parada.
Eu não consigo agir.
Eu só consigo pensar.
{levanta séria}
Outro dia eu tava pensando:
Eu acredito num mundo melhor.
{depois de uma pausa, gargalha cínica e debochadamente}
Pra imaginar mais que uma criança, só mentindo.
Eu minto.
O homem inventou o conhecimento, a metafísica e a moral.
É tudo mentira.
Toda invenção humana não passa de uma grande mentira universal.
Só os homens acreditam nela.
Os animais ignoram.
Os vegetais ignoram.
Os minerais ignoram.
No fundo somos ignorantes ignorados por tudo à nossa volta.
{black out}
Quanto mais apegado ao conhecimento, mais ignorante é o homem.
{atriz rasga a roupa}
{luz volta branca muito tênue, um sopro.}
Ninguém vestido pode ser verdadeiro:
Desde que o homem se cobriu esconde algo na alma.
{descrente}
Mas eu não tenho alma.
Eu não acredito em alma.
Meu pai me dizia pra eu não acreditar em alma.
Minha mãe dizia pra eu não acreditar em homem.
Eu não acredito em nada.
{aparentemente tranqüila, mas lamentando}
Eu só queria acreditar que quando a gente dorme
o sono dos justos, sonha.
{caminha em direção ao divã e deita. Fala com voz suave}
Eu tô cansada… mas eu não quero dormir agora.
{fade out de luz}.
{grito de desespero}
Eu tenho medo do escuro por trás das minhas pálpebras.
{Fade in de luz branca}
{levantando num ímpeto}
Se o corpo cansa
O espírito
Desprende e avança…
Eu não acredito em nada.
Espírito é alma.
Eu não acredito em alma.
Eu não acredito em mim.
Eu quero nascer de novo.
Gado.
Com pasto verde e água fresca.
Se for pra passar fome, aí mesmo é que eu quero ser gado.
Com capim seco e pouca água.
Eu prefiro a vida de gado.
Eu não quero ser gente.
Eu odeio gente.
Mesmo a gente sagrada eu odeio.
Se tiver um duelo final no mundo, será o da marcada gente
contra o feliz gado.
E eu quero estar do lado da felicidade.
Chega de gente.
gente vermelha,
Gente preta,
Gente amarela,
Gente branca.
Tem tanta gente pra comer
que se fosse matar a fome de todo mundo
ia faltar gado pra morrer.
Mas como tem muita gente que pasta na vida,
ainda tem muito gado que vive feliz.
{blackout. Luz ressurge lentamente. Atriz olha para a platéia e fala}
É ou não é triste saber que já fomos felizes?
Quinto ato
{Cenário: uma grande pedra e um cartaz que se utiliza para praticar tiro}
{luz sobe dramática}
{como se retornasse de um sonho}
Meu caminho era de pedra…
Isso eu me lembro.
Eu andava em pedras. Era muito boa nisso.
Agora já não posso mais.
Eu não me lembro bem por quê.
Se eu acordar no meio do sonho posso até me lembrar.
Mas esquecer é tão confortável.
É bem quentinho o nosso pensamento esquecido.
O frio é a lembrança.
Eu quero sonhar, não quero acordar.
Eu posso voar sentada, sem sair do lugar.
As pedras eram a minha companhia.
Eu andava sobre elas.
Isso foi antes de eu aprender a sonhar.
Agora eu vivo sentada nas nuvens.
E me esquento com o meu esquecimento.
As pedras eram a minha companhia.
{luz desce até o escuro. Volta suave: Penumbra}
Mas que caminho é tão doce assim que só tem pedras?
A vida não é feita só de pedras, infelizmente o homem não vive só com as pedras.
Balas desocupadas voam livremente por aí.
{falando alto, vai aumentando o tom de revolta}
Balas sem ocupação passeiam pelas ruas das cidades.
Balas solitárias estão por ai, carentes, à nossa procura.
Balas desocupadas estão ai, pra arranjar ocupação.
{luz cai novamente. Escuro}
No meio do caminho tinha uma bala.
{grita}
Eu não quero ouvir mais essa voz…
{fala com desespero, olha pra cima}
Eu não aguento mais essa voz imunda, inundando meus ouvidos
todos os dias. Eu prefiro o barulho dos tiros.
{blackut: forte barulho de seis tiros}
{luz sobe dramática revelando atriz numa cadeira de rodas. Ela roda até o cartaz de tiro}
O estampido parece que foi agora a pouco.
O gemido, eu ainda consigo ouvir.
No meio da bala tinha um caminho.
{atriz começa a rodar pelo palco na cadeira de rodas até chegar perto
do cartaz de tiro novamente}
Que tristeza infinita.
Acordar todo dia e refazer esse mesmo caminho.
{blackout}
Final
{escuro}
{luz sobe revelando aos poucos a atriz. Já não há nenhuma
cadeira de rodas. Ela começa a andar por cima das pedras como
se estivesse perdida no palco}
{Atriz segura um grande vaso com muitos lírios. Coloca-o delicadamente no chão,
ao seu lado e desabafa de forma serena}
Sonho é destino…
Eu tinha medo da morte.
Mas isso foi antes de aprender a sonhar.
Eu sonhei que estava rodeada de flores, muitas flores.
Arranjos delicados e bem feitos.
Crisântemos de todas as cores, tulipas, margaridas, girassóis gigantes,
todos voltados pra mim.
Um campo de girassóis esperava por mim.
Azáleas formavam um labirinto colorido pra eu caminhar
alegremente até me perder.
Pra me achar, o cheiro do jasmim.
Pra repousar um campo de papoulas, onde eu podia observar
a tarde inteiramente rubra.
Meu sonho não era angustiado como esses sonhos sobre a vida. Não!
Foi muito lindo.
Eu sonhei que encontrava meu filho.
Eu tinha todas as flores que sonhei ter pra mim,
e tinha o meu filho de volta.
Qual será o meu sonho de hoje?
Eu tenho a sensação de que não faço nada além de dormir e sonhar.
Será esse o meu destino?
O meu caminho eu não lembro.
Mas eu não preciso saber mais nada.
Eu posso fazer outro caminho.
Só que antes eu quero escutar uma valsa.
Eu me lembro de ter lido que o cérebro humano continua
processando impulsos elétricos depois da morte.
E que a audição é o último dos sentidos a morrer.
Depois de tudo acabar, a gente ainda consegue escutar
uma música inteirinha.
{grita}
Eu quero escutar agora.
{mais tranqüila}
Não quero perder mais nem um segundo.
Eu já perdi muito tempo.
Eu sei o valor exato. Mas eu não preciso mais falar isso,
e nem fazer mais contas.
Agora eu quero ficar quieta, no meu cantinho.
Descansar na pedra, que eu adoro.
Ficar quietinha escutando uma valsa tocada
especialmente pra mim.
Não vai ser triste não. Vai ser muito bonito.
Eu vou descansar na pedra, rodeada de flores,
escutando uma música só pra mim.
É tudo o que eu sonhei:
{empolgada}
Assistir à estréia da lucidez no asilo dos meus pensamentos.
{joga as flores ao redor da pedra, como quem joga flores em uma sepultura.
Toma entre as mãos o vaso e derrama o líquido, que se revela vermelho,
suavemente sobre seu corpo. Fica completamente manchada de vermelho}
{deita na pedra}
Pra quem não sabe sonhar, a morte é o fim.
{A valsa começa a tocar por alguns minutos. Música acaba com blackout}.
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Mairiporã, Uma Cidade Com Muitos Lugares Legais Para Visitar - SP - Brasil
altas torres, abóbodas ogivais e o uso das cores
Aproveitamos um lindo dia de setembro durante a Festa das Flores e Morangos de Atibaia para conhecer a cidade de Mairiporã com o simpático Edison de Abreu da Cantareira Viagens e ficamos impressionados com a variedade de atrativos que encontramos na região norte da Grande São Paulo.
Nossa primeira parada foi no Instituto Mairiporã Thomaz Cruz, uma instituição fundada em 1963 que promove desde a educação infantil até o ensino superior, onde visitamos o Museu de Ciências e Artes do Instituto Mairiporã – MCA.
O museu tem uma estrutura única em Mairiporã e conta com dois setores distintos, voltados ao estudo e à exposição de artes e de tecnologia industrial. Na primeira parte encontramos os módulos didáticos que são utilizados como método de ensino para criar uma visão completa do panorama das artes plásticas para os visitantes e alunos da instituição.
Ao todo são mais de 120 reproduções de pinturas e 22 réplicas de esculturas, tudo regularizado já que os museus do Louvre, Prado, MASP, Washington entre outros proprietários das obras originais autorizaram as reproduções.
Neste espaço também encontramos três salas temáticas, uma de Arte Popular e Indígena, outra dedicada as Artes Gráficas e ainda uma de Arte Sacra com imagens do século XVIII, XIX incluindo telas originais do pintor Castellane.
O outro setor é destinado à Arqueologia Industrial contendo peças incríveis como o tear Andrighitti de 1930, uma extensa coleção de projetores de cinema que inclui o projetor 35mm com lanterna a Carvão, filmadores, câmeras e reprodutores de vídeo. As salas com objetos que contam a história das artes gráficas tem expostos desde pedras de Impressão até o Linotype mecânico de 1942.
A exposição de comunicações é uma das partes do MCA que mais chamam a atenção já que é possível acompanhar a evolução de aparelhos recentes como tele-fax, telégrafos, telefones, máquinas de escrever e as emissoras de rádio. A evolução que mais impressiona é a dos computadores, existe até um disco rígido da década de 1950, com a capacidade de 500kb, pesando mais de 20 quilos e que levava cerca de 2 dias para ser formatado.
Saindo do museu pudemos conhecer um pouco mais da estrutura do Instituto Mairiporã Thomaz Cruz que traz um lindo conjunto arquitetônico com alguns detalhes curiosos como o barco de alvenaria Cisne Branco.
Além de quadras esportivas, piscinas pista de atletismo e campo de futebol o instituto trabalha com a conscientização ecológica em um grande orquidário com centenas de espécimes em exposição.
Outro detalhe que adoramos foram os diversos pavões que passeiam livremente em todas as áreas do complexo, super dóceis com os alunos e visitantes.
Ainda no Instituto Mairiporã tivemos a oportunidade de visitar o Museu de Arqueologia Industrial e Tecnologia – MAITEC que desde sua fundação em 2006 se transformou em um centro de atividades de restauração, educação e divertimento em Mairiporã.
A ideia aqui é preservar e revitalizar as descobertas tecnológicas que transformaram o mundo durante o período industrial, e já na chegada encontramos o avião Lockheed Martin AT33A o famoso T-Bird que teve participal crucial na Guerra da Coréia.
Mas a grande atração deste museu são as quatro locomotivas a vapor com datas de fabricação variando entre 1891 e 1937 que foram restauradas e estão em pleno funcionamento. A rainha da exposição é um réplica em tamanho original da “Baroneza”, primeira locomotiva a vapor a circular no Brasil no ano de 1854.
No local é possível acompanhar uma exposição permanente de veículos antigos, máquinas a vapor, antigos motores a combustão, teares, uma das primeiras turbinas a jato fabricada, centenas de ferramentas e diversos outros mecanismos que ilustram o avanço tecnológico industrial.
Saímos do Instituto Mairiporã Thomaz Cruz com alma lavada e com muitas novas histórias para contar e fomos direto conhecer a Pedreira do Dib e seus paredões rochosos que estão em uma área com cerca de 44.000 m² a 1.140 metros de altitude, fazendo desta uma das melhores alternativas de São Paulo para a prática de esportes radicais como rapel e tirolesa, inclusive para treinamentos de salvamento e resgate.
A esta altura a fome já estava batendo e nosso guia Edison indicou o Restaurante As Véia que fica no fascinante conjunto arquitetônico chamado de O Velhão na Estrada de Santa Inês, cercada de verde, no coração da Serra da Cantareira.
A arquitetura do lugar lembra uma cidade cenográfica com vários bares, restaurantes e lojas de antiguidades, o cheiro de mato tempera o ambiente e o barulho dos pássaros nos fez sentir no campo.
O impressionante casarão é dividido em 8 ambientes decorados de maneira única, com muitos “tesouros” escondidos em cantinho, no teto e nas paredes. Muitas flores e componentes rurais se entrelaçam na atmosfera aconchegante.
O restaurante é especializado em cozinha mineira no fogão à lenha. Além do fogão tem uma mesa de antepastos, uma de salada e uma de massas, além do churrasco. O preço é único de segunda à quinta R$ 33,00 por pessoa, sexta-feira R$ 36,00, aos sábados R$ 54,00 e domingo e feriados R$ 58,00 por pessoa. De segunda à sexta a sobremesa está inclusa, as bebidas sempre são pagas à parte. (Valores em 01/2017)
A comida é muito bem preparada, nos deliciamos com feijão tropeiro, torresmo, abóbora cozida. Clássicos como frango atropelado, tutu mineiro, leitão à pururuca também estão disponíveis. Como são muitos ambientes em um lugar imenso, foi comum vermos pessoas andando por todos os salões com pratos na mão.
O lugar é tão interessante que deu vontade de conhecer cada cantinho naquele mesmo instante, mas como tínhamos somente um dia em Mairiporã não deu tempo de visitar todas as lojinhas e espaços. Nossa dica é: Se organize para chegar pela manhã, aproveitar o almoço que é servido das 12:00 às 16:30 e fique até a hora do fechamento, 17:30. Aos sábados, domingos e feriados é servido também o Café da Manhã das 9:00 às 11:30.
Entre as diversas esculturas que encontramos no Velhão gostamos muito da réplica do Cristo Redentor que tem aos pés uma caixinha, sendo possível enviar um cartão postal do restante As Véia, uma cortesia muito criativa.
Na caixa são exibidos com orgulho os diversos prêmios ganhos pelo restaurante ao longo dos anos. Uma dica muito importante: As Véia aceita apenas dinheiro ou cheque, nenhum tipo de cartão de crédito ou débito pode ser utilizado para o pagamento. (verificado em 01/2017)
Nosso próximo destino foi também um dos lugares mais incríveis que nós já tivemos o prazer de conhecer, faltam adjetivos para definir a Basílica Nossa Senhora do Rosário de Fátima da ordem dos Arautos do Evangelho.
O conjunto arquitetônico de incrível beleza cênica fica em meio ao verde da mata atlântica, apesar de Mairiporã orgulhar-se da igreja ela fica nos limites do município de Caieiras, o acesso à em uma travessa da Avenida Santa Inês, tem uma grande placa indicando onde entrar (fica a poucos minutos do restaurante As Véia)
Na entrada existe uma portaria com seguranças, que anotam o RG dos visitantes e cordialmente indicam o caminho para o estacionamento após uma subida ingrime.
Construída no estilo gótico as torres da basílica alcançam uma altura de 60 metros e guardam um carrilhão de sete sinos. O verdadeiro castelo é visto de longe na estrada. O complexo de construções desenhado pelo arquiteto espanhol Baltazar González Fernández a pedido de Mons. João Scognamiglio Clá Dias contempla ainda os prédios do Seminário da Sociedade Clerical Virgo Flos Carmeli, da Casa de Formação dos Arautos do Evangelho, auditório e área de vivência com refeitório.
Fomos recepcionados por um estudante da Ordem, super atencioso que nos explicou muita coisa sobre os Arautos do Evangelho, os rituais católicos e todos os dados que estamos te contando aqui.
Nos Arautos do Evangelho as referências aos cavaleiros medievais estão em vários detalhes na indumentária dos jovens celibatários que dedicam-se integralmente ao apostolado que é composta de um longo hábito marrom que traz estampada uma Cruz de Santiago estilizada vermelha e branca, com pontas que lembram flores de lis, as botas de cano alto são brilhantes, uma corrente de ferro orna sua cintura, uma lembrança contínua de sua condição de escravo da virgem Maria.
Entrar na Basílica Nossa Senhora do Rosário de Fátima é se teletransportar para outro mundo, o exterior de estilo gótico contrasta completamente com o interior de cores fortes predominando o azul, vermelho, dourado e verde, muito colorido e alegre. Emocionante.
Todos os belos afrescos foram feitos artesanalmente, cenas bíblicas ao estilo de Fra Angélico (famoso pintor medieval) pintadas nas paredes, inúmeras flores-de-lis douradas por toda parte simulando um céu estrelado e vitrais maravilhosos que criam uma atmosfera única com o sol refletindo e dando vida a todo ambiente. Precisaríamos de algumas horas para contemplar os detalhes.
Fomos conduzidos para as diversas salas que compõe a basílica, inclusive a pequena e reservada sala de orações.
A manutenção é rigorosa, nos fazendo lembrar de João Paulo II em sua Carta aos Artistas de 4 de abril de 1999, onde escreveu:
“O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração”.
Serviço:
Instituto Mairiporã Thomaz Cruz
Av. Dr. Thomaz Rodrigues da Cruz, 1113 – CEP 07600-000 – Mairiporã – SP – Tel. (11) 4604-2999 – E-mail: [email protected]
a entrada é gratuita.
Dias e horários de visitação: 2ª a 6ª das 8h às 16h – É necessário agendamento prévio através da Central de Atendimento: (11) 4419-4000 Ram 132 http://www.im.br/
http://www.maitc.com.br/index.html
#institutomairipora
https://pt.foursquare.com/v/instituto-mairipor%C3%A3-imensu/4ebf520f0aaf6450ba809a63
Pedreira do Dib
A entrada da Pedreira fica a direita após o Km 25 da Av. Cel. Sezefredo Fagundes, o asfalto acaba e existe uma bifurcação onde você pode escolher ir para a direita e ver a Pedreira de cima ou ir pela esquerda e vê-la de baixo.
De São Paulo – seguir até o km 79 da Rod. Fernão Dias e pegar o viaduto que cruza por cima da rodovia e seguir pela Av. Coronel Sezefredo Fagundes, sentido Mairiporã, até o alto da Serra e pegar a estrada para a o Dib.
De Mairiporã – seguir pela Rod. Fernão Dias, sentido São Paulo, e subir o túnel da Mata Fria, virar à direita na Estrada Velha de Bragança, subir até o alto da serra e pegar a estrada para a o Dib.
https://www.tripadvisor.com.br/Attraction_Review-g2151497-d8807305-Reviews-Pedreira_do_Dib-Mairipora_State_of_Sao_Paulo.html
https://www.facebook.com/pedreiradodib/ O Velhão
Endereço: Estrada Santa Ines , 3000 – Jardim Samambaia, Mairiporã
Café da manhã: Sábados, domingos e feriados Servido das 9h às 12h.
Pizzaria: De Quarta à Domingo: das 18h às 23h30 De Sexta e Sábado: das 18h às 01h www.velhao.com.br
https://kekanto.com.br/biz/as-veia-velhao
https://pt.foursquare.com/v/as-v%C3%A9ia-cozinha/4cb49f7075ebb60c2effe3ad
https://www.facebook.com/ovelhaodemolicoeserestauracoes/
https://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g2151497-d5329580-Reviews-As_Veias-Mairipora_State_of_Sao_Paulo.html
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