#sucessão.
Explore tagged Tumblr posts
studentgarden · 1 year ago
Text
A sucessão de Pedro e o Papado – EB
Em síntese : O pastor Anibal Pereira dos Reis publicou em 1980 mais um livro polêmico, em que desta vez ataca o Papa e, de modo especial, a sucessão apostólica a partir de São Pedro.
Verifica-se, porém, que o referido autor não foi às fontes da história dos Papas, mas consultou manuais de história da Igreja editados nos últimos cem anos, guiado por preconceitos passionais.  É o que explica tenha visto problemas sucessórios onde não os há ou tenha exagerado, dificuldades que não são decisivas.
O presente artigo repassa os casos da história dos Papas apontados pelo Pastor Anibal, mostrando o que neles haja de vicissitudes humanas, vicissitudes, porém, que não impedem o historiador de discernir a sucessão apostólica ininterrupta desde Pedro até João Paulo II.  É esta a importante conclusão de todo este estudo.  A palavra de Jesus que prometeu a Pedro e aos Apóstolos e sua assistência indefectível até a consumação dos séculos (cf. Mt 16, 16-19; 28,19s), continua válida: aplica-se a João Paulo II e aos bispos de sua comunhão como legítimos sucessores do colégio apostólico chefiado por Pedro.
Quem observa a história do Papado e a da Igreja, tem motivos para corroborar a sua fé, pois o conhecimento do passado evidencia que é o Senhor Deus quem sustenta a Igreja, e não a virtude dos homens; mais convicta ainda se torna a consciência de que é o próprio Jesus Cristo quem está presente em sua Igreja e a conserva incólume Mestra da Verdade através das tormentas da história.
Comentário:  Em 1980 foi editado mais um livro polêmico, intitulado “Cartas ao Papa” João Paulo II, da lavra do pastor Anibal Pereira dos Reis.  Este opúsculo, redigido em estilo sarcástico, impugna a legitimidade da autoridade papal.  Para tanto, recorre a afirmações não comprovadas, a fontes pouco abalizadas e a interpretações distorcidas dos fatos.  Um autor que cultive realmente a ciência, não usa tal estilo nem tal método, pois são passionais e não se atêm à objetividade do discurso autenticamente científico.  Como quer que seja, o livro do pastor Anibal pode impressionar leitores despreparados… Eis por que lhe daremos atenção.
O autor contesta a autoridade de Pedro e o seu sepultamento em Roma o que já foi estudado em PR 252/1980, pp. 487-499; consequentemente, impugna a autoridade dos sucessores de Pedro, tentando mostrar que a sucessão dos Papas através dos séculos é obscura a ponto de haver contradições entre os próprios autores católicos.  Nas páginas subsequentes, voltar-nos-emos para a história do Papado a fim de elucidar os pontos indicados pelo pastor Anibal e evidenciar a continuidade das funções de Pedro por entre os altos e baixos que a história dos homens não pode deixar de apresentar.
Os percalços da história
O pastor Anibal Pereira dos Reis apresenta um quadro muito confuso da história do Papado.  Cita autores de manuais da história da Igreja como Capelli, Seppelt-Loeffler, Pastor, Lorenz, H. Bruck, todos autores dos últimos cem anos… Anibal Pereira dos Reis não pesquisou fontes antigas, para poder penetrar melhor a matéria, de modo que a sua explanação não pode deixar de ser superficial e pré-científica.
Procurando considerar com objetividade serena o assunto, observamos que a história do Papado, como, aliás, freqüentemente a história geral, não pode deixar de ter os seus pontos obscuros. E isto, no caso do Papado, por quatro principais motivos:
Deficiência de fontes e cronistas na antiguidade
As primeiras tentativas de reconstituir a linha sucessória dos Papas datam do século II e devem-se respectivamente aos escritores Hegesipo (151-166) e S. Ireneu (177-178).  Ambos foram a Roma para consultar diretamente as fontes da história1.
O trabalho de Hegesipo chegou-nos em estado fragmentário (inserido na Historia Ecclesiastica de Eusébio de Cesaréia V 22,3), ao passo que o de S. Ireneu foi conservado integralmente (ib. V. 6,24-29; Adversus Haereses III 3), mas sem dados cronológicos; a lista dos Papas confeccionada por S. Ireneu é o documento mais abalizado que tenhamos no tocante aos primórdios do Papado; começa com Pedro, Lino, Cleto e estende-se até S. Eleutério (175-189).
Acontece que, no decorrer dos séculos, cronistas e historiadores tentaram estabelecer a lista dos Papas da antigüidade, mas às vezes de maneira pouco científica, comparando a cronologia dos Papas com as de Imperadores e cônsules.  Numerosas são as tabelas daí oriundas.  Os críticos têm procurado fazer a triagem de tais documentos, de modo a oferecer ao estudioso contemporâneo a autêntica imagem da história do Papado.
Erros e incertezas da crônica
Dentre as deficiências cronográficas, merecem especial relevo as seguintes:
por vezes, os cronistas inseriram nos catálogos dos Papas nomes de pessoas que nunca existiram; assim Dono II1,  que teria governado em 972 ou 974; por sua vez, o Papista Joana nunca existiu, mas foi introduzida no catálogo dos Papas em lugares diferentes (o que bem mostra que se trata de ficção; cf. PR 141/1971, pp. 411-418);
a numeração dos Papas nem sempre procedeu exatamente.  Assim o Papa João XV (985-996) em algumas listas foi considerado João XVI, pois erroneamente se colocou antes do mesmo um fictício João XV; em conseqüência, a numeração dos Papas subseqüentes de nome João foi aumentada de uma unidade até João XVIII.  Nesta série, João XVI foi antipapa, como se verá adiante; não obstante, foi João XVI computado, por erro, entre os Papas legítimos … Não houve Papa de nome João XX;
a escrita de determinados nomes oscilou, de modo que um Papa pode aparecer duas vezes num catálogo com nomes semelhantes: tal é o caso de Cleto e Analeto2 e de Marcelo e Marcelino; provavelmente trata-se apenas dos Papas S. Anacleto ou Cleto (76-88 ou 79-91) e S. Marcelino (296-304);
quando era escolhido Papa um diácono nos primeiros séculos, este devia receber a ordenação episcopal; sem esta o cleito não poderia ser considerado Papa.  Ora Estêvão II foi eleito entre 16 e 23/03/752; faleceu, porém, dois dias após a eleição, sem ter sido ordenado bispo, de modo que juridicamente não é Papa; não obstante, por alguns cronistas medievais foi considerado como Papa Estêvão II: visto que fora eleito.  O seguinte Estêvão toma ora o número II, ora o número III (752-757), de mais a mais que sucedeu sem intermediário a Estevão (II).
Ingerência de Imperadores e famílias nobres
Desde que o Imperador Constantino concedeu a paz aos cristãos (313), o poder imperial foi assumindo funções de tutela em relação à Igreja até chegar ao exercício do Cesaropapismo (cf. Justiniano I, 527-565).  Além disto, as famílias nobres de Roma e dos arredores também se imiscuíram na escolha dos bispos de Roma, procurando favorecer seus interesses particulares e políticos.  Disto resultou que pessoas não qualificadas foram colocadas sobre a sé de Pedro, às vezes em pontificados breves e tumultuados; resultou também que os Imperadores promoveram a eleição de seu Papa próprio (= antipapa) em oposição ao legítimo Pontífice.  Assim, por exemplo, o Imperador Oto I, no Sínodo de Roma de 4/12/1963, depôs o Papa João XII e ocasionou a eleição de Leão VIII.  Este foi antipapa, visto que nenhum Imperador tem autoridade para depor um Papa; somente depois que faleceu João XII (964), a sé papal tornou-se vacante, sendo então eleito como legítimo Pontífice Bento V.  Todavia há catálogos antigos que erroneamente consignam João XII, Leão VIII e Bento V como Papas legítimos!
Outro motivo de percalços na história do Papado é a fraqueza de clérigos;
Houve, sem dúvida, clérigos cobiçosos que disputaram a ascensão à cátedra de Pedro, provocando agitação e quadros sombrios na linhagem dos Papas.  A verificação da fragilidade humana não surpreende o cristão; este sabe que, desde Abraão, Isaque e Jacó, o Senhor  se dignou escolher os instrumentos humanamente mais fracos para realizar o seu sábio plano de salvação.  Ao verificar isto, São Paulo diz: “É na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder … Por isto eu me comprazo nas fraquezas nas necessidades, pois quando sou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,9s).
Uma vez expostas as causas de dificuldades que o historiador encontra para reconstituir a história do Papado, compete-nos deter-nos mais atentamente sobre o que seja um antipapa.
Antipapa
Exporemos as maneiras como se pode originar um Antipapa; a seguir, examinaremos alguns casos particulares.
Como (…)?
Como diz o nome, Antipapa é alguém que se opõe ao Papa legítimo trazendo falsamente o título de Papa; trata-se de um usurpador, eleito (às vezes de boa fé) em condições ilegítimas.  Atribuindo a si a autoridade de Papa, cria um estado de cisma entre os fiéis.  O primeiro Antipapa que se conheça, é Hipólito Romano (217-235) e o último vem a ser Félix V (1439-1449); a respeito de um e outro dir-se-á uma palavra oportunamente.
O número de antipapas oscila, pois os estudiosos seguem critérios diferentes para definir se tal ou tal figura foi ou não antipapa.  Os historiadores protestantes, por exemplo, julgam vacante a sede papal se o respectivo titular é deposto por motivos políticos; ao contrário, os católicos afirmam que não há poder imperial nem eclesial habilitado a destituir um Pontífice1 e estipulam os seguintes critérios para distinguir um Papa legítimo de um antipapa:
1) esteja a sede papal vacante por ocasião da eleição ou da ascensão do Pontífice à mesma;  ora a vacância só ocorre por morte ou por renúncia do legítimo titular; fora destes casos, a sede papal não pode ser ocupada por quem quer que seja;
2) os legítimos eleitores do futuro Papa desempenhem as suas funções com plena liberdade.  No caso de terem efetuado uma eleição de validade dúbia ou nula, requer-se um ato público que sane os vícios da eleição realizada.  Foi o que se deu no caso do Papa Vigílio.  O Papa S. Silvério (536-537) fora indevidamente deposto pelo general Belisário; a facção deste procedeu então à escolha do diácono Vigílio para ser o “Papa”, mas invalidamente.  Morto Silvério, Vigílio foi reconhecido publicamente como Papa legítimo (11/11/537); não foi Papa senão após a morte de Silvério;
3) Cumpram-se exatamente as prescrições canônicas vigentes para a eleição de um Papa.  Tais normas têm variado de época para época, tendendo a se tornar cada vez mais rígidas, a fim de se evitar a intrusão de facções políticas.
Os antipapas tiveram origem freqüentemente pelo fato de os Imperadores e famílias nobres intervirem na escolha do Pontífice.
A primeira intervenção imperial em favor de um antipapa foi a de Constâncio (337-361) em prol de Félix II; o monarca, tendo-se imiscuído na controvérsia ariana1,  exilou o Papa Libério (351-366), que defendia a reta doutrina (o Credo de Nicéia); em conseqüência, no ano de 355 o diácono de Roma Félix aceitou ser ordenado bispo, como se lhe fosse lícito substituir Libério, o bispo de Roma; voltaremos ao assunto à p. 123. Por causa da confusão dos cronistas, o seguinte Papa Félix (483-492) foi tido como o terceiro, e não o segundo, deste nome2.  As intervenções na Idade Média desde Oto I (936-973) a Frederico I Barba-roxa (1152-1190).
A partir de antipapa Constantino (767-768) até Anacleto II (1130-1138) a ascensão de antipapas foi promovida freqüentemente também pelas famílias romanas interessadas em colocar parentes sobre a cátedra de Pedro.
Examinaremos alguns casos de antipapas mencionados especialmente pelo pastor Aníbal dos Reis.
Casos especiais
Hipólito de Roma
Hipólito aparece em Roma no fim do século II como personagem erudito e, ao mesmo tempo, polemista; combatia as heresias que sob o pontificado do Papa Vitor (189-199) perturbavam a comunidade de Roma.
O Papa Zeferino (199-217) parecia a Hipólito demasiado indulgente para com os cristãos indisciplinados.  Quando  a este sucedeu Calisto (217-222), Hipólito se separou da comunhão da Igreja, dando origem a uma facção cismática, da qual eleera o bispo.  Tornou-se assim o primeiro antipapa, persistindo nesta atitude ainda sob os pontificados de Urbano I (222-230) e Ponciano (230-235).  Tal situação acabou quando o Imperador Maximino Trace publicou um edito de perseguição que atingia principalmente os pastores da Igreja: então Ponciano e Hipólito foram deportados para a ilha “nociva”, a Sardenha; Hipólito reconciliou-se com o Papa Ponciano e a Igreja no exílio; ambos sofreram o martírio pela fé.
Assim se explica que Hipólito tenha sido antipapa e seja tido como santo.  Ele só foi santo por ter deixado de ser antipapa e haver aderido a Cristo na única Igreja, cujo pastor supremo é o bispo de Roma.  Os santos podem ter atravessado fases de vida censuráveis.
Os “Félix”
Há três Papas legítimos de nome Félix e dois ilegítimos ou antipapas.  A numeração é contínua de I a V, não porque se devam equiparar entre si os autênticos e os falsos Pontífices, mas porque as circunstâncias da época em que viveu Félix II não permitiram aos cristãos discernir entre verdadeiro e falso sucessor de São Pedro.  Hoje, ao ler tal numeração, o crist��o reconhece o significado relativo da mesma, sabendo que não é o título nem a numeração que faz de um antipapa um autêntico Pontífice.  Percorramos sumariamente a seqüência dos cinco Félix:
1) Félix I, Papa, governou de 269 a 274.  Deixou uma carta ao clero de Alexandria, na qual afirma a unicidade da pessoa de Jesus Cristo, tema debatido no século III.
2) Félix II, antipapa.  Era arquidiácono em Roma.  O arianismo (heresia que negava a divindade de Cristo) era então favorecido pelo Imperador Constâncio (337-361), que em conseqüência exilou o Papa Libério.  Então Félix, embora tivesse prometido fidelidade ao Pontífice, permitiu que o ordenassem bispo de Roma.  A cerimônia realizou-se no palácio imperial, em presença de poucos funcionários.  O povo de Roma não quis reconhecer o antipapa nem freqüentava as igrejas em que pontificava. Em 358, quando Libério voltou do exílio, o Imperador quis que Libério e Félix governassem conjuntamente a Igreja.  O povo se rebelou e levou Félix a deixar a cidade de Roma.  Pouco depois, Félix tentou tomar a brasílica Iulii no Trastevere para oficiar, mas o povo o obrigou a sair de novo.  Retirou-se então de Roma e morreu junto à Via Portuense em 22/11/365.
No início do século VI os acontecimentos do século IV não eram claros aos cronistas, de modo que Félix foi considerado Papa legítimo e identificado com um mártir do mesmo nome sepultado junto à Via Portuense; por isto passou a ser recordado no Martirológio Jeronimiano aos 9 de julho. – Está claro, porém, que Félix não foi nem Papa legítimo nem mártir.
Félix III, Papa, governou de 483 a 492.
Félix IV, Papa, pontificou de 526 a 530.
Félix V, antipapa, foi eleito “Papa” (= antipapa) nos tempos do Papa Eugênio IV (1431-1447).  Em 1439, o cardeal de Arles e 32 eleitores (dois quais apenas onze eram bispos), reunidos em Brasília, escolheram o duque Amadeu VIII de Savoia para chefiar uma facção oposta à Santa Sé.  Os eleitores pretendiam continuar assim a ação de um Concílio que, iniciado em Brasiléia (Suíça), fora transferido pelo Papa legítimo Eugênio IV para Ferrara (Itália) em 1438;  a facção que permaneceu em Basiléia, não aceitara a transferência do Concílio.  O antipapa tomou o nome de Félix V, e foi residir em Lausannne (Suíça).  Em 1449 renunciou, vindo a morrer em 1451 reconciliado com a Igreja e o Papado. – Como já foi dito, Félix V é o último antipapa da história.
Cristóvão
Contra o Papa Leão V (903-904) insurgiu-se o cidadão romano Cristóvão em setembro de 903.  Deteve a sede papal durante quatro meses, ou seja, até janeiro de 904.  Não há como atribuir foros de autenticidade ao seu comportamento.
Leão VIII
O imperador Oto I (936-973) da Germânia opunha-se ao Papa legítimo João XII por motivos políticos.  Foi então a Roma, convocou um Sínodo local, para o qual chamou o Papa João XII (4/12/963).  Este tendo-se recusado a comparecer, o Imperador fez eleger como antipapa um leigo, ao qual foram conferidas todas as ordens sagradas e o título de Papa Leão VIII; este devia ser pessoa de costumes dignos, mas fora ilegitimamente eleito, já que a Sé papal não estava vacante.  A população de Roma permaneceu fiel ao Papa João XII, de modo que em janeiro de 964 houve uma revolta em Roma, durante a qual Leão VIII sofreu um atentado.  João XII, que deixara a cidade, aproveitou a ocasião para voltar a Roma; um Sínodo reunido em Roma declarou nula a eleição de Leão VIII no ano de 965.
João XVI
João Filagato era de origem grega, nascido na Calábria. Tornou-se bispo de Pavia.  O Imperador Oto III enviou-o a Constantinopla como legado seu.  Quando voltou do Oriente para Roma, na ausência do Imperador, a facção dos Crescêncios, que dominava Roma, o proclamou Papa, talvez à revelia do próprio Filagato, que tomou o nome de João XVI em abril de 997.  Era então Papa legítimo Gregório V (996-999); este teve que fugir de Roma, embora gozasse de apoio do Imperador, Quando este retornou a Roma, depôs João XVI e o relegou para um mosteiro.  Como se vê, trata-se de um antipapa devido à ingerência de interesses estranhos aos da Igreja.
Bento IX
Teofilato era o filho de Alberico III da família dos condes de Túsculo, e sobrinho dos dois últimos Papas Bento VIII (1012-24) e João XIX (1024-32).  Quando morreu este último, o pai impôs aos leitores a pessoa de Teofilato, que em 1032 foi eleito Papa com o nome de Bento IX.  Este tinha entre vinte e cinco e trinta anos de idade e se achava totalmente despreparado para tão elevado mister.  Levou vida mais semelhante à de um senhor deste mundo do que à de um Papa.  Em 1045 os romanos elegeram, como antipapa, Silvestre III, que durou apenas cinqüenta dias.  Diante do mal-estar reinante em Roma, Bento IX, resolveu renunciar ao Papado a 1º/05/1045.  Em seu lugar foi eleito o presbítero João Graciano, com o nome de Gregório VI (1045-1046).  Um Sínodo em Sutri, orientado pelo Imperador Henrique III, declarou depostos o Antipapa Silvestre III e o Papa Gregório VI (20/12/1046).  Outro Sínodo reunido em Roma aos 24/12/1046 depôs Bento IX (que já renunciara havia muito) e elegeu Clemente II. Quando este morreu (19/10/1047), Bento voltou a Roma e usurpou a cátedra de Pedro de 8/11/1047 a 16/07/1048, quando as forças do Imperador o obrigaram a ceder a sede a Dámaso II; este governou apenas três semanas, pois faleceu aos 9/08/1048. – Quanto  a Bento IX, ainda viveu até 1055 ou 1056; há quem diga que se arrependeu e terminou os dias no mosteiro de Grottaberrata, como há (como São Pedro Damião) quem afirme o contrário.
São estes fatos que explicam seja Bento IX nomeado duas vezes nas listas dos Pontífices Romanos; somente a primeira referência é legítima; a Segunda estada na cátedra de Pedro foi ilícita ou usurpatória.
Silvestre III
O pontificado de Bento IX (1022-1045) foi assaz autoritário.  Em conseqüência, os romanos elegeram antipapa em janeiro de 1045 o bispo João, da cidade de Sabina, que tomou o nome de Silvestre III.  Pouca coisa se sabe a respeito deste prelado; o Concílio de Sutri, apoiado pelo Imperador Henrique III, o declarou deposto em 1046; na verdade, Silvestre III só foi antipapa de 20/01/1045 a 10/03/1045.
Bento X
O Papa Estêvão IX (1057-1058), antes de morrer, induziu o clero e o povo romanos a jurar que não procederiam à eleição de novo Papa antes da volta do diácono Hildebrando, que estava na Alemanha e defendia a Igreja contra a prepotência dos nobres.  Todavia, após a morte de Estêvão IX (29/03/1058), a aristocracia romana rompeu o juramento e escolheu João Mincio, bispo de Velletri, para ser o Papa (antipapa) Bento X (5/04/1058).  A eleição foi ilegítima, porque não realizada pelo colégio eleitoral devidamente convocado e presente.  Quando Hildebrando voltou da Alemanha, reuniu em Sena os cardeais, os representantes do clero e do povo num Sínodo que elegeu Garardo, bispo de Florença, o qual tomou o nome de Nicolau II (1059-1061).  Pouco depois um Concílio em Sutri declarou Bento X perjuro e intruso, confirmando Nicolau II na cátedra de Pedro.  O governo do antipapa durara dez meses (5/04/1058-24/01/1059).
Bento X deixou Roma em janeiro de 1059.  Morreu durante o pontificado de Gregório VI (1073-85), que, por magnanimidade, quis tivesse funerais honrosos.  Por isto, durante muito tempo Bento X foi tido como Papa legítimo e foi incluído no catálogo dos Papas; em conseqüência, o Cardeal Nicolau Boccasini, eleito Papa em 1303, se chamou Bento XI, e não Bento X; na verdade, como foi demonstrado, Bento X foi antipapa e não deve figurar na lista dos Pontífices Romanos.
Alexandre II e Alexandre V.  O Grande Cisma do Ocidente
A respeito de Alexandre II não resta dúvida de que foi legitimamente eleito após a morte de Nicolau II (1061) e governou legalmente até a morte em 1073.  Viveu num período em que a Igreja lutava para se libertar da intervenção do poder dos reis e dos príncipes.  Ora, como Alexandre II fosse homem austero e adepto da renovação da Igreja, a sua eleição não agradou aos nobres de Roma e ao Imperador da Alemanha; em conseqüência, estes promoveram em 1061 a eleição de Cádalo, bispo de Parma, que se tornou o antipapa Honório II (1061-1072); o poder imperial tudo fez para apoiar Honório contra Alexandre; todavia isto não invalida a posição de Alexandre nem legítima a de Honório II.
Quanto a Alexandre V, faz-se mister colocá-lo no contexto do Grande Cisma do Ocidente.
Desde os tempos do rei Filipe IV o Belo (1285-1314), da França, este país foi exercendo certa ascendência sobre o Papado.  Este chegou a transferir a sua sede para Avinhão na França de 1309 a 1377.  Quando, após o chamado “exílio de Avinhão”, o Papa Gregório XI morreu em Roma aos 27/03/1378, os Cardeais procederam à eleição de Urbano VI (1378-89), Papa legítimo nativo de Nápoles; todavia os monarcas da França e de Nápoles, descontentes pelo fato de ser o Pontífice italiano e não francês, incentivaram treze Cardeais a proceder a nova eleição em Fondi (reino de Nápolis), da qual resultou o antipapa Clemente VII (1378-94), que era francês, primo do rei da França, e foi residir em Avinhão.  Instaurou-se assim um cisma de grande vulto no Ocidente cristão (1378-1417); os monarcas aderiam a um ou outro dos pastores em causa, segundo seus interesses particulares, deixando os fiéis muitas vezes perplexos.  A situação de cisma foi-se protraindo, até que em Pisa um grupo de Cardeais de ambas as obediências reunidos em 1409 houve por bem declarar depostos os dois Pontífices (o antipapa e o Papa) e elegeram, para assumir a cátedra de Pedro, o franciscano de origem grega Pedro Filargo, que tomou o nome de Alexandre V (1409-1410).  Evidentemente esta eleição foi ilegítima, pois nenhum Concílio tem autoridade sobre o Papa legítimo, que, no caso, era Gregório XII< sucessor de Urbano VI.
Havendo três obediências na Igreja – a de Roma, a de Avinhão e a de Pisa -, os cristãos não viam como resolver o impasse, de mais a mais que isto não poderia ser feito mediante a deposição do Papa legítimo por parte de um Concílio.
O Espírito de Deus manifestou então sua presença providente na Igreja.  Com efeito.  O rei Sigismundo da Alemanha quis promover a celebração de um Concílio ecumênico em Constança para pôr termo ao cisma; o Concíílio, embora não legitimamente convocado pelo Imperador, reuniu-se em 1414 na cidade de Constança; o antipapa João XXIII, sucessor de Alexandre V, lá compareceu, certo de que seria confirmado Papa pelo Concílio; ora isto não se deu, pois foi tido como usurpador e assim constrangido a fugir; foi deposto finalmente e perdeu toda autoridade.  O Papa legítimo Gregório XII, em Roma, já tinha noventa anos de idade.  Pediu então aos padres conciliares que aceitassem ser por ele convocados e habilitados a agir conciliarmente; tendo os conciliares aceito tal delegação da parte do Papa legítimo, constituíram uma autêntica assembléia da Igreja universal; Gregório XII, a seguir, aos 4/07/1415, renunciou ao Papado, deixando a sede vacante para que os conciliares pudessem proceder à eleição de novo Papa.  Quanto a Bento XIII, o antipapa de Avinhão, já estava idoso e perdera muito do seu prestígio; os seus seguidores o abandonavam aos poucos.  O Concílio declarou-o ilegítimo.  Estava assim o caminho aplainado para a eleição de novo Papa.  Este foi o Cardeal Odo Colonna, que tomou o nome de Martinho V aos 11/11/1417.  Assim terminou a terrível situação de cisma na Igreja sem derrogação ao primado do Romano Pontífice e sem quebra da sucessão apostólica.  Embora os cristãos se tenham sentido perplexos durante os decênios do cisma, o Espírito Santo guiou a Igreja para que a linhagem de Pedro ficasse incólume através da borrasca.
É de notar que, após Martinho V, a sucessão dos Papas prossegue sem dúvidas nem motivo de hesitação para o historiador.
Martinho IV e Inocêncio XIII
Aníbal Pereira dos Reis cita ainda Martinho IV (1281-85) e Inocêncio XIII (1721-1724) como Papas discutidos ou não admitidos por todos os autores.  Na verdade, nenhuma dúvida existe a respeito da legitimidade do pontificado de um e outro desses Papas, que constam de toda lista de Papas criteriosamente confeccionada.
São estas algumas observações que os quesitos lançados pelo pastor Aníbal Pereira dos Reis tornavam necessárias.  O fato de que a numeração dos Papas do mesmo nome ora inclua os antipapas, ora os exclua, não quer dizer que estão assim legitimados aqueles que foram antipapas; por exemplo, o fato de que Alexandre VI (1492-1503) não repetiu o número V, pois Alexandre V foi antipapa, não significa que Alexandre V tenha sido legítimo ou haja sido reconhecido como tal.  Não é o nome nem o número que faz um Papa; a história, sendo obra da liberdade humana, nem sempre segue as estritas regras da lógica ou do cálculo, mas também nem por isto é incompreensível ou indecifrável.
Para escrever a história do Papado
Por último, ainda em vista do opúsculo do pastor Aníbal, importa observar que, se alguém deseja escrever em termos sérios e científicos a história do Papado (ainda que seja para criticá-la), deve recorrer aos documentos-fontes e não a manuais escolares, que são geralmente obras de Segunda mão, derivados das fontes.  Quem lê a bibliografia citada pelo pastor Aníbal à p. 66 do opúsculo, verifica que está longe das fontes da história; por isto, as ponderações do autor polemista carecem de autoridade científica.
Para escrever autêntica história do Papado, portanto, o estudioso há de recorrer aos seguintes documentários:
1) Chronicon e História Ecclesiastica de Eusébio de Cesaréia (+ 340), Patrologia Latina, ed. Migne, t. 19-24.
2) Liber Pontificalis, que, em seu núcleo originário, se deve provavelmente ao Papa São Dámaso I (366-384) e que foi sendo sucessivamente complementado no decorrer dos séculos; foi editado em termos críticos e científicos por Louis Duchesne.
3) Chronicon Pontificum et Imperatorum, de Martinho de Tropau O. P. (+ 1278).  A terceira edição desta obra vai até Nicolau II (1277-1280).  Cf. ed. L. Welland, em Monumenta Germanie Historica, Scriptoros XXII, pp. 327-345;
4) Liber de Vita Christi ae omnium Pontificum, de Platina.  Editio Princeps, Venetiis 1479.
5) Epitome Pontificum Romanorum a S. Pedro usque ad Paulum III.  Gestorum electionis singulorum et conclavium compandiaria narratio, de O. Panvínio, Roma 1557.
6) Annales de Barônio, Roma 1588.  A cronografia de Barônio, que vai até 1198, foi reconhecida por quase todos os historiadores até o século passado.
7) Conatus chronologico-historicus ad universam seriem Romanorum Pontificum de Daniel Papebroch.
8) Mémoires, de Tillemont, Paris 1693-1712.
9) Chronologia Romanorum Pontificum in pariete australi basilicae S. Pauli Viae Ostiensis depicta saee. V seu aetate S. Leonis Pp. Magni cum additione reliquorum Summorum Pontificum nostra ad hace tempora perducta, de G. Marangoni, Roma 1751.
10) Regesta Pontificum, de Jaffé até 1198, e de Potthast até 1304.
11) Hierarchia Catholica, de Eubel, de 1198 em diante.
No século XX são três os autores que mais autoridade possuem no tocante à cronografia dos Papas: Duchesne, Ehrie e Mercati.  Ora Aníbal P. dos Reis parece ter ficado à distância destes mananciais de historiografia.
Conclusão
Verifica-se que a história do Papado esteve sujeita às vicissitudes da fraqueza humana, que lhe deram uma face por vezes opaca.  Isto, porém, não decepciona o fiel cristão por dois motivos:
1) É o Senhor Jesus quem sustenta a sua Igreja, e não a habilidade ou a santidade dos homens que a governam.  Essa sua assistência indefectível, Jesus a prometeu não aos mais santos ou aos mais eruditos dos pastores da Igreja, mas a Pedro e a todos os que legitimamente sucedem a Pedro e aos demais Apóstolos.  Com efeito, além de Mt 16, 16-19, importa citar
Mt 28,19s: “Ide, e fazei que todas as nações se tornem discípulos … Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos”.
Por conseguinte, o que dá ao cristão a garantia de estar sendo guiado por Cristo mediante os legítimos pastores é a adesão aos sucessores de Pedro e dos Apóstolos, independentemente das vicissitudes por que passou a Sé Apostólica.
2) É certo que a sucessão apostólica se vem mantendo na Igreja Católica.  As fases sombrias e complexas da história do Papado – que são inegáveis – não chegaram a causar a quebra da linhagem papal.
O fato de que as listas de Papas confeccionadas pelos historiadores enumerem dois ou três nomes a mais ou a menos, se explica pelos motivos atrás indicados (dois nome semelhantes foram atribuídos ao mesmo Pontífice, contou-se cá ou lá algum antipapa, que não devia ser considerado …); não implica perda da linha sucessória, mas elucida-se e entende-se pela reconstituição dos fatos históricos caso por caso.
3) Quem com objetividade estuda a história do Papado e a da Igreja, encontra especial motivo para ter fé ainda mais ardente, pois verifica de maneira quase palpável a presença e a ação do Espírito Santo na Igreja.  Se Esta é hoje o grande baluarte da paz e da concórdia entre os povos apesar das tormentas por que passou, a Igreja é de origem divina e não humana, pois nenhuma obra meramente humana teria atravessado os séculos guardando a sua plena vitalidade, como a Igreja.
A Deus deem-se graças por causa mesmo dessa história da Igreja!
*** 1 Sabe-se que o Papa é sempre o bispo de Roma, visto que é o sucessor de São Pedro, martirizado como bispo de Roma.
1 Deformação de Domnus (= Senhor) ou Bonus (= bom).
2 Kletos, em grego, quer dizer chamado.  Ana-kletos é aquele que é chamado de novo ou para cima.
1 “Prima sedes a nemine iudicatur (a sé primacial por nenhuma instância é julgada)”, afirma um princípio do antigo Direito da Igreja ainda hoje incluído no Código de Direito Canônico.
1 Referente à Divindade de Jesus Cristo.
2 O Papa Félix I governou de 269 a 274, como legítimo Pontífice.
Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS” D. Estevão Bettencourt, osb Nº 255 – Ano : 1981 – p. 116
0 notes
anditwentlikethis · 1 month ago
Text
Tumblr media
Nova era, vamos a isso 💚
5 notes · View notes
curapicas · 2 months ago
Note
Deveria ter assistido o ep 1015 antes
antes do fan letter? sim e super indico, a direção dá um show mas tbm serve de prenúncio pro que essa diretora pode fazer, e de fato faz depois com a 26ª op e com fan letter
5 notes · View notes
livrosbonsparaler · 2 years ago
Text
JORNADA DA SUCESSÃO NA EMPRESA FAMILIAR: Um Guia Prático de Planejamento Sucessório para o Século XXI
Você é um empresário familiar ou pretende se tornar um?
Você sabe como planejar a sucessão da sua empresa de forma eficiente e segura?
Você quer garantir a continuidade e o crescimento do seu negócio para as próximas gerações?
Então você precisa ler o livro "Jornada da Sucessão na Empresa Familiar: Um Guia Prático de Planejamento Sucessório para o Século XXI", de autoria do jurista e consultor de negócios, Dr. João-francisco Rogowski, autor de mais de 25 livros sobre direito empresarial, empreendedorismo, publicados no Brasil e no exterior.
Esse livro é um manual completo e atualizado sobre como conduzir o processo de sucessão na empresa familiar, abordando desde os aspectos jurídicos, tributários e societários até os aspectos emocionais, comportamentais e culturais.
Você vai aprender as melhores práticas, ferramentas e metodologias para preparar a sua empresa e a sua família para a transição de forma harmoniosa e sustentável.
O livro está disponível em dois formatos: digital e impresso. Não perca essa oportunidade e adquira já o seu exemplar. Você vai se beneficiar de um conteúdo rico e prático que vai te ajudar a construir um legado duradouro!
Tumblr media
2 notes · View notes
f5noticias · 20 days ago
Text
O impacto da gestão na Empresa Familiar: Desafios e benefícios
A Empresa Familiar existe e sempre existirá, tanto no Brasil quanto no mundo. Ela é uma importante impulsionadora da economia, e uma das grandes alavancas na geração de emprego e renda. Estima-se que 85% dos negócios no Brasil sejam compreendidos por empresas de natureza familiar e de tamanhos diversos. Este modelo de negócio pode estar representado pelas pequenas e médias empresas, ou ainda…
0 notes
radioshiga · 4 months ago
Text
Líder do Komeito anuncia saída após 15 anos no cargo
Tóquio, Japão, 11 de setembro de 2024 – Agência de Notícias Kyodo – O líder do Komeito, partido coligado ao governo japonês, Yamaguchi Natsuo, anunciou nesta terça-feira (10) que deixará o cargo ao final de seu mandato, em 28 de setembro. Yamaguchi, que está em seu oitavo mandato como representante-chefe, informou que não concorrerá na próxima eleição de liderança do partido. Em declarações à…
0 notes
mastermaverick · 4 months ago
Text
5 Dicas para Garantir uma Sucessão Empresarial Bem-Sucedida
Atual CEO da Prohouse Colchões Compartilha Segredos para uma Transição de Liderança Eficiente A sucessão de uma empresa é um dos momentos mais críticos na vida de um negócio. Muitas vezes, esse processo ocorre quando o líder atual se aposenta ou enfrenta questões de saúde. No entanto, transferir a liderança não é apenas uma questão de passar o bastão; é uma arte que requer preparação meticulosa…
0 notes
guerradasfinancas · 7 months ago
Text
Como Fundos de Previdência Podem Transformar Seu Futuro Financeiro
Os fundos de previdência privada estão ganhando popularidade como uma ferramenta essencial para o planejamento financeiro de longo prazo. Ao oferecer benefícios fiscais, flexibilidade e diversas opções de investimento, eles são uma escolha inteligente tanto para jovens investidores quanto para aqueles mais próximos da aposentadoria. Vamos explorar mais profundamente os tipos de fundos, suas…
Tumblr media
View On WordPress
0 notes
portaltributario · 1 year ago
Text
TST: Sucessão Trabalhista não se Aplica a Empregado Doméstico
A Quarta Turma do Tribunal Superior do Trabalho limitou a responsabilidade de um empregador doméstico pelos encargos trabalhistas de um caseiro ao período em que ele ocupou o imóvel como inquilino. Com isso, foi afastada a condenação relativa à época anterior, em que o trabalhador prestara serviço ao proprietário. O entendimento é o de que a sucessão trabalhista (segundo a qual a mudança na…
View On WordPress
0 notes
adriano-ferreira · 1 year ago
Text
Sucessão Legítima
A sucessão legítima é um conceito jurídico que refere-se à transmissão automática de bens, direitos e deveres de uma pessoa que falece para seus herdeiros designados por lei, ocorrendo quando não há testamento ou quando o testamento existente não abrange a totalidade dos bens do falecido. Este mecanismo legal está fundamentado no princípio de proteger os laços de sangue e as relações familiares,…
View On WordPress
0 notes
learncafe · 1 year ago
Text
Curso online com certificado! Direito Sucessão
Sucessão: conceito e Fundamentos. Abertura da Sucessão. Tempo e Lugar da Sucessão. Consequências da abertura da sucessão. Planejamento Sucessório e Inventário: Disposições Testamentárias e Planejamento Sucessório. Legados e Instituição de Herdeiros ou Aumento da Respectiva Fração Correspondente. Direito de Acrescer. Aspectos gerais da ineficácia e da invalidade testamentária. Contratos Versando Sobre a Herança de Pessoa […]
0 notes
studentgarden · 1 year ago
Text
O Papa e a sucessão apostólica
São Cipriano (+258), bispo de Cartago, defensor da unidade da Igreja:
O Senhor diz a Pedro: “Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus”. O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: “Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados, se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais apóstolos eram como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo… Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?” (Sobre a Unidade da Igreja).
Santo Irineu (+202):
“Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a Tradição que vem dos apóstolos” (Contra as Heresias).
São Pedro Crisólogo (+450):
“No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do Bispo de Roma”.
São João Crisóstomo (+407), bispo de Constantinopla:
“Pedro, na verdade, ficou para nós como a pedra sólida sobre a qual se apoia a fé e sobre a qual está edificada a Igreja. Tendo confessado ser Cristo o Filho de Deus vivo, foi-lhe dado ouvir: “Sobre esta pedra – a da sólida fé – edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18).
Tornou-se enfim Pedro o alicerce firmíssimo e fundamento da Casa de Deus, quando, após negar a Cristo e cair em si, foi buscado pelo Senhor e por ele honrado com as palavras: “apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15s). Dizendo isto, o Senhor nos estimulou à conversão, e também a que de novo se edificasse solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que ninguém perde a vida e a salvação, neste mundo, quando faz penitência sincera e se corrige de seus pecados” (Haer. 59,c,8).
Eusébio de Cesareia (+340):
“Pedro e Paulo, indo para a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e por fim sofreram o martírio simultaneamente” (História Eclesiástica, II 25,8)
Observação: A História da Igreja, desde cedo, mostra que os sucessores de São Pedro em Roma fizeram uso da sua jurisdição. Por exemplo na questão da data da festa da Páscoa, no século II, alguns cristãos da Ásia Menor não queriam seguir o calendário de Roma; o Papa São Victor (189-199) ameaçou-os de excomunhão (cf. Hist. Ecles. Eusébio V 24, 9-18). Ninguém contestou o Bispo de Roma, o Papa; e parecia claro a todos os bispos que nenhum deles podia estar em comunhão com a Igreja universal (já chamada de católica) sem estar em comunhão com a Igreja de Roma. Isto mostra bem o primado de Pedro desde o início da Cristandade.
Papa Pio XII – Encíclica Mystici Corporis Christi:
“Há os que se enganam perigosamente, crendo poder se ligar a Cristo, cabeça da Igreja, sem aderir fielmente a seu Vigário na terra. Porque suprimindo esse Chefe visível, quebrando os laços luminosos da unidade, eles obscurecem e deformam o Corpo místico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens, procurando o porto da salvação eterna”.
SOBRE A SUCESSÃO APOSTÓLICA
São Clemente de Roma (+102), Papa (88-97):
“Os apóstolos foram mandados a evangelizar pelo Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Assim, Cristo vem de Deus e os apóstolos de Cristo. Essa dupla missão se sucede em boa ordem, por vontade de Deus. Assim, tendo recebido instruções, e estando plenamente convencidos pela ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, e confirmados na fé pela palavra de Deus, saíramos Apóstolos a anunciar, na plenitude do Espírito Santo, a boa nova da aproximação do reino de Deus. Iam pregando por campos e cidades, batizavam os que obedeciam o desígnio de Deus, e iam estabelecendo aos que eram as primícias dentre eles como bispos e diáconos dos futuros fiéis, depois de prová-los no Espírito Santo. E isto não era novidade, pois desde muito tempo estava escrito de tais bispos e diáconos” (n. VI).
“Renunciemos, portanto, às nossas vãs preocupações e voltemos à gloriosa e veneranda regra de nossa Tradição” (n. VII).
“Para que a missão a eles [apóstolos] confiada fosse continuada após a sua morte, impuseram a seus colaboradores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocara para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram pois, tais varões e em seguida ordenaram que, quando eles morressem, outros homens íntegros assumissem o seu ministério” (Carta aos Coríntios 42,44).
“Também os nossos Apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações a respeito da dignidade episcopal. Por tal motivo e como tivessem perfeito conhecimento do porvir, estabeleceram os acima mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte deles outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério. Os que assim foram instituídos por eles, ou mais tarde por outros homens iminentes com a aprovação de toda a Igreja, e serviram de modo irrepreensível ao rebanho de Cristo com humildade, pacífica e abnegadamente, recebendo por longo tempo e da parte de todos o testemunho favorável, não é justo em nossa opinião que esses sejam depostos de seu ministério” (Cor 42, 1-3).
Essas palavras de São Clemente, discípulo de São Paulo como confirma a tradição, é da maior importância, pois nos mostram que foi desejo expresso dos Apóstolos que assim acontecesse a sucessão apostólica. É por isso que após a morte de São Pedro, a Igreja de Roma elegeu o seu sucessor, São Lino, depois Santo Anacleto, etc.
Tertuliano, Bispo de Cartago (+202):
“(…) Foi inicialmente na Judeia que [os apóstolos] estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando igrejas das quais, desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé, semente da doutrina, e ainda recebem cada dia, para serem igrejas. É por isso mesmo que serão consideradas como apostólicas, na medida em que forem rebentos das igrejas apostólicas.
É necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que a primitiva Igreja apostólica da qual procedem. São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só. Para atestarem a sua unidade, comunicam-se reciprocamente na paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam-se mutuamente os deveres da hospitalidade: direitos todos esses regulados exclusivamente pela tradição de um mesmo sacramento.
A partir daí, eis a prescrição que assinalamos. Desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou os apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão os que Cristo instituiu. Pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho tiver revelado.
E qual a matéria da pregação, isto é, o que lhes tinha revelado o Cristo?
Aqui ainda assinalo esta prescrição: para sabê-lo é preciso ir às igrejas fundadas pessoalmente pelos apóstolos, por eles instruídas tanto de viva voz quanto pelas epístolas depois escritas.
Nestas condições, é claro que toda doutrina de acordo com essas igrejas apostólicas, matrizes e fontes originárias da fé, deve ser considerada autêntica, pois contém o que tais igrejas receberam dos apóstolos – apóstolos de Cristo e Cristo de Deus. Ao contrário, toda doutrina deve ser pré-julgada como proveniente da mentira se se opõe à verdade dos apóstolos, de Cristo e de Deus.
Resta, pois, demonstrar que nossa doutrina, cuja regra formulamos acima, procede da tradição dos apóstolos e, por isso mesmo, as demais procedem da mentira. Nós estamos em comunhão com as igrejas apostólicas, se nossa doutrina não difere da sua: eis o sinal da verdade” (Da Prescrição dos hereges, XIII-XX).
Retirado do livro: “Escola da Fé – Vol. I – A Sagrada Tradição”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.
0 notes
victor1990hugo · 2 years ago
Text
Tumblr media
1 note · View note
kathelovecatsandfeminism · 5 months ago
Text
I'll crawl home to her - Rhaenyra Targaryen x reader
Tumblr media Tumblr media Tumblr media
disclaimer these gifs are not mine, they belong to @clixsmxdernxs and divider @dingusfreakhxrrington
Resumo: Rhaenyra Targaryen x fem reader; hozier; angst, fluff; não revisado ainda
I'm not sure if I liked how it turned out, maybe I'll redo it
Tumblr media
Do alto da parca torre em um longo planalto, uma mulher observa o horizonte. Seu rosto é cansado e suas vestes causam estranhamento em seus companheiros de batalha, não era filha de uma casa digna de lembrança, muito menos esposa de um alto cargo, mas mesmo assim sua mortalha de guerra lembrava aquelas dos velhos reis e rainhas.
Sob o olhar de muitos era um ato de desrespeito, mas lhe fazendo justiça, a própria rainha dragão colocara a malha sobre seus ombros, gostava de pensar que o toque de Rhaenyra ainda pesava lá. Olhando para suas mãos sujas de sangue ainda fresco ansiava por sua presença
"Boys workin on empty Is that the kinda way to face the burning heat? I just think about my baby I'm so full of love, I could barely eat"
...............................................................................
Após ter certeza que ninguém as observava tomava em suas mãos a de sua amada e a puxou para um quarto ainda mais reservado. O dia havia amanhecido silencioso enquanto todos iniciavam seus caminhos para guerra, havia chegado a hora, era possível sentir no ar o pesar, principalmente naquela sala. A rainha Negra já havia se despedido de seu primogênito, ato que ainda a sufocava, todos que amava estavam partindo e mesmo que o destino fosse de certa forma o mesmo, alguns jamais se veriam novamente.
Por um breve momento apenas se olharam em um silencio confortável, até que a rainha com um soluço o quebrou.
“já me desfiz em lagrimas com a partida de jace, mas parece que ainda restam muitas lagrimas em mim” o tom emulava a alegria, era seu papel manter todos os seus solados dispostos para a guerra, mesmo para os mais íntimos
Levando a mão cálida da targaryen aos lábios, a mulher de um beijo casto também tentando sorrir
“não sofra por mim alteza, não a primeira vez que encaro espadas inimigas, e em seu nome? O faço com honra”
Seu olhar se tornou régio
“agradeço sua intenção, mas não é o momento para me poupar, nossas baixas já são significativas, Daemon também era bravo e caiu em batalha e nós sabemos que muitos outros homens honrados também vão. Não há uma vitória garantida no futuro, só os deuses sabem o que pode vir acontecer” a fitando enquanto inspirava “eu mesma sou uma variável e- exasperada a lady de armas soltou as mãos de rhaenyra  
“Não fale assim! Não vê que agoura nosso caminho? Nem eu nem ninguém permitiria que a rainha legitima seja morta, possuímos mais dragões com montadores, exércitos aliados!”
Mas assim como já havia acalmado criaturas maiores, a rainha segurou seu rosto em ambos os lados, buscando a atenção dos olhos da mulher que agora eram arregalados e nervosos com a nova perspectiva
“então apenas me diga que entende, hm? Que entende o perigo que todos nós corremos, que a coroa e a sucessão correm, não aceito discutir na despedida do que talvez seja a nossa mais longa separação. Apenas me diga isso, meu amor” pediu tão docemente com aqueles belos olhos expressivos que mais uma selvagem criatura se viu domada e sem ressalvas um “sim, entendo” saiu sério dos lábios da outra.
Satisfeita e com pressa a rainha se virou e caminhou em direção a uma das camas do aposento, próxima a ela se inclinou e revelou o que um pano de veludo preto cobria, uma rica e nobre armadura da casa da Targaryen.
“posso saber o que significa isso, vossa graça” seu tom era quase divertido, também não desejava brigar
Virando-se segurando as peças nos braços se pôs diante da lady, colocou as vestes em um descanso próximo e delicadamente começou a tirar a armadura comum de soldado que a cavaleira usava, essa apenas observava os movimentos da rainha.
“quando eu era criança minha mãe me contava como preparava meu pai para suas pequenas batalhas”
“achei que o reinado do falecido rei fora pacífico a sua maneira”
“é verdade, mas há momentos onde uma armadura pode passar uma mensagem mais efetiva que palavras de conciliação. Ela dizia que ato era para dar sorte, uma forma de faze-lo se lembrar dela, mesmo que em campo, uma forma de acompanha-lo a distância” agora já fazia os ajustes na nova armadura.
“acha que eu poderia esquecê-la? Jamais”
“eu acredito” disse sorrindo após fazer o ajuste final, realmente lhe caia bem “gosto de pensar que de alguma forma uma extensão de mim protege seu peito do fogo da batalha” agora tocava o local, se sentia cansada e seus olhos voltaram a marejar, eram tempos cruéis.
Tocando seu rosto de forma melancólica quase nostálgica, sentia que a hora da partida havia chegado de vez, doía “deuses, sentirei falta de olhar para esse rosto”
Pegando para si a mão de nyra a cavalheira aproveitou sua deixa “não importa o que aconteça, eu voltarei para casa” nyra inclinou a cabeça, com um olhar conhecedor “e mesmo que eu tombe isso não ira me impedir”
Agora havia confusão no rosto da rainha
“você me deu honras que não sei se mereço, o comando de uma tropa, as vestes de uma nobre, então lhe confidencio o único pedido que farei aos meus homens que já marcham conhecendo seus possíveis destinos, pois já não faço questão de esconder meu amor e apreço por você Rhaenyra.  Peço que quando minha hora chegar deitem-me suavemente na terra fria e escura, pois nenhum túmulo pode segurar meu corpo, eu vou rastejar para casa, para você”
A rainha respondeu a agarrando em um beijo febril, se pudesse a manteria em seu lado longe de todo o perigo. Queria ter a conhecido antes, queria demonstrar melhor como a amava, queria não temer tanto por sua vida, queria não sentir que a ela caminhava para a morte.
Encerrando o beijo para respirar ambas continuaram abraçadas, forte, uma podia sentir o coração da outra bater em sua pele, era como se o mundo tivesse parado e apenas o calor do momento existisse. Antes de se separarem, a Targaryen deu mais um aperto na mulher e sussurrou em seu ouvido em tom de promessa “eu a amo mais do que um dia sonhei ser possível amar”
................................................................
Após cortar com sua lamina o pescoço de tantos homens a mesma mulher se encontrava caída sem forças no chão, respirar doía e podia sentir o gosto de cobre na boca, pensava na sua promessa, parecia próxima agora
"When my time comes around Lay me gently in the cold dark earth No grave can hold my body down I'll crawl home to her"
Porém com o resto de força que sobrava em seus braços se virou e se pôs de quatro enquanto segurava firme o punho de sua espada, pronta para se levantar, pois mesmo a memoria do toque quente e amoroso dos lábios de vossa graça afastava o abraço frio da morte
"When I was kissing on my baby And she put her love down soft and sweet In the low lamp light I was free Heaven and hell were words to me"
79 notes · View notes
tadhgbarakat · 2 months ago
Text
Tumblr media Tumblr media
* SETTING : cama de tadhg; manhã após o baile, com @princetwo.
   Mesmo antes de abrir os olhos, pôde sentir o cheiro do homem em seu travesseiro, o corpo quente pressionado ao seu. Tinha os braços ao seu redor, o queixo aninhado em seu ombro e o peito pressionado contra suas costas, e se mover sem grande cuidado significaria o acordar. Entrelaçados como estavam, sequer o podia ver, e tampouco sabia seu nome. Não se lembrava da última vez que havia deixado alguém o abraçar daquela maneira–ou melhor, não queria lembrar. Todos os detalhes da noite anterior haviam se tornado um borrão, mas a emoção que haviam evocado ainda o permeava: algo perigoso e para além do desejo, uma lâmina afiada em que temia se cortar. Naquele primeiro momento, só o que lembrava era de seu sorriso–malícia encarnada e avassalador.
   Ali se permitiu ficar por mais alguns minutos, aninhado no calor do estranho que o desvendou. As imagens do que haviam compartilhado lhe ocorreram em flashes. O salão de baile. O corredor. A intimidade em sua cama. Risadas que alcançavam os olhos. Poesias sussurradas ao pé do ouvido. A voz como veludo a envolvê-lo, e a boca com gosto de vinho e de mel. Cada fragmento era um poema por escrever. Queria vê-lo, lembrá-lo, quiçá prová-lo de novo: foi neste intuito que, cauteloso para não o despertar, se desenlaçou do abraço e virou para encará-lo.
   Em sua cama dormia o Príncipe Vincent Osíris Essaex, segundo na linha de sucessão ao trono de Aldanrae; tinha os cachos dourados espalhados ao seu redor como uma auréola, estava nu sob as cobertas, e o rosto estava a centímetros do seu. Merda.
   É claro–o Universo havia decidido ser engraçadinho. Não lhe restava dúvidas que havia mágica na bebida servida pelo imperador: mesmo mascarado, em circunstâncias normais o teria reconhecido em qualquer lugar. Despudorado como era, Tadhg nunca havia escondido desejar o seu corpo mesmo em meio ao desprezo mas, graças ao baile real, sabia o querer de uma nova maneira–uma que não estava pronto para admitir. E sabia, com uma certeza que beirava a melancolia, que o pequeno conto de fadas que haviam tecido juntos se desfaria tão logo ele abrisse os olhos. Tomou a decisão consciente de não o despertar. Se permanecesse adormecido para sempre, não precisariam enfrentar a realidade do que haviam feito, e Tadhg não precisaria enfrentar o vazio de não o voltar a fazer. Como em um estudo sobre o destino e seus caminhos, o assistiu em silêncio, a respiração presa à garganta, temendo que o flutuar de seu cílios a qualquer momento anunciasse o fim de algo que mal havia começado.
   Entre a euforia e o desespero, levou a mão ao rosto e ao cabelos, como se na esperança de apenas não ter despertado o suficiente para encontrar a cama vazia ao seu lado. Mesmo após esfregar os olhos, ele ainda estava lá, real e não produto de sua imaginação. Notou, como uma fagulha que se acende no peito, que já não o odiava. A noção o assustou.
Tumblr media
Tumblr media Tumblr media
36 notes · View notes
projetovelhopoema · 6 months ago
Text
Frieza /ê/
1. Figurado: atitude de reserva em relação a pessoas, acontecimentos, ausência de envolvimento diante do que se passa em torno, distanciamento. 2. Estado daquilo que é desprovido de calor, frialdade, friúme, friúra.
Frieza. Essa palavra ecoa como uma canção em minha mente definindo cada fibra do meu ser. Sou fria, calculista, esculpida por traumas profundos e situações que me marcaram de maneira indelével. Desde que me conheço por gente minha vida tem sido uma sucessão de invernos, cada um mais rigoroso que o anterior, moldando uma armadura de gelo em torno do meu coração. Se é que posso dizer que possuo um.
Um dia, ousei amar, abri meu coração, acreditando na promessa de calor e conforto, mas esse amor se revelou uma miragem cruel. Fui tocada pela traição mais fria, onde as minhas vulnerabilidades foram exploradas, onde a minha confiança foi usada como uma lâmina afiada. A quem amei um dia, transformou minha fraqueza em uma arma, deixando cicatrizes que o tempo não consegue apagar.
Então, não me julgue por cada movimento que é calculado, cada emoção cuidadosamente contida. Sou uma estrategista das emoções, planejando cada passo em um campo de batalha invisível. A dor do passado forjou uma muralha inquebrável, um escudo gelado que me protege do caos e das incertezas do mundo.
Minha frieza é uma dança meticulosa entre a autoproteção e a sobrevivência. É minha resposta à vulnerabilidade, minha defesa contra um mundo que tantas vezes me deixou à mercê de tempestades emocionais. Nesse estado de eterna vigília, encontrei uma espécie de paz. A frieza não é apenas uma característica, é a poesia sombria dos traumas que me definem, a melodia silenciosa da minha resiliência.
— Caroline Missio em Relicário dos poetas.
64 notes · View notes