#sintoser

[sintoser]

Essas paredes contam histórias

Aqui onde o passado e o futuro se fazem presentes

Histórias que não se verbalizam, mas se sentem

Tons de cinza, semblantes monocromáticos

São pedaços do que foi, partes do que será

Sem nomes, nem almas, apenas vozes

Cada esquina traz um receio, cada passo uma incerteza

Caminhos que se cruzam, corpos que se evitam

Risos, sons, um choro ao fundo

O vento traz tudo que se sente e o que não se sabe assimilar

Vida que se vai, planos que se fazem

Vida que se foi e tudo que virá

É assim, tudo o que eu posso imaginar

-Ć

[sintoser]

Tem vezes que é melhor não falar

Nem transparecer, só deixar acontecer

Pois sei que se a brisa do inverno me tocar

Sem nem ao menos me fazer sentir desperto

Talvez seja melhor ficar como está

Fechar os olhos e deixar assim

Nos dias ruins talvez seja melhor respirar

Fundo o bastante pra puxar todo o ar

Inspirar aquilo que não há dentro de mim

Expirar algo que eu não saiba explicar

E eu me permito ficar assim como estou

Eu deixo o frio desse inverno me consumir

Pra me estremecer por fora, até por dentro me curar

E quem sabe assim fazer o calor voltar

Meio sem graça, meio desconfortável

Mas como se aos poucos ele tentasse me despertar

-Ć

[sintoser]

A vida é um fluxo perfeito

Uma pulsação única e singular nesse universo dinâmico

Um rio que flui sem fim

Por entre memórias e desejos, sonhos e pesadelos

A vida é tudo e logo será o nada

É luz que se transforma em escuridão

Segundos que se tornam minutos

Sorrisos que se transformam em lágrimas

A vida é verdade que será mentira

Pelos olhos do tempo que ensina a ser mais

Mas também ensina a ter menos

E esse mesmo tempo que hoje é mais

Também é menos

Pois é o que já se foi e o que está por vir

É o fluxo do tempo que ensina a viver a vida

-Ć

[sintoser]

Mais uma vez você chega pra ocupar um espaço gigante em mim

Você vem pra deixar o ar pesado e pra fazer as horas se arrastarem

A sombra que tu projeta ao meu lado é um buraco negro pronto pra me consumir

E essa tua presença me pesa a alma, me joga pra baixo

Você tem tudo que é preciso pra me deixar mal

E é aos poucos que tu vai me consumindo

Fazendo pesar meu peito e roubando o brilho dos meus olhos

Sugando minha alegria e ofuscando meu sorriso

Deixando marcas, revirando as sobras

Reabrindo as feridas e me roubando o ar

A tua presença me pesa a alma, me joga pra baixo

Faz preto e branco esse meu pranto estridente

E o resto de nada importa, em nada me encanta

Porque nessa monocromia não há paisagens, somente um canto

E nesse canto eu me prendo e fico a inagir

Enquanto eu espero que você não se demore por aqui.

-Ć

[sintoser]

Ele diz ser melhor assim

Comprou o perfume que ela usava

Passou no quarto e na sacada

Plantou as flores que ela gostava

Parece que ela mudou de casa

Comprou quadros e joias

Mudou o cabelo e o sorriso

Diz que não foi nada

Mas a praia já não tem o mesmo encanto

Escalas de cinza, lua se escondeu

Mesmo assim, eles caminham pela areia

Coração é ressacada

Leva o pensamento pra auto mar

-ć

[sintoser]

Depois da química, tudo é desespero, melancolia em tons de cinza.

Depois que a gente vai embora, tudo faz falta, nada se compara.

Depois do barulho e do cortejo, o silêncio incomoda, coração agoniza.

Mas a vida vai sendo assim, e não há preparo que me de condição de suportar os dias em que me perco dentro de mim.

-ć

[sintoser]

Eu tentei me desligar do mundo por um instante

Me afundar no silêncio dentro de mim e descansar meus olhos no vazio da sala de estar

Mas meu corpo inquieto clama por calor, estremece por inteiro

Enquanto a chuva cai eu sou pensamentos e ideias, saudade e poesia

-ć

[sintoser]

Do meu quarto eu ouço vozes

Sons que ao longe se fazem tão vivos

Do meu quarto eu ouço passos

Pegadas despreocupadas, sem direção

Em minha cama, com os olhos fechados

Eu crio histórias, eu sonho acordado

Em meu peito há um compasso acelerado

Um ritmo, um apelo, um desespero

Que me faz ter pressa pra viver

Mesmo sem força pra levantar

Pela janela eu só enxergo sombras

Deitado no quarto eu imagino meu mundo girar

-Ć