#redrick schuhart
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plumtale · 2 months ago
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nikooo-whathehell · 7 months ago
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also roadside picnic gang rise up ! ! ! my headcanons on the main cast bc I love them :)
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henryfondler · 1 month ago
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school can be suchhh a boree
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nelelle · 10 days ago
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Is this cubist enough to be considered cubism? red
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arcadefl00r · 9 months ago
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Hey again, Roadside Picnic has me on a chokehold once more. have a few assorted doodles, mostly just Red and Arthur smiles
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tkachevsky · 1 year ago
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I almost read that...
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tarot-the-silly-one · 11 months ago
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redrick is so zhenya coded
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iced-bees · 2 years ago
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im obsessed with how redrick talks about kirill like he looks like this. pretend the text box says like "an ful l empy?" and that's him
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sleepy-space-nerd · 2 years ago
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Hello Roadside Picnic fandom I finished reading the book a week ago and I knew I had to write a Red/Kirill fic. I couldn't find anything where they actually get together so I made it real.
I'm still in shambles.
Here's the link: https://archiveofourown.org/works/46862131 (be aware it's rated E)
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cosmic-navel-gazin · 2 years ago
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@razielim
@thatsonehellofabird
@grosutina
@annoyingkesha
@schwarzwaldcr
What if I drew cringe fail fanart of a Russian book from the 70’s? Would any of y’all be interested in that?
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plumtale · 2 months ago
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fieriframes · 4 months ago
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[Forgot the backpack, Mr. Schuhart. March! Redrick ordered.]
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laseratingfist · 6 months ago
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has anybody else read roadside picnic? because i want to talk about the parallels between the story and belobog's quest, specifically cocolia and sampo, and redrick schuhart
it might take me a while to put together all my thoughts on it, but the main ideas i have right now are cocolia and the stellaron vs red and the wish machine, and sampo with his relic dealing and red being a stalker (like, the video game s.t.a.l.k.e.r. .... that's just what his job is called. it's relic hunting.)
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nelelle · 1 year ago
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golden boll
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declivar · 1 year ago
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Disjunção e afeto em Tarkovsky: Stalker (1979) e os Strugatski
(24 de Novembro de 2023)
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O diretor-tradutor é um poeta: “retira os signos de um determinado ‘lugar’ e os coloca novamente em ‘rotação’ numa busca de diferentes espaços para sua realização”. Na poética de Tarkovsky, a poesia é o produto final do fazer cinematográfico, pois o cineasta é movido pela criação inspirada pela alma, em um ofício que fala muito sobre o espírito do artista e sobre o sentido da obra de arte. Sua estética é movida pelo potencial afetivo da arte, buscando associações poéticas que provocam memória e emoção.
Para o cineasta, a arte é uma revelação transcendental que pode mudar a realidade. Em suas palavras: “A arte deve transcender e também observar [a realidade]; seu papel é trazer visão espiritual para influenciar a realidade: do mesmo modo que fez Dostoievsky, o primeiro a expressar de forma inspirada o mal do século”. Em 1979, Andrei Tarkovsky dirigiu um filme cujo roteiro foi inspirado no romance de ficção científica Piquenique na Estrada, de 1972, dos irmãos Arkádi Strugatski e Boris Strugatski.
INTRODUÇÃO
Piquenique na Estrada, que é grande sucesso do gênero sci-fi, ganhou várias traduções e foi exportado para mais de vinte países. A partir dos estudos sobre adaptação e tradução intersemiótica, vamos buscar entender como o filme Stalker (1979) conta a história de Roadside Picnic. Nossa análise parte da perspectiva de que diretor e tradutor fazem parte da criação da narrativa, uma vez que capturam sua poiesis de uma obra e a transportam para outro ferramental técnico, nesse caso, outra linguagem artística, o cinema.
A novela dos irmãos Strugatski conta a história de Redrick Schuhart, um stalker que vive do comércio ilegal de artefatos alienígenas. A narrativa se passa em um mundo pós-apocalíptico em que a “visitação” extraterrestre já aconteceu e é descrita como um piquenique na beira da estrada. O protagonista é responsável por vagar dentro de uma zona perigosa e misteriosa de tecnologia extraterrestre, em busca de artefatos apropriados para venda – por isso stalker, perseguidor. Nessa Zona, há um lugar conhecido por ter uma Bola Dourada, capaz de realizar qualquer desejo.
Já o filme trabalha com cenários reais para representar a zona e a Bola Dourada, que nesse caso é um quarto dos desejos. Tarkovsky não abordou tecnologia alienígena para explicar a zona ou a causa de um mundo em ruínas. O diretor-tradutor, no entanto, aplica elementos de sua poética para realizar o romance dos Strugatski em filme. Dentre as técnicas principais, vamos trabalhar com disjunção temporal e associação poética, ambas descritas pelo cineasta em Esculpir o Tempo, livro de 1984.
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Como material de apoio, selecionamos, além do Sculpting in Time, tradução para o inglês por Kitty Hunter-Blair, uma resenha deste elaborada por Luiz Bagolin e Magali Reis (2011), e trechos da dissertação de mestrado de Fabrícia Dantas (2011), cujo tema foi exatamente a adaptação dos livros dos irmãos Strugatski em Stalker (1979). Ainda sobre a análise comparativa, utilizamos um ensaio de John Riley (2017) sobre fantologia (hauntology) e ruínas em Stalker (1979), publicado no Journal of Film and Video. Por fim, o estudo prévio de Teoria e prática da adaptação: Da fidelidade à intertextualidade, de Robert Stam (2006), sedimentou a ponte teórica, possibilitando uma análise técnica e não moralista da adaptação da literatura em filme.
TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA
A noção de fidelidade, quando o assunto é adaptação e tradução, vem perdendo lugar na crítica literária. Um exemplo disso é o desenvolvimento teórico sobre a suposta superioridade e hierarquia do texto original sobre a adaptação/tradução, que vem sendo questionada muitas vezes sob os vieses anticolonial, pós-estruturalista e da crítica da tradução (STAM, 2006). Esta última destaca o papel do tradutor como autor e releitor da obra traduzida. Entende-se, sobretudo, que a tradução é a poiesis de um texto realizado em outro; e o mesmo ocorre com adaptação, que já aparece na teoria como “tradução intersemiótica”, devido ao seu caráter de trânsito entre diferentes linguagens artísticas.
Além de a tradução intersemiótica dar conta da realização poética de uma linguagem artística em outra, ela também considera os textos já produzidos, pois sua essência relacional a coloca sempre em contato com um Outro que veio antes. Assim, a tradução intersemiótica “tem em vista esse diálogo entre o passado e o presente e a criação de uma identidade nova para o objeto traduzido. A tradução intersemiótica é uma poética sincrônica” (DANTAS, 2011, p. 28).
Nosso entendimento é de que cada texto é um evento discursivo que remonta a uma trama de diversos outros discursos (o “já-dito”, que também pode ser entendido como intertexto). Portanto, os textos são movidos pela dialética constante entre a história e o sujeito do discurso, isto é, entre o passado e o sujeito que o lê, interpreta e cria. A adaptação, então, é uma transposição poética (às vezes bem literal por delimitações mercadológicas) de um discurso em outro, cuja linguagem artística se manifesta através de uma poética própria, muitas vezes com acréscimos do sujeito e do momento histórico em que se produz. Nessa visão, não há supremacia do original sobre o adaptado, tampouco da literatura sobre o cinema (STAM, 2006). A adaptação nasce como uma fonte de criatividade, fruto da releitura que o processo de tradução intersemiótica possibilita.
O diretor-tradutor é um poeta: “retira os signos de um determinado ‘lugar’ e os coloca novamente em ‘rotação’ numa busca de diferentes espaços para sua realização” (DANTAS, 2011, p. 30). Na poética de Tarkovsky, a poesia é o produto final do fazer cinematográfico, pois o cineasta é movido pela criação inspirada pela alma, em um ofício que fala muito sobre o espírito do artista e sobre o sentido da obra de arte. Sua estética é movida pelo potencial afetivo da arte, buscando associações poéticas que provocam memória e emoção.
Para o cineasta, a arte é uma revelação transcendental que pode mudar a realidade. Em suas palavras: “A arte deve transcender e também observar [a realidade]; seu papel é trazer visão espiritual para influenciar a realidade: do mesmo modo que fez Dostoievsky, o primeiro a expressar de forma inspirada o mal do século”[1] (TARKOVSKY, 1989, p. 96, tradução nossa). Assim, poeta e cineasta não se contentam em descrever o mundo: participam de sua criação e instigam a mudança através do refinamento da sensibilidade.
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Em seu Sculpting in Time, Tarkovsky (1989) elabora partes de sua concepção sobre arte. Para Bagolin e Dos Reis (2011, p. 272), o cineasta segue uma “ética-estética que passa por Horkheimer e Adorno, para depois subordinar a crítica sobre a indústria cinematográfica a um discurso sobre o espírito do artista e sobre o sentido da obra de arte”. A aesthesis do diretor-tradutor valoriza a autonomia do receptor, e por isso é uma estética de semântica ampla, que incentiva o potencial interpretativo dos sujeitos que a confrontam. A principal ferramenta narrativa adotada pelo cineasta é a associação poética e imagética, porque ela provoca os afetos ideais e estimula a sensibilidade artística do receptor, associando memórias, emoções, tempo e o ser da arte.
Outra característica de suas obras é a dilatação ou contração do tempo. Se a memória é importante, é porque é a matéria-prima do ser humano: “Tempo e memória se fundem; (...) É bem óbvio que, sem o Tempo, a memória também não pode existir”[2] (TARKOVSKY, 1989, p. 57, tradução nossa). Assim, Tarkovsky constantemente faz uma reelaboração artística do passado, usando ruptura e descontinuidade temporal. A ideia é que o tempo disruptivo possa gerar uma unidade inteligível, mas paradoxal, que o diretor chama de “conceito espiritual”: “Memory is a spiritual concept!” (TARKOVSKY, 1989, p. 57).
Só que Stalker (1979) é a adaptação de uma narrativa que se passa no futuro.
FUTURO DO PASSADO
A novela tem como personagem principal Redrick Schuhart, ex-funcionário dos laboratórios do Instituto Internacional das Culturas Extraterrestres que usa sua proximidade com a agência para ter acesso ilegal às áreas de visitação extraterrestres, conhecidas como Zonas. A “visitação” é apresentada logo no início da narrativa, e é explicada através da analogia a um piquenique na beira da estrada: os visitantes vieram, fizeram seu piquenique, aproveitaram a paisagem e deixaram os lixos do passeio para trás. Depois da visita, alguns laboratórios foram criados ao redor de seis zonas de contato para estudar o mistério dos restos de tecnologia alienígena. Nessa realidade pós-apocalíptica, as idas de Redrick à Zona Harmont são motivadas pela busca por artefatos alienígenas para comércio ilegal, o que confere a ele o ofício de stalker (ou perseguidor).
O livro Piquenique na Estrada (1971) está inserido na discussão sobre a pouca importância dos seres humanos em um universo povoado por outras civilizações: “Por que vocês, cientistas, têm tanto desdém em relação ao ser humano? Por que é que sempre tentam rebaixá-lo?” (STRUGATSKI, 2017, p. 209). A novela foi publicada na União Soviética apenas dois anos após o pouso da Apolo 11 na lua, durante a corrida espacial da Guerra Fria. Indo contra às narrativas de ficção científica dominantes, a novela gira em torno da realidade de um homem comum, desempregado, em busca de subsistência em um planeta devastado.
Na quarta parte do livro, stalker guia um grupo de exploradores em busca da “Bola dourada”, um artefato que promete realizar desejos. O protagonista aprendeu a contornar as armadilhas da Zona, e por isso tem mais experiência – como Hermes, é um conhecedor de caminhos. Redrick sabe que a expedição deve estar em harmonia com a Zona, uma vez que ela segue uma lógica própria que não deve ser negligenciada. Para Dantas (2011, p. 52), “a Zona é um símbolo da consciência de um homem que se encontra diante de uma ameaça, que, para transcender tal situação, precisa conviver com a possibilidade da existência de seres de inteligência superior a sua”.
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("Voyage d’Hermès" (Moebius, 2010): Hermes é mensageiro e navegante entre os mundos, ou zonas).
Um dos participantes da expedição decide tocar a Bola Dourada, enquanto o stalker, hesitante e sem entusiasmo, sussurra seu pedido: “Felicidade para todos!… De graça!… O quanto quiser!… Venham todos para cá! Dá para todos!… Ninguém será injustiçado!” (STRUGATSKI, 2017, p. 292). A novela é caracterizada por um simbolismo abstrato sobre a possibilidade da felicidade diante da insignificância do ser humano no universo, diante da humilhação avassaladora deixada pelo explorador. Já o cineasta traz a discussão sobre o espírito e a consciência humana sem dar importância para a explicação extraterrestre da narrativa dos irmãos Strugatski: há um stalker, uma Zona em ruínas e um quarto onde os desejos são realizados. Stalker (1979) dá vazão às reflexões sobre a relação do homem com o ambiente que o rodeia, trazendo elementos da poética transcendental do diretor-tradutor ao postular uma relação mística com a natureza.
Enquanto o livro traz como problema a presença e tecnologia extraterrestres, o filme não explica a Zona e nem o quarto, mas se concentra em vê-los simplesmente como o Outro. Ao filme não interessa saber a origem da Zona. Segundo Dantas (2011, p. 46) “A linguagem de Stalker propõe vazios que provocam o espectador a revisitá-los para tentar preenchê-los por meio de uma nova apreciação”. Trata-se das associações poéticas da estética de Tarkovsky, que não tem interesse em fazer o controle do sentido. Sua tradução intersemiótica permitiu que se trabalhasse as questões mais filosóficas da ficção científica, além de mover o eixo temporal para o passado sem impactar a poiesis do livro. A partir da releitura e recriação do texto literário, “O que se afirma aqui é claramente a soberania do diretor, de seu critério de autoria, sobre a edição do que foi primeiramente interpretado e captado” (BAGOLIN; DOS REIS, 2011, p. 270).
Para Riley (2017), a novela dos irmãos Strugatski sugere fortemente o futuro, enquanto o filme de Tarkovsky remonta ao passado. Riley identifica nas ruínas que compõem a Zona, em Stalker (1979), a reminiscência de um Estado russo industrializante e de uma concepção dominante de avanço tecnológico. Aqui, a Zona é ambientada nas ruínas de uma antiga fábrica russa desabitada e por isso mesmo com o domínio da natureza sobre o concreto do edifício. O ambiente do filme integra os homens à natureza e aos artefatos, contando uma história de decadência e fracasso em seus cenários: “Pelo fato de ruínas não serem intencionais, elas podem se tornar um monumento do fracasso”[3] (RILEY, 2017, p. 21, tradução nossa). Mas fracasso de quê?
A deslocação do tempo, na poética de Tarkovsky, é muito mais uma técnica do que uma escolha vazia. O diretor-tradutor articula e remonta o tempo de modo a criar lacunas propositais a serem preenchidas pelo receptor, a quem é responsabilizado o esforço da interpretação. Memória é um conceito espiritual. Assim, o tempo desconjuntado, onírico até, faz parte de sua trama artística. Porém, as condições de produção do texto-filme são constitutivamente históricas, já que é um discurso como qualquer outro. Riley (2017) argumenta, a partir do conceito de fantologia, que Stalker (1979) representa o fracasso do futuro prometido pelo imaginário soviético, tanto dos anos 30 quanto dos anos 70, em que o filme foi produzido. Ou seja, a “visitação”, em Stalker (1979), tem a ver com a presença fantasmagórica das ruínas, símbolo do fracasso soviético, uma constante memória da frustração. O argumento é de que a narrativa de Tarkovsky se passa no passado e no presente, em um mundo assombrado pela era soviética do pré-guerra e pelo legado dos gulags.
Porém, as associações poéticas do diretor-tradutor não precisam do passado literal para desencadear afeto com lastro em memória. Isto é, mesmo com uma narrativa que se passe no presente ou no futuro, é possível fazer associações poéticas que desencadeiem rastros de memória vinculadas ao passado. Aliás, Tarkovsky diz que “O filme pretendia fazer a audiência sentir que tudo aquilo estava acontecendo aqui e agora, que a Zona está ali ao nosso lado”[4] (TARKOVSKY, 1989, p. 200, tradução nossa).
Zonas, aliás, são objeto de muita discussão na literatura. Muros e regiões cercadas são carregados de símbolos os mais variados, desde uma versão edênica do mundo e da humanidade até uma versão nada amistosa e que representa perigo. É sempre uma divisão: “A visita paranormal que dividiu o mundo em dois (...) também cria um espaço e tempo desconjuntado”[5] (RILEY, 2017, p. 24, tradução nossa). Tarkovsky, por exemplo, usa tons sépia para distinguir momentos dentro da Zona.
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No caso dessa narrativa, a Zona é um local que representa a presença de um Outro muito estranho e misterioso; é um lugar cheio de armadilhas e tem uma lógica própria com a qual o stalker deve estar em harmonia. É também um lugar em que os desejos se realizam, e por isso simboliza a esperança diante do desconhecido. Para Dantas (2011), a Zona figura, além de um espaço de diálogo entre a natureza a humanidade, também:
Restos do velho estado russo e sua concepção de mundo dominante, fortemente racionalista, destruído pela pregnância da Zona. Ou seja, ela é o resultado de uma sociedade individualista e racionalista em demasia e, que por isso mesmo, desperta a reflexão sobre a possibilidade de cooperação entre os sujeitos e tudo que está à sua volta. (DANTAS, 2011, p. 42).
Sobre este tópico, Tarkovsky diz: “Em Stalker, eu faço uma espécie de declaração plena: a saber, que apenas o amor é – milagrosamente – prova contra a afirmação grosseira de que não há esperança para o mundo”[6] (TARKOVSKY, 1989, p. 199, tradução nossa). Assim, a Zona de Redrick Schuhart é, dentre outras coisas, a mensagem humanista de esperança frente ao individualismo excessivo – note-se que o quarto dos desejos só foi alcançado em conjunto. No filme, a Zona não é um espaço alheio ao ser humano: ela é, também, povoada de história. Se o livro coloca ênfase na solidão da humanidade diante da vastidão do universo, o filme mostra um ambiente que torna o homem próximo, parte de algo. Nesse sentido, Tarkovsky realiza a narrativa dos Strugatski em conformidade com sua aesthesis filosófica, profundamente sensível e manifestamente ontológica – isto é, ele produziu uma narrativa que fala sobre o ser do homem, da consciência e da vida.
TEM CONCLUSÃO?
Ambas as obras comunicam algo de filosófico sobre a consciência humana. Em sua tradução intersemiótica, o diretor-tradutor realiza sua autonomia como autor de uma nova camada da narrativa dos irmãos Strugatski. O filme é o retrato da leitura feita pelo cineasta, e isso é a captura da poiesis do texto. Tanto livro quanto filme expressam algo de existencialista sobre a humanidade: o primeiro, quando traz a frustração do homem ao perceber sua insignificância diante da vastidão do universo, e o segundo, ao mostrar a desolação da humanidade em um cenário de ruínas e fracasso.
Memória é um conceito espiritual, relativo à alma e à episteme humana, para Tarkovsky. Sua poética exprime exatamente isso em Stalker (1979), uma vez que as associações poéticas relacionadas ao afeto e à memória desembocam em uma reflexão tão humanista, de teor transcendental no quarto dos desejos. Alguns afirmam que Tarkovsky tirou a ficção científica para falar da consciência humana, mas a verdade é que a matéria-prima do filme já estava no livro. A obra dos Strugatski não é menos filosófica, existencial ou “culta” por ser ficção científica; ao contrário, a ficção científica é o motor para imaginar uma novela com elementos tão fantásticos como o Piquenique na Estrada, que deu origem ao filme.
Se Tarkovsky trabalha com o passado e os Strugatski com uma realidade futurista, então o tempo da narrativa poderia estar em um intervalo na história que satisfizesse todos os autores. Porém, o caráter fantológico (hauntological) de Stalker (1979), junto à montagem com ênfase em distorção temporal, faz com que o filme de Tarkovsky seja essencialmente fora do tempo. Ele trabalha com a disjunção temporal. Não é preciso o passado para falar de memória, especialmente quando as associações poéticas fazem o papel de se conectar com o imaginário do receptor. A memória não é literal, ela é sugerida, e por isso não precisa do passado.
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Tanto a Bola Dourada quanto o quarto dos desejos representam a busca por felicidade em um lugar estranho e misterioso. Sobre a Zona, Tarkovsky diz que:
As pessoas constantemente me perguntam o que a Zona é e o que ela simboliza, e fazem conjecturas ferozes sobre o assunto. Essas perguntas me reduzem a um estado de fúria e desespero. A Zona não simboliza nada, nada mais do que qualquer outra coisa em meus filmes: a zona é a zona, é vida, e quando alguém segue na direção dela, pode sucumbir ou atravessar.[7] (TARKOVSKY, 1989, p. 200, tradução nossa).
A falta de felicidade, que justifica sua busca, pode ser resultado tanto da industrialização prometida pelo imaginário soviético da Guerra Fria, quanto do extremo individualismo promovido pela ideologia dominante do capital. Vale lembrar que enquanto Stalker (1979) se passa nas ruínas de uma empresa soviética, Piquenique na Estrada (1972) mostra fortes indícios de se passar no ocidente. A busca pela felicidade é o elemento comum, porque Tarkovsky extrai a essência filosófica da narrativa dos Strugatski e a transforma na parte central de seu filme, dando uma nova perspectiva e importância para o que, no livro, estava dissolvido. Na tradução intersemiótica, tudo se transforma – é o caráter da adaptação, afinal.
Antes de tudo, é uma história sobre esperança. Tanto Tarkovsky quanto os irmãos Strugatski, que aliás participaram da escrita do roteiro do filme, falam sobre a possibilidade de se alcançar a felicidade em um mundo supostamente destruído e abandonado. Em ambos os casos, o que está em jogo é a felicidade da pessoa comum, é a poesia da pessoa comum.
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NOTAS DE FIM
[1] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “But art must transcend as well as observe; its role is to bring spiritual vision to bear on reality: as did Dostoievsky, the first to have given inspired utterance to the incipient disease of the age”.
[2] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “Time and memory merge into each other; (...) It is obvious enough that without Time, memory cannot exist either”.
[3] Texto original: “Because ruins are largely unintentional, they can become a monument to failure”.
[4] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “The film was intended to make the audience feel that it was all happening here and now, that the Zone is there beside us”.
[5] Texto de origem: “The paranormal visitation that has cleft the world in two (...) also creates disjointed place and time”.
[6] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “In Stalker I make some sort of complete statement: namely that human love alone is — miraculously — proof against the blunt assertion that there is no hope for the world”.
[7] Em inglês, na tradução de Kitty Hunter-Blair: “People have often asked me what the Zone is, and what it symbolises, and have put forward wild conjectures on the subject. I'm reduced to a state of fury and despair by such questions. The Zone doesn't symbolise anything, any more than anything else does in my films: the zone is a zone, it's life, and as he makes his way across it a man may break down or he may come through”.
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REFERÊNCIAS
BAGOLIN, Luiz Armando; DOS REIS, Magali. Resenha de "Esculpir o Tempo" de Tarkovski, Andrei. Matrizes: O ethos e o sensível, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 5, n. 1, pp. 267-272, dez./2011. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=143022280016. Acesos em: 21 nov. 2023.
DANTAS, Fabrícia Silva. Tradução intersemiótica como poética das relações: interfaces entre poesia e cinema em Stalker de Tarkovski. 2011. 116 f. Dissertação (Mestrado em Literatura e Interculturalidade) – Centro de Educação, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2011.
RILEY, John. Hauntology, Ruins, and the Failure of the Future in Andrei Tarkovsky’s Stalker. Journal of Film and Video, University of Illinois Press, v. 69, n. 1, p. 18-26, mar./2017. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/10.5406/jfilmvideo.69.1.0018. Acesso em: 18 nov. 2023.
STALKER. Direção: Andrei Tarkovsky. Estônia, União Soviética: Janus Films, 1979. 1 filme (163 min), sonoro, legenda, color., 35mm.
STAM, Robert. Teoria e prática da adaptação: da fidelidade à intertextualidade. Ilha do Desterro: A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies, Florianópolis, Universidade Federal de Santa Catarina, n. 51, pp. 19-53, dez./2006. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4783/478348689002.pdf. Acesso em: 21 nov. 2023.
STRUGÁTSKI, Arkádi; STRUGÁTSKI, Boris. Piquenique na Estrada. 1. ed. São Paulo: Aleph, 2017.
TARKOVSKY, Andrei. Sculpting in Time: Tarkovsky The Great Russian Filmaker Discusses His Art. Tradução: Kitty Hunter-Blair. 2. ed. Texas, EUA: University of Texas Press, 1989.
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literategoblin · 2 years ago
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2/52 "Roadside Picnic" by Arkady and Boris Strugatsky as translated by Olena Bormashenko
What would humans do if an alien species left behind technology on our planet that had the potential to catapult us through decades of technological advancements, in a fraction of the time? Would we band together for the greater good of humanity? Or would we become monsters, far worse than whatever else could be out there in the infinite dark? That is the question posed and explored in Roadside Picnic, an alien species visits and leaves behind relics and tools on earth, warping portions of the planet into dangerous and inexplicable locations that are sectioned off and called "Zones." Many years have passed since their visit and we follow Redrick "Red" Schuhart a "Stalker", someone who risks their lives entering these zones Illegally hoping to pillage tools and relics to sell at a high price on the black market. But the zone is fraught with danger. From invisible gravity traps that crush anything that passes them, to slime that defies logic, warping whatever it touches in horrific ways. There is no shortage of ways to die in the zone, and many stalkers do . This has taken its toll on Red, leaving him with a rugged and jaded personality and outlook on life. We meet other characters whose lives also revolve around the zones and the relics and knowledge that it contains. While the windup feels a little long winded for the length of the book at a snappy 190~ pages or less depending on your edition. The payoff can be quite nice. The authors do a solid job giving just enough information to unnerve the reader, but not enough to let the reader feel as if they are starting to understand things. The translation can feel clunky but I don't think this is a fault on the translators part. Rather I feel that they stuck to the text truthfully which occasionally presents phrasings and structure that can feel odd at the start but will blend in as the pages go by. Now, the premise, the ambiance, the story, all of these things are interesting and well done in their own ways. I can see how this book could rank very highly with the right audience. But There area few things that just took me out of the text and left me unable to fully immerse myself or to give Red my full sympathy. Simply put, the depictions of women in this book ranges from dated, to just vile. Guta, a character you meet early on is depicted as just a typical housewife whom seldom seems to chose or do anything for herself. She has her moments but in a book that also fails the Bechdel test I felt there was so much more she could have done, that she simply does not do. One might be able to handshake this as an issue with one character whom went under utilized. But another character we meet later in the book has an interesting plot point tied to her. But is a sex object. Red's internal monologue, and later, actions solidify this. Stories do not have to be about, or follow, a good person. I firmly hold to that belief. Some of the most important and interesting stories that we have to tell are the ones that show parts of ourselves we hide in the darkest corners of our minds and hearts. But to take on the task of creating a work in that vein is to accept the responsibility involved with it. It is a difficult, sticky, and unforgiving task. And here, Roadside Picnic failed to stick the landing in my eyes. Interesting discussions on human nature and the morality of science and progress are had in this book. But the handling of these characters, and Red's decisions and actions keep pulling me out of the honestly quite good immersion the book would build up. And for this reason, I'm disappointed to say I can't really recommend this book. If you are a fan of the STALKER series and want to see its origins, it may be worth your time. But know what you're walking into here. I cannot say that the book does not have strong points, good moments, and memorable quotes. But the way Red is handled in the narrative selected for the book and its depictions of women stain what really could have been a great work. 2.5/5
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