#oposição à Maduro
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Três dirigentes de campanha da maior aliança opositora a Maduro são detidos na Venezuela
A Plataforma Unitária Democrática (PUD), principal coalizão de oposição ao regime venezuelano, denunciou neste domingo (28) a detenção de mais três membros do comando de campanha presidencial do bloco no estado de Portuguesa, logo após a realização de atos de Maria Corína Machado na região. “Condenamos e manifestamos a nossa preocupação e indignação pelo desaparecimento de três cidadãos e…
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Lula poupa Maduro e Putin, mas ataca Israel e põe em dúvida compromissos com democracia.
Depois das revelações que deixaram patentes certas intenções golpistas do ex-presidente Bolsonaro e sua turma, Lula estava, mais uma vez, com o caminho aberto para se consolidar como líder democrata tanto com a opinião pública interna quanto no cenário internacional. Mas, no lugar de confirmar essa tese, ofereceu três declarações que provocaram dúvidas sinceras. Lula de fato teria compromissos com a democracia?
Em entrevista na Etiópia, o presidente brasileiro comparou a ação de Israel em Gaza ao regime nazista ; poupou o presidente russo, Vladimir Putin, das suspeitas da morte do ativista Alexey Navalny e; também cinicamente, não condenou a expulsão dos funcionários da agência da ONU ligada aos direitos humanos na Venezuela, por condenar a prisão de uma integO presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista em Adis Abeba, Etiópia
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Nos três casos, em que se posicionou, na prática, a favor de governos ou movimento antidemocráticos, é possível uma linha mínima de defesa do presidente Lula que tem sido bastante utilizada por seus apoiadores nas redes. Israel, ao que tudo indica, tem cometido crimes de guerra na sua sanha vingativa contra o Hamas, deixa dezenas de milhares de mortos, inclusive crianças inocentes, e o exagero retórico teria uma base factual na violência desmedida. Mas, em uma situação tão antiga, complexa e nuançada como a da Palestina, estar assertivamente de um lado ou de outro é estar errado e cometer injustiças.rante da oposição, Rocío San Miguel, que acusou o governo de praticar tortura contra presos políticos.
No caso de Navalny, é acusado de xenofobia e do onipresente “fascismo”. De fato, o ativista russo participou de uma marcha contra o governo em que estavam neonazistas ao seu lado e deu declarações contra imigrantes de etnias não russas. Mas a morte do ativista não diminui o fato de que ele não é o primeiro, e talvez não seja o último, opositor russo envenenado em circunstâncias misteriosas. Nem o que aparece morto. Há uma lista de gente que morreu dessa maneira, inclusive uma repórter, Anna Politkovskaya, crítica de Vladimir Putin. O autocrata russo, inclusive, também é responsável por morte de crianças inocentes em bombardeios na Ucrânia, mas nesse caso recebe o beneplácito do colega sul-americano.
Já com relação à Venezuela, um líder tão boquirroto como nosso presidente, rápido em condenar inimigos políticos internos e externos, alegar desconhecimento tergiversa o cinismo. Lula segue na sua campanha de reabilitar o presidente venezuelano Nicolás Maduro. Pelo jeito, pode ser a pior pessoa do mundo, mas basta ser antiamericano ou mesmo antiocidental que contará com a boa-vontade lulista.
Fica a dúvida de quais são as intenções do presidente. Se é uma questão de assessoramento, de ideologia, ou pragmatismo. No último caso, entretanto, cada vez faz menos sentido. Porque além do apoio de seu rebanho mais fiel, que irá consentir e defender qualquer coisa que faça, Lula não agrega ninguém com suas declarações. No máximo perde apoios. De aplausos inesperados, até agora, só do grupo terrorista Hamas.
Por causa de suas posições internacionais, Lula agora está distante dos Estados Unidos do Partido Democrata e estará ainda mais longe dos Republicanos, em caso de vitória de Donald Trump. Está em rota de colisão com os países europeus que se posicionam contra a Rússia. E, mesmo no seu quintal, Lula não tem apoio da Argentina de Javier Milei, por óbvios motivos. Líderes esquerdistas do continente têm se distanciado da posição do petista, caso de Gabriel Boric, mandatário do Chile, e José Mujica, ex-presidente do Uruguai – ambos têm condenado ações autoritárias cometidas por Nicolas Maduro. Na verdade, hoje, que país ou grupos de países relevantes que o Brasil lidera? Neste momento, nenhum.
Lula então se distancia dos moderados e se isola no panorama internacional. O que ganha o Brasil em ser severo contra as posições das democracias ocidentais e estar no lado contrário de Joe Biden, dos EUA, Emmanuel Macron, da França, e Olaf Scholz, primeiro-ministro alemão? A necessidade da compra de fertilizantes da Rússia parece ser um argumento insuficiente no apoio velado a Putin (nesse caso, paradoxalmente, Lula tem a companhia algo desairosa tanto de Jair Bolsonaro como de Donald Trump).
Ao sair do governo em 2010, Lula tinha altíssimos índices de popularidade e certa relevância internacional. Agora enfrenta um país dividido, calcificado, e não conseguiu encontrar ainda seu papel na arena internacional. Há década e meia atrás ele era “o cara”, segundo o ex-presidente Barack Obama. Hoje não mais. Segundo Obama, em suas memórias, “Lula tinha os escrúpulos de um chefão do Tammany Hall e circulavam boatos de clientelismo governamental, negócios por debaixo do pano e propinas na casa dos milhões”. Está na Página 353 de Uma Terra Prometida, para quem quiser conferir. Tammany Hall, não por acaso, é uma quadrilha política que agiu por décadas no estado de Nova York.
Após a glória e o ocaso na prisão, e até mesmo com perda de prestígio internacional, Lula se reinventou politicamente como o salvador da democracia brasileira, líder de uma frente ampla que unia esquerda, centristas, moderados, empresários e muita gente que apertou o 13 para evitar os riscos e as bizarrices do governo Bolsonaro. Do ponto de vista internacional coloca tudo a perder ao apoiar, velada ou abertamente, ditadores e terroristas em diferentes locais do mundo.
Fonte: O Estadão.
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María Corina Machado pede à justiça internacional que obrigue Maduro a deixar o poder #ÚltimasNotícias #Venezuela
Hot News O líder da oposição venezuelana María Corina Machado fez um forte apelo à justiça internacional nesta sexta-feira durante sua participação no Fórum América Livre, realizado na Cidade do México. No seu discurso, ele instou as organizações internacionais a agir com firmeza para acabar com a perseguição aos cidadãos na Venezuela e exercer pressão para que o governo de Nicolás Maduro inicie…
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Venezuela acusa Brasil de 'agressão inexplicável e imoral' pela oposição do governo Lula à entrada do país no Brics
Em resposta à decisão do Brasil de se opor à incorporação da Venezuela ao Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul), a ditadura de Nicolás Maduro acusou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de “manter o veto que [Jair] Bolsonaro aplicou à Venezuela durante anos, reproduzindo o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos pelos centros de poder…
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Candidato opositor venezuelano busca asilo na Espanha
Caracas, Venezuela, 9 de setembro de 2024 – Agência de Notícias EFE – O ex-candidato presidencial da oposição venezuelana, Edmundo González, deixou o país com destino à Espanha, onde buscará asilo político. A saída ocorre em meio a crescentes tensões após as controversas eleições de julho, nas quais o presidente Nicolás Maduro foi declarado vencedor. González, que havia declarado vitória nas…
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De fato muitos jovens que amam de modo falso, ou seja, simplesmente entregando-se, sem preservar a solidão (a maioria não passará nunca disso), sentem a opressão de um erro e querem, de uma maneira própria e pessoal, tornar vívida e fértil a situação em que se precipitaram. Pois a sua natureza lhe diz que as questões do amor, de tudo o que é importante, são as que menos podem ser resolvidas abertamente, segundo um acordo qualquer; são perguntas íntimas feitas de uma pessoa para outra, perguntas que exigem em cada caso uma resposta nova, especial, apenas pessoal. Mas como é que eles poderiam encontrar uma saída em si mesmos, do fundo de sua solidão já desperdiçada, eles que se atiraram, que não se delimitam nem se diferenciam, e que portanto não possuem nada de próprio? Os jovens tomam atitudes a partir de um desamparo comum e , quando querem evitar de boa vontade a convenção que se anuncia (por exemplo o casamento), caem nos braços de uma solução menos explícita, mas igualmente convencional e mortal. Pois tudo o que existe em torno deles é convenção; onde quer que se trate de uma comunhão precipitada e turva, todas as atitudes são convencionais. Toda relação resultante de tal mistura possui a sua convenção, mesmo que seja pouco usual (ou seja, imoral em sentido comum). Até a separação seria um passo convencional, uma decisão ocasional e impessoal sem força e sem frutos. Quem observa com seriedade descobre que, assim como para a morte, que é difícil, também para o difícil amor não se reconheceu ainda nenhum esclarecimento, nenhuma solução, nem aceno, nem caminho. Para essas duas tarefas, que carregamos e transmitimos secretamente sem esclarecer, nunca se achará uma regra comum baseada em um acordo. Contudo, à medida que começamos a tentar a vida como indivíduos, essas grandes coisas se aproximam muito de nós, os solitários. As exigências que o difícil trabalho do amor impõe ao nosso desenvolvimento são sobre-humanas, e nós, como iniciantes, não podemos estar à altura delas. Mas se perseveramos e assumimos esse amor como uma carga e um período de aprendizado, em vez de nos perdermos em todo o jogo fácil e frívolo atrás do qual as pessoas se esconderam da mais séria gravidade de sua existência, talvez se perceba um pequeno avanço e um alívio para aqueles que virão muio depois de nós; e isso já seria muito. No entanto, só chegamos máximo a considerar objetivamente e sem preconceitos a relação de um indivíduo com outro indivíduo, e nossas tentativas de viver tais relacionamentos não têm nenhum modelo diante de si. Mesmo assim há, na própria passagem do tempo, algo que ajuda a nossa iniciação hesitante. A menina e a mulher, em seu desdobramento novo e próprio, serão apenas de passagem imitadoras dos vícios e das virtudes masculinos e repetidoras das profissões dos homens. Depois da incerteza dessas transições, o que se revelará é que as mulheres só passaram por todos esses sucessivos disfarces (muitas vezes ridículos) para purificar sua própria essência das influências deformadoras do outro sexo. As mulheres, nas quais a vida se instala e habita de modo mais imediato, frutífero e cheio de confiança, no fundo precisam ter se tornado seres humanos mais maduros, mais humanos do que o homem, pois ele não passa de um ser leviano, que é mergulhado sob a superfície da vida pelo peso de um fruto carnal, que menospreza, arrogante e apressado, aquilo que pensa amar. Essa humanidade da mulher, realizada em meio a dores e humilhações, virá à tona quando ela tiver se librado das convenções do exclusivamente feminino nas transformações de sua situação exterior. E os homens, que hoje não a sentem vir ainda, serão surpreendidos e derrotados por essa humanidade. Um dia (já agora, especialmente nos países nórdicos, os indícios confiáveis a favor disso são eloquentes), um dia se encontrarão a menina e a mulher, cujos nomes não significarão apenas uma oposição ao elemento masculino, mas algo de independente, algo que não fará pensar em complemento ou em limite, apenas na vida e na existência: o ser humano feminino.
Rainer Maria Rilke. Roma, 14 de maio de 1904. (part. 2)
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Maduro afirma que María Corina e Elon Musk têm “pacto satânico”
O ditador venezuelano Nicolás Maduro afirmou que a líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, e Elon Musk têm um “pacto satânico”. As declarações foram feitas pelo autocrata durante uma concentração com simpatizantes nos arredores do Palácio de Miraflores, sede da presidência, em Caracas, neste sábado (17), em resposta às manifestações contrárias à fraude eleitoral no país. “Maria…
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Número de venezuelanos que entram no Brasil cai após eleições
Agência Brasil Maduro foi declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) com pouco mais de 51% dos votos, mas o resultado é contestado pela oposição O número de migrantes forçados venezuelanos que entram no Brasil a cada dia diminuiu após as eleições de 28 de julho , na comparação com a média do mês, segundo dados enviados à ANSA pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para…
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Nicolás Maduro perpetua um regime de opressão e fraude que sufoca a Venezuela há mais de uma década.
Em 28 de julho de 2024, as eleições presidenciais foram marcadas por fraudes e manipulações, garantindo a continuidade de seu poder. Enquanto a oposição, liderada por Edmundo González Urrutia, lutava por uma eleição justa, a realidade era um cenário onde o controle e a intimidação dominavam.
Enquanto Celso Amorim, conselheiro de política externa, ainda se preparava para reuniões e discussões, o Brasil parecia mais interessado em manter uma postura conciliadora, evitando confrontar diretamente o regime venezuelano.
Essa postura é inaceitável.
E quanto mais tempo demora para uma resposta do Brasil é pior.
Lula e o Itamaraty não podem ser coniventes com Maduro, especialmente considerando as críticas que o sistema eleitoral brasileiro já recebeu. Ao não se posicionar contra as fraudes venezuelanas, Lula e seu governo expõem fragilidades não apenas na democracia brasileira, mas também na liberdade em toda a América Latina.
Cada país que se recusa a condenar as ações de Maduro sinaliza uma fraqueza em seus próprios sistemas de liberdade.
* Segue informações da foto do texto:
No passado, Oscar Pérez e Canserbero representaram a luta pela liberdade na Venezuela, silenciados brutalmente pelo regime de Maduro. Pérez, um ex-policial que se rebelou, foi executado. Canserbero, cujo rap refletia a dor do povo venezuelano, morreu em circunstâncias suspeitas. A mídia brasileira, no entanto, muitas vezes omite essas histórias, preferindo focar na ditadura militar do Brasil enquanto ignora as ditaduras da região, e o que comprovam a decadência da mídia nacional.
O silêncio e a conivência do Brasil não são apenas falhas morais, mas ameaças à estabilidade e à democracia na América Latina. É crucial que o governo brasileiro, liderado por Lula, tome uma posição firme contra Maduro. Não fazê-lo é trair os princípios democráticos e enfraquecer a liberdade na região, porque o próximo alvo do bigodinho venezuelano será Guiana. E uma guerra na região enfraquece o Brasil no cenário internacional.
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Por que posição do Brasil sobre eleição na Venezuela é tão aguardada?
“Muitos acreditam que, sem a intervenção do Brasil, em especial a atuação pessoal do presidente Lula, o candidato da oposição Edmundo Gonzalez não estaria concorrendo e a situação seria semelhante à de 2018, quando havia pouco desafio a Maduro”, afirma Phil Gunson, analista sênior da organização Crisis Group, que acompanha a situação venezuelana, sobre as negociações para o pacto. Source link
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O Futuro da Venezuela: O Que Acontece Se a Oposição Vencer Maduro?
A Venezuela está à beira de uma potencial mudança histórica. Pela primeira vez em 25 anos, a oposição tem chances reais de vencer nas urnas, mas a transição de poder não parece garantida. Em meio a tensões crescentes, Nicolás Maduro fez uma declaração alarmante: se a oposição vencer as eleições, haverá um “banho de sangue”. Com pesquisas indicando uma possível vitória oposicionista, o que…
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Maduro prende 120 crianças em onda de repressão na Venezuela, em número maior que Pinochet e Videla
Foto: The New York Times Maduro prendeu pelo menos 120 adolescentes em menos de um mês. A maioria oriunda de bairros de classe trabalhadora, bastiões históricos de apoio a Chávez e Maduro que parecem ter aderido à oposição no mês passado. A nenhum foi concedido acesso a um advogado privado, afirma o grupo de assistência jurídica pro bono Foro Penal. Muitos ficaram presos pelo menos uma semana…
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Seis de junho de 2024
Seis de junho de 2024. Nesta data, os países aliados da 2ª Guerra Mundial comemoraram os 80 anos transcorridos desde o "Dia D" – a invasão da Normandia, França, pelas forças armadas dos Estados Unidos, da Grã Bretanha e do Canadá.
A efeméride foi festejada com discursos, música e danças, e principalmente com a participação de combatentes que sobreviveram ao histórico embate de 1944 com as forças do Eixo. A grande maioria, em cadeira de rodas, com idades próximas ao centenário.
Meu objetivo ao mencionar este evento, que me causou emoção e provocou reflexões, não é apenas trazer à lembrança os horrores da Guerra – de todas as guerras. Nem pretendo comentar os grandiloquentes discursos dos mandatários presentes.
Mas quero chamar a atenção para a notável ausência de um dos participantes vitoriosos do maior conflito mundial do século passado: a então União Soviética, hoje apenas Russia e aliados.
Essa ausência retrata bem o mundo em que vivemos, um mundo que os heróis de 1944 tentaram – e conseguiram, na época – derrotar. Um mundo de potências dominadas por ditadores ensandecidos, dispostos a tudo para aumentar e consolidar o seu poder sobre um território cada vez mais amplo e submisso.
Não é preciso ser um cientista político para entender que me refiro ao Hitler, de então, e ao Putin, de agora. Tal como Hitler, Putin invadiu um país vizinho. Tal como Hitler, Putin se tornou um ditador sanguinário e sem escrúpulos, disposto a sacrificar a vida de milhares de pessoas para alcançar seus objetivos egoístas. Tal como Hitler, Putin matou adversários, eliminou a oposição, instituiu a censura e calou a imprensa.
Em 1944, a Russia ajudou a derrotar um regime totalitário, assassino e odioso. Agora, a Russia se tornou um país tão totalitário, assassino e odioso como era a Alemanha de Hitler.
O Hitler da década dos anos '40, do século passado, reviveu no Putin deste século. Por isso, Putin não foi convidado para festejar os 80 anos do início do fim do regime nazista. Seria como convidar o próprio Führer para o evento.
Felizmente, ainda há países que praticam a democracia, a liberdade social e os direitos humanos. Mas há outros, nos quais essas condições já deixaram, na prática, de existir. Na Hungria de Orban. Na Turquia de Erdogan. Na Venezuela, de Maduro. E em tantos outros.
A França, a Holanda, a Espanha e a Alemanha correm sérios riscos de uma guinada ditatorial à direita, caso os seus respectivos partidos extremistas, isolacionistas e xenófobos, que em tempos recentes tem ocupado espaços políticos cada vez maiores, cheguem ao poder.
No cemitério americano na Normandia se encontram os restos mortais ou o registro (muitos corpos nunca foram encontrados) de quase 11 mil soldados, que deram suas vidas em troca de um mundo sem guerra, com paz e democracia.
Olhando para o leste europeu e para o Oriente Médio, não vemos nem paz, nem democracia, apenas mais guerras, mortes e destruição. Por enquanto, são conflitos regionais, mas a hipótese de que possam se estender para outros países e regiões não pode ser descartada.
Será que estamos a caminho de uma terceira Guerra Mundial? Ela ainda pode ser evitada? Como?
Tudo isso conduz a uma reflexão, a um questionamento.
De que adiantou a morte de milhares de pessoas em episódios como o Dia D, se o mundo continua palco de guerras sanguinárias, e nações inteiras seguem á mercê de ditadores e tiranos?
Quando foi que os movimentos construtivos e unificadores, como o Plano Marshall, várias iniciativas da ONU e a criação da União Europeia, deram lugar ao tsunami de desinformação, antagonismos, teorias de conspirações e divisionismos nacionais?
Por que, em vez de líderes, como Churchill e De Gaulle, temos de conviver com netanyahus e putins?
Por que, em vez de evoluir para uma sociedade fraternal e produtiva, estamos regredindo para um sistema tribal e conflituoso?
A minha geração, os "Baby Boomers", veio ao mundo após o fim da 2ª Guerra Mundial. Não estivemos envolvidos no conflito, não frequentamos campos de batalhas. Mas a convivência com nossos pais e avôs, que dela participaram e a sobreviveram, nos legou uma visão de mundo na qual guerras e ditaduras não tem lugar, nem razão de ser.
Ainda assim, basta olhar ao redor para ver conflitos armados, em maior ou menor grau, em dezenas de países.
O antes, o durante e o depois do Dia D deveriam ser uma lição para a Humanidade. Um exemplo do que pode ser feito, e sobretudo do que não deve ser feito.
Todavia, passados oitenta anos, parece que não aprendemos nada, ou já esquecemos tudo.
GSL 06.06.2024
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Venezuela pede à Interpol prisão do opositor Edmundo González #ÚltimasNotícias #Venezuela
Hot News A Procuradoria venezuelana solicitou um alerta vermelho da Interpol contra Edmundo González Urrutia, candidato rival do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 28 de julho, amplamente criticado pela falta de transparência. O líder da oposição está asilado em Espanha. Segundo um documento emitido pela Procuradoria venezuelana, o pedido de prisão internacional contra o líder da oposição…
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Sexto dia de Decameron
Amanhecia em Pádua, as moças pintadas com o sumo da romã pintava uma tela impressionante! O vermelho cor de vinho fazendo contraste com o verde do capim ao fundo... Os seios maduros das mulheres aos pulos endurecia o pau dos homens... As moças rebolava suas bundas fazendo comédia e os espectadores atiravam-lhe frutas! Uma delas é colada sobre a catapulta e atirada a uma lama suja! As velhas dá risada lembrando de quando eram elas arremessadas à lama. Os meninos usam máscaras folclóricas e brincam com espadas de madeira... A farta ceia é posta à mesa e os pratos são servidos. Enquanto os convidados comem um teatro de ventríloquos é apresentado diante da mesa, e são contadas as fábulas aos que ceiam. As garotas pisam as uvas produzindo o vinho! Os homens se servem embriagando-se e ficando cada vez mais vadios. As jovens mostram-lhes a bunda e pede para que beijem! Um dos rapazes estica os beiços para beijar-lhe as nádegas e a moça da um peido! Os outros rolam no chão rindo dele, e as meninas assanhadinhas também ri um riso frenético. Elas também bebem! E fumam uma resina que emprestam-lhe fantasias que só quem está sob tal efeito enxerga. Os horrores começam... Danças estranhas são dançadas pelas garotas, e os homens vadios alisam suas poupas... Os cacetes estão eretos e são amolados pelas mãos das moças. Os demais almoçam e cantam, cantigas antigas que penetram nos espírito dos que estão sob o ópio. Frases de amor e de ódio são lançadas ao vento... Os delírios dos Dionísios estão cada vez mais vivos e nenhum excesso é o suficiente! Eles se contorcem e range os dentes, disparam risos e choros; seus membros faz gestos sinuosos, o fogo do corpo é capaz de cometer incêndio. Longe vê-se montanhas verdes, a neblina que no topo das colinas movimentam com o vento... Os alucinados sentem a vibração da vida em movimento, o restante observam. Fim do primeiro passeio.
Anoitece e continua a cerimônia, fogos de artifício são lançados iluminando o céu com múltiplas cores Cestas de pão são dispostas aos que festejam, vinho e chás de diversas ervas. A música é sempre presente nessas manifestações! A embriaguez desenibe os poetas a trovejar suas poesias aos astros e aos antigos heróis; as moças se beijam e direcionam sua energia sexual para Safo. Os irmãos Antonietto e Marchelo adormecem de bêbados e sonham com a decapitação do rei! São oposição ao castelo, fazem parte da resistência que luta contra a monarquia e pregam o livre comércio. O sonho é invadido por outros membros, que articulam-se para dar um golpe ao rei. A festa continua acontecendo, as meninas nuas dançando em doces movimentos, dá a direção da música que são tocadas pelos violeiros e sanfoneiros... Pratos de todos os tipos são servidos o jantar inteiro. Márcia e Magnólia esfregam-se uma a outra e são transformadas em cabras pelo feitiço que é lançado por uma bruxa! Os garotos dão risadas das belas moças agora transformadas em cabra. A bruxa pega sua vassoura e sai voando em direção a lua. Ela deixa uma fórmula com uma das garotas, que será usada até o fim dessa história. As rapazes corre atrás das moças e deitam-na no chão como se derrubace um bezerro! Mete os seus cacetes grosso na bucetinha das meninas que riem da cara de desgosto dos pais. Mas é dia de festa, tudo fora concebido aos espíritos mais fugaz! Nenhum dos vivos deve ser contido aos desejos carnais. O rei apresenta-se a festa, a maioria vibra com sua presença! Nem parece que é gente... Talvez uma assombração! Ornado em ouro, luxuosa veste; os pobres oferece-lhe os ombros, e ele obedece! Pisa firmemente sobre o lombo dos coitados, que se sentem reis também por estar embaixo do solado da majestade! É nesse exato momento que o rei sente um punhal perfurando-lhe a carne! Os irmãos Antonietto e Marchelo assassinaram. A música para! O desespero é tomado pela maioria dos corações apaixonados pelas tiranias do rei. As cartas não mentiram! Zelda, a princesa, filha do rei, que se encontrava na festa, tirou a carta treze no baralho cigano da bruxa que vôo mais cedo! E a porção foi entregue a ela, que bebeu e morreu ao lado do pai como se o destino deles fosse esse... Fim do segundo passeio.
Terminado o banquete, puseram a princesa e o rei na mesma rede, e entregaram ao reino. A rainha em terno desespero, chorava elegantemente a morte da filha e o parceiro. O castelo negro e cinzento tornaria-se ainda mais sombrio para vivê-lo! Abandonou a vida nobre e foi viver junto aos tropeiros. Vivia a vida peregrinando de reino em reino! Ninguém mais sabia-lhe o paradeiro. Os irmãos Marchelo e Antonietto foram presos e enforcados há poucos meses, mas realizaram seus desejos. Chegando no inferno encontram o rei! Não vê Dante nem Cérbero, mas reconhecem muitos conterrâneos seus. Ainda na superfície, as irmãs Márcia e Magnólia lutam pra ser livres... Buscam pela quebra do feitiço, que só encontram visitando um velho curandeiro. John Dee pratica necromancia quando vê duas cabritinhas aproximando-se de seu círculo mágico, elas olham de uma forma como se comunicasse alguma coisa; o bruxo entende que se trata de feitiço e prepara um líquido alquímico. Daqui a dois meses seus corpos estarão livres destes pêlos, voltem pra casa e aguardem o efeito. Assim as cabritinhas o fizeram, e depois de dois meses voltaram ao corpo humano. fim do terceiro passeio.
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Pacheco e seu imenso talento
Paris, setembro.
Meu caro Senhor Mollinet:
Encontrei ontem à noite, ao voltar de Fontainebleau, a carta em que o meu douto amigo, em nome e no interesse da Revista de Biografia e de História, me pergunta quem é este meu compatriota Pacheco (José Joaquim Alves Pacheco), cuja morte está sendo tão vasta e amargamente carpida nos jornais de Portugal. E deseja ainda o meu amigo saber que obras, ou que fundações, ou que livros, ou que ideias, ou que acréscimo na civilização portuguesa deixou esse Pacheco, seguido ao túmulo por tão sonoras, reverentes lágrimas.
Eu casualmente conheci Pacheco. Tenho presente, como num resumo, a sua figura e a sua vida. Pacheco não deu ao seu país nem uma obra, nem uma fundação, nem um livro, nem uma ideia. Pacheco era entre nós superior e ilustre unicamente porque tinha um imenso talento. Todavia, meu caro Senhor Mollinet, este talento, que duas gerações tão soberbamente aclamaram, nunca deu, da sua força, uma manifestação positiva, expressa, visível! O talento imenso de Pacheco ficou sempre calado, recolhido, nas profundidades de Pacheco! Constantemente ele atravessou a vida por sobre eminências sociais: Deputado, Diretor geral, Ministro, Governador de bancos, Conselheiro de Estado, Par, Presidente do conselho ― Pacheco tudo foi, tudo teve, neste país que, de longe e a seus pés, o contemplava, assombrado do seu imenso talento. Mas nunca, nestas situações, por proveito seu ou urgência do Estado, Pacheco teve necessidade de deixar sair, para se afirmar e operar fora, aquele imenso talento que lá dentro o sufocava. Quando os amigos, os partidos, os jornais, as repartições, os corpos coletivos, a massa compacta da nação, murmurando em redor de Pacheco "que imenso talento!" o convidavam a alargar o seu domínio e a sua fortuna ― Pacheco sorria, baixando os olhos sérios por traz dos óculos dourados, e seguia, sempre para cima, sempre para mais alto, através das instituições, com o seu imenso talento aferrolhado dentro do crânio como no cofre de um avaro. E esta reserva, este sorrir, este lampejar dos óculos, bastavam ao país que neles sentia e saboreava a resplandecente evidencia do talento de Pacheco.
Este talento nasceu em Coimbra, na aula de direito natural, na manhã em que Pacheco, desdenhando a Sebenta, assegurou "que o século XIX era um século de progresso e de luz". O curso começou logo a pressentir e a afirmar, nos cafés da Feira, que havia muito talento em Pacheco: e esta admiração cada dia crescente do curso, comunicando-se, como todos os movimentos religiosos, das multidões impressionáveis às classes raciocinadoras, dos rapazes aos lentes, levou facilmente Pacheco a um prêmio no fim do ano. A fama desse talento alastrou então por toda a academia ― que, vendo Pacheco sempre pensabundo, já de óculos, austero nos seus passos, com praxistas gordos debaixo do braço, percebia ali um grande espírito que se concentra e se retesa todo em força íntima. Esta geração acadêmica, ao dispersar, levou pelo país, até os mais sertanejos burgos, a notícia do imenso talento de Pacheco. E já em escuras boticas de Traz-os-Montes, em lojas palreiras de barbeiros do Algarve, se dizia, com respeito, com esperança: ― "Parece que ha agora aí um rapaz de imenso talento que se formou, o Pacheco!"
Pacheco estava maduro para a representação nacional. Veio ao seu seio ― trazido por um governo (não recordo qual) que conseguira, com dispêndios e manhas, apoderar-se do precioso talento de Pacheco. Logo na estrelada noite de dezembro em que ele, em Lisboa, foi ao Martinho tomar chá e torradas, se sussurrou pelas mesas, com curiosidade: ― "É o Pacheco, rapaz de imenso talento!" E desde que as Camarás se constituíram, todos os olhares, os do governo e os da oposição, se começaram a voltar com insistência, quase com ansiedade, para Pacheco, que, na ponta de uma bancada, conservava a sua atitude de pensador recluso, os braços cruzados sobre o colete de veludo, a fronte vergada para o lado como sob o peso das riquezas interiores, e os óculos a faiscar... Finalmente uma tarde, na discussão da resposta ao discurso da Coroa, Pacheco teve um movimento como para atalhar um padre zarolho que arengava sobre a "liberdade". O sacerdote imediatamente estacou com deferência; os taquígrafos apuraram vorazmente a orelha: e toda a camará cessou o seu desafogado sussurro, para que, num silencio condignamente majestoso, se pudesse pela vez primeira produzir o imenso talento de Pacheco. No entanto Pacheco não prodigalizou desde logo os seus tesouros. De pé, com o dedo espetado (jeito que foi sempre muito seu), Pacheco afirmou num tom que traía a segurança do pensar e do saber íntimo: ― "que ao lado da liberdade devia sempre coexistir a autoridade!" Era pouco, decerto: ― mas a camará compreendeu bem que, sob aquele curto resumo, havia um mundo, todo um formidável mundo, de ideias solidas. Não volveu a falar durante meses ― mas o seu talento inspirava tanto mais respeito quanto mais invisível e inacessível se conservava lá dentro, no fundo, no rico e povoado fundo do seu ser. O único recurso que restou então aos devotos desse imenso talento (que já os tinha, incontáveis) foi contemplar a testa de Pacheco ― como se olha para o céu pela certeza que Deus está por traz, dispondo. A testa de Pacheco oferecia uma superfície escanteada, larga e lustrosa. E muitas vezes, junto dele, Conselheiros, e Diretores gerais balbuciavam maravilhados: ― "Nem é necessário mais! Basta ver aquela testa!"
Pacheco pertenceu logo às principais comissões parlamentares. Nunca porém acedeu a relatar um projeto, desdenhoso das especialidades. Apenas às vezes, em silencio, tomava uma nota lenta. E quando emergia da sua concentração, espetando o dedo, era para lançar alguma ideia geral sobre a Ordem, o Progresso, o Fomento, a Economia. Havia aqui a evidente atitude de um imenso talento que (como segredavam os seus amigos, piscando o olho com finura) "está à espera, lá em cima, a pairar". Pacheco mesmo, de resto, ensinava (esboçando, com a mão gorda, o voar superior de uma aza por sobre arvoredo copado) que o "talento verdadeiro só devia conhecer as coisas pela rama".
Este imenso talento não podia deixar de socorrer os conselhos da Coroa. Pacheco, numa recomposição ministerial (provocada por uma roubalheira) foi Ministro: ― e imediatamente se percebeu que maciça consolidação viera dar ao Poder o imenso talento de Pacheco. Na sua pasta (que era a da Marinha) Pacheco não fez durante os longos mesas de gerencia "absolutamente nada", como insinuaram três ou quatro espíritos amargos e estreitamente positivos. Mas pela primeira vez, dentro deste regime, a nação deixou de curtir inquietações e duvidas sobre o nosso Império Colonial. Por quê? Porque sentia que finalmente os interesses supremos desse Império estavam confiados a um imenso talento, ao talento imenso de Pacheco.
Nas cadeiras do governo, Pacheco rarissimamente surdia do seu silencio repleto e fecundo. Às vezes porém, quando a oposição se tornava clamorosa, Pacheco descerrava o braço, tomava com lentidão uma nota a lápis: ― e esta nota, traçada com saber e maduríssimo pensar, bastava para perturbar, acuar a oposição. É que o imenso talento de Pacheco terminara por inspirar, nas câmaras, nas comissões, nos centros, um terror disciplinar! Ai desse sobre quem viesse a desabar com cólera aquele talento imenso! Certa lhe seria a humilhação irresgatável! Assim dolorosissimamente o experimentou o pedagogista, que um dia se arrojou a acusar o Senhor Ministro do Reino (Pacheco dirigia então o Reino) de descurar a Instrução do país! Nenhuma incriminação podia ser mais sensível àquele imenso espírito que, na sua frase lapidaria e suculenta, ensinara que "um povo sem o curso dos liceus é um povo incompleto". Espetando o dedo (jeito sempre tão seu) Pacheco esborrachou o homem temerário com esta coisa tremenda: ― "Ao ilustre deputado que me censura só tenho a dizer que enquanto, sobre questões de Instrução Pública, sua excelência, aí nessas bancadas, faz berreiro, eu, aqui nesta cadeira, faço luz!" ― Eu estava lá, nesse esplendido momento, na galeria. E não me recordo de ter jamais ouvido, numa assembleia humana, uma tão apaixonada e fervente rajada de aclamações! Creio que foi daí a dias que Pacheco recebeu a grã-cruz da Ordem de São Tiago.
O imenso talento de Pacheco pouco a pouco se tornava um credo nacional. Vendo que inabalável apoio esse imenso talento dava às instituições que servia, todas o apeteceram. Pacheco começou a ser um Diretor universal de Companhias e de Bancos. Cobiçado pela Coroa, penetrou no Conselho de Estado. O seu partido reclamou avidamente que Pacheco fosse seu Chefe. Mas os outros partidos cada dia se socorriam com submissa reverencia do seu imenso talento. Em Pacheco pouco a pouco se concentrava a nação.
À maneira que ele assim envelhecia, e crescia em influencia e dignidades, a admiração pelo seu imenso talento chegou a tomar no país certas formas de expressão só próprias da religião e do amor. Quando ele foi Presidente do Conselho, havia devotos que espalmavam a mão no peito com unção, reviravam o branco do olho ao céu, para murmurar piamente: ― "Que talento!" E havia amorosos que, cerrando os olhos e repenicando um beijo nas pontas apinhadas dos dedos, balbuciavam com langor: ― "Ai! que talento!" E, para que o esconder? Outros havia, a quem aquele imenso talento amargamente irritava, como um excessivo e desproporcional privilegio. A esses ouvi eu bradar com furor, atirando patadas ao chão: ― "Irra, que é ter talento de mais!" Pacheco no entanto já não falava. Sorria apenas. A testa cada vez se lhe tornava mais vasta.
Não relembrarei a sua incomparável carreira. Basta que o meu caro Senhor Mollinet percorra os nossos anais. Em todas as instituições, reformas, fundações, obras, encontrará o cunho de Pacheco. Portugal todo, moral e socialmente, está repleto de Pacheco. Foi tudo, teve tudo. Decerto, o seu talento era imenso! Mas imenso se mostrou o reconhecimento da sua pátria! Pacheco e Portugal, de resto, necessitavam insubstituivelmente um do outro, e ajustadissimamente se completavam. Sem Portugal ― Pacheco não teria sido o que foi entre os homens: mas sem Pacheco ― Portugal não seria o que é entre as nações!
A sua velhice ofereceu um caráter augusto. Perdera o cabelo radicalmente. Todo ele era testa. E mais que nunca revelava o seu imenso talento ― mesmo nas mínimas coisas. Muito bem me lembro da noite (sendo ele Presidente do Conselho) em que, na sala da Condessa de Arrodes, alguém, com fervor, apeteceu conhecer o que sua excelência pensava de Cânovas del Castilo. Silenciosamente, magistralmente, sorrindo apenas, sua excelência deu com a mão grave, de leve, um corte horizontal no ar. E foi em torno um murmúrio de admiração, lento e maravilhado. Naquele gesto quantas coisas sutis, fundamente pensadas! Eu por mim, depois de muito esgravatar, interpretei-o deste modo: ― "medíocre, meia-altura, o Senhor. Cânovas!" Porque, note o meu caro Senhor Mollinet como aquele talento, sendo tão vasto ― era ao mesmo tempo tão fino!
Rebentou; ― quero dizer, sua excelência morreu, quase repentinamente, sem sofrimento, no começo deste duro inverno. Ia ser justamente criado marquês de Pacheco. Toda a nação o chorou com infinita dor. Jaz no alto de S. João, sob um mausoléu, onde por sugestão do Senhor conselheiro Acácio (em carta ao Diário de Notícias) foi esculpida uma figura de Portugal chorando o Gênio.
Meses depois da morte de Pacheco, encontrei a sua viúva, em Cintra, na casa do Dr. Videira. É uma mulher (asseguram amigos meus) de excelente inteligência e bondade. Cumprindo um dever de português, lamentei, diante da ilustre e afável senhora, a perda irreparável que era sua e da pátria. Mas quando, comovido, aludi ao imenso talento de Pacheco, a viúva de Pacheco ergueu num brusco espanto, os olhos que conservara baixos ― e um fugidio, triste, quase apiedado sorriso arregaçou-lhe os cantos da boca pálida... Eterno desacordo dos destinos humanos! Aquela mediana senhora nunca compreendera aquele imenso talento! Creia-me, meu caro Senhor Mollinet, seu dedicado ― FRADIQUE.
--- Fonte: Eça de Queiroz: "A correspondência de Fradique Mendes" Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2021)
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