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#nas linhas do caderno
auroraksr · 12 days
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MINI WOLFF [ LANDO NORRIS ]
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sinopse: lando norris acidentalmente se apaixona - e consquista - a filha de toto wolff
avisos: narrador onisciente, fem!wolff, insinuações a +18, bebidas (social), não revisado
cont. de palavras: 1,3k
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lando nunca foi um homem de paixões, sempre preferiu fodas de uma noite ou ficadas rápidas. teve apenas uma namorada durante seus 24 anos, e fora a algum tempo, logo, estava solteiro e, como carlos gosta de colocar: "pronto para a que vier".
mas quando se deparou com s/n? ah, era demais, até para ele. admirava sua beleza, claro, mas não apenas, a - coincidentemente - filha de toto wolff era, da forma mais pura possível, de ouro. e lando não conseguiu deixar de repará-la em todas as vezes que passou pela garagem da mercedes, ou pior, em todas as vezes que a garota passava pela garagem da mclaren.
o cacheado tinha lábia e beleza, e é claro de s/n não o rejeitaria, afinal, a garota deveria estar sedenta por no mínimo um pedaço dos pilotos que passava tanto tempo perto.
começou com um olhar, que se estendeu a longas encaradas, até finalmente virar uma piscadela. então, uma risadinha e uma mecha atrás da orelha por parte dela. logo virou um cumprimento nas manhãs, que evoluiu para um "até mais!" nas tardes, que eventualmente virou uma conversa rápida de elevador, até chegar no atual: conversas com flertes casuais, mas apenas quando lando tinha certeza que toto não o veria.
"bom dia, mini wolff." a voz rouca estala nos ouvidos de s/n antes mesmo que ela se vire.
"bom dia, norris." ela esboça um sorriso fraco antes de se virar novamente para seus estudos.
"está estudando o quê?" ele puxa uma cadeira ao lado da menina, fazendo menção de puxar o caderno onde ela fazia anotações.
"só se você ficou maluco, né?" ela segura o caderno com força, tampando o conteúdo. "estratégias, pra que os meus meninos batam você, logo ali." ela aponta para a pista, que ficava a vários metros de distância.
"seus meninos? até onde eu sei e me lembro, eles são os pilotos do seu pai, não seus. e até eu também sei e me lembro, você não tem um piloto pra chamar de seu." ela estreita os olhos ao ver o sorriso traquina do sentado à sua frente.
"touché." ela admite, fechando o caderno. "mas você não pode negar que eles ainda vão vencer. ou no mínimo terminar na sua frente."
"a não ser que seu pai tenha molhado a mão de alguém sem o consentimento da FIA, a corrida só acontece amanhã. e que eu me lembre, eu sou quem larga na pole."
"você se lembra de bastante coisa, hein? cuidado com o tamanho da cabeça, dizem que cresce." ela sussurra a última, como se fosse um segredo que ninguém pudesse saber.
o garoto fica vermelho, e o motivo depende da imaginação de cada.
"boa sorte amanhã." ela sorri gentilmente, andando de volta à garagem da mercedes.
quando o amanhã finalmente chega, s/n assiste a corrida toda com as mãos juntas, de dentro da garagem que seu pai comandava, tecendo comentários com o mais velho sobre as situações, palpitando em estratégias e, principalmente, torcendo.
no momento em que os funcionários da mclaren se juntam na grade para receber o primeiro a passar pela linha de largada, s/n sabia que seu dia estava acabado. o carro laranja passa como um foguete, o primeiro de todos, seguido dos dois carros que ela se preocupou tanto em ajudar, entregando um merecido segundo e terceiro lugar aos pilotos da mercedes.
ela vê de longe os pilotos saindo do carro e, obviamente, vê o momento que lando se vira para ela, erguendo os braços ao lado do corpo como um "que pena!". ela não consegue fazer mais que prender um sorriso antes que ouça seu pai bufar.
"você viu isso? esse garoto provocou." sem uma resposta, a garota apenas assente.
horas depois, após todas as entrevistas e comemorações, lando se aproxima de s/n, que tinha uma mochila nas costas e o celular na mão.
"gostou, mini wolff? foi pra você." ele se refere a corrida, fazendo ela revirar os olhos e mostrar o dedo do meio.
"gostou, norris? foi pra você." ela diz irônica e ele ri.
"gostei, claro." ele se aproxima para sussurrar. "mas preferiria essa mão em outro lugar."
ela dá um tapa em seu braço e ele recua, rindo. não pôde deixar de reparar nas bochechas vermelhas da garota, que balançava a cabeça tentando conter uma risada.
"aparece na minha festa de comemoração." ele convida. "não vai ser nada demais, naquele clube perto do hotel, só os pilotos, as namoradas e quem mais decidir dar as caras."
o que leva às horas seguintes de preparo para aparecer no local, procurando por rostos conhecidos na multidão. s/n vê charles e a namorada primeiro, e dali segue para os próximos da mesa.
"você veio!" lando diz, aparentemente já não em seus melhores estados de consciência. ele se levanta e caminha até a garota, beijando sua bochecha e puxando-a pelo pulso para perto da mesa. "mini wolff, pessoal. pessoal, mini wolff."
"eu já conheço eles, você sabe, né?" ele ri e abana a mão, batendo no lugar ao seu lado para que a garota sente.
assim que ela se senta, ele providencia uma bebida para s/n e um apoio de braço para si mesmo, porque apoia o braço no ombro da recém-chegada, que recebe olhares questionadores de george e lewis.
em um drink e outro, quando viram, estavam ambos - s/n e lando - dançando no meio da pista, aproveitando a noite da forma esperada do campeão. sairam do olhar dos amigos e, calculadamente, das câmeras.
"gostei do seu vestido." ele comenta enquanto dança, não menos bêbado que no início da festa, mas também não menos sóbrio.
"pensei no mais fácil de tirar mais tarde." ele sorri, percebendo que a garota entrou em seus jogos.
"mais tarde?" ele força um tom entediado. "a gente pode testar agora, só deixa eu chamar um táxi."
"aproveita sua festa de primeiro lugar, norris." s/n esboça um sorriso malicioso antes de continuar. "vai ser a última."
"não sei se foi uma ameaça ao meu carro ou à minha vida, mas me excitou de qualquer forma." ele desce a cabeça para perto do pescoço da garota. "posso?"
ela responde agarrando a nuca dele e o puxando para mais perto. ele deixa beijos leves na extensão de pescoço de s/n antes de subi-los gradativamente até sua boca, onde hesita.
"falou esse tempo todo pra chegar na hora H e você amarelar?" ela provoca.
ele imediamente sela seus lábios num beijo intenso. não provocativo, muito menos calmo, apenas cheio de desejo. um beijo quase comum, claro, se não fosse a filha do chefe da equipe rival ou o piloto da equipe rival.
as mãos de lando repousam na cintura de s/n assim que possivel, uma delas passeia pelos lados de seu corpo, assim como suas costas, a outra segue imóvel, curvando o corpo da garota para que os quadris estivessem empinados em sua direção, no topo, ele se mantinha dominante, caçando seus lábios.
um grunhido baixo é abafado pela música, mas é quase impossível saber quem dos dois soltou o som, já que ambos parecem nauseados pela sensação.
o braço de lando que estava na cintura de s/n corre para suas costas, abraçando e apoiando a garota, que a esse ponto já grudou as mãos em todas as partes paupáveis que conseguiu chegar: rosto, nuca, cabelo e ombros.
"caralho." lando solta assim que se separam do beijo. "me deixa te levar pro hotel, por favor."
"não esquece que meu pai está no mesmo andar que você." ela relembra.
"então é bom você gemer baixo." ele sorri ladino, agarrando a cintura da garota e a levando para a frente do clube.
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idollete · 5 months
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diva idollete do tumblr nós lobinhas míopes queremos representatividade ☝️
fico maluca pensando em como os meninos iam reagir a leitora que usa óculos e tem o grau mto alto (eu mesma sou praticamente cega, tenho 7 de miopia em cada olho e sou super dependente dos meus óculos) pq eu tenho certeza que o pipe e o matías iam ser aquele tipo atentado que pega seu óculos e esconde pra fazer gracinha, ou então pega pra ficar tirando foto e acaba soltando aquele clássico "nossa, você é cega mesmo!" quando bota o óculos na cara
já os outros queridos eu imagino achando os óculos da leitora uma característica mais atraente, vozes da minha cabeça me dizem que o kuku i o enzo acham a coisa mais sexy e pedem pra leitora usar os óculos na cama e enquanto paga um boquete pra eles ☝️
fale suas opiniões diva nós lobinhas de óculos queremos te ouvir 🎤🎤
shout out to all the lobinhas míopes do blog mwah mwah mwah 💌💋🎀☝🏻
pipe: é muito do que você falou mesmo, o pipe é aquele garoto que vive na eterna quinta série, sempre com uma piadinha na ponta da língua e não poderia ser diferente com o teu óculos. ele VIVE escondendo só para te pirraçar, principalmente quando vocês marcam de estudar juntos e ele tá com zero vontade de fazer isso, então, esconde o óculos pra ganhar tempo. ele adora ficar com o seu óculos no rosto, mesmo que você já tenha dito quinhentas vezes que isso faz mal para a visão dele. ele vive fazendo graça e sempre tá com o óculos no rosto DELE quando você não tá usando. por outro lado, eu também enxergo o pipe em uma pegada mais cuidadosa, sabe? porque, pra mim, ele faz muito a linha daquele amigo que pega no pé quando você não usa o óculos, vai te lembrar o tempo inteiro, principalmente quando te pega espremendo os olhos para ler algo. plus: se você for insegura de usar óculos, é capaz dele aparecer no dia seguinte com uma armação sem lente IGUALZINHA a sua, com o maior sorriso no rosto, como quem diz "tá vendo? não tem nada demais" e acaba te ajudando a perder a insegurança.
matías: tem um acervo de piadas sobre pessoas míopes. e como ele é um homem em seus primeiros 22 anos de infância, vai te infernizar 24/7. vai sim fazer a piada infame de dizer que você parece com uma atriz que ele conhece e morre de rir se você fica bravinha e começa a xingar até a décima terceira geração da família dele. vejo muito o matías como aquele cara que vive no mundo da lua, então, quando ele pega o seu óculos pra esconder, é bem capaz dele esquecer que fez isso e você acabar ficando louca atrás do bendito óculos e ele simplesmente 😁😆😝🤓😇 porque nem se lembra que pegou em primeiro lugar. é quando ele tá revirando a mochila (procurando o caderno que também perdeu), que encontra o óculos lá no fundo e ainda tem a pachorra de te dizer que "ó, encontrei seu óculos, tava na minha mochila!" e se você fica puta ele ainda acha ruim, viu? "nossa, educação mandou lembranças. não agradece os amigos mais não?!"
esteban: ele, de fato, acha absurdos de sexy o fato de você usar óculos, porque te deixa com um arzinho intelectual, sabe? de mulher que tem conhecimento sobre todos os assuntos do mundo e consegue debater sobre tudo a qualquer momento. o porém é que ele não vai verbalizar isso pra ti, só que não é difícil de perceber também, porque o esteban é a pessoa menos blasé do universo em relação aos sentimentos dele. imagino muito uma vida de casal com o esteban em que um dos hobbies que vocês compartilham é a leitura, então, costumam tirar algumas horinhas da noite para ficarem lendo, você na poltrona e ele atravessado no sofá, de frente pra ti. essa posição é 100% estratégica, porque o esteban faz de tudo MENOS ler, fica babando na sua postura concentrada, acompanha cada mínimo movimento teu e quando é pego no flagra, tenta disfarçar e volta a atenção para o livro dele, que, por sinal, está de cabeça para baixo. aqui ele não tem mais para onde fugir, você já sacou tudo, mas não custa provocar um tiquinho, né? vai perguntar o porquê dele estar te encarando, chega bem pertinho pra dizer que já terminou de ler, monta no colo dele. o olhar fixado no seu rostinho entrega tudo. "tá encarando meu rosto, amor, tô feia, é?" e ele nega na mesma hora, "não, não, nunca. tá linda. você... fica linda...com o óculos", fala tão pausadamente e torce para que você o leia pelas entrelinhas, que perceba o que ele está querendo dizer. "gosta do meu óculos, é?", ele assente, as mãos começam a te tocar, apertar, pressionando um quadril no outro, ele engole em seco pra tomar coragem, "queria te ver usando ele...", "ué, eu tô usando agora, vida", "não assim...queria te ver usando quando estivesse me mamando", e, nossa, quando você acata o pedido, ele vai perder o controle total, a ideia era que ele recebesse um boquete, mas vai acabar fodendo a sua boquinha daquele jeitinho bem overwhelmed e, por isso, goza por todo o seu rosto, respingando, inclusive, no óculos. e ele acha isso a coisa mais linda do mundo.
enzo: ele acha atraente pelos mesmos motivos que o kuku, mas penso que seja mais discreto sobre isso, consegue disfarçar e, além do mais, ele tem tanto costume de te encarar apaixonado que parece ser algo casual. vou te pedir uma licencinha aqui, amiga ☝🏻 porque eu não ache que o enzo chegaria a pedir pra você usar o óculos, não diretamente. penso que as coisas com ele são muito mais sutis e ele é ótimo contornando situações ao favor dele. então, eis o que eu imagino. é no meio de uma pegação super intensa que ele dá aquela pegada na tua nuca e te diz no tom de voz mais puto e rouco do mundo que quer que você mame ele, "tô doido pra sujar o seu rostinho bonito de porra, nenita" e é quando você se ajoelha, pronta para tirar o óculos que ele te interrompe, "não, fica assim, quero te ver me mamar usando o óculos", te pega muito desprevenida e o sorriso perverso no rosto dele te desmonta demais. o enzo é SUPER do contato visual durante o sexo (btw tenho pra mim que ele odeia fazer de quatro, só por não poder te olhar direitinho, só faz se for de frente para o espelho), só que dessa vez é muito mais intenso, porque ele está completamente vidrado em ti. E DIGO MAIS!!!! se o óculos ameaçar cair, ele vai lá e põe no lugar de novo, só pra voltar a te foder do jeitinho que ele quer.
e vou te pedir uma licencinha pra adicionar o jerónimo aki também rsrsrsrsrsrs...esse foi um cenário que me veio na cabeça uns tempinhos atrás, mas fiquei com receio de hablar sobre, porque pode ser um pouco ‼️‼️‼️‼️ o jerónimo tem essa carinha de riquinho esnobe pra caralho e esse corpo de atleta, então, eu imagino ele bem preppy boy meio bully x leitora nerd tímida. ele inferniza a sua vida desde que vocês se conhecem por gente, derruba os livros, te ofende, solta piadinhas, mas tudo isso é porque ele morre de tesão por ti e ODEIA o fato de você nunca ter dado um mínimo de atenção pra ele. não sei como vocês chegam nesse ponto, porém vocês acabam de pegando no off e o jerónimo adora a ideia de corromper a garota boazinha da escola. ele é louco pela sua aparência de coitadinha, o olhar amendrontado sempre que ele chega perto e é óbvio que tem um puta tesão no seu óculos. vejo ele como uma mistura dos dois extremos, ele vai ser pipe e matías, que pega o óculos escondido, e enzo e kuku te faz usar quando vai mamar ele. é muito provável, inclusive, que ele roube o óculos só para te fazer ir atrás dele no dormitório e ele só devolve quando você garante que vai dar algo em troca por ele ter "achado" o seu óculos. e o algo em troca é ele enchendo a sua boquinha de pica e gozando por todo o seu rostinho enquanto te chama de putinha mais estúpida que ele já conheceu.
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opioplutonico · 2 months
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Eu sou feito poema, sabe?
Desses cafonas que falam sobre paixão desapegada, mas que se apaixonam na primeira vírgula.
Do tipo que te entrelaça entre versos desconexos, confusos e um tanto sem sentido.
Desses que te pega e vira do avesso por meio de um português ultrapassado e a mistura de significados ambíguos.
Eu sou poema, entenda.
Essas artes meio libertárias, de gente que tá no mundo, mas parece viver bem longe. Numa outra galáxia qualquer.
Sou o feito desses maluco beleza que vivem mil vidas em estrofes mal elaboradas. Obra de lapsos insanos do cotidiano.
É, sou essas estrofes tortas.
Com letra faltando. 
De poeta disléxico. 
Em caneta colorida. 
Com caligrafia duvidosa. 
Sem linhas justificadas ou perfeitamente alinhadas. 
Dessas estrofes que na pressa são transcritas em nota de supermercado. 
No aplicativo de tarefas diárias.
Na contracapa do caderno.
Na folha da prova de biologia.
Estrofes essas borradas pela lágrima.
Ou por café extra forte. 
E logo depois esquecidas.
Sou poesia e nada me tira esse termo.
Essa definição.
Porque entre minha vida e minha arte, sobra de mim, sempre tão pouco.
(Ópio Plutônico)
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dornasentrelinhas · 5 months
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Último Adeus
Já perdi quantas vezes me sentei nessa mesa e rasguei as folhas de caderno na tentativa frustrante de escrever sobre o que estou passando, escrevo a primeira linha e jogo fora, ando sem paciência, nervoso e irritado e para piorar a minha situação, não tenho ninguém para conversar sobre o quanto me sinto perdido. Estou cansado, exausto e com dor de cabeça, hoje faz três dias que não durmo, deito-me na cama, mas o sono não vem, minha cabeça parece que irá explodir, meus demônios internos ficam agitados e são nessas horas que ando no quarto em círculos tentando me acalmar e não recorrer a minha sujeira, minha ruína. Perdi tudo, meu emprego, minha mulher, meus filhos, minha família e me perdi no processo, olho ao meu redor e não sobrou quase nada, apenas ficou um sofá velho, televisão que mal funciona, uma cama que faz tanto barulho que parece que estou gritando, uma geladeira vazia porque só tem água, mal sinto fome, a maioria das coisas vendi, tive que vender ou enlouqueceria, não aguento sentir os tremores, calafrios, dores de cabeça e os vômitos, não aguento essa sensação de necessidade de usar mais um pouco e achar que vai ficar tudo bem, porque sei que isso não irá acontecer, não sem uma ajuda, Mas quem irá me ajudar? Deus? Briguei até com ele. Quem olhar para mim pensará que sou um morto vivo, minha aparência não facilita as coisas, cabelo despenteado, oleoso, olhos fundos e vermelhos, pupilas dilatadas e pálpebras caídas e uma extrema magreza, não lembro quando a última vez que tomei um banho, ando perdido, às vezes não sei qual dia é ou que horas são, não sei o que é realidade ou fantasia e são nessas horas que me sinto mais livre, corajoso, poderoso e dominador quando estou chapado e fujo da minha atual situação. Escrever sobre como ando me afundando é a única forma que encontrei para conversar, conversar comigo mesmo, tirar um pouco desse peso do meu peito, onde estou não tem energia, uso meu celular velho para iluminar a escuridão, vendi tudo o que tinha e até o que não tinha por uns comprimidos e um saquinho de cem gramas para usar em um único dia, não sei como estou conseguindo me manter em pé e escrever, mas faço essa força para contar um pouco da minha história e escrever essa carta que está sendo muito difícil. Sofri uma overdose apenas uma vez, meu pai quem me encontrou e meus filhos logo estavam atrás e a cena que eles encontraram não era nada bonita, estava jogado no chão com uma agulha no braço direito, pó e comprimido jogados no chão, fissura, abstinência ou necessidade, queria apenas descansar e não dar mais desgosto. Essa é a vida que escolhi, tive muitas opções, mas escolhi perder tudo até minha alma que está vagando, não sei se estarei no céu ou no inferno, mas tenho certeza de que quem me encontrar irá entender essa carta de despedida e principalmente a minha escolha. Preciso ir, já deu o que tinha que dar, fiz o meu melhor, mas não consegui, ficarei bem, partirei dessa para melhor ou não. Essa é a minha desistência, não porque sou um homem fraco, mais porque estou cansado demais, estou me debulhando em lágrimas pelo meu fracasso, são 04h00 da manhã, não sei se a morte está acordada, mais irei tentar. Adeus.
Elle Alber
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klimtjardin · 2 months
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✨ A jornada de um artista ✨
capítulo seis - os olhos do artista
Nesse capítulo abordarei o meu assunto preferido de todos no que tangencia arte: o diário do artista.
Olá, caras e caros leitores! Espero que todos se encontrem bem e se sintam confortáveis em mais uma de nossas trocas de cartinhas artísticas, que pegue sua bebida quente e o seu cobertor e tenha uma boa leitura!
Sketchbook, journal, caderno de arte, caderno de artista, diário gráfico... Esse item um tanto subestimado recebe várias nomenclaturas, mas aqui chamarei de diário, porque também escrevo nele. Meu TCC foi exclusivamente sobre essa querida ferramenta que uso desde criança, então creio que tenho boa propriedade para falar sobre.
Antes de se preocupar com que material começar a usar na sua prática, digo que o primeiro e mais importante item que um artista deve adquirir/fazer é um diário. O diário de um artista poderia facilmente ser chamado de "os olhos do artista". E você nem precisa desenhar, pode ser que você seja da dança ou da música, ou só queira viver de forma mais criativa. O diário é de ótima serventia para refletir sobre a sua prática. Imagine um lugar onde você compila todas as suas referências, tanto internas quanto externas, pode avaliar seus desenhos em ordem cronológica e ainda, de lambuja, pode levar para qualquer lugar, como se você tivesse um ateliê no seu bolso.
Um dos meus maiores arrependimentos é não ter registrado tanto em fotos meu processo de crescimento como artista, de cada trabalho feito, mas então lembro que tenho registros nos meus diários! Penso num profissional da dança, escrevendo sobre seus desafios, sobre sua prática diária. De um arquiteto saindo por aí desenhando as estruturas que mais o interessam na sua cidade. As possibilidades são inúmeras. E se você é multimídia então, é ainda mais interessante o quanto se pode mesclar todas as áreas e isso te ajudará a criar algo único.
Não tem problema que a sua arte se perca no meio dos seus pensamentos cotidianos, escritas, listas, textos despretensiosos; na verdade acredito que essa é a melhor parte. Leu um poema e gostou? Um papel de bala que achou bonito? Enfim, tudo pode virar material para o seu diário, ele é um filtro entre o que você vê, sente, e o que sai de você.
Além disso, o fato de ser analógico o torna uma ótima ferramenta para quem busca se desconectar um pouco. Ele te traz o benefício de se fazer presente e se tornar observador das coisas ao seu redor.
Os cadernos de tamanho pequeno talvez não sejam uma boa escolha para quem desenha e é muito detalhista, mas são ótimos para serem levados para qualquer lugar. Os cadernos de tamanho médio são meus favoritos, pois permitem um bom uso e ainda assim podemos transitar com eles com alguma facilidade. Já os cadernos grandes, prefiro para quando me desafio a fazer alguma peça grande, já que eles são os mais chatinhos de carregar por aí.
Quanto à gramatura da folha, tudo depende da sua intenção. Se você é mais da escrita do que do desenho, um caderno de gramatura até 100 faz um ótimo papel. Mas se você quer testar vários materiais, pensa em trabalhar com tinta, recomendo gramatura acima de 180. Existem cadernos com folhas coloridas, com linha, sem linha, texturas diferentes, enfim, tudo vai da sua intenção! Se você tiver a possibilidade de fazer/montar um caderno, essa personalização fica ainda mais especial, já que se pode escolher folha por folha.
Sou muito suspeita para falar, pois dediquei uma pesquisa acadêmica inteira à estes queridos, mas realmente acredito que se todas as pessoas tivessem um diário, independente da sua profissão, nos tornaríamos muito mais conscientes do que absorvemos, do que sentimos e do que vemos.
Espero que tenha gostado dessa carta endereçada a você 💓 até a próxima!
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zeusraynar · 5 months
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Will I be safe if I preach or I pray? No.
Ou Raynar Hornsby cede e ouve os pensamentos intrusivos. TASK 2: MISSÕES @silencehq Semideuses mencionados: @thearios e a perfeita NPC.
Ele estava mal e mal consciente quando trouxeram seus pertences para a enfermaria. O uso exacerbado dos poderes no canal e a mordida da Anfisbena exigiam todo seu fator curativo elevado, o corpo inteiro trabalhando para reparar os danos internos do esmagamento daquela mordida infeliz. Esticou o braço para a bolsa, os dedos procurando - e achando - a sacolinha que tinha ganhado de presente. “ 🗲 ━━ ◤ Não se aproxime. ◢ Rosnou para o sátiro de expressão preocupada e receosa, seu murmúrio ignorado prontamente pelo filho de Zeus. “ 🗲 ━━ ◤ Posso fazer isso e voltar a dormir. Vá. ◢ Os olhos cinzentos mantendo-se na figura trêmula até ele sair trotando para outro semideus com mais necessidade.
Raynar abriu o caderno de qualquer jeito, uma página escolhida aleatoriamente entre tanto igualmente sem graça. Confiou no movimento da mão, já que a visão embaçada pelos remédios deixava cada linha triplicada e confusa. SUCESSO. Seu ego não permitia começar com menos do que aquilo. SATISFAÇÃO. A conexão dos três tinha sido algo que ele raramente encontrava, quando os três estavam no mesmo nível. IMPACIÊNCIA. Asclépio desperdiçando tempo fazendo todo aquele teatro de que se importava, e que não tinha sido obrigado por Zeus. Raynar fez uma careta para o pensamento. DEDICAÇÃO. Quando encontrou essa conexão, o filho de Zeus se entregou na dinâmica. Fazer parte, não se destacar. EMPAT-.
Fechou o caderno antes de terminar de escrever, folha de louro e isqueiro nas mãos. E a pobre conta de argila amassada na curvatura da palma. Um clique e a chama consome o verde. Outro clique de apagar a chama, antes que queimasse os dedos, o sono o pegou novamente.
Acordar numa posição diferente foi estranho, mas a familiaridade do aperto dos encostos dos braços o colocou em alerta. Grande demais para os assentos do avião, Raynar comprimia-se no próximo à janela. O rosto naquela posição perfeita para observar a asa esquerda e o céu escuro do extenso oceano. Contorcido, a cabeça raspando o teto baixo, e usando do movimento para ver o outro lado como esticar da coluna maltratada. Pelos Santos, era um velho rabugento e gigante, parecendo nervoso num vôo falso de primeira vez. A lança, em reduzida versão bengala, movimentada entre as pernas nos preparativos do poder.
Os pelos dos braços ainda não tinham eriçado em aviso da aproximação dos monstros, mas não era possível que deixassem passar assim sem uma emoçãozinha.
Ou melhor, foi assim que Raynar Hornsby tinha pensado quando chegou na metade do vôo de ida. 
Nessa versão, amaldiçoada e confusa porque não tinha ninguém ao seu lado, o pensamento intrusivo tomou conta. Não vai acontecer nada. O pai cuidaria dessa parte e eles chegariam em segurança. Foi uma missão dada pelo próprio punho, um de seus filhos colocados no meio. Raynar interpretaria aquela mensagem com uma autorização expressa de descanso. Para guardar as energias, escolher o momento certo para liberar os raios. 
O semideus olhou de novo ao redor, contudo, nenhuma cabeça chamou atenção. O avião estava mergulhado na influência do deus do sono, embalado pelo ruído dos motores e das saídas dos ar-condicionados. Era só um cochilo. Raynar levantou os encostos de braços das outras cadeiras e colocou os pés em cima, pouco se importando com os pés, impedindo totalmente o trânsito do corredor. Ninguém passaria por ali. Ajustou a postura, encaixou o ombro na dura almofada da cadeira e fechou os olhos.
Cadê o sono?
Tinha lido em algum lugar que se ficasse parado por mais de dez minutos, o sono viria sem que percebesse. Raynar começou a contar os segundos em forma de arremesso de lança no Olimpo. 1. A lança furava a nuvem que carregava as terras abençoadas. 2. Um buraco na mesa de reunião. 3. Entre os pés do pai. 4…
O sono deveria tê-lo pego, porque acordou com a falta de gravidade e o impacto na água, arremessando-o no tempo presente com um arquejo dolorido.
Imediatamente a mão foi parar sobre os curativos, apertando-os bem para estancar o sangue das feridas novamente abertas. Contendo o pior da risada que saía sem fôlego pela garganta. Lágrimas acumulavam-se nos olhos azuis, ameaçando escorrer pela lateral do rosto quando deixou-se cair nos travesseiros. “ 🗲  ━━ ◤ Confiar em Zeus. De novo isso? ◢ Repreendeu-se em tom divertimento, a risada diminuindo para um sorriso pensativo. Um que ia para a palavra não terminada no caderno.
Não tinha sido a confiança em Zeus o seu motivo principal para deixar pra lá. Tampouco foi aquela decisão menor, esquecida, de pegar um vôo diferente do resto do grupo. Foi a preocupação com aqueles dois. A teimosia de ficar acordado e proteger Jules e a semideusa. Pelos Santos, que se importava com alguém além dele mesmo. Você não devia ter feito isso drogado, pensou amargurado, mas a conta na mão dizia outra coisa. Aquela tinha sido uma missão importante e só agora ele entendia a extensão do que aquilo significava.
O que aquele pequenino avião numa tempestade de trovões enfrentava.
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olympestael · 9 months
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𝐥𝐢𝐬𝐭𝐚 𝐝𝐞 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆𝒔 𝒅𝒆 𝒏𝒂𝒕𝒂𝒍
ooc: os presentes listados foram entregues pessoalmente por olympe ou deixados nos respectivos dormitórios antes do dia 25, já que ela não foi vista no castelo durante esse dia! e sim, muitos presentes foram dados porque é uma das linguagens do amor dela, mas saibam que vai negar todos os rolês daqui pra frente porque está completamente pobre.
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• tony (@princesasapatona): esses foram especificamente deixados no quarto da princesa, já que sabia que não se encontrariam no dia. havia uma caixinha com um anel de folhas de carvalho, cujo significado, de acordo com sua pesquisa pessoal, é: representatividade de força, estabilidade e nobreza — símbolos que lembram-na da princesa. além disso, se combinado com acorns como no design, também podem representar poder, vitória e autoridade. em outra caixinha, deixou uma vela perfumada e suas antigas anotações sobre tony em seus diários ao longo dos anos. por fim, também deixou uma adaga enrolada em um lenço.
• andré (@andrc): seguindo a linha de presentes que lembravam olympe da pessoa em questão, escolheu um conjunto de partituras de músicas que recordavam-na do príncipe e/ou acreditava que iria gostar, às quais embalou junto com um tocador de discos vintage, uma vela perfumada e uma versão falsificada dessa caneta (porque vinte e cinco mil reais é muita coisa)
• gabriel (@guardadoprincipe): para gabriel, olympe tentou e falhou miseravelmente na tarefa de fazer um caderno ela mesma, então buscou comprar um que fosse feito à mão e lhe lembrasse do irmão adotivo. também comprou uma vela perfumada, uma adaga e um suéter para usar no frio. e como uma forma de agradecer pelo guarda estar cuidando de si nos últimos meses, especialmente, também fez um bolo de laranja com calda seguindo a receita da senhora trintignat e deixou em seu dormitório.
à seguir estão as pessoas que olympe pode até não ser tão próxima no momento, mas que as interações compartilhadas foram o suficiente para que quisesse ao menos presentear de alguma forma!
• céline (@celivailles): ciente de que a mulher também tem um colar que não tira, muito similar ao seu, olympe tentou comprar uma gargantilha que combinasse com a peça.
• seraphine (@seraphineum): o anel foi uma lembrança instantânea da mulher para si.
• nicolás (@borbonsg): compartilhando o amor por cavalos, olympe tentou comprar algo que o lembrasse disso, terminando com um broche.
• sebastian (@illcasprince): também comprou um broche para o príncipe de illea, mas terminou a compra incerta se iria gostar.
• bernard (@bernwrd): para o guarda, comprou esse pingente e uma corrente combinando.
• vivienne (@vivimartin): para a selecionada, comprou essa gargantilha de borboleta, um animal à qual assimila muito sua imagem, talvez por assimilar a de louis às flores.
• louis (@flowerbcy): exatamente por assimilar o homem às flores, e como uma forma de agradecer pelas conversas que tiveram sobre, encomendou esse caderno no mesmo lugar que o de gabriel.
• maelle (@mgwan): o dela não é para ela em si. após resgatarem os filhotes de gato juntas, olympe enviou uma coleira para caso a selecionada desejasse adotar um deles ou qualquer outro animal no futuro.
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eroscandy · 5 months
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My Song Knows What You Did In The Dark... // @silencehq
ou Candace Sunshine Lovegood reverte sua maldição na TASK #2: MISSÕES
A plaquinha pendurada na maçaneta balançava ao sabor de uma brisa gentil, vinda do lado de fora. As janelas parcialmente fechadas da filha de Eros respondiam ao chamado, agitando as suaves cortinas de seda pura. Cada batida do material contra o quadro da porta faziam o corpo reagir num pequeno choque elétrico. Lembrando, incitando, forçando Candace Lovegood a fazer o que precisava.
Numa mão, a folha de louro erguia-se altiva. Na outra, sob a insistência inquieta do polegar, o fogo do isqueiro aparecia e desaparecia. Sob o colo, o caderno laranja expunha palavras confusas e perturbadas, numa caligrafia digna de exemplo em escola de arte.
Orgulho. Surpresa. Animação. Determinação.
Juntou os dois objetos e a chama logo pego na planta, erguendo um cheiro que escureceu a visão da filha de Eros e a empurrou para trás. Ela caía sem freio, agitando braços e pernas sem conseguir agarrar-se a nada além de ar. Ar e perfume. Musgo e pedra. As unhas arranharam em pedra e ela acordava dentro de um túnel conhecido. Estalactites cruzavam seu caminho, poças molhavam as botas de caminhada e ela seguia... Cabelos ruivos sobre a armadura leve, emoldurando a amazona que quase caía no encanto do convite de Ártemis. Candace não tinha medo daquela escuridão, tampouco hesitava na hora de fazer uma escolha. A bússola interna era infalível!
Curiosidade. Superioridade. Tão convencida.
Quem eram seus companheiros se não coadjuvantes? Escolhidos no acampamento pela necessidade inexorável de sempre saírem em três. A filha de Eros respondia a suas perguntas de nariz em pé, toda sabidinha e convencida. E ela não era assim... Não na maioria das vezes, não em missão, mas estava irritada. Tão dolorosamente possessa que acabava descontando em seus colegas. Era para estar num desfile em Milão, com as joias da última coleção ao redor do pescoço e flashes cegando. De estar impossível dar um novo passo. O suspiro foi pesado quando a voz etérea perguntou sobre suas habilidades. Ou melhor, DUVIDOU de que seguiam o caminho certo.
Ofendida. Irada. Indiferente. Maldosa.
A boca abriu para comentar, dar a resposta mais envenenada e atravessada possível. Amado, você viu como as pedras iluminam? Como o cheiro fica mais limpo? Está ouvindo o barulho de água? Não? Porque, se estivesse, saberia que esses são sinais óbvios da saída. Mas parou. Candace Lovegood parou no meio do caminho e olhou para trás. As paredes da caverna eram estranhas e ela tinha percebido isso logo no início, mas não tinha dado muita atenção. Porém, agora, ao subir o olhar pelas pedras, ela via... Pequenas aberturas que brilhavam mais forte, numa luz mais concentrada. Ela se aproximou, devagar, ajustando a visão para descobrir o que os espelhos refletiam.
A LUA.
╰ ♡ ✧ ˖ Quando você nota a ausência de um fio em mil de um lençol, os detalhes ficam tão claros quanto o brilho da lua. ♡ ˙ ˖ ✧ A voz saiu monocórdia, distante. Uma constatação de um fato tão batido que nem valia a pena repetir. Candace tinha aprendido aquela lição com tanto sofrimento que... Que... Os olhos encheram de água. Para que não fosse vista, voltou a andar na marcha rápida. Saltos afundavam na lama, mas ela seguia. As curvas geravam dúvidas, mas ela seguia em frente. E tão rápido foi que a abertura foi uma surpresa. Num instante estava em campo aberto, andando em linha reta para o veículo sem dificuldade alguma.
Injustiça. Tristeza. Vingança. Arrependimento
Seus olhos abriram mais uma vez e o interior do quarto decorado a recebeu... Faltaram palavras para descrever o sentimento. A página repleta deles parecia ter sugado toda sua capacidade de reagir... De sair daquele buraco em que tinha se enfiado sem perceber... Candace Sunshine Lovegood foi amaldiçoada por uma deusa da pior maneira possível... Sendo alguém que não era... Que não foi fruto da criação dos pais... Ela girou na cama e se encolheu em si mesma, a conta bem apertada na mão como se contivesse as lágrimas que enchiam seus grandes olhos.
Contudo, a força virou fraqueza e do relaxar dos dedos... Ela caiu.
Negra, tão escura que nem brilhava. Esse era o fundo da lua cheia bem no centro. Grande, redonda, toda detalhada. E as estrelas? Não tinham. Era pontinhos coloridos e de diferentes tamanhos, das cores das pedras da caverna.
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femmefctale · 6 months
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Coraline vuole il mare, ma ha paura dell'acqua
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"Coraline Parton; Talassofobia e Brontofobia causados por evento traumático de quase morte. Ainda em tratamento." — Anotações de Francesca Parton.
coraline — måneskin
Todas as terças-feiras a família Parton tinha uma pequena tradição: os três filhos iam até o consultório da Sra. Parton após as aulas da caçula e, um à um, em ordem de idade, conversavam com a mãe por uma hora. Francesca dizia que era para contarem sobre a semana dos filhos, mas Coraline havia descoberto aos doze anos que a mãe os usava como base para seus pacientes. Era uma terapia em família, mas não podiam dizer isso, ou não seria ético da parte da mãe dos Parton.
Às 17hrs, Adam entrou no consultório, ficou por uma hora, saiu batendo a porta com força e foi fumar.
Às 18hrs, Bruce entrou no consultório, ficou por uma hora, saiu com a mãe rindo de alguma piada dele.
Às 19hrs, Coraline entrou junto com a mãe, que sempre ia buscar a filha. O tratamento com a caçula sempre foi diferente, desde o acidente, de modo que Francesca e Alexander eram um tanto protetores com a garota, a mimando de todas as formas possíveis.
— Buounanotte, mi principessa. — A senhora Parton e Coraline eram parecidas, desde o tom dos olhos até às curvas acentuadas. Apenas os cabelos eram diferentes, já que Fran era ruiva, e Cora era loira.
— Buounanotte, mamma. — Coraline disse em um italiano perfeito, exatamente como a mãe e a avó haviam ensinado. Em reuniões com a família materna, eles só se comunicavam em italiano. Cora adorava, é claro, mas era uma parte de si que ninguém nunca havia visto, nem seus amigos mais próximos, já que era algo que ela dividia apenas com a mãe.
— Trouxe sua caixinha de lápis preferida e comprei um caderno novo. — O tom de voz de Francesca era doce, mas parecia que ela falava diretamente com uma criança.
— Obrigada, mamãe. — Um sorriso largo vindo da filha mais nova era tudo o que Francesca iria conseguir naquele momento.
As duas caminharam juntas até duas poltronas, Coraline escolheu a azul e Francesca se sentou na vermelha, como sempre faziam. A mãe deu o caderno e os lápis nas mãos da garota que, mecanicamente, abriu todos os instrumentos e começou a desenhar.
Coraline amava desenhos, era sua maior especialidade, mais do que seus planos malignos, seus arremessos e, principalmente, sua língua afiada. E Francesca apoiava a filha de olhos fechados, adorando cada desenho que a garota fazia, não importava qual fosse, e deixava isso em evidência, já que o consultório inteiro era rodeado com os rabiscos e quadros da caçula. As duas, inclusive, estavam sentadas embaixo de um desenho enorme que Coraline havia feito nas férias, há mais ou menos cinco anos, com o título "Casa dos Sonhos".
— Como foi sua semana, carina? — Francesca começou a sessão, já com o caderninho e a caneta em mãos, dizia que só estava anotando as coisas para não esquecer qualquer ponto que a filha contasse.
— Turbulenta. — Coraline respondeu com um suspiro, começando o esboço de seu desenho com um lápis vermelho. Sua mão era habilidosa enquanto traçava linhas e rabiscos aqui e ali. — Fiquei presa no dormitório da Gwen o final de semana inteiro. Muitos jovens gritando e contando mentiras foi muito para a minha cabeça.
— Entendo. — Murmurou a terapeuta, anotando rapidamente em seu caderno, enquanto ouvia atentamente sua paciente. — Eles te irritaram?
— Muito. Mas... — A garota deu de ombros, focada apenas em seu desenho. — Um colega disse que ele viu meu futuro, e que serei uma dona de casa com onze filhos e tetas caídas.
Na mesma hora, Francesca parou com as anotações, largando o caderno na poltrona e indo até a filha, se sentando no braço do móvel que ela estava.
— Você não acreditou nele, acreditou? — Perguntou em um tom preocupado.
Cora deu um sorriso largo para a mãe, erguendo os olhos de seu desenho para encarar a mais velha.
— Não. — Respondeu com simplicidade. — O futuro não está escrito em uma pedra, e pode mudar constantemente. — Completou com as palavras que Alexander havia usado diversas vezes para acalmar a filha em uma crise de pânico durante as tempestades.
— Isso... Isso mesmo, principessa. — A mãe concordou com um aceno, voltando até sua poltrona e suas anotações. — Estava falando com seu pai. Já faz um tempo que você não veleja conosco e...
— Não gosto de barcos, mamãe. Você sabe. — Cora respondeu com firmeza, voltando à desenhar.
— Sim, mas... É hora de se recuperar desse trauma, carina. Um rio não é o mar.
— Não quero.
– Você precisa...
— Eu não vou.
— CORALINE PARTON!
A garota ergueu os olhos no mesmo momento em que a mãe ergueu a voz, franzindo o cenho quando a viu vermelha. Francesca não era do tipo que perdia a paciência, pelo contrário, sempre apoiou a filha, exceto quando esta não queria superar seu trauma. A mulher respirou fundo, tentando recuperar o controle.
— Sei que foi traumático e tudo o mais, carina, mas você consegue superar isso. Você é uma garota linda, uma guerreira e tem um coração tão bom. — Coraline não conseguiu esconder a risada com o final da frase, negando com a cabeça.
— Meus colegas não concordam com isso, mamma. — Respondeu entre a risada, mas seus olhos não desviavam do desenho.
— Mi principessa... Já falamos sobre a vidente, você sabe, ela foi uma charlatã...
— Eu sei, mamma. Não acredito mais nela, mas não significa que irei superar o meu medo. Você lembra o que ela disse, e lembra o o que aconteceu.
Quando Coraline tinha apenas oito anos, uma vidente leu sua mão.
"Você não será feliz na sua vida, menina. Sua linha é curta demais. Ninguém vai te amar, nem aceitar quem você é de verdade. Sim, eles não vão te entender, nunca!, porque sua beleza não ajuda. É isso mesmo e... espere, menina! Espere! Vejo aqui que você morrerá, no meio do oceano, durante uma tempestade. Irá se afogar, perder o ar, ser parte do oceano, assim como o oceano é parte de você."
Dois dias após a visão da vidente, Coraline saiu para um passeio de barco com o pai e os irmãos e, num momento em que Alexander não olhava, já que estavam tendo problemas com uma tempestade, Coraline aproveitou para ver as ondas do lado de fora da cabine, e acabou escorregando e caindo direto para o mar. A garota não sabia nadar, e se afastou muito do barco. A encontraram dez minutos depois, com água em seus pulmões, completamente gelada. Foi um milagre terem conseguido reanimá-la. O acidente com um final feliz trouxe dois pontos para a família Parton: Jamais deixariam a caçula sozinha, e Coraline adquiriu uma fobia absurda em tempestades e do mar.
— Eu me lembro, principessa, mas sabemos que não é verdade, não é? — Sugeriu a terapeuta, voltando sua atenção para a filha.
— Ela só é uma charlatã. — Concordou com um aceno, trocando o lápis vermelho para um laranja.
A sessão continuou, como sempre, com Francesca perguntando para a filha tudo, desde a última pessoa que ela havia beijado até se ela perderá mais alguma joia naquela semana.
Às 19h57, Coraline estendeu o desenho final para a mãe, sorrindo largo para ela.
— Quem é? — A mãe perguntou, observando o retrato com atenção.
— Ninguém em especial. — Respondeu, observando a figura com as cores do pôr-do-sol.
— Bem, vou guardar ele perto dos outros desenhos.
— Tudo bem, mamãe.
— Precisa de ajuda para aplicar a sua Insulina?
— Não, mamma. Consigo fazer sozinha.
— Ótimo! Vamos para casa.
Às 20hrs Coraline saiu do consultório ao lado da mãe, pronta para a segunda etapa daquela terça-feira: O jantar dos Parton.
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dailyanarchistposts · 1 month
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Bibliography
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GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, 2016.
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RODOVALHO, Amara Moira. Não fossem seus pelos vários [de linhas imaginárias, metáforas e provocações trans]. Salvador: Revista Periódicus, n. 5, v. 1, 2016.
RODOVALHO, Amara Moira. O Cis pelo Trans. Revista Estudos Feministas [online]. 2017, v. 25, n. 1 [Acessado 4 Julho 2021], pp. 365–373. Disponível em: . ISSN 1806–9584. https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p365.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Epistemologies of the South : justice against epistemicide. New York: Taylor & Francis, 2014.
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WOODCOCK, George. Os grandes escritos anarquistas. São Paulo: L&PM Editores, 1998.
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sonofthelightning · 26 days
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Algo que ninguém sabe sobre Ian é que um de seus principais hobbies nas noites de insônia é desenhar. Ele tem um caderno de couro que possui folhas sem linha e de gramatura alta onde costuma fazer seus desenhos utilizando carvão. As formas costumam variar entre feições humanas conhecidas, natureza e até mesmo cenas que apareceram em seus pesadelos. O caderno e os demais objetos - carvão e borracha - costumam ficar escondidos entre suas roupas, não por ele se envergonhar dos desenhos, mas sim porque nem sempre se sente confortável em comentar sobre seus pesadelos com outras pessoas, pois muitas vezes nem ele mesmo consegue compreende-los muito bem.
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gralhando · 28 days
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A chance negativa dos desinteressados
Como escolher entre as drogas humanas e a pirâmide suspensa se descalça na terra pressinto a aproximação subterrânea dos fungos e o contratipo da desolação. Inicia-se no solo como um pródigo livro universal de aromas e vai até ao odor da espécie no topo das coisas. O descarne da menstruação das mulheres e a excitação desferida dos homens.
Como decidirei entre a glória da carne e a geometria do mistério o contrato de uma eternidade suspensa com sua aparência dormente que desce linhas tesas sobre minha humanidade. A polução fermentada dos moços e a bromidose empesteada das mocinhas como um caderno a ser purificado em suas últimas páginas.
Fui a menina solitária agachada junto aos triângulos multiplicados pelos seixos brancos e desse modo profetizei a desolação como se uma força superior encaminhasse sempre para que minhas melhores palavras fossem petrificadas em registros basálticos atirados contra o esquecimento e a apostasia.
Alguma maldição abraçou o meu corpo. Alguma força move o ser para que não seja o que é e o tempo para uma poça de brevidade — onde adoeci louca e passei a amar a suavidade dos ossos. Entre a rosa e a pirâmide o hiato estendia sua personalidade.
Naqueles momentos um contrato se firmava no silêncio e nos signos dos seus ângulos o tempo se prendia de modo irrevogável. Não há escolha em suas escrituras de sangue e nem contaminação em suas garrafas de vinho. Levante-se, criança, com todas as suas feridas e doenças agora envelhecidas — o tempo fala pela nossa boca.
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keliv1 · 2 months
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Dia 12 de julho marcou os 44 anos da biblioteca Raimundo de Menezes, que nasceu de uma reivindicação dos moradores, que desejavam um equipamento cultural e de lazer.
Na sexta-feira, 12.07.24, não teve o Sarau 60+, capitaneado pela psicóloga (e amiga) Jeane Silva, mas um bate-papo lindo, repleto de relatos e causos, mas sem deixar de a poesia ser a linha norteadora.
Olha, admito que ainda acho muito pouca a minha contribuição para a Literatura, Arte e Cultura. Mas, quando vejo que tal espaço, a biblioteca, como local não apenas de acervo, mas de receptáculo de Cultura, Arte e História, isso muda.
Coloquei todos esses termos em letras maiúsculas para evidenciar a grandiosidade essas especialidades para a construção de um povo, não apenas para o seu território, mas também para o país.
Quando vi as velinhas do bolo sendo acesas, o pessoal comendo salgadinhos e percorrendo os corredores, fotografando e sorrindo, as lembrancinhas (um caderno para escrevermos mais ideias), pude constatar que sim, a biblioteca é uma construção viva dessas Histórias.
Afinal, dessa vida o mais bonito que se deixa é o legado. O mais bonito que se leva é a memória.
Que venham mais 44 anos.
Fotos: as primeiras são de minha autoria e as quatro últimas são de Jeane Silva.
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klimtjardin · 2 years
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N A  J A E M I N  E  S E U S  P R O J E T O S  P O É T I C O S
Leitora x Jeno x Jaemin
{narrativa + smut; softporn; exibicionismo; menção a penetração vag; oral (f+m); masturbação (m+m); linguagem suja; Jeno inexperiente; um pouco de angst; plot da série NCT + Academia}
É de esperar que se sinta surpreendida pela presença da câmera fotográfica de Jaemin quando escancara a porta do velho guarda-roupas.
Entretanto, nem se tem minimamente curiosa.
A câmera está posicionada entre seus suéteres, como ocorre dia sim, dia não. A praxe do visitante indiscreto te convida ao despudor.
Despe-se.
Despe-se para sua companhia.
Sente o ardor úmido da respiração de Jaemin em sua nuca. Em seguida, os lábios. Tecem uma linha até a escápula. As mãos abrigam os seios, firmes, massageiam, emolduram. Te arrancam um suspiro.
A câmera dispara.
[...]
— Jaem... Jaemin... — geme.
O rapaz choca seus quadris, a pélvis vai de encontro às suas nádegas, encaixados, aponta lá no fundo, forçando-a envergar para frente. Geme. Grosseiro. Aliviado.
— Ah, baby... — Beija sua têmpora. — Tão perfeita.
Você se apoia com braços molengas na prateleira do armário e Jaemin recolhe a câmera de seu recinto. Ele torce a boca, concentrado, olhos fixos no visor digital.
[...]
É uma aula de sexta-feira.
Isto quer dizer que Jaemin está eufórico sobre sua apresentação na disciplina de Poéticas. As pernas balançam no banquinho alto. Segura um copo descartável de café, entre as duas mãos, no colo.
Imprimiu as fotos dos dias anteriores. Você. Ele. Não se sabe onde ou quem começa e termina. Há imagens borradas, difusas, sobrepostas e coloridas digitalmente. Algumas fotos são ampliações de partes do corpo, em que não se pode distinguir de que membro se trata. Repetições, como um caleidoscópio. A junção de uma axila, metade do buraco de um umbigo, suas coxas unidas como dunas.
Recebe elogios do professor e dos colegas.
[...]
Jaemin tem companhia, e não é sua câmera.
Quer dizer, esta ainda se mantém despojada a tiracolo, mas observa um rapaz ao seu lado. Caminha a passos largos até eles, a respiração afoita dissipando-se no ar gelado de início de outono. Tudo assume um tom verde-amarronzado, das folhas que craquelam sob seus pés, dos poucos arbustos que ainda não secaram. Ambos escoram-se nas grades de um dos jardins adjacentes à Academia, que se faz de caminho entre os ateliês. Jaemin têm as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo longo de lã batida, mas assim que te avista, estende os dois braços.
— Oi, Jaemin! — cumprimenta o primeiro. Põe-se na ponta dos pés para selar seus lábios.
— Oi, lindinha. Mon chérie! Este aqui é o Jeno, um amigo.
Trocam um aceno de cabeça. Anda de mãos enlaçadas com Jaemin, e Jeno ao seu encalço. Ele é da Arquitetura. Não fala muito, mas é simpático. Pergunta-se onde Jaemin arranjou a amizade.
[...]
— Que lugar... espetacular! — Com ambas mãos na cintura e um olhar atento embasbacado, Jaemin exclama.
Escaneia todo o espaço. Vieram parar aqui por liderança de Jeno. Há uma parte do prédio ocupada por uma cúpula de vidro, o chão totalmente tomado pela relva e uns poucos móveis abandonados. Fantasmagórico. 
Fica a alguns metros da Academia. Jaemin reconhece como um lugar incrível para fotografar, deve admitir. Jeno confessa passar horas por ali, no silêncio, desenhando.
— Eu sei — confirma, com toda a razão.
[...]
Jeno é divertido. Cursam uma disciplina complementar juntos. Virou seu confidente por razões que nem consegue nomear. Existem coisas sobre as quais não consegue falar com Jaemin, mas que com Jeno naturalmente fluem. Quando não está debruçado sobre o próprio caderno de desenho, ele acompanha seus devaneios, os que inicia com afinco, gosta particularmente de como usa os dedos para contar e descrever fatos.
Andam em silêncio até a ruína. 
É um lugar incomum, mas aprendeu a apreciá-la com os olhos de Jeno. Ele tem verdadeira adoração pelas rachaduras, de modo que precisa tocá-las quando as encontra. Já isso não é capaz de compreender. Mas se esforça.
Jeno senta sobre um pedaço do concreto que se faz perfeitamente de um banco. Senta ao lado.
— Você sempre foi a musa inspiradora de Jaemin? — inquire ele.
É difícil enxergar seus olhos por baixo da franja negra e do hábito de andar cabisbaixo.
— Faz pouco tempo — responde. — Gosto do exibicionismo. De saber que estou nas fotografias dele, mas ao mesmo tempo ninguém sabe que sou eu. Ou ele.
— Não duvido que goste do exibicionismo, acho que todo artista tem um lado assim — completa ele. — Mas não me parece tão contente quando diz ‘ninguém sabe que sou eu ou ele’. Te incomoda? Que não saibam que vocês são um casal?
Analisa. Pássaros cantam do lado de fora, mas aquele espaço específico eleva-se no completo silêncio. Sente-se acalorada. O rosto quente.
— Na verdade, Jaemin e eu não namoramos — confessa. — Me sinto mais como uma coisa passageira. Mas logo passa.
— Você não devia se sentir passageira — exaspera-se Jeno. — E muito menos como uma coisa.
Você encolhe os ombros. Jeno te encara.
Em dois toques, se encontram. Primeiro os narizes, depois os lábios. É duro e nada fluido, bem diferente de como Jaemin te toma. Sem mãos nos pescoços ou mordidas ardentes na boca, que deixam marcas. É erótico pensar que estão no meio do nada, no entanto. No meio de ruínas. E ele encontra um lugar para te deitar e beijar sua barriga. Para percorrer seu corpo com os dedos da mesma forma que faz quando percorre as rachaduras dos prédios. A língua descobre como te fazer arrepiar ao arrastar pelo ventre e em seguida beijar, suave.
— Sabia que encontraria vocês dois aqui...
Jeno ergue-se de você num rompante, completamente surpreso, culpado. Os olhos e a boca abrem, como se houvesse cometido um crime terrível.
— Não se preocupe, Jen... eu gosto. — O cinismo de Jaemin transborda ao se aproximar de vocês dois. Logo ajeita a câmera em posição de fotografar. — Podem continuar.
Jeno olha de você para Jaemin, encurralado. Ferve. A ideia é simplesmente tentadora. Te possuir, bem ali, bem na frente do homem que antes era seu. E ter tudo retratado como mais um dos projetos do Na.
Volta a beijá-lo, a mão encontra lugar em seu peito. O empurra gentilmente de volta ao concreto. Desfaz o botão da calça. Jaemin se ajoelha aos pés de vocês, bem próximo.
Sorve Jeno. É grosseiro, com veias proeminentes, como quem nunca foi tocado. Ele entorna a cabeça com a pressão de seus lábios envoltos e sugando, geme engasgado, quase como se agonizasse. Você vai até o fundo, encosta o cume na goela e volta, deliciada. O sabor é bem melhor do que de Jaemin, te dá gosto, tanto que fica empapuçada de saliva e gozo, escorre pelo queixo.
Jaemin te segura pelo pescoço, a volta entre o polegar e indicador encaixados na sua garganta.
— Mete na boquinha dela, Jen — incita.
Jeno resmunga. Eleva os quadris até encontrar sua garganta novamente e fazê-la ruir. É apertado, terrivelmente apertado e macio, sua boca é tão suave e úmida, tão estreita ao redor dele.
— Ugh! — Jeno lancina. Estoca trêmulo, movendo sua cabeça para trás com o ato. 
Sente os dedos de Jaemin apertarem sua garganta, segurar no lugar.
— Isso... — Ele te afasta. Pega Jeno com a mão livre, o masturba, espalha sua saliva e lubrificação em todo redor, e leva à sua boca novamente. Resvala a ponta pelos seus lábios, lambuzando ainda mais.
Chupa com gosto, quer fazê-lo gozar, se derramar. Jaemin inclina-se até você, beija a comissura de seus lábios, bem onde a saliva se acumula. Lambe, grotesco.
— Porra, puta merda — chora Jeno.
— Gostoso, Jen? — Jaemin instiga, chupa sua bochecha, o queixo, e lambe onde está bem babadinho. — Que tesão danado, baby...
E você chupa Jeno com tanta sede que logo logo ele transborda em sua boca, e escapa bem ali onde Jaemin bebia. Jeno queima, contorce-se, ofegante de seu orgasmo.
Jaemin se aparta e fotografa. Os resquícios. A boca molhada, melada, os pingos manchando sua pele.
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vinnysimmer · 8 months
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My Mystery Stories #2
Capítulo 7: Conflito de Teorias
Depois de interrogar todos os vizinhos, Luke e Fernando já estavam conseguindo ver de forma clara o que supostamente poderia ter acontecido naquele caso. Graças aos vizinhos, eles tinham algo a mais para investigar. Porém a teoria dos detetives começava a se divergir, não saía da mente de Fernando o modo que Luca agiu e o que ele falou para seu parceiro, que não soube disfarçar o embaraço e o rubor do rosto - ele não sabia que seu parceiro havia realmente tido um affair com uma celebridade mundialmente conhecida, ele se lembrava do caso Britechester e que foi único da carreira de Luke que ele não conseguira resolver. E Luca também estava entre os suspeitos na época, e agora depois do que ouviu, estava difícil não suspeitar do próprio parceiro. Quando Fernando o questionou sobre aquilo, Luke desconversou e afirmou que não tinha nada a ver com o que ele estava pensando, mas Fernando não era fácil de convencer e orgulhoso demais para negar sua própria intuição, insistiu em comentar sobre o caso Britechester. O que deixou Luke nervoso e culminou numa discussão exaltada onde detetive ruivo negou comentar sobre o caso e o suposto affair, e Fernando argumentou citando todas as vezes que o ator tartosiano insistiu que somente Luke investigasse como, por exemplo, o vídeo íntimo vazado, o suposto sequestro do famoso gato scottish fold, o qual Luca ligou aos prantos para Luke procurá-lo só porque não o achou dentro de sua enorme mansão, sem contar o livro autografado por Luca, que escreveu depois do caso ser arquivado - onde o ator tartosiano descreveu seus momentos de terror durante os ataques em Britechester e em homenagem às vítimas o intitulou de "Scream Queens & Kings" - e Luke o guardava em sua cabeceira, algo que o suposto noivo de Luke usou em uma discussão que Fernando ouviu. A discussão entre os detetives acabou com Fernando dizendo que seguiria sua teoria da forma que ele achava certa, e Luke - falando de forma irônica e debochada - que enquanto ele leria o livro do seu cúmplice e amante, era bom seu parceiro ler o diário de Judith dessa vez, e assim, ambos saíram da delegacia e foram para suas casas.
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Aquela noite, Fernando começou a repassar tudo que coletou sobre aquele caso e reorganizar seu quadro de suspeitos, colocando Luca Maglioni no topo, pois havia sido o ator que deu as flores à vítima. Enquanto isso, Luke pesquisava sobre os antigos relacionamentos da atriz, até achar Simon Rosebud, ele foi um empresário famoso que ajudou a alavancar a carreira de sua famosa esposa - então sua mente se lembrou quando leu no diário, que o primeiro namorado de Judy se chamava Nicholas Sharpe, na época ela era jovem e não o conhecia, pois ele usou um nome diferente com o sobrenome de sua esposa, porém na época Judith só sabia focar na sua ídolo a famosa atriz da época, Carolyn Monroe - rapidamente Luke fez mais outra anotação em seu caderno e se voltou pra pesquisa - Simon realmente tinha um filho pequeno - Marlon Rosebud - que atualmente mora em Willow Creek e já tem sua própria família e seguiu os passos do pai e se tornou um empresário, Luke usou o telefone para contato em sua rede social e confirmou que ele nunca saiu de Willow Creek desde pequeno - Luke usou suas habilidades de hacker muito bem aprendida na academia de espiões e confirmou com suas fontes em Willow Creek que era verdade, Marlon não tinha comprado nenhuma passagem de avião ou feito qualquer viagem longa a não ser os poucos quilômetros de distância de sua empresa até sua casa e para uma suposta casa de férias aos fins de semana.
Fernando acompanhava a linha de raciocínio de que alguém sabia dos segredos de Judith e a matou tentando colocar a culpa em alguém do passado dela. Então ele também pesquisava sobre o relacionamento que Octavia citou, e achou uma lista das famílias mais influentes de Windenburg, a primeira era os próprios Windenburgs - a qual a filha de Judith se casou com o primogênito, George Windenburg - e logo abaixo, os Villareal, ele se lembrava que houveram diversos casos sinistros que aconteceram em Windenburg e o nome dos Villareal estavam no meio de alguns.
Ao procurar sobre os Villareal, achou diversas reportagens sobre o sumiço da mulher de Jacques Villareal e que seus filhos supostamente não eram todos da mesma mãe. Por um momento, o orgulho de Fernando gritou em sua mente para não dar ouvidos ao seu parceiro suspeito. Luke poderia estar muito bem envolvido nesse homicídio, até porque ele já estava lá quando Fernando chegou, ele não consegue esconder o sentimentos dele pelo tartosiano e com certeza Luca faria qualquer coisa para impressionar Luke ou chamar a atenção dele, e se Luca matou a Judith somente para ter seu affair por perto? O próprio tartosiano fingiu não achar seu gato apenas para ter o ruivo em sua casa. Luke mal conseguia dizer um "não" ao convite de casamento, o qual Luca sequer cogitou convidar Fernando também. Ou talvez, Fernando estava apenas incomodado por não ser convidado também.
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Se contrariando, Fernando pegou o diário de Judith e o leu vorazmente, era como se fosse um documentário de crime real da Simflix, ali ela citou o que fez com a própria ídolo quando teve de disputar seu primeiro papel, mas não antes do que fez com o primeiro namorado ao lado do amante quando descobriu que ele era um mentiroso. "Ela realmente mereceu ser assassinada!" pensava Fernando, e sem que percebesse, ele estava lendo partes no diário que seu parceiro não havia lido ou visto, como fotos e cartas com ameaças que estavam coladas em uma parte.
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Deixando todo o orgulho e desconfiança de lado, e tomado pelo grande insight, Fernando ligou para Luke e o chamou até seu apartamento e ali, mostrando tudo que leu e viu, ambos entraram em consenso de que estava na hora de uma reconstituição mais atenta de todo o caso.
Créditos: A todos os criadores de Sims e CCs usados nesta história!
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cherrywritter · 6 months
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Irmãos
Mansão Wayne – Bristol, Gotham
2ª semana de julho, 00 horas e 31 minutos
Damian estava entre a fresta da porta do meu quarto há pelo menos quinze minutos. Sua energia demonstrava que estava mais calmo e essa foi a primeira vez em dias que ele veio até mim sem que eu o chamasse.
Nosso pai teve que viajar a negócios e Alfred o seguiu para auxiliá-lo. Ele acreditou que me enganou, mas eu sabia muito bem que quando Alfred ia com ele, com certeza estava em uma missão paralela para a Liga ou de cunho pessoal. A mansão ficou sobre minha responsabilidade junto com a obrigação de colocar Damian na linha até que ele retornasse para Gotham.
Estava tarde e se o deixasse mais um tempo plantado no corredor, ele não acordaria devidamente disposto para a aula na Academia de Gotham. Também teria que ter ao menos meio período de aula, então não poderia me demorar mais do que uma ou duas horar para terminar meus relatórios. Tim e Dick foram para as ruas realizarem a ronda. Era noite de folga do Dick e não iria atrapalhar.
- Você devia estar dormindo. – Comento.
- Devíamos estar nas ruas no lugar dos dois babacas. – Resmungou.
- Damian. – O repreendo e ele bufa.
- É verdade que você e o Superboy são amantes?
- Não dizemos amantes, Damian. Dizemos namorados e espero que não arrume confusão com ele como arrumou com todos os Robins. – Ele bufou novamente e deu de ombros.
- Você namora com o outro projeto de Cadmus? – Disse bem insinuativo. Virei-me para o lado da porta e mostrei estar desapontada. – Desculpa. – A palavrinha mágica que ensinei estava surtindo efeito. – Parei. Posso entrar? – Assenti. Ele caminha até minha cama e se senta nela. – Ele ainda está bravo pelo o que fiz com o Tim?
- O que você acha? – O encaro séria. – Você quase o matou. Já disse que não é assim que as coisas funcionam. Aqui é diferente. Tente entender isso e não crie uma competição sobre quem é o melhor Robin de todos os tempos, ninguém liga, só você. Não vivemos em competição, somos uma equipe. Entenda.
- E como você entendeu? – Sua pergunta foi um tanto curiosa.
Damian podia ser humano, mas já havia passado por muitas e até situações piores que as minhas. É perturbador como o ser humano é capaz de fazer de tudo para conquistar o poder. Certo dia, quando estava no meu laboratório, ele apareceu com cadernos e mais cadernos cheios de papéis soltos, fotos, desenhos. Não disse uma palavra. Apenas os deixou lá e foi embora. Minha curiosidade bateu, mas esperei alguns dias até que tivesse a certeza de que ele havia deixado seus arquivos lá para que eu investigasse. Meu questionamento foi de como ele havia conseguido todos esses arquivos estando em Gotham.
Seu crescimento foi acelerado assim como o meu e de Conner. Foi treinado para ser um assassino e, consequentemente, teve fraturas e lesões graves. Seus órgãos foram clonados e substituídos várias vezes assim como ele também fazia uso do Poço dos Lázaros, que seu avô utilizava para se curar e evitar a temida morte. Talia o jogou na Liga dos Assassinos e ali ele foi criado como um. Não conhecia outro mundo nem outro estilo de vida. Tinha muito de mim nele.
Eu o via como um brinquedo nas mãos de sua família materna. Quando quebrava, era levado para o conserto e colocado em jogo mais uma vez. Isso evitava falhas, mas ele continuava sendo uma criança humana. Uma criança de dez anos que passou por lavagem cerebral e que tinha dez anos há pelo menos cinco anos.
- O último ano em Cadmus foi crucial para que eu entendesse. Já havia me comprometido demais com as exigências deles. Já havia visto o mundo externo pela mente de alguns funcionários e depois consegui me conectar aos sistemas e adquirir informação externa com segurança e sem influência. Aprendi o que realmente era fazer o certo: salvar vidas. Naquele ano, um pouco antes de fugir, teria que realizar um atentado terrorista que mataria centenas de bilhares de pessoas. Disseram que isso seria o diferencial para um mundo melhor, mas era mentira.
- Você fugiu por que não queria matar? – Ele parecia um pouco confuso já que matar sempre foi natural diante da sua criação.
- Não era o certo a se fazer, mortes não resolvem problemas. Só incitam mais violência e iniciam ou pioram guerras. – Me sentei ao seu lado. – Matei muitos pelas minhas próprias mãos, a distância por armas e por meio de sistemas. – Puxo o ar e esvazio todo o peito. – Eu sei matar. Quando tinha sua idade cheguei a sentir prazer com isso porque, de certa forma, era um jogo e eu queria vencer. Aprendi história, sociologia, filosofia. Tudo foi se encaixando e mostrando o caminho do bem. Enfim, sei o seu lado melhor do que qualquer um aqui. Apenas tente separar nessa cabecinha que você não é obrigado a eliminar todos.
- Existem pessoas que não deveriam ter permissão para estarem vivas. – Disse baixinho, quase que em um sussurro.
- Sim. Existem pessoas que não deveriam estar respirando o mesmo ar que nós, mas temos que ser diplomáticos na guerra. Assassinar alguém tem que ser o último recurso. Vamos dizer que se você não matar o Bane, o mundo explode e todos morrem. É uma necessidade estampada na capa do jornal, não acha? – Ele assentiu. – Tente pensar assim.
- Não é tão simples. – Resmungou.
- Nunca vai ser, mas se há dificuldade é porque vale a pena. Se você se sente parte deste império, tente. De orgulho ao nosso velho e pare de ser um pirralho mimado e egoísta. Você tem muito o que aprender sobre o mundo real. A vida não é como te mostraram. Fiquei dois anos nas ruas e aprendi muito sobre a realidade. Demorei seis meses para me adaptar ao estilo Wayne. Para confiar nas pessoas. Me entregar a elas. Lá fora não é fácil...
- Me treinaria se eu pedisse? – Sua fala me surpreendeu e me fez sorrir.
- Apenas se me prometer que vai lutar para mudar.
- Eu prometo, Victoria.
- Ótimo. – Bagunço seu cabelo e o vejo levemente irritado, mas segurando um sorriso tímido. – Agora vá dormir, pode ser? Você tem aula de violino amanhã e depois tenho plantão em Arkham.
- Depois vai passar a noite no hospital? – Assenti.
- Te pego no meu intervalo e te deixo na Torre ou você pode ficar lá comigo. Meu turno vai acabar as duas da manhã no máximo. Combinado?
- Combinado. – Sorri. Tivemos uma boa conversa. Pensei que demoraria mais para que conseguíssemos. Isso me deixava feliz. De verdade, estava feliz.
- Boa noite, Damian.
- Boa noite, Victoria.
Meu irmão seguiu para seu quarto e caiu na cama, literalmente. Tinha um estranho costume de se jogar nela como se todo dia fosse o dia mais cansativo de sua vida. Talvez fosse cansativo ser o bom garoto.
Em relação aos relatórios, ainda não me conformava em ter uma única e gigantesca pasta dedicada ao caso e tratamento de Jonathan Crane. Estava conseguindo desenvolver longas e progressivas conversas com ele, além de perceber que estava tomando com mais frequência os remédios que eu havia prescrito. A frequência se resumia a três ou quatro vezes na semana. Era um progresso de qualquer forma. Meus outros pacientes não eram tão teimosos e suas pastas não chegavam a dez porcento da de Crane. Os via com menos frequência devido ao bom comportamento deles e a grande evolução. Tinha apenas três pacientes que eram casos perdidos.
Depois que terminei, enviei os últimos arquivos para meus tutores na esperança de que pudessem me aprovar para que eu conseguisse o diploma sem que eu completasse integralmente a carga horária exigida até a data estipulada. Queriam que eu desenvolvesse pelo menos mais três a cinco meses de estágio para contemplar a carga, mas todas as minhas avaliações eram de excelência. Chega a ser até um pouco tedioso essa situação, mas não queria me perdurar. Queria entrar em 2023 formada e apenas aguardar a tão estimada formatura.
Com tudo arrumado, separei o uniforme de Damian e o deixei pendurado no cabideiro do seu quarto. Ele dormia tão profundamente que nem me escutou entrar. Continuava com o velho costume de dormir com uma adaga perto do apoiador ao lado da cama. Também se remexia muito durante o sono e isso fazia com que eu pensasse que fossem reflexos do corpo transpassando os traumas enquanto dormia. Às vezes ele acordava gritando. Gritos de dor. Era assustador.
Já no andar de baixo da mansão, após limpar o superior inteiro, me direcionei para a cozinha para fazer a comida da semana, congelar as marmitas e deixar o café da manhã preparado. Quando Dick fazia sua estadia na mansão, o terror culinário acontecia. Não havia sequer uma comida que tivesse o cheiro e o gosto agradável. Ele acabava com a dispensa e deixava nada adequado para consumo. Era um furacão categoria cinco sem dúvidas. Certa vez Tim disse que podia ver a comida se mexendo sozinha como se fosse um mini alienígena gosmento. Todos riam.
O dia amanheceu.
Preparei o café da manhã caprichado para Damian e Tim com pequenas tortas de maçã, panquecas, waffles, suco, mel, geleia e frutas picadas. Dick nem tinha saído da batcaverna depois que chegou.
Desci com o auxilio do elevador até encontrar Dick, que ainda trajava o uniforme de guerra, mas sem a máscara. Tinha o mesmo péssimo costume do mentor de não tirar a maquiagem dos olhos ou tirar de maneira preguiçosa. Com um enorme copo de café bem forte com creme, um lanche reforçado e uma torta, caminho até ele, deixo a bandeja em cima da mesa auxiliar e o cutuco para que acorde.
- Dick, acorda. Você dormiu na cadeira de novo. – Nenhum sinal de consciência é detectado. Parecia um morto. – Dick, se não acordar, vou dar choque em você que nem da última vez.
Um resmungo audível foi solto, mas parecia que ainda era do sonho que estava tendo. Ele tinha quatro horas para ajeitar tudo e voltar para a delegacia e se eu o deixasse dormir mais tempo, seu cérebro não acordaria em tempo.
Um choque pequeno não vai lhe fazer mal.
- Mas que merda, Victoria! – Segurei a risada. – Toda vez você faz isso!
- É porque toda vez você não me escuta te chamar. Toma o seu café e sobe para trocar de roupa e tomar um banho. Teve algum ferimento?
- Nada demais.
- Dick, é sério. Teve algum ferimento?
- Talvez tiro de raspão nas costas. – Reviro os olhos, teimosia deve ser passada do tutor para os aprendizes e depois enraíza, só pode.
- Tá, termina o café e sobe que eu já resolvo isso.
- Que horas são? – Ele boceja e vai com a mão em direção a torta de maçã.
- Oito e meia. Você tem quatro horas até ter que se apresentar na delegacia. Tenho que levar o Damian para a aula de violino e Tim para o curso de T.I. avançado. Vou passar na Wayne, depois saio para ir ao Arkham e plantão.
- Está mandando eu ser rápido?
- Sua conta e risco. – Dou de ombros, sorrindo. – Talvez eu precise que você pegue o Damian. Não sei se vou ter tempo de pegá-lo no meu intervalo.
- Quer que eu o leve? – Se ofereceu.
- Não. – Rio. – Quero você bem acordado. Ele já acostumou a ir no meu horário quando necessário. Não é sempre que Alfred tem condições de levá-lo. Te espero lá em cima. Meia hora, Dick. Tenho que sair daqui as nove.
- Ele deve adorar ir de moto com você. – Comentou após dar um longo gole no café e expressar satisfação com o sabor.
- Ele gosta, mas não vai admitir.
Retornei para o elevador, subi as escadas e caminhei em direção ao quarto de Damian. Ele era péssimo para acordar cedo, saiu muito bem ao nosso pai. Ao abrir as cortinas e deixar a luminosidade clarear o quarto de morcego. Não demorou para que meu irmão resmungasse e fizesse com que eu risse da situação. Ele era muito como nosso pai e finalmente as coisas estavam caminhando de maneira fluida. Meses atrás ele estaria me xingando, para dizer o mínimo. Deixei-o sozinho para que acordasse no tempo dele e saí de seu quarto.
- Bom dia, princesa. – Não me surpreendo ao ver Tim no corredor.
- Bom dia, senhor Drake. Sempre no horário.
- Sou perfeito nisso, senhorita Wayne. – Disse convencido. – Já desço para tomarmos café. Ele já acordou? – Questionou-me apontando com a cabeça para a porta de Damian.
- Você sabe como ele demora.
- E o Dick?
- Na caverna. Deve subir logo. Você tem algum ferimento?
- Não. – Riu. – Só aquele meia idade, sabe? Escorregou e tomou um tiro de raspão.
Tim jamais me dava trabalho quando. Sempre se colocava a disposição e ajudava em tudo. Quando o senhor Wayne viajava, ele fazia questão de passar uns dias na mansão. Ainda não entendia bem como o pai dele via isso tudo, já que seu segredo estava bem guardado conosco. Descemos rumo à cozinha.
- Caprichando como sempre!
- É minha obrigação, não acha? – Sorri. – Como está o braço? Ainda me sinto um pouco ansiosa com você voltando a ronda.
- Já disse que está bom. Não se preocupe. Dick não seria tão negligente comigo. Você já sabe. – De fato ele era negligente apenas com ele mesmo.
- Essa noite eu faço a ronda. Vá descansar ou sair com certo alguém. – Sorrio o provocando.
- Quando soube?! – Tim ficou boquiaberto e surpreso.
- Sou sua irmã, esqueceu? Notei seus sorrisos frouxos há um tempo e você também tem vindo com um perfume diferente para casa. Óbvio que eu ia sentir.
- Você acha que Conner vai notar também? – Neguei. Ele era homem e homem não nota. – Você acha que se souberem...
- Shh... não faça isso com você. Apenas seja feliz, ok? O resto eu mesma cuido. Droga, cadê o Damian?! Ele está atrasado de novo.
- JÁ ESTOU DECENDO!!! – Berrou da escada e nós dois rimos.
Damian chegou à cozinha com sua típica cara amarrada e com a gravata do uniforme completamente errada. Ficava me perguntando quando ele ia aprender a dar o nó sem que eu ficasse na sua cola, mas nosso pai fazia o mesmo. O cabelo estava bagunçado, a camisa estava para fora da calça e a mochila aberta. Suspirei. Tinha que ter paciência. O puxei para mim e me agachei para ajeitar sua roupa. Ele odiava quando eu agachava. Vivia reclamando que odiava ser baixo, mas eu insistia em dizer que logo ele estaria maior do que Dick. Beijei seu rosto quando terminei e o vi ruborizar. Isso me deixava feliz. Finalmente estava abaixando sua guarda e derrubando seus muros.
Esperei que os dois terminassem o café e aproveitei para beliscar alguns waffles. Eles estavam com um cheiro tão delicioso que não resisti.
- Vai querer carona, Tim? – Ele sorriu e me olhou de cima a baixo. Me segurei para não rir. Seu celular vibrou e, com certeza, era o motivo dos sorrisos frouxos dele.
- Já te respondo.
Dick finalmente apareceu faltando dez minutos para o horário de sairmos. O olhei e depois olhei para o relógio. Bati palmas e ele riu. Pego o kit de primeiros socorros na ilha da cozinha e o chamo para se sentar à minha frente.
- Anestesia, por favor.
- O Dick chorão ataca novamente. – Damian não segura a língua.
- Você já sabe que gente velha é assim mesmo, Damian. – Tim só complementa. Me controlo para não rir.
- Eu luto desde os meus treze anos, vocês poderiam ter um pouco de consideração
- Eu fui treinado para matar desde que nasci. Não reclamo de dor nem peço uma anestesia para fazerem pontos. – Damian zombou. De fato, ele tinha um ponto.
- As crianças poderiam se acalmar? Damian, escovar os dentes para irmos. Rápido!
- Mas que...
- Damian! – Ele bufa e se cala.
Com a pomada anestésica em mãos, passou um pouco na região do ferimento e espero fazer efeito. Pego a agulha e a linha, costuro cada espaço, o que soma cinco pontos, e cubro com fita micro poro para que não infeccione.
- Liberado, senhor Grayson. Daqui dois dias dou uma nova olhada. É para trocar a fita toda vez que tomar banho, entendeu? Banho minimamente uma vez por dia, tá?
- Até você, Victoria? – Dou de ombros, rindo.
- Até amanhã. Já deu a minha hora. Damian!!!
- ESTOU DESCENDO!!!
Peguei a chave do carro e caminhei até a garagem. O escolhido do dia era EQC, um modelo elétrico da Mercedes Benz e produzido de maneira cem porcento sustentável. Completamente confortável. Adorava dirigi-lo. Não demorou muito para que meus irmãos chegassem e se acomodassem. Tim adorava provocar Damian ao sentar no banco da frente. Dizia que ele não tinha tamanho para se sentar como um adulto e isso o deixava furioso. Timothy, apesar de tudo que havia acontecido, não deixava seu bom coração e seu humor de lado. Era uma luz em casa. Um ser humano que todos deveriam tomar como exemplo de vida.
O rádio tocava nossa playlist favorita. Chamávamos de Dark Knight. Estava tocando Born For This, The Score. Uma das nossas músicas mais tocadas. A música dos guerreiros que aprenderam a amar a dor porque nasceram para isso. Era isso que éramos. Fomos de Bristol até o centro sem muita dificuldade. Acostumada com o trajeto, sabia de alguns atalhos infalíveis. Deixando Damian na escola de violino, segui caminho à escola de T.I. de Tim.
Indústrias Wayne – Old Gotham, Gotham
9 horas e 40 minutos
- Bom dia, senhor Fox. – Sorriu e adentro seu escritório. – Trouxe algumas papeladas que o senhor pediu para que eu revisasse.
- Senhorita Wayne! Bom dia! Que prazer vê-la aqui. O senhor Wayne ainda não retornou de viagem?
- Talvez retorne semana que vem. Ele não quis me dar muitos detalhes. – Suspiro e tento relaxar. – Eu fiz algumas correções nesse contrato e nessas duas propostas. Tenho certeza de que não foi o senhor que elaborou porque conheço bem o estilo de escrita do senhor. Recomendo que refaça o treinamento do Joshua. Também revisei alguns currículos e separei estes aqui. São cinco perfis muito bons para a empresa e para as áreas requisitadas.
- Apenas cinco? – Senhor Fox se surpreendeu. Fiquei um pouco sem jeito, mas deveria explicar meus motivos.
- É que os currículos têm energia também e eu acabei identificando os perfis ruins por isso. Depois queria uma reunião com a cúpula para acertar o orçamento deste mês. Acredito que o senhor tenha notado uma fuga relativamente pequena nos fundos de créditos. Pesquisei e notei que não houve nenhuma autorização vinda do senhor ou do meu pai para que isso acontecesse.
- Você realmente viu tudo isso em dois dias? – Assenti com um sorriso orgulhoso estampado no meu rosto.
- Quero participar das entrevistas também se meu pai não chegar a tempo. Ele me pediu um estagiário para o acompanhar. Foi um pedido bem inusitado.
- Seu pai faz pedidos bem inusitados. Lembra daquele tanque? – Ri.
- Como esquecer. Um tanque com propulsores para voar.
- Como está sua agenda hoje?
- Entro meio dia e meio em Arkham e depois plantão no H.G. Damian está pela minha conta também.
- Alicia. – Chamou senhor Fox pelo telefone. – Marque uma reunião para daqui uma hora. A senhorita Wayne exige que todos da cúpula estejam presentes.
- Claro, senhor Fox.
- Acredito que esteja com o dossiê em mãos com as informações de quem está realizando os saques.
- Com certeza. – Tiro a pasta kraft da mochila e o entrego. – Vamos avisar o RH que teremos algumas demissões hoje. Demissões por justa causa.
Asilo Arkham – Ilha Mercey, Gotham
13 horas e 25 minutos
- Ele continua te visitando?
Decidi visitar Crane nos meus primeiros horários em Arkham para que não chegasse a atrasar no final do turno e não ter tempo de chegar na hora no Hospital Geral. Crane estava tendo pequenos avanços desde que comecei a medicá-lo pessoalmente. Tornou-se um hábito perigoso. O doutor gostava do contato e eu era a única que ele autorizava ser medicado. Mais ninguém poderia se aproximar dele. Virava um louco, alguns enfermeiros diziam estar possuído. Transtornado.
- Ele parece muito interessado no seu tratamento. – Seu comentário me deixou intrigada. Ainda não tinha encaminhado meus documentos para um possível mestrado ou doutorado para a universidade por causa das provas finais. Precisava do resultado delas para poder realizar o envio.
- Acho que houve um mal-entendido. – Sorrio. – Não há tratamento que eu esteja desenvolvendo. Estou terminando a universidade ainda. Talvez ele esteja interessado no que posso oferecer. – Crane não gosta da minha fala. Sua cara fecha, ele se levanta rapidamente segura meu punho com força. Rodrigues se aproximou da porta. Olhei em sua direção rapidamente e movi minha cabeça em negativo para que ele não entrasse.
- Ninguém pode se interessar no que você pode oferecer. Não é uma presa fácil. É tão esperta quanto ele.
- Mas não tanto quanto você, não é? – Ele afirmou. – Jonathan. Não quer me machucar, certo?
- Nunca.
- Então me solte, por favor. – Ele arregalou os olhos e soltou meu pulso já verificando se havia o marcado. Uma pequena vermelhidão ficou no local e o vi se decepcionar consigo.
- Me desculpe, Victoria.
- Apenas não repita isso. Sente-se, vou te medicar.
- Não mereço.
- Sou eu quem dá as ordens aqui, esqueceu? – Seu olhar tinha sincera tristeza e desapontamento. Era intrigante. Realmente se importava comigo, sua energia dizia isso em bom som e cores. – Sente-se.
Crane não desobedeceu
Senti Rodrigues tenso do outro lado da porta, mas sorri ao olhar. Peguei o pequeno copinho de plástico da mesa com os comprimidos, peguei o de água e o entreguei. Como um homem obediente, ele prontamente os segurou e aguardou até que me colocasse atrás dele. Crane colocou os comprimidos na boca, aguardou minha mão tocar seu pescoço, o copo com água se aproximou de seus lábios e ele engoliu os comprimidos. Acompanhei com os dedos o movimento do seu pomo de adão. Claro que a visão além do alcance ajudava.
- Tenho que ir.
- Sentirei saudades. – Ele beijou meu pulso com pesar. – Até breve, Victoria. Logo vai estar melhor. Me desculpe.
Hospital Geral de Gotham City – Old Gotham, Gotham
19 horas e 00 minutos
Pronto-Socorro nunca é fácil.
Não sei como tive tempo de pegar Damian antes de chegar no hospital. Os casos de pacientes psicóticos e entorpecidos não era o pior que via ali. Talvez o costume de estar quase sempre em Arkham fez com que eu não me incomodasse com tais cenas perturbadoras. Alguns eram meus pacientes de longa data, pacientes que acordaram de coma, perdidos. Outros eram moradores de rua ou viciados. Poucos eram jovens que tentaram se divertir e quase foram de arrasta. Sempre tinha que atender tentativas de suicídio. Bem comum, infelizmente.
O que me preocupava era o estado de jovens entorpecidos. A cada semana os casos cresciam, mas as notícias abafavam a situação. A maioria dos médicos diziam que estavam apresentando sintomas clássicos, mas não conseguiam entender como não estavam entrando em overdose. Na minha opinião, algo estava bem diferente do que eles cogitavam por mais que apresentasse heroína, LSD e outros tipos de drogas que já conhecíamos. Havia uma nova droga circulando e provavelmente o Máscara Negra estava envolvido. Era o único que nos dava trabalho constante nos últimos meses.
- Você pode jantar aqui com o meu cartão. Aquela sala dezenove é a minha. Pode ficar lá o tempo que quiser. Tenho um computador, você pode jogar nele. É um horário cheio, então não vou conseguir ficar com você.
Agora começava a correria
A noite em Gotham sempre seria mais agitada que o dia dos justos. Trabalhadores saindo do serviço e vindo direto para o hospital, outros que arrumavam confusão em bares e chegavam machucados. O PS ficava lotado a cada hora. Meu irmão, após terminar de se entediar na minha sala, saiu para observar o corredor, olhando de um lado para o outro, sentado em uma cadeira de espera.
Passou duas, três, quatro horas e ele continuava ali.
Vez ou outra ele arregalava sutilmente os olhos com a correria das macas e com o sangue. Enfermeiros e médicos montados em pacientes com paradas cardíacas que seguiam até o centro cirúrgico. Outros tinham ferimentos bem bizarros que consideraríamos terem ganho após uma batalha árdua com algum vilão ou com herói de Gotham. Você nunca, em sã consciência, enfiaria um gancho na perna ou no braço.
Uma gritaria tomou conta dos corredores.
Corri para a entrada e vi três enfermeiros aflitos com uma maca em direção a ambulância. Meu coração disparou ao ver uma menina baleada. Não devia ter mais de onze ou doze anos. Auxiliei a empurrar o carrinho, gritando com que mais estivesse no caminho para que saísse. Pressa. Ela estava entrando em choque e teria que ir direto para a cirurgia. Cortei suas roupas e vi cortes pelo corpo. Cortes irregulares de tipos de facas diferentes. Uns mais profundos, outros superficiais.
A equipe de cirurgia a preparava procurando acessos intravenosos e colocando os aparelhos para o monitoramento da pressão e dos batimentos. Ela começou a estrebuchar na mesa, tivemos que a amarrar e dar mais sedativos, uma anestesia mais forte conseguiria ajudar. Era culpa da hemorragia. Meus olhos avançados vasculhavam seu corpo em busca das lesões e dos sangramentos. Escutei seus batimentos, seu pulmão. Nada bom. Estava com pneumotórax. Não tinha muito tempo.
Com o bisturi em mãos, higienizei a área e cortei entre as costelas. Meu colega pegou o tubo e o inseriu entre o espaço junto com a bolsa de água pronta. O ar foi saindo e fazendo com que bolhas de oxigênio surgissem na água. Passei para a extração das balas. Uma havia atravessado o peito e parado na clavícula, outra estava no abdômen e uma última na perna. Era uma cirurgia muito delicada. Estava muito perto da artéria e qualquer erro poderia acabar na morte dela.
A pressão caiu, os batimentos cessaram. Aquele som que eu odiava ouvir. O som continuo que anunciava que a vida se foi do corpo.  A energia vital sessava. O vazio consumia. Subi na maca e comecei a massagem cardíaca. Usávamos o desfibrilador, eu massageava, faziam a ventilação manual. Um, dois, três, quatro, cinco minutos.
- Victoria. Não podemos fazer mais nada. – Colocaram a mão no meu ombro e me olharam com pesar. – Hora da morte?
- Meia noite e quarenta e nove. – Engulo o choro e desço da mesa. – Eu dou a notícia a mãe. Fechem ela e peçam ao necrotério para deixá-la bonita.
Caminhei do centro cirúrgico até a área de espera na tentativa de me recompor. Deveria ser fácil diante de tudo que passei e fui treinada, mas viver no mundo era muito diferente do que estar isolada e não saber o que são sentimentos e a vida de verdade. Atravessei a porta, tirei as luvas rosadas e olhei para aquela mulher desesperada. Percebi que ela havia passado pelo PS também. Estava com hematomas escuros e também com cortes pelo corpo, muito provável ser vítima de violência doméstica. Quando seus olhos me encontraram, sua cabeça balançava em negação. Já sentia o que estava por vir.
- Sinto muito. Fizemos tudo o possível. – Digo com pesar.
- Não. Não. Não. Minha filha não! – A mãe gritava desesperada.
Eu a segurei e tentei acalmá-la. Ela se debatia em meus braços e sua dor era palpável. Me doía a ver daquela forma e ver a sua energia transmutar. Densa e escura. Triste. O azul mais escuro da noite mais escura. A aceitação seria difícil. O luto seria eterno. Senti algumas lágrimas escorrerem e vi Damian me encarar surpreso. Era como eu havia dito a ele. A vida aqui fora não é fácil. Ela então teve uma breve calmaria e me deu o tempo certo para conversarmos.
- O que eu puder fazer pela senhora é só me dizer. Sei que é uma situação difícil, mas posso ajudar com a papelada, com o enterro e algo a mais. – Fiquei ali a abraçando. Sua filha era minha última paciente e a quarta morte da noite. Uma morte de uma criança era muito mais dolorosa. Ela tinha uma vida inteira para aproveitar e se foi.
- Vamos embora, Damian. – Digo chamando sua atenção.
- Aquela garota... – Começou sugestivo.
- Não é sempre que conseguimos salvar a todos. – Pego nossas mochilas e caminho em direção ao estacionamento. – Você vai fazer a ronda comigo hoje.
- Tem certeza de que está bem para isso? – Sorri por dentro. Era bom vê-lo se importando comigo.
- E por que não estaria? Esqueceu de que fui treinada para perder vidas? Vamos assustar alguns bandidos. Nos divertir. – Bagunço seu cabelo para descontrair.
- Ela tinha minha idade, não é? – Mordi os lábios. Abro o carro e me sento no banco do motorista ainda me sentindo mal por ter perdido a criança.
- Quase da sua idade.
- E é assim que as pessoas ficam quando perdem alguém? Sentem... essa dor?
- Está sentindo empatia, irmão? – Sorrio. – Isso é bom.
- Não é empatia. – Resmungou. – Só fiquei curioso.
Fiquei em silêncio apreciando a pequena vitória. Eu tinha feito bem em o levar para o hospital para que ele saboreasse um pouco da vida dos meros mortais. O fazer verbalizar tais sentimentos era um avanço.
Fomos à mansão, nos trocamos e nos atiramos na noite. Dirigi pela Ponte Robert Kane e segui até Crime Alley. Era um bom lugar para começarmos a caçar bandidos.
Damian sabia ser silencioso, mas ainda era muito violento. Descompensado na luta corpo a corpo. Quanto mais eu o reprendia, mais irritado ele ficava. Seu automático fazia com que ele eliminasse em vez de apagar os criminosos. Foi quando lembrei das vezes que papai fazia seu interrogatório e depois amarrava o bandido em algum poste ou o deixava pendurado como um saco de pancadas.
- Preste atenção. – Sussurrei. – Vou pegar aqueles dois e você espera meu sinal. Depois os amarra e deixa a marca do Batman.
- Por que você fica com a parte divertida? – Resmungou mais uma vez.
- Porque você ainda não aprendeu a controlar os punhos. Lei da atração. – Ri com sua cara de desgosto. – Ao meu sinal.
Quando estávamos voltando para a mansão, senti uma energia diferente perto da Torre do Relógio. Eu podia jurar ter visto alguém pular dela, mas seria loucura. Bárbara já havia aposentado sua carreira como Batgirl e Spoiler havia sumido do radar. Muitos diziam que ela havia morrido. Talvez estivesse cansada e meu corpo começara a criar ilusões. Já fazia semanas que não dormia e basicamente estava testando minha capacidade de me manter acordada e sem me alimentar ao limite.
Chegamos na mansão por volta das quatro e meia da manhã. Se nosso pai estivesse em casa, com certeza estaríamos levando uma bronca por voltar tão tarde.
Tudo estava apagado.
Era estranho ver nossa casa assim, desligada. Era muita mansão para poucas pessoas, mas eu tinha que entender que ela estava na nossa família há gerações. Antigamente tudo era grande e volumoso.
Subimos as escadas nos arrastando. Estávamos cansados demais. Tomamos nossos banhos e fomos para o quarto do meu irmão. O observei por longos instantes até criar coragem para questioná-lo. Eu tinha certeza de que havia visto alguém saltar da Torre do Relógio em trajes tão negros quanto a noite.
- Damian. – O chamei.
- Hmm?
- Você viu alguém na Torre?
- Do relógio? – Afirmei. – Acho que não. Estou com muito sono, Victoria.
- Acho que também estou... – Resmungo sentindo minha cabeça doer.
- Acha que viu alguém? – Afirmo. – Você raramente erra...
- Isso que me aflige. Talvez se eu ligasse para a Barb, ela poderia me dizer.
- Amanhã, irmã... agora vamos só dormir.
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