Tumgik
#minha conta do banco diz que não
glimeres · 11 months
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The Demon Demon of Fleet Street
Rodrigo Lombardi (Sweeney Todd, São Paulo - 2022) + Eduardo Sterblitch (Beetlejuice, Rio de Janeiro - 2023)
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louddydisturb · 1 year
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Oh mami, its a new 'rari
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Harry e Louis sempre foram amigos desde do jardim de infancia, mas de uns anos pra cá as coisas mudaram um pouco
Louis 19
Harry 18
Breeding kink (leve), exibicionismo (leve), uso de maconha, h!inter
(Vi a ideia do plot no tiktok mas perdi a conta)
Edward, harry e louis eram amigos desde do jardim de infância. Era o trio inseparavel desde de sempre
Louis praticamente morava na casa dos styles, sempre indo para jogar video game ou jogos de tabuleiro com os irmãos gêmeos
Harry não pode negar que nunca achou o melhor amigo pelo menos um pouco atraente, agora no final de seus 19 anos, ele tinha musculos aparentes e tatuagem que pintava todo o seu braço e pescoço, o cabelo em um topete bagunçado pro lado e os olhos em azul profundo como o oceano
Harry tinha seus 18 anos, uma cascata de cachos cor chocolate caiam sobre seu ombro, olhos verde como esmeraldas e covinha adoraveis em ambas bochechas
Agora depois de uma discursão boba com o irmão, harry se encontrava jogada no quarto completamente entediada e rolava pelo seu feed do instagram
Era sexta feira, a noite e graças ao seu querido irmão ela não pode ir na festa que acontecia na casa de sua amiga
[Tommo😒]
"Ta ai?" Ela envia e vê a resposta chegar praticamente no mesmo segundo
"Ta com saudade?"
"To entediada, ed estragou minha festa"
"Não me diz que brigaram, é horrivel passar o dia com vocês quase se matando pelo olhar"
"Boa sorte na tarde de jogos amanhã então"
"Ta afim de dar uma volta? Já pegou o novo carro ne"
"Entendi agora"
"Era tudo um plano pra andar na minha bebezinha"
"Se eu ficar mais um minuto em casa eu morro de tedio"
"Ta bom, passo ai em 20 minutos"
Harry desliga o celular e se levanta indo dar um jeito nos cachos rebeldes e trocar o pijama por uma roupa apresentavel.
✨️
Passado os 20 minutos harry se encontrava na frente da casa usando uma t-shirt oversized provavelmente roubada do guarda roupa do irmão, short jeans e seus tipicos adidas forum
Ela vê a ferrari 812 GTS preta estacionar em sua frente e louis que usava uma jaqueta preta e fumava um cigarro
"Uber para harry styles?"
"Papai tava de bom humor na hora de comprar o carro pelo visto" ela entra no carro e louis da a partida "vou aprender a dirigir nessa"
"Nem sonhe" ele joga a bituca do cigarro pela janela "algum destino em especifico?"
"Rodovia" les começa a tocar baixinho na radio
"Quer ir pro lugar secreto?"
"é uma boa ideia tambem" harry diz e o garoto acelera chegando aos 90km/h
Essa era um dos rolês favoritos dos dois, desde que louis tirou a carteira eles saiam para dirigir de noite para algum lugar aleatorio na cidade
Era simplesmente revigorante sentir o vento bater no rosto e a adrenalina do carro correndo em alta velocidade nas ruas vazias
"Não teve nenhuma festa da faculdade pra ir" harry pergunta pegando um maço de cigarro e isqueiro do porta-luva
"Eu tava numa, muito chata aliás" ele acelera o carro e aumenta o som do radio, agora os acordes iniciais de 505 tocavam nas caixas de som
"Coitado do pequeno tomlinson, nenhuma gatinha quis dar beijinhos no garanhão" ela zoa e traga o cigarro
"Idiota" ele ri e em seguida cantarola o verso da musica
"Não devo estar errada" a cacheada fecha os olhos e deita a cabeça no banco enquanto sente a brisa noturna
Louis se deixa perder o foco olhando a garota que fumava ainda de olhos fechados no seu lado
Ele tambem não pode negar que harry tinha ficado extremamente atraente depois da puberdade
Ele observa os labios rosados soprarem a fumaça, os cachos voarem devido ao vento, os cilios descançarem nas bochechas rosadas, os pelinhos do pescoço e braços arrepiados, a pintinhas que se espalhavam pelo pescoço e colo da garota. Louis não podia negar que ele sentia borboletas no estomago de vez em quando.
"Porra eu amo essa musica" harry diz enquanto aumenta o volume do carro e dealer começa a soar
"Não está com frio? Pode ficar doente com o vento gelado"
"Não é pra tanto" ela traga o cigarro
"Pega o moletom no banco de tras" ele diminui a velocidade do carro se aproximando de um posto de gasolina "preciso abastecer rapidinho"
Harry veste o moletom preto e o cheiro do perfume forte de louis invade seu olfato
Ela se encolhe no banco enquanto observa o mais velho abastecer o carro
"Esse perfume é muito fedido, por isso que não pega ninguem desde da quinta classe"
"Fala logo que me ama, styles" ele apoia a mão em cima do vidro enquanto espera o tanque encher
Os olhos de harry caem em uma mulher loira que se aproximava do carro, andando em passos lentos como um animal espreitando sua presa
"Oi" ela diz simples "bonito carro, e dono do carro tambem" louis ri agradecendo e tirando a bomba do carro "sou hailee, qual teu nome?"
"William" ele paga a gasolina e encosta na porta do carro, apoiando o antebraço no vidro
"meio tarde pra estar abastecendo" ela continua "viagem?"
"Quase isso"
"Bem, posso talvez dar uma volta nessa maquina?" Louis ri e harry contorna a tatuagem do 28 em seus dedos "ou teu numero pelo menos?" Harry aperta a mão de louis e o garoto aperta de volta enquanto olha para a cacheada pelo canto do olho
"Não vai rolar, eu to com a minha namorada" ele fala curto antes de entrar no carro e seguir o caminho para a praia sem falar nada.
Mesmo assim harry podia sentir os relances do olhar de louis em si enquanto o mais velho fumava outro cigarro
Ela cantarolava a letra de "oh mami" que tocava agora
E louis acelerava o carro cada vez mais, apertando o volante enquanto se concentrava na estrada
"Ooh, Mami, this a new 'Rari
Hit 150 on the dash, I bent the corner
Then she bent it for me sideways, uh
I might have to fuck her on the highway, yeah (oh, whoa)"
Ele viu o exato momento que harry reecostou na porta junto a letra da musica enquanto fumava o cigarro de maconha
"Namorada?" Ela foi a primeira a cortar o silencio
"Ela não ia largar do meu pé tão facil" os olhos azuis estavam agora focados na estrada começando a sentir a brisa do mar em seu rosto
"Só isso então, william?" os olhos verdes baixam para a calça preta de moletom do mais velho "isso tambem foi só pra fugir dela" ela aponta pra ereção evidente que louis tentava ignorar
"Porra harry" ele para um tanto quanto agressivamente o carro no acostamento "tu mexe com a porra do meu cerebro, eu não consigo pensar racionalmente enquanto tu me olha como uma puta" ela ri enquanto traga o resto do cigarro "é realmente muito engraçado" ele tira o cinto de segurança e fecha o teto do carro
A mão de harry aperta a ereçao dolorida do de olhos azuis que a olha nos olhos procurando alguma outra confirmaçao que ela não estava só brincando
Ele observou os labios gordinhos imaginando o quão macio poderiam ser
"Agora vai ficar só olhando?" Ela fala e esse foi o estopim para o auto controle de louis
Os labios se unem em um beijo rapido e necessitado, harry acaba desistindo de lutar por dominancia apenas seguindo o ritmo agressivo de louis
"Banco de trás" louis os separa e harry passa para o banco de trás sem a minima dificuldade, louis a segue enquanto tira a jaqueta e a camiseta
"Porra eu esperei tanto tempo" ela diz juntando novamente suas bocas e se encaixando no meio das pernas de louis
"Me chupa" ele deixando pequenas mordidinhas do pescoço branquinho de harry, que ajudou louis a abaixar a calça moletom.
O pau duro gotejando cai sobre o baixo ventre do mais velho
A cacheada deixa chupões desde do pescoço até a pelves de louis que gemia baixinho observando harry com devoção
Ela segura o pau começando uma punheta lenta que fez louis respirar fundo procurando apoio nos apoios do banco
"Harry... chupa..." ela ri e circula a cabecinha com a lingua
"Apressado" louis geme agarrando os cachos ao sentir o calor molhado da boca da garota
Ele empurra a cabeça de harry até sentir o nariz da garota em sua pelve
"Oh...hazza... sim" ele solta a garota que volta se engasgando levemente, ela coloca ele na boca, rodeando a cabecinha com lingua e aproveitando o gostinho salgado da pré-porra que saia aos montes
Ela olha para cima, os olhos verdes encontrando os olhos azuis e ele faz um rabo de cavalo desajeitado usando de apoio para foder a garganta da garota
Ela o olhava com os olhos chorosos, engasgando e babando no pau mas não se afastando
"Caralho eu vou gozar" as estocadas se tornam mais urgentes e ele afasta ela enquanto bombea o pau se liberando no rosto e boca da garota
"Porque tirou?" Ela limpa com o dedo e leva pra boca sentindo o gosto da porra quentinha
"Caralho harry" louis diz ofegante vendo garota tira o moletom e a tshirt, ela não usava nenhum sutiã
O tomlinson se aproxima da garota levando a mãos para a cintura pequena e apertando o local
Ele beija a garota enquanto aperta um dos peitos dela que cabiam perfeitamente em sua mão
As mãos tremulas de harry tiram seu short ficando apenas com a calcinha de renda rosa, essa sendo a unica coisa que separava ambas intimidades
"Me fode" harry puxa a cintura de louis contra a sua procurando algum estimulo no clitoris dolorido
"Não quero te comer no carro" ele espalha mordidinhas e chupões por todo o torso da garota
"Lou, por favor..." harry arqueia as costas sentindo o halito quente de louis extremamente perto de sua pelves
"Não tenho camisinhas" os indicadores vão para os lados da calcinha pequena, puxando-a devagar para baixo
"Não precisa, eu tomo remedio e to limpa se você tiver tambem não tem problema" ela se apoia no antebraço
"Não quero de comer na beira da estrada como uma puta barata" ele beija a pelves da garota enquanto suas mãos apertam possesivamente as coxas de harry a mantendo abertas "mas isso não significa que eu não vá fazer nada" harry geme arrastado sentindo a lingua do mais velho passear por todo seu grelo
Ele chupava o clitoris inchadinho enquanto suas mãos apertavam a cintura da garota ao ponto de provavelmente deixar marcas, harry gemia deleitada e puxava os fios castanhos de louis
"Docinho" os olhares se encontram mais uma vez e louis pode ver o exato momento que as orbes verdes reviraram ao que ele penetrou o dedo medio "gostosa pra um caralho" ele beija a garota que gemia arrastado
"Preciso do seu pau" lagrimas escorriam pelas bochechas coradas
Louis voltou a chupar harry enquanto penetrava mais um dedo, a cacheada tremia e se apertava nos dedos indicando o quão proximo ela estava
"Goza nenem" ele massageia o clitóris lentamente observando ela gemer jogando a cabeça para trás e molhar toda sua mão
"Minha casa" ela fala baixo ainda sentindo-se aerea pelo orgasmo
Louis sobe a calça de moletom e veste harry somente com o moletom antes de ir para o banco da frente dirigindo o mais rapido possivel
Era quase metade do caminho quando o olhar de louis caiu em harry pelo retrovisor, a garota tinha os cachos suados, bochechas vermelhas e os labios inchadinhos de tanto morder
Mas ao descer o olhar ele pode ver a garota se tocando devagar enquanto o olhava pelo retrovisor
"Não consegue esperar nem alguns minutos?" Ele foca na estrada vazia e acelera o carro "provavelmente iria amar se alguem te visse, era por isso que queria ser fodida na beira da estrada?"
"Com certeza não seria uma má visão"
✨️
Louis estaciona o carro meio de qualquer jeito na frente da casa de harry e veste a t-shirt antes de sair do carro e seguir harry até a porta
A casa estava escura e silenciosa, julgando por ser 3 da manhã todos ja estavam dormindo
Foi só o tempo de entrarem no quarto que harry praticamente ataca os labios louis que trancava a porta
Eles andam em passos desajeitados até a cama grande no meio do quarto, nesse processo as roupas era espalhadas pelo quarto
"Vem" ele dá duas batidinhas coxas e ve harry sorri sentando com uma perna de cada lado
Louis agarra os dois peitos intercalando beijos e mordidas por todo o colo
Harry sentiu sua calcinha molhar ao ver louis chupando um de seus peitos como uma criança faminta e a olhando com brilho nos olhos
As unhas rosinhas puxam o cabelo suado em busca de apoio enquanto rebolava sentindo o falo duro embaixo de si
Ele solta a garota a jogando na cama e se encaixando no meio das pernas da mesma
Eles começam um beijo agressivo e com desejo e harry inverte as posições sentando na pelves de louis
Ela rebola devagar vendo louis se apoiar no antebraço a olhando como uma presa
"Caralho princesa, eu vou enlouquecer" as mãos fortes vão para a cinturinha que ja estava marcada pelos apertos de antes
"É tão grande, acho que mal vai caber" ela levanta puxando a boxer de louis liberando o penis duro "quer fumar?" Ela pega um cigarro de maconha e um isqueiro da mesa de cabeçeira e senta novamente em cima do pau grosso tragando a droga
Ele estica a mão pegando o cigarro e tragando junto sentindo as reboladas lentas da garota
"Afasta a calcinha" ele traga e libera a fumaça na boca da cacheada
Ela deixa a calcinha de lado e louis ajuda a encaixa na grutinha apertada
Harry geme com a sensaçao do pau a alargando e louis geme com o quão apertada a garota era
Ele devolve o cigarro para harry e agarra a cintura da mesma como apoio para começar a investir o quadril contra ela
"Tão grande lou" ela fala devagar, mais como um gemido e a droga começava a fazer efeito em ambos
O barulho das peles se chocando e os gemidos baixinhos ecoavam pelo quarto
Harry arqueava as costas e maltratava um de seu mamilos
Louis inverte as posições novamente a deixando de quatro porem seu rosto estava encostado na cama
Eles estavam envolvidos na bolha de prazer que não prestaram atenção quando batidas na porta ecoaram no local e o celular de harry
"Porra oque esse caralho quer" ela faz a menção de se afastar mas louis a segura no lugar e apenas entrega o celular que tocava sem parar "ficou louco?" Ela fala com dificuldade vendo que louis não tinha a menor intençao de parar
"Melhor atender" ele diminui a velocidade das estocadas agora a fodendo lento mas fundo
"Oi edward" ela responde seco
"Tava dormindo? Te ouvi chegando, queria me desculpar"
"E precisava atrapalhar meu sono?" Ela afasta o celular e tapa a boca quando louis coloca mais força nas estocadas "f-fala amanhã"
"Tem alguem ai?"
"Não" ela xingou o irmão mentalmente e rezou para ele não ver o carro de louis parado na frente da casa
Louis vira a cacheada deixando de barriga pra cima, vendo a garota desesperadinha tentando abafar os gemidos
"Desculpa eu fui um babaca te dedurando pra mamãe mais cedo" harry revira os olhos sentindo louis pressionar seu baixo ventre
"Não goza" ele silibou em um sussuro
"Ainda bem que tu sabe, ta bom edward to com sono e cansada me deixa dormir" harry arregalou o olhos no exato momento que louis se curvou escondendo o rosto no pescoço marcado e perigosamente perto do celular
Ela tenta afastar ele mas só piorou a situação quando ele gemeu arrastado estocando mais forte
"Tem certeza que ta tudo bem?" A voz de edward ecooa do altofalante do celular
"Sim edward, tchau" ela desliga o celular com pressa e o joga em qualquer canto da cama
"Esse moleque é um porre" louis segura a cintura da garota a puxando contra as estocadas
"Não importa" ela puxa o de olhos azuis para outro beijo e se sentindo cada vez mais perto do orgasmo
Ela empurra os ombros largos e fica por cima sentindo cada centimetro dentro de si "goza em mim" ela abraça louis escondendo o rosto no pescoço e gemendo baixinho "bem fundo" ela quica com mais urgencia
"Hazza... tão boa..." ele aperta a bunda redondinha da cacheada e geme deleitado no exato momento que a grutinha da garota sufucou seu pau se liberando em um orgasmo e molhando ambos, louis não pode se segurar se liberando na garota que tremia em seu colo
"Fundo... cheia de bebes" louis jurou que um dia essa garota ia o matar
"Cheia de bebes" ele deixa um beijo na testa de harry que estava sonolenta em seu colo "hazza, vem precisamos nos lavar" ele tenta afastar a garota que estava grudada em si como um coala mas não obtem nenhuma resposta
✨️
Harry acordou no dia seguinte sentindo um peso em cima de si e observou louis apagado abraçando sua cintura
Ela observou em volta, tudo parecia meio arrumado e ela usava um de seus pijamas favoritos de seda, o edredom cheirava a amaciante e ela cheirava a sua colonia de lavanda
Louis dormia tranquilamente mas ela não pode deixar de notar os arranhoes e chupoes pelo corpo do mais velho que dormia apenas com uma boxer
Ela fez carinho nos cabelos macios pensando se aquilo tudo era realmente real
"Harry a mamãe pediu pra vir te acordar porque ja sao 4 da tarde e em caso tu esteja morta pra organizar o velo- LOUIS?" Edward entra com tudo no quarto assustando harry e acordando louis que dormia impertubavel "que porra..."
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lacharapita · 5 months
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✭ʙᴇɴᴅɪᴛᴏ ᴘᴀᴅʀᴇ✭
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smut - Esteban Kukuriczka x F. OC! Alexandra Guerrero
N.A - divas, essa história é com o Esteban novinho [lá pelos 21/22 anos]!! Depois disso simplesmente botei na minha cabeça que meu sonho é foder com ele em um palco de teatro e é isso aí manas💋😘😍. Afinal de contas, I'm just a girl né?? E assim, cá entre nós, todas nós somos a bit of Fleabag quando o assunto é padre gostoso😨😨
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— Os ensaios da peça ficavam cada vez melhores. Bendito Padre chegava em seus detalhes finais, e Alexandra, como uma grande loba curiosa, espiava todos os ensaios, escondida no meio das cadeiras acochadas do auditório frio da faculdade de belas artes na Argentina. Religiosamente, todos os dias de ensaio, ficava observando, após o horário de saída, Esteban ensaiar sozinho. Mas parece que naquela quinta feira chuvosa o mundo conspirou contra a chilena. Escondida entre os bancos, ela não reparou na garrafa de água caindo do bolso esquerdo da bolsa de couro marrom. Um estrondo alto foi ouvido, fazendo Alexandra se assustar e dar com o topo da cabeça na cadeira em sua frente.
– "Ay!!"– Ela arregalou os olhos. Muito alto, muito alto. Puta madre!
         – "Quem 'tá aí? Oi?"– Esteban perguntou com uma voz que carregava uma pitada de medo. Alexandra, extremamente constrangida, levantou do chão. Os cabelos pretos bagunçados, os olhos azuis escuros e a pose orgulhosa foram rapidamente percebidos por Esteban. – "Ale? O que 'tá fazendo aqui?"– A carinha de sonso. Aquela bendita carinha de sonso dele.
– "Olhando."– Ela disse sem mistério, olhando nos olhos castanhos de Kuku. Descendo as escadas e indo até o palco, ela sorriu para ele. – "Desculpa. Gosto de te ver ensaiando sozinho, só não entendo porque faz isso."– Esteban coçou a nuca e suas bochechas ganharam um tom avermelhado. Seu olhar não conseguindo escapar de todos os detalhes do rosto de Alexandra.
– "Não tô conseguindo fazer esse ato. Leon está quase me tirando da peça. Diz "Um padre cheio de tesão, Esteban! Erótico, teso, sujo. É tão difícil assim? Não consegue sentir um pouco de tesão para interpretar ele?". Não sei o que tô fazendo de errado."– Ele se abaixou até a mochila bege jogada no palco, pegando um cigarro da carteira e acendendo logo em seguida.
– "Não trepa a quanto tempo?"– Esteban, com o cigarro pendurado no canto dos lábios, arregalou os olhos. – "Não me olha com essa cara. Não trepa a quanto tempo?"– Ela sentou no chão, largando a bolsa ao lado da mochila de Esteban.
– "Não sei. Uns sete meses talvez?"– Ele se sentou junto com ela. Alexandra levou suas mãos aos lábios de Esteban e pegou, entre dois dedos, o cigarro meio fumado.
        – "Você só precisa ficar com tesão. Nada 'tá te agradando nesses últimos sete meses? Tipo, que te faça ficar com muito tesão."– Esteban a olhou com uma cara estranha. Ele queria dizer algo mas preferiu guardar para si. – "Não esconde, fala!"– Alexandra segurou o cigarro entre os lábios e levou suas mãos para o rosto de Esteban, segurando firme e fazendo com que ele não tirasse o olhar dela. – "Fala, porra!"– O argentino fechou os olhos com força.
       – "Você."– Ele abriu os olhos e Alexandra sorria. – "Você, caralho! Satisfeita?"– Ela sorriu ainda mais. Aproximou seu rosto de Esteban mas não fez nenhum movimento mais. Encarou os olhos dele, tirou o cigarro terminado da boca e lambeu os lábios. Ele se aproximou mais, seu olhar implorando por algum movimento dela, mas a chilena se levantou abruptamente. Caminhando até a bolsa, ela pegou o celular, entrando no aplicativo de músicas e então a sonoridade de Tuyo, de Rodrigo Amarante, foi lentamente enchendo os ouvidos dos dois. Largando o celular no chão, Alexandra buscou seguir o que queria fazer. As mãos dela tiraram seus sapatos pretos e subiram lentamente para empurrar a camiseta azul cobalto para fora de seu corpo, deixando-a somente com a saia soltinha e vermelha em seu corpo. Esteban continuava sentado no chão mas seus olhos não desgrudavam de Alexandra por nenhum segundo. A chilena ficou de costas para ele, levando suas mãos até a barrinha da saia que batia logo abaixo de sua bunda, deixando muito para a imaginação fértil do argentino, que naquele momento, respirava fundo e sentia o ar ficando cada vez mais quente. Balançando os quadris suavemente, as mãos de Alexandra foram descendo a saia com cuidado, até que ele estivesse totalmente em suas mãos. O sutiã preto que não passava de um paninho transparente deixou Esteban tenso. Alexandra se virou para ele novamente, jogando cuidadosamente o vestido na direção dele.
– "¿Y cuáles deseos me vas a dar?"– Esteban estava completamente hipnotizado. A música saía tão suavemente dos lábios dela, parecia ser feita para ela. – "Dices tú, mi tesoro, basta con mirarlo."– Alexandra se aproximava cada vez mais, parando com o rosto tão próximo ao de Esteban que poderia sentir o arzinho pesado que sai do nariz dele. – "Y tuyo será."– A pele dele se emergia em um calor físico e mental, podia sentir cada batimento de seu coração. Ele não pensou antes de puxa-lá para seus lábios. Quente e molhado, assim como ela.
       – "Funcionou."– Sussurrando contra os lábios dela, e logo depois sorriu. O corpo dele fez uma pressão e a colocou abaixo dele. Empurrando a cabeça dela para cima, Esteban pode ter acesso ao pescoço com cheiro doce de baunilha. Os beijos, as mordidas, as marcas de amor, não eram suficientes. Naquele momento, Esteban tinha a impressão de queria estar dentro dela. Sexualmente e filosoficamente falando. O cheiro dela deixava ele desnorteado, fechava os olhos e flutuava sobre aquele mar doce a seu mercê. Os beijos molhados foram descendo pelo pescoço, chegando no peito quase desnudo, depois na barriga macia, depois na pelve, nas coxas, nos joelhos, nas panturrilhas e então na ponta dos pés.
       – "Sempre quis trepar com um padre."– Alexandra diz, se referindo a roupa que Esteban usava, fazendo-o rir. As mãos dele percorreram até chegar no feixe do sutiã dela, abrindo-o com uma certa dificuldade. A carinha de sonso dele enquanto tentava soltar os ganchinhos que prendiam o tecido deixou Alexandra tensa. – "Se soubesse o tesão que eu tenho nessa sua carinha de bobo, Esteban..."– Ela sorriu quando viu as bochechas coradas dele. Quando as mãos dele mencionaram se mover para retirar a calcinha dela, Alexandra segurou as mãos dele e empurrou o corpo de Esteban até que ele estivesse deitado no chão de madeira do palco, com os braços ao lado da cabeça como quem não sabia o que fazer com eles. Sentando-se cuidadosamente no colo dele, ela ouviu o suspiro que saiu dos lábios do argentino. – "Tranquilo, nene."– Ela começou a abrir cada um dos botões da batina preta que Esteban usava. Cada um dos trinta e três botões. Abaixo do enorme tecido preto, Kuku só utilizava uma samba canção azul clara, a ereção firme marcando claramente no tecido fino com um ponto úmido. Alexandra ficou surpresa, não esperava o tamanho que viu.
         – "O que foi, nena?"– Esteban viu um toque de medo nos olhos dela. Levou suas mãos até as coxas nuas dela e fez um carinho confortável. O olhar dele se perdeu um pouco na calcinha rendada dela. A mão direita dela seguiu até o cós do tecido azul que cobria pouco de Esteban e abaixou até que estivesse no meio das coxas dele. O pau brilhava com as gotículas de porra que escorriam pela cabecinha rosada, a visão claramente fazendo as pupilas dela se dilatarem. Seus joelhos se ergueram um pouco e logo os dedos compridos de Esteban seguem o caminho para puxar a calcinha para o lado, deixando a vista dos lábios inchadinhos e molhados para ele. Alexandra suspirou quando sentiu a cabecinha do pau dele alargando o buraquinho apertado, sentindo como ele esticava ela enquanto ela descia lentamente. Um gemido alto fugiu dos lábios avermelhados dela e Esteban ronronou com a sensação quente de dentro da chilena. As mãos dele agarram fortemente os quadris dela enquanto ele sentia a forma com ela rebolava lentamente sobre ele, já as mãos de Alexandra seguraram firme no peito do argentino. O prazer foi intenso e de repente tudo que ela podia fazer era gemer e sentir como Esteban ia tão fundo dentro dela. O rostinho sonso dele continuava o mesmo, um pouco mais vermelho e com muito mais tesão, os olhinhos castanhos encaravam cada movimento de Alexandra. Naquele momento, tudo era ela. Um gemido alto fugiu dele quando o buraquinho se apertou ainda mais em torno dele, ação que aumentou ainda mais o ego da chilena.
– "Essa sua carinha de sonso, porra! Me olha assim de novo que eu nunca mais saio do seu lado, Esteban."– Ele sorriu e o olhar perdido e tolo ficou mais evidente. Ele queria. Era o maior desejo da vida dele.
– "Agora- agora você nunca mais sai do meu lado."– Alexandra gemeu com a forma como as palavras saíram da boca dele. Ofegante, com pequenos gemidos entre cada uma das palavras. Os olhos dele não desgrudavam do rosto dela, mas no momento em que ele olhou para o meio das pernas dela ele gemeu alto. – "Olha como você me engole... porra! Eu quero ficar dentro de você pra sempre."– Em meio aos gemidos, Alexandra riu. Seus joelhos se cansando com os movimentos contínuos de sobe e desce não passaram despercebidos por Esteban. – "Tá cansadinha, nena?"– A frase do argentino foi quase como uma forma de desafiar Alexandra, pelo menos foi o que ela sentiu. As sobrancelhas dela se arquearam, os olhos semicerrados e a boca se abrindo lentamente. No momento em que ela ia falar, Esteban ergueu os quadris, encostando em uma parte dentro dela que ela nem sabia que era possível. As palavras foram substituídas por um gemido alto, o corpo dela caiu pra frente mas Esteban foi mais rápido em erguer o próprio tronco e segurar o corpo dela. – "Ay nena, 'tá ficando fraquinha hm?"– O rosto dela se encaixou perfeitamente na curva quente do pescoço dele e de seus lábios só saiam os gemidos chorosos. O olhar dele mudou, aquele Esteban bobinho não estava mais ali junto com Alexandra e aquilo talvez tivesse mudado um pouco o pensamento dela sobre ele.
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casos ilícitos
Matías Recalt x f!Reader
Cap 5
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E eu seria esperta em ir embora, mas você é areia movediça. Essa ladeira é traiçoeira, esse caminho é imprudente, e eu, eu, eu gosto.
Estamos no ponto de visto da leitora outra vez. E já deixo um spoiler que o próximo será da perspectiva do Matias de novo. Espero que gostem, e quero avisar que eu to amando receber os comentários e perguntas de vocês 😊🩷. Boa leitura 🫶
Avisos: Angst, linguagem Imprópria
Palavras: 8,1 k (vocês pediram agora aguentem 🙈)
Você entra no carro, em um estado de frenesi, completamente desnorteada e sentindo como se estivesse fora do próprio corpo. Você ainda não consegue raciocinar o que está acontecendo, ou o que acabou de acontecer, só sabe que tem que sair do mesmo lugar que o garoto se encontra o mais rápido possível.
Colocando o cinto de segurança da maneira mais patética que existe, com as mãos trêmulas e errando o fecho várias vezes no processo, sendo bem-sucedida somente na terceira tentativa, você olha ao redor a procura do garoto ou sinal de alguém por perto, e reza para que seu cunhado termine rápido de colocar as poucas compras no porta-malas, para poderem sair logo daqui. Ajustando o espelho retrovisor interno do veículo, para que se alinhe com o seu rosto, você acha melhor conferir se está tudo certo, já que no banheiro só conseguiu dar uma olhadinha rápida, e arregalando os olhos, agradece por tê-lo feito. O seu cabelo até que está razoável, mas os seus lábios ainda estão inchados e vermelhos, porém nem se compara a vermelhidão que se encontra o seu colo e pescoço. O garoto poderia ser bagunceiro e criativo quando queria, e você o deixou te pintar como uma tela pessoal. No momento é apenas a coloração que está aparente, mas sabe que logo as marcas começaram a se formar, em vários tamanhos e cores. Um lembrete para te recordar de que ele esteve ali, e do que fizeram juntos. Você se apressa para cobrir aquilo antes que alguém veja, e sua única opção no momento é tentar ocultar a área com o cabelo, e colocar a expressão mais neutra no rosto, esperando que Wagner não faça nenhuma pergunta ao entrar no veículo e te encontrar.
Assim que ele chega e se acomoda no banco do motorista, não diz nada e dá partida, e rapidamente vocês saem dali. Mas assim que se afastam um pouco, ele direciona o olhar para você e não deixa passar em branco:
- Você está toda corada, tá tudo bem? – Aparentemente o seu teatrinho não foi muito longe, mas tentando contornar a situação, diz que ficou um pouco alterada, pois teve uma discussão acalorada com o garoto.
- Por que vocês brigaram? – Pergunta preocupado, mas então abrindo um sorriso de lado, ele se dá conta. - Ah entendi. Aquele moleque quem era o seu namorado. – Conclui, como se tivesse desvendado um enigma complexo.
- Eu já disse, ele não é, e nunca foi o meu namorado. – Afirma incomodada. Ele não era seu ex, não era seu namorado, e gostaria que seu cunhado parasse de se dirigir a ele assim. Não precisa dar mais significância para algo do que de fato foi. Você tem que continuar afirmando isso a si mesma e diminuir a situação, pois quanto menor ela for, menos motivos você tem para ficar machucada ou magoada.
Mas não adianta brigar por causa disso agora. O rótulo que tinha na relação de vocês dois, ou no caso a falta dele, não era o seu maior problema, e sim a falta de confiança, comunicação e honestidade. Dane-se a forma como o seu coração doía querendo chamá-lo de namorado, chamá-lo de seu, ou algum apelido idiota que os casais usam, ele nunca seria esse pilar para você, então não adiante ficar pensando nisso.
Wagner retira o sorriso do rosto ao continuar, parecendo arrependido ao se lembrar de algo:
- Foi mal, acho que a parte da camisinha não caiu bem né? – te olha de canto- Mas foi sua culpa. – Declara o mais velho.
- Minha culpa? – Você rebate, mesmo não estando brava.
- Sim, você quem me provocou primeiro, eu só devolvi na mesma moeda. – Explica.
Você finge um olhar triste, cabisbaixo, como se estivesse relembrando a reação do garoto, e em como Wagner só te colocou em problemas, mas quando ele te olha preocupado, você não aguenta, e cai no riso. Ele não entende nada a princípio, mas depois vendo que você não se importou, ele se entrega a uma gargalhada junto com você, quebrando a tensão.
- Fica de boa. – Você o tranquiliza, limpando as lágrimas que se formaram no canto dos seus olhos devido a risada intensa.
- Mas ele ficou bravo? – Questiona, só para ter certeza de que não te prejudicou com o rapaz. - Se quiser, sei lá, eu posso falar com ele e esclarecer tudo. Não quero passar a ideia errada de você para seus amigos. – Diz receoso.
Você sabe o que ele está insinuando, e entende agora a imagem distorcida que Matías e os outros devem ter tido sua. Com um cara mais velho, comprando bebidas, e preservativos, mas sinceramente, não liga nenhum pouco. Até onde todos os garotos sabiam, você estava solteira – o que tecnicamente era verdade mesmo – só nutrindo uma paixão platônica pelo rapaz, então poderia sair com quem quisesse sem dar satisfações, talvez tenham estranhado que isso tenha acontecido logo depois do aparecimento da ex do dito cujo, mas enfim. Sabia também que Fran, o único que sabia de tudo, não te julgaria, sendo verdade ou não. E Matías, ele que se fodesse pelo que pensa ou deixa de pensar, isso já não é mais problema seu.
Este não é o caso, mas você poderia estar muito bem sim, transando por aí e afogando suas mágoas no primeiro corpo quente que encontrasse pra aquecer sua cama, mas não quer, e mesmo se quisesse, isso não dizia respeito a ele.
- Obrigado por defender a minha honra, Senhor – Você diz fazendo graça, e até mesmo uma mini reverência improvisada e debochada – Mas não será necessário, eu não devo satisfações a ele, e se quiser pensar algo de mim, o problema é dele.
Você se mexe desconfortavelmente no acento do carro. O mero mencionar do garoto já faz com que seu íntimo estremeça e se feche em torno de nada, sentindo falta dele e de seu corpo. Mesmo não querendo admitir, você acha que uma boa parte do seu mau humor ultimamente, se deva também a falta de sexo, além do coração partido. Não queria se render tão rápido e com tanta facilidade aos encantos dele como fez. Mas foi muito prazeroso, e você também estava com saudades.
Mas não sabe ainda por que ele insistiu em falar com você, se não queria ter nada sério. Honestamente, só deve ter ido atrás, pois pensou que você estava com outra pessoa. O típico cara que só dá valor quando perde. E você o deixou acreditando nisso, porque uma parte sua gostou que ele estivesse machucado, que estivesse na sua posição do restaurante, só para ver a quão boa é a sensação. E você não gosta dessa parte de si mesma. Por mais que tenha dito que não liga para o que ele pensa, você não quer ser a escrota da história e machucar alguém a custo de nada. É errado, sujo, e totalmente mesquinho. Não tem para que ficar jogando esses joguinhos psicológicos se você quer por um final em tudo.
Mas foi tão bom. Matias sempre foi um bom amante na cama, mas quando estava com raiva, se transformava em algo a mais. Sentia uma fome e necessidade de te repreender e te pôr em seu lugar. Te mostrar quem estava no controle da situação, e como poderia te reduzir a uma bagunça de gemidos se quisesse. E com muita vergonha, você se pergunta, se está com mais raiva por ter cedido, e ter inflado o ego dele, ou por terem tão pouco tempo e não poderem ter continuado. É ridículo como você já sabe a resposta para isso.
Mas tentando deixar o assunto de lado por enquanto, você liga o rádio e deixa tocando uma música aleatória, só para preencher o ambiente. Você não quer ficar pensando no garoto que te dedou em um banheiro a minutos atrás, enquanto está do lado de seu cunhado. Ainda tensa se encolhendo no banco, e sendo cautelosa para que ele não veja através de você, e descubra algo, ou que note os hematomas roxos começando a aparecer.
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O resto da sua tarde é bem tranquila e monótona, o que você aceita de bom grado depois da manhã movimentada. Como estava um dia quente, seria estranho colocar uma blusa de gola alta, então teve que pesar a mão na maquiagem, e esperar que ninguém suspeitasse. Assiste suas aulas, conversa com suas amigas, e depois vai para casa descansar. A vida parece tão cinza sem ele por perto. Era uma quietude que você pensou que gostaria depois de um tempo, mas não estava sendo o caso.
Já em sua cama, tarde da noite, você tenta miseravelmente cair no sono. Mas está sendo impossível. Se você estivesse sozinha em casa, provavelmente iria beber algo forte que pudesse te apagar rápido, mas não faria isso com a presença de sua irmã sob o mesmo teto. Ela iria surtar se descobrisse que você está se embebedando no meio da semana. E não queria arriscar chamar a atenção dela de maneira exagerada para você, foi um milagre que ela não tenha notado o seu pescoço quando chegou. Você não iria brincar com a sorte. Com um bufo irritado, você se vira no colchão e tenta encontrar uma posição mais confortável. Um sono balanceado nunca foi um problema para você, e quando era, Matías encontrava um jeito muito bom de te cansar, e te fazer dormir a noite toda. Mas agora, ele quem era o motivo de você não conseguir pregar os olhos. Os flashbacks dos dois naquele banheiro, te deixam excitada e frustrada. Não deixando que seu corpo relaxe o suficiente para sucumbir a um repouso merecido.
Decidindo que não consegue continuar assim, se levanta vai até a cozinha tomar um copo d’água, e tentar acalmar os ânimos. Mas não adianta muito. Sem outra escolha, começa a voltar para o quarto, silenciosamente, não querendo fazer barulho e acordar os outros.
Mas no meio do percurso, no corredor, escuta alguns sons abafados, e decide se aproximar para ver do que se tratava:
- Isso, continua – Vinha do quarto de sua irmã, e definitivamente era a voz dela – Isso, não para! – Exclama um pouco mais alto, e dessa vez o som é acompanhado com o ranger da cama, e a mesma batendo na parede.
Você dá um passo pra trás assustada ao perceber o que está acontecendo. Dá meia volta com nojo, e se esconde em seu quarto tentando esquecer o que acabou de ouvir. Pelo menos tiveram a decência de te esperarem dormir para começarem com suas atividades noturnas.
Mas isso só te traz ao seu problema inicial. O sexo nunca foi muito importante para você antes dele. Mas depois, se tornou algo essencial, contínuo, um desejo que precisava ser satisfeito a todo momento. Quando estava feliz, e queria comemorar, triste e queria esquecer, quando estava calma e queria algo mais preguiçoso, e quando estava com raiva. Principalmente com raiva. Querendo fazê-lo se submeter a você e vice-versa.
Recusava a tocar a si mesma, pois saberia quem iria vir a sua mente no momento, e não queria que ele fosse dono de mais essa parte de você. Então passa a noite quase em claro, adormecendo somente quando falta poucas horar para amanhecer.
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No dia seguinte, quando está na faculdade, você e os outros estudantes são recebidos com a notícia de que o último período seria vago, o que foi muito bom para vocês, mas muito ruim para o professor que teve que se ausentar, pois não estava se sentindo muito bem, e não pode comparecer. Você manda uma mensagem avisando a sua irmã, para que ela não venha te buscar no horário combinado, pois iria embora mais cedo, o que ela é bem rápida em responder. Depois da noite passada, você mal falou com ela essa manhã, ainda envergonhada por ter flagrado um momento tão íntimo. E para o seu horror e surpresa, ela diz que está indo agora te pegar, pois tem planos para a tarde das duas.
- Já sei o que podemos fazer hoje. - Diz com as mãos no volante dirigindo para só Deus sabe onde.
- O que? – Você rebate interessada.
- Compras! – Responde com um gritinho animado e erguendo os ombros.
Você tenta fazer o seu melhor para demonstrar excitação com esse plano, mas não sabe exatamente se consegue. Vocês fizeram compras no dia seguinte em que ela tinha chegado, passando o domingo inteiro no shopping, comendo, vendo um filme romântico clichê em cartaz, comprando besteiras, e encerrando o dia com boliche e comida de fast food. Foi legal ter um dia das garotas, mas era isso, um, e pra você já era mais do que o suficiente. A ideia de ter que passar o resto do dia carregando sacolas, ou experimentando roupas, tendo que tirar, colocar, e depois tirar de novo, não te atrai em nada.
Ainda no estacionamento você a tenta fazer mudar de ideia. Considerar alguma outra alternativa ou atividade que ambas gostem.
- A gente não pode fazer outra coisa? – Diz ainda no carro.
Ela se vira para trás esticando o braço, tentando alcançar sua bolsa no banco de traseiro.
- Como o que? - Pergunta, finalmente agarrando o acessório e conferindo se tem tudo o que precisa dentro.
- Ir pra casa, ver um filme, e pedir alguma coisa. – Você descreve sua noite ideal, o que te rende um olhar incrédulo e julgador em sua direção. Ela sai do veículo e te espera do lado de fora, o que com um grunhido você obedece e faz. Ela retoma o assunto então:
- Primeiro, já é tarde demais porque já paguei o cartão de estacionamento – Explica, e você não consegue evitar revirar os olhos com essa desculpa – E segundo, tenho que ver a roupa do casamento. – Conclui, fechando e acionando o alarme do carro, se dirigindo a entrada do lugar enorme e lotado, sem esperar que você a siga.
- Como assim roupa do casamento? – Questiona incrédula - A cerimônia é daqui um mês e você ainda não tem o seu vestido? – Você sente como se pudesse arrancar os cabelos agora.
Ela te encara, e parece magoada ao rebater:
- O meu vestido está pronto a meses, você é uma das madrinhas, e deveria saber disso. – Diz duramente.
Então tudo volta em um borrão. As chamadas de vídeo no ateliê, fotos infinitas de modelos e tipos de tecido, por Deus, você até tinha opinado no tipo de corte que teria melhor caimento no corpo dela. Como pode esquecer?
- Me desculpa, acabei me confundindo. – Fala arrependida, e se encolhendo.
Ela começa a dar passos apressados, ficando muito a sua frente, e você a segue prontamente. Quando se aproxima, ela recomeça:
- É o meu casamento, como você esquece da droga de vestido que eu vou usar? – Ela diz exaltada, claramente magoada e sem olhar em sua direção, te ignorando. Mas se recompondo, para de caminhar, e se vira para você – Às vezes sinto que você anda dispersa e não liga para mais nada. – Te acusa.
- O que? É claro que eu ligo. – Você se defende imediatamente – Eu só me atrapalhei um pouco pra lembrar do vestido, mas é claro que eu me importo.
Ela te olha, e pela primeira vez, sente como se ela estivesse realmente brava contigo:
- Você não tem estado presente para opinar em nada em relação ao casamento, seja decoração, comida ou até a droga dos guardanapos de mesa. – Ela aponta friamente - Eu e a mamãe quem decidimos a maioria dos detalhes. Eu tive que escolher o meu buquê com uma outra amiga minha que vai ser madrinha, sendo que é você quem é a obcecada por flores, e nem nisso você se dispôs a me ajudar. – Nessa parte, a voz dela vacila, e você se sente afundando no lugar. Não tinha notado que tinha negligenciado sua irmã tanto assim. Para ser franca, você se lembrava bem brevemente de uma discussão a respeito dos arranjos de flores nas mesas e decoração, mas não prestou atenção o bastante para recordar com clareza.
- Me desculpa, não tinha percebido que estava tão ausente. – Ela ignora suas palavras e decide continuar com o sermão, o qual você merece é claro:
- E sabe o que mais? Você também não fez a sua parte em outras coisas. To te pedindo o nome de algum acompanhante a semanas. Preciso saber, se vai levar alguém para encaixar os lugares, tanto na festa quanto nas fotos em família.
E aí quem está o problema. Você tem evitado pensar na cerimônia, pois não sabia quem iria levar, mas sabia quem queria levar. O que são coisas bem diferentes. Como convidar alguém que não demonstra o mínimo de interesse em ter algo sério e concreto com você para um casamento? Onde estariam presentes toda a sua família, amigos, e pessoas que te conhecem desde sempre. É simples, você não convida.
Fica um silencio desconfortável entre as duas. Você, sem saber o que dizer, e ela, medindo as palavras para debaterem o assunto.
- E não foi para mim que eu vim ver roupa. – Declara um minuto depois.
- Então pra quem? – Agora você está mais confusa ainda.
- Pra você. – Ela se dirige a escada rolante, indo para o próximo andar, e você vai atrás, ficando um degrau abaixo. – Eu te passei a paleta de cores a meses atrás, para que você pudesse comprar ou alugar algo que te agradasse. Mas desde que eu cheguei na tua casa, não tem uma peça de roupa na cor que eu havia falado. Você esqueceu não foi? – Ela te fita, olhando para baixo por trás do ombro.
- Foi – Mesmo já esperando essa resposta, ela fica ainda mais desapontada.
- É uma data importante sabia? Você além de ser madrinha, vai estar em todas as fotos da nossa família, não pode deixar para ver esse tipo de coisa no dia. – Te relembra. Vocês saem da plataforma giratória e começam a percorrer o local, repleto de lojas e pessoas.
- Eu já disse que sinto muito. – Está começando a ficar irritante agora. Você sabe que errou, mas já pediu desculpas. O que mais ela quer?
- Então demonstre! Eu tentei ser legal, mas sendo bem sincera – Ela se aproxima e te encara desafiadoramente - A gente não vai sair daqui hoje, enquanto não achar a droga de um vestido marsala, estamos conversadas? – Aponta o dedo no seu peito. Você se sente uma criança de novo, levando bronca por alguma travessura, e se segura para não arranjar uma briga no meio de todos.
- Sim. – Engole em seco, fechando os punhos e desviando o olhar.
- Ótimo! – E continua andando, como se não tivesse te destruído a apenas alguns segundos atrás.
Vocês visitam várias lojas, mas não encontram nada que agrade as duas de primeira. É muito estressante, e você começa a entender o nervosismo dela. Em um ateliê teriam que ver o aluguel ou comprar a roupa, o que sairia uma fortuna tão em cima da hora, isso considerando que tivesse algo disponível para alugar na mesma data e na cor exigida. O que seria difícil. Se fossem encomendar, teriam gastos semelhantes com mão de obra ou para fazer algum ajuste. A culpa começa a te corroer por dentro. Você quem deveria ajudá-la, não o contrário.
Eventualmente, acabam encontrando uma loja que chama a atenção das duas. É um espaço aconchegante e acolhedor. Bem iluminado e repleto de araras com vestidos de vários comprimentos, modelos e cores, adornando o ambiente. Assim que adentram, são recebidas por uma vendedora atenciosa e muito prestativa. Após alguns minutos de conversa, com sua irmã explicando, o que procuravam e queriam, a vendedora às guiam para uma sala de espera com o provador, e retorna depois com diversas opções para que você experimente.
- Eu estou me sentindo como um enfeite de Natal. – Diz com a primeira opção no corpo. Um vestido colado, cheio de brilho e decotado na frente.
Ela te avalia de cima a baixo:
- Um enfeite de Natal Sexy – Conclui.
Na segunda opção, é preciso que ela entre no provador, para te ajudar com a amarração nas costas. E você aproveita para se redimir:
- Me desculpa, eu não tenho sido eu mesma nos últimos meses. – Encontra o olhar dela através do espelho - Em vários aspectos. – Você diz, e ela sabe ao que se refere, ou a quem. - Mas vou ser mais presente agora, prometo! – Termina, esperando que ela acredite em suas palavras.
Ela suspira, e segurando firme em seus ombros, te aconselha:
- Eu sei que o primeiro amor pode ser animador e estimulante, mas não se perca por causa disso.
Suas bochechas queimam com essa afirmação. Como assim amor? Tudo bem, você admite que estava de cabeça para baixo pelo garoto, ficava encantada com a presença dele e admirava sua inteligência, humor ácido e em como ele te tratava na cama. Mas era só isso certo? Uma paixão boba, que iria passar eventualmente depois de algum tempo.
- Mas tudo bem, eu te desculpo – Te tira de seus pensamentos, te olhando afetuosamente – E que bom que você disse que seria mais presente – Surge um sorriso maléfico em seu rosto – Depois daqui iremos ver sapatos! – E com um pulinho animado ela começa a fastar as mãos, e se distanciar, mas no último segundo, com um olhar franzindo, ela volta com os dedos e os esfrega com força no seu pescoço, o que te arranca um chiado baixo. Você vê os dedos dela levemente mais claros por conta da maquiagem, e então entende o que aconteceu.
- Que merda é essa? – Diz com os dedos pintados e vendo o seu pescoço, que agora está mostrando um leve hematoma, o qual você tinha se empenhado tanto em cobrir. – Quer saber, você me conta depois, estamos com pressa agora – E se retira, te deixando confusa e com medo.
Ocasionalmente acabam escolhendo um vestido, que agrade as duas. É elegante, te caiu bem, não é tão chamativo, se adequa aos padrões e expectativas que a ocasião pede, e está em um valor acessível. Você agradece aos céus, quando a vendedora retorna com um par de saltos que combinam com a roupa escolhida, poupando tempo e esforço para você. Obviamente, ela fez isso pensando em sua comissão, mas ainda assim, te ajudou bastante.
Se despedem da moça, satisfeitas com a compra e com sorrisos no rosto. Seu alívio não dura muito, quando sua irmã se vira, e diz que precisam conversar. Se dirigem a uma praça de alimentação, e você começa a contar o que aconteceu. Em como devolveu as coisas dele, não mandou mensagem, e o encontrou na manhã passada enquanto estava com o noivo dela. Relata que o rapaz pediu para que conversassem e assim você o fez, não querendo causar uma comoção na hora, e que consequentemente, acabaram se beijando.
- Beijo? Você quer que eu acredite que está com chupão no pescoço por causa de um beijinho? – Diz debochada.
- Ok, a gente deu uns amassos no banheiro tá bom? Só isso – Afirma com o rosto queimando de vergonha, sabendo que é mentira – Não conta pro Wagner, não quero que ele saiba disso. – Pede meio embaraçada.
- Não contar o que? Que você foi dar uns pega no banheiro ou que voltou com o garoto?
Você ignora a provocação dela.
- Não é bem assim, e eu não voltei com ele, foi só um beijo. – Rebate.
- Não vou questionar o porquê não me disse, porque é obvio que você não queria ouvir sermão, mas é bom você estabelecer limites com ele, e logo – Observa - Não adianta devolver as coisas dele e o dar o que ele quer. - Acusa.
As palavras dela te machucam, com a insinuação que acabou de fazer. Você é amarga ao responder:
- E o que ele quer exatamente? Sexo? Uma rapidinha no banheiro? - Pergunta com desgosto.
- Não – Ela nega prontamente – Você. Isso é o que ele quer, você.
A afirmação dela em dizer que ele te queria, e não somente ao seu corpo, te conforta. Mas não tem como saber exatamente se é verdade, já que você e ele nunca exploraram mais do que isso um no outro.
- Bom, podemos ir embora se quiser, a menos que você queira comprar alguma coisa? – Ela diz, encerrando o assunto e pegando a bandeja, começando a descartar os restos de comida. Você se levanta também, e para a surpresa dela, concorda e diz que quer comprar sim algo.
- O que? - Ela questiona curiosa.
- Tampões de ouvido – Responde – Não quero mais ter que ouvir os gritos da noite passada vindo do seu quarto. – Explica ao descartar a comida também, e segue em direção a próxima loja. Agora, é ela quem fica envergonhada, e você dá um riso de satisfação com isso, enquanto caminham.
-- --
Já em casa, você começa a refletir sobre o que sua irmã disse, em estabelecer limites com o garoto. Você deveria ser a madura da história e tentar resolver a situação com ele, mas se recusava a dar o primeiro passo e ceder, e estava mais uma vez desapontada pela falta de tentativa de comunicação pelo lado dele. Como ele poderia em um instante te proporcionar um momento desenfreado de paixão, e no outro simplesmente não dizer nada? Você quem o deu as costas e o deixou lá, mas o que ele queria que você fizesse? Ficasse enrolando, enquanto ele dizia que sentia sua falta para te convencer a voltar a mesma situação de merda que se encontravam antes? Ou para dizer que tinha voltado com a ex e essa seria a última vez? Ou até pior, para dizer que queria que você fosse sua amante e continuassem se vendo em segredo? De qualquer forma, você sabia que o que quer que ele fosse falar, não iria te agradar, então fugiu, como o garoto sempre faz, não ligando para o que ele pensou ou vai pensar.
Também não parava de pensar na possibilidade de amar ele, e isso te assustava, pois se fosse verdade, você não saberia o que fazer com esse sentimento. Ele não era parecido em nada com o que você queria ou procurava em um namorado. Ele não era educado, gentil, galante ou culto, muito pelo contrário, ele era sarcástico, teimoso, com um humor ácido e as vezes difícil de lidar. E mesmo assim, você se encantou por ele, e foi o bastante para o sentimento florescer e crescer cada vez mais dentro de seu peito.
Isso era tão patético! Provavelmente ele estava nos braços dela, enquanto você estava aqui se martirizando. Você tinha que mostrar a ele que não iria voltar com um simples estalar de dedo, tinha que demonstrar convicção e certeza, mas sabia que se ele aparecesse na sua porta, agora, e te prometesse tudo o que você queria, falasse todas as palavras certas, você se deixaria levar e se entregaria com o maior prazer do mundo. Você se olha no espelho do seu quarto, passando a mão pelo pescoço e admirando as marcas deixadas, a única conexão que tem com o garoto no momento. Seus olhos viajam para o guarda-roupa, onde se encontra o vestido recém comprado e os pares de sapatos. Você o pega e o traz em frente ao corpo, dessa vez querendo realmente ver como fica sua aparência, não avaliando se era bom o bastante ou adequado para a ocasião, e não consegue deixar de se perguntar, o que ele acharia. Te acharia bonita? Sexy? Te ajudaria a tirar do corpo após o casamento? Em um universo alternativo, onde você o convida e ele aceita de bom grado, e conhece toda a sua família e os encanta, assim como fez com você.
Mas isso é uma ilusão idiota, você nem sabe o porquê se deu ao trabalho de concordar com sua irmã, quando ela perguntou se você iria querer reservar o lugar de alguém como acompanhante. Mas já estava saindo com o Matias, e pensou que até a data já teriam se oficializado e poderiam ir juntos, que ingenuidade a sua.
Com um suspiro cansado e de derrota, decide se preparar para dormir e começa a guardar as coisas, devolvendo a roupa para o cabide com cuidado para não amassar o tecido. Enquanto faz isso, é notificada com o som do telefone, alertando que chegou uma nova mensagem. Olha ao redor a procura do aparelho e o avista em cima da cômoda com a tela virada para baixo. O pega sem prestar muita atenção, e se dirige para a cama, provavelmente deve ser alguma das meninas mandando mensagem no grupo, ou algo relacionado a faculdade. Mas assim que desbloqueia a tela inicial, agradece por ter se deitado e assim não ter como cair devido a surpresa:
- Precisamos conversar – Diz a mensagem que Matias acabou de enviar.
Seu coração dá um pulo, e os pequenos pontos pulando na tela, indicam que ele ainda está escrevendo alguma coisa, e você espera, mordendo os lábios em sinal de ansiedade.
- Posso ir te ver? – Pergunta o garoto.
NÃO! Você quer escrever em letras maiúsculas e mandar pra ele. Deve te achar muito idiota para acredita que você vai recebê-lo em sua casa tarde da noite, para “conversarem”.
- Não vou tentar nada. – Ele envia, parecendo ler os seus pensamentos.
E quando você pensa em dar ao garoto o benefício da dúvida, ele replica:
- A menos que você queira, é claro.
Arghh! Isso te faz entrar em uma nova onda de fúria. Como ele tem coragem de falar assim com você? Ficar brincando depois de tudo? Você não perde tempo em respondê-lo, e acabar com as expectativas dele:
- Você é ridículo, não quero nem olhar na tua cara.
Ele responde prontamente.
- Desculpa, vou parar. Mas precisamos conversar.
E realmente precisam. Você precisa de um fechamento para poder seguir em frente, e mesmo sabendo que talvez não goste da resposta, decide que você merece uma explicação pelo motivo dele ter agido como moleque em toda essa história. Se ele estiver disposto a ter uma conversa séria, ótimo, se não for o caso, pelo menos vai poder falar todas as coisas que ficaram entaladas na sua garganta todo esse tempo.
- Ok – Você responde, e antes que ele possa te enviar mais alguma coisa, você é mais rápida e envia antes – Amanhã de manhã, no café perto do Campus.
É claro que você não vai arriscar ter ele na sua casa ou ir à dele e acabarem na cama um do outro, então optou por um lugar público, mas se lembra envergonhada, que nem isso foi o suficiente para impedi-los da última vez.
- Combinado.
E com isso você acha que o assunto está encerrado. Mas se surpreende ao ver uma última mensagem.
- Boa noite.
E indo contra todos os seus desejos de ignorá-lo, ser rancorosa, e tratá-lo mal, você o responde:
- Boa noite.
-- --
Você esteve em um estado de espírito completamente inquieto e perturbador a manhã inteira desde que acordou, sem saber muito bem o que esperar dessa conversa que iriam ter, e em como iria reagir quando o visse de novo.
Quando você se aproxima do local, examina o ambiente e surpreendentemente, ele já está te esperando. Sentado em uma mesa para dois, parecendo nervoso, e para seu descontentamento, bonito como sempre. Você até fantasia por um momento, que isso poderia ser um encontro. Que você estava indo passear com o garoto para se conhecerem melhor. Mas não é o caso. Uma das possibilidades que passou por você, do motivo dele ter te chamado, foi para se desculpar e te dar um fora, para contar que voltou com a ex, mas que não queria ter pontas soltas contigo. Mas não valia a pena se perguntar o que ele iria te dizer, a dúvida estava te matando, então era melhor acabar com isso de vez.
Com esse pensamento, você se aproxima da mesa, e ele como o cavalheiro que nunca foi, puxa a cadeira para que você se sente.
Assim que você se acomoda, uma garçonete chega, depositando uma xícara de café preto para o rapaz, e um prato com um doce na sua frente, você está prestes a falar que é um engano, que não pediu nada, mas ao notar que é o seu favorito, e olhar para Matias, ele te entrega tudo com o olhar:
- Você lembrou. – É a primeira coisa que diz a ele, assim que a garota se afasta.
- Sim. – Concorda, te lançando um sorriso contido.
Lembranças passam por você de todas as vezes em que estiveram aqui. Não era um lugar especial, mas era perto do Campus, e tinha o seu doce favorito, nada muito requintado, apenas uma fatia de cheesecake, que te fazia contente sempre que comia, então vinham aqui com certa frequência, mas nunca era um encontro, claro.
- Ok, então vamos conversar. – Você fala mudando o seu semblante, ficando séria, e o encarando, esperando que ele comece a dizer algo.
- Oi, como você tá? Estou bem também, obrigado. – Retruca debochado.
- Caso não tenha dado pra notar, eu estou brava com você, não vim aqui pra jogar conversa fora, então ou você fala algo que valha a pena, ou vou embora. – Ameaça.
Ele parece considerar se você está falando sério, e algo em seu olhar o faz desistir e concordar com o que disse. Ele se endireita na cadeira, e limpando a garganta, recomeça:
- Eu quero me desculpar – Você não diz nada, em um sinal claro para que ele prossiga – A noite no restaurante, foi injusto com você, sinto muito.
- Por que você fez aquilo? – Interroga ele.
- Eu, eu estava confuso, eu e a Malena nós... – Ele dá uma pausa, sem saber como continuar, e você fica aflita com o que vem a seguir. – Nós namoramos por dois anos, e terminamos cerca de um ano atrás... – Ele recapitula os fatos.
- Por que terminaram? – O interrompe, com a dúvida que sempre passava por sua cabeça. Um casal não termina um relacionamento de tanto tempo por nada. Quando os dois se viram no restaurante, ela ainda parecia claramente interessada, e após o comportamento dele, não poderia dizer que o mesmo estava ileso a presença dela, então o que houve realmente para que rompessem?
- Ela tinha conseguido uma bolsa pra desenvolver a tese dela no exterior – Diz, e começa a mexer o café, o revirando com a pequena colher que se encontrava na mesa, claramente desconfortável com o assunto - Eu quis continuar com o relacionamento, mesmo que fosse à distância, mas...ela não.
Um sentimento de choque e tristeza, passam por você. Primeiro, o fato deles não terem terminado por conta de alguma briga, desentendimento, discussão, ou a falta de carinho um pelo outro, e sim por conta do distanciamento. Segundo lugar, o cara por quem você estava louca, e que era averso a compromisso, quis tentar uma relação à distância? Isso parecia uma ideia tão absurda dele considerar, mas talvez essa parte, essa fração dele, esteja reservada apenas para ela, não para olhares forasteiros como o seu.
- Então terminaram porque ela foi embora? – Pergunta para confirmar, e odeia como suas palavras saem baixas, assim como o seu olhar e seus ombros se encolhendo, conforme se afunda na cadeira, tentando sumir.
- Sim, até pensamos em ter um relacionamento aberto, mas não era minha praia, então tomamos essa decisão mútua. – Ele solta um suspiro, e procura o seu olhar ao continuar – Eu não quero te machucar, não precisamos falar sobre isso. – Cessa o assunto, preocupado com sua reação.
- Não, eu quero saber – Ele te fita, ainda indeciso se deve prosseguir – Não quero ficar no escuro sobre isso. – Você justifica.
- Tudo bem – Acena com a cabeça, ainda duvidoso - A gente ainda se gostava, sabíamos que só era um momento ruim, e não queríamos acabar com tudo por causa de alguns meses separados, então... meio que fizemos um acordo um com o outro. – Nessa última frase, ele desvia o olhar e coça a nuca, em sinal de embaraço.
- Que acordo? – Você acha que pode estar hiperventilando agora.
Matías não quer falar, isso é obvio, ele olha para os lados, e solta uma expiração, conformado que não tem mais como evitar esse assunto.
- Ela poderia ficar com quem quisesse, e eu também. Se quando ela voltasse, ambos estivessem solteiros, aí voltaríamos, se não, continuaríamos amigos. – Conta por fim.
Você não sabe como reagir a essa nova informação. Isso só prova que ele nunca teve a intenção de te levar a sério, era só um escape enquanto a pessoa certa estava ausente. O que ele faria quando ela voltasse? Iria te descartar sem mais nem menos? Te jogar fora como um brinquedo quebrado?
- F-foi por isso que você não quis assumir nada, n- não é? Porque se ela voltasse e você estivesse namorando alguém, aí teria quebrado o acordo. – Gagueja ao pronunciar as palavras.
Ele engole em seco antes de responder:
- Sim.
Você sabia. Sabia, e ainda assim te machuca saber que estava certa. Você era só um passatempo, uma distração de quem realmente importava. Se sente suja, e usada, percebendo que os seus esforços, e paciência com ele, nunca te levariam a nada, pois desde o começo já estava fadado ao fracasso.
- Bom, acho que deu tudo certo no final então – Com a costa da mão, você limpa uma lágrima teimosa, que insistiu em aparecer, - Agora você pode ter sua garota de volta. - Constata.
- Eu quero você, por isso to aqui. – O rapaz diz, mas você mal presta atenção, ainda brava por sua confissão anterior.
- Não, você acabou de dizer, você estava esperando por ela, por isso que não me assumiu, eu devia ser só um prêmio de consolação pra você – As lágrimas, começam a querer vir a todo custo, e você se inclina sobre a mesa, trazendo as mãos ao rosto, se cobrindo e tentando controlar um soluço.
- Não, é claro que não, você nunca foi um prêmio de consolação, ou uma segunda opção, eu gosto de você, por isso to aqui, pode não ter começado como algo sério, assim como qualquer outro relacionamento, mas eu certamente me importo e tenho sentimentos por você. – Ele tenta se explicar.
- Você disse que quando ela voltasse, dependendo da situação, iriam reatar. Foi no dia do restaurante que ela voltou? Que você a convidou? – Questiona, ignorando as palavras anteriores dele. O mesmo só solta uma lamentação e prossegue:
- Ela já havia voltado alguns dias antes, só estava terminando de se instalar. Não mantivemos contato durante o término, mas quando ela chegou na cidade me enviou mensagem, me chamou pra sair e eu disse que já tinha planos, juro que não chamei ela, mas ela apareceu mesmo assim. Aquele dia, foi a primeira vez em que a vi pessoalmente depois do término. - Conclui ele.
- Se ela tivesse te perguntado aquele dia, pedindo pra reatar, vocês teriam voltado, não é? – Interroga em um tom de acusação.
- Eu já disse, estava confuso. Não tem como responder isso, eu disse pra ela para conversarmos em outro momento, longe de todos. – Relata o garoto.
- E longe de mim também, certo? – Sua voz é carregada de rancor.
- Sim, mas não como você está pensando. Eu não sabia o que fazer, estava desconcertado, tinha que falar com ela também e apaziguar a situação. - O mesmo argumenta.
- Tadinho de você, tendo que escolher qual garota levar pra cama dia sim, ou dia não. – Retruca com raiva e deboche.
Ele morde as bochechas, tentando se conter, e não dizer a coisa errada.
- Olha, eu admito que fiquei na dúvida, ok? Eu tenho um passado e história com ela, então fiquei balançado quando a vi depois de tanto tempo, mas eu to com você agora, eu quero você, sei que não acredita em mim, mas quero uma chance pra te mostrar que melhorei- Fala em um tom sério e decidido.
Você não sabe o que responder, mas não precisa, pois a conversa é interrompida, por um pequeno zumbido de notificação em seu celular, o qual você verifica imediatamente, querendo fugir da situação, e tem vontade de revirar os olhos ao ver que é apenas sua irmã te perguntando se poderia pegar uma bota emprestada.
- É aquele cara? Seu namorado? – Erguendo os olhos da tela, você nota como o garoto está com o semblante fechado, carrancudo e parecendo uma criança com birra. Mas ignora e responde sua irmã, dizendo que sim, e para ter cuidado.
- Ele não é meu namorado. – Diz irritada, já sabendo a quem ele está se referindo, e guardando o celular na bolsa, para não serem mais interrompidos.
- Um ficante então? – Questiona cruzando os braços e tensionando a mandíbula.
- Não que eu te deva satisfações, é claro – Você o encara, com a melhor feição de desgosto que consegue fazer e responde – Mas não, ele não é meu ficante, namorado, ou algo assim, ele é meu cunhado. – Explica por fim.
Ele parece confuso, franzindo o olhar, como se estivesse tentando se lembrar de algo.
- Eu não sabia que você tinha irmã – Ele diz.
- Eu sei, você nunca perguntou da minha família lembra? Isso não fazia parte da nossa “relação” – Você acusa. Sabe que é injusto trazer isso à tona agora, mas quer fazer com que ele reconheça que te tratou mal, e que você não merecia isso.
- Você está certa, me desculpe. – Diz com a cabeça abaixada em arrependimento.
Mas de repente, ele parece tentar conter um sorriso de surgir, aliviado ao saber que você não estava ficando com ninguém, mas isso rapidamente muda para nervosismo, remorso e até mesmo, pânico? talvez? Você realmente não o entende as vezes.
Depois de um momento de silencio, você quem decide o questionar:
- E você? Voltou com ela, ou ficou com alguém? – O receio e medo da resposta é bem perceptível em seu tom, e ele nota isso.
O rapaz paralisa, ficando com a cara pálida e baixando o olhar, parecendo culpado. E quando você está prestes a falar que vai ir embora, e pra ele não te procurar mais, ele se recompõe e diz com a maior convicção que você já viu:
- Não. – Sua voz não treme, ele não gagueja, e não dá nenhum sinal de que possa estar mentindo. Ainda assim, você não sabe o porquê, mas não se convence totalmente com a resposta dele. Mas se obriga a acreditar, pois o mero pensamento dele com ela, ou com outra pessoa, depois de como as coisas ficaram entre vocês, te machuca profundamente. Então empurra esse sentimento para o fundo do seu âmago e ignora os seus instintos. Ele percebendo sua relutância, continua:
- Por favor, a gente pode recomeçar, e eu vou fazer certo dessa vez. Vamos ter encontros, andar de mãos dadas, fazer o que você quiser, até flores se for a sua vontade, só me dá uma chance. – Os olhos dele são suplicantes agora.
- Eu não sei. Isso é muita informação Matías, você acabou de me dizer que não ficamos sérios por meses, porque estava se “guardando” pra ela, e do nada, depois de dias sem nos falarmos, você quer voltar? É meio difícil entender o seu raciocínio aqui. – Explica, para que ele entenda o seu ponto de vista.
Ele procura sua mão em cima da mesa, hesitante em segurá-la, mas você não se afasta e deixa com que ele entrelace seus dedos junto com os dele, unindo os dois. Ele te fita e continua:
- Eu sei que errei, mas quero consertar isso – Aperta sua mão suavemente, e acaricia sua palma com os dedos, te trazendo uma sensação gostosa com o calor emanando dele - Quero me comprometer e ser melhor pra você, só com você. Por favor. – Ele termina a frase, e indo contra tudo o que você espera, ele traz a sua mão até os lábios, deixando um beijo casto ali.
Que merda era essa? Ele nunca demonstrou afeto em público, e de repente, além de segurar em sua mão, ainda a beija? No meio de várias pessoas? Ele com certeza sabe como te fazer derreter, você fica sem palavras e corada com o gesto, estupefata e ao mesmo tempo se odiando por ser tão afetada por ele. Mas não era isso o que você queria o tempo todo? Que ele se desculpasse, e te prometesse o mundo? Então por que está sendo tão relutante em aceitar?
- Eu vou pensar sobre isso. Mas tenho condições. – Começa, se sentindo uma vitoriosa por sua voz não sair falha, e tentando controlar o rubor em sua face.
- Ok. – Ele diz, dando um último beijo em sua mão, e a largando. Você imediatamente sente falta do contato.
- Primeiro, e se você não concordar, já finalizamos por aqui. – Lança um olhar sério - Não quero que você mantenha contato com a Malena, você vai ficar comigo e somente comigo, não ligo pro acordo que vocês fizeram de continuarem a amizade. Não me importa se é sua ex, se tem uma história, ou o que for, ela acabou pra você entendeu? – Termina, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha, e dane-se que você parece uma psicopata obsessiva.
- Tudo bem, eu concordo. – Responde prontamente.
Isso é estranho, ele está aceitando tudo muito fácil, você esperava um pouco mais de resistência da parte dele, não que você esteja reclamando, óbvio.
- E segundo, se me quiser de volta, vai ter que lutar por isso – Declara convicta, apontando um dedo em sua direção - Vamos no ritmo que eu quiser, ou seja, com calma, e vamos fazer certo desta vez. – Ele não parece entender o que você implicou, só inclinando a cabeça para o lado em confusão. Você revira os olhos e diz:
- Eu to querendo dizer: sem beijo, toque ou sexo. Você tem que me cortejar antes, se quiser chegar nisso.
A expressão dele cai, com certeza não esperando por essa exigência sua, e considerando a vida sexual dos dois antes do término, sabia que não seria fácil pra ele. Mas precisava disso, se ele te quisesse de verdade, e não somente o seu corpo, teria que te provar. Ele arruma o rosto e responde:
- Tudo bem – Diz convencido – Eu te conquistei uma vez, posso fazer de novo.
- Veremos. – Retruca em tom de desafio.
E com isso, um silencio se instala na mesa. De repente você se sente extremamente tímida, e sem saber como devem prosseguir a diante. Tem tantas coisas que ainda precisam ser ditas, esclarecidas, mas vocês vão se acertando pouco a pouco, ao menos é o que você espera.
- Você tá bonita. – Ele quebra o silêncio.
- Me bajular não vai te levar a lugar nenhum – Diz o alertando.
- Eu sei, mas ainda assim vou dizer. – Retruca, teimoso como sempre.
- Obrigado. – Agradece a contragosto.
- Me conta mais sobre sua irmã – Ele começa a se servir com mais café – Ela é mais velha?
Você é pega de surpresa com isso. Não acostumada com a demonstração de interesse dele em relação a sua vida pessoal, só quando envolvia estar entre suas pernas.
- Sim, ela é. – Confirma.
E antes que você se de conta, a situação não está mais tensa, com os dois tentando não pisar em ovos. Estão rindo, e conversando. Você pega o telefone e o mostra fotos de sua irmã, dela com seu cunhado, e dos três juntos. Até comenta do casamento, e ele se mostra realmente contente com os detalhes, provavelmente ainda aliviado de o homem não ser próximo de você, pelo menos não da maneira em que ele imaginava.
Você pergunta sobre os garotos, como eles estão, e pede para que o mesmo envie um abraço seu a todos, e se desculpe em seu nome por não terem conversado ultimamente. Você fica receosa em saber se eles estão chateados, ou ressentidos do seu comportamento, o que ele é rápido em negar, te tranquilizando, dizendo que eles entenderam a situação, e que apenas estão com saudades. Relata que contou ao grupo do envolvimento entre vocês, e que eles compreenderam. Mais uma vez te surpreendendo, em como ele está sendo transparente agora.
Ele é atencioso, e antes de irem embora, insiste para que você coma mais alguma coisa, sabendo como você é apaixonada pelas sobremesas de lá. Ele ri em como você abre um sorriso, e aponta animada para o doce, para que a garçonete o pegue. E em meio a isso, você não consegue parar de pensar, que se ele continuasse se comportando assim, você vai amar ele mesmo, e não vai se importar nenhum pouco com isso. Mas se está tudo tão bem, por que você ainda sente que tem algo errado?
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Espero que tenham gostado do capítulo, até o próximo 😚🩵
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leclerqueensainz · 1 year
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Uma Família de Três (C.L 16)
Part. VI — O Sol, a Tempestade e o nosso Arco-íris.
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⚠️Avisos: Angústia, Embriaguês e Tabagismo.
Palavras: 4.170.
Aproveitem a leitura!
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18 de outubro de 2018 —Texas, EUA
O barulho de risadas enchem o bar do hotel, há uma melodia alegre sendo tocada no piano por um dos hóspedes bêbados, vozes estridentes e altas ecoando e tentando se sobressair acima das notas do piano.
Eu continuo observando as interações felizes das pessoas ao meu redor, por um momento sentindo inveja de toda a diversão que sentem. Um som amargo escapa do fundo da minha garganta quando me dou conta do sentimento feio que estou deixando tomar conta de mim.
Virando para frente em direção ao balcão do bar, pego o copo de vidro redondo e viro de uma vez todo o líquido transparente que queima a minha garganta. Bato o copo contra o granito frio do balcão e levanto a mão para o barman, pedindo outra rodada. Pelo canto de olho posso ver a careta de desgosto que Jules faz enquanto observa toda a cena com os braços cruzados.
— Você não precisa ficar aqui se não quiser, não me lembro de ter pedido por um babá. — Digo sem olha-lo.
O barman escorrega um novo copo cheio com a cura para os meus tormentos e eu não demoro em derrubar mais um pouco do líquido ardente pela minha garganta.
— Eu poderia facilmente acreditar nisso se não fosse pelo fato de estar vendo você virar o quarto copo em menos de quinze minutos. — Jules diz e paga o copo da minha mão, me fazendo encara-lo com olhos raivosos. — Jesus, Marie! Que merda é essa? Absinto? — Ele faz uma careta e põe a língua para fora após dar um pequeno gole.
��� Eu preciso de algo forte esta noite. — Dou de ombros para ele e seus olhos escuros me fitam por um segundo antes que se revirem.
Jules não diz mais nada, apenas fecha os olhos e vira o restante do conteúdo do copo de uma vez. A careta que adorna suas feições quase que me faz rir, porém a sensação de desconforto no meu peito ainda é forte demais para qualquer demonstração que não seja de raiva e tristeza.
— Ele ainda está no quarto? — Pergunto a Jules e ele nega com a cabeça.
— Ele saiu com Pierre. — Responde e eu aceno em compreensão.
É claro que ele iria sair com Pierre depois da discussão horrível que tivemos. Afinal, eu sou a trouxa que afoga as mágoas em absinto. E ele... bem, ele é o cara que sai com o melhor amigo e provavelmente vai comer alguma vagabunda que se jogar em cima dele. Solto uma risada quando penso que não será qualquer vagabunda, mas sim ela.
Jules me encara de canto e eu sei que ele sabe exatamente o que acabei de pensar.
— Ela não está junto, Marie. — Ele diz e eu dou de ombros.
— Bem, não é mais da minha conta de qualquer maneira, não é? — Eu digo e ele nega com a cabeça em aborrecimento, mas opta pelo silêncio. Ótimo, cale a boca e me deixe beber.
Giro novamente a minha banqueta e volto a observar os outros hóspedes. Meu corpo queima de ansiedade em pedir mais uma bebida, ou até mesmo ir até o fumódromo e ascender um cigarro. A paz que sei que a nicotina me traria agora, faz com que eu morda os lábios em excitação.
—  Vou até o fumódromo. — Digo pulando da minha banqueta, agarrando rapidamente o balcão quando sinto tudo ao meu redor girar.
Em um piscar de olhos, Jules está ao meu lado me segurando fortemente pela cintura para que eu não me desequilibre e parta a cara no chão.
— Ei, ei, vá devagar! — Ele diz e sinto sua mão puxar a bainha do meu vestido para baixo. — Ninguém precisa ver mais do que seria aconselhável para um lugar público. — Um sorriso puxa seus lábios e eu o espelho.
— Obrigado. —  Digo e ele acena com a cabeça.
Caminhamos lentamente até a área aberta para fumo ao lado do bar, Jules ao meu lado com seu braço ao redor da minha cintura, para se certificar que eu terei equilíbrio o suficiente até nos sentarmos em um banco de madeira ao lado do cinzeiro.
Incrivelmente a ala de fumantes está vazia, o que me deixa um pouco mais relaxada para puxar o maço e o esqueiro da pequena bolsa que carrego. Jules apenas observa cada movimento que eu faço desde abrir a embalagem, puxar um dos filtros brancos, colocar entre os lábios e ascende-lo com o esqueiro. Ele permanece quieto e eu sei que ele está se revirando de desconforto por dentro. Fumar é uma das coisas que mais irritam Jules. Maconha uma vez ou outra não o deixava tão estressado, mas cigarros? Tsc! Ele odiava  profundamente. Mas hoje, parece ser mais uma das coisas que ele está me liberando fazer sem me dar um sermão de cinco horas sobre como eu provavelmente morrerei de câncer de pulmão aos 45 anos.
Eu aprecio a breve sensação de paz que atravessa o meu corpo com a primeira tragada e seguro a fumaça em meus pulmões um pouco mais de tempo apenas para tentar absorver um pouco mais da calmaria no meu sistema. O silêncio que nos envolve, apesar de ainda ser possível ouvir as vozes e música que vazam de dentro do bar, é reconfortante e eu não sinto a necessidade de quebrar aquele momento. Dou mais algumas tragadas, prendendo e soltando a fumaça, me concentrando em tentar reorganizar meus pensamentos. Algumas imagens dos acontecimentos de mais cedo rondando meu cérebro.
O silêncio permanece por mais um tempo antes que Jules seja o primeiro a quebra-lo.
— Ele não fez. — Ele diz e eu me viro para ele, encarando o seu perfil.
Eu sei perfeitamente sobre o que ele está falando, mas me recuso a emitir qualquer som, dou mais uma tragada.
— Ele não fez, Marie. — Ele tenta novamente, desta vez me encarando como se esperasse uma resposta minha. Eu dou de ombros. — Eu sei que te machuca, sei que você não quer ouvir nada sobre isso agora, mas penso que você precisa ouvir isso. —  Ele finaliza ainda me encarando, esperando qualquer reação.
Mais uma tragada. Mais um aperto no peito. Eu desvio meu olhar do de Jules e volto a encarar o arbusto do outro lado.
— Você tem razão. — Eu respondo após alguns segundos. — Eu não quero ouvir nada disso agora. — Digo jogando a bituca no cinzeiro e puxando outro cigarro do maço.
Mesmo não olhando para Jules, sei que há preocupação em seus olhos.
— Ele te ama, Marie. As coisas só estão muito confusas para ele agora. — Eu solto a fumaça com raiva pelo rumo daquela conversa.
— Sabe, se você quer tanto defender Charles, você deveria mandar uma mensagem para Pierre e perguntar a onde eles estão e ir até eles. — Digo mais áspera do que gostaria. — Pela última vez, Jules, eu não preciso de um babá. — O encaro séria e ele acena com a cabeça, mas permanece sentado ao meu lado.
— Então é isso o que você vai fazer? Se embebedar e fumar um maço de cigarros todas as noites? — Ele pergunta e eu reviro os meus olhos para ele e volto meu olhar para o arbusto.
— Não será todas as noites.  —  Digo entre dentes. — Mas mesmo se fosse, não seria da sua conta. —   tento dar um ponto final naquela conversa, mas eu já deveria saber que Jules não deixaria o assunto morrer tão facilmente.
E quando ele se senta de lado no banco, com o corpo totalmente virado para mim eu sei exatamente o que aquilo significa. E eu quero gritar.
—  Você está totalmente enganada. Isso é da minha conta, tudo que se trata sobre você e Charles é da minha conta. —  Ele responde tentando manter a calma em sua voz.
—  Oh me desculpa! Eu devo ter esquecido a parte em que viramos um trisal e você começou a fazer parte deste relacionamento. — Dou mais uma tragada no meu cigarro e pelo canto dos olhos posso ver a irritação no olhar de Jules. — Me conta novamente como isso ocorreu, Jules? Acredito que meu cérebro bêbado de absinto me fez esquecer totalmente como era a sensação de ser fodida por você e pelo Charles todas as noites. —  Digo me virando totalmente para ele.
O rosto de Jules está vermelho e  eu não sei se é de raiva ou de vergonha e sinceramente não me importo no momento, só queria voltar para os meus cigarros e para o silêncio.
— Sabe, você está bêbada agora e nada que me disser eu vou levar para o lado pessoal, então pode atacar. — Ele diz com uma voz suave e isso só me irrita ainda mais.
— Obrigada, senhor "Sou superior a tudo isso". —  Falo sarcástica e volto a focar somente no meu cigarro. Jules não diz mais nada.
Passamos os próximos 40 minutos sentados ali, e depois do meus 6° cigarro, meu corpo começa a dar sinal de rejeição a quantidade excessiva de nicotina e álcool no meu organismo, me causando ânsia de vomito. Engulo em seco e tento focar apenas em não morrer ali na frente de Jules. Deus me livre dar a ele a satisfação de que estava certo.
—  Se você já acabou, podemos ir para o quarto agora? —  Ele pergunta baixo e eu dou de ombros.
—  Não vou voltar para o quarto de Charles e não há mais vagas disponíveis aqui. Vou pegar um uber e parar em qualquer lugar que eu achar. — Digo evitando o seu rosto, o constrangimento de estar literalmente sem saber para aonde ir fazendo meu estomago dar uma revirada ainda maior.
— Obvio que você vai ficar comigo no meu quarto. —  Ele diz e eu o encaro. A expressão em seu rosto dizendo "Eu não quero brigar, mas se for necessário eu irei."
Eu apenas assinto com a cabeça, sem vontade nenhuma de discutir e não que eu tivesse alguma escolha. Entre passar a noite no quarto de hotel do meu melhor amigo ou entrar bêbada em um uber e pedir para ele parar em qualquer lugar com vagas para que eu possa dormir, é obvio que escolho Jules. Estamos no Texas, pelo amor de deus! O que eu menos preciso agora é virar uma história de True Crime.
Jules me lança um sorriso de "eu sei que tenho razão" E por um momento eu repenso na possibilidade de virar um caso de True Crime só para não ter que ver o seu rosto convencido.
O caminho até o elevador é lento, comigo apoiando a maior parte do meu peso em Jules.
Jules aperta o botão do elevador e quando as portas metálicas se abrem ele me guia para dentro.
O elevador não é pequeno, mas mesmo assim Jules fica de frente para mim após apertar o botão para o andar do quarto onde está hospedado.
O cheiro emadeirado do seu perfume Armani é parecido com o de Charles e preenche todo o elevador. Fecho meus olhos tentando afastar quaisquer pensamentos sobre ele. Eu não quero pensar nele, não quero lembrar de momentos com ele, não quero sentir o cheiro dele.
— Você está bem? — Jules se aproxima ainda mais de mim e sinto sua mão afastar algumas mechas do meu cabelo do meu rosto. — Você está suando. — Ele diz baixo, seu sotaque francês carregado de preocupação. Tão parecido com ele.
Meu corpo estremecesse com o pensamento dele. Eu o quero. Quero Charles. Quero amá-lo e quero que ele me ame. Mas ele não o faz. Ele não me ama, pelo menos não mais.  Ele ama ela. Ele escolheu ela. Ele faria com ela tudo que um dia fez e disse que faria comigo? Meu coração grita, minha garganta arranha. Eu não quero pensar em Charles. Eu não quero desejar Charles. Seu toque, sua voz, seu olhar, seu cheiro...  Eu respiro fundo absorvendo o cheiro que me cerca.  Vocês tinham que usar o mesmo perfume?
— Marie... — A voz de Jules chama por mim, mas minha mente confusa a deixa em segundo plano. Será mesmo Jules? Este é Jules? — Querida, você está bem?
O meu coração puxa com a lembrança de semanas atrás. Nós dois em seu apartamento, os beijos, os toques, nossas peles se roçando uma na outra, o suor, a temperatura... "Querida, você está bem?"  A voz de Charles está ofegante, seus cabelos suados grudando em sua testa, os olhos verdes quase sendo engolidos pela pupila dilatada em luxúria. Em prazer. Prazer de estar comigo, prazer em estar dentro de mim, em me sentir, em me ouvir gemer seu nome. Lindo. Absolutamente lindo. "Eu te amo", eu digo e ele sorri preguiçosamente. "Eu te amo para sempre", ele responde.
Eu abro meus olhos, sinto eles encherem de água. Vai embora dor, vai embora e me deixa em paz.
Minha visão fica turva pelas lágrimas, mas eu ainda posso ver a sombra de olhos escuros me encarando. Há um silêncio, um silêncio na minha mente e um entorpecimento no meu corpo. Não! Eu quero sentir! Eu preciso sentir, preciso sentir qualquer coisa.
O vazio começa a se espalhar por mim. Ele é denso e escuro e eu posso senti-lo das pontas dos dedos e formiga. É quieto, mas não é aconchegante. É assustador. É frio.
— Marie, fala comigo, por favor... — A voz dele está tão distante. O francês tão alto e o cheiro tão, tão forte.
Eu preciso sentir, eu preciso sentir algo.
Eu pisco com força repetidas vezes até que as lágrimas saiam dos meus olhos e escorram pelo meu rosto. Agora vejo Jules. Menos turvo, consigo ver Jules. Ele está aqui. Ele vai me ajudar e o vazio não vai me dominar.
Eu seguro nos ombros de Jules, olho em seus olhos preocupados, ele é tão bonito. Tão diferente, mas tão igual a Charles. Charles... O vazio grita novamente, se alastrando por minha corrente sanguínea, tomando tudo para ele. Não! Eu quero sentir! Eu quero sentir!
Então encaro Jules novamente e sei que eu preciso, que ele vai me ajudar a escapar. Minhas mãos vão para seus ombros, eu os aperto, eu os sinto. O vazio para, mas ainda está lá. Jules me encara apreensivo. Foda-se!
Eu fecho os olhos, eu me inclino e eu o beijo. O vazio para.
Plin!  O elevador chega no andar, as portas se abrem, eu me afasto de Jules e olho em direção ao corredor. Há olhos verdes me encarando.
30 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
Um peso de duas toneladas ao redor do meu peito, parece que
Acabou de cair de uma altura de vinte andares
Se já teve alguém que passou por essa vida
Com o seu coração ainda intacto, ele não viveu direito
A última vez que senti o seu peso no meu peito, você disse
Não demos certo, mas, amor, nós fizemos nosso melhor. — All the things end, Hozier  
Há uma nuvem cinza sob o céu de Monte Carlo. A nuvem é pesada e faz com que os pedestres nas ruas corram à procura de um abrigo, antes de serem engolidos pela chuva.
Sempre vi beleza em dias nublados e chuvosos. Sempre vi beleza na melancolia trazida pela chuva. Enquanto as pessoas tendem a pedir por dias ensolarados e quentes, eu costumo pedir pelos dias molhados e gélidos. Eu nunca entendi ao certo o porquê da minha fascinação pela chuva, mas me recordo que ela sempre esteve comigo. Há algo de belo no indesejado. Algo mágico e real.
Jules sempre dizia que Charles e eu eramos um arco-iris. Charles com o seu brilho e calor como o sol, iluminava e aquecia quaisquer lugares onde pisava. Trazia alegria e esperança a quem precisava, e sua persistência sempre nos fez acreditar ressurgiria no dia seguinte ainda mais forte. Mas às vezes, era tão intenso a ponto de machucar e queimar. Causava grandes incêndios que poderiam ser irreparáveis. Por muito tempo a intensidade poderia ser demais. O brilho poderia cegar a quem o admirasse mais do que o necessário, além de se tornar totalmente dependente dele para se ter dias felizes. Assim como o sol, Charles não poderia ficar sozinho, pois o que seria algo para se apreciar, logo se tornaria algo totalmente destrutível.
E enquanto a mim, ele dizia: “Você é como a chuva, Marie. Você é vida para aqueles que se permitem apreciar. É o que traz equilíbrio para as pessoas ao seu redor. Mas também pode vir em forma de garoa que adoece, ou  tempestade que destrói. Sua intensidade pode causar um dilúvio. Entretanto, pode ser um banho de chuva em uma tarde de verão.
Entre uma brincadeira de crianças e um furacão. É assim que é definido o seu amor.
O cinza te persegue, a melancolia te atrai. Porém, em você, conseguimos sentir paz tanto nos dias agitados, como nos calmos. Nem todos entendem a sua importância, até que se passe muitos dias sem você.”
Eu encaro as ruas através dos vidros das janelas do apartamento de Charles. O silêncio envolve todo o lugar desde que Charles se ofereceu para colocar Vincenzo na cama após o jantar.
As primeiras gotas começam a cair sobre a cidade, molhando tudo o que alcançam. Não posso deixar de pensar que assim como à água penetra sobre os quilômetros de concreto, deixei que meus sentimentos penetrassem a minha alma e me tornei como um rio corrente prestes a transbordar.
Passei os últimos anos tentando me encontrar e me ver sem o sol. Tentei apoderar da minha tempestade para que eu pudesse me reerguer, mas acontece que não podemos simplesmente construir um novo edifício em cima de um cemitério sem que sejamos assombrados pelas lembranças.
Como uma tatuagem marcada além da pele, minhas memórias com Jules e Charles sempre estarão presentes. Uma cicatriz que doeu para aparecer ali, mas toda vez que me lembro de como ela surgiu, o meu rio corre e cai em uma cachoeira de amor.
— Você teria mudado algo? — Levo um susto com a presença repentina de Charles ao me lado.
— A quanto tempo você está aqui? — Pergunto encarando seu perfil já que ele observa a vista pela janela.
— Não há muito tempo. — Da de ombros. — Desculpe, não queria assusta-la. —  Me fita e sou eu quem volto a minha visão para a cidade lá fora.
— Tudo bem. —  Respondo.
—  Então… você mudaria algo? —  Ele volta a perguntar.
— Sobre o quê? — Pergunto ainda sem encara-lo.
— Sobre nós dois. Quer dizer, sobre tudo  que nos aconteceu.  — Ele responde e meu interior se retorce em desespero pelo rumo que a conversa poderá tomar a partir daqui.
Parte de mim, fica aliviada em ouvir a sua voz depois de todo o tempo em silêncio durante o jantar. Porém, há outra parte que implora para que ele fique calado, pois, será inevitável que um de nós não saía machucados de quaisquer palavras que possam surgir agora.
Sua pergunta é simples. Entretanto, a resposta é mais complexa do que eu gostaria. Eu mudaria algo?
Sinto-me encurralada, pois sei que se minha resposta for sim, significa que me arrependo de algo sobre nós. Eu me arrependo?
Eu paro para pensar em todos os eventos que me trouxeram até este momento. Cada sorriso, cada lágrima. Cada sussurro e cada grito. Cada "Eu te amo” e cada "Sinto sua falta”. Cada verdade e cada mentira. Cada viagem, cada momento de Charles, Jules e eu juntos. Cada alegria e cada devastação após nos perdermos. Cada abraço, cada beijo, cada aventura, cada colapso, cada realização e cada perda. Cada vida e cada morte. Eu penso em tudo o que consigo pensar, e no final só há uma resposta sincera que eu possa dar para Charles.
— Sim. — Respondo.
Não olho para Charles, mas posso sentir seu olhar queimando sobre o meu perfil.  Um minuto de silêncio é o que ele permite que caia sobre nós para refletirmos sobre minha resposta.
—  O que você mudaria? — Ele pergunta.
Outra pergunta simples com uma resposta complexa. O que exatamente eu mudaria? Teria escolhido não me aproximar do garoto magrelo e com olhos lindos e nem do seu amigo, bizarramente 8 anos mais velho que ele? Não. A resposta para isso com certeza é um não. Eu jamais poderia me arrepender dos momentos vividos ao lado de Charles e Jules. Eles mudaram a minha vida, minha perspectiva e pela primeira vez me mostram que estaria tudo bem sonhar e se deixar levar.
Então do que eu me arrependo? Talvez de ter me apaixonado pelo idiota desajeitado que era Charles Leclerc com 16 anos? Talvez de ter me permitido ser puxada demais para perto do sol a ponto de me deixar queimar e desintegrar? De ficar girando em sua órbita como um planeta em seu sistema? De ter o admirado por muito tempo e simplesmente ter ficado cega pelo seu brilho a ponto de achar que qualquer dia sem ele, talvez não fosse um bom dia?  Ou de  ter criado um planeta inteiro dentro de mim, onde o seu calor seria necessário para que houvesse vida dentro do meu coração?
“Entre uma brincadeira de criança e um furacão. É assim que é definido o seu amor.”  Penso novamente nas palavras de Jules.
Charles e eu eramos um arco-iris. Eramos a esperança um do outro, uma aliança sagrada e bíblica, mesmo para aqueles que não tinham fé. A alegria e a melancolia juntos e equilibrados.  Eramos a paixão, mas também eramos a obsessão. Eramos entregue tão naturalmente um ao outro que simplesmente fazia sentido. Acreditávamos que eramos o significado de nossa existência. Que seriamos eternos dentro do nosso arco-iris colorido. Tudo simplesmente fazia sentido.
… Até não fazer mais.
Assim como tudo que se aproxima demais do Sol ou do Olho do furacão, nos tornamos ruínas.
Eu engulo em seco antes de me virar para ele. O meu olhar encontra o seu e há tanta intensidade em seus vidros verdes, que sinto transbordar o rio dentro de mim.
Do que você se arrepende, Marie? Do que você se arrepende?  A pergunta retumba em minha mente. Então eu respiro e deixo que a razão se silencie dentro de mim e que de espaço para que meu coração fale.
Eu me arrependo de não ter me fundido a ele como um só. Me arrependo de não ter colado sua pele sobre a minha e de não ter entrado em suas entranhas. Me arrependo de não ter bebido de seu sangue o suficiente para que fosse realizado esse pacto entre nossas almas.
Eu me arrependo de não ter te provado que eu poderia ter sido bem melhor do que ela.
Os meus olhos se enchem e meu coração queima. Diga a ele, Marie! Deixe ir! Então respirando fundo eu o digo:
— Eu mudaria ter me apaixonado por você.  — A razão ganhou.
Charles engole em seco. O seu olhar está em chamas sobre mim.
Há uma compreensão muda entre nós. Todos os '' e se” que poderiam ter feito as coisas diferir no nosso relacionamento. Toda via, não acredito que qualquer coisa que tivéssemos feito teria mudado o que nos tornamos.
Charles acena com a cabeça e olha para a janela por alguns segundos antes de se virar e andar em direção ao que penso ser o seu novo quarto. Mas antes que ele possa ser engolido pela escuridão do corredor ele se vira para mim novamente.
— Eu entendo o que você quer dizer. Realmente entendo, mas jamais mudaria nada do que senti por você. Não mudaria nada do que nós fomos. — Suas palavras soam como agulhas sobre a minha pele.
Sei que o silêncio seria a melhor escolha entre nós por enquanto, mas mesmo assim não consigo evitar lhe dar uma resposta. Essa atração pelo que machuca, sempre seduzindo nós dois.
— Há mais fenômenos no mundo do que o arco-iris, Charles. E eu sinto muito por você te-los descoberto antes de mim. — respondo sustentando seu olhar e calando todos os gritos que imploravam para que eu me entregasse novamente a ele.
Ele fica confuso com minhas palavras por um segundo antes que algo dentro do seu cérebro clique.  Eu sei ser uma crueldade minha ter utilizado das palavras de Jules sobre nós para tentar tampar uma ferida aberta em nossos corpos.
A chuva lá fora fica mais forte e eu volto a encarar a janela. O sol não aparece entre as nuvens carregadas. Não haverá nenhum fenômeno colorido hoje.
— A única coisa que eu mudaria, é deixar nós dois acabarmos com tudo da forma que aconteceu. Eu mudaria cada segundo que deixei você pensar que eu não te amava. — Meu corpo se arrepia com suas palavras e sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto, mas não desvio a minha atenção da vista a minha frente.
Ouço os passos de Charles saindo da sala e me deixando sozinha com a chuva e com o peso da tempestade no meu peito.
✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨
N.A: Hello! Depois de tantas ameaças estou de volta! Foram meses de muita agonia e trabalho mas agora consegui! Esse capítulo resolvi separar em duas partes, por isso está mais curtinho! Mas o próximo entregarei tudo.
Espero que tenham gostado! 😁
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paineldememorias · 2 years
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Você
Em todos os lugares que vou, a cada esquina e sala alcançada, em toda entreparada no cruzamento, lá está você em milhares de rostos distintos. Se fujo, me dissipo da sua presença em praças, museus, cafeterias e restaurantes, lá estará você na próxima fila do banco, nos corredores de supermercados, nas bilheterias de cinemas e nas ruas da cidade. Não o corpo, a sombra. Os lampejos de meses e horas, dias e minutos, das mentiras doces, lembranças e feridas criando vida em outras vidas. Por falar em feridas, você direciona a culpa a mim, acreditando ser eu a responsável por te ferir profundamente; aquela que abandona e renega quem mais precisa, mesmo quando as suas mãos estão sujas e as minhas erguidas. Você finge, e gosta, me quer como a peça antagonista do seu faz-de-conta. E eles não duvidariam de um semblante inocente envolto em máscara de dor e luto. Virtuosa, você nunca está sozinha. Não converso com os rostos, tampouco me torno amiga deles, pois tenho medo, medo de que esteja por trás deles. Como poderia confiar? Você me persegue, me devora de dentro para fora, odeia o que sou na sua cabeça, e não me deixa ir, nem diz adeus. Se sou assim tão cruel, por que me escreve? Se assim tão sádica, por que sou a única a continuar morrendo? Sinto e ouço você; os seus dedos não se cansam de tocar a minha pele e a sua voz insiste em gritar o meu nome.
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alemdomais · 9 months
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dia 03 - uma música que me faz lembrar de alguém
música e o ponto sensível que ela toca quando faz a gente lembrar de alguém. não acredito que não haja pelo menos umas vinte pra cada pessoa do mundo que tenha esse poder de transporte pra uma outra pessoa. poderia estar aqui citando inúmeras mas de relance, e sabe-se lá por quê acabei de me sentir conectada ao meu avô quando eu era criança.
não entendo muito a razão porque meu avô e eu não fomos muito próximos ao longo da vida dele e na verdade, acho que mais um punhado de motivos nos afastaram mais e mais. mas falando assim de música, o assunto me fez voltar lá atrás quando ele me colocava pra dormir com a minha tia de mesma idade. a gente ficava horas e horas enrolando pra dormir e só ia pegar no sono quando ele chegava e amenizava os nossos ânimos.
ele apagava as luzes da casa inteirinha e ficava um verdadeiro breu, na verdade. aí ele começava a cantar aquela música Sonhos do Peninha. logo depois vinha a música da Praça. eu nunca perguntei sobre a razão da escolha das músicas mas eram sempre essas duas.
aí anos atrás quando eu era completamente viciada nos vídeos da Jout Jout, lembro de um que ela interpretava a música Sonhos e logo lembrei do meu avô na hora. você já ouviu a música Sonhos alguma vez? é uma música realmente bonita de superação. é a história de alguém que ama alguém que ama outro alguém, assim como muitas histórias que a gente ouve na vida sabe?
só que na música, diferente daquilo que a gente costuma ouvir, diferente das tantas loucuras de revoltas por um coração partido, o eu lírico da canção só diz que supera. deseja que o amor dele siga em frente amando quem ama. "não tem revolta não, eu só quero que você se encontre".
ele ainda diz que vê beleza na saudade que sente e que é melhor sentir saudade do que caminhar vazio. na boa, que música! e meu avô cantava de um jeito muito peculiar dele mesmo, um ritmo que nem o Peninha conseguia reproduzir.
logo em seguida, ele emendava a Praça.
a música da Praça também fala sobre a saudade de um amor que não deu certo.
"a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim.. tudo é igual mas estou triste porque não tenho você perto de mim"
meu avô passou anos e anos diariamente não numa praça mas numa avenida famosa e tradicional da cidade onde também as coisas nunca mudam. ele sentava sempre num degrau específico na avenida onde fica uma galeria de lojinhas que também nunca mudam. ou por ironia, só passaram a mudar depois que meu avô veio a falecer. coincidentemente.
não há nenhuma prova de que eu esteja certa na minha teoria, eu nunca perguntei isso a ninguém até porque nem seria da minha conta, mas como boa conspiradora que sou, acho que essa talvez seja uma forma mais interessante de lembrar do meu avô, afinal indícios não faltam pra escrever essa história. ele e minha avó por exemplo, nunca foram um exemplo de casal feliz. meu avô sempre viveu uma vida muito particularmente dele frequentando sempre os mesmos lugares, cumprimentando naquela avenida, as mesmíssimas pessoas.
era quase como uma espera. como se ele diariamente esperasse alguma coisa daquela rotina que mais parecia ser uma obrigação da existência dele. quem sabe se no fundo ele não esperasse ansiosamente pra que alguma coisa acontecesse naquela avenida algum dia. ou esperasse alguém.
obviamente isso também pode ser só paranoia da minha cabeça, mas como já disse, eu e meu avô nunca tivemos uma relação muito fácil enquanto ele estava por aqui. talvez essa teoria tenha sido a minha estratégia inconsciente de me lembrar dele com um pouco de carinho e de tentar entender que a particularidade exagerada que ele tinha tem um fundamento que só ele entendia. talvez essas músicas tenham me servido pra me lembrar dele como alguém que também morreu com uma certa esperança de que algo maior acontecesse ou voltasse.
"a esperança é um dom que eu tenho em mim" - não à toa, essa era a parte da música em que ele costumava colocar um pouco mais de ênfase na voz.
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emmieedwards · 1 year
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Resenha: As Outras Pessoas, de C. J. Tudor
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Livro: As Outras Pessoas Volume Único Autora: C. J. Tudor Gênero: Mistério, Suspense Ano de Publicação: 2020 Editora: Intrínseca Páginas: 304 Classificação: +14
No terceiro romance de Tudor, acompanhamos a história de Gabriel, um homem arrasado pelo luto e pela perda de sua mulher e filha. Só do mesmo jeito que no fundo ele tem certeza que sua esposa está realmente morta, ele também está certo de que Izzy, sua filha, está viva em algum lugar esperando que ele a encontre. Durante os últimos três anos, ele não parou de tentar.
O livro começa três anos antes, Gabe está na estrada a caminho de casa quando enfrenta um engarrafamento. Na sua frente, há um carro com dizeres esquisitos e contraditórios colados na parte de trás quase obscurecendo o vidro que dá visibilidade ao banco traseiro. Só que, quando ele presta um pouco mais de atenção, percebe que tem uma menininha ali. Com o mesmo tamanho e aparência de sua filha, mas é só quando ela encosta no vidro e fala "papai" que ele tem certeza. O engarrafamento chega ao fim e uma pequena perseguição começa, mas Gabe acaba ficando para trás e perdendo o carro de vista. Quando ele liga para casa, buscando uma segurança de que o que acabou de ver não passou de fruto de uma mente cansada - e culpada -, Gabe descobre que sua mulher e sua filha foram assassinadas ainda dentro de casa. O ocorrido acaba trazendo erros do passado de Gabe a tona, mas é só três anos depois, quando acaba encontrando o carro que viu na estrada abandonado num lago que ele descobre sobre "As Outras Pessoas", uma organização localizada na dark web que age como uma troca de favores, fornecendo justiça para todo tipo de caso.
Do outro lado da história, acompanhamos Fran e Alice. As duas estão fugindo de alguma coisa terrível e Fran tenta proteger a criança o máximo possível, inclusive com os "eventos" que acontecem com a menina: Alice tem uma espécie de narcolepsia que a faz adormecer do nada em diversos lugares, em especial na frente de espelhos, onde ela diz ver uma menina pálida chamando por ela. Ao acordar, Alice sempre encontra uma pedrinha nas mãos. Porém, elas não podem dar muita importância para o significado disso. Elas precisam continuar fugindo. Tudor mais uma vez entrega uma história incrivelmente instigante e intrigante. Com um toque sobrenatural que acaba te deixando procurar explicações mesmo depois da história acabar, ela cria um enredo interligado que torna difícil largar a história antes de chegar ao fim. Apesar de eu estar esperando algo diferente do que eu recebi (achei que seria mais focado na "organização" em si), nem por isso "As Outras Pessoas" foi uma leitura ruim, na verdade, arrisco dizer que se tornou uma das minhas favoritas da autora até agora.
Alguém já leu esse ou outro da autora? Conta para mim nos comentários qual o seu favorito ou qual você tem mais vontade de ler! ❤️
NOTA: 🌟🌟🌟🌟✨ - 4.75/5 + 💖
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*resenha escrita e publicada originalmente no instagram em 2021*
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meuscontospraele · 8 months
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Quero você imaginando...
Imagina só você me buscando pra jantar, pensando que seria só mais um jantar gostoso com motel depois.
Mas logo quando entro no quarto, te dou a minha calcinha na sua mão, e aviso que estou apenas com o vestido e mais nada.
Peço pra você guardar a calcinha e seguimos para o restaurante.
Quando estávamos no meio do caminho, tiro da minha bolsa o meu vibrador. Enquanto você dirige, eu começo a me tocar ali com ele.
Levanto o vestido, mas não ao ponto de você ver o que estou fazendo.
Com o vibrador na minha buceta, eu começo a gemer gostoso. Sua mão vai pra minha coxa, com a intenção de chegar nela logo, mas tiro sua mão de la e continuo me divertindo sozinha.
Chegando no restaurante, eu ainda não tinha gozado, então peço sua ajuda. Você beija minha boca, me enforca e tenta mais uma vez colocar a mão na minha buceta, mas logo retiro ela de la. Você fica puto, bate na minha coxa e manda eu gozar logo, enquanto isso continua me enforcar.
Eu finalmente gozo e te peço a calcinha, mas você nega, me diz que assim irei aprender a lição. Tiro o vibrador da minha buceta, passo a língua nele todo sentindo meu sabor enquanto olho pro seu pau bem duro na sua calça. Passo a mão de leve e saio do carro.
Seguimos nosso jantar tranquilamente, até eu pedir pra ir ao banheiro. Quando volto te entrego um controle remoto e digo "divirta-se"
Você entende de cara do que se trata, porém gosta de me torturar e não liga na hora. Quando o garçom aproxima para que possamos fazer os pedidos de sobremesa, você liga me fazendo tomar um susto e sem conseguir muito falar e fazer meu pedido.
Você consegue fazer meu pedido e eu continuo sendo torturada. Quando o garçom sai, você desliga o vibrador. Me fazendo ficar mais relaxada.
Peço pra ir ao banheiro e enquanto estou andando, você liga o vibrador. Fica difícil de andar, mas enquanto não volto, você não desliga.
A esse ponto estou encharcada, ao ponto de sentir escorrer pelas minhas pernas.
Volto pra mesa e quando a nossa sobremesa chega, você liga o vibrador. Eu mal consigo comer e quando você percebe que estou quase gozando, desliga.
Você continua assim, até o resto do jantar. Me torturando e me falando:
- Você só vai pode gozar no meu pau!
Finalmente a conta foi paga, andamos em direção ao seu carro. Você senta no banco do motorista e antes de colocar o cinto, eu pulo pro seu colo e digo:
- Você vai me comer agora! Eu preciso gozar no seu pau!
Tiro o seu pau duro pra fora da calça e...
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alevezadenaoser · 9 months
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os sentidos são cruéis. sinto no céu da minha boca o gosto do seu beijo. os sentidos são cruéis. encaro o banco onde tivemos nosso primeiro encontro. os sentidos são cruéis. o cheiro do seu perfume ainda não abandonou meu travesseiro.
esbarro em memórias como quem caminha em um quarto escuro e desconhecido. com tudo. sem poupar velocidade. me rasgo, sangro. dói. não me conheço e esperei que você fizesse o trabalho sujo por mim. um erro que já perdi as contas de quantas vezes cometi. mas sem saber o motivo, seguro esse falso controle como quem segura a própria vida. evito pensar, gosto de estar no trabalho, temo estar em casa. temo o silêncio. não quero não te ver, mas te disse que pelo meu próprio bem, deveríamos nos afastar. é. te digo que sinto sua falta. você diz que vem quinta feira. tremo. temo. tenho vontade de dizer que se for para me golpear, não venha. mas não digo. eu dei o primeiro golpe e agora você tem todo o direito de revidar.
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tecontos · 2 years
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Primeira transa com a minha esposa foi no carro.
By; Felipe
Oi te contos, eu me chamo Felipe, tenho hoje 26 anos, minha esposa me mostrou o “te contos” e durante algum tempo me pediu para mandar alguma historia nossa, e que após ela também mandaria algo nosso escrito por ela.
Minha esposa se chama Simone e a conheci na faculdade, eu sou muito tímido, e como ela mesmo diz isso a fez querer esta sempre perto de mim e com o tempo a intimidade foi crescendo, vivíamos agarrados um no outro. Eu por ter namorada e pela minha natural timidez, tinha minha atração pela Simone, mas jamais me insinuaria.
Simone é linda, tem um sorriso que me deixava bobo. Tinha aquele jeitinho de “menina pra casar” que dificultava mais ainda o “acesso” à ela.
Tudo começou a mudar quando estava meio desanimado e chamei-a pra tomar um chopp comigo na praia. Saimos da faculdade já meio tarde, umas 22:00h no Rio de Janeiro as praias são bem fresquinhas à noite, chega a fazer frio. Uma certa hora, a temperatura caiu bastante e ela ficou agarradinha comigo… pintou um clima na hora, troca de olhares fundos… foi irresistível um primeiro beijo. Beijo é a coisa que mais me excita quando se “encaixa” no meu… fiquei elétrico. Percebi que a excitação da Simone estava visível e os beijos já não cabiam mais nas bocas… estavam nas orelhas, pescoços. Paguei a conta sem conseguir esconder a vontade de arrastar ela dalí.
Entramos no carro e paramos na “reserva”, local onde as pessoas param pra namorar mesmo. Estacionei o carro e imediatamente puxei Simone, alcançando sua boca. Nossas mãos apertavam o corpo um do outro, dizendo o quanto estávamos loucos. Coloquei a mão na parte interna de sua coxa e vi seus olhos fecharem e sua cabeça se levantar como que dizendo que estava entregue, sem reação. Fui acariciando muito de leve suas coxas, chegando o mais perto que podia de sua buceta e voltava. Ela enlouquecia… arqueava o corpo na tentativa de se esfregar na minha mão, que chegava a sentir o calor, de tão próximo e se afastava. A tortura era tão grande pra mim quanto pra ela, e espertamente ela disse ao meu ouvido:
– Se encostar sua mão em mim agora eu acho que gozo…
Foi como atear gasolina no meu fogo. Já não dava mais pra provocá-la. Falei:
– Quero sua autorização num gesto. Tira a calcinha e dá na minha mão.
Simone tirou a calcinha e deu na minha mão. Beijeia agora com muito mais paixão, aquilo acabou de me enlouquecer. Fiz o que prometi. Agora beijava e massageava seu grelinho, pegando bem lá na entrada seu mel, que escorria muito e trazia pro seu grelinho, lubrificando e deixando o carinho ainda mais gostoso. Virei ela de frente pra mim, com as costas apoiadas no forro da porta do carro, coloquei uma de suas pernas no encosto de cabeças do meu banco, a outra onde estava, no chão do carro e fui massageando suas coxas olhando em seus olhos. Ela sabia que eu desceria para chupa-la, e essa espera estava lhe deixando louca, sem ar. Fui descendo e comecei a chupá-la.
Chupava sua virilha, lambia a marca de seu biquini. Passava minha língua por toda sua buceta. Não sugava seu mel. Queria ele todo ali, escorrendo. Minha língua descia pela sua virilha esticada pela posição até seu cuzinho e voltava pelos lábios e só chupava com vontade seu grelinho, que agora já estava durinho e exposto.
Simone gozou pela primeira vez em minha boca. Pensei que ela iria arrancar meus cabelos, tamanha força que tentava me tirar de sua buceta, pois a sensibilidade após o gozo era tamanha que ela precisava de uns minutos de “descanso”. Abaixei rapidamente minha calça e puxei Simone, ainda se recuperando da deliciosa gozada, para meu colo. Ela estava mole, entregue. Queria brincar com meu pau na portinha daquela buceta agora mais encharcada do que nunca mas não consegui. Ele entrou inteiro de uma vez. Como quem tivesse recebido um choque, Simone acordou novamente.
Depois de tudo isso ainda não tinha visto os lindos peitos da minha gata. Abaixei a alça de seu vestido e pude ver a beleza que a muito eu queria ver. Seios pequenos e pontudos, com os biquinhos “olhando” pra cima, como que olhando pra minha boca. Simone cavalgou muito gostoso, nem rápido nem devagar, sempre olhando profundamente em meus olhos.
Ficamos séculos assim, e vi minha gata gozando, desta vez com em meu pau. Foi lindo vê-la cair encostada no meu peito. Os peitinhos lindos e duros me espetando. Ainda não tinha gozado e ela disse pra mim:
– Você não vai gozar pra mim?
Fomos para o banco de traz do carro. Ela me agarrava disposta e tirar meu leite. Brinquei com ela que só conseguia gozar dentro de um rabinho. Me surpreendendo mais uma vez ela me disse:
– Se é isso que preciso fazer pra fazer você gozar… mais cuidado porque eu já escutei que dói muito.
Ficou de quatro pra mim e me chamou dengosa:
– O que voce está esperando? Nunca fiz isso e já estou quase desistindo…
Sua buceta estava encharcada ainda, coloquei fundo dentro dela, lambuzei bastante a cabeça na portinha e fui cutucando seu rabinho. Era gostoso ficar cutucando a entradinha sem colocar nem a cabeça inteira. No máximo meia cabeça entrava e saia. Fui fazendo isso e lubrificando na portinha da sua buceta várias e várias vezes. Ela não acreditou quando percebeu que já estava entrando, sem dor nenhuma. Falava pra minha Simone:
– Olha aqui pra tras, olha como sua bundinha me engoliu inteiro… olha como vc fode direitinho com o cuzinho.
Ela se sentiu o máximo… a mulher mais gostosa do mundo, pois começou a rebolar como uma putinha. Gritava:
– Goza na minha bundinha, goza bem no fundo do meu rabinho…
Eu fudia agora como um animal. Nenhum indício de que estava doendo… estava fudendo o cuzinho virgem da minha gata com perfeição. Gozei como ela pediu. Bem lá no fundo.
Tirei meu pau de dentro do seu cuzinho e limpei com sua calcinha. Ela me xingou:
– Seu filho da puta, como vou pra casa agora sem calcinha?
Eu respondi com a maior cara de felicidade do mundo:
– Vai se acostumando, pois vai voltar sempre assim pra casa.
Levei ela pra casa e demos um gostoso beijo de boa noite.
Não tivemos outra coisa a fazer se não em menos de um ano e muita sacanagem juntos, em nos casar, e é isso !
Enviado ao Te Contos por Felipe
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ultravioletapormim · 2 years
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Por que não consigo te esquecer?
Às vezes eu vejo fantasmas de você. Em alguns dias, eles me seguem, surgem quando algo que era parte de nós dois se mostra. Eles aparecem por alguns minutos, eu os percebo, e eles se vão.
Às vezes eles duram mais, entretanto. Às vezes eles surgem e ficam. Me acompanham mesmo depois que os percebo, me acompanham até eu dar algo de mim para que eles possam ir embora. Às vezes é o meu tempo, às vezes uma memória, às vezes algumas lágrimas.
Hoje eles me pediram lágrimas. Não tantas quanto já lhe dei, mas uma boa quantia. Hoje eu chorei por você, mas queria acabar esse dia de um jeito diferente. Hoje, eu quero te mostrar aquilo que eu guardo no meu coração pra você, e só pra você. Aqui vai:
É um dia ensolarado, mas um pouco frio. Não venta, e algumas pessoas descansam sob as sombras --ainda que sob o sol seja muito mais agradável--, enquanto o dia passa lentamente. Estamos em um parque, repleto de longos gramados e pequenas áreas de concreto nu. Há uma majestosa fonte no centro dele, e um pequeno lago em volta dela. Nós caminhamos ao seu redor, lado a lado, devagar. Eu respiro um pouco do ar gélido e fico contente por estarmos caminhando ao sol. Busco sua mão, ao lado da minha. Lembro que suas mãos pareciam grandes, firmes e calejadas quando as vi pela primeira vez, mas na verdade são delicadas e sutis. Eu toco seus dedos, e sua pele é suave e quente ao meu encontro. Você reclama um pouco da frieza das minhas mãos, em tom de brincadeira, e não as solta. Eu te pergunto como foi o seu dia. Se conseguiu continuar a escrever aquela ideia que discutimos noite passada, ou se continuou alguma de suas outras histórias. Você diz que conseguiu, mas ainda se sente inseguro e com alguma dificuldade em escrever. Eu ouço atentamente enquanto você me explica os motivos disso, pensando em como poderia ajudá-lo. Lembro de algo que vi enquanto fazia minhas pesquisas e menciono. Pode ser útil. Você diz que vai tentar e promete dar uma chance. Duas crianças passam correndo por nós, brincando de pega-pega. Olho ao redor e vejo os pais delas logo atrás de nós, uma pessoa caminhando com seu cão, uma jovem deitada no gramado, lendo. Eu seguro um pouco mais firmemente a sua mão, contente por tê-lo comigo. Você pergunta se está tudo bem. Está, eu respondo. Eu só gosto de aproveitar os momentos que passamos juntos. Adoro estar com você, eu te digo. Você sorri de leve, um pouco encabulado. Eu adoro isso em você. Você me conta sobre algo engraçado que viu essa semana. Eu finjo estar incrédula para te entreter, e você continua a contar, ainda mais empolgado. Nós nos sentamos na borda do lago, em um banco, enquanto você termina a história. Eu rio tanto, quase fico sem ar. Normalmente você tem esse efeito em mim. Nós continuamos a rir por um bom tempo, cada um adicionando alguma frase ao acontecimento. Eu adoro rir com você. Eu te falo uma coisa aleatória que pensei hoje e me levou a questionar algumas ideias. Você me ouve, faz algumas perguntas cuidadosas, sugere possíveis soluções. Você sempre foi bom em racionalizar problemas. Você continua a perguntar, até que admite que seria melhor eu contar isso à psicóloga. Eu concordo. Nós ficamos em silêncio por alguns instantes. Eu me lembro repentinamente de que vai lançar outro jogo da sua franquia favorita no momento. Você já me falou sobre tantas vezes, mas eu amo ouví-lo falar sobre isso. Você descreve a narrativa, os pontos-chave, os personagens, e em algum momento e por poucos segundos, eu me desconecto do que você está dizendo e só consigo admirá-lo. Eu amo como você é, como fica animado com coisas que te empolgam, como fala tão eloquentemente. Amo o oscilar da sua voz e suas expressões mudando. Você é perfeito, e eu tenho certeza disso. Tenho sempre certeza disso, e é tudo aquilo de que eu preciso. Nós levantamos e continuamos a caminhar. É um domingo, sereno e calmo. Nem todos os dias com você podem ser assim, --e nós não gostaríamos disso-- mas eu aproveito ao máximo. Cada dia ao seu lado é uma dádiva, e ter você é o maior presente que eu poderia ter a honra de merecer. Eu te amava, eu te amo, eu te amei. Eu te amaria. 13/08/2022 Still loving yet broken Isa
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um-taurino-por-ai · 27 days
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Me diz, o que te faz feliz?
O que faz teu coração bater mais rápido? O que te faz se sentir vivo?
Viver é um dom e eu agradeço a cada dia que estou no jogo,
aposto no agora porque quem pensa muito, vive pouco, não ligo para a opinião dos outros.
Viver o agora.
O amanhã é uma incerteza porque ele não existe, então porque nos privar?
A cada instante o tempo nos rouba mais um pouco de juventude então, vamos aproveitar.
Ei entra aqui! Vamos dirigir sem destino, quem sabe onde vamos parar?
A noite está linda para a gente admirar, transar em alguma praia ou deitar o banco e fazer o vidro embaçar…
Viver o agora.
Eles me chamam de louco, não entendem nem um pouco, grito para todos que sou feliz e ponto!
Irão te criticar, no fundo te admirar e no final, tuas contas alguém vai pagar?
Ah por favor não me ame, pois eu só quero curtir os momentos, sem envolvimentos
Não estrague com esses sentimentos algo que poderá virar lamentos…
Viver o agora.
Nossa energia não mente, te puxo pela cintura e vejo um sorriso contente,
Uma mão no teu seio saliente, minha boca no teu pescoço faz escorrer lentamente, se é que me entende!?
As pessoas falam do perfume, do jeito de vestir e das músicas que canta
Elas tmbm queriam estar ao teu lado dançando na chuva enquanto sorri e encanta,
Viver o agora.
Sei que fast-food faz mal, assim como ficar em família muitas vezes faz tmbm,
Respeite seus limites, ignore as pessoas que não te procuram e se já foi, diga amém!
Permita se sentir vivo! A sua dentista pode te surpreender de uma forma positiva
Assim como a psicóloga pode te mostrar que existem posições que nunca imaginou na vida…
Viver o agora.
Figuras de linguagem para nos fazer entender que o luto termina quando levantamos do caixão
Somos atingidos apenas pelo que permitimos, devemos aprender a dizer não.
Assim como o cheiro de sexo instiga o psicológico a fazer reações químicas no corpo
Todos esses momentos citados causam a endorfina que move meu coração, fazem me sentir vivo…
Viver o agora.
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meditemonline · 28 days
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28 de ago de 2024
"Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele. Não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé." (Filipenses 3:8-9)
Imagine por um instante como seria estar com uma dívida de R$ 10 milhões.
Muito possivelmente por causa desta dívida você iria parar na prisão.
Há até mesmo um artigo no jornal com sua foto.
Em seguida, no dia de seu julgamento, uma das pessoas mais ricas do mundo aparece no tribunal e lhe diz: "Soube do seu problema e já fiz um acordo com o juiz.
Paguei tudo o que você devia, acrescido de juros." Quando você volta ao normal e tem condições de lhe agradecer, ele ainda acrescenta: "a propósito, verifique o seu saldo no banco." Então, a caminho de casa, você para num caixa eletrônico e dá pulos ao verificar o seu saldo, que mostra R$ 20 milhões de crédito.
Isso é um exemplo de justificação.
Quando você coloca sua fé em Jesus Cristo, Deus remove todo o seu pecado.
Ele o perdoa.
E então Ele coloca a justiça de Cristo em sua conta para o futuro.
A definição técnica da palavra "justificado" é "colocar na sua conta." Quando Deus justifica uma pessoa, Ele o faz, colocando ao seu crédito a justiça de Jesus Cristo.
Isso equilibra o orçamento moral e espiritual para nós.
Como o apóstolo Paulo escreveu: "Não tendo a minha própria justiça que procede da lei, mas a que vem mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus e se baseia na fé." (Filipenses 3:9).
Não é um processo que ocorre ao longo do tempo.
É instantâneo.
Essa é parte da justificação que muitos crentes podem não saber.
É uma coisa maravilhosa, incrível, que Deus faz por aqueles que depositam sua fé em Cristo.
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mybrainonmyheart · 1 month
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Você não me ensinou a te esquecer
Essa é a musica que abre esse texto, sobre o que você deixou para trás nos últimos minutos de 2017 "O abismo que você se retirou e me atirou e me deixou aqui sozinho" O abismo tem nome, tem biomas e ruas e a solidão que tomava conta da nossa praça a noite, com a pouca iluminação que ela tem A angustia de tentar entender, o amargor de pensar o porque você fez isso, eu estava tão insuportável que não aguentava mais olhar na minha cara? E todas as conversas de amor, todos os carinhos e e beijos e juras de amor O vento quente que soprava no meu rosto e o sentimento de cimento que ainda carrega o calor do sol no fim da tarde, sentado e encostado naquela parede olhando os bancos que um dia a gente iniciou o que eu dizia com todas as letras e toda a fé que era para a minha vida inteira As pessoas me olhando com pena, as que não sabiam perguntando sobre você, as músicas que cantávamos juntos, cada detalhe, o seu cheiro que ainda estava na minha roupa depois do ultimo abraço, a lanchonete que fomos em Jacobina, o morro de escadas que aventuramos ir, sozinhos, somente para ver a vista, a falta que o seu colo fez e todas as mensagens que nos enviávamos E agora? Que faço eu da vida sem você? As fotos e postagens suas, feliz e encantada com lugares, as conversas que faziam questão de dizerem, que você tinha encontrado outra pessoa, que estava feliz e que pretendia casar. Eu demorei muito a digerir, muito tempo isolado, muito tempo sem a minima vontade de sequer ir comer alguma coisa, muitas e muitas lágrimas, sozinho naquele quarto frio de Jacobina, parei com meus hobbies e pus minha cabeça em retidão, como uma maquina que so anda para frente porque se parar ela quebra, porque todas as vezes que eu respirava fundo e olhava para as estrelas eu lembrava que você um dia me beijou e olhou nos meus olhos dizendo que me amava. E agora, você está de volta e eu tenho sede minha garganta pede um pouco d'água e os meus olhos pedem o teu olhar Eu chorei muitas lagrimas por você, muitas de tristeza e muitas de alegria, um misto de emoções muito grandes quando pronuncio o seu nome, Celi. Nem se eu pudesse trocar de planeta eu teria a chance de não te amar, porque eu amo todas as vezes que fui genuinamente feliz ao seu lado e genuinamente triste, as canções que cantei e imaginei você na minha frente, como quem diz que cada palavra dessa letra é para você, cada detalhe, seus olhos, sua boca, tocar a minha mão é o suficiente para eu ter certeza que eu viveria tudo de novo e de novo e de novo e de novo. Por favor, não brinque com os meus sentimentos, por favor não faça isso. Eu casaria com você neste exato momento, eu faria qualquer coisa para ver seus olhos se fechando, sua boca abrindo um sorriso tímido, destacando as maças de sua bochecha antes dos dentes aparecerem. Isso é o sentimento que eu quero levar para a minha vida, eu não quero me casar com alguém porque é cômodo, eu não quero viver com alguém porque se encaixa em uma boa convivência Eu quero viver aquilo que nos temos Quando eu penso em alguém eu so penso em você Eu te amava, eu te amo e eu te amarei o resto da minha vida, onde quer que eu esteja, com quem quer que eu esteja a luz dos olhos meus procuram a luz dos olhos teus e este sentimento, meu amor, é algo que eu não trocaria por nada Me agarre e não me largue nunca mais, você carrega o meu sonho de viver, você fez muita falta... você fez muita... muita... muita falta. Muito obrigado por ter voltado, tá? Você fez os meus dias mais felizes, saber que você me ama e que está aqui me faz feliz, me faz bem e eu me sinto vivo. Eu posso rodar a minha vida de cabeça para baixo, eu posso perder o emprego, eu posso passar o dia dentro de quatro paredes igual um maluco, eu posso não ter certeza de nada, mas a sua voz dizendo que me ama me faz sentir um super homem, Porque a pior coisa que você me fez foi querer me ver sem você. É confuso, eu sei, mas qualquer um que souber o que é o amor vai entender
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Extrato 7 de março de 2017
Nas épocas de chuva a Avenida Aricanduva sempre trava. Uma enorme correnteza desce pela Rua dos Latinos e desemboca na avenida. O rio sobe. Ambas as calçadas ficam alagadas. Voltar pra casa se torna uma tarefa ainda mais infernal e muitos acabam esperando nos bares. Hoje não é exceção. Todos os bancos ao redor do balcão estão ocupados. Muitos se amontoam embaixo do toldo azul do lado de fora. Trabalho na cozinha desse bar - o Bar do Tião. Aqui me chamam de Binho, mas meu nome mesmo é Cléber. Tião é um policial aposentado. Foi piloto de barca ainda na época da Veraneio, mas teve uma das pernas baleadas e nunca mais conseguiu andar direito. Abriu esse bar, pois segundo ele, ‘é o jeito mais fácil de um alcoólatra beber de graça’. É ele quem fica no caixa. Coloca um copo de maria-mole escondido atrás dos chicletes pra sempre dar uma bicada. Quando a bebida acaba, ele apoia o copo sobre a estufa de salgados e esse é o sinal pra eu repor o drinque. Sei que ele esconde uma arma na gaveta da esquerda. Na outra ficam as contas de luz e água, a agenda dos fiados, os blocos de anotar pedidos e as canetas. O controle da TV fica ao lado do caixa. As notas de vinte e cinquenta ficam no bolso de trás da calça. Já é fim de tarde e meu expediente acabou. A cidade está cinza e não consigo sair daqui. Queria só descansar. Chegar em casa, encontrar Samira e fumar um baseado, deitado e ouvindo música. Aqui a chuva bate com força nas telhas, atrapalhando os pensamentos. Somado ao barulho da TV, o barulho das conversas, os carros buzinando lá fora... Uma irritação do caralho. Agora é o expediente do Nunes, e do canto do balcão peço pra ele me servir uma dose de Dreher. Dou um gole no conhaque e coloco meu fone de ouvido em uma das orelhas. Mais e mais gente entra no bar. Muitos daqueles rostos são familiares, gente que nunca conversei, mas que também pegam ônibus pro Terminal São Mateus. Alguns vendedores de guarda-chuva aproveitam pra trabalhar. Os pedaços de papelão da entrada já estão todos esfarelados. Não tem como sair pra fumar. O jeito é me concentrar no conhaque pra relaxar um pouco. Penso como seria bom passar a vida escrevendo. Há alguns anos que isso martela minha cabeça. Tenho no meu computador alguns bons poemas, dezenas de contos que dizem tanto sobre a vida, mas minha vida acontece ou em um ônibus lotado ou nessa merda de bar. Percebi que estou tempo demais olhando para o copo e retomo a atenção ao bar. Ninguém reparou nesses meus minutos de fuga. Alguns apenas mexem em seus celulares, outros observam a rua, enquanto a maioria gesticula, fala e olha a TV. Eu poderia nem estar aqui. Mas decido estar e passo a observar a TV junto com os outros. Começa um comercial da Car System, mostrando uma simulação de assalto. O cara foge com um carro, de repente o carro trava. Também mostra um helicóptero monitorando tudo isso. Recuperam o carro e avisam ao dono. Ao lado do ator do comercial aparece escrito – “foi como recuperar a vida”. Tião diz que aquilo não presta para nada, que a segurança dele é ele quem faz. Alguns se agitam com o comentário, mas todos param quando o programa retorna. Aparece na tela a cara gorda e rosada do apresentador. A câmera se afasta e atrás dele aparecem vários lugares alagados, inclusive a Aricanduva. Vai demorar pra eu sair daqui. Que dia de merda. - É Binho, hoje vai tomar a garrafa toda... – Nunes diz, já servindo outra dose. Mando uma mensagem para Samira dizendo que vou demorar, pra ela ver como as coisas estão pela TV. - Ô Tião. Assistir desgraça nossa não dá, procura outra coisa. Quero ver a desgraça dos outros – diz um dos caras do balcão. Muitos dão risada e concordam. Tião mira o controle na TV e dispara. Outro programa, quase igual ao anterior. A tempestade continua.
“JOVENS SÃO LINCHADOS APÓS SUSPEITA DE ROUBO NO CENTRO DE SÃO PAULO”
Dois moleques amarrados pelos pés e pelas mãos recebem chutes e capacetadas. Eles se contorcem no chão, encolhidos. O repórter entra no meio da tortura e coloca o microfone próximo à boca dos dois. Espirra sangue na espuma do microfone. Seus rostos desfigurados enchem a tela. As cenas se alternam rapidamente. Mostram novamente os chutes. Repetidamente. Certo tipo de euforia toma conta das pessoas ao meu redor. Estão eletrizadas. As mulheres olham com mais compaixão. Algumas dizem sentir mais pena das mães deles do que dos rapazes, mas dizem que também não precisava de tudo aquilo. Na TV agora tem um velho de bigode, com uma legenda ao lado “CORONEL OSVALDO, comentarista”. Um coronel da polícia militar comentando sobre ética, abuso, violência e justiça. Embaçado. O barulho da chuva cobre sua voz e suas opiniões, mas não abafa o debate que se iniciou no bar. Em meio às vozes, surge a do Tião: - Menor de idade e já vagabundo desse jeito tem que tomar chute na cara. Muitos concordam. Naquele instante elegeram os que receberiam todo o ódio coletivo. Os suspeitos, aliás, os culpados precisavam de lições. Não de justiça, mas vingança. De um modo doloroso e humilhante. O jornalista tinha a mesma expressão que a maioria dali. Todos enfurecidos. Nunes estava quieto. Talvez sentisse o mesmo aperto que eu. Poderia ter acontecido com nós dois. Refletir sobre o que Tião disse me deixou injuriado. Como aquilo poderia ser encarado com normalidade? Ainda mais ele, que todo mundo sabe que força meninas a fazer sexo apontando a arma na cabeça delas. Porco safado. Chegou uma mensagem no meu celular, da Samira. “O filho da Dona Dina tá na TV. Lincharam ele no centro”. Era Richard. Um moleque da mesma vila que eu. Com a cara tão zuada que eu nem reconheci. Senti meu corpo pulsando junto com meu coração. Uma angústia muito grande me levou pra baixo. Todo o barulho ao redor foi se dissipando.
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