A vontade de ultrapassar os limites é o que nos permite ver além. É o que abre os nossos olhos para o que há do outro lado do ponto de vista. Amplia a visão, realça o foco e põe sentimento em nossa interpretação de mundo. Nos permite ver além do óbvio, e do máximo. Além do menor e do maior. Além do menos, além do mais.
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também tenho gastado muito da minha cabeça amadurecendo sobre como a vida realmente é, nos pontos invisíveis dela e sobre como esses pontos não tem nada de invisíveis mas se tornam com o tempo, e só se tornam porque em algum lugar ou momento específico a gente simplesmente teve que se render a uma sucessão de cobranças e a uma cronologia imposta do lado de fora da nossa janela. você consegue se lembrar do exato corte do seu existir em que você passou a se enxergar sempre na expectativa de que alguma coisa te acontecesse? algumas coisas específicas — uma viagem de fim de ano, uma festa que você tenha sentido muita vontade de ir, um reencontro com alguém que você não vê há muito tempo, uma conquista pela qual você tem esperado e se sacrificado pra conseguir alcançar. outras coisas nem tão específicas assim, algumas até com um ar de mistério, de te deixar sem entender porque você tem andado tão ansioso, mas sempre marcando aquela presen��a meio incomoda meio surpreendente de que em algum lugar que você não sabe ou em algum momento que você desconhece, alguma coisa que você também não faz ideia, está prestes a acontecer. e sinceramente, eu acho que essa magia que mora no incerto da vida pode até ter graça e prender nossa atenção muitas vezes mas também tem uma zona de perigo porque às vezes a gente acha que a vida é isso. enquanto que a vida, a vida mesmo, fica acontecendo passando rápido por entre essas sensações que deixam a gente ocupados demais pra reparar. e sinceramente falando de novo, eu também gosto dessa vida "mais básica" e conformada no agora, sabe? essa de você olhar pro que você tem na sua mão nesse minuto e se permitir perder um pouco do seu tempo olhando pra ela só pra constatar óbvio de se estar vivo aqui e agora. e por incrível que pareça, eu acho que essa é a vida que me salva todas às vezes que eu preciso. a vida que acontece enquanto tô usando meu tempo pra colocar uma água nas plantas, pra colocar comida pro cachorro do vizinho que me pediu o favor de tomar conta, quando paro pra descascar uma fruta pro suco em tempos que abrir um suco de pó ou uma garrafa de qualquer coisa pronta parece sempre muito mais condizente com a vida corrida do jeito que "tem que ser". acho que são os esses imprevistos — que prolongam os processos simples — que fazem a gente se lembrar de quanta vida tem nesse tempo que a gente vive tentando economizar já que aparentemente a gente não pode "perder" tempo de nada. mas será que a gente faria o quê com esse tempo né? porque será que a gente não aceita mais as coisas do jeito que elas são, com o tempo delas, sem ficar tentando adiantar sempre. sem tentar desesperadamente se sufocar pra economizar um tempo que a gente nem sabe o que faria com ele depois.
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acho que a gente fala muito pouco sobre a dor de quando a gente entende que as amizades também decepcionam e que o buraco que elas deixam na gente é muitas vezes mais fundo e difícil de curar. com certeza não existe nada que seja mais corrosivo do que a cena em que você percebe o fim dessas relações. os dias de se perceber, de reparar, de parar pra olhar pra alguns detalhes.. eles são sempre os mais angustiantes e os mais arrastados. digo dias, porque nunca é de uma vez só que chegamos a essa conclusão mesmo que todas as provas estejam na mesa, muito às claras. ainda assim, a gente sempre leva um tempo longo pra se conformar com a ideia de que aquela relação não existe mais e que não tem conserto. é mais duro ainda quando você sabe que já há muito tempo alguma coisa parecia estar quebrada, mas por insistência sua, por uma negligência boba do quanto você quis preservar os bons momentos, agora já muito raros, você foi simplesmente levando uma relação pra lugares da sua vida em que ela já não cabia. o pior é que conexões desgastantes elas não são só marcantes. mas por teimosia nossa parte, elas ficam ali instaladas ocupando uma vaga imensa que atrapalha tudo a nossa volta e sugando da gente o que nem a gente tem mais pra dar. se eu fosse resumir a sensação do fim a uma metáfora simples, acho que pediria pra que você fechasse os olhos e se imaginasse segurando uma coisa muito pesada, amarrada por várias cordas que te amarram muito firme nos braços. você passa anos segurando essas cordas com toda a sua força e você nunca se cansa por acreditar que do outro lado, a outra pessoa está lá segurando também, fazendo o esforço dela. em algum determinado momento, você começa levemente a desconfiar se realmente existe uma outra pessoa do outro lado ainda. o peso pesa cada vez mais e não está mais te sobrando forças. você começa a pensar "porra, mas não é possível que essa coisa pese tanto mesmo sendo dividido" e aí o seu subconsciente passa a conversar com você. ele te conta que do outro lado, alguém não está fazendo nem um terço do seu sacrifício e de começo, você ignora. vai ignorando, ignorando. até um dia em que vem o subconsciente de novo e te sugere soltar pelo menos uma das amarras, assim, só pra ver no que dá. quando finalmente você solta, a coisa pesada pende pro lado de uma forma brusca demais, o que seria impossível se outra pessoa estivesse realmente lá, segurando a amarra dela. a cada amarra da qual você se livra, o peso sobre você diminui mais a coisa grande e pesada fica a beira de uma queda irreparável. é só quando você consegue finalmente enxergar a outra pessoa do outro lado, plena, nada cansada, nem um pouco preocupada com a queda da coisa pesada que você finalmente decide se livrar de todas as amarras. a coisa grande cai, quebra... você ainda tem esperanças de que ela não esteja tão danificada... poxa, deve dar pra consertar... demora até se dar conta de que queda foi mais feia do que você entendeu que era. pode até ser que a outra pessoa estivesse do outro lado segurando alguma coisa mas nada comparado ao que você segurou. nada. você estava segurando cordas grossas, correntes... a pessoa talvez só estivesse amarrada por meia dúzia de laços de barbante. e ao sinal daquela primeira corrente que você decidiu arrebentar, só pra ver no que ia dar, ela logo tratou de se livrar de todos os pouquíssimos laços de barbante a que ela estava presa e que mesmo míseros já a incomodavam. é nessas horas que você entende aquela frase de quando você decide finalmente deixar de fazer questão, você se verá sozinho. e são esses os momentos da vida em que a gente mais sente de perto a finitude das coisas... e das pessoas também. não é fácil lidar com a finitude. mas é mais difícil ainda lidar com a insistência de tentar prolongar o finito quando ele precisa chegar ao fim.
Esse aqui é sobre os fins — parte 1
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É curioso pensar que somos adultos, mas ainda estamos aprendendo a ser.
Monalisa Campos.
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Depois que aprendi que mudanças nos mudam mais do que nos atrasam, eu acendi muito rápido. Hoje já não faço questão de antigas amizades, de pessoas ou lugares. As coisas com o tempo vão mudando, a idade vai crescendo e a gente vai percebendo que não cabemos mais em qualquer lugar. Prefiro substituir do que ficar me desgastando com coisas sem conserto.
— Itallo Souza.
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tenho tentado me distrair pra dormir e depois de acordar nesses últimos dias. ando meio acelerada. pensando em sobre como estar vivendo livre parece ser impossível. sentimentalmente falando, posso assumir aqui uma porção de privilégios e de coisas que venho conquistando. coisas que eu queria e quis por muito tempo, consigo até me lembrar dos tempos em que vivia ansiosa na esperança de que elas finalmente acontecessem. amorosamente também, parece que tenho andado mais superada de tudo. não tenho cultivado nenhuma expectativa, vez ou outra penso sim em alguém mas já mais conformada de que daqui talvez não brote nada demais e estou tranquila com relação a tudo isso. consegui botar alguns planos em ação nesse ano, me alimentado melhor, tento uns exercícios vez em quando (coisa que achei que seria difícil me ver cumprindo). dinheiro tá fluindo razoável, tenho conseguido me divertir... enfim, só pra resumir, eu tenho andado bem ultimamente... ou deveria, sei lá. mas parece que ainda assim, alguma parte de mim deu espaço pra uma certa aceleração que não entendo muito bem de onde vem. pareço presa nela. tem dias que acordo meio transtornada com isso. outros dias, não consigo dormir pensando em absolutamente nada, mas um nada que me atrapalha. é nessas horas que eu vejo que a vida nunca vai estar totalmente alinhada. tem sempre uma linhazinha faltando que a gente não sabe muito bem de onde saiu mas que fica ali... o ser humano é muito complexo mesmo, a cabeça é complexa demais, difícil de agradar.
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aquela frase sobre os trens que a gente vê divulgada por aí volta e meia é uma frase que tem meu coração. me sinto muito grata por ter sido ensinada sobre isso, mesmo que com outras palavras. pra você que talvez não saiba, a frase é a seguinte: "se você pegar o trem errado, desça na primeira parada. quando mais cedo você descer, menos vai custar a passagem de volta". eu acho isso tão... poderoso sabe? porque convenhamos nós que ir, a gente sempre vai mesmo com medo, porque tem novidade no ir. tem entusiasmo. tem a sede de saber o que vai ser da viagem. voltar traz um medo diferente. um medo mais desanimado de quem ainda sente aquela vontade de ficar. é difícil porque você precisa reconhecer que pegou o trem errado e aí, ter que lidar com a coragem de olhar pra si mesmo e dizer que esteve errado nas suas apostas é quase como negar um caminho que você percorreu e que se preparou pra percorrer. mas é preciso parar e estar atento. mesmo na mais altíssima felicidade, mesmo com a empolgação lá em cima. a gente tem de estar de olhos abertos pra paisagem na janela. ver se onde ela leva tá chegando ao lugar que a gente sempre quis realmente estar e quanto tá te afastando de onde você saiu. esses são dois pontos importantes da gente considerar porque o lugar de partida e o de chegada são os que mais a gente se cobra quando é só a gente pela gente mesmo. então quando o trem passa, a vontade que a gente sente de ir é sempre pra chegar a algum lugar específico que a gente sempre sabe qual é e tem que saber mesmo. qualquer lugar diferente que o trem nos esteja levando, qualquer sinal de incômodo por não estar nem onde se quer chegar nem onde morava sua zona de conforto, não é o seu lugar, portanto desça. desça e não tenha medo se tiver que voltar pra casa.
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me paralisa às vezes a ideia de pensar que nesse mundo de meu Deus quanta gente esteja sozinha à espera de um evento do amor que tanto falam por aí e que raramente dá as caras, mas também ao mesmo tempo quantos pares existindo pelo simples e pobre desejo de se ter o que tanto falam que a gente precisa ter. às vezes nas ruas, você observa e para pra ver e não encontra esse fenômeno nos casais. ali parece não existir nem indício daquilo que você deseja pra si mesmo e espera pacientemente que venha acontecer. e aí muitas vezes, isso tudo que a gente observa faz com que a gente às vezes queira deixar de pensar e mais ainda de esperar. ou eu particularmente, muitas vezes me pergunto, se tenho sido idealista demais ou muito iludida pra vida real. será que pra se viver o amor é preciso aceitar que ele só isso mesmo? nada além que duas pessoas juntas? mas pera aí, e tudo que eu venho planejando e esperando sentir? e os olhares inconfundíveis? e as palavras que faltam pra explicar? e aquela sensação de reconhecimento de quem encontrou aquela parte que faltava finalmente e agora entende o sentido das coisas?e a paz de quem agora pode ser exatamente o que é pela certeza de que o outro te quer assim mesmo, justamente assim, sem mudanças, sem perda da sua essência? será que passei muito tempo sonhando? tanto tempo que agora seja difícil aceitar que amor seja diferente dessas coisas que pra mim se tornaram indiscutíveis. dizem que quem passa muito tempo sozinho, acaba se tornando mais exigente. e eu assino embaixo, sabe? eu acho que depois que você entende que consegue se guiar sozinha no escuro, não é qualquer breu que te coloca medo. aí você fica sempre na expectativa de alguém que chegue pra sei lá, de alguma forma facilitar essa parte ou só entender. alguém que saiba que não precisa estar ali pra você mas está pelo simples prazer de estar. está porque é você. e não pra consagrar o que os rótulos obrigam, mas porque quer e eu e você sabemos que essa coisa de querer transcende o que pode ser dito. a gente vê. a gente sente. eu quero, e só quero amar com esse sentido.
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Mas não adianta tentar explicar; algumas dores sempre permanecerão só suas.
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