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Starting out at the #martellotower in #sandycove, now known as the #joycetower for #thegroundhogdaychallenge https://www.groundhogdaychallenge.com/post/martellos #martello #joyce #groundhogdaychallenge #literaturairlandesa #bannedbooks #joinjoyce #ulysses100 #ulysses100anos #fortyfoot #groundhogday2022 #fortyfootwomen (at James Joyce Tower and Museum) https://www.instagram.com/p/CVh57AEI9C9/?utm_medium=tumblr
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#bramstoker nacía el 8 de noviembre de 1847. Fue un novelista y escritor irlandés, conocido por su novela #dracula Drácula (1897) fue su creación literaria más reconocida, en la cual realzó los matices del vampirismo y la cual pasó a ser una obra literaria transmitida a través de los años. Es una historia ficticia basada, según algunas fuentes, en el personaje real del príncipe de Valaquia Vlad III, nacido como Vlad Drăculea, más conocido como «Vlad el Empalador» (en rumano: Vlad Țepeș). Para esta novela, se llenó de los conocimientos de un erudito orientalista húngaro llamado Arminius Vámbery (Ármin o Hermann Bamberger, en realidad) en varias reuniones al igual que de libros como el de Emily Gerard Informe sobre los principados de Valaquia. Se inspiró en Henry Irving y en Franz Liszt para fijar el aspecto del conde Drácula y la novela refleja la lucha entre el bien y el mal. Oscar Wilde dijo de ella que era la obra de terror mejor escrita de todos los tiempos, y también «la novela más hermosa jamás escrita». Además, la obra recibió elogios de, entre otros, Conan Doyle. #bramstokersdracula #bramstokerquotes #literaturauniversal #literaturairlandesa (en Getafe, Madrid) https://www.instagram.com/p/B4nfsUlijbS/?igshid=bnp0t65jpxha
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“Homens e mulheres”, de Claire Keegan
(Tradução do conto “Men and women”, da escritora irlandesa Claire Keegan, publicado em ENRIGHT, Anne (ed.). The Granta Book of the Irish Short Story. London: Granta, 2011[2010]. p. 388-398)
Meu pai me leva a lugares. Ele tem quadril artificial, então precisa de mim para abrir portões. Para chegar à nossa casa, você precisa dirigir por uma longa alameda no bosque, abrir duas séries de portões e fechá-los depois de você para que as ovelhas não escapem para a estrada. Sou habilidosa. Saio do carro, abro os portões, meu pai solta o Volkswagen, fecho os portões atrás dele e salto de volta para dentro do carro em movimento, pegando velocidade na ladeira antes da estrada, e então vamos para onde quer que meu pai esteja indo naquele dia em particular.
Às vezes é o ferro-velho, onde ele procura por uma peça avulsa ou, sentindo o cheiro de barganha em algum classificado, acabamos em um campo enlameado de fazenda, colhendo repolho ou batata de semente em um curral poeirento. Às vezes vamos à oficina metalúrgica, onde eu observo o tambor de água, cuja superfície reflete pedaços do céu leitoso que passa, lento, até que o ferreiro mergulhe o metal vermelho e quente e queime as nuvens. Aos sábados meu pai vai ao mercado municipal e examina as ovelhas nas baias, sentindo os ossos das costas delas, olhando dentro de suas bocas. Se compra apenas algumas, ele não se dá ao trabalho de buscar o trailer, mas as coloca na traseira do carro, e é meu trabalho sentar entre os bancos dianteiros para mantê-las lá. Elas cagam bolinhas e falam béééé, suas línguas escuras de Suffolk como o fígado cru que cozinhamos às segundas. Eu as mantenho atrás até chegarmos a qualquer casa em que o pai estaciona para comer no caminho de casa. Geralmente é a casa de Bridie Knowx, porque Bridie mata seu próprio rebanho e sempre tem carne. O freio de mão não funciona, então o pai para no quintal de Bridie, eu saio e coloco a pedra atrás da roda.
Sou uma garota multiuso.
“Por Deus, dona, pr’ondi cê vai?”
“Dan!”, diz Bridie, como se não tivesse ouvido o barulho do carro.
Bridie mora em uma casa pequena e cinza sem marido, mas ela tem filhos que dirigem tratores pelos campos. São homens baixos, muito pouco atraentes, que remendam suas botas. Bridie passa batom e pó de arroz no rosto, mas suas mãos são como as de um homem. Acho que sua cabeça é errada para seu corpo, do jeito que minhas bonecas ficam quando eu troco suas cabeças.
“Você tem um pouco de comida para a criança, dona? Ela tá com fome”, o pai diz, olhando para mim como se eu fosse uma daquelas crianças africanas por quem abandonamos açúcar na quaresma.
“Ah, para”, diz Bridie, rindo da piada velha. “Essa menina parece bem alimentada para mim. Senta que eu coloco a chaleira para esquentar”.
“Pra dizer a verdade, dona, eu não negaria uma gota de bebida. Tô voltando do mercado e o preço das ovelhas tá um escândalo”.
Ele fala sobre ovelhas e gado e o clima e como nosso pequeno país está num estado lastimável enquanto Bridie arruma a mesa, coloca o molho do Chefe e a mostarda Colman e corta pedaços grandes e grossos de presunto cozido. Eu sento na janela e fico de olho nas ovelhas, que parecem aturdidas, no carro. O pai come tudo à sua frente enquanto eu construo uma torre de biscoitos, lambo o chocolate e dou o resto para o cão pastor embaixo da mesa.
Quando vamos para casa, encontro a pá e recolho os cocôs de ovelha no carro e enrolo a cevada no sótão.
“Onde vocês foram?”, mamãe pergunta.
Conto a ela sobre nossos passeios enquanto carrego baldes de ração para o gado e polpa de beterraba pelo jardim. O pai senta embaixo da vaca de chifre curto e tira leite dela em um balde. Meu irmão está sentado na sala de estar ao lado do fogo e finge estar estudando. Ele vai fazer as provas do ensino fundamental ano que vem. Meu irmão vai ser alguém, então não abre portões ou limpa merda ou carrega baldes. Tudo o que ele faz é ler e escrever e desenhar triângulos com lápis especiais que pai compra para desenho mecânico. Ele é o inteligente da família. Fica lá até ser chamado para o jantar.
“Desça e fale para Seamus que o jantar dele está na mesa”, o pai diz.
Eu tenho que tirar minhas botas antes de descer.
“Venha jantar, seu preguiçoso de merda”, eu digo.
“Vou contar”, ele diz.
“Vai nada”, eu falo, e volto para a cozinha onde eu pego ervilhas do jardim de seu prato porque ele não vai comer rabanete ou repolho como o resto de nós.
À noite, pego minha mochila e faço minha tarefa de casa na mesa da cozinha enquanto minha mãe assiste à televisão que alugamos para o inverno. Às terças ela faz um grande bule de chá antes das oito e senta perto do fogo e se cola em frente ao programa onde um homem ensina uma mulher a dirigir um carro. Como mudar as marchas, como usar a embreagem e a deixa dirigir. Exceto por uma mulher bruta atrás da colina que dirige um trator e uma protestante na cidade, nenhuma mulher que conhecemos sabe dirigir. Durante os comerciais os olhos de minha mãe saem da tela e viajam para a prateleira mais alta da cômoda, onde ela escondeu a chave-reserva do Volkswagen no velho bule rachado. Não era para eu saber disso. Suspiro e continuo desenhando o curso do rio Shannon através de um pedaço de papel manteiga.
Na véspera de Natal eu coloco as placas. Corto uma caixa de papelão e em pincel vermelho escrevo “Por aqui, Papai Noel” e flechas apontando o caminho. Sempre tenho medo de que ele se perca ou não faça questão de vir porque os portões dão muito trabalho. Prego as placas na estaca ao fim da alameda e nos portões de lata e um dentro da porta que leva à sala de estar onde a árvore está: coloco um copo de cerveja e um pedaço de bolo na mesa de café para ele e concluo que Papai Noel estará bêbado até a manhã de Natal.
Papai pega seu melhor chapéu da prensa e se olha no espelho. É um chapéu chique com uma pena dura presa na aba. Ele ajeita o chapéu em sua cabeça para esconder o caminho careca.
“E onde você vai na véspera de Natal?”, mamãe pergunta.
“Tô saindo pra encontrar um homem sobre um filhote de cachorro”, ele diz, e bate a porta.
Vou para a cama e tenho dificuldade para dormir. Sou a única pessoa da minha sala que o Papai Noel ainda visita. Sei disso porque o professor perguntou: “Quem ainda é visitado pelo Papai Noel?” e minha mão foi a única levantada. Sou diferente, mas todo ano sinto que há uma grande chance de ele não vir, que eu me tornarei igual aos outros.
Acordo de madrugada e mamãe já está acendendo o fogo, ajoelhada à frente da lareira, rasgando o jornal, sorrindo. Há um terrível momento quando penso que o Papai Noel talvez não venha porque eu disse: “Vá jantar seu preguiçoso de merda”, mas ele vem, sim. Deixa para mim uma boneca Bebê Chorão que eu pedi, embrulhada no mesmo papel de presente que temos, e eu penso como o sistema postal é como mágica, como eu posso mandar uma carta dois dias antes do Natal e ela chega ao Polo Norte em uma noite, mesmo que uma carta demore uma semana para chegar da Inglaterra. Papai Noel não vem mais para Seamus. Suspeito que ele saiba o que Seamus realmente está fazendo todas as tardes na sala de estar, lendo revistas Hit ‘n Run e bebendo a limonada vermelha do aparador, sem usar seu cérebro.
Ninguém está de pé exceto mamãe e eu. Acordamos com as galinhas. Fazemos chá, comemos torradas e palitos de chocolate no café da manhã. Então ela coloca seu melhor avental, aquele com morangos, e liga o rádio, corta cebolas e salsinha enquanto eu ralo pão em migalhas.
Seamus e o pai descem e investigam os pacotes embaixo da árvore. Seamus ganha um jogo de dardos no Natal. Ele o pendura na porta de trás e ele e pai jogam dardos e anotam os pontos com giz enquanto mamãe e eu colocamos nossos casacos e alimentamos os porcos e o gado e as ovelhas e deixamos as galinhas saírem.
“Por que eles não fazem nada?”, pergunto a ela. Estou alcançando a palha morna, procurando ovos. As galinhas botam menos no inverno.
“São homens”, ela diz, como se isso explicasse tudo.
Porque é manhã de Natal, não digo nada. Volto para dentro e um dardo passa perto de minha cabeça.
“Haha!”, diz Seamus.
“Mira perfeita”, diz o pai.
Neva na véspera de Ano Novo. Flocos de neve aterrissam e derretem nos rebordos da janela. É o fim de mais um ano. Como uma tigela de doce de cereja no café da manhã e adormeço assistindo Lassie na TV. Brinco com minhas bonecas depois do jantar, mas canso de encher a Bebê Chorão com água e apertar pelo buraco em suas costas, então arranco sua cabeça, mas seu pescoço é muito grosso para caber em outros corpos de bonecas. Começo a brincar de dardos com Seamus. Ele marca dois pontos no limo, um para mim e outro, mais perto do alvo, para ele. Quando eu consigo um triplo dezenove, Seamus diz: “Foi sorte”.
“Oitenta e sete”, eu digo, somando meus pontos.
“Sorte”, ele diz.
“Você não sabe o que é sorte”, eu digo. “Sorte de principiante. Veja no dicionário”.
“Exatamente”.
Estou cansada de ser tratada como uma criança. Queria ser grande. Queria sentar ao lado do fogo e ser chamada para jantar e desenhar triângulos, lamber a ponta de lápis especiais, sentar atrás do volante do carro e ter alguém para abrir portões para que eu pudesse entrar com o carro. Vrum! Vrum! Eu cuidaria do carro, faria um adesivo de para-choque dizendo: “CUIDADO, OVELHAS A BORDO”.
Naquela noite nos arrumamos. Mamãe veste um vestido vermelho-escuro, da cor da vaca de chifre curto. Sua pele é sardenta como se alguém tivesse mergulhado um pincel em tinta e espirrado nela. Pede para que eu feche seu colar de pérolas. Eu costumava ficar de pé na cama para fazer isso, mas agora eu sou alta, a menina mais alta da minha sala; o professor nos mediu. Mamãe é alta e magra, mas a pele de sua mão é grossa. Pergunto-me se um dia ela vai parecer-se com Bridie Knox, se tornar parte homem, parte mulher.
O pai não se arruma. Nunca fiquei sabendo que ele tomasse banho ou lavasse o cabelo, ele só muda seu chapéu e sapatos. Agora ele coloca seu chapéu bom na cabeça e calça seus sapatos. São os grandes sapatos pretos que ele comprou quando vendeu o presunto de Suffolk. Tem dificuldade com os cadarços e acha difícil fazer o laço. Seamus veste uma blusa verde com ombreiras, calças pretas com pernas como tubos e botas de caubói para parecer mais alto.
“Não tropece em seu salto alto”, eu digo.
Entramos no Volkswagen, eu e Seamus atrás e mamãe e o pai à frente. Mesmo que eu tenha lavado o carro, consigo sentir cheiro de bosta de ovelha, um odor fraco e pungente que sempre nos leva para nossas origens. O pai liga o limpador de para-brisa; só há um, e ele arranha e limpa a neve. Corvos se levantam das árvores, soltando gritos estridentes e famintos. Por não ter portas atrás, mamãe levanta para abrir os portões. Acho que ela está linda com suas pérolas em volta do pescoço e sua saia vermelha balançando quando ela se movimenta. Queria que meu pai saísse do carro, que a neve caísse nele, não em minha mãe em suas roupas boas. Já vi outros pais segurando os casacos de suas mulheres, segurando portas, perguntando se elas queriam algo da loja, trazendo para casa barras de chocolate e peras maduras até mesmo quando elas dizem que não.
Spellman Hall fica no meio de um estacionamento, um arco de bulbos multicoloridos simples em volta de uma placa torta de “Feliz Natal” em cima da porta. Por dentro é tão grande quanto um armazém, com um chão escorregadio de madeira e bancos perto das paredes. Luzes estranhas faziam qualquer roupa branca ficar deslumbrante. Era incrível. Posso ver o sutiã da dona da banca de jornais através de sua blusa e penugem como neve na calça do leiloeiro. O contador tem um olho preto e uma blusa feita de diamantes cinzas e brancos. Acima, um globo de pedaços de vidro brilha e gira lentamente. No topo do salão de baile há uma mesa com tampo de fórmica cheia de limonada e refresco de laranja, biscoitos de creme e Tayto sabor queijo e cebola. A mulher do açougueiro está atrás da mesa, entregando os canudos e pegando o dinheiro. Muitas das mulheres que conheço das minhas viagens pelo interior estão lá: Bridie com seu batom vermelho-vivo; Sarah Combs, que justamente semana passada encorajou meu pai a tomar um copo de xerez e me deu bolo velho enquanto o levava para a sala de estar para mostrar a ele seus móveis novos; a senhorita Emma Jenkins, que sempre faz fritura e toma café em vez de chá e nunca tem um doce na casa devido a seus problemas gástricos.
No palco, homens em blazers vermelhos e gravatas-borboleta listradas tocam bateria, violões, assopram trompetes, e os Nervosos Moran estão à frente, cantando “My Lovely Leitrim”. Mamãe e eu somos as primeiras na pista de dança para a valsa e, quando a música acaba, ela dança com Seamus. Meu pai dança com as mulheres das estradas. Pergunto-me como ele pode dançar daquele jeito, mas não pode abrir portões. Seamus dança jazz com garotas adolescentes que ele conhece da escola profissionalizante, mãos para cima, bunda para trás, e as garotas girando como fogo. Homens velhos acima de trinta anos me chamam para dançar.
“Vai tentar um passinho?”, eles dizem. Ou: “Que tal uma meia-dança?”
Eles dizem que meus pés são leves.
“Cristo, você é como uma pena”, eles dizem, e me conduzem em meio a meus paços.
Na “Paul Jones” a música para e eu fico presa com um fazendeiro que cheira azedo como o uísque que fazemos os carneiros doentes beberem na primavera, mas o jovem que empurra o gado em volta da baia no mercado se intromete e me resgata.
“Não ligue para ele”, diz. “Ele acha que é bom demais”.
Ele cheira cordas, novas galvanizes, produto de limpeza.
Depois da meia-dança eu fico com sede e mamãe me dá cinquenta centavos para a limonada e bilhetes de rifa. Uma valsa lenta começa e o pai vai até Sarah Cross, que se levanta do banco e tira sua jaqueta. Os ombros dela estão descobertos, consigo ver o topo de seus seios. Mamãe está sentada com sua bolsa de mão em seu colo, observando. Há algo triste em mamãe esta noite; é como quando uma vaca morre e o caminhão vem para buscá-la. Alguma coisa que não entendo completamente está acontecendo, como se uma nuvem negra estivesse chegado e pudesse estourar e causar destruição. Vou até ela e ofereço minha limonada, mas ela só toma um pequeno, delicado gole e me agradece. Dou a ela metade de meus bilhetes de rifa, mas ela não se importa. Meu pai envolve Sarah Combs em seus braços, dançando lentamente como se lentidão fosse o que ele deseja. Seamus está apoiado na parede de trás com suas mãos em seus bolsos, sorrindo para a loira que emporcalha o banheiro das mulheres.
“Fale para o pai parar”.
“Quê?”, ele diz.
“Fale para o pai parar”.
“Por que eu faria isso?”, ele diz.
“E você é o inteligente da família”, eu falo. “Seu merda”.
Eu caminho pela pista de dança e cutuco as costas de Sarah Combs. Cutuco uma costela. Ela se vira, seu largo cinto brilhando na luz que está se espalhando pelo globo acima de nossas cabeças.
“Licença”, eu digo, como se fosse perguntar as horas a ela.
“Hihi”, ela diz, olhando para mim. Seus globos oculares são partidos como o bule de chá em nossa gaveta.
“Quero dançar com papai”.
Com a palavra “papai” o rosto dela muda e ela solta as mãos do meu pai. Eu assumo. O homem no palco está assoprando seu trompete agora. Meu pai segura minha mão bem forte, como punição. Posso ver minha mãe no banco, abrindo sua bolsa para pegar um lenço. Então ela vai ao banheiro. Há um sentimento de ódio em volta do pai. Entendo que ele está desesperado, mas não ligo. Pela primeira vez na vida eu tenho algum poder. Posso me intrometer e assumir, resgatar e ser resgatada.
Há uma algazarra geral perto da meia-noite. Todos estão na pista, joelhos curvados, bolsas de mão se mexendo. Os Nervosos Moran contam os segundos para o Ano Novo e então há beijos e abraços. Homens estranhos me apertam, me beijam como se estivessem sedentos e eu fosse água.
Meus pais não se beijam. Toda a minha vida, tanto quanto eu me lembro, nunca vi eles se tocarem. Uma vez eu levei uma amiga para o andar de cima para mostrar a casa.
“Este é o quarto de mamãe”, eu disse. “E este é o quarto de papai”.
“Seus pais não dormem na mesma cama?”, ela disse em uma voz de puro espanto.
A banda volta ao ritmo. “Oh hokey, hokey, pockey!”
“Trabalhe nos perus do jantar, bata os pudins de ameixa!”, gritam os Nervosos Moran e até mesmo os exibidos do salão desistem de seus pares e giram e se mexem pela pista, e eu vibro por aí e esbarro minhas costelas nas costas do rapaz do mercado e termino dançando com um estranho.
Todo mundo fica em pé para o hino nacional. O pai está secando sua testa com um lenço e Seamus está descansando porque não está acostumado com exercício. As luzes se acendem e nada mais é o mesmo. As pessoas estão com o rosto vermelho e suadas; tudo volta ao normal. O leiloeiro assume o microfone e agradece várias pessoas diferentes, e então leiloa um bezerro Charolais e um bode e lotes de chá e açúcar e pão doce e geleia, pudins de ameixa e tortas de carne. Há bolinhas de merda onde o bode ficou e eu me pergunto quem vai limpar aquilo. Não até o fim, até que o sorteio da rifa aconteça. O leiloeiro segura a caixa de papelão com os canhotos para a loira.
“Cave fundo”, ele diz. “Sem olhar. Primeiro prêmio é uma garrafa de uísque”.
Ela espera um pouco, esperando atenção.
“Vamos”, ele diz, “boa garota, não é o sorteio”.
Ela entrega o bilhete a ele.
“É um – que cor você diria que é, Jimmy? É um bilhete cor de salmão, número setecentos e vinte e cinco. Sete dois cinco. Número de série 3X429H. Vou repetir”.
Não é o meu, mas estou perto. Não quero o uísque mesmo; seria guardado para os cabritos. Eu prefiro uma caixa de biscoitos de chá da tarde que vem depois. Há um movimento geral, uma busca em bolsas de mão, bolsos de trás. O leiloeiro fala os números algumas vezes e parece que ele vai ter que tirar outro quando mamãe se levanta de seu assento. Cabeça erguida, ela caminha em linha reta. Um espaço se abre na multidão; as pessoas a deixam passar. Seus novos sapatos de salto dizem cléque-cléque no chão liso e sua saia vermelha está se mexendo. Nunca a vi assim. Geralmente ela é muito tímida, me dá os bilhetes e eu corro para pegar os prêmios.
“Você quer um gole da bebida, dona?”, o Nervoso Moran diz, lendo o bilhete. “Certeza que te deixaria aquecida numa noite como essa. Nenhuma mulher precisa de um homem se toma um gole de Power. Não é? Sete vinte e cinco, é esse mesmo”.
Minha mãe está de pé em suas roupas elegantes e está tudo errado. Ela não pertence àquele lugar.
“Vamos conferir o número de série agora”, ele diz, “se retirando. “Desculpe, dona, número de série errado. O maridão poderá te manter aquecida esta noite. Voltamos ao sorteio”.
Minha mãe se vira e caminha cléque-cléque de volta no piso liso, com todos sabendo que ela pensou que tinha ganhado, mas não ganhou. E de repente ela não está mais andando, mas correndo, correndo na luz branca, passando o vestiário, em direção à porta, seu cabelo voando como o rabo de um cavalo atrás dela.
Lá fora no estacionamento a neve acumulou na grama pisoteada, nas sempre verdes árvores, mas o asfalto está molhado e brilhante com as luzes dos carros saindo. A luz forte e inabalável da lua brilha sobre a terra. A mãe, Seamus e eu entramos no carro, esperando pelo pai. Não podemos ligar o motor porque o pai está com as chaves. Meus pés estão frios como pedra. Uma nuvem de gordura sai da porta aberta da van de batata frita, uma salsicha gorda e marrom pintada na lataria. Em nossa volta pessoas estão partindo, dizendo tchau, dizendo: “Boa noite!” e “Feliz Ano Novo!”. Estão pegando suas batatas fritas e indo embora.
A van de batata frita fechou sua porta e o estacionamento está vazio quando o pai sai. Ele senta no banco do motorista, a ignição liga, um barulho e então vamos, subindo a colina fora da vila, fazendo as curvas pelas estradas estreitas a caminho de casa.
“Aquela não era uma banda ruim”, o pai diz.
Mamãe nada diz.
“Quer dizer, tinha um pouco de vida naquela banda”. Mais alto dessa vez.
Mamãe ainda não diz nada.
Meu pai começa a cantar “Far Away in Australia”. Ele sempre canta quando está bravo, deixa transparecer que está de bom humor quando se enfurece. As luzes da cidade estão atrás de nós agora. Passamos casas com velas acesas nas janelas, lâmpadas piscando nas árvores de natal, folhas de jornal mantidas nos para-brisas dos carros. O pai para de cantar antes do fim da música.
“Cê viu alguma belezinha no salão, Seamus?”
“Nada que me deixasse louco”.
“Aquela loira era bacana”.
Penso no mercado, todos os homens nas baias dando lances em novilhas e ovelhas. Penso em Sarah Combs e como ela sempre cheira grama quando vamos à sua casa.
Os galhos da castanheira ao fim de nossa alameda estão cheios de neve. O pai para o carro e nós rodamos um pouco para trás até que ele coloca seu pé no freio. Está esperando mamãe sair e abrir os portões.
“Cê tá com dor?”, ele diz a ela.
Ela olha fixamente para a frente.
“A porta está emperrada ou o quê?”, ele diz.
“Abra você mesmo”.
Ele passa por ela e abre a porta dela, mas ela bate a porta.
“Vá lá e abra aquele portão!”, ele late para mim.
Alguma coisa me diz para não me mover.
“Seamus!”, ele grita. “Seamus!”
Não há um pio de nenhum de nós.
“Por Jesuuuus”, ele diz.
Estou com medo. Lá fora, o canto da minha placa “Por aqui, Papai Noel” soltou; o papelão encharcado voa no vento. O pai vira para minha mãe, sua voz cheia de veneno.
“E você andando em seus enfeites na frente de todos os vizinhos, achando que ganhou o primeiro prêmio da rifa”. Ele ri e abre sua porta. “Correndo como uma cigana do salão”.
Ele sai e há raiva em seus passos., como se ele estivesse andando em cima de carvão quente. Canta: “Far Away in Australia!”. Ele está chegando, tirando o arame do portão, quando uma rajada de vento arranca seu chapéu. Os portões se abrem de vez. Ele se inclina para pegar seu chapéu, mas o vento o empurra para mais longe de seu alcance. Ele dá mais alguns passos para pegar, mas novamente o vento sopra o chapéu para longe. Penso no Papai Noel usando o mesmo papel de presente que usamos e então eu entendo. Há somente uma explicação óbvia.
Meu pai está ficando menor. Parece que as árvores estão se movendo, a castanheira, cujas mãos verdes nos abrigam no verão, está se afastando. Então eu percebo que é o carro. Estamos rodando, deslizando para trás. Sem freio de mão e eu não estou lá fora para colocar uma pedra atrás da roda. É quando mamãe senta no banco do motorista e coloca seu pé no freio. Paramos de ir para trás. Ela acelera o motor e coloca a primeira marcha. A embreagem reclama – ela não tinha apertado o pedal o suficiente – mas então ouvimos um barulho e estamos nos movendo. Mamãe está nos levando para frente, passando a placa do Papai Noel e meu pai, que parou de cantar, pelos portões abertos. Ela nos leva pelas árvores cobertas de neve. Posso sentir o cheiro dos pinheiros. Quando olho para trás, meu pai está de pé observando as luzes de freio. A neve está caindo nele, em sua cabeça descoberta, e tudo o que ele pode fazer é ficar lá, segurando seu chapéu.
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Reseña: De profundis
Para mis clases de Literatura tuve que leer varios cuentos y libros, entre ellos el que le tocó presentar a mi grupo fue De profundis, una epístola, una carta muy larga e íntima que Oscar Wilde escribió desde la cárcel de Reading a su amante y culpable de su actual situación lord Alfred Douglas (Bosie). “Querido Bosie: Después de larga e infructuosa espera, he decidido escribirte yo, tanto por ti…
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Oscar Wilde tinha um dom - contar boas histórias. "O fantasma de Canterville" é uma delas! Da nossa série de "livros para outubro", apresento-lhes um livro de fantasma! #book #oscarwilde #canterville #fantasma #gost #suspense #ronyweasley #bookslover #bookmark #ler #oldbook #livro #clubedolivro #booksgram #halloween #literaturairlandesa #livrogram #contos
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Presente da @priiscilawong 😆 James Joyce ❤ O @andarilha_andarilha express é muito mais eficiente que o Sedex! Pri... espero que as coisas melhorem aí na Corte... Boa sorte com os calouros ; ) #LivroNovo #LivroDePresente #JamesJoyce #FinnsHotel #CompanhiaDasLetras #LiteraturaIrlandesa #Ficção #InstaBook
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Samuel Beckett - Esperando a Godot #beckett #samuelbeckett #esperandoagodot #godot #teatro #teatrodelabsurdo #teatroirlandes #literaturairlandesa #loslibrosdefede https://www.instagram.com/p/ClNTYpyOH3y/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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Y así empieza la novela "Pelando naranjas". #JamesLawless #t9n #novelahistórica #literaturairlandesa
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