#ideologia fundamentalista
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#Jeffrey Sachs#Israel#genocídio#Knesset#Estado Palestino#Netanyahu#ideologia fundamentalista#Tribunal Internacional de Justiça#Assembléia Geral da ONU#ONU#EUA#lobby#apartheid
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O BARULHO DOS MAUS E O SILÊNCIO DOS BONS
Está lá, por algum tempo, a veracidade dos acontecimentos sob ameaça de extinção. Com um pouco de honestidade intelectual, a cronologia moribunda ainda se faz presente, a quaisquer interessados de boa fé. KARLQUISTÃO é um país belíssimo, gigantesco em riquezas naturais. Seu agronegócio desponta como um dos celeiros do planeta, ao passo que seu formidável ecossistema é expoente único.
Entretanto, a despeito de seu potencial magnífico, a sua hegemonia – há décadas, promissora e iminente - é sabotada até mesmo internamente. E esse é um fenômeno de fácil compreensão.
Por deplorável alienação/lavagem cerebral, em muitos estratos daquela sociedade, uma ideologia totalitarista tomou de assalto o tirocínio coletivo acerca da História e da Economia.
Mormente entre jovens acadêmicos (induzidos por um programa de captação militante, nas escolas e universidades), "a resistência" político-cultural do "nós contra os fascistas" propaga, de forma agressiva e fundamentalista, conceitos opostos à liberdade de produção, diretrizes democráticas de mercado, meritocracia, credo evangélico e... Ao próprio patriotismo!
Sim, isso mesmo, para essa horda contaminada pelo vírus vermelho, faz muito sentido trocar a bandeira do seu país por bandeiras partidárias alusivas a ditaduras estrangeiras. Também faz sentido - de maneira quixotesca - trazer um presidiário, condenado em todas as instâncias judiciais por corrupção e formação de quadrilha (que prejudicou o país em BILHÕES de dólares) "à cena do crime", leia-se, o retorno do mandrião energúmeno à Presidência da República Federativa do KARLQUISTÃO, por explícita fraude eleitoral, de forma similar à efetuada pela parceira Venezuela.
Mais do que um talento desperdiçado, feito um atleta ou artista genial que o mundo jamais celebrará, aquela nação foi alijada de sua excelência por quintas-colunas no organograma do narcotráfico. E assim, para estarrecimento de cientistas políticos, o que era para ser uma joia do mundo livre tornou-se, por absoluto desrespeito ao conjunto de leis e pela inércia civil, uma extensa prisão de bocas amordaçadas pelo Judiciário e nosocômio de almas intoxicadas pelo consórcio da mídia venal.
Na particularidade de um átomo, aqui o Zé Ninguém ficou curioso quanto à comunidade cristã, sobre o papel das igrejas naquele país deplorável. Tanto pior, escravo estatal, a maioria delas está silente, omissa, enquanto que aumenta o número de denominações inventadas/arregimentadas pelo sistema que, entre outros ardis:
- apoia a bandeira multicolorida pois é do seu interesse a redução da natalidade (neste momento, o planeta agoniza com 8 bilhões de seres humanos, dos quais 2 bilhões, aproximadamente, residem em favelas, com cerca de 1 dólar diário por indivíduo);
- na guerra cultural, fomenta a censura prévia, a desinformação e o conflito social (seja no âmbito racial, político ou religioso), devido à diretriz bélica do "dividir para conquistar" (vide Mateus 12:25-30)¹;
- arbitrária e seletivamente (ou seja, por duplo padrão), exclui contas de plataformas sociais e efetua prisões SUMÁRIAS de opositores, sem o devido processo legal e inclusive de cidadãos sob égide constitucional específica da livre expressão (jornalistas, entrevistadores e parlamentares eleitos, no exercício de suas atividades profissionais).
Tais são os dias maus, naquele miserável país rico, cuja pior deficiência está na nauseabunda subeducação de um povo agrilhoado. O qual não deixa de lamber a mão do seu algoz, provavelmente, devido ao seu vocacionado complexo de vira-latas.
1 "Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá."
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Não se sabe exatamente como era a aparência do inconfidente Tiradentes, já que as representações sobre sua figura são todas posteriores à sua morte. A invenção de uma imagem de Tiradentes, semelhante ao imaginário em torno de Jesus, é um fenômeno comum entre os cristãos, sejam fundamentalistas, sejam progressistas, que defendem um estereótipo físico e de personalidade de Jesus que seja representativo de suas ideologias como se fossem históricos. A representação de Tiradentes (a da imagem) feita por Pedro Américo, é característica das pinturas sobre o personagem, inclusive desde a época do Império: Cabelos e barbas longas em tons de ruivo, para se assemelhar às representações iconográficas de Jesus Cristo. O Crucifixo ao lado do corpo e a disposição dos membros no palanque da Forca que se assemelha a um altar. Criação da imagem de mártir associada à crueldade da Coroa Portuguesa. A pintura, carregada de elementos que se relacionavam com a questão religiosa cristã, aliada à ideia de que Tiradentes teve esse fim justamente porque o movimento da Inconfidência foi denunciado por um traidor (assim como Jesus traído por Judas), reforça a tentativa de aliar o discurso sobre o herói brasileiro com a figura religiosa. Saiba mais sobre messianismos e movimentos revolucionários no Curso “World of Dragons: Daniel e a literatura apocalíptica”. Garanta já seu ingresso: acesse pelo link https://www.sympla.com.br/evento-online/world-of-dragons-daniel-e-a-literatura-apocaliptica/1954174
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Outro dia, sentado na varanda da empresa onde trabalho, apreciando um ótimo café importado, que pecaminosamemte escondo para não ter de dividir, refletia sobre como mudamos na vida. Aquela ideia estatística, herdada do orfismo e fixada no cristianismo pelo neoplatonismo, de uma alma imutável não mais me servia. A realidade da minha própria mudança, da minha história, falseava em mim toda tentativa de pensar uma existência que não fosse repleta de mudanças.
Mas preciso ligar o botãozinho da humildade: saí da bolha dogmática, tendo como muleta dois pensadores de grande importância para o ocidente, esses abriram meus olhos para a inocente imaginação teológica dos fundamentalistas. Bertrand Russell com seu domínio da lógica matemática e Nietzsche, com sua filosofia do martelo, golpearam em mim toda pretensão de uma religião limpinha.
Ok, também não foram os únicos responsáveis por isso. Tenho uma formação acadêmica sólida e como professor científico, não posso ignorar a força da pesquisa histórica. Quando eu era um menino metodista, cheio de pureza e inocência, era possível ser levado pela imaginação de um velhinho bondoso (apesar que na adolescência o velhinho se transformara em um belo de diretor escolar, doido para punir depois da aula pestinhas pecadores), que criara com magia um mundo em sete dias, fazendo "pessoinhas" do barro capazes de conversar com uma cobra, ou que fizera uma linda arca feliz para salvar leões e elefantes de uma inundação global. Infelizmente a gente cresce, descobre a pesquisa histórica e todo esse mundo mágico desaba.
Lembro que alguns anos atrás, após tentar salvar meu fundamentalismo de naufragar junto com a ilusão da arca mágica, acabei abandonando qualquer esperança de redimir o Antigo Testamento. Iria ficar apenas com os evangelhos, afinal, até o Paulo fundamentalista, carecia de solidez histórica. Porém, foi nesse ponto, após uma bela aula sobre um dos profetas antigos, com um pastor super entendido das coisas bíblicas, e hoje meu amigo, que descobri ser possível uma teologia histórica, profética contra as injustiças humana. Não havia pretensão gnóstica de encontrar "A Verdade", entretanto, tinha de sobra uma busca teológica de uma relação histórica, uma dança quase mística e entre humanidade e Deus, onde entre oprimidos se desenvolvia uma concepção universal de algo divino.
Depois dessa divina inspiração, resolvi adentrar novamente na teologia do Antigo Testamento. Estudando junto com grandes acadêmicos, e claro, sempre tirando as dúvidas com meu amigo, tento levar até minha pequena bolha de conhecidos, informações que podem quebrar toda ideologia religiosa que nos faz adentrar por posições que deixariam Hitler orgulhoso. Para essa tarefa vou passar por Von Rad, Eichrodt e Bruggemann. Nomes excelentes e críticos dentro da teologia do Antigo Testamento.
Segundo Eichrodt: "Dentre todos os problemas conhecidos referentes ao estudo do Antigo Testamento, o de maior alcance e importância é o da teologia do Antigo Testamento". Ou seja, temos uma grande dificuldade em sistematizar uma teologia ao olharmos para o desenvolvimento histórico dos povos que compunham a antiga Mesopotâmia. É inegável que dentro da concepção de Deus do chamado povo de Israel houveram encontros culturais com as ideias da Suméria, dos babilônicos e da Assíria. Uma crença em um Deus limpinho e exclusivista, não é mais possível depois de tanta solidez histórica. Existem elementos dentro dos livros do Antigo Testamento que são comuns às visões religiosas de outros povos da mesma região. Elementos ou ideias que com o passar dos anos foram interpretados à luz da própria perspectiva teológica de Israel que se desenvolvia em sua realidade histórica.
O papel do teólogo moderno é compreender esse panorama cultural, buscando encontrar alguma base para a fé deste determinado povo. Por meio da Teologia do Antigo Testamento se faz uma tentativa de construir uma imagem completa da fé veterotestamentária, tratando ainda de dar alcance, em toda sua singularidade, ao que constitui o núcleo essencial do Antigo Testamento. O papel é encontrar esse coração da fé israelita que se desenvolveu em um contexto histórico. Para Eichrodt, a religião veterotestamentária é o fruto de uma longa história, por intermédio da qual se consolidou o tesouro que lhe é próprio, por meio de um longo processo de assimilação e de rejeição em seu contato com as diversas formas de religião pagã. Sendo assim, a ferramenta metodológica de se fazer teologia, passa necessariamente por compreender e aceitar essa realidade. O teólogo não impõe ao texto sua lógica, sua cultura ou sua ideologia, como muitas vezes fazem os fundamentalistas.
Eichrodt ainda vai dizer que: "tal estudo seja, necessariamente, um estudo comparado da história das religiões." Não é mais possível fazer uma exposição adequada da teologia do Antigo Testamento sem uma constante referência as suas conexões com o mundo religioso do Oriente conhecido como Mesopotâmia.
Entretanto, o ponto que mais me chamou atenção em Eichrodt foi sua singela conexão histórica entre o Antigo Testamento e a realidade do Jesus de Nazaré. Afinal somos cristãos, discípulos do Nazareno e sua voz profética estava nesse contexto. Nossa teologia tem profundas raízes no panorama histórico de Israel. Para ele: "Devemos contar também com um segundo aspecto, que não é menos essencial: a relação do Antigo com o Novo Testamento.". Jesus está inserido nessa continuidade histórica e teológica, Cristo não está à parte de sua própria realidade cultural e social. Quando deixamos de lado essa perspectiva, esquecemos do lado humano de Cristo, que tem seu lugar de fala: seu Pai, o Deus de Israel e da história, ergue sua voz através de seu filho o qual nasceu e viveu na periferia de seu país, em situação de vulnerabilidade econômica e camponesa, percebendo que dentro de sua elite existia uma outra visão teológica que era permissiva e justificava a opressão política. O Cristo entra nessa história, se tornando Jesus de um lugar chamado Nazaré. Nazaré, Belém ou até mesmo Jerusalém são frutos dessa continuidade política e teológica.
No desenvolvimento histórico da religião veterotestamentária, se observa a presença de uma força interna que a impulsiona poderosa e incessantemente para adiante, comenta Eichrodt. Dento dela há momentos nos quais parece se tornar estática, presa a princípios fixos, mas que se volta a vontade de continuar avançando na história, em busca de uma algo superior, reconhecendo o caráter contingente e provisório de tudo o que era anterior. Há história, transição, conflitos e alternâncias, há um motor que transforma a realidade histórica o qual busca reconciliação. Isso traz uma beleza incrível para a compreensão da revelação final no Homem de Nazaré. Esse movimento não cessou até a vinda de Cristo, em quem encontrarou seu cumprimento as forças mais nobres do Antigo Testamento.
A irrupção e implantação do reinado de Deus nesta terra abrangem, sem buscar dissolução, dois mundos tão diferentes externamente, quanto são o do Antigo e o do Novo Testamento. Porque, ao final, tudo encontra seu fundamento na ação de um único Deus que busca sempre o mesmo fim: a construção de seu reino. E nesse reino vemos a consumação de uma história teológica. Há solidez para uma teologia do Antigo Testamento que se encontra e faz parte da vida dos discípulos de Cristo.
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30 - O tchutchuca do centrão e a “evangélica” oportunista
Por Morganna la Belle
Jair e Michelle Bolsonaro, mas que casal afinado hein! Tudo a ver um com o outro, afinal o mal caratismo parece unir as almas afins. Realmente, parece ser mesmo verdadeiro o ditado de que semelhante atrai semelhante!
Muita gente viu, via internet ou televisão, o episódio do dia 18 de Agosto, quinta-feira, quando o presidente do nosso país agarrou um youtuber pela gola da camisa para tentar tomar o celular do mesmo, após ter sido chamado de “tchutchuca do centrão” e outros adjetivos nada elogiosos.
Bem, para começar e a título de informação, esta expressão “tchutchuca do centrão” não é nova. Foi usada pelo político Kim Kataguiri em 2021, quando disse em plenário: “…é tudo tchutchuca do centrão!”, referindo-se já no ano passado ao famoso clã Bolsonaro.
Devo salientar que não achei de bom tom o youtuber ter xingado o presidente da República de “safado”, “covarde” e “vagabundo” porque penso que, além de configurar crime de injúria, são xingamentos muito vagos e genéricos. Mas “tchutchuca do centrão”, esse sim é bem específico. Foi mais uma vez imputada ao nosso chefe de Estado a vergonha de ter se rendido ao grupo político que hoje domina a agenda do Congresso Nacional. O centrão, como se sabe, é um conjunto de partidos políticos sem ideologia definida (e sem honra também), cujo objetivo é manter relações próximas com o poder executivo para, através da troca de favores e tráfico de influência, auferir vantagens cada vez mais vantajosas.
Bem o fato em comento só mostrou que o falso mito está bem nervosinho. Afinal, as últimas pesquisas do Ipec e do Datafolha não estão nada favoráveis a ele. E, mais uma vez, assim como quando foi chamado de “noivinha do Aristides”, perdeu a compostura e apelou feio. Como eu mesma disse em meu artigo https://rainhamorgannalabelle.wordpress.com/2022/07/19/27-joaozinho-deve-mesmo-ser-joaozinho-a-vida-toda/, só sei que onde há fumaça há fogo…
Já com relação à primeira-dama, suas atitudes me causam náuseas. Eu a achava uma bela mulher, porém para mim, com o tempo, ela acabou se tornando feia porque “A sua beleza interior é o que te faz linda” (adoro esta frase, só não sei de quem é a autoria). E o que essa mulher definitivamente não tem é beleza interior.
A falta de empatia com o sofrimento dos desfavorecidos e das minorias em geral fazem Michelle ser mesmo digna de ser esposa de Jair Bolsonaro. Como eu também já disse no artigo acima citado, o atual presidente tem grande apreço por qualquer um que seja “terrivelmente evangélico”. Mas não exatamente porque gosta deles mas porque são sua base de votos.
A primeira-dama do Brasil disse, no dia 07 de Agosto deste mês, em um culto religioso na cidade de Belo Horizonte e ao lado se seu marido que, antes do atual presidente e ela, esse casal angelical, chegarem ao Palácio do Planalto, o local “era consagrado a demônios” mas atualmente é “consagrado ao Senhor”.
E além de intolerância religiosa também demonstrou preconceito racial quando criticou, apenas 2 dias depois, o ex-presidente Lula por ter recebido um “banho de pipoca” de uma mulher praticante de religião afro, deixando claro em suas redes sociais o seu repúdio a religiões de matriz africana, afirmando ainda que “Lula já entregou a sua alma para vencer essa eleição.” Ou seja, no entendimento dela, as religiões de matriz africana são coisa do diabo.
Definitivamente, ao contrário do que dizem os nossos juristas, o Brasil NÃO é um país laico. Pelo menos não na prática.
Porém tais disparates religiosos provocaram a reação da Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, entidade que agrega religiosos de várias vertentes. Em nota de repúdio, a entidade então afirmou, no dia 09, que Michelle Bolsonaro estaria fazendo uso de “um maniqueísmo fundamentalista e perigoso, característico de regimes fascistas”.
Os religiosos também declararam que “Essa mesma estratégia foi utilizada no passado para legitimar perseguições religiosas destrutivas e promotoras de mortes. O resultado dessas declarações não pode ser outro senão fomentar a desagregação da sociedade através do medo e colocar em risco a luta internacional de mais de um século por diálogo e cooperação inter-religiosa e ecumênica”.
E também deixaram claro que as falas de Michelle repetem “uma antiga prática excludente, beligerante e preconceituosa que, conforme demonstrado pela história, usa a divindade para tornar o semelhante um inimigo desumanizado, ligado a forças nefastas e que podem inclusive ser alvo de violência de forma legitimada”.
Bem, isso me afeta diretamente porque eu, Morganna, sou produto das bruxas que não conseguiram queimar na Idade Média. Sim, sou praticante de bruxaria desde a tenra idade. Me identifico com o culto da grande Deusa e já faz tempo que me afastei de deuses solares ou masculinos.
Sou admiradora sim, do Cristo e de tudo o que Ele ensinou. Posso seguir muitos dos seus ensinamentos, mas não me considero exatamente cristã. É que me recuso a deixar um livro escravagista, etnocêntrico, sexista e que glorifica um deus sanguinário e vingativo, como é caso do velho testamento da bíblia cristã, reger minha vida. Posso respeitar, mas não sou obrigada a aceitar e seguir tal doutrina religiosa. E não vou gastar palavras aqui citando exemplos de versículos infames do antigo testamento porque não é o foco deste artigo, mas deixo claro que eu poderia citar vários se quisesse.
O que eu lamento profundamente é que as falas de Michelle contribuem em muito para que seja mantido o racismo estrutural que relega a população negra brasileira a um lugar de marginalidade, subserviência e inferioridade na sociedade porque, de acordo com as falas dela, nem a religião que trouxeram da África presta. É coisa do demônio. Lembre-se que a Ku Klux Klan também dizia coisas semelhantes nos Estados Unidos para justificar a tortura e o assassinato das pessoas de pele negra. No entanto, a primeira-dama afirmou mais de uma vez que seu marido é o escolhido do Senhor, o colocando no lugar de Jesus Cristo. Já ele, o Jair Messias Bolsonaro, associou Cristo à posse de armas, quando disse em 15 de Junho deste ano que Jesus “não comprou pistola porque não tinha naquela época.”
Fique aí então a reflexão para todos nós. Nestes tempos terríveis em que policiais matam um cidadão que era doente mental em uma câmara de gás improvisada e que uma pessoa é assassinada simplesmente porque comemorava o seu aniversário com uma festa tendo o ex-presidente Lula como tema, que cada um, de forma DEMOCRÁTICA, tire a conclusão que achar mais acertada.
Eu já tirei a minha.
Quer interagir com a Morganna la Belle? Visite meu site e blog: https://rainhamorgannalabelle.wordpress.com/
Vou adorar conhecer você!!!
#tchutchuca do centrão#Kim Kataguiri#Bolsonaro#michelle bolsonaro#racismo estrutural#ku klux klan#religiões afro
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Brasil, construtor de ruínas - autoverdade e neopentecostalismo
Este não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. No Brasil, porém, há uma particularidade que acredito impactar de forma decisiva a autoverdade: o crescimento das igrejas evangélicas neopentecostais e sua narrativa do mundo a partir de uma leitura (propositalmente) literal da Bíblia. A retórica do bem contra o mal atravessa — ou mesmo define — fenômenos como a “religiosização” da política.
Embora os pastores fundamentalistas exaltem a perseguição do “povo de Deus”, a prática mostra exatamente o contrário. São eles que perseguem os LGBTQIs, são eles que perseguem as mulheres e, em alguns casos de racismo, são eles que perseguem os negros. Mas a prática são os fatos, e os fatos, como acabamos de constatar, não importam. O que importa é a retórica e a performance. (...)
O conteúdo não importa quando quem questiona o inquestionável é automaticamente um inimigo, capaz de usar qualquer “mentira” para atacar um “homem de bem”. Bolsonaro tornou-se o “perseguido” na luta do bem contra o mal, o que faz todo o sentido para quem é bombardeado por uma visão maniqueísta do mundo. A lógica da eterna perseguição foi levada da campanha para o governo, como os primeiros cem dias de Bolsonaro no poder apontaram.
Produtos de entretenimento como as novelas e os filmes supostamente bíblicos de uma rede de TV como a Record colaboram para formatar um determinado olhar sobre a dinâmica da vida. Se alguém só vê o mundo de um mesmo modo, não consegue mais ver de outro. Não há mais interpretação, a decodificação passa a ser automática, por reflexo. (...)
Debate e pensamento complexo são riscos que o bolsonarismo não quer correr. No jogo das aparências, o truque é sempre o mesmo: fazer um movimento ideológico afirmando que é para combater a ideologia, agir politicamente, mas afirmar-se antipolítico. Esse mascaramento só funciona se aquele a quem a mensagem se destina abdicar do pensamento em favor da fé. A retórica supostamente bíblica está educando aqueles que não estão sendo educados. Eleitores estão sendo formados na adesão à política pela fé. (...)
Não há nada mais perigoso numa eleição do que o eleitor que acredita ser “um instrumento de Deus”, absolvido previamente por todos os seus atos, mesmo que eles sejam sórdidos ou até criminosos. Como a lei que vale não é a terrena, laica, mas ditada diretamente do alto e, com frequência, diretamente ao indivíduo, tudo é permitido quando supostamente “Deus estaria agindo”. A “religiosização” da política tem como primeiro efeito a política da antipolítica.
Na campanha eleitoral, Bolsonaro se beneficiou da crise econômica, do crescimento da violência e da produção de medo, sim. Mas sua força veio de uma população treinada para aderir pela fé ao que não diz respeito à fé. Por isso é possível até mesmo fazer política e se dizer apolítico. Se o imperativo é crer, a adesão já está garantida, não importa o conteúdo do discurso. (...)
Ninguém se iluda, porém. O fenômeno da “religiosização” da política vai muito além da população afiliada a uma denominação. Embora pareça desacreditar de quase tudo em suas manifestações na internet, uma parte significativa do eleitorado brasileiro do final da segunda década do século é formada por crentes. É nessa realidade que o bolsonarismo se move e é com a adesão à política como crentes que lidaremos. Se o crescimento do evangelismo neopentecostal como projeto político, cultural e econômico determinou esse fenômeno, ao mesmo tempo suas ramificações e impactos vão muito além dele. Como mencionado anteriormente, mesmo ateus hoje aderem à política como crentes — e se movimentam no mundo como crentes. (...) Compreender isso é fundamental para compreender o bolsonarismo — e também o lulismo.
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Essa é minha lagoa, taoquei!
Essa é minha lagoa, taoquei!
O imprestabilíssimo presidente da república dos e daís, Jair Bolsonaro, declarou “se tirar o Centrão, para onde eu vou? Essa é minha lagoa!”, no tocante a sua filiação a um partido do famigerado amontoado pútrido-político supracitado onde se concentram em pestilenta ebulição os empertigados representantes da secular ideologia nazifascista, eugenista, racista, etnocida, ecocida, fundamentalista,…
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O DEUS DA RELIGIÃO MODERNA!
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Hananias, Misael e Azarias, mais conhecidos por seus nomes babilônicos, Sadraque Mesaque e Abednego, eram três jovens cheios de sabedoria que foram recrutados por Nabucodonosor para a Babilônia, por volta do ano 605 a.C. Eles são muito conhecidos pelo episódio em que se recusaram a adorar uma estátua de ouro levantada no campo de Dura, bem como em servir aos deuses babilônicos, motivo pelo qual despertaram a fúria do rei e foram lançados numa fornalha de fogo ardente, aquecida sete vezes mais que habitualmente.
Hoje não temos uma estátua de ouro, e nem lei que nos obrigue a adorá-la. Não há, pelo menos nos países democráticos, ameaças formais contra a vida daqueles que não praticam determinados cultos. Também não temos um ‘Nabucodonosor’, embora o seu espírito esteja presente em nossa sociedade e ídolos sejam levantados na expectativa de que os adoremos. Estes ídolos podem não ser da grandeza daquela estátua, mas há vários construídos com ouro, prata, bronze, madeira, barro, outros que estão no imaginário das pessoas, sem representação material, e também deuses humanos — políticos, celebridades, autoridades religiosas etc. Há outros que podem ser um bem material, o dinheiro, um prazer, uma religião humana, ou qualquer outra coisa entronizada no coração.
Paulo, escrevendo aos coríntios, diz que “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a Luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Coríntios 4:4). Este deus é Satanás. Antigamente era incomum alguém se declarar um adorador de Satã, porém, hoje, existe a “Igreja de Satanás”, formada a partir do pensamento de Anton LaVey, com presença em vários países, inclusive no Brasil, e seus adoradores se reúnem livremente para estudar a “bíblia satânica”, praticar seus ensinos e divulgarem o que chamam de “Satanismo Moderno”. Há, inclusive, um site para o público brasileiro, para que as pessoas acessem, se cadastrem e até realizem uma prova para se tornarem membros da seita.
O maior objeto de adoração neste mundo não é o diabo, embora qualquer culto idolátrico lhe agrade, nem uma estátua, nem mesmo o dinheiro. O maior ídolo, cuja adoração é praticada largamente em cada canto deste planeta, mesmo sem uma confissão explícita de seu “adorador” — isso seria politicamente incorreto —, é o ego. Sim, o egoísmo é a religião de quem vive para si, de quem, na linguagem paulina, tem o ventre como deus: “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas” (Filipenses 3:18,19 — grifo do autor). Certamente que ninguém escreve em seu abdome “Templo ao Eu”, nem sai por aí gritando “eu sou o meu deus”, entretanto, o modo como se vive, os interesses, os valores e as prioridades de alguém indicam qual é sua ‘religião’ e a quem adora. O ‘eulatrismo’ se caracteriza, além da busca pelos interesses próprios, muitas vezes a qualquer custo, pelo individualismo como estilo de vida — a pessoa não se isola literalmente, mas se casa com o seu “eu”; ela pode ser casada ou não, ter filhos, trabalhar numa empresa, frequentar um clube ou mesmo um templo religioso, praticar algum esporte coletivo, ter carreira política, enfim, ter “vida social” mas viver isolado acima dos interesses comuns. Uma boa palavra para descrever este modo de vida é sologanismo. Esta prática tão comum, mesmo que inconsciente para muitos, revela o cumprimento da profecia paulina que diz: “Porque haverá homens amantes de si mesmos…” (2 Timóteo 3:2) — amantes, apaixonados, compromissados, casados com seus interesses e vontades, vivendo para si.
Um exemplo deste estilo de vida vemos em artigo publicado no site “Manual do homem moderno”, intitulado “A arte de ser feliz sozinho”, onde lemos: “Viver sozinho permite fazer o que queremos, quando queremos, em nossos próprios termos. Ele nos liberta das restrições de necessidades e demandas de uma parceira e nos permite concentrar em nós mesmos. Este é um grande momento de reflexão e aceitação. Permita-se ser quem você quiser.” O problema é que para “ser feliz sozinho” a pessoa sempre dependerá de outra, ainda que apenas como objeto que sirva a seus intentos, porque até neste caso é impossível ser feliz sozinho.
Dentre vários comportamentos e movimentos que refletem a ‘egolatria’, está o feminismo quando milita, por exemplo, contra a natalidade. O site “Área da mulher” publicou matéria intitulada “Não quero ter filhos — Principais motivos, tabus e importância da decisão”. No texto a maternidade é tratada como “uma tradição dos nossos antepassados há milhões de anos”, e que “tem sido imposta como uma obrigação social para as mulheres. Em outras palavras, é como se elas estivessem predestinas a procriar e cuidar dos filhos”.
Um casal colombiano aderiu a uma campanha contra a natalidade, optando por adotar cães em vez de ter filhos. Uma das alegações é que querem continuar levando a vida de antes do casamento: viajar, divertir, não ter hora nem regras, e andar pelados pela casa dentre outras coisas. Os filhos seriam empecilhos. Além do mais, ter filhos seria ecologicamente incorreto, porque pessoas poluem o ambiente. Por isso, melhor adotar cachorros que já estão por aí, e castrá-los, que colocar mais pessoas no mundo. Campanhas contra a natalidade já são comuns e ganham cada vez mais adeptos, especialmente entre celebridades e influenciadores.
O pensamento social está sendo moldado de modo que os valores cristãos vão dando lugar a novos valores, dissociados da Bíblia. Autonomia financeira, conforto, prazer, liberdade, felicidade etc., são palavras chaves que revelam quais são as prioridades desta geração e qual é seu deus.
O mundo — como sistema organizado e contrário aos preceitos bíblicos — labora para que o “antiquado” dê lugar ao “novo”. Para esta sociedade pós-cristã, os valores das Escrituras Sagradas são desprezíveis. Ler ou ter exemplares da Bíblia, bem como símbolos religiosos nas escolas, nas bibliotecas públicas e repartições, por exemplo, torna-se estranho ou mesmo proibido. Na prática, o que se pretende é criminalizar a fé. Por isso que pregadores que falam publicamente contra comportamentos pecaminosos estão sendo processados, enquanto influencers que induzem crianças ao sexo precoce ou ensinam ideologia de gênero em redes sociais são tratados como “pessoas do bem”.
Nabucodonosor queria obrigar o povo a adorar sua estátua. O mundo quer nos impor uma nova ordem e uma nova religião. Quem não se conforma, fica marginalizado. Em sua oração por seus discípulos, o Senhor disse: “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo” (João 17:14). A Bíblia, os seus ensinos, são o motivo pelo qual o mundo nos odeia e trabalha contra nós.
A estátua do deus da religião moderna está erguida. Não está num campo, num grande centro ou lugar de peregrinação, mas no coração humano. Todos os dias somos instados a adorá-la, sob ameaça de sermos tratados como estranhos, preteridos, e denunciados como retrógrados, fanáticos, fundamentalistas etc. Se pudessem, nos lançariam numa fornalha de fogo ardente, ou nos queimariam em fogueiras como fizeram com os mártires. Ainda não podem, mas… “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do Meu nome” (Mateus 24:9).
*No Amor de Cristo,
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SEM NOÇÃO DE NAÇÃO
É voz corrente, consenso popular reconhecido pela elite decente, ética e honesta desde primórdios da humanidade iluminada tanto quanto é máxima irrefutável de que ele é inesgotável fonte milenar de conhecimento, de educação, de aprendizagem, de cultura e/ou de entretenimento.
É cláusula pétrea universal de todas as tábuas de leis que ele é milenar instrumento de ruptura das trevas, pronta maçaneta para escancaramento das portas da ignorância, chave de abertura de mentes e corações, repositório de palavra mágica, de sentimento puro ou cena crua da barbarie.
Ele faz rir ou chorar, leva a gente a céus angelicais ou às profundas do horror, mesmo estático que nem uma pedra, parado como um poste sozinho na paisagem ou imóvel e sem pestanejo igual a uma lagartixa prestes a um bote qualquer um vai às lonjuras só mexendo os olhos, os dedos que folheiam páginas.
Uns deles são sagrados e eternos, outros foram taxados de natureza demoníaca por fundamentalistas do momento, por aqui muitos foram enterrados nos anos de chumbo para não deixar vestígios da ideologia perseguida ou sobreviveram aos cortes imbecis das tesouras da censura, e, lá distante, já houve queima em fogueira na praça pública sob aplauso de celebração da idiotia ou aos gritos do mesmo ódio que incinera pessoas e as transforma em cinzas, ontem e hoje.
Sim, é de livros que se está a falar, daquela coisinha monumental ora impressa em papel de toque afetivo e prazeroso como um travesseiro, ora disponível em pulsos eletrônicos onde qualquer um surfa, navega ou mergulha facinho, molinho e rapidinho.
Mas, pasme, também aqui, agora, em nome de ideia burra da hora, da sanha do fisco ou por causa de rombo em conta pública causado por CPF e CNPJ apadrinhado, malandro e poderoso, umas cabeças ocas, mal intencionadas ou perversas resolveram que aquilo que deveria ser dado de graça num país de tão poucas letras, os livros, até os didáticos, precisam ter os impostos aumentados sob a alegação de que são itens de compra de “pessoas ricas”.
Enquanto isso, a compra de armas teve alíquotas reduzidas.
“Pode isso, Arnaldo?”
Alguém pode botar a mão no seu bolso, tirar a grana suada que você ganhou e jogar ela no que considera “justo”, “legal” ou “prioritário” sem autorização de quem pagou?
A importação de iate de luxo ou de fuzil de última geração merece isenção como se fosse remédio para doença rara ou equipamento de hospital?
Você prefere que seu imposto construa biblioteca ou presídio?
Alguém pode se dar ao direito de ter em casa – em vez de um game divertido ou de um clássico da literatura mundial – caixas e caixas de balas e meia dúzia de pistolas de sofisticada tecnologia dizendo que elas são para a defesa da verdade, duma religião ou duma crença de fé, da liberdade, da democracia, da pátria e até de Deus?
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Sonhei que era chegado o dia em que todas as democracias eram fingidas e tudo não passava de um grande teatro em que todos eram apenas instrumentos de uma elite das sombras que queria impôr o seu credo anticristão, cujos dogmas fundamentais eram o eco-feminismo de gênero e o pluralismo multicultural absolutista. Aos poucos, uma censura discreta se ia impondo, mascarada sob a desculpa de combate a mentiras e ao discurso de ódio, entendendo-se por isso qualquer convicção que não coubesse dentro daquela ideologia. A hostilização se avolumava até o ponto de que uma nova perseguição se desenhara no horizonte, perseguição de morte contra cristãos, apresentados como inimigos da humanidade, como fundamentalistas fanáticos, culpados de todas as atrocidades do passado e do presente. A sua morte era considerada um culto a Deus e uma demonstração de amor aos maltrapilhos do mundo, pois a nova dialética enxergava apenas duas classes: os cristãos e os outros, vítimas deles. Tudo era justificado com outro discurso, também "cristão", que fornecia aos inimigos toda a retórica para que os fieis fossem mortos. A cegueira crescia, a certeza também, até que, à humanidade irmanada sob estes cânones se juntava uma cabeça: um herói maligno. – Àquele ponto, o sonho terminou, acordei e respirei aliviado: ainda bem que era apenas um sonho, um devaneio que, espero, nunca chegue a acontecer. https://www.instagram.com/p/CIcLeAeHHrK/?igshid=flnv8m7a74q4
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É HOJE! A Bíblia é usada por diferentes pessoas e grupos, sejam fundamentalistas, tradicionalistas, progressistas, desigrejados, ateus e participantes de diversas expressões religiosas, não restritas aos cristianismos. Dia 25 de fevereiro às 17h Wellington Barbosa e Angela Natel terão uma conversa aberta e gratuita ao vivo importantíssima sobre a Bíblia e sobre seus usos por diferentes grupos para legitimar comunidades, valores, moralidade, ideologias, crenças, regras de comportamento e também conduta e vilanização do outro. Que tal vir conversar e saber se realmente a Bíblia diz assim? https://www.youtube.com/watch?v=7bYYUgUBJLM
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Quando Deus vira um deus nacional.
Introdução:
Von Rad, como um clássico da teologia do antigo testamento, nos mostra como uma mudança estrutural em nossa sociedade também altera nossa concepção teológica. Nossas noções de divindade, revelação, santidade e até mesma de justiça passam a ter novas conotações. Muitas das vezes, essas doutrinas teológicas são meras ideologias que se formam para justificar o poder e a opressão. Creio eu que o brilhantismo de uma pesquisa como a de Rad está em nos ensinar a fazer teologia, separando o que cada contexto estrutural desejava falar sobre Deus. Por causa desse método entendemos o poder da revelação de Deus aos profetas, como vozes de um Deus que se levanta contra toda forma de opressão. Entendemos o perigo de ser fazer um só corpo entre Estado, um desejo nacional e a religião.
Problematização:
Nossa sociedade baseada na ideologia individualista, da manutenção do poder através da força e da violência, criou uma espécie de teologia, onde a Bíblia serve para justificar o "poder dessa era". A vontade de dominação autoritária, presente em uma grande parte do discurso sobre Deus nesse país e em boa parte do mundo, cria uma sociedade "não profética", onde as vozes dissidentes são mortas e silenciadas. O caráter crítico da Bíblia, de um Deus libertador, tanto do indivíduo, quanto do povo oprimido, é colocado de lado, como algo inimigo de uma suposta "Verdade" revelada aos escolhidos, os quais devem fazer uma apologética do ódio a toda e qualquer mudança.
A história humana parece dar voltas. Como se as mesmas atitudes dos homens se repetisse em ciclos. Para entendermos melhor vamos voltar lá no início do século 20 com as famosas grandes guerras. Quando a primeira guerra acabou, boa parte da Europa se encontrava destruída. Milhares de mortos, países destruídos e uma inflação e desemprego levando muitos a pobreza. Para piorar, uma terrível peste, como essa em que vivemos, aumentou a desesperança. No embalo de tragédias, a grande crise financeira de 1929 quebrou as economias globais.
Nesse momento surge um fenômeno político que é percebido nos tempos de hoje: o nacionalismo conservador. Alemanha e Itália não só estavam passando por grandes crises, mas por momentos de insatisfações políticas. Alemanha tinha perdido um império e pagava grandes indenizações. Itália já não era aquele poder romano e possuía cada vez mais uma população camponesa pobre. Sem contar que havia grande insatisfação entre a população trabalhadora desempregada e sem possibilidade de participar da vida política da nação. A política era controlada pelos burgueses, donos das empresas e que não permitam o voto universal. O povo sentia-se deixado de lado pelo Estado.
Para engrossar o caldo, um movimento anti-estado, promovido por trabalhadores e sindicatos, rompia com as velhas estruturas e poder econômico. Um governo dos trabalhadores era implantado no leste europeu, levando muitos nesses países a temerem uma crise interna e a tomada das empresas.
Nesses momentos é que surge uma nova religiosidade: o nacionalismo religioso.
Esse tipo de religião tem seus sacerdotes: líderes fundamentalistas, como um grande carisma popular e que suas pregações têm como centro o Apocalipse iminente. Uma ira de Deus chegando contra a depravação moral. Se tem um enfoque muito grande em leis morais, costumes e uma volta a rigidez em cumprir a vontade moral de Deus.
Nesse espírito surge também um Messias. Esse líder geralmente tem a habilidade de falar com o povo, gosta de andar exaltado no meio do povo e fala justamente aquilo que o povo quer ouvir. Se diz um escolhido para trazer de volta a glória do país, fala que vai eliminar do meio do povo os inimigos, gente diabólica que tem como objetivo destruir a religião e a família. Diz que só ele pode evitar que uma obscura aliança global destrua a nação. E de repente temos seguidores fanáticos desses Messias praticando violência e atacando jornais. Sim, Hitler tinha seus camisas pardas e Mussolini tinha seus camisas negras que atacavam sindicatos, homossexuais, artistas e jornais. Bem parecido com o que temos hoje, não só no Brasil e nos EUA, como também na Hungria e Polônia. O nacionalismo religioso, conhecido como Fascismo está de volta e como ele vemos o aumento da violência praticada pelo Estado e das mortes. Tudo isso patrocinado pela propaganda de Estado.
Contexto Bíblico:
A transformação da antiga confederação sagrada das tribos em Estado, sucedeu num período relativamente curto, isto é, durante a geração entre Saul e Salomão, de acordo com Von Rad. Também não provocou nenhuma crise aguda na vida religiosa- cultual. Só depois de algum tempo é que a fé em Javé tomou consciência das múltiplas conseqüências daí decorrentes, apresentando um conflito de percepções de Deus, entre os defensores da sociedade estruturada na monarquia e os profetas com seu Carisma e aproximação com a opressão sofrida dentro do povo camponês.
O episódio da realeza militar de Saul não suscitou, inicialmente, grande reação nos meios religiosos e cultuais, pois, na realidade, Saul era um carismático segundo o estilo antigo. Saul ainda pertencia a velha organização social. Apesar dos conflitos, que não podemos ignorar, não houve, por ocasião da transformação do poder carismático em poder real (1 Sm 10.27; 11.12), nenhuma modificação imediata na vida sacral. Nossa percepção de Deus não mudam de uma hora para outra, somos moldados pela ideologia da estrutura social, ao longo do tempo.
Na época de Saul, o Estado estava muito longe de ser um poder autônomo, capaz de influenciar a fé. Mas a modificação imposta a Israel por iniciativa política e militar de Davi teria repercussões profundas na vida interior. Fazendo uma espécie de "anacronismo tosco", podemos dizer que Davi é o primeiro em Israel a fazer uma ideologia de Estado, usando a "máquina pública", como uma espécie de propaganda política e cultural, que foi fundamental para a alteração sobre a percepção sobre qual é a vontade de Deus. Não me sai da cabeça a dialética, o conflito, presente na narrativa do texto onde Deus parece sempre negar a vontade ideológica de Davi em casar teologia e Estado. Deus nega a monarquia no episódio de Samuel, Deus nega o templo em sua exortação ao próprio Davi, Deus nega até o censo que fora proposto e, já nesse tempo, sua voz se faz presente no discurso profético.
Davi com suas guerras conseguiu alargar as fronteiras do reino muito além do território em que se instalara antes a confederação das tribos. Guerras tem esse poder ideológico, de um discurso de poder e de domínio, ascendendo um nacionalismo maligno, onde Deus se torna apenas um ídolo do Estado, uma ferramenta que justifica violência.
O teólogo Von Rad vai dizer que o reino de Davi se tornou um império, comparável aos que já existiam junto ao Nilo e na Mesopotâmia, enquanto, através de uma estrutura análoga, reunia um conjunto de estados vassalos. A defesa desse reino reclamava um exército profissional, e logo se constituíram, nas antigas cidades cananéias, guarnições de carros de combate. A administração do reino exigiu uma nova subdivisão do território em “distritos” (1 Rs 4.7ss). Um corpo de funcionários, tanto na corte como nas outras administrações fora dela, assumiu os encargos do governo. O custo desse aparelhamento administrativo, inclusive o da corte que, com Salomão, tornou-se suntuosa, pesou sobre a população toda através de impostos. O rei possuía fazendas em todo o território e os respectivos encarregados eram obrigados a entregar os produtos à corte. Davi escolheu para sede da corte uma velha cidade cananéia. Em Davi uma estrutura de Estado, bem similar aos modelos do Egito, Babilônia e Assíria começa a tomar forma e com isso também temos uma maior exploração do povo comum, o povo ordinário e camponês sustentava as poderosas classes econômicas.
Ele, porém, como antigo chefe de mercenários, não tinha nenhuma dignidade sagrada que o habilitasse ao exercício das funções de governo. Ninguém teria acreditado, pouco tempo antes, que isso fosse possível no seio da confederação sagrada das tribos! Mas, se os acontecimentos se desenrolaram dessa maneira, causando transformação tão grande, é que se tinham operado inicialmente, na consciência de Israel, modificações decisivas. Uma nova ideologia tomou forma. Uma estrutura de Estado, que se tornou um só corpo com a perspectiva religiosa, mudou toda a concepção de Deus de uma geração, justificando o poder, a violência e a opressão. Davi e sua descendência podem patrocinar guerras e imperialismo com o aval de Deus, Davi pode tomar como posse terras de camponeses ou até mesmo mulheres com a justificativa teológica, Davi pode até mesmo criar um culto do Estado, construindo uma "casa de Deus" onde Deus vira um funcionário público aprisionado em paredes feitas por mãos humanas.
Assim, no antigo Israel, o que vemos, no fundo, é uma grande diferença de mentalidade entre a época anterior à constituição do Estado e os primeiros tempos da monarquia. Vimos como, no plano cultural e religioso, devemos representar o Israel no tempo dos juizes, isto é, como estando num nível de cultura patriarcal, como um grupo humano fechado, protegido pelas leis do culto e da vida social de caráter sobrepessoal, sob o signo de um sentimento de unidade que transcende a tudo quanto hoje podemos imaginar. Creio eu que dessa percepção, de uma volta ao Deus dono de toda a terra e não de um Deus da nação, que surge a teologia profética.
A vida das pessoas era inserida no conjunto orgânico do grupo (clã, tribo) e esses grupos humanos se consideravam em unidade de comunhão com a natureza e com outras tribos. A visão de Deus era do Deus que governa sobre o mundo, que os chama do Egito enquanto ainda eram escravos e que lhes dá uma terra próspera através de uma aliança. Deus não tem vínculo nacional. Deus chama Abraão da região da suméria, dentro dos mitos existe o Deus que fala da região da Babilônia e que confronta Babel, Deus se preocupa com a opressão feita em Sodoma durante a peregrinação dos patriarcas e Deus surge e fala em diversas regiões, diversos santuários. É um Deus de todos, dono do Éden, que faz aliança em busca de trazer justiça a um povo sem terra e escravizado.
Uma mudança espiritual que se introduz de maneira tão rápida e logo se impõe sob a forma de uma nova política, de um redespertar cultural e de uma nova figuração religiosa, deve ter sido preparada pelo enfraquecimento e pelo esgotamento da época anterior. Todo este aparato estatal, de uma teocracia, do Deus com interesse nacionais é construído pelo poder da propaganda de Estado e sua estrutura.
O êxito da nova política não teria sido tão absoluto se a necessidade de mudança não tivesse sido sentida de maneira clara, ou mesmo, obscura. Na realidade, o que sabemos das circunstâncias que prevaleciam em Silo, nos últimos tempos da anfictionia, mostra que havia grande depravação nos costumes e não menor descontentamento por parte dos fiéis (1 Sm 1-3). Vemos com isso como um moralismo religioso e uma necessidade autoritária podem construir uma visão de Deus que justifica a violência e a opressão do Estado. O povo diz a Samuel que quer ser uma monarquia teocrática como os grandes impérios da época. Quer uma força de controle e discursiva que conduza as tradições religiosas.
Von Rad vai nos mostrar que um sinal da decadência dessa época era a perda das antigas tradições locais sagradas que, desligando-se do lugar, transformaram-se em simples narrativas independentes. A história da revelação de Javé, em Betel, do voto de Jacó de erigir nesse lugar uma casa para Deus e do pagamento do dízimo eram originariamente a lenda cultual desse santuário, visando a assegurar a santidade desse lugar como lugar de culto e a legitimidade dos usos em voga (unção da pedra, doação de dízimos). A desvinculação do culto, além da acentuada secularização dos elementos outrora vinculados ao sagrado, com a perda da significação etiológica antiga, representava uma mudança radical no significado das primitivas tradições. A transferência do velho material sagrado dos santuários para os gabinetes dos escritores pode muito bem ser considerada como sinal de que havia passado a época das práticas cultuais patriarcais. Ou seja, a mudança estrutural do oral para o literário, do tribal para o estatal, durante os períodos de transição, misturaram uma vontade reacionária, com o novo poderio militar organizado e com força de Estado. Israel, cuja proteção Javé havia assumido, suscitando carismáticos guerreiros, com os quais ia aos campos de batalha tornara-se agora um Estado, que cuidava diretamente de sua extensão territorial e internamente determinava seu potencial de guerra. Nos primeiros tempos do reinado de Davi poderia bem parecer que Israel se emancipara inteiramente da tutela de Javé, pois o próprio Davi era um antigo soldado da guarda de Saul e não tinha nenhuma consagração religiosa. Sua ascensão à realeza, primeiro sobre Judá e depois sobre a união dos grupos de tribos de Israel e de Judá (2 Sm 5.1-3), é descrita como um ato meramente político. A tomada de Jerusalém foi uma ação pessoal de Davi, que a escolhera como residência entre os dois grandes grupos de tribos. Do ponto de vista do direito público, entre Israel e Judá, Jerusalém significava algo de especial: a “cidade de Davi”. Assim foi construído um espécie de visão estatal sobre a pessoa de Davi, como o "rei mítico" de Israel.
Atualização:
Infelizmente vemos a história se repetir. As vezes nos dá a impressão que o pensamento cíclico da história, do "eterno retorno" parece muito mais realista do que nossa visão linear e ocidental.
Hoje temos uma visão reacionária, de dominação do Estado e de uma mistura entre a religião e o poder político que tenta de toda forma usar da propaganda cultural e estatal justificar a opressão. Deus hoje escolhe nações para através da guerra impor sua vontade. Deus está com os americanos e não com os chineses, Deus está com os brasileiros e não com os argentinos, Deus está com os Húngaros e não com os europeus, Deus está com os poloneses e não com os Alemães. Deus está acima de todos e o país acima de tudo. Deus virou um ídolo nacional, assim como antigamente cada cidade - estado tinha seu deus símbolo. Deus não é mais o Deus de todos e para salvação de todos.
Também percebemos como a teologia da época tenta a todo custo criar heróis nacionais, ungir libertadores messiânicos. Talvez o caso mais emblemático seja o do fatídico Donald Trump, elevado como um. libertador americano, justificado pelos líderes religiosos, o qual não teve escrúpulos em usar da propaganda do Estado para justificar, em nome de Deus, uma guerra contra o Irã, uma guerra cultural contra os chineses, uma guerra estrutural contra os estrangeiros, uma guerra social contra os negros e uma ideologia exaltando o imperialismo, a meritocracia financeira e a vontade de dominar ideologicamente outros povos. Assim como toda a imagem mítica sobre o reinado de Davi desmorona já na história dos filhos, vemos isso se repetir com líderes que tentam casar Deus e suas vontades políticas de dominação.
Conclusão:
Não devemos nos esquecer do fim que teve esse Estado Teocrático de Davi. Esse rei, considerado ungido de Deus e que casou religião e poder viu sua descendência se matar de ódio. Em poucas gerações o reino já estava divido em dois. Viu seus filhos usararem do poder para praticar abusos sexuais entre si e se matarem sem escrúpulos. Teve um Salomão que logo começou a usar do Estado para tomar para si mulheres e tesouros, justificado pela religião, levando todo um povo a depravação estrutural. E foi nesse contexto que surgiu a voz profética, de um Deus que abandonou o Estado, para condenar as alianças políticas e acusar Israel de toda sorte de opressão. Aquilo que parecia ser vontade de Deus se mostrou ser a razão de Deus condenar todo um povo. A voz de Deus já em Elias e na escola profética de Eliseu passou a ser dura, prometendo até eliminar Israel, mantendo apenas profetas que não se curvaram ao Deus-religião-estado.
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ensinaram os evangélicos fundamentalistas a odiar
Os programas sensacionalistas educaram o brasileiro no ódio ao bandido e parecem ter alcançado de forma particular o coração dos fundamentalistas.
Fábio Marton
28 de Agosto de 2020, 1h13
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Foto: Suamy Beydoun/AGIF via AP
É UMA LUTA que provavelmente as gerações mais jovens não conhecem. A guerra da televisão. Nos tempos de TV CRT de 30 quilos, anos 1990, era comum ter uma só em casa. Então, um controle-remoto dava um poder desproporcional a quem dele se apossava.
Na minha casa, quem detinha o poder era o pastor. Meu avô. Como um toque de recolher, minha liberdade de escolher o que ver na TV terminava todo dia às 4h da tarde. Era quando começava a maratona de programas favoritos dele. O primeiro era Carlos Alborghetti, o furioso apresentador que virou um meme. Depois o “Aqui Agora”, um ambicioso e bem financiado projeto de jornalismo sensacionalista, que duraria até 1997. Terminava com o Telejornal Brasil, de Boris Casoy. O primeiro de uma afiliada da TV Gazeta em Curitiba, os demais, por uma do SBT de Sílvio Santos. No total, a tirania do pastor sobre a TV durava cinco horas.
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Talvez o velho estivesse se esbaldando com um novo vício. Ser pastor da Assembleia de Deus era guiar uma igreja na qual o consenso era que crente nem sequer devia ter TV em casa. Não chegava a ser proibido, mas passava a impressão que o dono da TV não tinha compromisso com o modo de vida cristão e permitia às tentações do mundo entrarem em casa pela antena. E, dentro do espaço possível na Assembleia na década de 90, meu avô era até moderno: não tinha nada contra calças para mulher ou cortar o cabelo. Dizia que essas coisas eram só costumes, não doutrina (isto é, são coisas não bíblicas, só hábitos da igreja). Mas TV mesmo, ele só foi ter depois de aposentado.
Mas quando teve uma, esbaldava-se em programas pinga-sangue. Hoje ou 30 anos atrás, quem viu a cobertura jornalística de um programa pinga-sangue, viu todas. “Travesti injeta silicone industrial e pede ajuda para não morrer” – apresentador chama de imbecil, mas ajuda. “Esposa queima marido com álcool”. “Marido esfaqueia esposa e joga no riacho”. Alguém faz sexo com animais. Crimes menos espetaculares. Gente pobre. Sempre o bandido tentando esconder a cara da câmera, o policial forçando. Alguns vítimas terminando tão humilhadas como seus abusadores.
Sem a sua ajuda o Intercept não existe
Atenção
Sem a sua ajuda o Intercept não existe
jacinto-rodriguesJacinto Figueira Júnior, ‘O Homem do Sapato Branco’, foi um dos pioneiros no show de miséria nos anos 80. Foto: Reprodução/Youtube - SBT
Crias da ditadura
Sempre odiei esses programas, mas até pouco tempo atrás nunca havia pensado na ideologia que eles transmitem. Quando eu vi o documentário “Bandidos na TV”, na Netflix, me deu o estalo. Programas pinga-sangue estão entre os maiores eleitores de Bolsonaro: eles influenciaram os crentes a odiar não só o pecado, mas o pecador.
O pinga-sangue educou o brasileiro no ódio ao “bandido” – ódio também ao “amigo do bandido” e seus “direitos humanos”. Por diversas razões, parece ter falado de forma particular ao coração dos fundamentalistas, ajudando-os a desabrochar nas figuras agressivamente políticas do presente.
Um pouco de história: programas pinga-sangue têm origem nos tempos da ditadura. “Um dos pioneiros nesta linha foi Jacinto Figueira Júnior, que estreou, em 1966, o programa ‘O Homem do Sapato Branco‘ e permaneceu no ar com seu show de misérias por vários anos”, escreveu o filósofo e teólogo padre Jaime Carlos Patias, em “O telejornal sensacionalista, a violência e o sagrado”. “Seu programa foi veiculado pela Bandeirantes, Globo, SBT e até mesmo pela TV Cultura, emissora teoricamente mais preocupada com o padrão de qualidade da sua programação.”
Jacinto começou na TV e depois foi também para o rádio. Várias outras figuras pioneiras, como Gil Gomes, Afanásio Jazadji e Carlos Alborghetti, começaram como radialistas de noticiário policial antes do fim do regime. Em 1968, Gil Gomes descobriu que um crime sexual havia ocorrido no mesmo prédio de sua rádio e resolveu, pela primeira vez, cobrir ao vivo, andando com o microfone, inaugurando seu estilo dramático.
Nessa época, a ditadura e os sensacionalistas estavam mais ou menos em lados opostos. Jacinto, eleito em 1966 deputado estadual em SP pelo MDB, a oposição permitida pela ditadura, perdeu o mandato (por “atentado contra a moral e bons costumes”), em 1969, após o AI-5, e foi tirado do ar até 1979. Gil Gomes relatou que foi preso 30 vezes no período.
‘Sempre odiei esses programas, mas até pouco tempo atrás nunca havia pensado na ideologia que eles transmitem’.
A era de ouro do sensacionalismo viria na democracia. No momento em que a censura foi banida, com a Constituição de 88. Foi uma época em que as TVs partiram para testar os limites. Fausto Silva falando palavrão no meio da tarde – parece difícil de acreditar hoje, mas babaca e pentelho já foram palavrões. No SBT, surgia um programa baseado em mostrar seios, “Cocktail”. A banheira do Gugu. Em 1991, o já citado noticiário pinga-sangue “Aqui Agora” (que o Sílvio Santos, aliás, pretende trazer de volta).
É um paradoxo. A ditadura não se entendia com o pinga-sangue, mas no final das contas o pinga-sangue acabou por abraçar, reproduzir e divulgar talvez a mais duradoura herança da guerra suja, do porão da ditadura. A cultura da brutalidade policial, da ilegalidade, do grupo de extermínio.
Isso porque, nesse ramo, de certa forma, o papel do jornalista não é só ser simpático ao policial. Ele se confunde com o próprio policial. Em entrevista ao Intercept, o jornalista Danilo Angrimani, autor de “Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa”, traz um exemplo antigo. “Essa ‘promiscuidade’ entre o repórter policial e a polícia não é nova. Lembro de Nelson Gatto, que prendeu, pessoalmente, um bandido e rendeu a manchete ‘Promessinha preso’, em letras garrafais no Última Hora, em 1958. Ou seja, ele não se limitava a informar. Ele mesmo ‘criava’ a notícia”.
Ritual na TV
Os dois estudiosos descrevem o papel do apresentador-sensacionalista como um agente da notícia. “O sensacionalismo opera em uma espécie de balança, atuando, às vezes, como transgressor e, em outros momentos, como ‘instrumento’ de punição”, afirma Angrimani. “O veículo sensacionalista, em alguns momentos, alardeia a quebra da ordem e, em outros, glorifica o restaurador da moralidade.”
O filósofo e teólogo Jaime Patias faz uma análise sob a ótica religiosa dos programas sensacionalistas. Com base no trabalho do filósofo francês René Girard, estabelece uma distinção entre violência sagrada e profana, suja e limpa, pecaminosa ou purificadora. Como funciona: as vítimas em um programa policial, lesadas pela violência profana, são resgatadas pela violência sagrada. “Quando um sistema ou instituição se coloca acima das demais instituições, ao combater a violência, o faz como violência purificadora”, afirma. “A sua atuação se dá numa dimensão religiosa, transcendental.”
Isto é a polícia, acima das leis, ocupando uma função sagrada, e o apresentador cumprindo um papel de sacerdote, numa espécie de ritual de expiação do pecado. “No apresentador [José Luiz] Datena, do Brasil Urgente, percebe-se traços característicos de mediador religioso que se pretende purificador ante a violência comum”, define.
Gil GomesO jornalista e radialista Gil Gomes do “Aqui e Agora”, levado ao ar pelo SBT. Ari Vicentini/AGE via Estadão Conteúdo
E aqui retornamos ao meu avô. Patias defende que essa relação do espectador com o apresentador é uma substituta da religião. “De certa forma, a mídia é, ao mesmo tempo, produtora da notícia e detentora das grandes verdades e soluções. Dessa forma, ocupa o lugar que outrora foi de Deus, como a verdadeira religião a quem a pessoa recorre.”
Não consigo imaginar meu avô pastor realmente trocando Deus por Datena. Acredito que é algo que corre em paralelo. Uma espécie de sincretismo, digamos assim.
Quando a gente brigava pelo controle da TV, eu achava que o entusiasmo do meu avô por programas policialescos era mero mau gosto, falta de estudo – apesar de, por causa de sua profissão, o pastor ser o único na família a ter uma biblioteca não era decorativa.
Mas a relação era mais profunda. Bíblica. A TV sensacionalista traz uma visão do mundo externo que condiz com o que os evangélicos fundamentalistas pensam. É um mundo caído, em pecado, onde a falta de Jesus no coração leva a todo tipo de abominação, de desgraça, de vergonha. A violência profana da qual fala o professor Patias, que domina o mundo fora da igreja. Ou simplesmente “O Mundo”, como gostam de falar.
Basicamente tudo na vida de um crente fundamentalista se divide entre O Mundo e a Graça, a vida em pecado e em comunhão com Cristo. Coisas d’O Mundo são ruins: música, filmes, ciência que contradiz a Bíblia, bebida, drogas, sexo, tudo o que pode levar o crente a se perder. Um filme ou música profana são a porta de entrada do Diabo na vida de alguém. O objetivo da vida de um evangélico fundamentalista é viver ao máximo segregado d’O Mundo. Essa era a razão para os crentes antigos rejeitarem a televisão.
“O pastor, ao falar para seus fiéis, cita o Diabo como responsável por todas as transgressões”, afirma Danilo Angrimani. O crente precisa se afastar do Diabo, para não pecar mais, para não transgredir.” Os pinga-sangues mostram a vida profana, o mundo do Diabo, exatamente como os crentes o imaginam.
‘Os pinga-sangues mostram a vida profana, o mundo do Diabo, exatamente como os crentes o imaginam’.
Do lado oposto, eles já trazem uma visão que se parece com a do policial encarnado em anjo vingador por esses programas. Uma cultura de autoridade, de leis duras, de tradições pétreas e de guerra – uma guerra constante com o Mundo, o pecado, como é a “guerra” contra o crime do policial militar brasileiro. Uma cultura na qual o bandido está do lado do diabo, em que é basicamente um possesso. E uma cultura policialesca na qual aqueles que se opõem às ações da polícia são como pedras no caminho desse trabalho sagrado. Defender os direitos humanos dos encarcerados e dos alvos da polícia é estar do errado da guerra santa contra o crime. Os que fazem isso costumam ser os mesmos que defendem aborto, religiões afro e “gayzismo”. A esquerda, assim, passa a ter algo de satânico.
Em um programa de 2010, José Luiz Datena demonstrou, de forma transparente, essa relação. Atribuiu a execução de uma criança de dois anos à “ausência de Deus”, num nietzschianismo vulgar.
“Esse é o exemplo típico de um sujeito que não acredita em Deus. Matou um menino de dois anos de idade. Essa gente é quem mata, enterra pessoas vivas, quem estupra, quem violenta nossas mulheres. (…) É por isso que o mundo está essa porcaria, guerra, peste, fome e tudo mais. São os caras do mal. (…) Quem não acredita em Deus não tem limite. Quem não acredita em Deus não respeita limite porque se acha o próprio Deus”.
O insulto mobilizou os descrentes do Brasil. Datena acabou perdendo judicialmente contra a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, a Atea. Mas o resultado foi, segundo o presidente da entidade, “vinhetas bem aguadas e genéricas sobre tolerância religiosa”.
Da minha parte, na época, soou uma coisa óbvia a alguém como Datena dizer. Um insulto no topo de uma montanha. Datena – e pouco importa o que pense ou diga sobre Bolsonaro em si – representa uma faceta central desse bolsonarismo ancestral no qual eu fui criado.
Mas poderia ter sido diferente. Eu mesmo nunca imaginei que um dia haveria um presidente “deles”. Quem sabe os crentes fundamentalistas – e o Brasil – tivessem ficado melhor se continuassem sem televisão.
ENTRE EM CONTATO:
Fábio Marton
marton.fabio@gmail.com
@FabioMarton
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Aborto e caça às bruxas
(18 de agosto de 2020)
Você sabia que um elemento fundamental na caça às bruxas foi o controle reprodutivo, necessário à economia?
Acreditava-se que o crescimento econômico de uma nação estava absolutamente vinculado ao nascimento da força de trabalho[1]. Nesse sentido, mulheres, que sempre tiveram conhecimentos de abortivos e contraceptivos, começaram a ser perseguidas por "afetar negativamente" a economia.
A autonomia reprodutiva do corpo virou uma questão econômica. Somada a essa ameaça, a relação sexual sem fins reprodutivos constituiu uma ameaça moral a uma sociedade predominantemente cristã. Intensifica-se, então, a perseguição a mulheres profissionais do sexo.
O aborto virou questão social dominada pelo viés econômico e moral. Mulheres que abortavam (intencionalmente ou não) eram condenadas por assassinato, bem como mães de crianças que nasciam mortas. Os partos, comumente realizados por outras mulheres, passou a ser de ofício masculino a fim de evitar que mulheres cooperassem na prática do aborto. A obstetrícia passou a ser composta majoritariamente por homens.
O medo do aborto, alimentado por um forte moralismo cristão, fez com que qualquer reunião de mulheres fosse repudiada. A partir disso ficou fácil acusar um grupo de mulheres de satanistas. Desse medo também nasceu a ideia, muito pejorativa na época, de que mulheres que se reúnem para compartilhar qualquer informação devem ser caladas sob a injúria da fofoca. E aí o silenciamento.
O controle do corpo passa a ser apropriado pela igreja católica como agente de controle social e moral porque agora a acusação não se detinha somente no prejuízo econômico. Crenças de que mulheres imorais, prostitutas e parteiras constituíam grupos de adoração satânica eram, portanto, muito comuns. Qualquer suspeita de que uma mulher dominava técnicas de controle reprodutivos (contraceptivos também) era suficiente para acusá-la de assassina e submete-la ao tribunal da Inquisição[2].
“Se considerarmos o contexto histórico no qual se produziu a caça às bruxas, o gênero e a classe das acusadas, bem como os efeitos da perseguição, podemos concluir que a caça às bruxas na Europa foi um ataque à resistência que as mulheres apresentaram contra a difusão das relações capitalistas e contra o poder que obtiveram em virtude de sua sexualidade, de seu controle sobre a reprodução e de sua capacidade de cura.” [3]
Tudo isso se refere ao controle social e moral do corpo – e o aborto, naturalmente, está envolvido. Acreditava-se que essas mulheres satânicas, as bruxas, abortavam de propósito para sacrificar os bebês à satanás metamorfoseado de cabra. Como as reuniões eram absolutamente repudiadas, acreditava-se que as bruxas se reuniam escondidas durante a noite e, para não serem vistas, usavam vassoura voadoras.
Este pequeno recorte foi para propor a reflexão de que o controle da autonomia do corpo reprodutivo tem origens e funções adversas. A moral cristã se apropriou de um controle social que tinha função meramente econômica e transformou, o que já era desastroso – porque não é tampouco justificável pela ótica da riqueza nacional –, em um inferno na terra.
Essa prática inquisitorial-moral ainda é muito comum. Quando se debate o aborto ou demais métodos de controle reprodutivo, nunca demora a aparecer fundamentalistas religiosos bradando acusações nada novas, resquícios de uma ideologia cristã marcadamente cheia de abusos e castrações.
Pensar aborto é pensar também, mas não somente, o controle moral e social do corpo reprodutivo. E, em ambos os casos, o controle é cedido à uma classe dominante.
Pela autonomia dos corpos, somos resistência!
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[1] Marx refuta isso dizendo que a riqueza não advém da quantidade da força de trabalho, mas do mais-valor apropriado. O excedente de trabalhadores funcionaria apenas como exército de reserva. A economia pré-capitalista, portanto, era bastante instável por depender de um pequeno excedente de força de trabalho. Foi isso o que trouxe, também, a "necessidade" da escravidão como recurso econômico.
[2] Os interrogatórios e as torturas às quais foram submetidas as bruxas foram a base para o método da Nova Ciência desenvolvido por Francis Bacon e apoiados por juízes, advogados, estadistas, cientistas, teólogos e filósofos como Hobbes, Bacon, Kepler, Galileu, Descartes e Shakespeare.
[3] Silvia Federici em “Calibã e a Bruxa”.
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