#esteticamarxista
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gifsdefisica · 3 years ago
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"Estes objetos estéticos são, antes de mais nada, os que o próprio homem cria, estruturando de certo modo uma matéria dada, a fim de dotá-la de uma expressividade humana que em si não possui. Mas, graças à sua sensibilidade estética, o homem pode humanizar também uma natureza que ele no transformou materialmente, e dotá-la de uma nova significação integrando-a em seu mundo. A natureza, em si, carece de valor estético; tem de ser humanizada. O homem deve explicitar-se nela para que se torne expressiva. Dêste modo, através de suas qualidades próprias, meramente naturais, a natureza é colocada em estado humano, isto é, estético. [...] [...] Na relação estética, o sujeito entra em contato com o objeto mediante a totalidade de sua riqueza humana - não apenas sensivelmente, mas também intelectiva e afetivamente. Por sua sua vez, o objeto apresenta-se como um todo concreto-sensível que se oferece a nossos sentidos, mas com uma significação ideológica e afetiva, isto é, como realidade concreta humana. Marx destaca com tôda razão, [...] a impossibilidade de entrar numa relação estética com um objeto - um mineral - quando êle é captado através de seu valor mercantil, isto é, através de algo que abstraímos de sua totatotalidade, deixando de lado o objeto como um todo concreto-sensível e a riqueza humana objetivada nele. Fora de suas formas concreto-sensíveis e de seu conteúdo humano, não existe o objeto estético; por sua vez, o sujeito só pode entrar em relação com o objeto quando o homem se situa diante dele sensivelmente e com tôda sua riqueza humana explicitada. Objeto e sujeito se correlacionam na relação estética; o primeiro só tem sentido para o homem quando êste não entra em contato com ele abstratamente, mas através de tôda a sua riqueza concreta humana; o sujeito só pode encontrar seu objeto, na relação estética, quando apresenta-se diante dêle como um objeto concreto e carregado totalmente de significação humana." VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As ideias estéticas de Marx. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968, p. 86. Arte: "La vengeance" (René Magritte, 1936) #materialismo #dialetica #materialismodialetico #materialismohistorico #marxismo #estetica #esteticamarxista https://www.instagram.com/p/CUKlxQ5LzQe/?utm_medium=tumblr
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gifsdefisica · 3 years ago
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“O que êle [Marx] buscava era o homem, ou, mais exatamente, o homem social, concreto, que - nas condições econômicas e históricas próprias da sociedade capitalista - se desfaz, se mutila ou nega a si próprio. Esta mutilação do homem, ou perda do humano, se dá precisamente no trabalho, na produção material, isto é, na esfera na qual o homem deveria se afirmar como tal e que tornou possível a própria criação estética. E, buscando o humano, o humano perdido, Marx encontra o estético como um reduto da verdadeira existência humana, e não apenas como um seu reduto, mas como uma esfera essencial. Se o homem é atividade criadora, não poderia deixar de estetizar o mundo - assimilá-lo artísticamente - sem renunciar à sua condição humana. […]
[…] A prática é uma dimensão do homem como ser ativo, criador, e, por isso, o fundamento mesmo da praxis artística deve ser buscado na prática originária e profunda que fundamenta a consciência e a existência do homem.
[…] A prática, enquanto fundamento do homem como ser histórico-social, capaz de transformar a natureza e criar assim um mundo à sua medida humana, é também o fundamento de sua relação estética com a realidade. Quando Marx fala da prática, como relação originária entre o homem e a natureza, refere-se à ação real, efetiva, do homem sobre a natureza, a qual se manifesta, sobretudo, como produção material. Esta ação, que é transformação da natureza dada, não é exigida pura e simplesmente pela necessidade de subsistir, mas antes de tudo pela necessidade que tem o homem de afirmar-se como ser humano, e de manter-se ou elevar-se como tal. A prática é criação ou instauração de uma nova realidade interior e exterior. O poder de criação do homem explicita-se na criação de objetos humanizados e de sua própria natureza.”
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As ideias estéticas de Marx. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968, p. 52.
Arte: “Dualidade existencial” (Mariusz Lewandowski, 2019)
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gifsdefisica · 3 years ago
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“[…] segundo a concepção ideológica, o artista dirige-se para a realidade afim de expressar sua visão do mundo, e com ela sua época e sua classe, ao passar-se do plano ideológico para o cognoscitivo sublinha-se, antes de mais nada, sua aproximação à realidade. O artista aproxima-se dela a fim de captar suas características essenciais, a fim de refleti-la, mas sem dissociar o reflexo artístico de sua posição diante do real, isto é, de seu conteúdo ideológico. Neste sentido, a arte é meio de conhecimento.
[…] A verdade artística não se determina através da correspondência plena entre arte e ideologia, mas tampouco - e nisto se diferencia do conhecimento científico - através de sua plena concordância com a realidade objetiva tal como existe fora e independentemente do homem. Num quadro ou num poema não entra, por exemplo, a árvore em si, precisamente a árvore que o botânico trata de apreender, mas uma árvore humanizada, isto é, uma árvore que testemunha a presença do humano. Assim, portanto, quando se fala de verdade artística, ou de reflexo da realidade na arte, êstes têrmos têm de passar de um plano filosófico geral para outro própriamente estético. Apenas dêste modo, ao ganhar um significado peculiar, pode se falar de arte como forma de conhecimento. Com que concorda esta árvore humanizada? Pura e simplesmente com a árvore real que cresce sem ser tocada pela mão do homem? Ou, antes, com o próprio homem que a humaniza?”
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As ideias estéticas de Marx. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968, p. 32.
Arte: “Moisson des Illusions” (wojciech siudmak)
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gifsdefisica · 3 years ago
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"O homem é um ser necessitado; como ser natural, diz Marx, está dotado de fôrças naturais e é um ser natural ativo; suas necessidades podem revestir uma forma não especificamente humana. A necessidade o impele para o objeto no qual busca aplacar e exteriorizar as fôrças naturais de seu ser. Mas, enquanto ser natural, é também passivo. Os objetos essenciais de suas necessidades naturais existem fora e independentemente dele, isto é, não foram criados por ele; isto implica numa passividade, numa dependência do sujeito com relação ao objeto, pois são para eles objeto essenciais. O homem, por isso, como ser natural, "é um ser que padece, um ser condicionado e limitado, como também o são o animal e a planta..." Mas o homem não é apenas um ser natural, mas "um ser natural humano; isto é, um ser que é para si mesmo e, portanto, um ser genérico; e, como tal, deve necessariamente atuar e afirmar-se tanto em seu ser como em seu saber". [...] Como ser natural humano, não se vê impelido, empurrado para o objeto. Longe de inserir-se no objeto exterior, insere êste em seu mundo, retira o objeto de seu plano natural para fazer dele objeto de sua necessidade humana. Não se limita a girar em volta do objeto, mas submete-o, vence-o, arranca-o de seu estado natural e imediato para colocá-lo em um estado humano. Só assim pode ser objeto de uma necessidade não natural. Deve, portanto adotar uma forma humana e, deste modo, emerge um nôvo objeto, produzido ou criado mediante a integração do dado direta e imediatamente no mundo do homem. A necessidade humana é, portanto, necessidade de um objeto que não existe fora do homem e que, todavia, como diria Marx, "é indispensável para sua integração e para a manifestação de seu ser". A necessidade humana faz do homem um ser ativo, e sua atividade é, antes de mais nada, criação de um mundo humano que não existe por si mesmo, fora do homem." VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As ideias estéticas de Marx. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968, p. 65. Arte de: Zdzislaw Beksinski #materialismo #dialetica #materialismodialetico #realidadeobjetiva #esteticamarxista #marxismo #necessidade #sernatural #sersocial #naturezahumanizada #sersocial https://www.instagram.com/p/CTqNZ0jrHuu/?utm_medium=tumblr
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gifsdefisica · 3 years ago
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"O homem é o objeto específico da arte, ainda que nem sempre seja o objeto da representação artística. Os objetos não humanos representados artísticamente não são pura e simplesmente objetos representados, mas aparecem em certa relação com o homem; ou seja, revelando-nos não o que são em si, mas o que são para o homem, isto é, humanizados. O objeto representado é portador de uma significação social, de um mundo humano. Portanto, ao refletir a realidade objetiva, o artista faz-nos penetrar na realidade humana. Assim, pois, a arte como conhecimento da realidade pode nos revelar um pedaço do real, não em sua essência objetiva, tarefa específica da ciência, mas em sua relação com a essência humana. Há ciências que se ocupam de árvores, que as classificam, que estudam sua morfologia e suas funções; mas onde está a ciência que se ocupa das árvores humanizadas? Pois bem; são precissamente êstes os objetos que interessam à arte. [...] A arte não vê as relações humanas em sua mera generalidade, mas em manifestações individuais. Apresenta homens concretos, vivos, na unidade e riqueza de suas determinações, nos quais se fundem de um modo peculiar o geral e o singular. Mas o conhecimento que a arte pode nos dar acêrca do homem, este conhecimento só pode ser atingido por um caminho específico que não é, de modo algum, o da imitação ou reprodução do concreto real; a arte vai do concreto real ao concreto artístico - chamêmo-lo assim. O artista tem diante de si o imediato, o dado, o concreto real, mas não pode permanecer neste plano, limitando-se a reproduzi-lo. A sociedade humana só lhe revela seus segredos na medida em que partindo do imediato, do individual, eleva-se ao universal para para depois voltar novamente ao concreto. Mas êste nôvo individual, ou concreto artístico, é precisamente o fruto de um processo de criação, não de imitação. [...] A arte só é conhecimento na medida em que é criação. Tão-sómente assim pode servir à verdade e descobrir aspectos essenciais da realidade humana." VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. As ideias estéticas de Marx. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968, p. 35. Arte: "As sombras" (René Magritte, 1966) #materialismo #dialetica #esteticamarxista https://www.instagram.com/p/CTZym6QLGgm/?utm_medium=tumblr
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