Tumgik
#escrito entre páginas vazias.
blomeur · 11 days
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𝐚𝐫𝐨𝐦𝐚𝐬 𝐟𝐫𝐢𝐨𝐬 𝐞 𝐪𝐮𝐞𝐧𝐭𝐞𝐬.
𝐩𝐚𝐫𝐢𝐬 / 𝗎𝗆 𝗆𝖺𝗋 𝖽𝖾 𝖾𝗆𝗈𝖼̧𝗈̃𝖾𝗌 𝖺𝗌𝗌𝗂𝗆 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝗌𝖾𝗎𝗌 𝗅𝖺́𝖻𝗂𝗈𝗌, 𝖽𝖾𝖼𝗂𝖿𝗋𝖺𝗇𝖽𝗈 𝗈 𝗆𝖾𝗅𝗁𝗈𝗋 𝗀𝗈𝗌𝗍𝗈 𝖾𝗇𝗍𝗋𝖾 𝖺𝗆𝖺𝗋𝗀𝗈 𝖾 𝖽𝗈𝖼𝖾.
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𝐩𝐚𝐠. 𝟎𝟒.
𝖺𝗌𝗌𝗂𝗆 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝗆𝖾𝗎𝗌 𝗌𝖾𝗇𝗍𝗂𝗆𝖾𝗇𝗍𝗈𝗌 𝗊𝗎𝖾 𝗍𝗋𝖺𝗇𝗌𝖿𝗈𝗋𝗆𝖺 𝗎𝗆 𝖺𝖻𝗂𝗌𝗆𝗈 𝖽𝖾 𝖼𝗈𝗇𝗍𝗋𝗈𝗏𝖾𝗋𝗌𝗈𝗌 𝖽𝖾𝗇𝗍𝗋𝗈 𝖽𝗈 𝐦𝐞𝐮 𝐜𝐨𝐫𝐚𝐜̧𝐚̃𝐨. 차가운 건 어쩔 수 없나 봐 { … } 나의 하루 속에 자리 잡고 있지만.
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𝗏𝖺𝗆𝗈𝗌 𝗉𝖺𝗌𝗌𝖺𝗋 𝖼𝗈𝗆𝗈 𝗌𝖾 𝖾𝗌𝗍𝗂𝗏𝖾́𝗌𝗌𝖾𝗆𝗈𝗌 𝖿𝗅𝗎𝗂𝗇𝖽𝗈. 𝗆𝖾𝗌𝗆𝗈 𝗊𝗎𝖾 𝖽𝗈𝖺, 𝗇𝗈 𝖿𝗂𝗇𝖺𝗅 𝗌𝖾𝗋𝖺́ 𝖺𝗉𝖾𝗇𝖺𝗌 𝗉𝗈𝗋 𝗎𝗆 𝗆𝗈𝗆𝖾𝗇𝗍𝗈. ⸻ 𝐬𝐥𝐨𝐰𝐥𝐲 𝖻𝗒 𝗂.𝗆 𝖿𝖾𝖺𝗍 𝗁𝖾𝗂𝗓𝖾.
이젠 너의 길을 가, 나도 나의 길을 갈게, 눈물 어린 내 걸음이, 더 이상 너를 막지 않게.
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auroraescritora · 11 months
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NÃO HÁ LUGAR COMO O LAR - PERCY/NICO AU COLEGIAL - CAPÍTULO XVI
Oii, como vai? Estamos tendo alguns dias de produtividade, não? O capítulo ia sair antes, por causa do feriado me permiti descansar. Eu definitivamente desisto de ter um cronograma de postagem, mas vou tentar atualizar toda semana. Então, é só passar aqui uma vez por semana, na sexta, porque se eu postar algo vai estar pronto na sexta até as 12h. E tipo, considerem os textos por aqui como rascunhos iniciais, ok? Ainda estou na minha fase criativa e eu amo colocor sub-plots e outras coisas no meio do enredo principal. Se eu seguisse meu planejamento original eu já teria terminado a história. Então, vamos relaxar e nos divertir. Obrigada pela presença!
Avisos: Aspectos mentais (Aqui teremos algumas conversas sobre esses assuntos)
Capítulos anteriores: CAPÍTULO I / CAPÍTULO II / CAPÍTULO III / CAPÍTULO IV / CAPÍTULO V / CAPÍTULO VI / CAPÍTULO VII / CAPÍTULO VIII / CAPÍTULO IX / CAPÍTULO X / CAPÍTULO XI / CAPÍTULO XII / CAPÍTULO XIII / CAPÍTULO XIV / CAPÍTULO XV
Nico colocou a caneta na última página em que havia escrito e repousou o diário ao lado de seu travesseiro, se espreguiçando. Ele tinha escrito mais do que pretendia. Bem, Percy teria uma pequena surpresa quando lesse. Mas no fim, Percy estava certo, escrever tinha tirado a pressão em seus ombros que Nico nem sabia estar lá. Foi um momento mágico, ao colocar seus pensamentos no papel, sua mente ficou leve e vazia, como se contasse o que o incomodava para alguém que não o julgaria e não tentaria dar ‘conselhos’ que ele não havia pedido.
Cansado de esperar, Nico deitou na cama e colocou a cabeça no travesseiro. O que Percy fazia para demorar tanto? Quando menos viu, tinha fechado os olhos, os abrindo novamente para sentir algo macio deslizar por seu corpo. Era uma toalha úmida e morna que Percy segurava. Nico piscou lentamente e então a figura de Percy se fez presente, cabelos molhados e peito desnudo, vestindo apenas uma tolha enquanto limpava seu corpo com delicadeza.
— Quer tomar um banho? — Percy murmurou, se aproximando mais dele, o fazendo se sentar contra o batente da cama. — Enchi a banheira pra você.
— Pode ser. — Ele deu de ombros, parecia uma boa ideia. Nico raramente via motivos para usar a banheira.
Assim, Percy o segurou pela mão e o guiou para o banheiro, perguntando: 
— Como você se sente?
Ele não sabia. Um leve ardor que pulsava dentro dele, talvez? Um cansaço muscular e mental? Um relaxamento que nunca havia sentindo antes? Era tudo isso junto e mais. No geral? Nico se sentia bem, ou tão bem o quanto seria possível, parecido com quando ele ainda não tinha fugido para a Itália, talvez até melhor, agora que ele não precisava esconder o que sentia.
— Estou bem. — Nico deu de ombro novamente.
— Você se lembra das nossas regras?
Infelizmente, Nico lembrava. Percy devia estar se referindo a sempre ser sincero.
— Eu não sei. — Nico disse, tentando ser o mais sincero que podia. — É tudo muito novo para eu ter uma opinião formada.
— Nico. 
Ele parou e encarou Percy que agora tinha os braços cruzados.
— Você tem que parar com isso. Não me diga o que eu quero ouvir.
— O que você quer que eu fale?
— O que você está sentindo. Algo doí? Você precisa de alguma coisa?
— Por que você está sempre me questionando?
— Porque você sempre está tentando me agradar.
— Qual o problema nisso?
Ele olhou para Percy e Percy olhou para ele parecendo que iria explodir. Mas nada disso aconteceu. Percy respirou fundo, fechou os olhos por um momento e quando voltou a abri-los, uma aura de calmaria se fez presente. Era um daqueles momentos onde Nico sabia que não iria ganhar, não importava o que ele fizesse. Então, deixou que Percy o guiasse até a banheira e o ensaboasse devagar e sem pressa.
— Você não vê o problema nisso? Mesmo? — Percy perguntou distraído, suas mãos deslizando para baixo, entre as pernas de Nico.
— As coisas sempre foram assim.
— É por isso que eu não fui atrás de você.
— Acho que não entendo.
— Descobri que eu… não consigo me controlar perto de você. Eu fiz você agir desse jeito. Te coloquei nessa caixinha perfeita e inquebrável. Ninguém devia viver assim, conforme os desejos de outra pessoa.
— Não é verdade, eu sempre fui assim.
— Será que é mesmo? Precisou que você fosse para longe e de cinco anos para dizer todas essas coisas para mim. Se você não se sentia confortável em me dizer o que você sentia antes, o que isso quer dizer?
Nico voltou a encarar Percy que tinha um olhar distante e percebeu que isso incomodava Percy mais do que ele pensava.
— Eu não gosto de brigar. Prefiro que as coisas fiquem assim.
— Assim, como?
— Sem conflito e sem drama. Não quero ter que pensar em cada passo do caminho. Eu só quero ficar com você e… te satisfazer. Não é o suficiente?
— Eu não posso fazer isso. — Então, Percy segurou em seu rosto e deslizou os dedos para sua nuca, a massageando devagar e o fazendo relaxar ainda mais. — Como posso ter certeza que não estou te machucando ou te impedindo de fazer outras coisas?
— Essa é a questão, não é? Você se sente culpado de quer as mesmas coisas que eu.
— Nico, não me torture.
— Eu não estou. —  Quer dizer, ele achava que não estava. — Quando eu não quiser mais… essa coisa que a gente tem, você vai saber. 
— Como?
— Eu vou querer fugir. Não como aconteceu hoje. Com vontade, como se minha vida dependesse disso.
— Nico!
— Sabe, quando as pessoas tentam se aproximar de mim eu costumo me sentir sufocado. Mas quando é com você eu só me sinto livre e seguro, mesmo que eu sinta medo.
Nico achava que estava enlouquecendo, parecendo um lunático a beira do precipício. Mas era a pura verdade, o que ele buscou em todas aquelas faces, não foi a beleza ou os olhos verdes profundos, não, sempre foi aquele sentimento de segurança e estabilidade, o conforto que os braços de Percy sempre lhe deram. Pois essas coisas eram difíceis de emular; se somente ele pudesse ter encontrado isso em outro lugar, Nico não se sentiria tão controlado e condicionado a fazer aquelas coisas que Percy tanto criticava, mesmo que Percy nunca tivesse pedido por elas. No fim, ele entendia o que Percy estava tentando implicar; as coisas só ficariam piores dali para a frente e eles provavelmente continuariam nesse jogo de gato e rato por um longo tempo até que ele se rendesse. O que Nico podia fazer se Percy era o único que o fazia se sentir assim, tão livre e preso ao mesmo tempo?
— Nico. — Agora a voz de Percy soou toda rouca e firme.
Opps. Ele olhou para baixo e viu que sua mão estava no colo de Percy, em cima da tolha, mas em um lugarzinho bem estratégico.
— Por que você não pode me dizer o que te incomoda?
Ele negou, não estava pronto para dizer o que realmente pensava para Percy. Embora ele soubesse, Percy sentia algo similar ou pior. Nico viu o quanto Percy tentou superá-lo com outras pessoas, antes e depois dele ir para a Itália. Então, no fundo, discutir era inútil. Eles precisavam de um consenso.
— Isso não vai levar a nada. Eu sugiro uma trégua. — Nico disse ao invés de se explicar.
— Trégua? Isso não é uma guerra.
— Então, por que tudo o que a gente faz é brigar e transar? Eu prefiro muito mais só transar.
Isso tirou um sorrisinho no canto dos lábios de Percy.
— O que você sugere?
— Eu vou… confiar em você e fazer tudo o que você me pedir se você parar de me questionar.
Agora, Percy só parecia triste.
— Não quero que você se sinta mal e acuado. Eu só me preocupo. Eu quero que você seja a sua melhor versão possível.
— E se eu só quiser ser o Nico que quer ficar com o Percy e não ter que discutir?
— Tudo bem. A gente pode fazer do seu jeito. Você tem que me prometer que se não estiver funcionando, você vai me contar.
— Eu prometo.
Tudo o que Nico podia fazer era esperar pelo melhor e tentar manter sua parte do acordo.
***
Quando eles acordaram de novo, o sol estava alto no céu, a manhã já dando lugar para a tarde numa temperatura mais amena. Eles ainda estavam na cama, sua cabeça no ombro de Percy e os braços de Percy em volta de sua cintura. Finalmente o silêncio durava mais do que cinco minutos. Eles não precisavam fazer nada ou estar em nenhum outro lugar que não fosse ali, onde eles tinham decido estar.
— Com fome? — Nico escutou Percy dizer bem baixinho, com a voz rouca de sono.
— Não.
— Nenhum pouquinho? Daqui a pouco Sally vai vir aqui, para ver se a gente ainda está vivo.
Isso seria engraçado. Nico até podia imaginar, Sally abrindo a porta e os pegando na cama assim, pelados e abraçados. Seria ótimo mesmo. 
Com esse pensamento o assombrando, Nico se desgrudou de Percy e se sentou na cama, se sentindo levemente zonzo, porém contente, se espreguiçando até cair para trás, fechando os olhos. Talvez ele precisasse comer alguma coisa. Quando tinha sido a última vez? Ele se quer tinha comido algo na festa ou tinha apenas bebido?
— Cansado?
Nico suspirou e se deu por vencido, sabendo que sua paz estava prestes a acabar. Ele ficou de lado na cama e encarou Percy que não parecia nenhum pouco contente.
— Não muito.
— Sabe, acho que a gente devia criar um sistema.
— Eu acho que--
— Cada vez que você mentir para mim você será castigado.
— Você disse que não iria duvidar de mim!
— Não é uma dúvida quando eu sei a verdade, quando eu te vejo mentindo para mim.
— O que você quer que eu faça!
— Diga a verdade ou não diga nada.
— Oh.
— Você vai passar o resto da vida calado para me agradar?
Essa era uma boa pergunta. Era difícil voltar para a escuridão quando se via tanta luz.
— Isso não tem graça. — Ele murmurou, sentindo algo dentro do peito se alastrar.
— Não tem mesmo. Imagina o que eu sinto vendo vejo você se rebaixar, sendo menos do que você poderia ser.
— Eu não faço isso sempre.
— Não?
— Só com você.
Então, Nico observou Percy estender o braço e tocar em seu rosto numa leve carícia.
— Eu odeio o que eu fiz com você, o que seu pai fez. 
— Você não fez nada. — Já seu pai, era outra conversa.
— Eu te moldei nessa pessoa perfeita que tem medo de ofender qualquer um. 
— Isso não é verdade! Eu… 
— Quero que você grite se você quiser. Quero que você me bata, que me xingue se tiver vontade. Que se revolte. Que exija. Eu nunca mais quero te ver tão magoado.
Talvez Percy tenha razão. Mas ele tinha mesmo que fazer essas coisas? Não era algo que ele se via fazendo.
— Não me entenda mal. Você não precisa. Mas se você quiser ou um dia fizer essas coisas, está tudo bem e é completamente normal.
— Normal? Como fazer essas coisas pode ser normal?
— Deuses. — Percy o abraçou com mais força e encostou a cabeça em seu ombro. — Você não tem que ser perfeito. Você entende isso?
Mas se ele não for perfeito, ninguém vai gostar dele. Como Nico não poderia ser o que ele já era?
— Está tudo bem. — Percy disse, mas Nico tinha a impressão que Percy falava isso para si mesmo.
No fim, Nico preferiu ficar calado. O que ele tinha a dizer não faria diferença nenhuma, e talvez Percy tenha razão. Se ele não tinha nada de bom para dizer é melhor ficar calado.
***
— Deuses, o que Percy fez com você?! 
Assim que desceram as escadas, Sally os recebeu com um sorriso amoroso e abraços apertados. Isso é, foi o que aconteceu até Sally ver o hematoma no pescoço de Nico; hematoma esse que era, na verdade, um chupão bem colocado. 
— Mãe, você está exagerando.
Nico, coitadinho, olhou entre eles, tentando entender o que acontecia. E Percy como um bom samaritano, o ajudou a entender. Como quem não quer nada, Percy levou a mão até o pescoço de Nico e Nico gemeu. Agora se era de dor, surpresa ou prazer, era difícil distinguir. Fosse o que fosse, aquilo fez seu coração disparar e outra coisa acordar.
— Oh. — Nico então disse, levando a mão está ao próprio pescoço. — Eu não percebi. Está muito feio?
— Eu não diria feio.
Ele ouviu risadas atrás dele, mas preferiu se concentrar em Nico que fazia um biquinho fofo e pegava o celular do bolso, se olhando no reflexo da tela.
— Percy! O que você estava tentando fazer? Arrancar um pedaço?
— Você não foi o único. — Percy abriu os dois primeiros botões de sua camisa e mostrou seu conjunto de marcas, unhas pequenas e o formato de dentes que desciam até desaparecer dentro de sua camisa.
— Eu… eu não fiz isso! Fiz?
— E muito mais. 
Percy não se aguentou, ele riu e puxou Nico para um abraço, beijando seu rosto. Mas tudo parecia estar bem, porque assim que Percy o abraçou, Nico derreteu contra seu ombro, o abraçando de volta.
— Esta tudo bem. Você pode me morder o quanto quiser, eu gosto. — E pelo jeito que as coisas iam, Nico gostava também.
Percy ouviu um pigarro e se virou para ver Sally, nenhum pouco feliz com a demonstração de… afeto.
— Percy Jackson! Não é assim que se trata as pessoas.
— Foi algo mutuo. E se você quer saber, Nico que começou. Pode perguntar para Annabeth, ele foi a primeira a ver. Ta vendo aqui? Foi o primeiro. — E bem perto de sua nuca, onde o cabelo começava a crescer longo, estava uma marca que começava a sumir.
Nico escondeu o rosto em seu ombro e Sally cruzou os braços. E antes que outra onde de reclamações chegassem, Percy se apressou:
— Permissão para chupões? — Nico acenou que sim, muito encabulado para enfrente a sala cheia de testemunhas, o que não impediu os xingamentos e protestos.
— É o suficiente. — Sally levantou uma de suas mãos, as levando ao rosto, e se virou para Nico, o fazendo levantar o rosto. — Está tudo bem, querido? Como estava a festa? Melhor que nos velhos, tempos, não?
Imediatamente, Percy viu que tinha algo errado. De repente, Nico abriu a boca, prestes a falar alguma coisa e então, a fechou, se encolhendo contra seus braços. O pior foi ver Nico levantando a cabeça e olhando para ele, como se esperasse a permissão de Percy para alguma coisa, mantendo os lábios selados com força. Ele ouviu outro pigarro e percebeu que todos estavam esperando que Nico respondesse. Grover, Tyson e Sally, todos estranhando o comportamento de Nico.
Restou a Percy sorrir e guiar Nico para a sala de estar e sentar com ele no sofá.
— O que está acontecendo, hm?
Mas tudo o que Nico fez foi negar e olhar para o próprio colo, se recusando a encará-lo. 
— Por favor.
Isso fez Nico olhar entre os silhos para ele e respirar fundo: — Eu pensei sobre o que você disse ontem a noite. 
— Sobre não mentir?
— Sobre ficar calado.
Algo no peito de Percy se apertou naquele instante, e torcendo para que não fosse o que ele pensava, perguntou: — Por que você ficaria calado?
— Você disse que se fosse para eu mentir, eu devia ficar calado, E já eu não tenho nada de importante para dizer, vou fazer o que você pediu.
Percy achava que tinha parado de respirar. Ele não estava falando serio! Quem é que iria seguir uma ordem tão ridícula. Ele só queria fazer Nico responder de qualquer forma que não fosse aceitar tudo sem protestar, queria fazê-lo reagir e ver o que estava acontecendo. E ao contrário disso, Nico decide seguir a risca da pior forma possível?
— Bebê, por favor. Eu estava errado. Eu só queira que você reagisse.
— Reagisse, como?
— Como você quiser. — Percy então sorriu, tentando incentivar Nico. — Vamos, pode gritar comigo. Pode me xingar. Eu fiz algo muito ruim. Eu mereço uma punição.
— Punição? — Nico entortou a cabeça, feito um cachorrinho confuso e se aproximou. Ele o beijo nos lábios, num selinho doce e suave e tocou em seus cabelos, sorrindo angelicalmente. — Pronto. Sua punição.
Percy queria chorar. Por que tudo o que ele falava parecia sair ao inverso? Ou talvez fosse Nico fazendo o melhor que podia.
— Você está me punindo ou consolando?
— Se eu escolho a punição, você tem que aceitar.
Percy se deixou levar e abraçou Nico bem apertado, o ouvindo suspirar de prazer.
— Eu não te mereço. Eu só queria que você se sentisse livre para se expressar. Te fizeram ficar calado por tanto tempo que tenho medo que agora aconteça o mesmo.
— Eu sei. — Nico murmurou baixinho, parecendo contente.
— O que você tem a dizer é importante, sempre será. 
— Pensei que se eu ficasse calado não precisaria medir minhas palavras. 
— Não me faça chorar. 
— Você é um bobo. — Nico enfim diz, parecendo a única coisa sincera no meio daquilo tudo. — Eu tomei essa decisão. Eu tive toda a liberdade do mundo, mas no fim do dia, ainda sentia falta de você e de como as coisas eram. 
Por no fim, a vida se tratava de decisões e consequências. Ele continuou abraçado a Percy e entendeu, Percy estava tão perdido quando ele nessa confusão toda, entendeu que era um período de adaptação e logo tudo voltaria ao normal. Agora, o que esse normal era, ambos não faziam ideia, já que eles nunca tiveram uma amizade comum. 
— Eu sinto muito. — Nico diz mais uma vez. — Acho que é um período de adaptação. Vou tentar não levar a sério tudo o que você disser.
— Eu fico muito contente com isso. — A verdade é que Percy estava aliviado, dando graças a todos os deuses e divindades por encontrar alguém tão compreensivo, embora ele gostaria que Nico fosse mais combativo. 
Não o intendam mal, Nico era uma das pessoas mais independentes e responsáveis que ele já tinha conhecido, mas o que Nico tinha de independente, também tinha de dependência emocional. E às vezes essa dependência emocional era pesada demais para que ele pudesse carregar sozinho, embora ele estivesse disposto a carregá-la pelo resto da vida se isso garantisse a permanência de Nico em sua vida.
— Então, a gente tá bem? — Nico perguntou, levantando a cabeça e o espiando timidamente.
— É claro, bebê. Contanto que você esteja.
Nico pareceu imediatamente tranquilizado. E se era isso o que Nico queria, Percy faria seu melhor resolver as coisas. Obviamente pedir não tinha resolvido, tão pouco conversar ou pressionar. O jeito seria fazer as coisas do jeito tradicional. Não que ele soubesse estar fazendo algo no passado, mas se funcionou antes, vai funcionar agora.
Sorrindo, como se nada tivesse acontecido, ele guiou Nico de volta para a cozinha e se sentou ao lado de Nico em frente a mesa, descobrindo tarde demais que todos ouviram sua conversa com Nico. O que ele podia fazer? O bem-estar de Nico era mais importante do que os olhares de reprovação. Ele sabia que logo veria a repreensão, e se errar um pouco fosse necessário para consertar o que ele havia feito, que fosse! Percy nunca se arrependeria de colocar Nico em primeiro lugar.
— Panquecas ou ovos?
— Panquecas. — Nico respondeu para ele. Então, panquecas seriam. Não era uma novidade. As comidas favoritas de Nico eram doces, e as salgadas tinham um sentimento nostálgico, do tempo em que a mãe de Nico ainda estava viva. Então, ao lado das pequenas e da cobertura de chocolate, Percy colocou um croissant de queijo junto um copo de suco e uma xícara de café.
Era incrível mesmo. Até parecia que nada de ruim tinha acontecido a mesmo de dez minutos atrás. Nico deu o primeiro cole em sua xícara de café e sorriu como se fosse o dia mais feliz de sua vida, mergulhando em suas panquecas açucaradas. E assim, como num passe de mágica, o ambiente voltou a ser amigável, Nico conversando com Sally animadamente, enquanto ele, Grover e Tyson observavam, tremendo pelo próximo banquete que eles seriam obrigados a participar.
— Cara, obrigado por me deixar ficar. Minha mãe está de volta.
— Pode ficar o quanto quiser, o quarto é seu. Por que você não faz uma mala e fica até a formatura? Não falta muito.
— Se um ano inteiro não é muito… — Ambos, ele e Grover, deram de ombros e Grover socou seu ombro amigavelmente, fazendo os dois sorriem. Era uma boa ideia, especialmente quando ele e Nico fossem embora; sua mãe ficaria sozinha e Grover sempre seria uma ótima companhia.
— De verdade! O que você ainda faz naquela casa?
— É! Sempre vai ter espaço para você. — Tyson finalmente se dignou a participar da conversa, geralmente preferindo ficar longe do drama. — Você já trabalha pra gente, o que custa ser parte da família?
— Você chama sorrir para os clientes e levá-los para a mesa certa quando outros não podem, trabalhar?
— É claro que é. Você até usa um terno bonitinho e penteia o cabelo com gel. — Tyson continuou, todo feliz em zombar de Grover, de volta a rotina natural deles.
— Cala a boca! Aquilo nem é um uniforme. Juniper gosta disso… — As últimas palavras de Grover soaram bem baixas, parecendo estar encabulado.
E bem, quem era Percy para interromper um momento tão doce e feliz.
Ele se virou para sua comida e deu a primeira garfada em seus ovos, macios e com pouco sal, do jeito que ele mais gostava e deu um cole em seu café forte sem açúcar ou leite, percebendo que Nico já tinha terminado de comer e olhava para ele com um sorrisinho no rosto.
— O que foi, hm? Quer mais?
— Não. Eu gosto de te ver feliz e se divertindo com seus amigos. Você não costumava fazer isso.
— É verdade. Eu disse que tinha problemas, não disse?
— Acho que não levei isso a sério. Você sempre parece tão decidido e confiante.
— Isso não quer dizer que eu estivesse certo.
— Hm. — Nico murmurou, pensativo. — Nunca pensei por esse ângulo. Acho que todos tem algo a esconder. Algumas pessoas só esconder melhor.
— É isso mesmo. Quanto mais coisas as esconder, melhores atores somos, não? — Percy não pode se conter, Nico estava sendo tão sincero que ele merecia uma recompensa. Ele puxou Nico pela nuca e o beijou ali mesmo na frente de todos, um beijo daqueles destinados para quatro paredes.
— O que foi isso? — Nico disse assim que recuperou o folego.
— Uma recompensa para um bebê obediente.
Corando dos pés a cabeça, Nico apenas olhou para ele, fazendo um biquinho lindo, mas sem reclamar. O que ele podia fazer? Se era desse jeito que Nico entendia, então era como seria dali para frente.
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E então? Eu tenho a impressão que o Nico está se tornando tão dramatico... ou será a visão do Percy sobre ele? Bem que eu também acho que o Nico pensa que o Percy é um pouco dramatico também 🤣🤣🤣🤣 Qual sua opnião? Sua comentario me ajuda a entender os pontos fracos da história para que eu possa rescrever da melhor forma no futuro.
Obrigada por ler!
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considerandos · 4 months
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Sexo Bolchevista
Muito para além do escândalo e do romance rosa, cor com que por vezes o pintam, O Amante de Lady Chatterley, clássico escrito por D.H. Lawrence, no final da década de vinte do mesmo século, revela uma forte crítica social, própria de uma época de profundas transformações e de experimentalismo político, artístico e literário.
É um mundo em crise, e muito particularmente uma Inglaterra decadente e suja, do final da revolução industrial, que Lawrence satiriza, através de uma relação escandalosa e sensual, que provoca o leitor seu contemporâneo, muito mais pela diferença de estatuto social dos amantes, do que pelo adultério, propriamente dito, por mais descritivo e erótico que pudesse parecer às moralidades hipócritas e púdicas de então, como às de agora.
Há apenas uma concessão que me intriga, no contexto da ousadia geral da obra, a ideia de fazer de Lady Chatterley uma burguesa, que ascende à aristocracia pelo casamento, e de Mellors, um guarda de caça que regressa às origens, após ter ascendido à classe média no exército, chegando a exercer o posto de tenente, na Índia.
Sob o ponto de vista da crítica social pura, seria bem mais provocador fazer uma aristocrata de sangue ceder às tentações sensuais de um vulgar rústico ou proletário. Mas Lawrence terá talvez pensado que seria esticar demasiado a corda, que esta relação já seria suficientemente escandalosa para a mentalidade da época e que, afastando ainda mais as origens sociais do casal, tornaria a paixão inverosímil. No entanto, eu atrevo-me a referir que não foi pelas lindas histórias da Índia colonial de Mellors que Lady Chatterley se apaixonou, mas sim pela enorme satisfação sexual que encontrou na sua cama e que não encontrou, não apenas no marido, entrevado de guerra, como nos seus amigos aristocratas ou burgueses, como Michaelis. Por isso tanto podia ser tenente como soldado raso...
Mas também é possível que a intenção de Lawrence fosse outra, a de exaltar uma classe média emergente, de gente que sobe e desce na rígida estrutura social britânica (ele próprio era um híbrido, filho de mineiro que ascendeu ao magistério) sem que isso defina verdadeiramente a sua condição. Uma crítica à aristocracia decrépita e vazia, por oposição a uma classe média que cresce e ganha importância na sociedade britânica, fruto dos seus méritos próprios e apesar dos preconceitos vigentes.
Na verdade, há todo um sentimento revolucionário subjacente à obra, que passa pelo nome de bolchevismo, na boca dos seus personagens, um termo muito em voga na época, em que decorria ainda a guerra civil na Rússia. Mas este bolchevismo de Lawrence não remete diretamente para Lenine e para os seus partidários, para a luta entre brancos e vermelhos ou para a sovietização progressiva da Rússia, num momento em que a vitória dos vermelhos já parecia perfeitamente previsível. Aponta muito mais para a necessidade de ruptura na ordem social vigente, para a decadência do modelo capitalista tradicional, que Lawrence critica exaustivamente. Desde o mais anónimo mineiro até ao Príncipe de Gales, todos vivem para ganhar e gastar dinheiro, modelo vazio de princípios, que ele quer substituir por um novo, social e humanista, que, provocante ou inocentemente, baseia no amor e no sexo.
Os tempos eram de mudança, entre bolchevistas e fascistas, o mundo virava a página da revolução industrial e abria as portas ao desconhecido, que Mellors, num pressentimento acertado, temia ser terrivel. Lawrence não chegou a viver o terror do nazismo, do estalinismo e da segunda guerra mundial, pois morreu tuberculoso, em 1930, apenas com 44 anos de idade. Mas o fantasma da destruição, de uma sociedade à beira do abismo, está bem patente na obra, demonstrando que o mal estava latente nos anos vinte e que profundas e violentas mudanças sociais se anunciavam.
A tentação e, sobretudo, a satisfação sexual, servem aqui de metáfora para a demolição dos preconceitos que amarram uma ordem social decadente e vazia. É preciso confrontar a sociedade caduca com os seus medos, para que se desmorone sozinha.
Um século depois, desprovida do erotismo e escândalo social, que tanto chocou os seus contemporâneos, talvez propositadamente, porque na altura, como agora, o sexo vende, fica a crítica social, pertinente, perspicaz e, até certo ponto, visionária da obra de Lawrence.
Pontuada, é certo, com algumas notas de inocência, que só lhe acentuam o charme e tornam o livro, ainda e sempre, um prazer para o leitor.
4 de Junho de 2014
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marianeaparecidareis · 7 months
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🌍🌈🌏COMO DEUS CRIOU O UNIVERSO. DEUS NA CRIAÇÃO.
No princípio foi O Céu e a Terra, e por eles foi dada A Luz, e pela Luz todas as coisas foram feitas.
E, como no Céu Altíssimo foram separados os Espíritos de Luz dos Espíritos das trevas, assim, no conjunto dos seres criados, foram separadas as Trevas da Luz, e foram feitos O Dia e a Noite e O Primeiro Dia, conjunto dos seres criados, foi, com sua manhã e sua tarde, com seu meio-dia e sua meia-noite.
E, quando O Sorriso de DEUS, A luz, voltou depois da noite, eis que A Mão de DEUS, A Sua Poderosa Vontade, se estendeu sobre a terra informe e vazia, se estendeu por sobre O Céu, onde vagavam as águas, um dos elementos já libertados do caos, e quis que o firmamento separasse o vaguear desordenado das águas entre o Céu e a Terra, para que houvesse um véu aos fulgores do paraíso, medida às águas superiores, para que sobre a agitação dos metais e dos átomos, não caíssem dilúvios sobre A Terra, arrancando e desregrando as coisas que Deus reunia.
A ordem estava estabelecida no Céu. E a ordem se fez sobre a terra, pela Ordem que DEUS Deu às águas espalhadas pela terra.
E o mar se fez. Ei-lo. Sobre ele, como sobre O firmamento, está escrito: ‘DEUS se fez. Ei-lo. Sobre Ele, como sobre o firmamento, está escrito: ‘DEUS EXISTE.’ Seja qual for a intelectualidade de um homem e sua Fé ou a sua falta de Fé, diante desta página, na qual brilha uma partícula do infinito que é DEUS, na qual está testemunhado O SEU PODER.
– Porque nenhum poder humano e nenhum assentamento natural de elementos podem repetir, nem mesmo na menor medida, um prodígio igual, - O homem é Obrigado A Crer. A crer não só no Poder, mas na Bondade do Senhor, que por este mar dá alimento e estradas ao homem, dá sais salutíferos, dá moderação para O sol e espaço para os ventos, dá sementes à terra, uma distante da outra, dá vozes às tempestades, para que eles chamem de novo essa formiga, que é o homem em comparação com O INFINITO que é o Seu Pai, e dá-lhe meios para elevar-se, contemplando mais altas visões, em mais altas esferas.
Três são as coisas que mais falam de DEUS NA CRIAÇÃO que é toda testemunho Dele: A LUZ, O FIRMAMENTO E O MAR.
A ordem astral e meteorológicas, reflexo da Ordem Divina; A luz, que só um DEUS podia fazer, O mar, a potencia que só DEUS, depois de tê-lo criado, podia pôr dentro de firme limites, dando-lhe Movimento e Voz, sem que por isso, como um turbulento elemento de desordem, ele cause prejuízo à terra, que o suporta em sua superfície.
Penetrai O Mistério da Luz, que nunca se consome.
Levantai o olhar para O Firmamento, onde estão rindo as estrelas e os planetas. Abaixai o vosso olhar para o mar. Vede-o como ele é. Não há separação. Mas há uma ponte entre os povos que estão em outras praias, invisíveis, até desconhecidas, mas que é necessário Crer que existem, só porque são deste mar.
DEUS não faz nada inútil.
Por isso ELE não teria feito essa infinidade, se ela não tivesse limite lá, para lá do horizonte, que nos impede de ver, outras terras, povoadas por outros homens, vindas todas de UM ÚNICO DEUS, levadas para lá por outros homens, vindas todas de um Único DEUS, levadas para lá por Vontade de DEUS, para povoarem continentes e regiões, levadas por tempestades – e correntes marítimas.
E esse mar leva em suas ondas, nas vozes de suas águas e de suas marés, apelos que vêm de longe. Existem caminhos, não separações.
O EVANGELHO COMO ME FOI REVELADO - MARIA VALTORTA.
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gazeta24br · 9 months
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A proposta do solo-manifesto O Futuro Chegou Ontem, escrito, concebido e interpretado por Kleber di Lázzare, é criar uma reflexão sobre as contradições existentes no Brasil do presente e do passado. O espetáculo fará sessão única seguida por um debate no Teatro Raul Cortez, do Sesc 14 Bis, no dia 6 de fevereiro, às 20h. Na semana que antecede o carnaval, a montagem traz um pierrô maltrapilho abandonado à própria sorte no meio da avenida por onde sua escola de samba desfilou em um tenebroso ‘último carnaval’. Por esse lugar, estão espalhados restos de confetes, serpentinas e corpos, sobras das histórias, vestígios de violências e marcas de crueldade. Transitando entre o presente e o tempo passado/histórico, esse palhaço das ruas e da folia toma a avenida vazia de vida e de oxigênio e narra a sua derrocada. Ele remonta, dentro de um estado de alucinação, os últimos atos da comunidade da sua Escola de Samba na luta por (R)existirem. O solo teatral busca criar escritas para a cena a partir dos medos, dos desejos, das perdas, dos ganhos, dos conflitos, das respirações resistentes, das asfixias forçosas, das contradições e das inércias de um país e de um povo, tendo o Carnaval como pano de fundo. Ele olha também para a necessidade inadiável de criar movimentos que nos tomou nos últimos meses e que encontra ecos em diversos outros momentos da nossa história. “É uma escrita cênica, um manifesto, um cortejo teatral, que visam dar voz e visibilidade aos corpos, às culturas, aos sobreviventes, aos silêncios forçosos, e às páginas apagadas da nossa história; dar visibilidade e palco para os direitos retirados e às expressões de um povo – expressões, direitos e páginas que definem esse povo”, explica di Lázzare. “Criar um relato poético, cênico e teatral para esses tempos contraditórios e assombrosos é uma busca artística por uma cartografia sobre o nosso hoje para compartilhar e compreender – passado e presente – e, assim, podermos aludir acerca de possibilidades futuras”, acrescenta.O crítico teatral Celso Faria, do blog EUrbanidade, ao conferir a montagem na sua primeira temporada presencial, escreveu “O Futuro Chegou Ontem é um registro e uma possibilidade. Ouso dizer que é uma montagem de relevância pedagógica, pois possibilita refletir sobre o que passou, da boiada que passou e vai passando, e de que ainda é possível reassumir as rédeas dessa história. Vão ver!”. DEBATEApós a apresentação, será realizado um debate a partir do conteúdo textual, poético e estético do espetáculo com Sidnei França (Carnavalesco do Vai-Vai) e com Tiaraju Pablo D’Andrea (Pós-Doutor em Filosofia pela USP e Coordenador do CEP – Centro de Estudos Periféricos da UNIFESP). O debate buscará abrir um caminho de pensamento acerca do Carnaval e das Escolas de Samba como meio para a construção e fortalecimento da Identidade Cultural das Comunidades Periféricas e a chegada da produção Cultural e Artística das periferias aos Grandes Centros. SinopseUm pierrô maltrapilho, um mendigo, está abandonado à própria sorte no meio da avenida por onde sua escola de samba desfilou em um tenebroso ‘último carnaval’. Esse palhaço das ruas e da folia toma a avenida vazia de vida e de oxigênio e narra a sua derrocada. Um olhar afiado e necessário para o nosso tempo e para essa construção já tão ameaçada que chamamos de nação. É fato: ela pode vir a desabar a qualquer momento. Ficha TécnicaDramaturgia, Concepção e Interpretação: Kleber di LázzarePreparação Corporal e Assistência de Direção: Marcela SampaioIdealização: Cia Grite de Teatro e Kleber di LázzarePesquisa Musical, Trilha Sonora e Música Original: Edu BertonPesquisa e Produção Musical: Vitor TridaVoz na Canção Original: Aline CalixtoCriação e Execução de Figurino: Marcus Ferreira e Tarcísio ZanonCostureira: Simone SantosAderecista: Biano FerraroPintura de Arte: Leandro ArtCriação de Cenografia: Kleber di LázzareExecução de Cenografia: PalhAssada AteliêVisagismo: Louise HelèneFotografia: Cleber CorreaIdentidade
Visual e Mídias Sociais: Carlos SanmartinArtes: Carlos SanmartinAssessoria de Imprensa: Pombo CorreioContrarregra e Operação de Som: Rafael FuzaroProdutora Executiva e Operação de luz: Marina RodriguesDireção de Produção: João NoronhaRealização: RN Produções Artísticas e SESC Serviço O Futuro Chegou Ontem – um solo manifesto – com debate logo após o espetáculo Apresentação: 6 de fevereiro, às 20h Sesc 14 Bis – Teatro Raul Cortez Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - Bela Vista Ingressos: R$50,00 (inteira), R$25,00 (meia) e R$15,00 (credencial plena). Duração: 75 minutos Classificação: 14 anos Capacidade: 512 lugares Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida
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lamplitpages · 1 year
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The Godfather de Mario Puzo
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A minha edição de The Godfather apresenta uma introdução escrita por Francis Ford Coppola em que o diretor conta uma anedota a respeito de sua experiência inicial com o livro. Ele conta que viu o romance em uma banca e, ao perceber o sobrenome italiano do autor, decidiu adquiri-lo pensando se tratar de alguma obra escrita por um intelectual ao estilo de Calvino ou Eco. No entanto, após algumas páginas de leitura, Coppola logo percebeu que o que tinha em mãos era um livro bastante sensacionalista e claramente “feito pra vender”. De qualquer forma, ele acabou por dirigir as adaptações cinematográficas a pedido do estúdio. Eu fiquei bastante surpresa ao ler isso, pois confesso que não sabia muito sobre os méritos literários desse romance, conhecia apenas o renome de suas versões para o cinema. Diante dessa descoberta, até considerei a possibilidade de desistir da leitura (é um calhamaço e a vida é curta!), mas acabei insistindo. Devo dizer que, de fato, o livro passa bem longe da alta literatura, mas tem seus méritos.
Há um afterword muito interessante escrito pelo professor Robert J. Thompson em que ele explicita a importância das histórias de máfia no imaginário popular norte-americano, importância essa que deve tudo a The Godfather. Segundo Thompson, até a década de 1960 as histórias do Velho Oeste e seus cowboys representavam o mito americano por excelência. No entanto, com as turbulências políticas e as mudanças culturais inauditas daquele período, até essa instituição tão tipicamente estadunidense começou a ser questionada e sofrer alterações. É nesse contexto que The Godfather é publicado e se torna um grande best-seller, fazendo com que o cowboy do deserto fosse aos poucos substituído pelo mobster da selva urbana. Os protagonistas dessas novas histórias não são heróis que representam a justiça e a ordem e buscam sempre fazer o bem. São anti-heróis complexos, nem totalmente bons, nem totalmente ruins. Em suma, são o que os tempos modernos pediam.
Contudo, ainda é possível perceber semelhanças entre esses dois mitos que nos mostram quais são os valores dos EUA enquanto nação. Tanto as histórias do Velho Oeste quanto as da máfia tratam de imigrantes que vêm de mãos vazias para o Novo Mundo e tentam prosperar em meio ao caos e a beleza daquela terra, criando, no processo, o seu próprio sistema de valores. Ademais, ambas representam os EUA como a terra das oportunidades, além de trazerem o arquétipo do self-made man e o tropo rags to riches, tão caros à cultura e ao pensamento americanos. Dessa forma, apesar das discrepâncias evidentes entre cowboys e mobsters, é possível entender como estes "tomaram" o lugar daqueles nos mitos que os estadunidenses contam sobre si. Sua cosmovisão (e a visão que têm sobre seu país) está incutida em ambas. Aliás, isso me lembra que muitos consideram The Sopranos a série de TV americana por excelência, devido ao fato de ela ter sido a que melhor soube captar o zeitgeist estadunidense nesse nosso século XXI.
Mas voltemos ao livro. Acho desnecessário me demorar no enredo, visto que já é bem conhecido. Para ser breve: acompanhamos aqui Michael Corleone, filho mais novo do Don da principal família mafiosa de Nova York, em sua trajetória de ovelha negra da família que não queria se envolver com aquelas atividades criminosas até a sua transformação em sucessor do pai. É claro que essa síntese é muito redutiva, há uma multidão de personagens, subtramas e histórias paralelas (afinal, o livro tem quase 500 páginas). E por falar em histórias paralelas, algumas são bastante desnecessárias. Johnny Fontane e suas desventuras servem, no início, para nos mostrar o poder do Don e como ele prestava favores para aqueles que tinham a sua amizade, no entanto, todos os capítulos dedicados ao cantor após a resolução de seu problema inicial são completamente desinteressantes. Há ainda capítulos dedicados a uma amante de Sonny (filho mais velho do Don), um caso amoroso seu e até uma cirurgia na pélvis que a mulher faz… Essas subtramas são enfadonhas irrelevantes para a trama que realmente tem substância e prende o leitor - isto é, a da família. Não foi à toa que Coppola cortou tudo do filme
Fora as digressões que não acrescentam nada, outro aspecto negativo do livro é o sensacionalismo sexual. Há várias passagens de tamanho mau gosto que parecem até saídas de um daqueles livros eróticos da Amazon. Algumas descrições que o narrador faz sobre mulheres atraentes beiram o bizarro e os comentários sobre o órgão sexual de Sonny quase me fizeram abandonar o livro lá no começo. Essas passagens - feitas para aumentar as vendas, claro - dão ao romance um ar de livro de banca mal escrito que destoam de algumas outras partes boas que podemos encontrar aqui.
Em geral, a escrita é simples, fluida e direto ao ponto. Além disso, há muitos diálogos, o que faz com que a leitura ande depressa. De certa forma me lembra aqueles livros contemporâneos que parecem ter sido escritos para virar filme (não que essa tenha sido a intenção de Mario Puzo ao escrevê-lo, não sei se foi o caso). Quanto ao enredo principal, o livro é muito parecido com o filme, algumas falas das personagens são idênticas. Entretanto, Coppola alterou a identidade do traidor que é revelado no final do livro, o que achei uma ideia ótima, pois adiciona uma carga emocional muito maior à trama.
Achei muito boa a cena final do livro. É carregada de simbolismos e evidencia aquele que é o motivo principal da obra, isto é, o arco de metamorfose de Michael Corleone, a forma como ele se transforma em seu pai (e Kay, por conseguinte, se transforma em Mama Corleone). Pode-se dizer que o romance, em seu cerne, é sobre isso: a tragicidade inexorável dos ciclos familiares. Porém ainda diria que Coppola conseguiu extrair de um livro não tão bem executado uma história cheia de potencial e construiu uma obra-prima em outra esfera da arte. Ainda assim, é preciso dar ao romance seus louros pelo impacto cultural inquestionável.
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1ª aula de Transfiguração
Hogwarts era um castelo muito maior que Durmstrang e imediatamente me senti bem-vinda ali. Não haviam alunos fechando a cara para mim e me chamando de sangue-ruim pelos corredores, o que já era um grande avanço. Nesse começo de ano, os alunos e professores ao meu redor se dividiam entre os muito felizes para voltar para o castelo e os que estavam chateados pelo estado em que ele se encontrava. Era normal eu pedir direções para um aluno mais velho e receber instruções confusas que normalmente acabavam em algum corredor desmoronado ou uma parede vazia, quando deveria encontrar uma pintura ou estátua. Tudo isso me fazia imaginar quão bonito e grandioso o castelo deveria ficar quando estivesse todo recuperado. Esperava encontrar a sala de Transfiguração em um estado parecido com o restante do castelo, mas fiquei feliz em encontrar uma sala acolhedora com grandes janelas de vidro, refletindo como eu imaginava que todo o castelo se pareceria uma vez que estivesse restaurado. Ansiosa pela minha primeira aula de Transfiguração, escolhi uma das carteiras mais à frente da sala, para não perder uma palavra do professor. Enquanto a aula não começava, puxei meu caderno onde colocava de tudo: anotações de aulas, desenhos, sonhos estranhos, feitiços e plantas úteis, tudo misturado e fora de ordem, de um jeito que eu era a única capaz de encontrar alguma lógica nas minhas anotações. Estava distraída, enfeitando a borda de uma página com várias florzinhas minúsculas, quando ouvi a porta da sala se fechando e ergui a cabeça pra ver se era o professor que tinha entrado. Dei de cara com uma mulher esbelta entrando na sala. A professora entrou na sala decidida, dando bom dia à turma e eu a acompanhei com os olhos. Havia alguma coisa diferente nela, mas não sabia dizer o que. Só sabia dizer que ela era uma mulher muito bonita e me lembrava alguém, mas não sabia dizer quem. Quando me dei conta, estava olhando para ela boquiaberta pelos últimos minutos, enquanto ela entrava e comprimentava a turma. Por um milésimo de segundo meu olhar cruzou com o da professora e senti meu rosto esquentar. Tentei abrir meu caderno de desenhos e me esconder atrás dele, mas este escorregou das minhas mãos e caiu no chão, espalhando as flores e folhas secas que carregava dentro. A professora emendou sua apresentação com a introdução da matéria e eu escorreguei da cadeira até o chão para catar minhas coisas, desejando não ter sentado tão na frente da sala. Quando voltei a sentar, a professora já avançava em sua explicação e me dei conta que deveria estar prestando atenção na aula. Abri meu caderno e apressadamente procurei uma página em branco onde pudesse tomar notas sobre o que ela falava sobre dois diferentes tipos de transfiguração. A professora perguntou alguma coisa e os alunos ao meu redor imediatamente começaram a levantar as mãos para responder. Ainda perdida na matéria, mas não querendo ser deixada de fora, levantei a mão sem fazer a menor ideia do que estava acontecendo. Obviamente, a professora notou minha mão no ar e imediatamente apontou pra mim. - Muito bem, Srta. O’Donnell? Eu, que era sempre falante, mesmo quando não sabia do que estava falando, me peguei sem palavras. Me dei conta de que mal tinha ouvido a pergunta da professora e olhei em volta procurando alguma dica. Vi no quadro o gráfico desenhado, já com as duas primeiras divisões e comecei a responder lentamente, sem tirar os olhos do desenho no quadro, mas sentindo os olhares da professora e de toda a turma apontados para mim. - Ah.... Transfiguração pode ser dividida em Transformação e Criação e Desaparecimento - até ali só tinha lido o que já estava escrito no quadro, enquanto mentalmente corria em círculos tentando encontrar qualquer coisa que pudesse me ajudar - Criação pode ser Conjuração, certo? - lembrei dessa palavra que sempre via os professores usarem para se referir a “criar algo aparentemente do nada” - E… copiar coisas? - vi pelo canto do olho a professora concordando com a cabeça, tinha certeza de que havia uma palavra chique para definir isso, mas não conseguia pensar em nenhuma. Imediatamente uma garota da Corvinal levantou a mão ansiosa e completou antes mesmo que a professora pedisse para ela falar. - Ela quis dizer “Duplicamento”, Professora. A professora mais uma vez concordou e escreveu as duas palavras no quadro. Os outros alunos levantavam as mãos para darem suas contribuições e eu resolvi me contentar em anotar as respostas, feliz pela professora ter temporariamente esquecido que eu existia. Algumas das palavras ditas pelos alunos e pela professora faziam sentido e era fácil imaginar o que cada uma delas queria dizer, como “ilusão” e “destranfiguração”, mas fiquei me perguntando o que diabos queria dizer a expressão “propriedades organolépticas”. Nesse ponto, comecei a folhear meu caderno distraidamente, até cair em uma das páginas cobertas de desenhos das sereias que tinha encontrado no festival. Foi aí que lembrei quem a professora me lembrava, a sereia para quem havia dado uma tiara de flores de presente. Não que elas fossem exatamente parecidas, mas as duas faziam eu me senti de um jeito parecido. Só de lembrar das sereias, já senti meu rosto esquentar de novo e fechei o caderno de desenhos, apressada. Estava decidida a prestar atenção pelo menos no final da aula, mas neste momento a professora se afastava do diagrama completo no quadro e anunciava o fim da aula. Decepcionada comigo mesma, terminei de copiar o diagrama apressadamente, recolhi meu material e saí da sala com o resto da turma, correndo para não ser a última e ficar sozinha ali com a professora.
em 2020-08-30
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Fendas, Palavras e Misérias
CAPÍTULO I
   Um dia, talvez, o grande esquema das coisas se revele como os riscos aleatórios do chão quente sob o sol, ou como os erros ortográficos irreparáveis e ilegíveis escritos a caneta, abandonados nas folhas sujas do caderno do mundo. Se há um escritor é cabível presumir sua ignorância quanto às sutilezas da linguagem, afinal só se podem ler as palavras "caos" e "solidão", por isso as rachaduras no solo da existência me seduzem mais, o calor é insuportável mas pelo menos há luz.
  Mas se eu disser que essa luz me cega e que o chão queima meus pés, que o suor empapa minhas roupas fétidas, que minhas mãos feridas tremem, que minha pele imita as rachaduras do solo, tu, leitor, perceberás que perdeste precioso tempo - ó tempo, filho da morte, patrão das coisas vivas, inimigo ou cúmplice de Parmênides - ao ler devaneios insólitos de um operário. Sim, um operário, uma torpe mão-de-obra barata que caleja as mãos ao tentar manejar a variedade áspera e abjeta da existência. Um cativo das leis da natureza, uma marionete dos sentidos, ludibriado pelo abraço da vontade, morto de sede de respostas. Proletário sou porque vendo meus esforços pelas migalhas da compreensão. Se alguém já o disse, eu reitero: a vida é labuta.
  Não importa quão sofisticado é o discurso, estamos sempre sujeitos ao erro. Ora, talvez seja o Erro o pobre escritor, talvez a própria Morte... A cada desvario nos aproximamos mais da escassez metafísica, do puritanismo da eterna ignorância. Mas pensar é a razão primeira, é o clarão instantâneo que permite toda a expressão, é a preciosidade sublime da patologia a qual chamamos de consciência. E sob as secreções do Ser, encontramo-nos no único momento, um ínfimo tempo de Planck, no qual somos capazes realmente de ver beleza nessa doença. Abraçar esta filosofia é dar asas ao pensamento.
  E se tu aprecias esse falatório, então fomos capazes de entorpecer momentaneamente a solidão. Reflexões diriam, talvez, que é apenas isso que nos resta. O senso de completude que nos dirige à ação é o limiar do autoengano. O caos nos constrói para sermos vazios, e a ilusão da identidade é o paliativo remédio que mitiga os espasmos dolorosos de se perceber neste mundo.
  Mas a autopercepção é como contar uma história, instante a instante sendo escrita enquanto a vida flui na viscosidade do mar existencial. E já que estamos todos aqui, fortuitos, filhos de estrelas, sonhadores de futilidade, jogados num grão de rocha e metal, formados por grãos ainda menores, gravitando eternamente em direção a um fim desconhecido, vale a pena compartilhar tais histórias, unir-nos sob o laço comum da solidão.
CAPÍTULO II
   Embora tenha julgado necessária uma introdução presunçosa e dramática como esta, a história que contarei é uma história sobre o ódio. A fragilidade humana se alastra como um fungo no passado e no presente da civilização. Cada espécime humano que pôde experienciar o mundo de forma consciente contemplou a colisão assustadora entre a debilidade e a indiferença. O ódio a que me refiro é o ódio instantâneo, ódio pela existência, um estado pleno de repulsa ao absurdo de Ser. Porém, veja, não é ele o objeto frágil do espírito humano, mas sim a covardia em desprezá-lo mesmo sendo um elemento fundamental da vida, um propulsor de determinação.
  Talvez não seja sobre o ódio em si, mas a experiência de vivenciá-lo, de ser preenchido por ele. Essas palavras podem ser vistas como um manifesto antirreligioso, porquanto o amor é taxado como o edificador dos alicerces universais pela maioria dos doutrinadores clérigos, mas não é sobre isso que o texto se trata. Amor e ódio não são vistos aqui como contraditórios. Amar a morte não é o mesmo que odiar a vida.
  Somos de carne e a todo momento rejeitamos as extravagâncias heterogêneas que decorrem dessa proposição. Queremos o mundo mas o que temos é a corrupção do espírito, queremos plenitude mas o que temos são caixas vazias que preenchemos com o sofrimento. Nossa existência está condicionada a todos os elementos da realidade, e assim sendo, o futuro é tão digno de nós - nós em todas as nuances vazias - quanto o seria se nós não houvéssemos.
CAPÍTULO III
     Pressuponho que já seja hora de apresentar-te a certos aspectos do mundo. Do meu mundo. Vivo uma vida cínica, abundante em pensamentos, redundante em ações, oscilando entre a mediocridade e a megalomania, entre o silêncio e o martelo. Minha casa é simples, meu trabalho é penoso. O suor banha meu corpo todos os dias e o vento traz dos céus o alívio. Minha função é martelar pesadas placas de metal banhadas em óleo que, quando juntas, formam o molde das paredes internas e externas de um apartamento. O molde é preenchido com concreto e a habitação está pronta. Retiradas as placas o mundo volta a girar novamente. Tão simples, tão fugaz, um suposto lar no qual interesses serão materializados, futilidades serão discutidas, ânsias e fracassos morrerão no fluxo passageiro do esquecimento.
   Neste mundo giratório, tomado por florestas sólidas de concreto, metal e pessoas, não há fluidez ou ternura, apenas brutalidade, conformismo, passividade. O olfato capta apenas o cheiro acre do movimento constante, o céu não mais tem cor, a maleabilidade líquida só é vista no suor e nas lágrimas.
   Tenho sonhos todas as noites e, estranhamente, nunca os esqueço. Eles tem cores que nunca vi, formas surreais, superfícies infinitas que carregam uma tristeza que não é só minha, mas do mundo inteiro. Esses espetáculos sempre impressionam os meus sentidos a ponto de me sufocar, e com isso, acordo em desespero, no frio na noite, no calor do ódio. Escrevo todos os sonhos em detalhes num caderno negro, velho, com páginas amareladas. Não há uma razão específica que justifique esse registro diário, é apenas um impulso frágil, e como a vontade se tornou um objeto raro, escrever neste caderno se tornou um hábito obrigatório.
   Há muitos como eu que fazem do martelar constante uma trilha sonora, são meus colegas de faina. Eles gritam vulgaridades durante o expediente e insistem que o êxtase narcótico e a satisfação sexual são as verdadeiras razões pelas quais nos submetemos ao trabalho excessivo. Eu, na verdade, sempre repudiei essa necessidade de entorpecimento, que, frequentemente, se revelava como uma exposição cômica de fraquezas e em constrangimentos evitáveis. Mas uma reflexão pouco profunda mostraria que minha abjeção às distrações comuns era nada mais que um aspecto dos meus próprios vícios morais, especialmente o pedantismo e a hipocrisia.
   A principal diferença entre mim e meus colegas era a de que eles trabalhavam em função do dinheiro e dos produtos dele advindos. Eu, por outro lado, cresci nessa labuta, o som do martelo é a música da liberdade, o silêncio é opressor. Liberdade de pensamento essencialmente deliberada pelo hábito, que construiu a necessidade. Necessidade é prisão. Estou preso a esse devir sonoro por imprescindibilidade filosófica, isto é, só consigo pensar ouvindo a harmonia metálica do martelo. É como se minha consciência, minha mente impaciente estivesse no meu braço direito.
   Muito poderia ser dito sobre as minúcias dos meus dias mas já basta enganar a mim mesmo no que diz respeito ao meu infalível julgamento quanto às coisas mundanas, enganar os outros não é do meu feitio, apesar de encontrar certo júbilo nas tolices humanas. Porém, esse júbilo ocorre apenas num primeiro momento. Imediatamente depois um longo monólogo silencioso se desenvolve na minha cabeça e as mesmas amarguras e melancolias renascem das cinzas da minha disposição cognitiva. Observar de perto o que nós somos, cada fragmento arrogante de conjeturas sobre a vida e a morte, cada urgência programada biologicamente para sugerir significado, cada preconceito e intenção dúbia entranhados em patéticos caprichos sociais, contemplar esses detalhes sórdidos compilados revelam apenas fragilidade e tédio.
   O que posso dizer do meu passado senão uma mera interpretação de memórias maculadas pelo tempo e pelo cansaço, aglomeradas no fundo do meu cérebro juntas a tantas outras lembranças, prejudicadas pela subjetividade e perspectiva? O conhecimento da realidade só existe mediante memória e testemunho, e disso não demora a conclusão de que a incerteza é a única certeza. A dúvida é o devir do mundo e o legado a maior das ilusões. E se do passado temos as memórias, do futuro temos as expectativas, as traidoras da serenidade. O futuro é uma repercussão, uma teia acústica de ecos que se perdem para sempre.
   E desses dias que já se foram eu escolho um que foi, para o mundo, um representante da mediocridade, não fez mais calor ou ventou mais que o costume, as pessoas eram as mesmas, as mesmas dores, as mesmas alegrias, apenas, talvez, mais cicatrizes que no dia anterior... enfim, um dia. Nesse dia em que o martelo ressoava e cortava o ar com a força habitual, eu e meus companheiros ocupávamos o terceiro andar de um prédio em construção. Eu trabalhava nas placas das paredes internas, minha mente, como sempre, estava divagando sobre alguma frivolidade filosófica - a qual não consigo, no momento presente, lembrar-me de nenhum detalhe - quando subitamente, uma náusea perturbou meus reflexos de modo que uma vigorosa martelada atingiu o encaixe entre as placas, derrubando toda a estrutura sobre mim. Talvez o esforço excessivo, talvez o meu inconsciente buscando se desligar da realidade, talvez uma vontade absurda de assassinar a monotonia. Não se sabe a origem do equívoco, apenas os resultados dele.
   A placa mais pesada esmagou meu braço esquerdo, amputando-o ali mesmo. As outras me causaram ferimentos leves. Eu encarava minha vida se esvaindo pelo coto que um vez fora uma parte do meu corpo, num fluxo de sangue que era hipnotizador. A metáfora irrisória arranha a hermenêutica desse cenário angustiante, todavia, vestindo-me de poeta, ela se faz necessária aqui. Eu vi naquele momento que a extensão das minhas preocupações, que o acúmulo das dores não ditas, que o labor inseparável da vida, a totalidade do meu Ser, a ilusão, tudo confluía, como o sangue que escorria pelas fissuras do concreto e caía num mesmo solo, tudo convergia na mesma reação violenta e vívida dos meus instintos mortais: o ódio. Odiei a existência naquele ínfimo instante, não pela dor do ferimento, mas pela antiga ferida purulenta que, agora exposta, escondia-se antes na cadência seca e confortável da passividade. Odiei a fraqueza do medroso e a força do arrogante, odiei a honestidade do assassino e as mentiras do inocente, odiei o impulso dos idiotas e a lassidão dos sábios. O ódio fez de mim, apenas naquele instante, uma obra de arte tenebrosa e bela.
   O contraste entre a completude subjetiva de uma infinitesimal parcela do tempo e o vazio de tantas outras vidas tomadas por inteiro, mostra o poder ilusório das feições as quais nossas identidades se apoderam. Fui capaz de ser, por um átimo, o ser vivo mais verdadeiramente vivo de todos. Um grito separou esse instante eterno de meditação do grande lapso temporal no qual as consequências práticas do acidente tomavam forma. Nunca mais fui o mesmo e ao mesmo tempo nada mudei.
CAPÍTULO IV
   Como eu disse antes, tudo que posso oferecer é uma visão distorcida da realidade, ainda que esta fosse, para mim, naquele momento, o maior dos fardos, o que poderia implicar, talvez, que a minha percepção dos fatos era a mais precisa. Entretanto, muitos discordariam do meu relato taciturno sobre o evento. Especialmente os que se encontravam no terceiro andar. Todos querem certo crédito, todos querem narrar sua versão, todos querem o devido respeito por participarem da história do mundo. Inclusive eu, afinal não é o que estou fazendo? Contando uma história... E podemos dizer que esse ímpeto pela importância momentânea elaborou inteiramente o curso da humanidade. O que seria de cada civilização sem a vontade de poder? O que seria de cada sociedade sem a farsa do heroísmo e a sede de glória? Nesses termos definimos o caráter humano.
  No próximo instante, aquele após a incursão mágica que motivou este conto, tudo que me interessava era o alívio, era livrar-me do peso que residia na minha condição inexorável, tudo que me constituía parecia boiar num oceano negro de desolação. Irônico notar quão distante está a agonia física e o desespero mental da apatia sistemática que nos encerra nesse cotidiano frio, estático. O socorro veio, a dor foi cessada, a angústia nunca foi embora.
  Recuperar-me era o próximo passo, isso era óbvio. Porém, as trivialidades do entendimento haviam desaparecido há muito no meu jeito de pensar. Toda substância que atraía minhas faculdades cognitivas se estendia num continuum infinito, tudo era equacionado e analisado, tudo era razão para um esforço intelectual hiperbólico e silenciosamente escandaloso. Por isso raramente era ditas, por mim, quaisquer palavras. Tudo era dispendioso e exaustivo, exceto martelar. Por isso, essa convalescença foi longa, fastidiosa, deserta.
  Entretanto, apenas naquele momento o ódio se apoderou de mim. No fim, adaptei-me e voltei ao trabalho, voltei para a introspecção guiada pelo ritmo tonitruante da ferramenta. A brutalidade plangente da labuta braçal, a consciência de que meu único lar era o próprio ato de construir lares. Permaneci, até o presente momento, na ruminação diária dessas lembranças e nunca mais fui capaz de experimentar a vida com tamanha intensidade. Diga-me leitor, o que isso quer dizer sobre a vida? Por que o preço da realidade é tão alto? Claramente não tenho as respostas que procurei, mas suspeito que, no meu finito vagar solitário neste chão rachado, a decadência, mãe das formas, segreda-nos que o Fim é um péssimo escritor. Renan Vitor  
— Topologia da Decadência 
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yaxleb · 4 years
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ʏᴀxʟᴇʏ ғᴀᴍɪʟʏ - ᴘᴀʀᴛ ɪ  ( pov )
“eu duvido”
❝ duvida de que? ❞
“duvido que você consegue colocar esse donuts INTEIRO na sua boca, é impossível”
"EU DUVIDO” NÃO ERA UMA PALAVRA MUITO BEM ACEITA POR CALEB YAXLEY. E ELE PODERIA muito bem falar que era por conta de sua casa ou sua família, que era resiliente, esforçada e blablabla. mas a verdade era que isso não passava de uma besteira de adolescentes mesmo. a constante batalha de egos que garotos de sua idade sempre estavam travando, mesmo entre os melhores amigos. e nossa, caleb com certeza aceitaria o desafio do colega de casa, se o correio da manhã não tivesse começado a ser entregue bem naquele momento. 
“salvo pelo gongo, yaxley”
o colega disse, no mesmo segundo em que uma carta caiu na frente de caleb. o cenho foi franzido por um momento, pensando que a coruja talvez tenha se enganado. ele simplesmente não recebia cartas, nunca. uma no natal, na verdade. de seu pai, avisando que era melhor caleb não voltar para casa, porque o pai trabalharia a semana toda, e com um “feliz natal” simples no final. mesmo assim ele pegou a carta, e no envelope tinha mesmo o seu nome escrito no verso, em uma caligrafia que não era de seu pai, e de ninguém que ele estava acostumado.
ele abriu o envelope, os olhos completamente focados na ação, sem prestar a mínima atenção no que acontecia a sua volta no café da manhã. não até aquela frase que lhe arrepiou a espinha: “os comensais fugiram! várias deles, olha! saiu no profeta” os olhos negros se viraram imediatamente para o colega que dissera isso, e desceram devagar para o jornal em suas mãos. uma foto de azkaban na capa, e a manchete gigante em cima. não, não, não... os dedos trabalharam mais rápido na carta que segurava. não podia ser. respirou fundo, e tirou uma única página dali, os olhos correndo para ler a letra mal feita e manchada, suja, descuidada.
❝ eu recebi suas cartas. recebi cada uma delas. e queimei cada uma delas com gosto. ❞ aquela frase o fez amassar o papel antes de terminar de ler, e levantou-se da mesa, os olhos marejados. mas não era tristeza ou abandono. era medo. caleb andou para fora do salão comunal sem responder os seus colegas que tentaram chamar sua atenção, e se enfiou em uma sala vazia, onde poderia ficar sozinho. abriu mais uma vez a carta, agora amassada, e continuou. ❝ não posso dizer que não me arrependi. me arrependi sim, de entregar reginald para greyback. se eu soubesse que ele geraria meu único herdeiro, teria o matado logo. você é um efeito colateral que eu vou precisar lidar, depois de lidar com o seu pai. mestiços não são sangue-puro, caleb, espero que entenda ❞ a carta curta não estava assinada, mas caleb tão pouco precisava de um nome no final para saber que tinha sido escrita por seu avô corban. ele havia fugido, de verdade. aquilo o deixou terrivelmente desesperado, assim como com uma sensação de impotência. o corvino então surrupiou uma pena, um tinteiro e uma página de pergaminho sobre a mesa do professor daquela sala, limpou as lágrimas que caíram e saiu da sala, correndo em direção ao corujal. precisava avisar seu pai antes de tomar qualquer outra providência, e a única coisa que podia era esperar não ser tarde demais. 
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A Verdade Não Dita
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↳ sinopse - Kim Seokjin não é só um herdeiro chaebol, ele é O herdeiro chaebol. O conglomerado Kim é o que a Coreia do Sul tem de mais próximo a família imperial da dinastia Joseon e assim como o imperador Taejo, tudo sobre o solo coreano pertencia a família Kim, quer dizer, quase tudo. Pouco antes de morrer, o avô de Seokjin vende uma das propriedades mais antigas da família, o que deixa seu neto inquieto já que o que essa era a propriedade onde a avó crescerá, porém a família que comprou o local se nega a vender de volta para Seokjin independente do valor que ele oferecesse, o que o leva a brilhante ideia de se disfarça como o trabalhador chamado Jin e assim descobrir o motivo de uma família não vender para ele o agora único prédio de Seul que não pertence a seu conglomerado.
↳ rating-  Livre;
↳ pairing- Seokjin x Hye Jeun ;
↳ gênero - Enemies to Lovers;
↳ avisos - Essa é uma obra ficcional, inspirada na estrutura de um k-drama porque, a autora que vos escreve cansou de esperar a boa vontade da grande hit de colocar meu menino Seokjin em um, espero que gostem, sejam gentis e construtivos se tiverem criticas por favor!
Capítulo 1/16
Eram seis e meia da manhã em Seul, Seokjin já estava acordado pelo menos há cinco minutos. Como sempre, acordar antes do despertador alarmar era uma aposta pessoal que ele fazia desde o ensino médio e ele nunca perdia, assim como em qualquer outra coisa, perder não era uma opção, nunca foi.
A vista do seu apartamento era ampla, assim ele conseguia observar seu império sempre que quisesse, já que quase tudo em Seul era da sua família, e por causa de ‘quase’ que se levantava tão cedo.
Existem cinco famílias que comandavam Coreia, nada absolutamente nada, acontecia sem o aval delas, ninguém se elegia ou se quer construía uma casa. Era esse o lugar que Seokjin pertencia, a disputa entre os impérios na Ásia era como a guerra silenciosa, sarcástica. Mas Kim Seokjin era mais do que bem treinado nesse campo de batalha, havia nascido e crescido nele.
Repassou sua agenda do dia mentalmente enquanto tomava banho, tirando o jantar de noivado ridículo que sua mãe tinha inventado com aquela garota francesa Lee Sophie, seus pais insistiam que esse casamento abriria uma porta para o ocidente e que a Ásia já tinha se tornado insuficiente para eles.
“Como eles podem pensar assim, quando não era tudo deles ainda?” 
Seokjin se perguntava, mas ir contra os mais velhos não era de sua natureza, se livrou daqueles pensamentos o mais rápido que pode... Pensar demais só pioraria tudo, era melhor aceitar afinal a menina nem era das piores. Ele podia enfrentar aquilo, não havia nada sobre fidelidade neste contrato e eles não estavam apaixonados nem nada também. 
Ajeitou a própria gravata, fazia isso sozinho desde pequeno, com seus próprios uniformes escolares então o fazia com perfeição. Observou seu reflexo no espelho, tudo parecia perfeito, sentia aquele incômodo de sempre no peito, mas depois de consultar sete médicos diferentes e todos afirmarem que sua saúde é perfeita, talvez fosse algo de fundo emocional, Jin resolveu ignorar aquela idiotice, “fundo emocional”, ele tinha tudo que pessoas matariam para ter do que diabos seu emocional sentiria falta ou por que se abalaria? Bufou, quanta babaquice! 
Na saída do seu prédio, secretário Choi já estava a sua espera com seu café na frente do carro, por uns segundos Jin olhou para o céu encoberto e lembrou-se de quando era mais novo e fugia dele, não poderia negar que uma parte dele queria fazer isso agora. Não podia deixar se afetar assim se queria ter tudo, então respirou fundo, pegou seu café e entrou no carro.
-Quer ouvir música hoje senhor presidente? 
- Bom dia senhor presidente! – Cumprimento rapidamente, Seokjin observou aquela criatura, todas suas assistentes passavam por um belo “pente fino” antes de serem sequer cogitadas ao cargo, não conseguia entender aquele
- Sim, quem sabe isso não melhora meu humor não é? 
 Secretário Choi sorriu amistosamente, sempre sentiu um pouco de pena do pequeno mestre, em tamanha contradição que ele vivia, as pessoas acreditam que ter muito dinheiro lhe daria a liberdade de fazer o que quiserem, já o que realmente acontecia era extremamente o oposto e a cada ano que passava ele ficava mais e mais preocupado, mas o que um secretário poderia fazer afinal?
Jin pegou a pasta com o resumo dos últimos acontecimentos da empresa feito por Namjoon , e já na primeira página a ficha completa de Sophie, logo no inicio da pagina tinha um post-it amarelo onde estava escrito:  
Louca de pedra, sinto muito hyung.   
Seokjin engoliu seco. Sophie era mestiça, sua mãe francesa, pai coreano a família dele comandava o ramo de imóveis e sua esposa era de uma família aristocrata, foi então que percebeu ... Eles tinham dinheiro e títulos por isso sua mãe estava tão empenhada nesse casamento;  as duas próximas páginas eram sobre os delitos que o pai dela  havia encoberto...
- Secretário Choi?- sussurrou.
- Ne presidente!
-Poderia me informar se meus pais me acharam no lixo? – Sua mão se fechou em um punho, como poderiam ter escolhido tamanho desastre pra ser a esposa de Kim Seokjin? Ele deveria ter deixado Taehyung ou Namjoon nascer primeiro... Respirou fundo, uma, duas, três vezes, mas não foi o suficiente – POR QUE SECRETARIO CHOI? POR QUE?
Um sorriso se formou no rosto do secretário, o pequeno mestre estava vivo por dentro, mesmo que antes estivesse adormecido, ele só precisava de um motivo pra dar sinais de vida. Mesmo que fosse um ataque de ódio, ele preferia isso a aquela expressão vazia e apagada que ele sustentará nos últimos anos. Então pegou o caminho mais longo para chegar a sede das empresas Kim, assim o presidente poderia se recompor. 
Quando chegaram, nada parecia ter acontecido, eles caminharam em silêncio até o elevador que era do uso exclusivo da presidência, assim que entram o secretário abriu a agenda e começou a repassar todos os compromissos que  ele teria naquele dia . Assim que pisaram no andar presidencial uma das assistentes veio correndo em direção aos dois, ela parou de repente com os olhos arregalados. 
- Bom dia senhor presidente! – Cumprimento rapidamente, Seokjin observou aquela criatura, todas suas assistentes passavam por um belo “pente fino” antes de serem sequer cogitadas ao cargo, não conseguia entender aquele comportamento – Presidente, não posso explicar a situação agora ,mas acho melhor o senhor voltar só daqui a alguns  minutos! 
- Qual o seu nome?  - Seokjin pergunta enquanto sai do elevador, se aproximando da assistente - Não melhor, qual é seu cargo aqui? Presidente? O seu sobrenome é Kim? Somos irmãos? Primos? – Ele para a alguns centímetros rosto a rosto.
-De forma alguma presidente - Ela responde olhando para o chão.
-Então, da onde você tirou a ideia absurda de que pode me dizer quando eu devo vir pra MINHA  empresa trabalhar?
-Senhor pre-pre-presidente, é que...
- EU SÓ SAIO DAQUI QUANDO ENCONTRAR COM O PRESIDENTE ! 
 A voz feminina esbravejava, ele então viu uma mulher que deveria ter mais ou menos sua idade, ela vestia um macacão jeans, daqueles de fazer jardinagem  e seu cabelo preso em um meio coque. Com toda certeza ela não pertencia a qualquer lugar nesse prédio ou em qualquer outro em Seul!
-Meu hyung ainda não chegou – Não pode ser possível, o que diabos Taehyung  estava fazendo fora da escola? Esse dia só ficava cada vez pior! Seokjin se esconde atrás do balcão das assistentes, primeiramente porque não queria o podia se envolver em algum escândalo e também para ouvir melhor a conversa já que o irmão não gritava como fazia à desconhecida – Mas você pode resolver comigo sabe, também sou herdeiro do Império Kim!   
O secretário Choi mal pode conter o riso e Seokjin revirou os olhos, sério mesmo que ele estava dando em cima de uma maluca daquelas?  Esticou o pescoço e então pode ver o rosto dela, engoliu seco, é ele não poderia julgar o irmão. Ela então puxou Taehyung pela gravata o que fez o sangue do mesmo congelar em suas veias. 
- Então presta bastante atenção no que vou dizer, se eu vir ou ouvir mais um dos empregados dele trazendo propostas para comprar o estabelecimento da família Jung, eu mesma vou vir aqui de novo e o fazer conhecer minha coleção de facões com corte especial para carne! – Ela faz um gesto com de corte na frente da própria cintura, era a vez do Taehyung engolir seco – Okay? - ele apenas concorda com a cabeça, então ela sorri pra ele e solta sua gravata, com a outra mão ela entrega um algo que estava embrulhado por um tecido rosa – Coma e viva bem!
Ela caminhou em direção ao elevador de serviço e partiu. Todos ficaram silêncio por alguns segundo por causa do choque que ela havia instaurado, Seokjin se recompôs e saiu do esconderijo, ajeitando seu próprio terno e todos a sua volta o seguiram.  Taehyung permanecia parado abraçado com o embrulho rosa, Seokjin observou á cena curioso.
- Será que vamos precisar de um médico secretário Choi? – Sussurrou balançando a mão em frente aos olhos do irmão.     
-Hyung, desde quando pessoas pobres têm permissão para ser bonitas? – Tae podia sentir seu coração bater forte e colocou a mão sobre seu próprio peito.
-Aish criança, vamos pra minha sala porque eu quero saber o que você está fazendo aqui e não na escola Taehyung – Ele observou que todos ao seu redor ainda estavam estáticos – O show acabou e quem não quiser perder o emprego pode começar a trabalhar agora que tal? Agora, rápido!
Ao entrar no escritório ele respirou fundo, nada tinha sido destruído ou desorganizado, ainda bem, o que uma garota como aquela teria que o interessasse o suficiente para vir até a sede? E quem é que seja o encarregado porque não ofereceu dinheiro o suficiente pra comprar o que ele queria? Família Jung?  
Sentou-se em sua cadeira, era tanta coisa acontecendo, noivado, invasão na empresa (coisa que ele tinha que pontuar com a equipe de segurança, ele não pagava um valor exorbitante pra qualquer um conseguir entrar na sua empresa assim), seu irmão mais novo inconsequente, menor de idade,  que estava cabulando aula bem na sua frente sem vergonha nenhuma na cara e abraçado a um pacote dado por uma estranha! Seokjin pegou a pasta sobre a sua mesa e bateu com ela na cabeça do mais novo, essa que deveria ser oca!
-HYUNG! Isso dói! - Taehyung se protege com o embrulho o que só aumenta a raiva do irmão.
-Sinceramente, o que você ainda está fazendo com isso Kim Taehyung? Me dá isso aqui! – Diz entanto arrancar o embrulho, Tae arregala os olhos e o esconde atrás de si.
-Não, a Noona deu isso pra mim! É MEU!
- Noona? Que noona Taehyung? Você tem usado drogas na escola? – Ele tinha se apegado a uma pessoa em menos de cinco minutos?
-Sobre a escola... Preciso que você vá lá por mim hyung! – Seokjin arqueou a sobrancelha - É que teve um pequeno problema, com certo aluno que ficou em... 133º lugar! 
-Por que você não pediu isso pro Namjoon? – Seu tempo estava acabando, ele teria a primeira reunião do dia em uma hora e precisava se preparar.
-Achei que se o presidente da corporação Kim fosse iria impor mais respeito etc...- Se explica enquanto começa a abrir o embrulho sobre a mesa.
“Como uma criança pode ser tão folgada com o seu irmão mais velho? Tenho pelo menos um pingo de respeito vindo desse ser humano?”
-Em primeiro lugar você sozinho deveria construir o respeito das pessoas a sua volta, afinal  como você mesmo afirmou para aquela maluca, também será uma das pessoas a herdar o Império Kim! E segundo não tem tempo para esse tipo de coisa Tae, eu estou muito ocupado no momento gerenciando tudo desde o acidente do papai...
- Uau, você realmente é filho dele! Até a entonação é igual! “Não tenho tempo para esse tipo de coisa, estou muito ocupado no momento!” – Ele imita o irmão mais velho e isso belisca o coração de Seokjin, quantas vezes tinha ouvido a mesma coisa do pai e havia ficado furioso por isso?  
Taehyung descobriu que o ‘presente’ que ele havia ganhado era comida, se perguntou se a noona mesmo que tinha feito aquilo tudo enquanto espalhava os alimentos pela mesa do Senhor Presidente que era muito ocupado para lhe estender a mão, pensava com amargura, só faltava o seu hyung  ficar igual ao pai...Aquilo cheirava tão bem!
-Okay, okay eu vou pedir pra agendar uma reunião na escola com seus professores e a diretora, mas só se você prometer que isso nunca mais vai acontecer e suas próximas notas serão no mínimo do 50º lugar pra cima!
-Ne! – Tae começa a dividir o arroz em potes diferentes- Quer comer com a gente secretário Choi?
-Não se dê ao trabalho de negar secretário, se vamos morrer intoxicados com a comida daquela doida, o senhor como um bom amigo e empregado tem que ir junto! – As palavras do irmão fazem o rosto de Taehyung se contorcer em uma careta.
-Minha noona não é louca... – Murmura Taehyung.
A porta se abre dando passagem a Namjoon, o que estava acontecendo com as pessoas hoje? Ou elas estavam forçando um casamento, invadindo seu prédio, entrando na sala atrasado e sem bater, ele nunca deveria ter parado de praticar gongyo e esse era o efeito colateral por isso!
Ele usa o embrulho de escudo assim que acaba de falar, Seokjin pode ver a expressão de espanto que o secretário Choi não pode conter, mais uma coisa pra acrescentar a lista de problemas do dia, não iria fazer a audácia de perguntar ao universo se ele tinha mais alguma coisa pra mandar porque era bem capaz dele responder.
- Vocês – Namjoon aponta - Combinaram uma refeição sem mim? Sério mesmo?
-Se você tivesse chegado no horário certo, talvez soubesse que uma malu... – Taehyung enfia uma colher cheia de arroz na boca do irmão.
-Já disse que minha noona não é louca ou maluca! – Namjoon senta se na cadeira antes ocupada pelo secretário Choi.
- Sua noona? – Pergunta curioso.
-Essa criança está doente só pode, já tentei explicar, mas parece que o cérebro dele congelou -Seokjin diz enquanto enche seu próprio potinho de comida, se ela mesmo tivesse feito aquela refeição,essa menina realmente cozinhava bem.  
- Em uma escala de zero a dez, quanto ela é bonita? – Namjoon pergunta sem rodeios e uma parte do arroz entala na garganta de Seokjin.
-Ahh tão linda hyung, acho que se estivesse em uma escala seria no mínimo quinze! Porque além de ser linda experimenta isso  - oferece uma colher da sopa de carne – Ela cozinha bem! Tem um restaurante e tudo!
- Restaurante? – Seokjin não se lembrava dela ter mencionado isso.
- Sim olha aqui o cartão!
RESTAURANTE SÃO FRANCISCO DE COMIDA CASEIRA DA FAMÍLIA JUNG 
TELEFONE PARA DELIVERY : 111-110-101
ENDEREÇO: XXXXXXX NÚMERO: 3112 
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Hye Jeun batia repetidamente sua cabeça contra a janela do ônibus enquanto lembrava-se do que tinha feito mais cedo naquela manhã, depois uma loucura daquelas como ia conseguir olhar nos olhos do seu pai? Deus soquinhos no seu próprio peito, mas também como ela poderia ficar calada, já haviam recusado tantas vezes e explicado de diversas formas que não venderiam o restaurante e eles insistiam em aumentar a proposta e até fazer ameaças!
Será que não tinha passado dos limites? Precisava ligar para JuDa, não tinha considerado o fato da sua melhor amiga poder perder o emprego, sua mãe estava certa nunca deveria seguir seus instintos, burra, burra, burra!
Assim que desceu no seu ponto precisou tomar coragem pra começar a subir a rua, o restaurante não se chamava São Francisco sem motivo, ficava em uma das subidas mais íngremes da cidade, a qual não estava nem um pouco a fim de subir!
-Noona? – “Se existe um Deus, por favor que seja alguém me confundido com outra pessoa e não o Hoseok por favor!” pediu de olhos fechados, quando os abriu de novo era encarada por dois pares de olhos, faltava alguém ali....
-Onde está o Kookie? Por que vocês ainda estão aqui e não na escola?     
 -Ai essa mulher, nem diz bom dia ou pergunta como as pessoas estão – Jimin reclama – É só “onde está kookie?” “por que não estão na escola ainda?” 
- Hey quem você está chamando de “essa mulher”? Ninguém te ensinou a respeitar as pessoas mais velhas Park Jimin? – Hye Jung dá uma “chave de braço” no melhor amigo do seu irmão mais novo - Quer saber não tem problema, eu posso te ensinar boas maneiras!  
-Desculpa noona! – Então ela começa a bagunçar o cabelo que ele tanto ama – Aigoo não faz isso, por favor!
-Só paro quando vocês me explicarem o porquê de uma hora dessas estarem aqui e não na escola! – Hoseok coça a nuca, seja o que for que tenha acontecido não era nada bom, isso preocupa Hye Jung .
-Kokkie está com problemas e nós estamos indo ajudar... - Ele explica – Não precisa se preocupar, não é nada de mais! Por favor, não conta para o pai! - Ela solta Jimin e observa os dois cuidadosamente, ela sabia como adolescentes poderiam ser cruéis uns com os outros , Hoseok segura sua mão – Sério noona, não precisa mesmo se preocupar!
- Se passarem um pouquinho, segundos se quer do horário que vocês chegam normalmente ou com um machucado que seja, faço um escândalo vocês estão me ouvindo? Vou atrás com o exército! Okay? 
-Siiim noona - Responderam juntos. -Então podem ir! Eles não deram a chance dela se arrepender e saíram correndo, Hye Jung olhou pro céu tentando não se arrepender de tudo que havia feito desde que acordara, mas hoje estava sendo difícil, “Seria o momento ideal, pra você estar aqui bobo!” mas do que adiantaria pensar  naquilo que não dava pra desfazer... Aish já estava próximo do horário do almoço, papai, deveria estar abrindo o restaurante! 
^-^ Cinco garotos do último ano em um beco próximo ao restaurante, faziam um cerco em volta de Jeon Jungkook, o líder deles segurava a gola de sua camisa e ele se preparava psicologicamente para o soco que levaria, dessa vez não tinha dado tempo de avisar os seus amigos.
-Quantas vezes eu pedia, hum, muito mais do que amigavelmente vamos dizer – Todos em volta riram – Para você ajudar a mim e aos meus rapazes nas lições?   
 -E-e-e-eu....-Jungkook não conseguia encontrar as palavras de tão nervoso.
-Quantas vezes eu pedi educadamente para pessoas do seu nível, não frequentarem o almoço... - Woo-bin bate o pedaço de madeira na parede do beco.
-Engraçado alguém como você falar de níveis, quando seu pai não passa de um gerente qualquer, de uma das infinitas de filiais de automóveis do Império Kim, não é Lee Won-bin? - Todos viraram suas cabeças em direção à voz, não era de nenhum dos amigos de Kookie, nenhum deles seria louco o suficiente! Então viram um garoto loiro que vestia o uniforme da escola mais cara de Seul escorado , Won-bin deu um passo pra trás.
-Presidente Kim?
 - Olha ele não é tão burro quanto parece! Que tal você e seus pitbulls darem o fora daqui antes que seu pai perca o emprego do qual você estava a se vangloriar segundos atrás? 
-Sim presidente! – Disseram batendo continência e se afastando - Ah e antes de irem, se eu souber que algo remotamente parecido aconteceu, vai ficar difícil pagar as... Como vocês chamam? – pergunta olhando para Jungkook.
-Contas? – Sussurra, “Meu deus quem é esse doido?” Jungkook ficava se perguntando
 -Isso – Estala os dedos – Contas! Estamos entendidos? -Ele arqueia a sobrancelha   -Sim presidente!- Afirmam novamente antes de sair correndo. 
-Ah, mas eles nem se esforçam para parecer corajosos! – Diz Taehyung rindo.
-Se o presidente estivesse no meu lugar a cinco minutos atrás! – ele começa a limpar toda a sujeira que o concreto tinha feito no uniforme dele, a mãe dele iria ter um infarto se visse aquilo. -Não diria isso. 
-SAIAM DE PERTO DO MEU MENINO – Um  Jimin entra no beco gritando com um pedaço de madeira na mão, acompanhado por Hoseok – Oxi, quem é a loira Kookie?
-Pelo amor de deus Jimin, cala a boca! - Implora Hoseok irritado.
-Primeiro: não sou seu menino Jimin...-Reclama Jungkook, olhando atordoado para seus hyungs.
-Ingrato...- Jimin murmura contrariado.
- Segundo: tenha mais respeito, além de ter me salvado dessa vez, parece que ele é presidente de alguma coisa... – Jungkook faz uma pequena reverência – Kamsamnida, muito obrigada  pela ajuda Presidente Kim! 
- Não precisa agradecer, odeio pessoas como aquele garoto e meus irmãos me ensinaram que é gente como ele que eu tenho que colocar no devido lugar.-Taehyung alinha o terno do uniforme caro ao seu corpo.  
- Kamsamnida, por ter salvado nosso amigo!- diz Hoseok – Agora vamos Kookie, temos que encontrar um lugar pra ficar até o fim do dia e ligar pra noona, ela deve estar preocupada! 
-Kookie você nem vai acreditar, ela me deu uma ‘chave de braço’ você não vai acreditar  em quanto da nossa pele se tocou, pelo menos um tanto assim! – fez um sinal com as mãos e levou um tapa de Hoseok – Ai hyung!
- A única pessoa de quem ela realmente é noona aqui sou eu, pare de falar dela com tanta leviandade e intimidade!  
-Aish! Okay desculpa, mas essa é a segunda vez que eu sou agredido pela família Jung  na próxima,vou processar vocês com certeza!  
 “Família Jung, será que é a mesma da minha noona?” Taehyung arregala os não acreditando na coincidência.
-Vocês por acaso conhecem  Jung Hye Jeun ?
^-^
-I don’t wanna feel bluuuue – Hye Jeun cantarolava na cozinha enquanto picava alguns  legumes, quando começava a cozinhar o tempo passava de uma forma que ela não percebia, por isso adorava a profissão que tinha escolhido para si - Huuuuu!
-Ah, mas você vai FICAR todinha azul – A voz de JuDa a chamou de volta pro mundo real, aish não havia dado tempo de fazer o kimchi de desculpas por conta do alto movimento, já era tão tarde assim?  Hoseok e os meninos ainda não tinham chegado, o pensamentos corriam na cabeça de Hye Jeun...  – De tanto tapa que eu vou te dar Hye Jun!
-Unnie...
-Nem vem com  ‘unnie’ pro meu lado – JuDa levanta o batedor de carne que tinha pego sobre a pia –Eu poderia ter perdido o emprego sua  louca! Todo mundo ficou comentando o dia inteiro sobre a maluca que tinha ameaçado transformar o maior herdeiro de um chaebol em um eunuco! 
-Talvez eu tenha passado só um pouquinho dos limites – Admite para a garota de cabelos laranja.
-Um pouquinho? UM POUQUINHO? - JuDa pega o batedor de carne na mão.
-Por que tanto barulho na minha cozinha crianças – Pergunta  Sr. Jung ao entrar na cozinha.
-Ai senhor Jung, sua filha que eu considero praticamente uma irmã de sangue acordou hoje decidida a puxar o meu tapete – JuDa estava ficando louca só pode, ela não contaria... Contaria? Hye pega uma folha de alface e enfia na boca  pelo sim, pelo não, era melhor não arriscar.
-HA.HA.HA.HA não dê ouvidos a ela pai, sabe como JuDa é brincalhona não é? – Senhor Jung observa a cena desconfiado, porém estava cansado demais pra fazer caso daquilo, fora um dia muito movimento, ainda bem, e melhor ainda por não ter nenhum empregado do Império Kim rondando o restaurante como um urubu - Vou ali fora conversar com ela rapidinho... Eu aproveito e já levo o lixo está bem?  
-Está bem! Nós já estamos fechando mesmo, daqui a pouco eu vou subir pra fazer companhia a sua mãe e a Hae Soo! - O pai dela suspira massageando os prórpios ombros -  Hye Jeun  e pode avisar pro arruaceiro do seu irmão que ele vai levar a bronca que ele nunca levou na vida! Aish uma criança menor de idade que a essa hora ainda não chegou em casa!
Enquanto o pai reclamava Hye Jeun arrasta a amiga para fora da cozinha e a leva aos fundos do restaurante.
-Unnie, você perdeu o juízo?  
-Não, não mesmo, quem deve ter perdido é você que entrou como um búfalo raivoso no lugar onde trabalho para gritar com uma das pessoas mais importantes de lá, não só de lá não, mas do país inteiro!  Se brincar, do continente! 
-Ah e por isso ele tem o direito de vir incomodar minha família? Porque ele tem dinheiro, o qual em primeiro lugar ele nem teve que batalhar para ter ele só herdou!- Esbraveja Hye Jun- Por causa disso ele tem o direito de vir aqui, um lugar no qual meus pais colocaram todo o suor, sangue e lágrimas, insultar de formas inimagináveis...
-Oferecer dinheiro não é insulto Hye...
-Quando você recusa das formas mais educadas possíveis dizendo que dinheiro não é a questão, passa a ser JuDa! Ele não é Deus, as pessoas não tem que mudar de casa ou lugar que trabalham, só por que ele deseja assim! – Ela nem havia percebido que tinha começado a chorar até JuDa abraçá-la.
-Está tudo bem, não precisa chorar Hye, você sabe que quando você chora, eu choro também... E a minha, maquiagem, foi tão difícil de fazer entende? – “Essa é a intenção” pensou maleficamente Hye Jeun.
-POR QUE AS COISAS TEM QUE SER TÃO DIFÍCEIS NA MINHA VIDA UNNIE? – Hye ‘’desaba’’ e leva JuDa com ela, seria uma cena engraçada se não fosse humilhante. 
-EU NÃO SEI HYE! – Pareciam duas viúvas – A GENTE SE ESFORÇA E TUDO MAIS, MAS A VIDA SÓ SABE BATER E BATER MAIS NA GENTE!
- AAA UNNIE!
-EU SEI, EU SEI! 
Hae Soo tinha certeza que as unnies tinha ficado loucas, observando ali da porta, aquilo parecia cena de um dos dramas que sua mãe assistia enquanto acreditava que ela estava dormindo.
-Unnies – Os olhos de Hye encontram sua irmã mais nova, ela vestia um macacão de panda – Por que vocês estão chorando?
-Nada meu amor – diz pegando ela no colo – O que você veio fazer aqui bolinho de arroz? 
-Unnie tinha me pedido pra avisar quando o oppa chegasse...
-Aí ele chegou graças a Deus! - Hye Jun sentiu seu coração pesado durante toda tarde pensando no irmão mais novo.
-Sim e trouxe um garoto novo com eles, unnie aquele sim é um oppa bonito!
-Aigoo você já está na idade de achar oppas bonitos Hae Soo? – pergunta JuDa.
-Não é uma questão de ter idade e sim olhos... – A resposta da garotinha de quatro anos, faz as mais velhas gargalharem.
-Conhecem o ditado “Se é bonito, é um oppa!” - Brinca Hye Jeun - Vamos lá ver o Oppa bonito vamos!
Quando elas chegam no balcão que separa a área de funcionários e a dos clientes JuDa e Hye congelam no seus lugares.
-Me fala que estou tendo alucinações Hye...
-Se você tá tendo eu também estou – Kim Taehyung estava ali todo sorridente acompanhando seu irmão e os amigos, quando ele vê Hye Jeun seu sorriso só fica maior.
-NOONA! –ele diz acenando, “Por que diabos ele esta me chamando de noona? Nós só nos vimos por cinco minutos!” Hye acena de volta sem jeito e Jimin contorce a cara.
-Vocês estão todos bem? – pergunta se aproximando – Demoraram tanto pra chegar...
-Está tudo bem noona, nós só caminhamos mais devagar na volta da escola – afirma Hoseok, “A mentira!” Hye começa uma busca minuciosa nos quatro de qualquer arranhão  – Pare de analisar a gente nós estamos bem sério!
-Okay! – Hye Jeun concorda – Parei pronto! – Ela se vira para o garoto loiro e Hae Soo esconde o rosto no seu pescoço – Desculpa a indelicadeza, mas o que está fazendo aqui?
- É jovem mestre Kim, o que o senhor está fazendo aqui? – Completa JuDa com uma voz polida de um jeito que ninguém fora do trabalho havia escutado.
-Hum, descobri que a noona é dona de um lugar bem popular entre os funcionários da empresa! Fiquei curioso e vim conhecer, por coincidência esbarrei com os meninos que estavam voltando da escola.  Ah claro que eu também queria ver a noona de novo! – Jimin cerrou os punhos, “Como ele podia ser tão abusado com alguém que tinha acabado de conhecer? Honestamente!” – Eu sei que já estão fechando, mas será que a noona poderia fazer uma sopa igual “aquela” pra mim? Eu pago!
-Sim... Claro! Hae, você pode ir com o Oppa Kookie? –Jungkook estica os braços pra segurar a menininha que rapidamente se aconchega nele – Trago comida para todos em cinco minutos! Vem comigo JuDa?
- Sim! - As duas correm pra cozinha e param na porta - Deus o que vamos fazer? Alimentar ele, depois mandar embora! -Diz Hye Jeun como se fosse o plano perfeito.
-Hye, ele não é só um pacote que a gente despacha! Ele é o irmão mais novo do meu chefe! -JuDa achava de verdade que iria enfartar.
-Eu sei, eu sei, estou tão morta, tão mortinha! Burra, burra, burra! – Elas entram na cozinha que a equipe de limpeza já começava a arrumar, Hye olhou no relógio já eram  vinte pras dez da noite, pegou algumas marmitas pré prontas e colocou no micro-ondas – Como os pais dessa criança ainda não estão atrás dele?
-Provavelmente estão, mas pelo que eu sei dos irmãos Kim eles são mestre em escapar dos seguranças particulares!
-Aigo JuDa e se eles acharem que eu sequestrei o filho deles? Eu posso ser processada, além de ameaça irão incluir sequestro! - Hye Jeun lamenta enquanto monta os pratos.
-Não tem problema amiga, vou te visitar todos os domingos sem falta! - JuDa começa a ajudar.
-Isso. Não. É. Hora. De. Fazer. Piada. Unnie!
-Então anda logo com isso - diz JuDa ajudando a montar a bandeja, mais rápido – Quanto antes ele comer, mais cedo ele vai embora entende?
-Okay – assim que acabam elas levam as comidas ao salão que os meninos com exceção de Jungkook por estar segurando Bolinho de arroz, ajudavam a equipe de limpeza organizar. 
Hye colocou as coisas sobre o balcão e começou a organizar  as coisas enquanto observava o menino rico limpando e arrumando as coisas feliz, como se fosse natal, como aquilo poderia ser real? Assim que terminaram elas já haviam terminado de ajeitar as coisas também.
- Rápido meninos, venham comer que já está tarde! Não quero vocês andando na rua tarde da noite! – Eles sentaram em volta da mesa, Hye pegou a irmãzinha de volta em seus braços e sentou-se também.  
-Não precisa se preocupar, meu hyung está vindo me buscar – Hye e JuDa sentiram como se o coração delas estivessem congelando – Posso dar uma carona para o Jimin e o Jungkook!
-Se-se-seu irmão mais velho? 
-Não precisa se preocupar porque não é o hyung presidente  –JuDa deu um alto suspiro de alívio “Obrigado universo, muito obrigado!” agradeceu .
Eles comeram como se estivessem voltado da guerra no Afeganistão, não sobrou um grão de arroz  em nenhuma vasilha, isso confortou Hye Jeun , estavam todos alimentados ,saudáveis e seguros! 
JuDa foi a primeira a partir, tinha que trabalhar cedo no outro dia e estava de moto por isso não pegaria carona com os meninos. Este que por sua vez se ofereceu para lavar a louça, depois do dia que tivera só sendo muito louca mesmo pra recusar.
Um carro branco, que de longe dava pra perceber que custava pelo menos um milhão de dólares estacionou na frente do restaurante, outro garoto loiro saiu dele, deveria ser o Kim do meio, será que o mais velho também era tinha o cabelo descolorido? Hye se perguntou.
Ele caminhou  em sua direção sorrindo amavelmente , mesmo com o carro caro e as roupas de grife ele parecia alguém que não iria te transformar em pedra caso você se negasse a fazer o que ele queria.
-Uau, eles estavam absolutamente certos! Você realmente é nota quinze! – Afirma ainda sorrindo, Hye Jun percebe que o jovem tinha covinhas “Da vontade de coloca o dedo nelas...  ai meu deus você se controla mulher!” 
-Hum, obrigada? – Respondeu e Hae bocejou em seus braços, ela havia ficado muda por conta da presença de Kim Taehyung, nem havia percebido que ela tinha dormido – Mas eles quem?
-O pequeno punk que se escondeu hoje aqui e meu hyung!
-Seu irmão me viu? - Por que se sentia tão nervosa se essa era a intenção no principio?
-Sim e tenho que te dizer, nunca uma mulher causou tanto impacto naquele cara, acho que a parte onde você diz que vai cortar as ‘coisas’ dele fora, foi o que agarrou ele! – Hye pode sentir a maçã do seu rosto em chamas.
-HYUNG! –A voz de Taehyung surgiu. 
“Fui salva pelo punk”   Agradeceu Hye Jeun.
 -Ei já está tarde pra ficar gritando seu punkzinho, não está vendo que as luzes em volta já estão desligadas?  Não acha que já aprontou demais hoje não?
- Sinto muito noona, desculpa, não queria causar nenhuma confusão hoje! – Taehyung pisca pra ela, e Jungkook segura o braço de Jimin “Esse garoto deve estar querendo morrer só pode!” começa a pensar. – Vamos amigos o expresso Kim já está saindo!
-Muitíssimo obrigado, estou muito agradecido por cuidar do meu irmão mais novo senhorita Jung Hye Jeun! - Namjoon parecia um príncipe de tão educado, eles eram realmente a realeza coreana como se comentava nos jornais, ou pelo manos agiam como se fosse.
- Não tem com que se preocupar, de nada, vão com segurança e cuide bem dos meus meninos esta bem? – Kim Namjoon acenou um sim com a cabeça sorrindo, então todos entram no carro e partem. 
-Acho que você tem muita coisa pra explicar noona! – Um Hoseok de semblante preocupado afirma.
-Sim e você também! Mas pode ser amanhã? Hoje estou só o pó! – Então Hoseok pega bolinho de arroz do colo da irmã.   
-Está bem, mas só porque eu também estou exausto hoje!
Os dois entram em silêncio no restaurante e pela escada interna sobem até o segundo andar, pelos roncos seus pais já estavam dormindo. Hoseok colocou Hae na própria cama e foi para seu quarto assim como Hye Jeun foi para o dela.
Ela se sentou na cama, não queria pensar no quão desastroso fora aquele dia, se enfiou no primeiro pijama que encontrou , pegou seu celular e rapidamente encontrou a sua playlist favorita “Para acalmar a nervosinha!” era seu nome, criada por M.Y. Colocou os fones de ouvido e se jogou na cama, o aleatório tinha escolhido UR da Taeyeon. 
Hye Jeun tomo isso como um sinal verde do universo, poderia derrubar mais algumas lágrimas naquele dia e o fez até finalmente dormir.
Cap 2
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thinkingbird · 2 years
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Sinopse: Você será apresentado à história de Francisca e sua excêntrica família colombiana recém-chegada a Miami, no começo dos anos 2000. Nostálgica e atormentada pelo calor, a garota lida com o desconforto existencial e os desejos próprios da adolescência ao mesmo tempo que observa a inquietação da mãe e a dependência da avó por mais rum nas latinhas de Sprite. Para isso, ela se refugia em Sylvia Plath e The Cure, embora a mãe acredite que a salvação esteja na salsa cristã da congregação Iglesia Cristiana Jesucristo Redentor. Todo o universo em torno de Francisca se torna matéria para suas reflexões, que oscilam entre a ironia mais mordaz e uma delicadeza fortuita, expostas pela jovem que teme revelar seus sentimentos na mesma proporção que necessita vivê-los. Francisca não está apenas diante de sua sexualidade que aflora sem rótulos; ela também descobre as sutilezas de amar mulheres, viver em comunidade com mulheres, ser criada por mulheres, ao mesmo tempo em que rejeita performances de feminilidade vazias de sentido. Num momento precioso da narrativa caracterizado como uma espécie de arqueologia sentimental das mulheres da família Juan, Francisca reconta episódios de quando sua mãe, Myrian, e sua avó, Alba, tinham quinze anos, na tentativa de compreendê-las, se reconectar com elas, fechar o círculo das vivências que aproximam e afastam. Um aspecto original é a mistura de inglês (idioma original em que o livro foi escrito) e espanhol, o "espanglês" naturalmente falado entre imigrantes latino-americanos em Miami. Gírias colombianas, expressões afetivas e até frases inteiras nos diálogos e momentos de maior intensidade são usadas para reforçar o viés dramático das personagens. Na tradução, mantivemos a presença do espanhol e, quando necessário, há notas para explicar o contexto. 293 Páginas
Terminei de ler em 19/07/22.
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anvivs · 3 years
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Depois de tanto tempo imprimindo páginas contratuais, Olivia percebeu que restara somente uma folha. Com os olhos atentos percebeu que era uma folha inútil para seu serviço. Folha borrão não deve ser utilizada para coisas serias  lembrou da frase utilizada em seu curso de preparação. Aquele objeto não servia para juridiquices do mundo, pensou Olivia e em um súbito impulso o agarrou a folha com a ponta de seus dedos. Seus  olhos examinaram o grande “x” rabiscado no lado já utilizado. Como se os pensamentos tomassem conta de seu corpo balançou levemente a cabeça de um lado para outro. 
Quanta bagunça em um escritório tão importante 
O fato é que aquela folha não deveria estar ali. Suas mãos carregaram a leve folha até a pilha de rascunhos localizado no canto da mesa de Olivia. Ao pôr a novo papel borrão em cima da pilha começou a deixar-se tocar e sentir a junção daquelas folhas em suas mãos. 
Será que tanta inutilidade junta não teria uma utilidade ?
Naquele momento os pensamentos andavam em sua cabeça como nuvens cheias de formatos no céu. Em um minuto no céu em outro na terra. O chefe a chamara e sem pensar muito a folha borrão com um grande “x” fez companhia para suas mãos. 
O chefe perguntou pelos contratos. Olivia respondeu mecanicamente que eles já estavam em cima da mesa. Incomodado por não ter percebido a presença dos documentos o chefe sorriu indiscretamente e perguntou o que ela trazia nas mãos. 
A cara engessada de Olivia estremeceu. O terremoto aterrissara em seu corpo. As palavras mexiam com a ponte que a ligava ao mundo. E se o chefe cortasse a única ligação que ela ainda possuía com o mundo. Um gosto de morte subiu sua garganta e seus olhos tremeram ao olhar para folha. O corpo respondeu em tom neutro e gélido que não era nada, apenas uma folha rascunho. Em um tom apressado a voz respondeu posso voltar para meu lugar ? O chefe balançou a cabeça e Olivia saiu dando um suspiro de vida. 
Em sua mesa, ficou observando aquela página meio usada, meio vazia e pensou em todas as coisas que poderiam acontecer com a lauda e tudo que ela poderia fazer com os espaços daquela folha. Tantos lugares poderiam ser preenchidos de diferentes formas e o lado que já riscado poderia servir de base para algo que se transformaria. Tantas formas de ser vida por meio de seus sentimentos. 
Quantos desenhos, palavras e sentimentos um folha poderia carregar ? 
Essa pergunta martelou sua mente e a lembraram novamente da frase  “Folha borrão não deve ser utilizada para coisas serias” e seu coração ferveu aquelas palavras. Aquela folha era um ponte entre a vida que a rondava e a vida que habitava dentro dela mesma. Os sentimentos que poderiam ser escritos ali falavam de viver e poder ser. Era a liberdade de existir com todas as nossas peculiares, a possibilidade de abraçar nosso sentimentos. Como aquilo não poderia ser sério ? Naquele mundo fora de Olivia não queria dar vez para o sentimento que transpassa o papel e se quer fazer presente no agora. Aquelas juridiquices talvez estivessem a sufocar a liberdade e a enrijecer a vida. A vida vai para a além da regra, não há controle remoto para viver.      
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literaloucura · 3 years
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A PAZ E O CAOS DO CADERNO (03/12/2021)
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Há tempos não escrevo nada por aqui. Não que tenha parado, ao contrário, há inúmeros textos começados e incompletos à espera sei lá de quando para terminá-los. Mas há a necessidade de que surja algo novo, embora não seja exatamente novo, mas algo que movimente, que traga alguma (lou)cura. Foi o que pensei quando me vi numa madrugada entre o ofício de escrever em meus cadernos e quis escrever exatamente sobre isso, dessa vez não deixei incompleto nem que esperasse a boa vontade do tempo. Ei-lo:
Escrever num caderno é dos maiores prazeres para quem escreve. Mas também dos maiores tormentos. Encontra-se muita coisa no infinito da página vazia, embora percam-se tantas outras.
Fazia algum tempo não escrevia neles, os dias atuais têm ditado outras danças, nasce muito o texto virtual, o dedo faz o trabalho da mão, mas não é a mesma coisa, não resolve, a letra nascida da mão sente o que só a gente sente. E ela não mente. Ter um caderno para anotar é permitir que a vida pare, é ir contra o tempo, mesmo que ele não pare. É algo que me acompanha desde muito tempo, e nasceu sem que me desse conta, assim do gosto por observar, como houvesse uma voz me dizendo o que via, e como não quisesse deixar aquela voz falando só, escrevi. O texto escrito é um fato, uma verdade, e à mão é pura sinceridade.
Há momentos de marés revoltas onde um caderno salva, a consciência de um dia, de um fato, de uma conversa, um diálogo consigo mesmo, a linha ganhando vida é trazer a vida mais para perto, é reconectar ao corpo, o corpo escreve tanto, muito além da mão, é quando nos ouvimos. O caderno abre todas essas portas.
E deixa tudo aberto. Não há limite para o que entra. O fluxo não tem fim, escrever a vida apesar a vida, a vida é como o mar que mesmo belo não para para ser admirado, a vida não para para ser escrita. Para o mundo à nossa volta, nenhum tempo é tempo de escrever, e qual a hora certa de escrever? O que escrever ou não? Não há respostas definitivas. A cada vez que se enfrenta o caderno, ele é um novo caderno. Nós não somos os mesmos que escreveram por último. A lição do caderno é algo que se aprende a cada vez, a cada dia. Muitas vezes é o registro do registro o que sobra para fazer, o que joga luz na sombra da noite, além do poste lá fora, única testemunha das madrugadas insones.
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Filhotes à venda
   O lugar cheirava muito mal.
   Não havia como explicar exatamente de onde vinha o fedor, mas que fedia, fedia. Talvez fosse o cheiro natural das velharias expostas em prateleiras mais velhas ainda, as teias de aranha se acumulando como se elas próprias fossem mais um produto à venda. A iluminação também não ajudava; as poucas e fracas lâmpadas de querosene não davam conta nem de chegar aos cantos da sala. Algumas velas aqui e ali tentavam melhorar a situação, mas só deixavam o ambiente ainda mais fantasmagórico, projetando sombras que balançavam e se mexiam em formas muito estranhas, nem um pouco parecidas com os objetos a que deviam pertencer. Esses objetos, sozinhos, já podiam arruinar a decoração de qualquer sala de estar. Não tinham absolutamente nada em comum além da decrepitude e velharia; nenhum deles combinava com os outros. Pareciam vindos de lugares diferentes do planeta... Quem sabe até de algum outro planeta.
   Havia cadernos com capa de couro e páginas amareladas sem pauta, sem uma palavra escrita sequer. Lâmpadas árabes enormes como bules de chá. Vários modelos diferentes de potes e cuias, com tampa ou sem, feitos dos mais estranhos materiais. Garrafas vazias de vidro de todos os tamanhos. Colheres de prata. Pequenos facões. Pedras de todas as cores. Enfeites de metal em forma de estrelas. Corujas e gatos empalhados. Esculturas de madeira em forma de animais e pessoas. Penas de pássaros não identificados. Peneiras. Pilões grandes e pequeninos. Cestinhas de vime. Livros escritos à mão numa língua incompreensível. Porta-incensos. Tinteiros e penas de escrever. Pergaminhos em branco e preenchidos. Alguma coisa no fundo de um mostrador parecia muito com o crânio de algum pequeno animal. Varetas de madeira, muito compridas e cheias de enfeites dourados, estavam penduradas em suportes nas paredes. As estantes seguiam-se incontavelmente e era fácil perder-se entre elas. A lojinha parecia bem maior por dentro que sua fachada aparentava. Ainda assim, parecia que nenhum cliente pisava ali havia séculos.
   Seguindo os corredores empoeirados, uma portinha de metal dizia: "Espécimes vivos. Não entre sem um criador autorizado."
   Nenhuma sociedade protetora de animais poderia autorizar a criação de bicho nenhum naquele lugar, a não ser cupins e baratas. Ou traças, talvez. Quem sabe uns ratos.
   Com a porta prestes a ser aberta, a mão já na maçaneta, um berro interrompe a operação. Uma velha saiu de trás de uma estante, a velha mais velha já vista. Apesar de surpreendentemente enrugada e corcunda, ela parecia lúcida.
   -Está querendo morrer? Não leu a placa? Não pode entrar sem um funcionário da loja. São ferozes.
   O pedido de desculpas é interrompido por um resmungo e um abanar da mão.
   -Só pode entrar se quiser comprar um dos filhotes. A ninhada do ano passado quase não foi vendida, quase acabei com a loja infestada deles. Se eu quisesse só mostrá-los pra todo mundo eu abriria um circo pra cobrar ingressos, não um criadouro. A alimentação da mãe não é nada barata, se quiser saber. É perigoso divulgar assim, aqueles caçadores malucos sempre nos encontram.
   Caçadores? Ninhada? Filhotes? Filhotes de quê???
   A velha abriu a porta, sem nem esperar que essa pergunta fosse feita em voz alta.
   Lá dentro estava mais escuro ainda, mas era possível ver que aquele ambiente era quase do mesmo tamanho que a loja em si. Vários cercados de metal estavam espalhados, quase como um canil, mas aquelas grades eram grandes demais até para o maior cachorro da Terra. Outros eram cercados menores, alguns lembravam viveiros de pássaros e havia até aquários enormes. Estavam todos vazios. Provavelmente aquele criadouro já vira dias melhores e abrigara várias espécies diferentes.
   Seguindo a velha que não parava de resmungar sobre os caríssimos cuidados com a matriz, o fim da sala foi finalmente avistado. Uma manta estava amontoada encostada na parede, ao lado de um balde d'água. Havia palha espalhada para todo lado pelo chão. Uma massa grande parecia se mexer, cercada de outras coisas que não se moviam. Num estalo, finalmente a ficha caiu; fosse qual fosse o animal, tinha penas. Um bico monstruosamente grande abriu e soltou um berro bizarro e vagamente familiar.
   Onde foi que já ouvira aquilo..?
   Ah, sim. Vídeos de aves de rapina. Parecia o grito da harpia, a maior delas. Talvez fosse uma harpia...
   Não. Aquilo era muito, muito maior do que uma harpia. Na verdade, era o maior bicho que já tinha visto, mas decididamente era uma ave.
   Mas aves não tinham patas de leão.
   -Como já percebeu, ainda não chocaram. A mãe está doente. Sente falta do ar livre... Mas é perigoso sair com ela, você deve imaginar. Quando chegou era só uma filhotinha, muito menor... Não imaginei que ficaria desse tamanho. É a maior que já vi. Quando dei por mim, estava grande demais para escondê-la, levá-la para algum deserto e libertá-la. Não era a minha intenção... Ela não está feliz. Imaginei que, se tivesse filhotes, ela ficaria mais feliz, mas cada vez que um é vendido ela sofre. Acabei tendo que tirar os últimos à força, ano passado. Essa ninhada aqui já foi um acidente. Trouxe um jovem macho para fazer companhia, mas acreditei que fosse ainda novo demais para... Bem, o resultado está aí. Três monstrinhos. Os machos devem chocar em umas duas semanas e a fêmea, em seis meses. Sabe interpretar os ovos ou é a primeira vez que compra um desses?
   A única resposta possível foi um "não" com a cabeça, porque o queixo estava caído.
   Um grifo. Uma grifo, na verdade. Com três grifinhos ainda por nascer.
   -Está vendo esse aqui? Tem a casca esbranquiçada e é menor. É um macho. Dois deles serão machos, se nascerem vivos. Agora veja esse outro...
   Puxou um ovo que a mãe parecia esconder, enfiado debaixo do enorme corpo coberto de penas. A monstruosa ave (podia ser chamada de ave?) berrou em resistência, mas não atacou a dona. Parecia ser mais protetora em relação àquele ali. A velha segurou o ovo com as duas mãos e atirou-o aos braços mais inexperientes e jovens.
   -Pesado, não é? E muito maior. A cor é mais amarelada. A casca é muito mais grossa. Demora muito mais para chocar. Esse, jovem, será uma fêmea. Conheci a mãe quando ainda estava no ovo, e acredite: Esse aí é ainda maior, mais pesado, mais amarelo e mais grosso. Acredito que, adulta, vai ficar espetacular. Evolução das espécies, claro. Mas, como deve imaginar, é bem mais cara. Talvez uns...
   A velha estava prestes a anunciar algum preço exorbitante quando uma campainha soou, vinda lá de fora do criadouro, da loja empoeirada. A dona (e aparentemente a única funcionária) interrompeu-se, piscou e foi saindo.
   -Espere um minutinho, meu amor. Deve ser mais um cliente. Se eu fosse você, daria o preço mais alto nessa fêmeazinha aí. Com certeza é a mais concorrida e mais rara. Não se preocupe, a mãe é mansa.
   Mais quinze segundos e estava só na frente de um grifo, com um de seus ovos nas mãos.
   Assim que a velha saiu, o bicho começou a berrar. Em pânico, a única criatura humana da sala tentou se afastar, mas percebeu que aqueles gritos não pareciam ser de raiva.
   Eram de desespero. Medo. Dor.
   Os enormes olhos pareciam dóceis, mas afogados em tristeza. Não havia como saber se a dor era da separação iminente entre os filhos ou se era física, mas definitivamente era dor. Sem saber ao certo o que fazia, colocou o ovo no chão. Cuidadosamente, sem movimentos bruscos, tocou a cabeça monstruosa do animal.
   Estava fazendo carinho em uma criatura mitológica gigante e mortal.
   -Olha, eu não quero tirar nenhum dos seus filhotes de você. Entrei na loja por engano, juro. Eu nem imaginava que aqui vendiam filhotes de... Bem, eu nem sabia que a sua espécie existia de verdade.
   É claro que o animal tinha um bico como boca, mas de alguma forma pareceu que ela sorria.
   A mãe se levantou, abandonando o ninho por um momento, e desfilou ao longo da parede do abrigo.
   Na hora, pareceu fazer muito sentido segui-la.
   Pararam na frente de uma porta. Uma bicada no cadeado e ele estava destruído.
   Aquilo começava a parecer muito com uma rota de fuga.
   -Se podia quebrar o cadeado assim tão fácil, por que não fugiu???
   Os olhos tristes da criatura já haviam respondido. Ela era grande demais. Ela não podia passar, mas seus ovos sim. Só precisava, esse tempo todo, de alguém para levá-los sem que a velha soubesse. Alguém que não fosse um comprador ou um criador, alguém que não os aprisionaria para sempre num lugar escuro. Alguém que não os separasse, quem sabe, ou que encontrasse um bom lugar para viverem.
   Os dois ovos dos filhotes que seriam machos couberam facilmente na mochila, eram cada um mais ou menos do tamanho de um ovo de avestruz. Já o da fêmea não. Conseguia carregá-lo abraçando-o com as duas mãos, mas se cansaria logo do peso.
   Para aquela mãe, era melhor correr o risco.
   "Duas semanas para os machos, seis meses para a fêmea", pensou enquanto se despedia da mãe com mais uma carícia no bico.
   Já estava de noite quando correu para a rua, tentando se afastar o máximo possível antes que a velha descobrisse o roubo. Duas semanas... em duas semanas podia encontrar dois amigos que aceitassem ficar com uma criaturinha domesticável. Amigos que morassem no campo, de preferência, em algum canto bem isolado. Pessoas com quem pudesse manter contato e pedir notícias. Mas seis meses...
   Em seis meses teria que se mudar para o campo ela mesma.
Talita Emrich, 6/2017
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foryouimagines · 7 years
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15.”Você é minha, eu não divido.”
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Jungkook - Faculdade - 15
Quantidade de palavras: 1.452
Música sugerida: PIZZA - Oohyo
//
As provas finais se aproximavam quando você percebeu quantos nadas você tinha feito pra conseguir ao menos cogitar pensar em passar em alguma delas. O Natal estava próximo demais e o calor era forte demais pra que seu cérebro e seu corpo aceitassem que você ainda tinha deveres acadêmicos pra cumprir. De verdade, era tão frustrante, você tinha certeza que seus amigos estavam em casa comendo várias besteiras e jogando todos os últimos lançamentos que o mundo dos jogos poderia os dar, e cá você estava, sentada em uma das mesas da biblioteca bebericando um café frio e torcendo pra que sua cabeça simplesmente sugasse tudo que estava escrito nas páginas do que mais parecia uma enciclopédia.
Pra ajudar, as mensagens do grupo não paravam de chegar, e a tentação de olhá-las não te deixava terminar de ler ao menos uma frase inteira sobre a Literatura do século XI. Trovadorismo, por favor, né? Ninguém mais está ligando pras suas cantigas de amor, meu colega. Suspirando depois de encarar a mesma página por meros três minutos, você endireitou as costas e pegou o aparelho entre os dedos, uma sensação conhecida de alívio dando pontadas em seu peito.
Você: Com licença, eu acho que tem alguém aqui tentando ser produtiva.
Jimbles: Olha só quem finalmente deu as caras, a falsa-produtiva do rolê
Você: Oi? Olhei aqui no meu boleto e essa foi de graça >:c
Hope: Ainda estudando, S/N?
Você: Siim ;-;
TaeTae: Isso explica a criança inquieta do meu lado, já pensei sinceramente em apagar esse menino. Isso é crime, pessoal?
Jimbles: O que os olhos não vêm o coração não sente
TaeTae: Termina logo de estudar, S/N, pelo amor da minha sanidade
Você: Culpe o professor e a literatura do século XI, meu krido
Jimbles: MeArrependendoDeTerConhecidoVocês™
Hobi: Eu posso te ajudar, S/N. Você tá na biblioteca né? Já já chego aí
Você: AMÉM JUNG HOSEOK
Hobi: Você pode me agradecer com um café depois
TaeTae: Olha que abusado ele
Sorrindo ao ler as mensagens que passavam por seus olhos, você se deixou relaxar na cadeira de novo, os pensamentos voando entre a matéria da prova, seu namorado que você não via direito há uns bons dias e a ajuda vinda dos céus do melhor aluno de Literatura do seu curso, Jung Hoseok. E antes que o último chegasse e tomasse seu tempo como ele normalmente vazia quando se tratava de estudos, você abriu o celular de novo, erguendo-o no ar sem vergonha e tirando uma foto sua com os olhos fechados e fingindo estar cansada, graciosamente adicionando na edição uma gota saindo do seu nariz e enviando a imagem para àquele que você só sentia saudades no momento, Jungkook.
Você: você enviou um arquivo de imagem
Você: Tô morrendo, alguém me salve
A resposta veio muito tempo depois, quando sentando ao seu lado, Hoseok pegou o café frio que jazia em cima da mesa, tomando um gole cheio para logo depois fazer a melhor careta do universo. Melhor pensar antes de agir.
BunnyCookie: Hoseok tá indo aí, ele faz isso por mim.
“Ei, isso tá gelado!” O menino dos cabelos vermelho fogo reclamou depois de colocar o copo em cima da mesa de novo, colocando a língua pra fora em uma tentativa falha de expulsar o gosto de café frio e quase estragado.
“Eu nunca disse que era pra você.” Julgando-o dos pés a cabeça com seu melhor olhar, mas com um sorriso nos lábios, você se apressou logo a falar sobre a matéria que iria cair na prova e as partes que mais te deixavam pistola com toda a situação, sendo respondida por um ‘ainda tentando se recuperar’ Jung Hoseok e uma mensagem não lida no celular, que você veria só Deus sabe quando.
Depois desse dia, seus encontros com Hoseok tinham chegado a um ritmo, você não precisava mais mandar mensagem para que ele aparecesse na biblioteca mais. Ele sempre parecia saber seus horários e às vezes até chegava ao lugar antes de você, nas mãos dois copos de café bem quentinhos – você ainda achava que era porque ele estava com dor de cotovelo – e um sorriso gigante no rosto, o qual você sempre respondia com outro de volta, apreciando o esforço e o tempo que ele estava colocando em te fazer passar na prova, essa que aconteceria dali dois dias.
Em uma das noites que você já tinha acabado de estudar a horas e ainda tinha o cérebro pulsando dentro da cabeça, você digitou o número de seu namorado, o qual você tinha visto pouquíssimas vezes nos últimos dias e quando o via sempre parecia que o menino carregava uma expressão pesada e quase derrotada no rosto, e por mais que fossem suas tentativas de alcança-lo, ele sempre parecia longe demais pra te ver ou imerso em pensamentos demais pra te ouvir, e você simplesmente não conseguia mais ficar longe dele desse jeito, mesmo que suas provas ainda te matassem, o sentimento dentro de seu peito não diminuía nem por um milímetro.
“Alô?” Depois de longos segundos de espera entre uma chamada e outra, a voz de Jungkook soou do outro lado do telefone, rouca e meio sem nexo, parecia que ele tinha acabado de cair da cama no meio de uma soneca muito profunda.
“Kookie, te acordei?” Mesmo que a pergunta fosse meio óbvia e sem nexo, você só queria que ele continuasse falando, você só queria ouvir a voz dele.
“Uhum, não sei como, mas eu acho que estou no chão.” Rindo alto no telefone, você o ouviu resmungar alguma coisa, e mesmo sem ver o rosto dele, você tinha certeza que o menino estava parecendo um filhotinho com os olhos fechados de sono e um ponto de interrogação na testa. Só ele mesmo pra conseguir cair no chão no meio da noite e continuar a dormir como se não houvesse amanhã. “Acabou seus compromissos com o Hoseok?”
Por um momento você apenas ficou quieta, inalando o ar e as palavras que ele tinha acabado de dizer. Sim, você tinha acabado seus estudos daquele dia, mas você não tinha certeza se eles podiam ser chamados de ‘compromissos com o Hoseok’.
“Hã... Sim, eu acabei de estudar por hoje. As coisas estão ficando mais fáceis.” Ouvindo o menino concordar do outro lado sem proferir algo que fosse uma palavra direito, você deixou que o silêncio se prolongasse por mais alguns segundos até engolir em seco e soltar o que estava preso dentro de você. “Estou com saudades.”
Mesmo com suas palavras a chamada continuou em silêncio, o vento frio de noites de verão batendo em sua janela e deixando o clima dentro do quarto ainda mais estranho, parecia que Jungkook refletia do outro lado, os sentidos agora despertos e o coração batendo rápido no peito.
“Não achei que fosse lembrar-se de mim quando seus olhos só tem mira pra literatura e o homem que te ensina ela.” Abrindo e fechando a boca várias vezes, você se viu desistindo de falar incontáveis vezes, a coragem se esvaindo de suas cordas vocais todas as vezes que você achava bom para responder ao menino, e ao mesmo tempo em que você se sentia totalmente estupefata, a incredulidade também crescia dentro de seu peito, um sentimento amargo e sem razão, uma vontade de desligar aquela ligação ali e não aparecer mais.
“Eu não acredito no que eu ouvi.” Foi a única sentença que você se permitiu colocar pra fora, uma risada seca seguindo-a. “Kookie, você tá drogado?”
“Só se for drogado de café frio, aí eu posso estar.” Passando os dedos pelas têmporas em uma súplica por calma, mistos de emoções inundavam seu corpo, um mar de coisas boas e ruins passava por sua mente, a confusão seguindo maior que todas as outras. Seu namorado estava com ciúmes, e ciúmes de um dos melhores amigos dele, e você simplesmente não conseguia engolir isso. “S/N, você é minha e eu não divido.”
“Mas você não está me dividindo com ninguém, você sabe que melhor uma semana sem nos vermos do que um semestre todo quando eu estiver tendo que fazer a matéria todas de novo, né?” Aquele era um lado de Jungkook que você não via há um tempo desde que começaram a sair, nove meses atrás, a dureza na voz e o tom mais baixo que  o normal. Você estaria mentindo se dissesse que o mero pensamento te não lançava arrepios pelo corpo. “Falta pouco, eu sei que você consegue aguentar, amor.”
“Você ainda vai me matar, S/N.” Com um grunhido, Jungkook soltou um gemido no telefone, a frustração na voz dele clara como o dia.
“Talvez esse seja o objetivo.”
//
Deixo aqui esse scenario não muito longo pra tentar alegrar ao menos um pouco o dia de vocês. Vamos amar mais uns aos outros, não se esqueçam de dizer o quanto amam e admiram àqueles a volta de vocês.
#RIPJonghyun #StayStrongShawols
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martisa · 4 years
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Uma Espécie muito Courioser
Eu estava procurando um caderno com uma história maravilhosa que eu escrevi em 2015 sobre a Alice Liddell atravessar o espelho para salvar o príncipe Leopold que era sequestrado, ela só era apaixonada por ele no começo (porque eu não shippo esses dois) mas como eu ainda tenho esperança de achar esse caderno e transferir a história para o Wattpad, não vou dar spoiler dela aqui (mas vocês já sabem, ela tem mais de 20 anos na história). Mas encontrei o caderno em que eu escrevia enquanto deveria estar trabalhando como estagiária na secretaria de educação da minha cidade, escrevi muitas coisas e fiz alguns desenhos, dentre os escritos tem a pimeira vez que eu imaginei um encontro entre os Bridgertons e os chamados (Doi)Dodgson, e eu ainda shippava a Violet com o Charles (imagina o absurdo, só pq daria um filme ao estilo “Os Seus,Os Meus e Os Nossos” só que com 19 filhos crescidos), mas o que trago para você hoje é uma “crônica” (?, não sei definir o que eu escrevi) sobre os carrollians como espécie, ela foi escrita em junho de 2016, então teve alguns trechos que eu tive que deixar de fora porque ou soariam problemáticos ou porque ilustravam situação absurdas (não no sentido carrolliano de absurdo). Mas o que sobrou eu deixei. Tinha que postar isso aqui para quem quisesse ler o que eu produzia no tédio daquela sala de recepção. E depois pensar que ela pode estar desatualizada, acho que eu poderia escrever uma mais atualizada para 2021. Vamos a ela então.então teve alguns trechos que eu tive que deixar de fora porque ou soariam problemáticos ou porque ilustravam situação absurdas (não no sentido carrolliano de absurdo). Mas o que sobrou eu deixei. Tinha que postar isso aqui para quem quisesse ler o que eu produzia no tédio daquela sala de recepção. E depois pensar que ela pode estar desatualizada, acho que eu poderia escrever uma mais atualizada para 2021. Vamos a ela então.então teve alguns trechos que eu tive que deixar de fora porque ou soariam problemáticos ou porque ilustravam situação absurdas (não no sentido carrolliano de absurdo). Mas o que sobrou eu deixei. Tinha que postar isso aqui para quem quisesse ler o que eu produzia no tédio daquela sala de recepção. E depois pensar que ela pode estar desatualizada, acho que eu poderia escrever uma mais atualizada para 2021. Vamos a ela então.
Escrito em junho de 2016
                                             Carrollianos 
“Eu já disse que todas as pessoas são vazias quando não a conhecemos... Uma pessoa que não conhecemos sempre será uma pessoa qualquer se não a conhecermos, meros figurantes da nossa vida... é muito difícil você olhar quem nunca viu na vida e acertar se aquela pessoa é mesmo bacana para você ou apenas um tipo comum... á vista geral todos somos vazios. ... É claro que sem a venda d ignorância, quando conhecemos as pessoas um pouquinho a mais elas se tornam interessantes ou como a maioria das vezes, elas são tão ocas que você morre de solidão... Mas tem uma espécie de gente que não posso chama-las de pessoa, ou qualquer outra coisa se não “carrollianos”, os carrollians são uma espécie a parte, principalmente os mais orgulhosos de serem o que são, as pessoas comuns não notam a diferença assim como (trecho censurado que envolve judeus, Stefanie  Izac e um tal de Lammers). Mas carrollianos não são perceptíveis a outros carrollianos, até que comecem a falar sobre Alice.. Ou escrever sobre tal. Isso no mundo real não tem a menor das importâncias, ou seja, ninguém ta ligando. Mas o carrolliano se sente especial e é o que importa. Um fato interessante sobre os carrollianos é que podemos encontra-los facilmente se estiverem vestidos como tal ( geralmente um vestuário bem anormal, isto é: diferente, sonhador) ou em eventos sobre Alice no País das Maravilhas, mas dependendo do evento você encontra tipos diferentes de carrollianos. Vemos, por exemplo, no lançamento de  um blockbuster (é assim que se escreve) sobre Alice, você vai encontrar muitos fãs do diretor, muitos fãs do ator que fará um papel que não é o mais importante, muitos fãs de filmes de fantasia... Muitos que virão a versão anterior que era um desenho mais simples, e alguns poucos que leram o livro... ressabiados... dentro os que leram os livros, alguns que leram até o final... dentre os que leram os que leram de verdade, dentre esses, os que lembra da história, dentre esses, os que não preferem Peter Pan ou o Mágico de Oz, dentre esses, os cujo Alice é o seu livro favorito, dentre esses, os que sabem quem foi Lewis Carroll, dentre esses, os que sabem que o nome dele não era Lewis Carroll, dentre esses, o que acham que ele era pedófilo, mas não tão nem aí... Essa pessoais são horríveis porque ficam dizendo isso para as pessoas comuns, dentre esses há os que não dizem isso para as pessoas comuns, é claro que há os que sabem que toda essa história é um mito, eu amo essa gente e amo mais o que dentre esses e por aí em diante, até chegar na autoridade máxima em Lewis Carroll nacional, este sim são carrollianos de se reconhecerem a vista longa... E em um evento em homenagem a ao escritor por exemplo? Tipo, em “Dia de Carroll” (ou coisa assim) Vemos toda as subespécies de carrollianos (pois como já disse, eles são uma espécie) Tem os que leram as 666 páginas de uma biografia duvidosa (porque foi a única que editaram em português), tem os que sabem inglês (afinal, é imprescindível saber inglês, assim você lê outros biógrafos e tira suas próprias conclusões) tem aqueles que se dizem fã de Carroll, mas quando vão a Inglaterra visitam a casa da Alice Liddell pensando que ela foi mesmo para o País das Maravilhas e volta achando que a pobrezinha se casou tarde porque ficou mal falada após ter um livro publicado com o seu nome, tem aqueles que sabem de toda a história e no âmbito da polêmica diz que mais importa é a obra dele. (do Carroll) tem as autoridades máximas nacionais. Às vezes tem aqueles que defendem a inocência do dito-cujo com unhas e dentes valendo até pintá-lo como fura-olho, tem os que gostam dele por se identificarem com o suposto e nada real lado menos agradável (gente, eu escrevi isso em 2016 e já estava prevendo o Martín Pérez!), e tem gente como eu, que não acha que sou melhor do que ninguém, mas me acho especial o suficiente para escrever essa crônica. (Era uma crônica?)”
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