Tumgik
#diário de um fescenino
amor-barato · 3 months
Text
Pedi-lhe para deixar de depilar os pelos do púbis e ela repetiu que eu não a amava mais. Aliás, esse assunto acabou dando uma discussão idiota. Estávamos na cama, em meu apartamento, quando eu disse que depilar os cabelos do púbis era o mesmo que vandalizar as árvores de um lindo bosque. Lucia disse que eu era ridículo, respondi que ridículo era o bigodinho à Adolf Hitler que sobrava depois da depilação. Ela chamou-me de idiota ignorante, a depilação era feita para permitir o uso de biquíni.
Rubem Fonseca (Diário de um fescenino)
1 note · View note
Text
So, in Brazilian free speech, books, education, and politics news, we got a new book ban! Not that mayor ordering the removal of LGBT+ books from a book festival after seeing a gay kiss in a Marvel comic, that's old news. We got a new one right out of the oven 1,500 miles away!
The Secretary of Education of Brazil’s Northern state of Rondônia has ordered the removal of 42 books from school libraries (not counting an author with 120 books who was banned altogether) because they were "inappropriate for children and teenagers".
Tumblr media
Those 94 books comprise both national and international classics that are often topics of questions in university entrance exams and our National High School Exam (kind of our SATs). But worry not, for nothing lasts in this modern liquid society! First the secretary of education denied the existence of the document with the order published on their own website, calling it "fake news". Then the guy said he wasn't working during that week, had no knowledge about the order, and that there would not be book removals. He said the document was just a "draft" made by "technicians", who put those books on the list because they had curse language and whose identities the secretary says he doesn't know, and the order was not signed by him (it was however under his name and signed by the organ’s education director, third in the hierarchy) or "officially dispatched". Nevertheless, schools reported being contacted with requests to separate the listed books for removal, and some even actually started doing it (and workers who told that to journalists asked for anonymity for fear of retaliation). The document, that also told teachers to keep an eye out for other books and see if they don’t cause “embarassment or discomfort”, was put in restricted mode on the government’s website.
The state government is heavily aligned with the federal administration, headed by president Jair Bolsonaro, and has an agenda of militarization of schools. The Public Ministry will investigate the order, and the secretary of education said they’ll look into it as well.
Here's the full list of books that were to be banned from schools. Mispellings kept.
International:
One Thousand And One Nights
Tales Of Horror, Mystery, and Death - Edgar Allan Poe
The Castle - Frank Kafka
Brazilian (free translations in brackets, official translations in parenthesis):
Memórias Póstumas De Brás Cubas (The Posthumous Memoirs Of Brás Cubas) - Machado De Assis
Os Sertões (Rebellion In The Backlands) - Euclides Da Cunha
The Best Of Caio Fernando Abreu
Macunaíma - Mário De Andrade
Chosen Poems [Poemas Escolhidos] Ferreira Gular [sic]
A Volta Por Cima [Bounce Back] - Carlos Heitor Cony
O Irmão Que Tu Me Deste [The Brother You Gave Me] - Carlos Hitor [sic] Cony
O Ventre [The Womb] - Carlos Heitor Cony
Rosa Vegetal De Sangue [Blood Vegetal Rose] - Carlos Hitor [sic] Cony
O Mistério Da Moto De Cristal [The Mystery Of The Crystal Motorcycle] - Ana Lee& [sic] Carlos Heitor Cony 
O Harém Das Bananeiras [The Harem Of The Banana Trees] Carlos Heitor Cony
O Ato E O Fato [The Act And The Fact] - Carlos Heitor Cony
Mar De Histórias [A Sea Of Stories, a compilation of tales from around the world] - Aurélio Buarque De Holanda Ferreira
A Menina De Cá [The Girl From Here] - Carlos Nascimento Silva
Diário De Um Fescenino [Diary Of An Obscene Man] - Rubem Fonseca
Bufo& [sic] Spallanzani - Rubem Fonseca
The Best Of Rubem Fonseca
Secreção Excreções E Desatinos [no punctuation] [Secretions, Excrections, and Follies] - Rubem Fonseca
Os Prisioneiros [The Prisoners] - Rubem Fonseca
Agosto [August] - Ruben [sic] Fonseca
Amálgama [Amalgam] - Rubem Fonseca
O Doente Moliére [sic] [The Sick Molière] - Rubem Fonseca
A Coleira Do Cão [The Dog’s Leash] - Rubem Fonseca
O Seminarista [The Seminarian] - Rubem Fonseca
Histórias Curtas [Short Stories] Rubem Fonseca
O Seminarista [The Seminarian] - Rubem Fonseca [repetition]
Histórias De Amor [Love Stories] - Rubem Fonseca
O Buraco Na Parede [The Hole On The Wall] - Rubem Fonseca
Feliz Ano Novo [Happy New Year] - Rubem Fonseca
Calibre 22 [Caliber 22] - Rubem Fonseca
Mandrake A Bíblia E A Bengala [no punctuation] [Mandrake: The Bible And The Walking Stick] - Rubem Fonseca
Lúcia Mccartney [sic] Rubem Fonseca
Romance Negro E Outras Histórias [Black Romance And Other Stories] - Rubem Fonseca
A Vida Como Ela É [Like As It Is] - Nelson Rodrigues
Beijo No Alfalto [sic] [The Asphalt Kiss] - Nelson Rodrigues
The Best Of Nelson Rodrigues
Guia Millôr Da História Do Brasil [A Guide To Brazilian History Based On Author Millôr Fernandes] - Ivan Rubino Fernandes
Estrangeira [Foreigner] Sonia Rodrigues
13 Dos Melhores Contos De Amor [13 Of The Best Love Stories] - Rosa Amanda Strausz
Vestido De Noiva - Graphic Novel [sic, as if ‘Graphic Novel’ was the author]; Wedding Dress: Graphic Novel - Arnaldo Branco’
Each and every one of the 120 books by Rubem Alves (why a guy writing about Christianity and education and stories for children would be considered "inappropriate for minors" "due to curse language" beats me - until I learn he subscribed to Christian Liberation Theology and to the ideas of his personal buddy Paulo Freire, widely blamed by Brazilian conservatives for the state of the education system in this country and for "leftist indoctrination" in schools)
Sources: x, x, x, x, x, x
Full original document.
36 notes · View notes
Text
Secreções, excreções e desatinos de um herói sem nenhum caráter
Era agosto, mês de cachorro doido. A estrangeira Lucia McCartney lia Poemas Escolhidos, de Ferreira Gullar. Era uma mulher apaixonada pela literatura. Formava uma amálgama perfeita com os seus livros. Sentia-se mais feliz na varanda, lendo histórias curtas, histórias de amor, contos de terror e de morte, do que na cozinha, esquentando o ventre no fogão e esfriando-o no tanque.
Tinha dado a volta por cima depois de provar o sabor amargo da vida como ela é. Vestida de noiva, depois de ter desposado o doente Molière, que tinha sido brutalmente torturado pelas forças policiais do estado, presenciou a morte da própria mãe, atingida nas costas por uma bala perdida, calibre 22, durante uma perseguição no encalço de Bufo e Spallanzani, os prisioneiros políticos que tinham escapado de Pasárgada, os homens mais procurados pelos órgãos de inteligência do país.
A vida é um mar de histórias. Apavorada ao presenciar a cena execrável da mãe desabando da garupa da motocicleta que era pilotada por seu irmão, a menina de cá saltou do carro nupcial e correu até o corpo inerte da velhota. A poça de coágulos parecia uma rosa vegetal de sangue, só que mais grave e dantesca. Tomou em seu colo a genitora, desferindo no seu rosto quente, mas, inexpressivo, um último gesto de afeição: o beijo no asfalto. Tomada de desespero de causa, sussurrou no seu ouvido morto: “Nem que se passem mil e uma noites, eu e o irmão que tu me deste nos esqueceremos de ti, mãe”. Deus escrevia, por linhas tortas, um romance negro e outras histórias.
Portanto, por causa do drama pessoal e da mais completa falta de liberdade de expressão que vigia no país, Lucia McCartney alimentava uma ojeriza diferenciada pelos homens de farda. Estalou os dedinhos. Macunaíma veio correndo serelepe e saltou direto na rasura do seu colo fofo e quentinho. Afrouxou a coleira do cão. Fez nele cócegas e afagos. De repente, um barulho na porta. Mexiam na maçaneta. O bichinho levantou as orelhas e rosnou com ferocidade. Desta feita, um estrondo aconteceu. Com um pesado coice de coturno, a fechadura foi estourada e um destacamento de cinco homens invadiu a casa. Seu marido estava fora, fazendo exercícios de fisioterapia para recobrar os movimentos do coração partido, depois do inferno pessoal de passar dias sendo judiado por opressores oficiais.
— Feliz ano novo, disse o capitão, entoando a voz da forma mais cínica possível.
— Quem são vocês? O que é isso?
— Meu nome é Mandrake. Capitão Mandrake. Suponho que já tenha ouvido falar de mim.
— Mandrake, a bíblia e a bengala? — as pupilas de Lucia dilataram de pavor.
— O próprio. Deus, acima de tudo. A bengala, minha companheira fiel, um adjutório inseparável desde o atentado covarde de traidores da pátria contra a minha pessoa.
— O que vocês querem, capitão?
— Não se preocupe. Não estupramos mulheres feias. Vocês não merecem. Todos riram do chiste, à exceção de Lúcia e Macunaíma.
— Não entendo.
— Você já leu “O mistério da moto de cristal” para os seus alunos, professora?
— Sim. Claro. É um ótimo livro do Carlos Heitor Cony.
— É uma leitura inadequada para as crianças, sabia?
— Quem disse isso?
— O estado disse isso, senhora. O ato e o fato é que este governo não vai tolerar que as escolas sejam transformadas no harém das bananeiras.
— Não sei do que o senhor está falando.
— Conhece o seminarista?
— O seminarista? Que seminarista?
— O seminarista subversivo.
— Não estou a par, capitão. O tempo livre e o buraco na parede, como o senhor pode notar, eu preencho com os meus livros. Não sei do seu seminarista subversivo. Aliás, infelizmente, não professo nenhum tipo de religião ou fé. O meu ópio é a literatura.
— O castelo, as cidades e os sertões estão repletos de gente da sua laia, senhora, um bando de comunistas incrédulos que não temem o governo, quem dirá, o nosso Pai Celestial.
— Não sou comunista, senhor. Sou uma professora do ensino fundamental que, fundamentalmente, lê livros com os seus alunos, nada mais, nada menos.
— Você votou em Mojo Filter, senhora?
— O voto é secreto, capitão. Mas, para o senhor, eu digo: Não votei em Mojo Filter.
— Temos ordens expressas do secretário da educação para recolher e incinerar livros condenados que aliciam a nossa juventude. Fomos informados que a senhora possui uma vasta biblioteca no seu domicílio. Sim, é verdade, não dá pra negar. O que temos aqui, heim? Caio Fernando. Rubem Fonseca. Nelson Rodrigues. Machado de Assis. Contos de amor, de Rosa Amanda. Guia Millôr da História do Brasil. Diário de um fescenino. A senhora pode me dizer o que vem a ser “fescenino”, professora?
— Lascivo. Pornográfico.
— Pornografia é uma coisa obscena, professora.
— É a fome que é obscena, senhor.
— Na sua opinião.
— Não sou eu quem diz, capitão. Esta frase é do José Saramago.
— Saramago era outro comunista safado. O que mais se pode esperar de um homem que não acredita em Deus? Soldados, recolham os livros. A senhora, por favor, faça calar esse cão insolente e nos ajude a encaixotar as brochuras.
— Com todo respeito, capitão Mandrake, mas, isso é abuso de autoridade.
— A senhora ainda não viu nada, professora. Guardas, levem-na daqui.
— E quanto ao cachorrinho, senhor? Se ficar aqui sozinho vai morrer de sede e de fome.
— Você tem razão, soldado. Vamos poupar de sofrimento este pobre animal.
Então, Mandrake sacou a arma do coldre e disparou duas vezes contra Macunaíma.
**No corpo do texto foi feita a colagem de 43 títulos de livros que constavam na lista negra do governo estadual de Rondônia para serem retirados das escolas em fevereiro de 2020, por não se constituírem, na visão do estado, leitura saudável para crianças e adolescentes. Depois de severas críticas da imprensa e da mídia, a secretaria de educação voltou atrás na decisão e informou, por meio de nota oficial, que os livros não seriam mais recolhidos.
Secreções, excreções e desatinos de um herói sem nenhum caráter publicado primeiro em https://www.revistabula.com
0 notes