Tumgik
#cronistadespreocupado
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A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.
É demasiado estranho. Vivemos em um mundo onde é inevitável conhecer novas pessoas a todo momento, ainda mais com nossas famosas redes sociais que dispensam maiores introduções, e, mesmo assim existem pessoas que passam pelas nossas vidas como a areia que seguramos em nossas mãos. 
Há pessoas que conhecemos na faculdade, trabalho, em shows (que por sinal são excelentes locais de se conhecer pessoas completamente diferentes e nunca mais vê-las na vida), em fim, as opções são infinitas. O intrigante é como cada ser humano pode influenciar na vida de alguém sem a sua escolha.
Uma breve conversa sobre a história de vida de alguém pode trazer consequências incontroláveis. Pensamos que temos problemas grandes, mas na realidade sempre outra pessoa possui problemas muito maiores e reclamando muito menos que nós. 
Isso é muito fascinante e algumas vezes até assustador, ainda mais quando esses estranhos que acabaram de se conhecer tornam-se amantes. Nesse momento duas pessoas passam a se conhecer de uma forma que ninguém mais terá o privilégio, não digo de forma carnal, mas sim mental. 
Corpos são inevitavelmente muito parecidos uns com os outros, mas o que ocorre nos lugares mais profundos de uma mente, isso sim é único. Quando alguém aceita que os muros que protegem a sua mente sejam ultrapassados, trata-se de uma escolha de pura confiança o que pode ser benéfico ou prejudicial. Tanto para o anfitrião, quando para o hóspede. 
Acredito que nessa altura do texto, você, caro leitor, deva estar se perguntando o porquê do Cronista usar como título uma frase que não é dele. Talvez seja pedantismo, ou até preguiça, fique à vontade, fato é que em algumas ocasiões precisamos requisitar os ensinamentos daqueles que estão no panteão de certos assuntos. E, em matéria de amor, ninguém melhor do que Vinícius de Moraes. 
Mas voltando ao assunto, deixar que alguém conheça você em sua essência e também conhecer outra pessoa em sua essência, ou seja, seus medos, suas aflições, traumas e a suas alegrias, orgulhos e memórias, que trazem não só saudade, mas também conforto, isso muda o interlocutor (ou deveria mudar né?). No momento que conseguimos sentir todos os sentimentos vividos pelo outro é como se parte dela tivesse ficado com você. Afinal, nós somos feitos das nossas memórias, boas e ruins. 
Por mais que haja tentativa, se aquela pessoa significou algo, ela muda a nossa percepção de mundo. Sempre há uma pequena gota d’água que ela contribui para encher o que geralmente é chamado de “experiencia de vida”, mas que também pode ser a sua essência. O que gera um certo desconforto é saber que essa pessoa que contribuiu (positivamente) para a nossa essência pode desaparecer e nunca mais fazer parte da nossa vida. 
Como alguém que acrescentou tanto pode não estar mais presente, como um livro que foi doado e nunca mais será visto pelo seu ultimo leitor? Já dizia Vinicius, “a vida não é de brincadeira, amigo”. Por isso, o importante é ler essa história com muita atenção para que quando chegue ao ao final, ela possa ser guardada em um lugar especial. E que fique claro, não retorne esperando encontrar um epílogo.
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lamuriei · 4 years
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#cronistadespreocupado
Boa tarde, Gabriel. Tá no queue <3
Oi, gente! Mandem a tag de vocês na ask que irei colocar suas autorias no queue 🧡
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Mulheres
Um dia desses perguntaram ao Cronista, "por que são sempre mulheres?". Quem fez essa pergunta foi de uma amiga de longa data que sempre que possível acompanha seus textos. Para ser mais claro, a pergunta veio por causa do post "Você sente falta de algo?".
Realmente, ele nunca tinha parado pra pensar nisso, mas depois de olhar tudo que já escreveu antes, notou a grande maioria sempre envolvia mulheres. Confesso que para o Cronista isso foi algo bastante involuntário e que essa pergunta o fez refletir sobre as reais razões desse padrão involuntário.
Mas afinal, o que inspira o Cronista a escrever sobre mulheres, seus sentimentos, seus medos e seus desejos? 
Afinal ele é homem, então provavelmente escreve bastante besteira sobre elas, mas o que ele transforma em palavras são todos os detalhes de uma mulher que passam despercebidos durante a vida, e que geralmente não temos noção de como são fascinantes. 
Seria uma covardia com a humanidade fazer o homem e mulher apenas diferentes fisicamente. Mas a natureza, ou seja lá o que o você acredite, nos deu o privilegio de que sim, as diferenças vão além da parte física, o que também é importante, que fique bem claro. 
Começa pelo fato das mulheres serem muito mais sensíveis que os homens. Não sensíveis no sentido de chorar mais, por exemplo, mas por notarem que há algo com o menor sinal que lhe aparece. Como assim? Parece que apenas observando o comportamento de uma pessoa elas notam que tem alguma coisa acontecendo ali, boa ou ruim. 
Outra coisa muito interessante (valiosa)  é que a mulher é o único ser que poderia largar um apartamento de um milhão de reais, bolsas, sapatos e roupas de grife por um amor incondicional de outra pessoa. Realmente existem sempre exceções, mas eu acredito nisso e é por essa razão de que as mulheres devem ser sempre amadas. 
Quando alguém ama uma mulher de verdade e deixa isso claro pra ela, mais com atitudes do que com palavras, ela pode se sentir a pessoa mais valiosa do mundo. A sua beleza aumentará, ela atrairá outras pessoas para perto dela, dentre muitas outras coisas que são consequência disso. 
Além disso, com certeza não existe nada mais complexo do que a mente de uma mulher. É inacreditável imaginar que elas sempre tentam dizer algo pela forma oposta. Ou então, se elas possuem algum interesse em alguma pessoa raramente deixam isso claro. Muitas vezes os sinais são sutis, e cabe aos bons detalhistas em reparar aos menores indícios.
Acredito que o Cronista poderia escrever uma um livro sobre esse assunto, mas esse não é seu objetivo. É muito difícil explicar quais as razoes do Cronista ser ta apaixonado pelas mulheres, talvez seja algo que exista como ser falado ou escrito, mas se formos pensar de forma inversa...
Afinal, o que seria das nossas vidas se não existissem Julieta Capuleto, Alice, Iracema, Helena, Gabriela... e por fim, a mais apaixonante e incompreendida: Capitu Santiago. O que seriam das nossas vidas sem elas, qual graça, beleza e mistérios teriam?
P.S. Não vejam o Cronista como uma pessoa machista, mas sim alguém apaixonado pela complexidade feminina e apenas enxerga as mulheres pelo seu ponto de vista masculino. 
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Esponja
Ja estava pronto para dormir quando algo não o deixava relaxar. Sentiu que aquele pensamento consumiria todos os seus neurônios, até que seu sono viesse quando o sol tocasse em seu rosto. 
Perdeu as contas de quantas vezes mudou de posição na cama, até que não viu outra alternativa se não desabafar com as palavras. Pegou seu notebook e começou a escrever. 
Era incrível, cada frase criada o deixava mais leve e tranquilo, parecia que estava tirando todo o peso da sua cabeça como um navio sendo descarregado no porto. A viagem foi longa, mas de contêiner em contêiner ele vai ficando mais leve. 
A cada palavra sentia que a vida era muito mais do que se passava em seus olhos, mas sim tudo aquilo que estava ao seu redor. Não apenas o que conseguia ver, havia também o que todos os outros olhos viam e sentiam.
Algumas de suas histórias eram vistas como ficção, outras como desabafo e até como realidade. O que gerava certo conforto em quem lia em alguns casos.  No entanto, na realidade, ele só escrevia para se sentir melhor. 
Não eram palavras direcionadas a alguma pessoa como se fossem projeteis indo em direção ao alvo, mas sim idéias que vieram de experiencias reais misturadas com a imaginação de qualquer artista. Era como se recebesse uma gota d'água e transformasse em uma tempestade. 
Só que infelizmente esquecem que artistas são como esponjas. Elas absorvem tudo que está ao seu redor para depois soltar tudo aquilo que foi absorvido. A síntese pode ser uma musica, uma pintura ou uma história, mas ela deve ser feita para que o artista não se afogue em suas inspirações.
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Silêncio
Talvez esse seja um dos melhores estados para estar, em silêncio. É o momento que conseguimos ouvir tudo que esta ao nosso redor, como os sons da natureza, nossa respiração e nosso coração.
A concentração depende de silêncio, mas isso não é por acaso. Para se chegar nos lugares mais profundos de nossas mentes nenhuma informação pode ser processada. Nada, absolutamente nada. 
Quando queremos nos limpar de pensamento ruins, ficamos quietos e respiramos. O único som que é permitido é do ar saindo e entrando do nosso corpo. Esse é um dos sons mais calmantes que temos. 
No entanto, muito silêncio pode nos deixar loucos, até porque nem todos conseguem limpar a mente dessa forma. Durante muitos momentos a enchemos de coisas apenas para nos distrair sobre o que realmente nos aflige. 
Só que além de nos deixar loucos, o silêncio também pode nos cansar. As vezes só queremos ouvir uma palavra, uma conversa ou uma musica. Mas quando isso não acontece, nos sentimos mal, vazios e muito cansados. 
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Lembrança
Eram 15 horas e estava passando o jornal da tarde. Ela não estava prestando muita atenção no que transmitia pois estava ocupada terminando seu almoço. Seu costume era de comer tarde, então entre 14 e 16 horas era o seu momento de almoçar. 
Acontece que quando estava se levantando, ela olhou para TV e reparou que os jornalistas estavam falando sobre um grande incêndio que estava acontecendo na cidade. Não deu muita atenção porque infelizmente isso costumava acontecer, o clima onde morava era bastante seco naquela época do ano. 
Enquanto estava voltando pro trabalho, ela ficou pensando nas imagens do incêndio e agora sentia que conhecia aquele local, mas não tinha certeza se era algo da sua cabeça pois podia estar viajando.
Na sua cabeça ela lembrava da casa dos seus avós, não sabia exatamente, mas aquelas imagens lhe fizeram lembrar disto. De uma hora pra outra lembrou de todas as vezes em que correu pelo quintal, brincou de pique esconde com seus primos e até nas vezes em que ajudava a sua avó a fazer um bolo de banana, que só ela sabia fazer.
Eram lembranças muito vívidas na sua mente, só de pensar ela via cada detalhe da casa, como o muro de hera que possuía na porta, o vaso de samambaia que sua avó deixava pendurada na porta e até a cristaleira que tinha na sala com milhares de copos de tamanhos e formatos diferente. 
Contudo, ela se lembrou de mais um detalhe que fez o seu dia terminar. A casa era em grande parte feita de madeira. 
Subitamente ela se sentiu tão abalada que não quis acreditar no que a sua mente estava indicado à ela, então correu de volta para o escritório para abrir o G1 e descobrir com mais calma o que aconteceu. 
Ao chegar no escritório e após descobrir o que realmente aconteceu, ela sentiu que um grande pedaço da sua história havia sido um sonho. Lembrar de todos os momentos de sua infância com seus avós, todas as brincadeiras e todos detalhes pareceu uma memória tão distante, que não era possível determinar o quão longe estava e se eram verdadeiras.
Tentou voltar ao trabalho, mas esse dia já tinha acabado. Era apenas questão de tempo para voltar pra sua casa e assimilar o que tinha acontecido.
O fogo tomou conta de suas memórias e apenas deixou as cinzas para serem levadas pelo vento. 
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Saudade
Terça-feira, dia 25/03/2020. Esse era o seu décimo dia de quarentena e agora ela estava sentindo os primeiros sintomas do isolamento.
Desde a segunda semana de março, ela achou melhor ficar em casa para não correr riscos de ser contaminada com um vírus que estava deixando muitos mortos ao redor do mundo. Ela sabia que não teria problema algum em se contaminar pois estava fora do grupo de risco, mas sempre achou melhor não correr riscos.
Acontece que o seu confinamento estava lhe dando um outro problema, um problema que seria muito difícil de ser resolvido. Algo que lhe assombra desde antes do início da pandemia, e que vem caminhando ao seu lado desde que passou a viver sozinha.
Ela estava vendo televisão quando teve uma recaída, sentiu que o seu chão poderia a qualquer momento desmoronar e não teria ninguém para segurar a sua mão quando ela precisasse de ajuda.
Era como se tudo fosse acabar, uma força inexplicável a segurava de dentro e a impedia de segurar a borda e voltar para a sua realidade, ela não conseguia, simplesmente não conseguia. Parecia que chorar e tentar desviar o pensamento ajudaria, mas na realidade, o segundo só piorou.
Quando estava ao seu lado sempre havia brigas, discussões, como se nunca fossem se falar na vida, mas com alguns minutos em silencio era como se nada tivesse acontecido. Não há muito o que explicar quando se trata de amor, as pessoas simplesmente se amam e dificilmente uma briga do dia-dia vai abalá-lo.
Mas não se tratavam apenas de brigas, era alguém que ajudava nas coisas simples nas coisas simples da casa, como arrumar o quarto ou lava a louça, e que acima de tudo a fazia se sentir melhor só com a sua companhia.
Era o décimo dia, já se encaminhando para o décimo primeiro, e o seu pensamento não mudava um segundo sequer, ela não conseguia superar a falta que essa pessoa fazia na sua vida, até porque elas não se veem a muito tempo, mas o trabalho e as saídas conseguem lhe distrair sobre essa falta. Só que agora, de quarentena em casa, a sua cabeça não consegue ser mais enganada
Ela sabia que no dia 04/04 teria o prazer da sua companhia e só de pensar nisso o seu tempo já passa cada vez mais devagar. A vontade de ter tê-la ao seu lado é a mesma que o medo de perde-la por se arriscar a pegar um avião com um vírus desconhecido a solta.
Ela sentia saudades, muitas saudades, algo que o mais profundo lirismo não poderá descrever. Não era a saudade de seu namorado, de sua amiga, ou de algum lugar, era uma saudade única e que nada na vida poderá superá-la. Ela sentia saudades de sua mãe.
- cronistadespreocupado
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O Parque
I – O Parque
O dia estava lindo. Havia muito sol, a temperatura estava agradável para sair na rua e não tinha nenhuma nuvem no céu, um céu de brigadeiro, literalmente. Geralmente, naquela época do ano, fazia muito frio na cidade, só que estranhamente para aquela época, o tempo estava estranhamente bom, o que fez várias pessoas irem ao parque. Inclusive Amanda, que estava em casa e precisava sair para distrair seus pensamentos.
Ela chegou ao parque 9 de maio durante a manhã e estava sentada no gramado desde então, perdeu a noção das horas vendo crianças brincando, outras pessoas caminhando, lendo, brincando com seu cachorro e ela estava ali também. Só que sentada, apenas observando tudo ao seu redor.
Nunca tinha reparado na beleza daquele lugar até este momento. Era um parque relativamente grande, uma volta completa caminhando demorava em média duas horas se a calçada principal fosse seguida, mas esse tempo poderia aumentar muito mais se fossem usadas as pequenas trilhas em seu interior.
Com grandes gramados, dois lagos e muitas árvores, era um lugar de paz em meio a cidade que morava. Servia como uma fuga de todos os furacões que aconteciam do lado de fora. Por isso que Amanda sempre ia pra lá quando algo não estava certo.
Depois de muitas horas sentada, ela voltou pra realidade e reparou que sentia uma fome de quem estava em jejum há uma semana. Por isso se levantou para comer algo na lanchonete do seu silva, mesmo ficando do outro lado do parque e tendo outras opções mais próximas.
Para não demorar tanto, decidiu andar pelos gramados para cortar caminho e não perder a conexão com a terra em seus pés. Sentia que quando estava descalça no gramado a terra absorvia uma parcela de seu sofrimento enquanto ela absorvia as energias da natureza. Isto também acontecia quando estava na praia, esses lugares possuem um poder de cura e limpeza mental que apenas quem experimentou sabe descrever.
Acontece que enquanto caminhava, ela chamava atenção de quem passasse. Não era algo intencional, Amanda chamava a atenção naturalmente. Não era muito alta, também não era baixa, mas com lindas pernas e um cabelo longo, castanho e levemente encaracolado, dificilmente passava despercebida. Mas não era só isso, o seu andar e a sua postura, juntos com a confiança que transmitia em seu olhar, ela ficava irresistível para qualquer pessoa.
Por isso estava acostumada em ser observada, sentia sempre que era olhada por alguém quando passava. No início era um pouco incomodo, mas aprendeu a levar numa boa e que, de certa forma, era algo bom para ela. Até porque ser notado é excelente, em certos casos.
Enquanto caminhava tentou ouvir tudo que estava seu redor, o barulho dos seus pés em atrito com a grama, as folhas farfalhando com o vento e uma mistura de pessoas falando, passarinhos cantando e cachorros latindo. No entanto nada disso desviou o caminho que seus pensamentos tomavam.
II – As Flores
Via as flores de um arbusto quando sentiu vontade de chorar. Da mesma forma de quando acordou, Amanda se lembrou dela, sua namorada. Na realidade, sua ex-namorada. Tudo era tão recente que ainda não tinha se acostumado com o fato dela não a ter mais ao seu lado.
Roberta era seu nome. Ela era linda, mas de uma forma diferente de Amanda. Sua beleza se traduz em sua delicadeza. Tinha um metro e sessenta de altura, um cabelo loiro que poderia ser confundido com os cabelos de Freya e seus olhos verdes que hipnotizavam qualquer pessoa que os olhasse.
Se conheceram a mais ou menos 2 anos e depois de 3 meses ficando, perceberam que havia algo a mais, muito além do sexo que as atraia. A sua presença trazia tranquilidade e paz e sempre que precisava, sabia que podia contar com ela.
Quando conversava com alguém, Roberta fazia sua companhia sentir que era a pessoa mais importante do mundo, pois a forma que demonstrava interesse e curiosidade no que a outra pessoa falava, era como se não estivesse mais nada acontecendo ao redor da conversa.
Foi assim que Amanda se sentiu quando conversou a primeira vez com ela. Ela se sentiu a pessoa mais importante do mundo e que mais nada importava. O pior foi que não aconteceu apenas na primeira conversa, mas sempre que conversavam. Sempre que estavam juntas ela se sentia a única coisa que importava em sua vida.
Certamente é algo apaixonante, pois se sentir especial dessa forma desarma qualquer defesa para não se apaixonar. Entretanto, esse era o jeito de Roberta, ela era naturalmente encantadora. Ouvi-la falar sobre seus livros, seu trabalho e seus passatempos era incrível, havia uma energia que atraia quem quer que chegasse perto.
Amanda foi capturada por essa teia e não sobrou nenhuma defesa que a fizesse se soltar. Por isso quando viu as flores se lembrou de Roberta, que era uma espécie flor, de tão linda, tão delicada e que atraia todos para perto de si.
Inclusive, costumavam ficar juntas no parque 9 de maio. Levavam uma garrafa de vinho, alguns queijos fatiados e muita conversa, o que tinham sempre de sobra. Caminhavam sobre a grama como se não houvesse problemas, tudo era deixado de lado para que apenas o tempo que estivessem juntas fosse importante.
Com todas aquelas memórias que tinha em sua mente, Amanda segurou suas lágrimas. Não queria ser vista como uma mulher frágil, mas era bem difícil lembrar disso e não ter a mente desestabilizada. Foi tudo muito recente e de uma hora pra outra acabou. Como tudo na vida, inclusive as flores, que com toda sua beleza não duram até o fim da primavera.
III – A ponte
Estava sem rumo. Se esqueceu para onde ia e perdeu a fome. Aquelas flores acabaram com o seu dia, se pensava em se distrair, agora estava pior do que chegou. Perdeu a vontade de seguir caminhando, mas não podia parar pois assim não chegaria em lugar nenhum.
Era engraçado porque todos os lugares que olhava ela via algum casal, fosse conversando, se beijando ou até namorando. Tudo que seus olhos percebiam eram dois amantes curtindo as suas companhias.
Seu passo ficou mais devagar, seu olhar menos confiante, sentiu que não estava sendo reparada por ninguém. Isso a fez se sentir ainda pior, pois era algo que levantava a sua confiança. Mas nada, nada a fazia se sentir melhor.
O sol já estava começando a se por, então as sombras das arvores ficaram um pouco mais acentuadas e o frio acompanhava essa mudança. Por isso desistiu de tentar comer algo e foi para casa, mudando o caminho que fazia. Se a lanchonete ficava no lado Norte do parque, ela precisou virar à direita e seguir para a entrada Leste, pois era o caminho mais curto para sua casa.
Acontece que entre o meio do parque e a saída Leste, havia um lago. Muito lindo, com vitórias-régias, carpas e uma pequena ilha em um de seus lados que servia como casa para os patos que ali viviam. E, por esse mesmo lago, passava uma ponte que cortava o caminho para aqueles que queriam uma rota mais rápido e admirar o lago por outro ponto de vista.
Geralmente sempre estava cheio de pessoas, crianças jogando comida para a felicidade dos peixes e dos patos, que, inevitavelmente, travavam uma guerra por cada pedaço de pão. Amigos conversando, outros batendo fotos para o instagram e alguns apenas admirando a vista.
No entanto, pelo avançar da hora, os animais já estava se preparando para dormir e não tinham muitas pessoas ao redor da água. Por isso ela passou pela ponte e parou. Como se não tivesse pensado, se encostou na mureta e ficou olhando para o movimento das aguas, o reflexo que elas faziam com o pouco de luz do sol que ainda restava, até que viu sua silhueta quando olhou para baixo.
Sem se dar conta, reparou que chorava e suas lagrimas movimentavam as águas abaixo dela. As ondas criadas eram menores do que o peso de cada gota que caia de seus olhos. Mas isso não a deixava mais tranquila, muito pelo contrário, queria que fossem lagrimas leves e que rapidamente pudessem ser enxugadas.
Quando notou que estava sozinha na ponte ,ficou mais tranquila, não queria ser vista com a guarda baixada e em uma situação que estivesse tão vulnerável. Ela não gostava de ser vista sofrendo, não fazia parte de sua personalidade.
Assim, depois de subir o nível da água do lago e ficar mais tranquila, seguiu seu caminho até o outro lado e a saída do parque. Caminhou lentamente, tentando abstrair tudo que sentiu naquele dia. E, chegando ao final da ponte, sentiu um calafrio como se uma grande pedra tivesse caído atrás de si.
Parou e olhou para trás. Não havia nada, a ponte estava vazia e só ela estava ali. Foi então que sentiu que seria a ultima vez que passava naquela ponte. Depois daquele ponto, tudo iria mudar e não haveria nenhuma ligação com o outro lado.
O seu relacionamento com Roberta era como aquela ponte, que ligava o singular mundo de duas amantes. Era ali que tudo acontecia, onde a vida ganhava cor, os risos eram fáceis e as lagrimas leves. Entretanto, com tudo acabado, aquela ponte era fechada para nunca mais ser ultrapassada, deixando suas marcas em dois corações que um dia foram conectados.
- cronistadespreocupado
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Momento
Quando olhou o relógio, viu que já passaram as horas de acabar logo com isso. Só que ela sentia que não era o momento certo, havia algo em seu coração que dizia que aquela não era a melhor hora. 
Sim, ele se atrasou, mas não foi por sua culpa, muitas coisas estavam acontecendo no momento e tudo ainda não havia se encaixado. 
Seu rosto estava um pouco abalado com um andar devagar, olhar baixo... ela não entendia, seu comportamento estava muito anormal. O relacionamento nao estava lá essas coisas, mas ele não costumava andar daquele jeito nem olhar tanto para o chão. 
Um pouco mais cedo ela o tinha chamado para conversar em sua casa depois do trabalho, não disse exatamente a razão pois os reais motivos deveriam ser ditos pessoalmente. 
Quando o viu, achou que ele tinha entendido a mensagem e que tudo acabaria naquele momento. Um relacionamento de dois anos que foi aos poucos se desintegrando como um vidro que subitamente vai ao chão. 
Qual seria o momento que uma única peça solida de uma hora se partisse em mil pedaços impossíveis de serem juntados novamente? Ela não sabia como responder essa pergunta, sabia apenas que o que esse momento já tinha passado e agora era ter cuidado para não piorar o que já seria doloroso. 
Ele subiu as escadas da sua casa, lhe deu um abraço e sentou no banco que tinha mais próximo, o mesmo banco onde eles começaram a se beijar pela primeira vez. Isso a deixou confusa sobre o que fazer, pois tudo estava acontecendo de uma forma muito errada. 
Antes de começar a dizer as palavras que selariam a quebra de duas partes que permaneceram em unidade durante muito tempo, ela achou melhor perguntar se estava tudo bem. 
Só que antes que ela pudesse terminar, ele lhe abraçou chorando e disse: 
- Meu avô morreu.
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Você sente falta de algo?
Estava sol. O tempo naquele dia estava ótimo, céu de brigadeiro, temperatura agradável, ventos frescos e leves. Só que mesmo assim ela sentia falta de algo.  Não sabia exatamente o que, mas em seu interior a sensação era que estava faltando um capitulo muito importante naquele livro.
Embora tivesse terminado seu ultimo relacionamento a menos de um ano, ela sabia estar solteira não era a razão de se sentir assim, até porque já estava com esse vazio durante o relacionamento. 
A sua duvida era grande, poderiam ser amigos, amores, dinheiro... A lista é bem extensa, muito mais do que ela poderia imaginar. Tentou compensar com festas, bebidas, compras e todo tipo de coisas que geralmente as pessoas tentam pra preencher algo. 
Só que, como era de se imaginar, isso não deu certo. O seu interior se revirava, as paginas estavam voando sem saber por onde parar e como ficar em ordem.  Era como uma ressaca eterna onde tudo ficava rodando eternamente ficando uma completa bagunça, não havendo nada que pudesse fazer a vida voltar ao normal.
Enquanto o dia estava lindo, o seu interior estava o caos. Nada estava no lugar e ela não sabia qual solução para aquilo. Tudo lhe consumia acabando com as suas energias, e a sua vontade era apenas de ficar sozinha em seu quarto lendo seus livros e assistindo suas séries. 
Certamente seu vazio não foi preenchido facilmente, mas enquanto seu coração não estivesse em ordem, não haverá dia, festa ou presentes para lhe animar. Leu seu livro, chorou e caiu no sono. 
-cronistadespreocupado
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Soneto da dúvida
Não sei o que aconteceu para você se afastar Quero sua companhia para poder conversar De um dia pro outro não recebi suas mensagens Espero suas palavras com a sua malandragem
Não sei o que fazer para ter você comigo Fico preocupado onde está o seu abrigo Parece que foi ontem que o filme que nós vimos Não posso esquecer a última vez que nós sorrimos
Não posso insistir apenas na minha vontade O seu sumiço só me deixa ansioso Agora eu não sei o que pode ser verdade
Preciso conversar saber o que se passa Não sei o que fazer nessa maldita quarentena Mas hoje eu sei de como gosto de toda sua palavra
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Virtudes
Acordei pensando em você De todos os beijos só penso no seu Fico mais frio sem a sua companhia Desde o dia que tudo se perdeu
A água que bebo já mudou As noites que durmo não descanso Sempre me ajoelho no banheiro Para ver na água todo o estrago desse caso
Nada poderá mudar O que eu disse nos seus ouvidos Nada poderá mudar Cada beijo que dei em seu rosto.
Doce é o seu gosto Rápidas são suas atitudes Não sei quando vou encontrar Uma outra mulher de virtudes
-cronistadespreocupado
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Pessoas
Não sei exatamente, mas com certeza existe uma razão para que sintamos vontade de conversar ou se aproximar de alguém. Em alguns casos chegamos até a criar um laço com uma pessoa.
É muito engraçado quando estamos muito tempo sozinhos, sem trocar uma palavra com outra pessoa, como nos sentimos vazios. Parece que temos um imã que nos atrai para conhecer outras pessoas.
As vezes me vejo pensando sobre algo e que alguém na mesa a minha frente pode estar pensando a mesma coisa, nem sempre chego a fazer algum comentário, mas a vontade sempre existe.
Realmente não sei porque me sinto assim, talvez seja coisa minha, mas não sei, sinto que é algo mais interno do ser humano que não tem muita explicação, talvez.
Quando chegamos em algum lugar que não conhecemos ninguém nos sentimos bastante acuados, como se a qualquer momento fossemos ser atacados pelas outras pessoas. 
É muito engraçado isso, porque é óbvio que ninguém fará alguma coisa com você, todos já passaram por isso. Mas afinal, quem nunca se sentiu acuado quando entrou pela primeira vez na sala da escola ou faculdade? 
-cronistadespreocupado
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Alguém ja te elogiou pelo seu corte de cabelo hoje?
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Atalaia
Um brinde. Foi o que falaram após sentarem-se às pedras para ouvir as ondas e assistir o por do sol. Estavam em uma encosta e, depois de passar por uma escadaria, encontraram essa parte na rocha que parecia um ponto para sentinelas. O spot perfeito para vigiar o oceano.
Após esse ponto havia uma trilha mal determinada que levava a uma praia privativa, contudo o que ocorreu depois dessa pedra é assunto para outra crônica. Neste momento devemos nos atentar a essa rocha, apenas. 
Parecia que estavam sentados em uma plataforma cravada na montanha, onde por todo o seu redor havia muita vegetação, algumas árvores baixas, arbustos, grama e rochas. Rochas por todos os cantos, mas apenas aquela se projetava de uma forma que possibilitava ter uma ampla visão de tudo que estava acontecendo.
Naquela paisagem o céu estava limpo, uma leve brisa refrescava o dia e o mar estava agitado, tão agitado que não era difícil ouvi-lo de onde estavam sentados. O engraçado é que sempre tinham muitos assuntos para falar, mas naquele momento ficaram em silencio para escutar a linha tênue que dividia a terra do oceano.
Eles eram pessoas muito urbanas por diversas razões, criação, estilo de vida, trabalho… fato é que não tinham essa conexão com a natureza na mesma frequência que gostariam. Infelizmente, tinham apenas em alguns momentos que a vida lhes abria uma brecha para esse desfruto.
Por isso ficaram em silencio. Em silencio, descalços, sentados naquela rocha e olhando para o infinito que estava à frente. Um infinito que os fazia esquecer das suas lutas, ansiedades, paixões inalcançáveis, gozos de um dia e lagrimas de outros. 
Estavam no meio de um arco de montanhas, onde olhando-se tanto para a direita, quanto para a esquerda, paredes de pedra se levantavam onde em sua base as ondas lentamente lapidavam a rocha. Toda aquela energia convergida para o ponto em que estavam sentados.
Nada precisava ser dito, qualquer assunto foi deixado para depois. Estar com os pés descalços na terra, assistindo a beleza da natureza é a única maneira de repor todas as energias que a realidade tirou deles. 
Ficar em silencio perante a natureza é ter a consciência que existe algo maior que nós, algo que merece ser contemplado e admirado. É como entrar em uma igreja, mesquita, ou qualquer outro templo, onde , automaticamente, ao se dar o primeiro passo, o tom de voz é baixado para um sussurro, tal como quando contamos um segredo para quem está ao nosso lado. 
Assim estavam, sentados perante a natureza, que demonstrava toda sua força na forma  de sua beleza, uma beleza infinita que leva qualquer espectador a uma pura catarse que nunca se recuperará.
Todos os anos sentam-se nessa mesma pedra para demonstrar seu respeito. Por isso são Atalaias. Embora seu posto seja distante da suas casas  ficam sempre atentos a qualquer sinal de sua chegada. Aguardando atentamente até que ela é avistada, para então se entregarem as ondas e provarem que fazem parte de algo muito maior do aquilo que lhes é prometido.
-cronistadespreocupado
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Durante a noite do dia 30 de abril, um dia antes do dia do trabalhador, eles decidiram sair. Afinal, como trabalhavam durante muitas horas do dia, não possuíam tempo de dar a devida atenção um ao outro.
Decidiram escolher onde jantar no próprio caminho, com ele dirigindo, e ela utilizando o celular.
- Onde vamos jantar? – pergunta o motorista.
- Não sei, escolhe você.
- Tudo bem, o que acha de comida japonesa?
- Por mim está ótimo. – Não menos importante, vale frisar que em momento algum o celular foi bloqueado.
Após o produtivo trajeto, chegaram ao restaurante e sentaram em suas mesas. Com os pratos escolhidos, decidiram conversar, mas quando ele puxou o primeiro assunto que lhe surgiu, ela não deu atenção. E quando ela sugeriu o assunto da conversa, a reciprocidade foi a mesma.
Com a produtiva conversa, sacaram os seus centros de atenções mútuos, e assim decorreu até o pagamento da conta.
Chegaram os pratos. Jantar encerrado. Conta paga.
Ao retornarem para o carro, um estalo surge na mente dela: Como as pessoas saem, sem poder, se quer, dar atenção umas as outras?
Fizeram o trajeto de volta tendo uma discussão sobre o assunto, contudo, uma discussão onde ambos concordavam com suas ideias.
Chegaram em casa, esquentaram a cama onde dormiam, e ficaram felizes por sempre terem ótimas conversas.
 -Cronistadespreocupado
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