#cap63
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Manga: Bj Alex Creo que nunca había estado más feliz leyendo Bj Alex, estos dos lograron sacarme una sonrisa :3 . . . #bjalex #manhwayaoi #cap63 #yaoi #yaoilive https://www.instagram.com/p/BtpjtV_hrP7/?utm_source=ig_tumblr_share&igshid=1exhcjfbh1d32
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CAP63 : petit footing post-atterrissage en mode chaleur tortue 🐢 mais ça fait du bien et c’est un bon repérage pour demain ! 😉... #swissalps100 #grandraidreunion #diagonaledesfous 🙏🤞💪🏃♂️#running #runinrennes #runinbretagne #himalrace2020 #sport #healthylifestyle #salomonrunning #timetoplay #trail #trailrunning #ultratrail #strava #gopro #suunto #suuntospartan #runningmotivation #runningman #runner #runningaddict (à Capesterre, Guadeloupe) https://www.instagram.com/p/BvkT8CyJnrN/?utm_source=ig_tumblr_share&igshid=r0wtv8j4cf4y
#swissalps100#grandraidreunion#diagonaledesfous#running#runinrennes#runinbretagne#himalrace2020#sport#healthylifestyle#salomonrunning#timetoplay#trail#trailrunning#ultratrail#strava#gopro#suunto#suuntospartan#runningmotivation#runningman#runner#runningaddict
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Capítulo 63
Eu acordei logo de manhã e fui correndo pro colégio, eu estava atrasada. Eu sempre vou atrasada . . . Eu só não me atraso quando o Ken me acorda, que não foi o caso. Nem cobro. Dessa vez não, ele deve estar com a cabeça a mil. Eu levantei correndo, estava bem tonta . . . Meus pais pediram pra eu comer algo, disseram que falariam com meus professores sobre meu atraso e tudo, realmente pareciam estar preocupados . . .Quem dera que comida resolvesse minha fraqueza. Eu peguei algo e saí correndo, sem dar tempo para me darem sermão. Acabei deixando as vitaminas que o Nathaniel me deu na cômoda, e só lembrei no meio do caminho . . . Eu estava muito cansada, parei pra me sentar no parque, não aguentava andar mais. . . Então um menininho veio até mim. "Tá tudo bem ?" O menino falou. Ele era uma gracinha, um menininho ruivo de olhos verdes, tinha uma carinha muito angelical. "Olá ! Sim, estou bem, só um pouco cansada . . . Tá indo pra escola ?" Eu falei de forma simpática com ele. "Sim ! Eu vim pra cá, pois minha irmã parou pra comprar um lanche pra nós dois." Ele falou. Ele tinha uma aparencia realmente encantadora. "E qual seu nome ? Eu sou Celeste." "Eu me chamo Thomas. Prazer" Ele falou esticando a mão e apertando a minha. Que fofo, ele é educado ainda por cima ! "Oh minha irmã está retornando . . . IRIS ! AQUI !" ele gritava. Iris ? Ele é irmão da Iris ? Isso explica a semelhança, realmente, bem que achei seu rosto familiar. "Iris ! É seu irmão ?!" Eu falava espantada. "Bom dia ! Sim, é sim ! Ele estava te incomodando, Celes ?" "Não ! Ele é uma gracinha." eu realmente estava "apaixonada" pelo irmão da Iris. Eu, Iris e Thomas seguimos o caminho juntos conversando, no meio do caminho ele foi pro outro lado, pra onde ficava a escola dele. "Ele bem que podia estudar aqui ! Ele é uma graça, pena que aqui não tem o ano dele." "Sim ! Eu ia amar estudar com ele." Iris falou empolgada. Nós conversamos o caminho todo sobre aleatoriadades, então ela fez uma pergunta séria. "Celes . . . Desculpa ser incoviniente, mas . . . Você está com problemas em casa ?" Eu realmente estranhei muito essa pergunta repentina. Perguntei então o porquê da pergunta. "Você está se alimentando mal, tem estado sempre avoada e com um olhar triste . . . Quer conversar sobre ?" ela falava. Nossa, está tão visível assim ? Eu sou péssima escondendo coisas . . . "Eu estou com uns problemas . . . Mas eu prefiro não envolver ninguém neles. Não é nada com você. É que . . . Tenho medo de te prejudicar com eles." eu disse. "Que isso ! Quando quiser conversar estou aqui, sério. É horrivel guardar problemas . . . Desabafar ajuda bastante." Iris é muito gentil . . . Eu entendo porque o Lysandre gosta dela . . . Nesse momento, que me vi sozinha com ela . . . Pensei em perguntar algo que estava engasgado e tinha vindo a tona agora . . . Foi difícil, mas consegui perguntar. "Iris ! Sobre o Lysandre . . . Qual a relação de vocês dois ? Desculpa se estou sendo incoveniente, mas estou bastante curiosa . . . " A Iris pareceu ter ficado bastante sem graça. "Er . . . É complicado . . . " Ela falava como se não quisesse responder. Isso doeu em mim . . . Eu queria muito ouvir um "nada, por quê ? " mas ao invés disso . . . "É que vocês sempre falam escondidos . . . Ele vive pedindo pra gente entregar coisas pra você, sei lá . . . " eu falei tentando esconder meu ciúme. "É . . . Minha mãe não gosta dele. Minha mãe não me quer falando com ele . . . Ele te falou algo sobre nós ?" quando ela falou isso, eu senti uma quentura intensa no meu peito. Tentei colher verde. "Sim, ele falou. Mas eu queria ouvir de você . . . Então, vocês realmente tem um relacionamento próximo, né ?" eu perguntei na torcida pra ela falar que não, mesmo sabendo que a resposta seria outra. "S-Sim . . . Por favor, não conte a ninguém ! Se chegar na minha mãe ela vai me matar . . . " eu . . . Estava com uma vontade intensa de chorar. Eu sorri pra ela e falei que precisava correr pra verificar se meu livro de biologia estava no armário. Ela gritava que hoje não tinha biologia, mas eu fingi não ouvir, só queria sair de perto dela . . . Eu queria chorar sozinha. Eu finalmente confirmei . . . Eles não só se gostam como estão juntos as escondidas . . . Por quê ? Por que eu sou tão azarada ? Tem um monte de meninos nesse colégio, e eu fico acabada por causa de um ! Eu cheguei no colégio exausta. Já estava fraca por falta das vitaminas, agora depois dessa corrida piorou tudo. Eu precisava falar com o Nathaniel urgente ! Ele com certeza tem vitaminas com ele. . . Comecei a procurar ele, eu deduzi que ele estaria em aula ou no grêmio, levando em conta que não tinha quase aluno nenhum nos corredores e eu saí atrasada . . . Então eu ouvi a voz do Nathaniel, e comecei a segui-la . . . Ele estava falando com o Castiel nas escadarias ! Eu me escondi para saber mais. "Nathaniel, você nunca mente, né mesmo ?" Castiel falava. "Não. Nunca . . . Você sabe, por mais que não acredite em mim muitas vezes . . . " Nathaniel respondeu enquanto era circulado por Castiel. "Hmm . . . Então me responda uma coisa . . . O que aconteceu entre você e a caolha ? Vocês ficaram juntos ?" Castiel perguntava. Nathaniel estava suando frio, eu podia ver mesmo a distância. "S-Sim . . . Afinal, dormimos na mesma casa, n-né" BOA NATHANIEL ! Foi a primeira coisa que pensei. "NÃO SE FAZ DE IDIOTA, PORRA ! VOCÊ ENTENDEU BEM O QUE EU TO FALANDO ! TO FALANDO DE BEIJO ! SEXO ! CASAL !" Nathaniel estava muito vermelho. "VAMOS, RESPONDA !!" Castiel esbravejava, e Nathaniel se mantinha em silêncio . . . Meu Deus, ele vai entregar . . . Nesse momento o Armin chegou e, colocando a mão no ombro do Castiel, ele disse "CASTIEL ! EU ESTAVA PROCURANDO POR VOCÊ ! PRECISO FALAR CONTIGO !" ARMIN SALVOU A PÁTRIA ! (como sempre) Ele gesticulava para o Nathaniel ir embora. E Nathaniel foi sem hesitar. Aliás, ele vinha em minha direção. Eu puxei ele de uma vez pra onde eu estava. "C-Celeste !" Ele parecia realmente surpreso por me ver. Nossa, estudamos na mesma escola, não era pra ser surpresa. "Sim, eu ouvi tudo. Eu só não digo que tá na hora de começar a mentir porque gosto do fato de você sempre falar a verdade. . . Aliás, tem vitaminas com você ?" Nathaniel parecia meio tonto ainda, mas logo caiu a ficha dele que eu precisava de vitaminas. "Você não tomou hoje ? Ou o efeito diminiu ?" "Eu esqueci de tomar e vim correndo . . .Estou me sentindo muito tonta, e eu ainda corri no caminho pra escola." Eu dizia. Ele me puxou até o vestiário. Ah, incrível como todo mundo guarda de tudo no vestiário. Ao chegar no vestiário, não me contive, fiquei mais pra baixo. Eu lembrei do Lysandre, pois passei coisas boas com ele lá . . . Bem, e isso me fez lembrar automaticamente sobre minha conversa com a Iris. Eu comecei a chorar ali mesmo, eu me segurava, e tentava enchugar as lágrimas enquanto Nathaniel estava de costas pegando as vitaminas. Ele virou com as vitaminas e viu meu rosto inchado. "Você está bem ??" ele veio até mim desesperado. "S-sim tá tudo bem. Sabe como é, não dá pra ser forte o tempo todo." eu tentei forçar um sorriso e fingir que tava tudo bem. Nathaniel me abraçou calmamente "Pode chorar o quanto quiser . . . Eu sei bem como é segurar o choro . . . E sei bem como é dificil chorar sozinho . . . " Sabe, ao ouvir isso, eu comecei a chorar dobrado. Soltei tudo. Mas meu choro veio misturado com choro da minha decepção amorosa, com choro do meu medo de morrer, com choro de desespero com a vida que tenho levado . . . Eu acabei juntando tudo em um único choro. Fazia tempo que eu não soluçava de chorar. Nathaniel ficou em silêncio o tempo todo, só me dando seu ombro pra chorar. Eu queria falar pra ele tudo que estava na minha cabeça, mas . . . Não posso simplesmente jogar na cara dele que estava mal por causa de Lysandre, e que isso desencadeou eu pensar na minha vida toda . . . Então preferi deixar ele pensando que meu único problema era com meu anúncio de morte. Nathaniel tem sido tão bom pra mim . . . Porque não consigo ter a mesma devoção que tenho pelo Lysandre com ele ? Após alguns minutos de choro intenso, eu peguei os comprimidos que estavam ao nosso lado e tomei de uma vez, sem dirigir a palavra ao Nathaniel em momento algum. "Tome, essa é a senha do meu armário" Nathaniel dizia isso me entregando um pedaço de papel com o número. "Sempre que precisar de mais medicamentos, basta pegar a hora que quiser." ele sorria pra mim de forma serena . . . Eu realmente queria muito conseguir gostar de alguém como o Nathaniel, Armin . . . Até se eu voltasse a gostar do Castiel eu iria ser mais feliz que isso . . . Aliás . . . Eu nem sei se realmente gosto do Lysandre. E se isso for só um sentimento de posse ? E se eu não gostar de ninguém ? Eu estou tão carente e desesperada que pode ser só confusão da minha cabeça. "Nathaniel . . . Você . . . Já gostou de alguém ?" Eu perguntei pro Nathaniel. "M-Mas você sabe que sim ! Que pergunta estranha . . . De você" ele respondeu sem demora. "Não . .. Além de mim." ". . . Não . . . Eu só me apaixonei uma vez na vida . . . E essa vez foi única." Nathaniel não seria a melhor pessoa para me aconselhar . . . Eu realmente fiquei desanimada e sem muito o que falar. Fiquei um tempo ali, pensativa e perdida nos meus pensamentos. Nathaniel ficou do meu lado cada segundo, em silêncio. A atitude dele me lembra a do Ken . . . Ken . . . Estou preocupada com ele. Ele anda bastante afastado ultimamente . . . E tem piorado. Eu não sei o que fazer . . . "Nathaniel, sobre o que você e o Armin conversaram ?" eu lembrei e decidi perguntar. Sinceramente falei isso mais pra termos algum assunto do que por curiosidade mesmo . . . "Ah, o Armin me fez perguntas. Contei pra ele sobre tudo . . . Minha vida toda. Ele pareceu ter entendido coisas além. Quando terminei de falar ele disse que ia pra casa pensar e que hoje iria dar as informações que ele conseguiu." Aquele momento eu realmente fiquei feliz. Ele poderia ter conseguido informações preciosas. ". . . .O que você falou sobre nós pra ele ?" Nathaniel falou isso do nada. Eu realmente não esperava isso. "Como assim ? Ele falou algo sobre nós dois ?" eu perguntei. "Só comentou por alto . . . Falou pra eu ser paciente com você e coisas do tipo . . . " Eu realmente decidi ser sincera com o Nathaniel "Bem, eu falei tudo pra ele . . . O que nós dois fizemos . . . Ele é meu melhor amigo . . . E o melhor conselheiro que uma pessoa pode ter." eu dizia. ". . . Entendi . . . " Nathaniel não pareceu satisfeito com isso. "Vamos lá Nath ! Não foi nada de mais ! Eu não detalhei nem nada . . . Só comentei com ele." "Não, tudo bem, sério. Eu entendo. Você tem amigos e confia neles, não vejo nada de mais nisso. Armin realmente parece ser um grande amigo e ser um rapaz muito sábio. É que é estranho pra mim . . . Saber que você contou nossa intimidade pra ele . . . Me perdoe, não sou acostumado com isso . . . " Ele estava um tanto quanto tenso a respeito disso tudo. "Tudo bem . . . Eu te entendo. Eu acharia estranho se você virasse pra mim e falasse que contou tudo pra alguma menina por exemplo." eu falei rindo. "Eu não tenho amigos . . . Muito menos amigas. As meninas sempre se aproximam de mim por interesse. Seja por aparência ou por dinheiro." ele falou. "Bem, Melody parece te secar por inteiro." eu falei debochando, mas acho que ele não reparou . . . "Sério ? Interessante . . . " Admito que ver tal reação vinda do Nathaniel me irritou. "Sério que só vai falar um 'interessante"??? ESSA É SUA REAÇÃO ?! A GAROTA SE JOGA EM CIMA DE VOCÊ E VOCÊ FALA ISSO ??" "C-CALMA ! Eu só achei interessante isso vindo dela ! Eu não quero nada com ela !!!" ele falava desesperado. "Pois é bom mesmo !" eu gritava com o Nathaniel. Foi quando eu parei e reparei a atitude que eu estava tendo, eu estava parecendo namorada dele querendo mandar e desmandar nele . . . Aquilo me deixou desesperadamente com vergonha. "O-OLHA ! EU SÓ DISSE ISSO PORQUE NÃO QUERO ESSA MONSTRA COM VOCÊ ! ELA TENTOU FAZER COM QUE A ESCOLA ME LINCHASSE !! T-Tem . . . Tem muitas meninas melhores que ela . . . " eu estava realmente desesperada. O que deu em mim pra dar um piti desses ? Apesar de que . . . Eu realmente não SUPORTO a Melody. Nathaniel deu uma leve gargalhada e acariciou o topo da minha cabeça. Nós começamos a nos olhar fixamente . . . Eu estou tão confusa sobre eu mesma . . . Eu sentia uma atração pelo olhar dele da qual nunca senti antes . . . Pelo menos eu acho. Eu sentia um impulso compulsivo de me aproximar do Nathaniel e beija-lo de novo . . . Eu não posso permitir que meu corpo faça isso mais vezes, eu vou acabar machucando o Nathaniel . . . E me machucando. Mas . . . Minha vontade de beijar ele era maior que minha sanidade. Nesse momento eu tinha esquecido totalmente meus pensamentos sobre "proteger" o Nathaniel. Eu tomei impulso para beija-lo, e bem . . . Como esperado, Nathaniel não conteve nenhum pouco. Pude sentir nossos lábios se tocando de leve . . . E nesse momento Armin entrou no vestiário. "Estou interrompendo algo ? Se quiserem eu saio" Ele falava apático como sempre.
Eu levantei de uma vez só. "A-A-ARMIN !!" E já fui abraçando ele, estava morta de vergonha. "Olá, caolha." Armin respondia. "H-hey ! Quem me chama assim é o Castiel." "Sim . . . Aderi ao apelido, eu gostei, achei que combina bastante com você" ele ria enquanto falava isso. Armin entrou e foi direto para o armário dele, pegou algo e já começou a sair. "Bem, quando acabarem aí o que estão fazendo, me procurem no pátio. Eu preciso conversar com vocês." "NÃO ESTAMOS FAZENDO NADA ! VAMOS LÁ NATHANIEL !!" Eu gritava com profunda vergonha enquanto forçava a barra pro Nathaniel vir. Armin não é bobo, e com certeza entendeu. Eu e Armin fomos na frente. "Não vai perguntar nada ?" eu cochichei. "Perguntar o que ?" ele falou com desinteresse. "Oras ! Sobre eu e o Nathaniel !" "Cara, já te falei, o que você faz da sua vida sexual é problema seu. Eu não vou perguntar." ele respondeu da forma mais transparente possivel. "Seu desinteresse me irrita . . . " eu não pude deixar de falar. "E sua carência é estranha. Nâo me irrita, mas é estranha. Você sente uma necessidade que eu pergunte as coisas pra você . . . " essas horas eu lembro como é "bom" ter um amigo sincero. Nossa Armin . . . Valeu mesmo. Chegamos no beco secreto do Armin, ele entregou uma faixa para o Nathaniel. "pra que isso ?" Eu perguntei. "Eu não confio 100% em você ainda, Nathaniel, desculpe. E eu tenho ciúmes das minhas coisas. Sei lá, quanto menos pessoas souberem como entrar no meu esconderijo melhor." Armin realmente é precavido. "Afinal, o que tem pra falar de tão importante que não pode ser dito fora do seu esconderijo ?" eu perguntei curiosa. "Sobre vocês dois, é claro. Ou querem que o Castiel escute ? Ele está cabulando aula como sempre, custaria nada pra ele ouvir partes de nossa conversa." Armin tem razão . . . "Ontem o Nathaniel me contou tudo . . . E acho que ele já comentou com você que ele me contou tudo né ? Eu estou trabalhando duro pra saber mais coisas sobre tudo que está acontecendo e uma solução pra seu problema e do Castiel com a Ambre . . . Eu sei que: Esse fim de semana eu vou na casa dele dar uma olhada na máquina do tempo. Ninguém sabe, inclusive, o Kentin." Quando ele falou do Ken eu me lembrei, não vi o Ken hoje . . . "Ah é ! Você viu o Ken hoje ? Porque está escondendo dele ?" eu perguntei curiosa e preocupada. "O Kentin ligou pra mim, ele não estava se sentindo bem . . . Acredito que seja pressão psicológica. Ele não tem um psicológico bom pra aguentar tudo isso que tá acontecendo, ele vai precisar de um tempo pra assimilar tudo. Seria bom você visitar ele. Ele precisa de um ombro amigo . . . E bem, você sabe que ele tem um carinho enorme por você. Mas é só um conselho. Siga se quiser. E não, não pretendo contar pro Kentin, pelo menos não por agora. Pelo mesmo motivo que não quero que o Nathaniel saiba como entrar aqui no meu esconderijo, quanto menos pessoas souberem melhor. Estamos falando de uma máquina do tempo. O Kentin é 100% de confiança, porém . . . Acho que no momento não é bom sobrecarrega-lo com tais informações." Armin explicou. "Eu realmente fico impressionado com o quanto você é astuto, Armin. " Nathaniel falou, e ele demonstrava total deslumbre enquanto comentava isso. "Acho que essa é a reação de todos quando conhecem o Armin pra valer. Logo você acostuma." O Armin sorria de lado fazendo pose, demonstrando totalmente que ele concordava com cada palavra do Nathaniel. "Mas Armin, você acha que consegue consertar a máquina ?" eu perguntei. "Só vou saber tentando né ? Eu sou a pessoa com mais capacidade pra isso por aqui, então . . . Se eu conseguir todos vão ganhar algo. Você vai poder impedir esse pacto de acontecer . . . E bem, muita coisa pode mudar. Mas claro, temos que ser cautelosos . . . Caso eu consiga vamos ter que avaliar muito bem cada ponto na linha temporal pra não fazer um cataclisma pior ocorrer e um de nós deixar de existir." Ouvir isso me deixa assustada . . . Eu tenho medo do que pode acontecer. Eu tenho medo dessa coisa de mexer com viagem no tempo. "Mas Armin, você não pensou em mais nada ? Eu lembro que você comentou algo que queria falar só quando eu e ela estivéssemos juntos . . . Bem, aqui estamos." Nathaniel interrompeu. "Ah sim ! Meu insight ! Então . . . O ritual só aconteceu porque a Celeste existe aqui na Terra." Armin falou. Eu e Nathaniel ficamos com uma cara de "o que ?" e não entendíamos bem. "Deixe-me explicar . . . Não é confirmado, ainda é só teoria . . . Mas . . . A Debrah falou que ela é um ímã para coisas bizarras e sobrenaturais certo ? Que o fato de ela vir de outro lugar, uma dimensão pelo que foi dito, ela acaba sendo um imã. Celeste está ligada à dimensão dela, e ela inconscientemente tenta atrair tudo que tem da dimensão dela, digamos assim . . . O que a transforma em um imã sobrenatural. Desculpe falar assim mas . . . Não é normal uma menina de 1 olho andar por aí e ninguém achar repulsivo. E ela consegue perfeitamente ser tratada normalmente mesmo tendo tal deficiência. Isso é uma das maiores provas que comprovam que a teoria está certa, mesmo sendo algo bobo. E lembro bem que vocês dois falaram que no tal caderno tem informações avisando que só poderiam fazer o ritual da Ambre após a chegada da Celeste na Terra. Conclusão: Ela é causadora disso. Não diretamente, mas acredito que de alguma forma, a presença dela na Terra traga . . . "magia" ? Nâo sei que termo usar. Mas . . . Espero que tenha dado pra entender minha lógica. Tecnicamente, a Debrah já falou basicamente o mesmo que eu, eu só to traduzindo de uma forma mais clara pra vocês." Eu ao ouvir o que o Armin falou, fiquei sem chão . . .Porque se ele estivesse certo . . . Eu causei toda essa desgraça na vida das pessoas ? "Então . . . Se eu nunca tivesse vindo pra Terra nada disso teria acontecido . . . ? É isso . . . ?" eu falei incrédula. Nathaniel olhava tenso pra mim e ele parecia desesperado com a informação. "Provavelmente . . ." Armin respondeu. Eu não conseguia acreditar . . . Eu causei mortes, eu causei tristeza, eu causei só tragédia na vida das pessoas . . . Só por existir na Terra ! Provavelmente meu olhar era o mais frustrado possível . . . Eu . . . Não sabia o que fazer. Nathaniel estava alterado. "É MENTIRA, NÃO É ? VOCÊ TEM CERTEZA DISSO ??" "Não tenho certeza, mas . . . Quase certeza. Pra mim quase já o o sufuciente. Vejam bem, poderia ser pior. Não sabemos como seriam as coisas se ela não existisse. E se as coisas fossem piores ?" Armin falava, e ele parecia sincero. "Eu causei tudo . . . EU ! TALVEZ O FUTURO NEM FICASSE DESTRUÍDO SE EU NÃO EXISTISSE ! ARMIN, CONSERTA ESSA MÁQUINA, POR FAVOR !" Eu sacudia o Armin. Eu precisava voltar e acabar com minha existência na Terra. Eu precisava impedir minha chegada na Terra e evitar tudo isso. "Cara, pensa em uma coisa: Se você não existir na Terra, TUDO vai mudar. Você pode acabar apagando a existência do Nathaniel, do Castiel e até a minha fazendo uma coisa dessas. Não sabemos as consequências." ele falava. "AÍ EU VOLTO NO TEMPO DE NOVO E VOLTO A EXISTIR NA TERRA SE DER ERRADO ! SIMPLES !! "Armin começou a rir quando falei isso. "Se fosse simples não seria complicado sabia ? É uma frase óbvia mas é a unica que dá pra usar. Cara, viagem no tempo NÃO É SIMPLES. E outra, se a máquina deu defeito agora, o que garante que ela não vai dar defeito de novo ? Imagine se dá defeito em uma linha temporal que eu não existo ? Quem vai te ajudar ? E outra: de uma forma ou outra sua presença vai estar na Terra, se você voltar no tempo pra tentar alterar isso, não só vai continuar presente na Terra, como também vai destruir nossa linha temporal e quem sabe provoque um desastre ainda maior ! . . . De qualquer forma, nem sabemos se conseguirei consertar a máquina." "Não . . . Eu não acredito . . . " eu comecei a caminhar em direção a "porta", atônita. Pude ouvir o Nathaniel gritando "Celeste ! " e o Armin segurando ele falando pra me deixar quieta. Eu realmente não sabia o que fazer. Eu . . . Eu estava perdida. Aliás, estava não, estou. Eu saí e me sentei no pátio. Eu estava acabada . . . Era Lysandre, era minha vida, era meu relacionamento com o Nathaniel, era o Ken, era isso agora . . . Nesse momento eu coloquei meu rosto entre meu joelhos e encolhida comecei a chorar. Eu me sentia perdida. Eu não sei como estou me mantendo sã perante tudo isso . . . Mas estou acabada até agora. "Tá tudo bem ?" uma mão tocou meu ombro enquanto falava comigo . . . Era o Lysandre. "L-Lysandre . . . !" Eu tentei corrigir minha postura. "Você não me parece muito bem. É sobre a Ambre, não é mesmo ?" Ele perguntava gentilmente pra mim. ". . . Também . . . " Eu respondi. "Esse "também" demonstra que tem mais coisa . . . Quer conversar sobre ?" "Melhor não . . . " eu respondi . . . Eu até queria conversar sobre, mas não posso simplesmente falar "Sabe Lysandre, é que eu sou apaixonada por você e não aceito seu relacionamento com a Iris, mas tudo bem, eu supero isso. Afinal, além de desilusão amorosa eu tenho que carregar o remorso do que fiz com o Ken, ficar confusa sentimentalmente pelo Nathaniel e mais sei lá quantos meninos que são gentis comigo e eu sou uma baita carente, e de brinde lidar com o fato de que posso morrer a qualquer momento, fora o baque de ter ouvido que eu sou culpada por tudo que está acontecendo pelo simples fato de existir. Tá tudo bem, é só isso." "Quando quiser conversar sobre, estarei aqui para ouvi-la." Ele falou sorrindo pra mim. Aquele sorriso . . .Que ódio. Quando isso começou ? Esse sentimento todo ?? "Eu não sou de fazer isso . . . Mas gostaria de me acompanhar até a lanchonete ?" Lysandre falou esticando a mão pra mim. "C-claro !" Eu levantei de uma vez, estava realmente empolgada com o convite. Nós saímos do colégio, eu estava muito empolgada de cabular aula pra passar a tarde com o Lysandre. Chegamos na lanchonete. "Pode pedir o que quiser. Contanto que tire esse olhar triste do rosto." Ele sorria enquanto dizia isso. Isso realmente me deixou animada. Mas logo eu lembrava que meu amor por ele era impossível e desanimava novamente. Ele conseguiu me fazer sorrir, mesmo que por alguns minutos. Nós pedimos sorvetes e fomos caminhar no parque. Tudo poderia ser tão perfeito se ele gostasse de mim . . . Nós sentamos em uma fonte. Eu ainda estava bem desanimada, era cotraditório, estava feliz por estar passando a tarde com ele, mas triste pelo mesmo motivo . . . Fora os outros problemas, claro. Então Lysandre suspirando falou "É acho que não deu muito certo né ? Sua cabeça deve estar bastante confusa . . . " Ele falava com um olhar triste. "Sim . . . É muita coisa acontecendo . . . E saber que vou morrer . . . " Nesse momento ele suspirou e falou algo . . . Algo que poderia mudar minha vida e a do Castiel pra sempre . . . Algo que eu não podia acreditar. "Eu . . . Trouxe o livro de onde tirei as informações sobre a Ambre pro Armin avaliar . . . E bem . . .Eu sei de outra forma pra acabar com essa maldição . . . " "V-VOCÊ SABE ??! E PORQUE NÃO FALOU ANTES?!?" eu realmente estava surpresa dele ter escondido tudo isso. "Bem . . . Eu nunca falei pro Castiel que tinha outra forma . . . Porque não tínhamos acesso à essa outra forma. Agora . . . Tanto você quanto ele possuem acesso a esse outro modo de quebrar a maldição. E estou contando unicamente pra você, pretendo falar pra ele também . . . " ELe estava bem desanimado. "FALE LOGO ! COMO QUEBRAMOS A MALDIÇÃO !" Então Lysandre puxou o livro da mochila que estava no chão. "Leia aqui com atenção . . . " Lysandre abriu em uma página e apontou para onde eu devia ler . . . E o trecho dizia que . . . A outra forma de quebrar esse vínculo, era . . . Matando outra pessoa que tenha feito pacto com o mesmo "demônio" . . . Ou seja: Se eu matar o Castiel, eu vou perder esse vínculo com a Ambre e viver normalmente. O mesmo vale se ele me matar. . . Eu . . . Fiquei . . . Eu . . . Eu realmente não sabia o que falar.
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😱😱😱😱😱😱😱😱😱😱 OH MY GOD!!!! OMGOMGOMGOMGOMG!!!!!!!! ASDFGHJKLJQOSOSNSOQPSDNSOAB. I'm died. 😍💞❤️😍💞❤️😍💞😍💞❤️
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Capítulo LXIII
- Daisy... Daisy, querida, você ainda está sentindo dor?
A voz soava distante, mas conhecida. Seus olhos, por mero instinto, procuraram quem era a dona da voz e quando ela viu sua avó, com as feições retorcidas em preocupação. Acompanhada de Lily, James e Nate.
- Não. – Foi à única coisa que conseguiu responder.
Na verdade, ela não estava sentindo muita coisa. Ela sentia que estava deitada e sentia seu corpo um pouco pesado, como se fosse impossível movimentar seus membros, mas ela pôde mover o dedão de seu pé e seu dedo mindinho da mão, o que deixou-a mais tranquila por algum motivo.
- Ela não está sentindo dor... – A voz máscula de James disse soando tão distante quanto a de sua avó. – Aplicaram morfina e a deram outros remédios para sedá-la, após a crise... Ela vai ficar meio grogue por enquanto...
Morfina? Por que a deram morfina? Qual crise? Por que seus pais, seu irmão e sua avó estavam ali?
Havia uma nuvem na sua cabeça; uma nebulosa nuvem que permitia que apenas flashes lentos chegassem numa tentativa de não sobrecarregar seu cérebro. Uma tentativa falha, porque ela estava aos poucos inquietando-se mais...
- Daisy... – Outra voz e, Daisy se esforçou para identificar, e viu Lily, com os olhos cheios de lágrimas, se abaixando para olhar pra ela. – Vai ficar tudo bem bebê. Você vai ficar bem.
- Hmmm? – Perguntou confusa.
Por que Lily chorava? Por que Lily estava ali?
- Vamos deixa-la descansar. – James tornou a dizer e levou a mão ao seu rosto. – Você vai ficar bem gatinha.
E foi tempo de ser envolvida pela escuridão, de seus olhos se fecharem e ela finalmente sentir que podia descansar. Não que sua mente tivesse tido qualquer folga, é claro... Mas em sua atual situação, tão debilitada, ela precisava.
-x-
Dois dias antes...
- Eu não entendo! Por que é que você não vai às festas da universidade, por que não sai para se divertir um pouco e variar... Você só sabe estudar, trabalhar e ir a jantares chiques com seu namorado.
Daisy riu e revirou os olhos, enquanto o professor Krueger, sentado a sua mesa fazia aquele discurso há quase meia hora. Era suposto que ele estivesse trabalhando num novo texto, mas ao invés de fazer seu trabalho, ele havia optado por convencê-la a ir na festa que os formandos de Bioquímica estavam fazendo.
- Certo, que eu não sou chegado no Harper... – Krueger apontou. Harper era o professor coordenador dos bioquímicos. – Mas eu tenho que admitir que o pessoal de Bioquímica sabe como dar festas... Digo, nós das Ciências Sociais já tentamos dar uma festa, o problema é que acabamos fazendo uma rodinha, pra fumar maconha e cantar musica de vanguarda. Daí todo mundo foi embora...
Ela jogou a cabeça pra trás rindo, ainda não acreditando que uma coisa daquelas estava saindo da boca de seu professor. As pessoas de fora, olhavam para os dois rindo e cochichavam entre si – as paredes de vidro da sala que os dois dividiam, digamos, não eram de muita ajuda.
- Eu estou falando sério. Você ri, mas eu estou falando sério! – Disse Krueger.
- Eu não escuto vanguarda... Será que estou no curso errado?
- Ugh! Você me entendeu. – Ele fechou a tela do laptop que Daisy estava concentrada.
- Ei, ei, ei! – Disse irritada. – Eu estava em busca de um vestido novo... Harry tem um...
- Blábláblá, outro jantar chique dessas instituições de caridade e quer que você vá lá fazer papel de Princesa.
- Eu não sou Princesa. Sou namorada dele, e é um enorme prazer acompanha-lo. – Disse firme, enquanto suspendia a tela do notebook outra vez.
- Acho engraçado como você tem que acompanha-lo em todo lugar e ele não pode ir a uma festinha da universidade! Uma! E aí?! Você não quer ter experiências pra contar pros seus netos? Vai contar a sua netinha, de como você perdeu sua juventude, trabalhando, estudando e indo a jantares chiques com um príncipe sei lá das quantas?! Pense!
-x-
É claro que ela sabia que levaria tempo da parte dela para convencer seu namorado a querer ir a uma festa da universidade e ela mesma ainda não estava certa se queria ir, mas após tanto blábláblá de Krueger durante aquela tarde, Daisy tinha que admitir que até concordava com ele.
Poxa, ela tinha vinte anos! Ela quase não saía mais, ela quase que não tinha sequer autorização para isso. Harry e ela passavam tanto tempo em casa ou então em jantares de instituições de caridade que ela tinha permissão de acompanhá-lo. Estava louca querendo dar uma espiada de perto no que rolava nessas festas universitárias.
-... E é isso, eu adoraria ir. Eu acho que poderia ser divertido... Mesmo que eu não tenha amigos ou coisa assim na universidade. – Disse-o enquanto passava o prato para ele secar. – É sexta à noite e pela primeira vez, eu não faço questão de assistir um filme de romance e chorar todas as lágrimas possíveis...
Harry acenou com a cabeça enquanto enxugava o prato cuidadosamente e o colocava sobre o balcão. Daisy esperou ansiosa pela resposta e passou-o outro copo para ele enxugar.
- Você tem certeza que é uma boa ideia? Como você mesma disse... Uh, você não tem muitos amigos lá. – Harry disse o mais delicado e despreocupadamente que podia. – Qual é o ponto então? Beber vodca de má qualidade e ter fotos nossas publicadas no Daily Mail amanhã?
- O ponto na verdade é saciar a curiosidade da sua namorada. – Colocou as mãos na cintura e foi até ele, ficando na ponta dos pés e espalmando o peito dele enquanto distribuía beijos pelo pescoço e o rosto. – Por favor, por favor, por favor...
- Hmm...
- Por favor, por favor, por favor...
- Ok, mas... Ugh, pode começar a tirar sua camiseta Cooper. – Disse então com uma puxada, encontrando o corpo dos dois e a erguendo do chão para coloca-la sentada no balcão da cozinha. Ela sorriu, antes de envolvê-lo com as pernas. – Você vai ter que se superar...
-x-
Quando Daisy chegou ao galpão onde estava acontecendo uma das festas mais surreais que ela já vira em tempos, sentiu uma pontada de nostalgia no peito. Primeiro, porque o local lembrava terrivelmente A Caverna – o bar que ela e seus amigos, Walt, Nate, Helen e Lauren quando dava as caras, Bridget quando Daisy ainda sabia por onde ela andava e Logan quando ainda namorava Walt, costumavam frequentar juntos.
Segundo, porque sentia falta daquilo. Sentia falta da sua vida antiga, que ela podia festejar sem se preocupar em ser fotografada e causar algum constrangimento, a si mesma e ao seu namorado e a família supertradicional dele.
Não que a vida não fosse boa, mas era às vezes estranho e perturbador pensar no quanto tanta coisa havia mudado em um ano! Em como em um ano, a sua vida mudara de cabeça para baixo, como seus planos mudaram, como ela mesma havia mudado. Havia muitas coisas que realmente, ficava feliz por terem mudado, mas haviam outras que Daisy lamentava ter perdido...
Helen em um ano passara de louca e mal intencionada para grávida, casada e Condessa Percy! Walt em um ano havia ido para Liverpool com o sonho de se casar com Logan e crescer naquela cidade e então, voltado para Londres, com o rabo entre as pernas, querendo recomeçar e conhecer alguém novo. Em um ano, ela perdera completamente o contato com Bridget, fazia meses que não escutava falar de Lauren e simplesmente tudo se perder e ficara esquecido.
Era muita coisa para um espaço de tempo tão curto... Tanta coisa que chegava a deixa-la, perturbada e principalmente nos últimos tempos quando Harry e ela estavam enfrentando provações para darem seguimento àquele relacionamento.
- Vamos pro bar? Tomar uns shots? – Ele sugeriu enquanto seus olhos varriam o lugar, parecendo um pouco preocupado.
- Yeah, é uma boa ideia Wales. – Ela sorriu e enlaçou as mãos do dois.
Claro, que apesar de ela sentir falta de tudo aquilo e de que ela estava assustada com a quantidade de coisa que lhe acontecera em apenas um ano, Daisy sinceramente nunca esteve tão feliz como agora. Ela o amava profundamente e era retribuída...
Sabe o que é sentir que esperou por uma coisa a vida toda e ela finalmente chegou? Pois é, era o que Daisy sentia. Ela sentia que havia esperado por Harry tempo demais, embora ela só tivesse vinte, parecia ter sido uma vida toda.
Durante seus dias de fundo do poço, enquanto chorava, ela jurou que nunca mais se permitiria sentir o que sentira por Sebastian, mas lá estava ela – apaixonada, se não, muito mais apaixonada.
Com Sebastian pode até ter sido forte, mas com Harry? Era mais, era muito mais. Era como se sua vida estivesse em propósito a dele. Com Sebastian, Daisy sempre soube que não valia a pena, ela insistiu porque era burra e teimosa.
Mas com Harry era aquele tipo de amor infinito... Amor intenso, amor inexplicável. Aquele que você sente tão forte, que dá até uma pontada no peito de dor. Que você até perde o fôlego quando para pra pensar na pessoa. Que você não consegue pensar numa possível vida, sem aquela pessoa.
Parece meio desumano né? Afinal... Ninguém é capaz de amar tanto assim. Maquiavel diz que está na natureza do ser humano se corromper. O ser humano é imperfeito em todos os sentidos e é natural que exista todos os tipos de más intensões em suas atitudes, escolhas e palavras.
Mas não quando se tratava de Harry... Quando se tratava de Harry e do que ela sentia por ele, não havia nada mais puro dentro de Daisy. Era provavelmente a única coisa que a salvava de uma passagem só de ida para o fogo do inferno.
- No que você está pensando? – Ele perguntou bem alto, por causa da musica eletrônica que batia fortemente pelas caixas de som.
- Em como você fica fodível quando usa essa camisa. – Ela sorriu apertando a bunda dele.
- Há! Se você quiser, o carro está bem ali... Simon ficará feliz em ficar de guarda.
- Nah... Eu tenho maravilhosos planos para mais tarde e eu preciso estar bem bêbada para não me sentir constrangida por fazê-los.
- Hmmm... Você quer me contar?
- Nope. Eu quero na verdade, dançar Wales.
-x-
Ela estava bêbada, sabia e ele também estava, Daisy tinha certeza, mas aquilo não pareceu significar nada para os dois, principalmente porque tanto ela quanto Harry, dançavam animadamente na pista de dança, aproveitando a noite de farra – a noite, que para as pessoas da sua universidade, o fato de ela estar ali com o membro da realeza, não significava nada, porque estava todo mundo chapado demais para dar a mínima.
Claro que algumas pessoas estavam interessadas, porque inclusive Simon viera informar que já tinha paparazzo querendo entrar no local, mas que ele impedira, mas que eles haviam formado uma enorme barreira do lado de fora.
- Essa é a cara de quem se importa. – Harry apontou para o próprio rosto. – Venha Cooper, vamos dançar mais.
Foi o que seu namorado disse e não pareceu deixar o Oficial de Proteção muito feliz, mas ela estava raciocinando tanto quanto ele.
Na pista de dança, ela esfregava-se no corpo de Harry e o beijava praticamente o tempo inteiro, enquanto as batidas eletrônicas agitavam o local e por um segundo, parecia que o galpão não aguentaria.
Aliás, ela também não aguentaria por muito tempo se Harry continuasse esfregando sua dureza em seu traseiro. Ela estava rindo antes e até mesmo o provocava de volta, mas quando ele gemeu no pé de seu ouvido e disse ‘vamos acabar com isso’ e tentou puxá-la para um canto qualquer, ela deu por si que era a hora de intervir.
- Não, não, não. – Disse rindo e cambaleando. – Olha, você vai pegar umas bebidas pra nós dois enquanto eu vou no banheiro, verificar se meu cabelo parece mais um ninho ou uma vassoura.
Harry franziu o cenho e não pareceu muito satisfeito com sua escolha. Como se para ressaltar aquilo, ele puxou-a pelo quadril roçando a pélvis coberta dos dois e fazendo-a sentir a ereção que estava cada vez maior.
- Que tal se eu for ao banheiro com você? – Ele arqueou as sobrancelhas e então colocou as mãos no rosto dela. – Cooper, você é muito gostosa. Eu quero comer você.
- Mais tarde, você vai. – Disse sorrindo e então o beijou na boca. – Lembre-me de cobrar isso quando estivermos no carro...
- Por que não agora? – Ele perguntou apertando-a contra seu corpo, percorrendo as mãos experientes por sua bunda.
Ela sentiu a boca de Harry em seus lábios, devorando-os e deslizando a língua por sua boca. Possessivo e sensual, ela estava quase derretendo nos braços dele e cedendo ao seu capricho, mas a festa estava tão boa e eles estavam se divertindo tanto que ela não queria ir embora.
- Porque não. Eu quero ficar mais, não quero ir embora...
- Mas já é tarde. – Ele insistiu.
- Não. – Disse o empurrando e sorriu. – Você pega as bebidas e eu cuido do meu cabelo.
-x-
Se houvesse alguma forma de voltar no tempo, a Daisy do futuro, dopada por morfina, provavelmente encontraria um meio de avisar a Daisy do passado, que pedira ao namorado para ir buscar algumas bebidas, que aquela não era na verdade uma boa ideia. Na verdade, ela teria a dito para fazer exatamente o que Harry sugerira – irem embora e transarem dentro do carro e se possível, transar mais quando chegassem em casa. Mas não existia uma forma de voltar no tempo... De Volta Para o Futuro era só um filme e o Vira-Tempo uma invenção de JK Rowling.
Quando ela saiu do banheiro, não entendeu porque havia um enorme aglomerado em volta do bar. Gritos, vaias e pessoas que pareciam não só perplexas, mas muito empolgadas, com seus devidos celulares em mãos.
Lançando um olhar para a entrada do galpão, ela viu que os seguranças pareciam ter cada vez mais dificuldade de manter o paparazzo sob controle. E foi a partir daí que ela teve certeza de que era algo sobre Harry...
Ela passou entre as pessoas, empurrando-os sem a menor preocupação e aos poucos o caminho simplesmente abriu-se para ela. A tempo de pegar o final do que parecia ser uma discussão.
Um soco. Harry com os punhos cerrados e com a feição furiosa e Oliver segurando o próprio nariz que sangrava terrivelmente.
-... SE LIGA GAROTO! QUER ENSINAR ALGO SOBRE MINHA NAMORADA PRA MIM? – Gritava Harry. – Fica longe dela ou eu juro, juro que acabo com você! Eu estou querendo meter a mão na sua cara há um bom tempo e agora eu consegui!
Ela levou à mão a boca e seu olhar primeiro pendeu em Oliver, que acudido pelos amigos que lançavam olhares furiosos para Harry. Seu namorado, por outro lado, parecia não dar a mínima para Simon que muito aborrecido, tentava ter sua atenção.
- Harry, vamos embora daqui agora! – Mandou ele.
- NÃO! ESSE IDIOTA DISSE QUE QUERIA SE ENTENDER COMIGO! – Ele gritou avançando outra vez na direção de Oliver, mas então um rapaz loiro enfiou-se no meio. – Sai da frente garoto, não é com você!
- Ele está bêbado, porra! Não se chuta o inimigo quando ele está caído no chão! – Disse o rapaz, que ela sabia ser Carter, a sombra do imbecil do Oliver.
- Não porra! Ele disse que queria falar comigo de homem pra homem, fala pra ele parar de choramingar e vir aqui então. Que eu estou pronto pra falar de homem pra homem!
Aquilo se tratava dela! Eles estavam brigando por causa dela, mas por qual motivo Oliver cogitaria ir ali procurar uma discussão com Harry, por causa dela, Daisy não sabia.
A única coisa que sabia é que ela tinha que impedir que aquilo piorasse.
- Harry! – Chamou pelo namorado.
Foi instantânea a mudança de postura do homem ruivo de trinta anos. Ele passou de rígido, violento e aborrecido, para complacente e tenso num segundo. Eles trocaram olhares significativos e ele abriu a boca várias vezes tentando encontrar voz. Argumentos, perguntas, explicações, mas Daisy não o dera tempo.
- Vamos sair daqui. – Disse engolindo em seco e com firmeza.
- Daisy... Eu...
- AGORA HENRY!
-x-
Foi como no escândalo de suas fotos vazadas. A bagunça de paparazzo do lado de fora parecia surreal, era como se tivessem sido avisados da briga que acontecera lá dentro e tivessem se apressado ali para poderem registrar o momento em primeira mão.
Parecia uma selva. Eles brigavam entre si pelo melhor lugar, onde teriam a melhor e o melhor ângulo para que pudessem fotografar o rosto assustados de Daisy e seus lábios trêmulos, assim como também poderiam clicar Harry, tenso e furioso.
- Daisy! Olha pra cá, querida! Nos dê um sorriso!
- Daisy, você foi o motivo da briga, é verdade?!
- Senhor, o garoto que você socou dará queixa?
- Príncipe Harry! Príncipe Harry! Você flagrou-a com outro?!
Ela se esforçou para deletar aquilo, mas era difícil. Sua cabeça doía pelos flashes e nem mesmo Simon com toda sua prática e profissionalismo, era capaz de detê-los aquela noite. No momento, Daisy só queria alcançar o carro e sair dali o mais rápido possível.
Mas é claro que tinha que dar algo errado...
- Princesa Daisy! Me dá um sorriso, a mensalidade do colégio das crianças está atrasada.
Ela ignorou como de costume. E foi quando, a mão se fechou em seu braço, puxando-a para trás, na direção do mar de câmeras e do monte de flashes.
- Não, por favor, me solt...!
- VOCÊ NÃO ENCOSTE NA MINHA NAMORADA!
Foi muito mais rápido do que ela imaginou. Primeiro, Harry pegou a câmera do homem e a empurrou contra o rosto dele, para então soltar o braço de Daisy do aperto e ele mesmo arrastá-la na direção do carro.
- Harry! – Ela repreendeu-o aturdida. – Você ficou louco?!
- Cala a boca. – Ele mandou. – Entra no carro logo...
Daisy com os olhos arregalados ainda se sentia ser arrastada por Harry, com Simon a frente abrindo caminho para os dois e muito provavelmente xingando Harry mentalmente.
Atrás deles, eles escutavam as vaias da mídia.
- Não mudou nada Príncipe Playboy!
- Não encoste na minha câmera, seu desgraçado maconheiro!
- Essa aí, é só outra vagabunda! Que nem a mãe dele!
Daisy arregalou os olhos quando viu Harry fazer menção de avançar na direção do fotógrafo que ofendera não só a ela, mas a mãe de Harry. Felizmente, ele foi impedido por Simon.
- O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE SEU DESGRAÇADO?! O QUE É QUE VOCÊ DISSE?!
- Harry! – Ela gritou aos prantos, tentando ter a atenção dele. Daisy manteve o rosto tampado, pelos flashes disparados contra ela. – ENTRA NO CARRO HARRY!
-... SE GOSTASSE DO POUCO DINHEIRO QUE TEM, APRENDERIA A MANTER A BOCA FECHADA! VOCÊ VAI ME ENCONTRAR NUM TRIBUNAL DA PRÓXIMA VEZ, SEU MERDA!
- Harry, por favor, querido, vamos embora! – Ela gritou aos prantos e se enfiando de uma vez na frente dele e enfim tendo sua atenção. – Vamos embora, por favor, vamos embora.
E ela não precisou pedir outra vez.
-x-
Dentro do carro, ela não pôde se controlar. Ela começou a chorar e era como se não tivesse mais controle de suas lágrimas e tudo o que ela queria naquele momento, era não ter insistido para saírem de casa, que tivesse cedido e ficado a noite toda no sofá.
Ela se contorcia no banco de trás, segurando o próprio rosto, enquanto aos prantos, chorava sem parar.
Chorava por se sentir culpada e chorava pelo soco que Harry dera em Oliver, pela confusão na saída, pela dor de cabeça que teriam que enfrentar quando toda a notícia se espalhasse.
Mas mais do que isso, ela chorava porque Harry, sentado ao seu lado, não parecia fazer questão alguma de confortá-la e dizer que tudo ficaria bem. E aquele era o momento que mais do que nunca, precisava escutar aquilo.
- Daisy, para de chorar! Que saco! Você está me estressando. – Ele disse rudemente.
- Senhor, por favor, não deixe-a mais nervosa. – Simon pediu bruscamente enquanto dirigia em alta velocidade. – Aqui senhorita, tome meu lenço.
Daisy aceitou o lenço e aproveitou para esconder o rosto nele. Não conseguia conter as lágrimas ou a forma como seu corpo tremia. Não conseguia também, conter sua mente que ia sempre em direção dos acontecimentos da festa e da saída.
- Droga... Edward não atende. – Resmungou Harry e então socou o vidro do carro, furioso. – MAS QUE MERDA! PARA DE CHORAR, PORRA! PARA DE CHORAR! QUE AGONIA, É TUDO O QUE VOCÊ SABE FAZER AGORA?!
Aturdida, ela não parou de chorar, não adiantava, ela não conseguia. Ela não tinha controle do que estava sentindo naquele momento e por mais que tentasse conter suas emoções, não adiantava.
- Desgraçados! Estão nos seguindo!
Seguindo?! Eles estavam sendo seguidos?!
Ofegante e um pouco assustada, ela ergueu o rosto pela primeira vez para ver a confusão de carros e motos que os seguiam em alta velocidade. Daisy engoliu em seco, apavorada e enterrou o rosto nas duas mãos outra vez, querendo poupar-se daquilo. Ela já estava desgastada o bastante.
- ACELERA ESSA MERDA SIMON!
- Eu não posso... – Disse Simon.
- ACELERA ISSO! – Harry mandou outra vez. – DÊ A VOLTA EM ALGUNS QUARTEIRÕES, AOS POUCOS DESISTIRÃO.
- Não dá! Estamos em uma rodovia, senhor.
Ela estava dizendo a si mesma que nada de ruim aconteceria, que eles desistiriam e que Simon era treinado para aquele tipo de situação, mas ela só parou de tremer, quando um braço passou ao redor dela.
- Desculpe ter gritado... Não chore e não tenha medo. Vai ficar tudo bem.
Harry só tirou o braço que estava em volta dela quando Daisy enfim acenou, concordando e deu um a tentativa de sorriso. Ele estava tentando ligar para Edward outra vez, quando o carro de um paparazzi, um qualquer, sem importância particular alguma, derrapou, e bateu bem ao lado de Daisy.
Ela apagou instantaneamente. Por isso não escutou os gritos desesperados de Harry, por isso não viu a enorme comoção que eles causaram, também não tinha nem ideia que estava sendo transportada numa ambulância com feridas gravíssimas e uma hemorragia interna.
Ela foi tomada por um breu, um cansaço e ela abraçou-os de bom grado. Porque já havia sido uma longa noite e ela estava cansada.
-x-
Atualmente...
- Você precisa comer...
- Onde está meu namorado?
- Daisy, coma a sopa.
- Onde está meu namorado?
Nate respirou profundamente, passando as mãos pelo rosto de forma cansada. Ele se ergueu e foi até a janela, murmurando coisas desconexas para si mesmo.
Daisy sabia que estava sendo dura com ele, mas fazia dois dias que ela estava naquele lugar dos infernos e ninguém havia a dito onde Harry estava, o que havia acontecido após o acidente. Deitada naquela cama, ela já se sentia uma inútil... Ela não precisava que as pessoas começassem a esconder coisas dela.
- Ele... Ele está machucado? – Arriscou.
- Ele está bem, está vivo. – Disse Nate rudemente e mantendo a postura ereta. – Ele e o guarda costas, estão bem.
Ela respirou aliviada, se sentindo mais calma imediatamente. Sentando-se com dificuldade, Daisy procurou a melhor posição para fazê-lo e pegar seu celular que estava na mesa de cabeceira, só que ao invés de fazer o que queria – mandar uma mensagem para Harry e exigir sua presença – seus olhos alcançaram a janela.
Eles se arregalaram no instante que viu a comoção de pessoas, de mídia que estava do lado de fora. Aquilo tudo não podia ser por causa dela, não podia...
- Tem alguém mais internado aqui? – Indagou preocupada.
- Não. – Nate negou. – É tudo sobre você... Essa gente está aqui, porque você chegou aqui a um fio.
Um golpe forte na cabeça e hemorragia interna que com muita dificuldade conseguiu ser contida. Acenando com a cabeça, ela pegou o controle ao lado de sua cama e mexeu nas persianas, fechando-as. Não queria ver aquilo.
- Tudo bem. – Engoliu em seco. – Alcance meu celular, por favor? Estou sentindo dores.
Nate manteve-se imóvel, umedecendo os lábios e desviando o olhar. Com o cenho franzido, Daisy continuou a encará-lo, como se dissesse ‘vai pegar ou não?’, mas seu irmão nada fez.
- Nate... O celular. – Apontou com o queixo ferido para o aparelho.
Ele então virou-se para Daisy, com o olhar furioso e com brusquidão, disse-a, antes de seguir em direção a porta.
- Coma a sopa, porra!
-x-
Ela estava sentindo dor, mas ainda assim não queria que lhe aplicassem mais morfina, ela já se sentia extremamente desanimada com sua atual situação e não era ficando dopada de remédios, que a faria se sentir melhor.
Na verdade, a única coisa que surpreendentemente a fazia se sentir melhor, era a companhia de sua família. Ela tinha que admitir que estava adorando ser meio mimada e ter Nate, sempre buscando pudim numa tentativa de se redimir após ter gritado com ela.
Seu pai também, sempre dava palpite nas dosagens que seus médicos estavam aplicando-a com remédio e vigiava de perto, sempre a explicando o que estavam aplicando nela, qual seria a reação, para que servia. O que a deixava mais tranquila e também mais satisfeita, porque seus médicos pareciam não dar a mínima para suas perguntas.
Lily não saiu do seu lado nem sequer um minuto. Na verdade, Daisy arriscava dizer que ela parecia muito transtornada com sua situação. Daisy havia visto-a pedir para James prescreve-la alguns calmantes e ela estava tomando-os a cada seis horas, também havia largado o pilates e só atendia as ligações de Carl porque era sua obrigação.
Ela não tornou a chorar, claro, mas Daisy sabia que ela ainda estava abalada. Por isso, sempre tentava distraí-la, jogando conversa fora para que ela percebesse que estava tudo bem.
Na verdade, a única pessoa em total autocontrole, era sua avó. Na poltrona do quarto, Blanca tricotou, folheou as revistas de moda, assistiu suas novelas do canal Espanhol e jogou conversa fora com Daisy, como se ela não tivesse acabado de sofrer um acidente, mas sim só tivesse pegado uma virose brava.
Não que Daisy estivesse desmerecendo-os, ela não estava. Mas no momento, tudo o que ela queria era Harry! Ela queria saber como ele estava, queria saber se estava bem, se estava machucado, mas ninguém respondia às suas perguntas. Ninguém parecia querer tocar no nome dele.
Desde quando seu namorado se tornara um assunto tabu? Desde quando ele havia se transformado em um assunto intocável? Toda vez que ela perguntava sobre Harry, eles desconversavam, encontravam uma forma de mudar o assunto.
Nate estava de cara fechada e James, nem se falava. Era provavelmente a primeira vez que Nate e James pareciam entrar em sintonia em alguma coisa. Lily estava apreensiva, quando era perguntada, respondia-a ‘eu não sei querida.... você está com fome?’.
E ela esperou. Esperou por mais um dia inteirinho, esperou por ele, olhando incansavelmente para a porta e ela até mesmo havia convencido uma das pessoas a dá-la o celular e ligou para ele, mas o telefone foi direto para a caixa postal. Ela ficava cada vez mais nervosa.
Ele não ligava e o noticiário só se falava sobre eles... A única coisa que a impediu de acreditar que Harry estava morto e não queriam dizê-la, era ter tido um vislumbre dele caminhando escoltado para o carro, de volta ao Palácio.
O escândalo do soco que ele dera em Oliver pareceu ter sido completamente ofuscado. De alguma forma, eles conseguiram fazer a briga soar de uma forma que Oliver provocara Harry, que ele havia sido o vilão da história. Não que aquilo importasse, o povo inglês sempre encontraria um jeito de denegrir Harry, mas o estrago para a publicidade dele havia sido bem menor.
E eles falavam sobre ela... Chamavam-na de futura princesa. Faziam suposições sobre o casamento, que Harry com certeza apressaria as coisas após o acidente, que então como noiva e membro da FRB, ela estaria no direito de receber proteção.
Claro, eles não tinham a menor ideia de que os planos deles costumavam ser estes – não por aquelas razões, mas... – no entanto, eles tiveram que ser postos para trás. Por causa dela.
Ela estava assistindo a uma comparação do acidente deles com o acidente de Diana, e as pessoas comparavam-na com a mãe de Harry impensadamente. Daisy estava com a boca aberta, após a frase infeliz de uma repórter, chamando-a de ‘reencarnação de Diana’ – o que era ridículo e totalmente fora do bom senso, visto que Daisy era de 1993 e Diana falecera em 1997.
- Não assista mais isso. – Blanca disse de repente, desligando a TV. – Você tem que dormir...
- Vovó, eu não...
- Não ouse dizer que não está com sono. Você não discuta comigo nunca, mocinha!
Obviamente, ela não teve outra opção que se não virar para o lado e dormir.
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Ele não atendeu quando ela ligou.
E ela não ligou uma vez, ela não ligou duas. Ela ligou para Harry o dia inteirinho; do momento em que ela acordou para tomar seu café da manhã, até trinta minutos atrás, quando haviam ido entrega-la sua sopa do jantar.
Não que ela fosse comer... Ela ficaria olhando para a bandeja por uma hora, recusando-se a comer, como tinha feito durante o dia todo.
Não era uma pirraça, ela realmente não sentia fome ou vontade de fazer qualquer coisa. Ela estava... Arrasada.
Ela queria saber onde seu namorado estava e por que as pessoas ao seu redor estavam agindo de forma tão estranha. Ela deixara mensagens na caixa postal de Harry, mas nada parecia funcionar.
A verdade?
No fundo ela sabia... Ela sabia o que estava acontecendo. Ela sabia o que estava mantendo Harry longe dela, só não queria acreditar. Não queria acreditar que ele pudesse fazer algo daquilo com ela.
E foi quando então, pelas janelas que estavam arreganhadas deixando o vento gelado de outono entrar no quarto, Daisy escutou o que parecia ser um tumulto do lado de fora do hospital, na rua.
Juntando as poucas forças que lhe restavam, ela se ajeitou na cama, arqueando seu corpo e imediatamente sorriu quando viu os dois Land Rover pretos estacionados.
Ele estava ali. Estava ali pra ficar com ela, pra cuidar dela e quem sabe até leva-la pra casa.
E ela tolamente acreditou... Tolamente acreditou que ele estava ali com as melhores das intensões – e talvez estivesse, mas nas intensões dele.
Mas quando Harry abriu a porta do quarto e ela olhou para o rosto dele... Ela soube imediatamente o que viria a seguir.
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Capítulo 63
- Oi amor. - eu disse.
- Oi minha princesa. - o Rodrigou sorriu. - O que faz acordada a uma hora dessas?
- A mesma coisa que você.
- E o que eu faço acordado essas horas?
- Sei lá, você que tem que me responder isso.
- Se você não sabe o que eu faço acordado agora, como disse que estava fazendo a mesma coisa que eu?
- Ava, eu perdi o sono, feliz?
- Não, tadinha do meu amor, perdeu o soninho. - eu ri.
- Larga de ser idiota, Rodrigo.
- Eu não sou idiota.
- É sim.
- Não sou.
- Quer saber mais que eu, que sou a sua namorada?
- Quer saber mais que eu, que sou eu?
- Ava, sério que você é você?
- Sério.
- Você descobriu isso sozinho, eu precisou de ajuda?
- Precisei da sua ajuda. - ele me beijou.
- Vou ali tomar um banho, tchau.
- Banho essas horas?
- Agora tem até hora pra poder tomar banho?
- Não sua idiota, vai lá. - dei um selinho nele, depois fui para o banheiro.
Entrei no banheiro, e tirei minha roupa, depois liguei o chuveiro. Entrei debaixo do chuveiro, e comecei a pensar na vida. Na hora do banho é a única hora que eu consigo pensar na vida em paz, com a água caindo em mim, sozinha dentro do banheiro, é a única hora que eu tenho tempo para poder pensar direito na minha vida. É bom pensar assim na vida, ficar relembrando o passado, pensando no que pode acontecer no futuro, e assim por diante. Meus banhos são sempre mais demorados que o normal por causa disso, fico um bom tempo pensando na minha vida, na do Rodrigo, em como a gente será no futuro, se a gente vai casar, ter filhos, criar nossa família, e tudo mais que qualquer pessoa que ama alguém e esta com essa pessoa pensa.
Fiquei mais um bom tempo no banho, depois saí. Me vesti, e me deitei na cama novamente. Não sei como, mas eu dormi mais. Não sei onde eu consigo arrumar tanto sono para dormir tanto igual eu dormi hoje.
Alguns meses depois
Passou-se uns meses, e as coisas aqui estão ótimas. Já é um novo ano, e tudo já começou bem. Eu não sei com quantos meses de gravidez a Mellyna esta, mas já esta dando pra ver a barriga dela direitinho. Ela esta linda, eu nunca consegui imaginar a Mellyna sendo mãe, e o Leonardo sendo pai. É estranho, mas acho que essa criança será um bebê feliz.
A Mellyna já fez o ultrassom, é uma menina, eles ainda não decidiram o nome, mas tenho certeza que será um nome bem lindo. Eles já disseram que quando o bebê nascer eles vão procurar uma casa para o três morarem, e quando eles saírem dessa casa, eu e o Rodrigo vamos começar a pensar em sair daqui também, vamos deixar a casa para a Gabriela e para o Vinicius.
A Victória e o Bernardo estão namorando, todos já sabem desse namoro, até o Leonardo. Ele não queria deixar a irmã namorar um cara cinco anos mais velho que ela, mas depois de muito custo, ele aceitou.
Meu sonho é ser mãe, mas acho que pensando bem, é melhor eu esperar pra depois começar a criar a minha família com o Rodrigo, quero ter filhos só depois de casar. E eu acho que não vai demorar muito para o Rodrigo me pedir em casamento, ele já disse que queria falar comigo várias vezes, só que quando chegava a hora, ele desistia. Parecia que ele tinha medo de alguma coisa, e eu conheço bem o meu Rodrigo, e sei que era isso que ele queria falar, só que ele tem medo da minha resposta. Eu sei que ele queria falar isso, porque eu sinto, eu sei que é.
Minha vida está ótima, eu estou super feliz com tudo, mas eu espero que nada acabe com essa minha felicidade. Eu tenho medo que aconteça alguma coisa, que aconteça alguma coisa comigo, com o Rodrigo, ou com qualquer pessoa que eu ame. Eu sei que eu não tenho o porque de ficar pensando nisso, mas as vezes quando eu estou sozinha bate um medo enorme, e eu fico pensando apenas nisso.
Eu e o Rodrigo a gente nunca foi de brigar muito, mas como nós somos um casal normal, com certeza temos essas briguinhas, mas nada que faça que nosso namoro acabe.
Hoje eu acordei, e tomei um banho, depois peguei uma saia, e uma blusa branca. O Rodrigo não tinha dormido na minha casa de ontem pra hoje, mas disse que hoje viria aqui e casa. Saí do meu quarto, e fui até a sala. Me sentei no sofá, e liguei a TV.
- Dim Dom Dim Dom. - era o Rodrigo.
Me levantei, fui até a porta e a abri. Era o Rodrigo, e ele logo me beijou.
- Oi meu amor. - eu disse.
- Oi minha linda. - ele entrou. - Dormiu bem sem mim? - ele sorriu.
- Até que sim, sabe?
- Nossa, achei que você gostasse de mim. - ele fez biquinho.
- Eu não gosto de você, eu amo você. - o beijei.
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Capítulo 63 - Adeus, fonte de renda
Confesso que até queria que a guria descesse as escadas toda apaixonada, querendo combinar com o Fred um lugar pra eles almoçarem, coisa e tal. Ia rir bastante da cara dele. Eu ainda tava curioso pra saber como o Fred tinha trazido uma guria da faculdade pra casa dele. Quero dizer, é diferente tu pegar uma guria na Mondal e trazer pra casa. Da faculdade parece ser algo mais difícil de se conseguir.
Eu: O que foi que tu falou pra guria pra trazê-la pra casa? Fred: "Eu sou da Inglaterra". Pensei que fosse passar mal de tanto rir porque tava com o estômago vazio. Fred: É sério. Eu: Mas tu nem é! Fred: Então. - ele deu de ombros. - Descrevi o lugar onde meu pai mora pra ela, fingi que esquecia umas palavras em português e, opa, peguei. Quando eu acho que o Fred não tem mais merda nessa vida pra falar, ele se supera. Tira proveito até do pai gringo que tem. Nunca vou me esquecer do dia em que fomos parar na delegacia e a mãe dele apareceu lá pra nos salvar. Eu nem imaginava que e o Fred tivesse pais. O pior foi quando, no outro dia, um loirão alto bateu na porta da minha casa perguntando sobre o Fred, com sotaque inglês. As pessoas sempre me surpreendem. Eu: E teu pai, como vai? Fred: Tá namorando uma puta gostosa. Eu: É mesmo? Fred: Só é. Do Sri Lanka. Eu sempre acho que esses países do tipo "Sri Lanka" não existem. Não é preconceito nem nada, só não faz parte do meu cotidiado. Tu fica achando que é só um desenho a mais que fizeram no mapa mundi pra completar os espaços. Sri Lanka. Eu: Onde fica o Sri Lanka? Fred: Perto da Índia. Eu: Da hora. Ela usa burca? Eu sabia que não, só quis ser idiota. Tem horas que dá vontade. Fred: Ainda bem que não. Tem uns pernão.
Eu: Teu pai sempre namora minas do mundo assim? Fred: É então. Eu devo ter um irmão no Uzbequistão e nem to ligado. Eu: Só é. Quer fumar um? Fred: Tava demorando. Ele se levantou pra buscar o pote onde guarda a erva, que fica no armário da cozinha. Eu tava com uma puta fome e ficaria pior depois que eu fumasse. Haja lanche da tia da pista pra matar a larica. Fred: Thom! - ele gritou da cozinha. Eu: Fala. Fred: Tem um gato igual o teu aqui na cozinha. Eu: É o meu, idiota. Fred: Ah. Pff. Ouvi mais barulhos vindo de lá de cima, e logo surgiu uma perna feminina na ponta da escada. Dali a pouco eu veria a guria do Fred. Senti certa pena dela, porque deve ser constrangedor pra uma guria acordar na casa de um desconhecido, e ainda encontrar um amigo dele sentado no sofá da sala. Fred: Mas o que teu gato tá fazendo aqui? Eu: Eu trouxe ele. Fred: Por quê? Tu sai pra passear com ele assim? Gato tem que passear com o dono também? Ele tem coleira? Eu: Mano, cala a boca. Essa frase me poupa de muito tempo perdido na vida. A perna da guria que descia as escadas era bem bronzeada e bonita. Ela tava usando um shorts curto e uma camisa xadrez dessas que estão na moda agora, carregando uma bolsa bem grande nos ombros. O cabelo escondia seu rosto, mas ela o jogou pra trás assim que desceu o último degrau da escada. Que gostosa. Guria: Oi. - ela acenou pra mim. Eu: Oi. - respondi, boquiaberto. Guria: O Ewan tá por aí? - ela perguntou, olhando em volta. Eu: Ewan?! O Fred surgiu como mágica. Fred: Oi, linda! Bom dia.
Ewan! Que escroto, puta que pariu. Tive que me segurar muito pra não xingá-lo e morrer de rir depois. Que tipo de idiota mente que se chama Ewan? Nem consigo imaginar quanta coisa ele deve ter inventado sobre ser inglês. Guria: Hi, baby! Ela falou com uma voz fina e irritante enquanto acenava pra ele. Ele andou até ela e eles deram um beijo de língua que chegou a me deixar constrangido. Tô aqui ainda, porra. No começo, fiquei olhando pros lados. Depois mandei o foda-se e fiquei olhando. A mina não tinha cara de quem se importava, muito menos o Fred. Guria: Vai fazer o que hoje, hein? Vai chamá-lo pra sair, se convidar pra passar o dia com ele, pedi-lo em namoro, apresentar os pais dela. Por favor, guria, me faz rir. Fred: Muita coisa, cara. Muita coisa. Essa não vai colar. Guria: Muita coisa o quê? A mina fez bico e tudo. Eu passava o dia comendo. Qual o problema de mais um dia só? Fred: Preciso ver aquele problema do meu visto, lembra? Senão vão me mandar de volta pra Inglaterra. Guria: Ah, tudo bem então. Vai fazer isso agora? Fred: Agora. Meu amigo veio em casa me ajudar. - ele me apontou. Hein?! Guria: Não vou atrapalhar. Tchau, lindo. Eles voltaram a se beijar enquanto eu fingia estar mexendo no meu celular. De qualquer jeito, eu ainda ficava ouvindo aquele barulho de gente se beijando perto de mim. Como tenho raiva disso. Terminaram de se beijar, deram uma risadinha e lá se foi a guria embora. Ele a acompanhou até a porta, depois a fechou e se virou pra mim. Fred: Gostosa, hein? - ele falou baixo. Eu: Pra caralho. Eu, se fosse tu, passava o dia com ela.
Fred: Perdeu o juízo? Eu: Dava pra comer o dia inteiro ainda. Fred: É por isso que eu pego muito mais mina que tu. Ele foi caminhando até a cozinha. Agora fiquei curioso. Eu: Por quê?! Fred: Tu ia comer ela o dia inteiro hoje, certo? Eu: Eu não, tenho namorada. Fred: Se tu não tivesse, ô, imbecil. Eu: Ia. Fred: Aí à noite ela ia inventar de vocês saírem, e tu não diria "não" pra continuar comendo, e aí nos outros dias ela ia te ligar perguntando se tu sentiu saudades, tu ia mentir que sim, a mina ia surgir na tua casa querendo conhecer teus amigos, perguntando o que tu espera fazer da vida, se quer ter filhos, dizendo que lembrou de ti quando ouviu tal música. De repente ela te chama pra ir na casa dela, e aí tu vai achando que vai comer ela mais muitas vezes, só que dá de cara com o pai dela sentado na mesa de jantar te esperando pra um interrogatório com um facão embaixo da mesa. Em duas semanas, ou tu tá enrolando com uma mina, ou tá puto da vida. Nem sabia o que dizer depois dessa. Eu: É. Fred: Tu ainda tem seda aí?
Enfiei a mão no bolso e tirei o maço de cigarros, onde sempre tinha seda guardada. Pro nosso azar, eu tinha acabado com a última ontem. Eu: Acabou, velho. Fred: Puta merda, a minha também. Sinto falta do Matt nessas horas, ele sempre tem todo o arsenal de maconha em mãos. Fred: Liga pro Matheus, aquele viado. Eu: Ele tá dormindo, disse que liga pra gente quando acordar. Fred: Mas eu quero fumar agora. Que frase de moleque mimado, puta merda. Tenho raiva de quem pensa que o mundo e todo o universo funcionam de acordo com suas vontades, como se não existem todos os outros bilhões de pessoas. Fossem só meros coadjuvantes da história. Fred: Eu tava a fim de ir pra pista, o que tu acha? A gente pega seda dos caras. Eu: Suave. Fui lá ontem. Fred: Vamos pra lá. Tô com saudade da galera.
Concordei em irmos pra pista. Já tinha ido lá ontem, mas ver os amigos nunca é demais. O Fred subiu pra trocar de roupa, por mais que eu não duvidasse da possibilidade de ele sair na rua vestido feito idiota como estava. Fui até a cozinha pra ver se encontrava algo pra comer, porque meu estômago já estava ardendo de tanta fome. Não pedi permissão pro Fred, porque é assim que as coisas funcionam por aqui. Pra variar, não encontrei nada nos armários. Eu: Não tem nada pra comer aqui, cara? - gritei pra que ele ouvisse do andar de cima. Fred: QUÊ? Eu tenho a teoria de que muitas pessoas são surdas e nem tem idéia disso. O Fred é uma delas. Ele sempre fala alto, sempre. Não importa se estamos no show da nossa banda preferida ou se estamos no velório da avó dele, ele sempre tá gritando, e nem se dá conta disso. No telefone nem se fala. Eu: Nada. Foda-se, ia falir a tia de tanto pedir lanche pra ela hoje. Peguei o Ringo no colo assim que o Fred voltou com uma outra roupa. Fred: Tu vai levar o gato? Ele apontou pro Ringo no meu colo, olhando de um jeito estranho. Eu: Sim. Algum problema? Fred: Sei lá. Provavelmente ele não tava achando boa idéia, mas tinha preguiça de argumentar. Entendo. Ele virou as costas, andando até a porta de casa, e eu o segui. Fumamos um cigarro no caminho enquanto o Ringo desfiava toda a minha camiseta com as unhas. Fred: O gato tá destruindo tua camiseta. Eu: Normal. Fred: Eu ficaria muito puto. Eu: É só um gato, cara. Não dá pra ficar puto com ele. Ele bufou. Não conseguia entender qual era o problema dele com o Ringo.
Eu: Tu já teve gato? Fred: Nem gato, nem cachorro, nem nada. Eu: Poxa. Fred: Mas eu queria um cavalo. Achei tão estranho que preferi não levar a diante. Liguei pra Alícia pra avisar onde estava indo, antes que ela resolvesse aparecer na casa do meu pai. Ela disse que apareceria na pista mais tarde. Quando finalmente chegamos, Fred saiu correndo e gritando frases sem sentido pra cumprimentar um idiota qualquer. Eu até gostaria de ser mais efusivo às vezes, acho que me renderia mais amigos. Ou não. Vivo bem com os amigos que tenho, mesmo que não sejam muitos. Definitivamente não gostaria de ter mais. O negócio é que eu tenho preguiça de cumprimentar as pessoas. Elas sabem que eu estou no ambiente quando me vêem e, se quiserem falar comigo, basta virem. Não acho necessário anunciar "oi, estou aqui" em todo lugar pra onde vou, principalmente quando já conheço as pessoas. Todo mundo na pista sabe quem sou eu. Não que eu seja um cara muito popular, mas até pouco tempo atrás eu passava todas as tardes por aqui. É um ambiente onde todo mundo se conhece, nem que seja só de vista. Ale: Ringo!
O legal é ter um gato que é mais famoso do que tu entre os amigos. O Ale pegou o Ringo no colo e ficou brincando com ele na grama enquanto a gente se reunia pra fumar um beck com os outros caras. É engraçado como ninguém nega quando tu dá idéia de fumar um durante a tarde, andando de skate e curtindo a brisa de se jovem e sem muitas responsabilidades. Tenho certeza de que vou sentir falta dessa época quando for um velho idiota e cheio de afazeres. Fiquei brisando nisso depois de tragar o beck infinitas vezes. Os caras ficaram comentando qualquer coisa sobre a trilha sonora de Trainspotting, heroína, o Iggy Pop e sua magreza assustadora quando já se tem idade pra ser avô, mas eu tava mais preocupado em curtir o momento, por isso fiquei em silêncio. Queria ter dezoito anos pra sempre se pudesse. Na verdade, queria ter dezessete, e já estou um ano em desvantagem. Quero dizer, eu gosto da faculdade, de morar sozinho, ter idade pra fazer quase tudo o que quiser de acordo com a lei, e tudo mais. Mas não posso negar que tudo isso me faz caminhar pra vida chata e normal dos adultos. Tô na faculdade pra arranjar um emprego, moro sozinho pra ter responsabilidade, a puta que pariu. Já tava começando a entrar numa brisa errada, mas acordei a tempo de ouvir mais uma pérola. Fred: Eu queria ser dançarino do Michael Jackson. Eu: O quê?! Deco: Se liga naquela gatinha chegando na pista. Olhei seco, esperando que fosse uma maria skatista qualquer, mas lá estava a Alícia. Eu: É minha mina, caralho! - dei um tapa na cabeça dele. Deco: Ai, ai, Thommo! To brincando contigo. Vai nessa. Me virei pra Alícia e fui andando até ela, que abriu um sorriso assim que me viu. Tenho até medo do quanto gosto do sorriso dela. Ela me deu um beijo e um abraço apertado enquanto eu sentia boa parte dos caras da pista olhando pra nós. O Bruninho era bem a fim de pegar ela pelo que eu tô ligado, assim como muitos outros caras. Mas é minha.
Alícia: Fazia tempo que eu não vinha pra cá. Eu: Isso aqui não muda, nunca. Ela olhou em volta, e acenou pro Fred que estava do outro lado fumando. Alícia: É, acho que não. E aí, como foi com o teu pai? Tu parece bem. Eu: Suave. Não falo mais com ele. Nunca mais. Alícia: Como é?! Eu: Não preciso mais dele. Sou maior de idade, tenho um lugar pra morar, estudo, tá tranquilo. Alícia: É brincadeira, não é? Eu: Não, de verdade. Vou arranjar um emprego e deixar tudo isso pra trás. Alícia: Não dá pra deixar teu pai pra trás, meu amor. Ela mexeu no meu cabelo, rindo entre a fala. Eu: Por que não? Ele só me serve como fonte de renda. Assim que eu arranjar um emprego, posso mandá-lo pro caralho. Alícia: Thom, por favor, é o teu pai. Eu: Não gosto desse peso da palavra "pai". Ele só recebeu esse título por ter me feito, nunca age como tal. Alícia: Eu confio em ti e na tua capacidade, sei que tu consegue um trabalho se quiser, mas não dá pra pagar todas as tuas contas ainda, Thom. Vai ser uma dificuldade pela qual tu não precisa passar. - Ela disse em tom de sermão, coisa que eu não estava nem um pouco a fim de ouvir naquele momento. Eu tava muito feliz e confiante por ter finalmente deixado o idiota do meu pai de lado, e nada nem ninguém parecia ser capaz de me convencer do contrário. Eu: Tu não tá me entendendo, cara. Imagine só, não vou ter mais nada disso na minha vida. Chega do meu pai, dele me chamando de merda nenhuma e me fazendo sentir como tal. Chega de secretárias vadias, dele falando mal da minha mãe pra mim, da minha mãe falando mal dele pra mim, chega deles, foda-se. Tô livre de um jeito como sempre quis ser. E... Ela tava me olhando diretamente nos olhos, mas, de repente, desviou o olhar por cima dos meus ombros, encarando alguém que estava atrás de mim com uma cara estranha.
Eu: O que foi? Alícia: Tem um garotinho te chamando. Garotinho? Olhei pra trás sem nem imaginar quem pudesse ser. Alícia: Ali, com o Luc. O Luc foi fácil de encontrar. Ele acenou pra mim, sorridente. Do lado dele, estava uma das últimas pessoas que eu imaginava ver por aqui. Na verdade, uma das últimas pessoas que eu esperava ver pela segunda vez nessa vida: o Gabriel, molequinho "amigo" do meu pai. Ele também pareceu bem feliz ao me ver, sorrindo e agitando os braços. Nem conseguia acreditar. O que ele fazia por ali? Eu: É o Gabriel, cara? Alícia: Acredite se quiser. Eu: O que esse idiota faz aqui? Simplesmente não consegui conter a raiva que senti na hora. Não tem como não me lembrar do meu pai assim que olho pra cara dele. Alícia: Não fala assim, Thom. Ele não tem culpa de nada. Eu: O mínimo que ele faz é ficar longe de mim. O Gabriel veio correndo na minha direção com o skate do Luc embaixo do braço. Tava com uma expressão bem diferente da de ontem. Tinha as bochechas coradas, um sorrisão no rosto, uma gota de suor escorrendo na lateral do rosto, vinda do cabelo bagunçado. Tive uma vontade imensa de mandá-lo pra puta que pariu, pra que ele sumisse, enfiasse meu pai no cu e nunca mais voltasse. Gabriel: Ei, Thom! Adivinha só! A Alícia segurou meu braço enquanto eu olhava pro moleque. Devia estar com receio de que eu fizesse alguma coisa, e não estava errada quanto a isso. Mais um passo, mais uma palavra, e eu cuspo todas as palavras que estão me arranhando a garganta bem na cara desse moleque.
Gabriel: O Luc vai me dar o skate dele! Ele me disse que eu preciso comprar fita adesiva pra proteger o tênis se quiser aprender a andar. - ele olhou pro próprio pé. - Mas não sei de que fita ele tá falando, e ele também não sabe explicar. A Alícia me segurou ainda mais forte, cheguei a sentir sua tensão só de olhá-la. Eu: Silver tape. - respondi. Gabriel: Ah, é? Realmente, o garoto não tinha culpa nenhuma. Pelo contrário, era só um moleque de treze anos querendo aprender a andar de skate. Que direito eu tinha de descontar toda a minha raiva em cima dele? Gabriel: Pô, Luc! Não sabe o que é silver tape?! Dei risada dele tirando com a cara do Luc, e a Alícia soltou meu braço devagar, enquanto o Gabriel corria de volta pro lado do Luc. Alícia: Sei que no fundo, bem no fundo mesmo, tu é bonzinho. Eu: Quão fundo? Alícia: O suficiente. É, acho que fico naquela tênue linha entre a falta de noção e o bom senso nesses casos.
Alícia: Mas não muda de assunto. Lá vem. Agora ela ia passar o resto da tarde tentando me convencer a pedir desculpas pro meu pai. Desculpa por quê? Mas que merda. Eu: Não vou discutir. Alícia: Não quero te encher o saco, mas fico preocupada! Eu: Pois não te preocupe. Vai dar tudo certo. Alícia: Não é disso que eu estou falando. Não dá pra ficar sem os pais, mesmo quando tu acha que não precisa mais deles. Eu: Por que não? Alícia: Não sei te explicar, mas todo mundo precisa de alguém, uma base. Não quero que tu fique sozinho. Ela parecia estar sendo bem sincera no que dizia. Tava com uma expressão triste, preocupada mesmo. Não gosto que ela fique assim. Eu: Não vou ficar sozinho, Lícia. Para com isso. Alícia: Tu deve estar contando com os teus amigos, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Claro, eu sempre conto com eles. Sei que nenhum vai substituir um pai, nem chegar perto disso, mas sei que posso contar com eles. São a minha família quando eu preciso que sejam. Alícia: Tu não vai ter sempre o Matt e o Fred, entende? Vocês são como irmão, mas... Eu: Eu te tenho. Cortei a fala dela, sem mais nem menos. E eu realmente tinha. Sou idiota de pensar nessas coisas, sei disso, mas tenho ela, e quero tê-la por muito tempo. Isso implica em pensar em coisas pro futuro, querendo ou não. Implica em eu precisar ter uma família um dia, quando não tiver outro jeito e eu virar adulto. Ela seria a minha família.
Acho que cortei a fala dela até mais do que gostaria, porque ela nem sequer sorriu. Ficou me encarando, quieta. Meu celular tocando quebrou o silêncio que já tava me deixando sem graça. Era o Matt ligando. Eu: Alô? Matt: O Dudu falou pra gente ir pra república, eles tão querendo dar uma festa por lá. Eu: Sério? Demorou! Matt: Então tá. Eu encontro vocês lá. A Alícia vai? Eu: Vai, ué. Por quê? Matt: A Larissa quer saber, senão ela não vai porque tem vergonha. Eu: Que besteira. Matt: Eu sei, mas vê com ela aí, depois tu me avisa. Eu: Falou. Finalmente uma festa na nossa república, que animal. Ainda mais agora que a Alícia tá por aqui. Eu: Era o Matt. Vai ter festa na nossa república! Abri o maior sorriso, mas ela não me correspondeu achando tanta graça. Sorriu de um jeito que não me animava muito. Eu: Foda. Preciso ir pra lá, quero ajudar a arrumar as coisas. Tu vai agora comigo ou mais tarde? Alícia: Eu... Eu: Tudo bem se quiser um tempo pra se arrumar. Ela ameaçou dizer alguma coisa, mas ficou quieta me ouvindo. Duvido que ela fosse querer ir comigo agora, gurias sempre demoram pra ficar prontas, nem que seja pra ir pra uma festa de república qualquer, onde tu nem precisa ir tão arrumada. Eu: FRED! O idiota do Fred demorou um tempão pra me ouvir, então avisei um outro amigo nosso e pedi que ele chamasse todos os moleques pra irem. Ia ser do caralho. Nenhum deles conhecia nossa república ainda, e eu já tava sentindo falta de ficar chapado com eles. Eu: Pode crer, pode chamar todo mundo! - gritei pra ele, que já tava lá do outro lado. Eu tava realmente muito animado. Senti a Alícia me puxando pela camiseta. Alícia: Thom. Eu: Oi, linda.
Alícia: Não sei se eu... Eu: Tu vai curtir muito o Dudu, cara! Ele é gente boa demais. É o que parece um cara dos Beatles, tu viu ele no carro. Acho que a Vicky vai também, vocês se deram bem, não foi? O Felipe tu não conheceu, mas é gente boa também. Eu surto de tanto falar quando me animo com alguma coisa, mas ainda bem que ela não liga. Só piscou os olhos devagar e esboçou um sorriso. Eu: Fred, porra! Tô indo pra república agora, quer ir? - gritei pra ele. Fred: AGORA? - ele gritou de volta, muito mais alto. Eu: É! Ele ficou discutindo com os caras que tavam na mesma roda, devia estar decidindo se ia ou não. Logo o Gabriel apareceu do meu lado. Gabriel: Tu mora numa república? Eu: Moro. Gabriel: Igual dos filmes de faculdade? Eu: Não sei. Acho que não. Gabriel: Tu mora com ele? - apontou pro Fred. Eu: Moro. Gabriel: Hm. Confesso que acho engraçado quando ele fica me perguntando coisas desse jeito. Não gosto de ficar contando da minha vida pras pessoas, mas ele pergunta de um jeito tão inocente e curioso que me dá vontade de rir ao invés de cortá-lo. Gabriel: Vai ter festa hoje, é? Eu: Vai sim. Tá a fim de ir? Gabriel: Sério?! Posso mesmo?! Ele ficou feliz de um jeito que eu não esperava. Arregalou os olhos e sorriu muito. Porra, por mim pode fazer o que quiser, moleque. Não sou nada teu. Eu: É, ué. Gabriel: Minha mãe não deixaria nem fodendo. Eu: Desde quando tu fala palavrão, cara? - tirei sarro. Gabriel: Vixi, não sei! - ele tapou a boca. - Ah, foda-se. Deve ser o ambiente. Daqui uma semana ele tá vestindo uma camiseta bem maior que o corpo, usando um tênis de skate, com a perna toda ralada, um boné fodido e um shape embaixo do braço.
E aí a mãe dele vai querer me matar quando souber que fui eu quem o trouxe pra cá. O Luc chamou ele lá do outro lado, e aí ele saiu correndo feito doido. Alícia: Ele é muito fofo. - ela sorriu. Eu: É, moleque engraçado. Ficamos olhando até ele chegar onde o Luc estava e dar um tapa na mão dele, como se fossem melhores amigos de muito tempo. O Luc é foda, sempre consegue fazer com que as pessoas se sintam em casa perto dele. Isso é uma proeza. O Fred acenou de volta pra mim, gritando que iria comigo pra república. Eu: Tô indo pra república. Vai comigo agora? Alícia: Não. Eu: Quer que eu te leve até em casa? Alícia: Não, tudo bem. Eu: Beleza. Tô apressado, então foi mal. Me liga quando estiver pronta que dou um jeito de te buscar. Alícia: Não precis... Eu tava acelerado como se tivesse tomado bala. Tava ansioso pra essa porra de festa repentina. Nem deixei a Alícia terminar de falar, dei um beijo nela e corri até o Fred pra gente chegar em casa logo. Ia ter muita pinga colorida pra preparar!
Corri pela pista acenando pra galera, confirmando o convite que já tinha sido feito. Queria todo mundo curtindo nossa festa hoje à noite. Finalmente, a primeira festa na nossa república. Prometi pra mim mesmo que ia fazer uma festa ainda mais louca do que as que a gente fazia na casa do Fred. As do Fred são sempre boas, claro, mas a gente já estava precisando de umas mudanças. Iam quase sempre as mesmas pessoas, vez ou outra tinha uma droga ou uma bebida nova, mas nada muito diferente. Era sempre a gente quem organizava, e por isso a festa ficava quase sempre igual, ao nosso gosto. Na república ia ser uma coisa nova, do jeito que eu gosto, quando tu não sabe o que pensar ou esperar, fica ansioso. Peguei o Fred pelo braço antes que ele começasse a falar sem parar e a gente não fosse embora nunca. Eu: A gente liga passando o endereço depois! - gritei pros caras. Eu e o Fred corremos feito loucos até o metrô mais próximo. Assim que nos sentamos, eufóricos, botei a mão no ombro dele e senti que ele tava tremendo. Eu: Que isso, cara? Fred: Ansiedade! - ele abriu um sorrisão. Pelo visto eu não era o único que estava próximo de um infarto. Deu um puta ataque de riso na gente, e uma mulher ficou olhando feio pensando que estivéssemos rindo dela. Quase a convidei pra nossa festa pra ver se ela tirava aquela expressão de merda do rosto.
Já era fim do dia, quase noite, quando finalmente chegamos na república, depois de um caminho cheio de risadas sem sentido. Não sou um dos caras mais bem-humorados que conheço, mas me divirto muito nessas brisas de ataque de riso. De repente, até um cachorro andando na rua parece ser a coisa mais engraçada que podia acontecer. Comecei a ouvir risadas vindas do nosso andar assim que entramos no elevador do prédio. Fred: Ô, cadê teu gato? Eu: PUTA MERDA! Esqueci a porra do gato na pista, mas que merda. Tá pra nascer filho da puta mais irresponsável do que eu. Sorte que todo mundo sabia que ele era meu e alguém traria ele na hora da festa. A Alícia poderia trazer, ela deve ter pegado ele quando viu que eu fui embora completamente alucinado com a festa. Quando entramos em casa, eu esperava ver muita coisa, menos boa parte do que vi. O Dudu tava todo enrolado por um fio de pisca-pisca de natal, dançando uma música alta que tava rolando. O Didio tava tentando se equilibrar num banquinho velho pra pendurar um lustre enorme e colorido no teto, uns caras tavam sentados em roda no canto da sala passando um cachimbo pra lá e pra cá, o Felipe jogado no sofá com um brother dele falando números de telefone, e mais uma galera que eu nunca vi passando por todos os lados segurando garrafas de bebidas. Em cima da mesa, comprimidos de todas as cores, caixas de comida chinesa pela metade, lâmpadas coloridas, e mais mil coisas. Eu e o Fred ficamos parados, olhando em volta. Felipe: Alô, é o Felipe. Festa na minha república hoje, pode trazer quem quiser. A entrada é uma garrafa de qualquer coisa. Falou. Disse isso ao telefone, desligou e pediu um número novo pro amigo fortão dele. Assim que nos viu, berrou. Felipe: Vão ficar aí parados?! Ajuda aí, porra!
A preparação de festa deles tava tão profissa que a gente nem sabia direito o que fazer. Não fazia muito tempo que tinham anunciado a festa e já tavam na maior correria pra arrumar. Pelo visto, o que não falta é festa por aqui. Fred: Pinga colorida? Eu: É pra já. O Felipe cutucou o amigo dele, que veio em nossa direção. O cara era gigantesco, devia ser jogador de alguma coisa da faculdade, frequentador assíduo da Atlética. Mais um puxa saco do Felipe, no mínimo. Ele parou na nossa frente, tirou umas notas de dinheiro presas por um elástico e jogou na minha mão. Whathafuck, mano?! Olhei pro Felipe, em choque. Felipe: Foi o lucro da última festa que a gente deu no Mixed. Eu: Que porra é Mix... Felipe: Depois eu explico, mano! Vai logo! Eu e o Fred nos olhamos. Então tá, se tu quiser me dar um bolo de dinheiro sem mais nem menos, não vou discutir. Saímos de casa rumo ao mercado pra ver o que conseguíamos fazer com aquele dinheiro.
Nem parei pra contar quanto tinha, mas sabia que era o suficiente. Assim que chegamos no mercado, fomos direto pro corredor de bebidas. O Fred saiu pegando tudo o que via e segurando embaixo dos braços. Eu: Tu ao menos sabe o que tá pegando das prateleiras? Fred: Não. Eu: Imaginei. O celular do Fred tocou, mas como ele tava com as mãos ocupadas, pediu pra que eu atendesse o iPhone por ele e deixasse o viva-voz ligado pra que ele pudesse ouvir. Fred: Alô! Ele gritou enquanto eu segurava o aparelho no ar, que ainda tava com a tela cheia de rachaduras do dia em que o derrubei. No volume máximo, o Felipe deu as ordens. Felipe: É o Felipe. Não precisa trazer droga nenhuma porque os caras já vão trazer. O Fred arregalou os olhos e eu devo ter ficado vermelho na mesma hora, já que o corredor inteiro tava ouvindo o que o Felipe dizia e olhando pra gente. Felipe: Já tem maconha, cocaína, ecstasy, ópio, ácido... O Tomate falou até que ia trazer LSD Rolling Stones Double Face, do caralho! Fred: BELEZA, CARA! - o Fred gritou. Felipe: Uma amiga louca do Dudu comentou sobre Crystal Meth também, sem noção. Fred: FALOU, FELIPE! Desliguei na mesma hora. Uma senhora derrubou uma garrafa de vinho no chão, nos olhando fixamente. Ando aterrorizando a vida das velhinhas com freqüência.
O Fred pegou mais umas garrafas, eu fiz o mesmo e a gente se mandou daquele corredor, antes que fosse tarde demais e um adulto nos pegasse pra dar lição de moral. Tenho uma puta raiva dessas coisas, esses caras velhos que apagam toda a juventude da memória só porque são velhos. Como se nunca tivessem usado nada na vida. Ficam se escondendo atrás de ternos e pastas de homens de negócios, como se já tivessem nascido daquele jeito. Viva o momento, mas não te esquece do passado, seu velho. Fred: Vamos comprar sorvete. Eu: Cala a boca. Seguimos pro corredor dos doces, onde a gente podia encontrar anilina colorida pra misturar nas pingas podres, enganando os mais idiotas. Fred: Vai, meu. Eu: Sorvete pra quê? Não viaja. Fred: Porque eu curto. Vamo lá. Eu: O dinheiro não é teu, cara. É pra festa. Fred: Mas eu compro com o meu dinheiro. Eu quero uma porra de sorvete. Porra, moleque mimado do caralho. Ainda bem que eu não conheci o Fred quando éramos crianças, porque acho que o odiaria. Eu só era amigo do Matt porque ele tava longe de ser um moleque mimado. Falando em relembrar o passado, bons tempos aqueles. A gente passava o dia jogando video-game, vendo filmes de terror e se ralando na pista da skate. Vez ou outra comprávamos uma revista da Playboy e um maço de cigarros escondido, pra depois fumar na sacada da casa dele e curtir umas gurias sem roupa. Bons tempos. Eu: Vai lá então. Fred: Chantilly! Ele gritou assim que chegamos no corredor de doces. Ignorei, porque era o melhor que eu fazia. Ele tava com as mãos ocupadas, e por isso não conseguiria pegar nada mesmo. Peguei vários vidrinhos de anilina e enfiei nos bolsos. Quando me virei, o idiota do Fred tava com um frasco de chantilly na boca. Mereço.
Por fim, eu desisti de discutir com ele, como quase sempre acontece, e acabamos gastando muito mais do que devíamos. Pegamos até um carrinho de mercado que encontramos perdido em algum corredor. Fred: Olha, uma bola de basquete! Eu: Mano, agora chega. Eu também não podia culpá-lo. Imagino como deve ser quando ele sai com o pai dele pra fazer qualquer coisa. Tipo "olha, pai, uma mina!", e aí ele diz "quer que eu te compre ela, filho?". Brisa pra caralho. Fred: Cara, o que é Crystal Meth? Eu: Sei lá. De onde tu tirou isso? Fred: O Felipe falou que alguém ia levar Crystal Meth. Quero saber que porra é essa. Eu: Pergunta pro Matt depois, ele que sabe das coisas. Fred: Pode crer. Ei, que tal se a gente levasse umas... Opa. Ele travou no meio da fala. Pro Fred parar de falar, é porque algo muito foda aconteceu. E olha que eu sei o que tô dizendo. Fui ver o que tinha acontecido, e ele tava com uma puta cara de idiota, de boca aberta. Olhei na mesma direção que ele, e lá estava uma mulher de costas pra gente, usando aquelas calças de ginástica. Ah, calças de ginástica. Dava pra ver exatamente a marca da calcinha dela no tecido. Estamos sempre imaginando que calcinha uma guria pode estar usando, e a coisa fica ainda melhor quando tu vê o modelo marcado na calça. Fred: Vou começar a vir no mercado. Eu: Pode crer.
A mulher era bem mais velha que a gente, mas muito, muito gostosa. Muito mais gostosa que muita guria da nossa idade, com tudo em cima, usando roupas de quem tinha acabado de voltar da academia. Ela tava bem de boa, escolhendo qual alface levar pra casa, ouvindo um som no iPod. E nós, dois imbecis, com o carrinho cheio de bebidas pra festa, pagando um pau. Incrível como mulher faz a gente se sentir tão pequeno de vez em quando. Ela nunca ia dar bola pra nenhum de nós, nem sequer olhar pro nosso lado. Fred: É disso que eu tô precisando. Eu: Do quê? Fred: Duma coroa gostosa pra me bancar. Disse isso e empurrou o carrinho em direção ao caixa. O Fred anda mandando umas frases muito sábias ultimamente, tenho concordado com tudo. Pegar guria mais velha é um trofeu pra qualquer um. Eu: Tu já pegou muita mina mais velha? Perguntei enquanto pássavamos as coisas pelo caixa. Ficava em choque com cada coisa estranha que aparecia. Todo tipo de bebida, lâmpadas e copos coloridos, doces, spray de tinta, máscara de monstro, chapéuzinho de aniversário... Fred: Já. Eu: Quantas? Fred: Muitas. Nem sei por que eu pergunto. Devia ter sido mais específico. Eu: Quantos anos tinha a mais velha. Fred: Uns 40. Eu: TÁ ME ZUANDO! Fred: A mãe do Zóio. Eu já tinha ouvido essa história, mas me assustada toda vez que a ouvia. A mãe do Zóio é uma coroa muito gata, tem um puta cabelão preto, a bunda redondinha, acho que até o filho dela tem vontade de pegar a mãe. Eu: Me conta essa história de novo, por favor. Fred: Aniversário de 16 anos dele, a gente foi pro banheiro... Deu tempo de contar a história toda enquanto a gente colocava as coisas nas sacolas e levava pra república.
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