#cães mais perigosas
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Capítulo 3 - Amor de perdição
08 de Maio de 2011, 05:00 AM – Pedro Juan Caballero, Paraguai
Raul desceu de seu helicóptero em meio a uma clareira, próxima à sua plantação de maconha; ao seu lado, Martin Madrazo e Percy Chaccón. Passaram próximo às plantas, Raul colheu uma folha, colocou na boca e laqueou. Seus associados o aguardavam próximos às tendas, parados em formação.
Dentro de um dos acampamentos, Garcia, amarrado, amordaçado e com um saco plástico na cabeça. Quando os três adentraram, o saco foi removido, o dito “rei da fronteira” cuspiu sangue e arfou profundamente. Raul se aproximou, dobrando a manga de sua camisa. Alguns segundos depois, ele deu alguns tapas na cara dele, fazendo-o acordar.
- Soube que está atrapalhando o progresso dos irmãos, isso procede? – Fico questionou.
- Procede sim, senhor! – Ele exclamou, arfando e cuspindo sangue novamente.
- Então está ciente do porquê foi decretado. Isso é bom! – Fico pontuou, sinalizando para que o levassem para o lado de fora.
Amarraram o Garcia em um pedestal de madeira, com seus braços abertos. Fico vestiu uma capa de chuva transparente e tomou uma machete em mão. Antes de começar, cuspiu a folha mascada no chão, sentindo uma corrente elétrica passar por seu corpo.
No primeiro golpe, separou o braço direito do sujeito, que ficou pendurado ao mastro. No segundo, levou sua perna esquerda. À esta altura, sua capa já estava vermelha. – Podem trazer os cães, esse aqui já está subindo! – Ele zombou, passando a machete para Percy, que assumiu seu lugar. Terminando com os restos do sujeito.
Os retalhos de Garcia foram servidos aos cães, e o aviso de que a fronteira com o Brasil estava livre foi enviado. Fico e Percy se limparam, conversaram com seus afilhados e deixaram o local com Trevor. Sobrevoaram a plantação, até chegar a uma pista de pouso clandestina, mudando do helicóptero para um jatinho particular.
08 de maio de 2023, Segunda-feira, 19:00 PM – Manhattan, NY
A Mercedes GLA 250 de Raul parou frente ao prédio de Victória. Ele se lembrou da fatídica eliminação do ”rei da fronteira”, uma das últimas ações realizadas ao lado de seu amigo, Percy Chaccón; temido assaltante de bancos e antigo braço direito de Fico Segundo. Há cerca de dez anos, havia sofrido um acidente de moto, colidindo com uma carreta e ficando tetraplégico aos quarenta anos.
Martin Madrazo havia sido enforcado com o cadarço de seu tênis, na prisão estadual de Stockton. Daquele tempo, apenas Fico estava em atividade. Ele lamentava a morte ou a incapacidade da velha escola, sentia falta da rigidez da malandragem.
Cristina tinha grande responsabilidade na destruição da vida de Percy e Victória. Suas escapadas com o ex-sócio de Fico, levaram Ângela ao suicídio. Comprimidos para dormir e bebida foram seus algozes. Victória chegou do colégio e encontrou a mãe, no chão do banheiro, vítima de uma overdose induzida.
Os eventos trágicos vividos por Victória a desestruturaram completamente. Seu pai não era mais o mesmo; viúvo e excluído do comando, Percy se perdeu, caminhando para o acidente que por pouco não custou sua vida. Fico não o matou pelas traições, mas, este preferia estar morto à ficar de fora daquilo que mais amava.
Raul foi tirado do transe pelo manobrista, que batia em sua janela. Ele pegou sua carteira e seu celular, entregou a chave do carro ao jovem e se encaminhou para dentro. Parou frente as portas do elevador, respirou fundo e selecionou o andar do apartamento de Victória.
Enquanto subia até o andar escolhido, lembrava-se da promessa feita à Denise. Ele havia concordado em acabar com o sexo casual, mas, não poderia abandoná-la à própria sorte. Raul sabia que tinha de lidar com as consequências de seus atos passados e presentes, ainda que o incomodassem profundamente. Denise não entenderia.
Ele caminhou pelo corredor, passando pelas portas dos apartamentos vizinhos. Sentia-se como Dany Torrance, caminhando até a suíte mais perigosa do hotel Overlook. Tocou a campainha e aguardou. Alguns minutos depois, a enfermeira que cuidava de Percy o atendeu.
- Olá, em que posso ajudar? – Ela perguntou, olhando-o de cima à baixo e lançando um sorrisinho sacana.
- Vim ver meu amigo, Percy! – Raul exclamou, desconsiderando-a apesar da beleza.
- Como devo anunciá-lo? – Ela perguntou, percebendo o corte cirúrgico por parte dele.
- Raul Cortez! – Ele pontuou.
A jovem enfermeira adentrou o apartamento, parecendo incomodada com o descaso do bonitão. Demorou-se um pouco à voltar, mas, Raul manteve-se paciente.
- O senhor pode entrar! – Ela disse, insatisfeita.
Raul a seguiu até os aposentos de seu amigo. Ele estava em sua cadeira anatômica, observando a janela. – E aí, vagabundo, como está? – Percy disse, rindo. A enfermeira não imaginava que seu paciente fosse ficar tão animado com a visita. – Vanessa, nos dê licença, por favor!
- Estou fodido, mas, você parece bem! – Raul exclamou, sentando-se ao parapeito, frente aos olhos dele.
- Estou feliz que tenha vindo me ver, já faz algum tempo desde nosso último encontro! – Percy pontuou. – Fique para o jantar, a Vivi vai adorar!
- Ficarei por você! – Raul disse, engolindo em seco.
- Isso me alegra! – Ele exclamou.
- Como estão as coisas por aqui? Precisam de algo? – Raul questionou, realmente preocupado.
- Está tudo bem, a Vivi conseguiu um ótimo emprego. Ela é minha salvação! – Percy exclamou, parecendo orgulhoso, mas, seu amigo sentiu um enorme aperto no peito.
- A Victória é uma ótima garota! – Raul exclamou, sorrindo um pouco sem graça.
Percy não fazia ideia de que Raul bancava seu tratamento, seus remédios, seus cuidadores e todas as despesas de sua casa, incluindo os luxos de Victória. O apartamento onde moravam também pertencia à ele, bem como a empresa onde ela trabalhava.
- Como estão Marco e Mônica? Não os vejo há algum tempo! – Ele questionou.
- Estão bem. Marco foi para a França com a noiva e Moe está em casa com minha esposa e enteada! – Raul esclareceu, evitando tocar no nome de Cristina. Isso não seria nada confortável, para nenhum dos dois.
- Você ainda está em atividade ou o Fico Terceiro já assumiu? – Percy perguntou, parecendo bastante interessado.
- Até o momento só existe Fico Segundo! – Raul exclamou, sorrindo de um jeito malicioso. Seu amigo riu amplamente.
- Tu lembra da primeira vez que fomos pra tranca? – Percy perguntou, rindo.
- Culpa sua, foi cobrir o sargento de porrada. Tava pensando em quê? – Raul exclamou, rindo ainda mais.
- O filho da puta ficou todo ferrado! – Percy disse.
- Pode crer! – Raul completou.
- Tu não tinha nem bigode quando entrou pro quartel! – Percy sacaneou com ele.
- Porra, vacilo falar isso! – Raul disse, rindo outra vez.
- E aí seus maloca! – Victória disse, entrando repentinamente no quarto.
- Qual é Vivi? – Raul perguntou, cumprimentando-a de longe.
- Vocês estão com cara de quem está aprontando! – Vic exclamou, rindo e se aproximando de seu pai. Ela o abraçou e deu um beijo em sua testa.
- É só resenha! – Percy exclamou, rindo.
Após alguns minutos, Vanessa parou na porta do quarto e disse: – Senhor Chaccón, está na hora do seu jantar, posso servir?
- Claro! – Ele respondeu. Victória o conduziu até a sala de jantar, sendo seguida por Raul.
Antes que pudessem se acomodar à mesa, o celular dele tocou. Raul pediu um minuto para atender e voltou para o quarto de Percy, sentando-se novamente no parapeito da janela. Do outro lado, Caio Valério aguardava.
- Salve meu padrinho! – Valê exclamou.
- Dá o papo! – Raul exigiu.
- Pegamos dois aqui no beco dando mole. O senhor quer dar um confere? – Valê perguntou.
- Amacia eles aí, chego em meia hora, já é? – Raul exclamou, desligando em seguida.
Raul voltou para a sala de jantar, um pouco acelerado, mas, ainda assim, tentando manter o clima ameno. Sentou-se ao seu lugar, mas, sua cabeça não parava de fervilhar.
- Tá tranquilo? – Percy questionou.
- Tô sim irmão, mas, não vou poder ficar para a sobremesa! – Raul exclamou, tentando não prolongar muito a conversa.
- Função? – Percy insistiu.
- É por aí! – Raul disse, concentrando-se em seu prato.
Victória ficou excitada ouvindo-o falar como um delinquente. Achou por bem passar um de seus pés pela perna dele, mas, ele desviou seu toque, surpreendendo-a.
- Por que a Mônica não veio? – Ela questionou, aborrecida com ele.
- Ela e as meninas estão preparando as coisas pra voltarmos pra Califa! – Raul disse, desconsiderando seu tom.
- Nossa, mas, vocês acabaram de chegar! – Vic exclamou, revirando os olhos.
- Eles têm assuntos à resolver! – Percy pontuou. Raul assentiu.
- Que correria! – Ela disse, revirando os olhos. Enquanto alimentava Percy, Vanessa estava observando Raul, e seu jeito abusado irritava Victória.
- Pior Vivi! – Ele exclamou, sorrindo de um jeito tímido. O coração dela tamborilou.
- Pelo menos você veio nos visitar! – Ela disse, fazendo-o engolir em seco.
- Eu não iria embora sem me despedir! – Raul exclamou, tentando parecer casual.
- Bom senso, não é, amado! – Vic pontuou, revirando os olhos. Raul sabia que ela podia ser rancorosa às vezes, mas, suas indiretas estavam ferrando com ele.
- Nunca errou! – Ele disse.
- Quando vocês voltam? – Ela questionou, surpreendendo à todos.
- Não sei dizer, temos muitos perrecos pendentes! – Raul pontuou, tentando esquivar-se.
- Aposto que sim! – Vic exclamou, lançando um olhar efusivo para ele.
- Deixa baixo! – Ele pediu.
- Como sempre! – Ela declarou, dando um chute na canela dele.
- Obrigado pela recepção, meu cria! – Raul disse, tentando disfarçar a dor.
- Porra, já vai? Mal tocou na comida! – Victória questionou.
- Eu preciso ir, sinto muito! – Ele lamentou, levantando-se. Ela também se levantou, seguindo-o até a porta do apartamento. Ele podia ouvir seus passos pesados, e isso o deixava temeroso.
- O que está rolando contigo? – Ela questionou, segurando a porta.
- Vamos conversar ali fora, por favor! – Ele pediu, sussurrando. Ambos saíram, ela fechou a porta atrás deles.
- Por que você vai embora, amor? – Vic perguntou, puxando-o pelo braço.
- Tô na atividade! – Raul esclareceu, tentando livrar-se dela.
- Você está agindo de um jeito muito estranho! – Ela exclamou, revirando os olhos.
- Presta atenção boneca, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance pra que você e o coroa fiquem na boa, mas, nosso lance acabou! – Ele exclamou, beijando o rosto dela.
- Do que você está falando? Por quê? – Victória exigiu, seguindo-o pelo corredor.
- Porque a casa caiu. Melhor você ficar na encolha e não aparecer por um tempo. Se precisar de alguma coisa, chama no pré-pago! – Raul disse, parando frente à porta do elevador.
- Caralho, que merda, eu não quero dinheiro, quero você! – Ela exclamou, parecendo aborrecida.
- Acha que isso não dói em mim, meu amor? Mas, a única coisa que posso te dar é dinheiro! – Ele admitiu, selecionando o andar do piso térreo.
- Não faça isso comigo! – Ela exigiu, e ambos adentraram o elevador.
- Me perdoe por isso, mas, as coisas estão complicadas pro meu lado! – Raul disse, e ela o agarrou. As portas fecharam. Ele a acolheu em seus braços.
- Você veio aqui pra terminar comigo? – Vic questionou, com lágrimas nos olhos.
- Não chora, amor, tem que ser assim! – Ele pediu, limpando as lágrimas dela.
- Eu te amo! – Victória exclamou, beijando a boca dele.
- Eu também te amo, Vivi, mas essa parada tá errada. Você tem que seguir sua vida! – Ele lamentou, e um nó se formou em sua garganta ao ver o sofrimento dela. As portas do elevador abriram, ambos se afastaram.
Raul saiu do prédio, imaginando que Victória não aceitaria o término. Essa não era sua maior preocupação, mas, ainda assim, o pensamento pairava por sua mente. O trânsito à sua frente parecia suas ideias mais frenéticas. Ele não gostaria de chorar perto dela, por isso, seu carro foi o confessionário. Ele esvaziou seu cantil de whisky, tentando amenizar.
Ao chegar à zona portuária, ele se lembrou da madrugada lancinante que teve. O momento não correspondia ao status quo, ele estava ali por outro motivo. O fardo da chefia era pesado, mas, ele tinha o costume de suportar. Desceu do carro e se encaminhou para a entrada.
- Qual é, neguinho, onde pensa que vai? – O segurança do local exigiu, colocando o cano na cara dele.
- Porra, Gilmar, tu é o bicho! – Raul exclamou, rindo e abraçando seu amigo.
- Satisfação, meu padrinho! – Gilmar disse, na sagacidade.
- Cadê os moleques? – Ele questionou.
- Lá no fundo, patrão! – Gilmar exclamou, apontando com os olhos. Suas mãos estavam ocupadas com uma AK47.
- Vamos passar esses filhos da puta! – Raul disse, encaminhando-se para dentro. Gilmar o seguiu. Ao chegarem, encontraram Valê e Fredo, apavorando os malucos. – Quem são esses caras?
- Dois cabeças secas que estavam na minha cola. Satisfação, padrinho! – Fredo exclamou.
- Porra, agora vocês arrastam os botas? Qual é a cena? – Raul disse, revirando os olhos.
- Eles chegaram metendo moral e pedindo grana! – Valê esclareceu.
- Que grana, seus merdas? – Raul questionou, antes de dar um tapa na cara de cada um dos filhos da puta que estavam amarrados.
- Aquela do depósito do Ortega! – O meganha da direita respondeu.
- Quem me garante que não foram vocês que passaram fogo naquela porra e sumiram com o dinheiro? Cês tão de sacanagem comigo, caralho? – Raul exigiu, transparecendo aborrecimento.
- Não senhor! – O meganha da esquerda exclamou.
- Bota esses merdas de volta no saco! – Raul exclamou, e Gilmar se adiantou.
- Não, pelo amor de Deus, senhor! – Eles imploraram.
- Pelo amor de Deus o quê, filho da puta? – Raul questionou, se aproximando.
- O Ortega quer um nome, ele tá pressionando! – O meganha da direita exclamou.
- Vou mandar tua língua pra ele, acha que vai servir? – Raul pontuou, rindo da cara deles. – Não fode, porra!
- Não coloca a gente no saco, a gente fala! – O meganha da esquerda implorou.
- Fala o que, caralho? – Raul exigiu.
- Onde o Ortega está! – Ele exclamou.
- Tem mais algum cu azul envolvido? – Raul inqueriu, enfiando o cano na boca do cara.
- Não tem não, senhor! – O meganha da direita exclamou.
- Tem certeza, filho da puta? Não vou perguntar outra vez! – Raul exigiu, destravando a arma.
- Tenho sim, senhor! – Ele exclamou, engasgando.
- Dá o papo logo, vou largar o dedo! – Raul pontuou, colocando o dedo no gatilho.
- Ele tem uma concessionária no Brooklyn! – Ele respondeu. Raul explodiu a cabeça do meganha da esquerda.
- Passa esse otário aí e some com tudo! – Raul disse, recebendo um lenço de Valério e limpando o cano de sua arma.
- Entendido, patrão! – Fredo exclamou.
- Você não, porra, os dois aí. Você vem comigo! – Raul pontuou, saindo do local. Ele o seguiu imediatamente.
- O que o senhor precisa? – Fredo questionou.
- De onde saíram esses caras? – Ele exigiu, guardando sua arma.
- São dois idiotas aqui da área. Vieram falando que queriam uma grana pra sumir, porque o Ortega tá pressionando, querendo saber quem foi o responsável pela operação na boate e os caralhos! – Fredo esclareceu.
- De certa forma, eles conseguiram sumir! – Ele zombou.
- Podemos dizer que sim, mas, o que faremos com o Ortega? – Fredo perguntou.
- Vamos ter que passar esse filho da puta logo! – Raul pontuou.
- Claro, padrinho! – Fredo concordou.
- Aquele merda abriu caminho para o Galindo, mas, nós vamos fechar! – Ele esclareceu. – E o Caíto, descolou alguma coisa?
- Sei que o senhor não quer minha opinião, mas, acho que ele não tem nada à ver com as cagadas da Cecília! – Fredo pontuou.
- Pode falar, moleque, qual foi? – Raul questionou, sacando um cigarro e acendendo.
- Levei um papo com a Victória, e pelo jeito, a Cecília só estava querendo arrumar um acompanhante para a Mônica ir ao casamento. Nada à ver com o comando ou qualquer coisa parecida. Acho que ela não tinha noção de quem o Menéga realmente era! – Fredo pontuou, acendendo um cigarro também.
- Impossível, porque o Menéga já era sócio do Ortega antes mesmo de iniciarmos nossas operações com a P.C Média. Não precisa se culpar pelo que aconteceu com ele. Uma hora ou outra a casa ia cair! – Raul esclareceu.
- Espera, o senhor quer dizer que ele já era faccionado quando me pediu para apresentá-los? – Fredo questionou, completamente perturbado.
- Exatamente; ele vinha tentando me vender a operação do Ortega há uma cota. O Caíto vivia me enchendo o saco pra armar um encontro, mas, como o Menéga era um cagoete filho da puta, e eu não gosto de trabalhar com gente assim, nunca aceitei! – Raul pontuou.
- Porra! – Fredo exclamou, esfregando o rosto nervosamente.
- Me desculpe por não ter dado o papo logo de cara, mas, não sei o quanto o Caíto está devendo nessa, então, tenho que ser cauteloso! – Raul exclamou, apertando o ombro do afilhado.
- Quem é o Galindo? – Fredo perguntou, tentando entender.
- Um bostinha que vive na fronteira com o México, brincando de chefe de Cartel com os índios e os Yankees! – Raul exclamou, revirando os olhos.
- Caralho, padrinho, esse puto fornece pro Ortega? – Ele questionou, demonstrando preocupação.
- É por aí! – Raul exclamou.
- Vamos derrubar o barraco desses comédias! – Fredo pontuou, sentindo raiva por ter sido usado por alguém que considerava amigo.
- Vamos sim, mas, na calma. Não quero erros nessa parada! – Raul disse, jogando a bituca fora.
O celular pré-pago de Raul tocou mais uma vez, do outro lado, um de seus braços, Arturo Urquiza, vulgo Argentino. Ele pediu um tempo para atender, afastando-se um pouco de Fredo.
- Padriño! – Arturo cumprimentou.
- Fala aí, irmão! – Raul respondeu.
- Se liga, chefe, tem uma pica com o Romero pra resolver! – Ele exclamou.
- Caralho, Argentino, pica é o que eu tenho, isso aí é uma rola que puta que pariu! – Raul disse, gargalhando.
- Já está voltando? – Arturo questionou, rindo muito também.
- Aguenta a mão aí, meu braço, chego amanhã! – Raul esclareceu, acendendo outro cigarro.
- Já é! – Ele disse, antes de desligar. Raul voltou ao encontro de seu afilhado, que parecia bastante desconfortável. Gilmar e Valê saíram do galpão. – Qué passa?
- Tudo certo no bagulho! – Gilmar exclamou.
- Vamos vazar daqui! – Raul disse, encaminhando-se para seu carro.
- Pode crer! – Gilmar confirmou, dando área também.
- Até que foi suave! – Valê exclamou, esfregando o rosto nervosamente.
- Vai se foder, Caio! – Fredo disse, segurando-o pela gola da camisa.
- Caralho, qual foi? – Valê exigiu, espantado.
- Qual foi o quê, porra? Esses filhos da puta vieram atrás de mim por causa das suas ambições. Quando pretendia me contar sobre sua “amizade” com o Menéga? É melhor tu pedir pra sair, senão, eu vou te ripar, vacilão do caralho! – Ele exclamou, empurrando Caio.
- Tá falando de quê? – Valê questionou.
- Acabei de fazer papel de otário pro patrão, tentando limpar sua água, e você de conchavo com a concorrência? Quero você fora do comando e da cidade. Tem até amanhã! – Fredo disse, virando-se para ir embora também.
À caminho de seu carro, Fredo ligou para Raul e explicou o que havia acabado de acontecer. Ele lamentou a decisão, mas, não questionou, pois, o Gago fez o que tinha que fazer. A situação entre os dois se tornou insustentável quando os vacilos da família de Caio repercutiram sobre a rotina de Fredo.
Ao chegar na garagem do prédio de Mônica, o pré-pago de Raul tocou novamente. – Padriño, escuta me! – Valê exclamou, apavorado.
- Caíto, essa porra tinha que acontecer! – Raul pontuou severamente.
- Eu vou ser penalizado por causa de uma cagada de adolescente? – Ele questionou, parecendo bastante aborrecido.
- Você sabe que não é só isso. Se a Cecília transitava livremente pelo território inimigo, é porque tem coisa errada. Considere-se com sorte, está saindo vivo. Faça o que o Gago mandou! – Raul disse, preparando-se para encerrar a chamada.
- Porra, padrinho, te acompanho há mileduque! – Ele exclamou.
- Não fode, Caio. O decreto começa correr à partir de amanhã! – Raul exigiu, encerrando a chamada.
Ele se encaminhou para o apartamento, com a cabeça pesada, cheio de paranoias. Todas as merdas aconteceram de uma vez, e ele lamentava ter que fazer tudo tão às pressas. Ao chegar, pegou a chave e destrancou a fechadura.
Denise se adiantou e abriu a porta, exigindo: – Tu tava onde, porra?
- Negócios! – Ele exclamou, passando por ela e encaminhando-se para o banho.
- Me fala, Raul, onde você estava? – Ela exigiu mais uma vez, puxando-o pelo braço.
- Abaixa o tom! – Raul pontuou, encarando-a seriamente.
- Tu tava com aquela vagabunda? – Denise gritou, empurrando-o.
- Tava na puta que pariu, foda-se onde é que eu tava, caralho! – Ele gritou de volta, afastando-se dela. Denise deu um tapa na cara dele. Raul ficou vermelho de raiva.
- Olha como fala comigo, filho da puta! – Denise exigiu, tentando se aproximar. Raul segurou as mãos dela antes que o batesse novamente e encarou seus olhos com uma fúria jamais vista.
- Nunca mais me chame assim, ou, essa porra não vai acabar bem! – Ele exclamou, soltando-a e se encaminhando para o banheiro.
- Agora você me ameaça? – Denise o seguiu, questionando.
- Escuta aqui, meu amor, eu não sou homem de ameaças, mas, também não sou de machucar mulheres. Não me provoca, caralho! – Raul pontuou, encarando-a. Ela avançou sobre ele.
- Vai fazer o que? – Denise exigiu. Raul foi sobre ela, pegando-a no colo. O vestido dela subiu.
- Vou te foder! – Ele respondeu, afastando a calcinha dela, penetrando-a em seguida. Ela gemeu e arqueou a coluna, sentindo sua pele estremecer.
- Cachorro! – Ela disse, mordendo o lábio inferior antes de beijá-lo. As penetrações ficaram mais rápidas e profundas. Ele rasgou o vestido dela, expondo seus seios, chupando seus mamilos em seguida. – Ai caralho! – Ela gemeu.
- Fala que me ama! – Ele exigiu, colocando-a no chão, virando-a contra a parede e penetrando-a por trás com voracidade. Ele agarrou o cabelo dela, fazendo sua cabeça encostar contra seu peito. – Fala, caralho!
- Eu te amo! – Ela gemeu mais uma vez. Ele deu um tapa na bunda dela, antes de rasgar completamente seu vestido.
- Fala mais uma vez, eu não escutei! – Raul exigiu, soltando seu cabelo e agarrando seu quadril.
- Eu te amo, porra! – Ela gritou, empurrando contra ele, aumentando a intensidade da foda.
A intimidade dela se apertou em torno dele, fazendo-o suspirar. Suas transas costumavam ser intensas, mas, nenhuma como essa. Ela sabia o quanto podia ser perigoso provocá-lo, mas, isso a deixou com muito tesão. Ele mordia o pescoço dela, enquanto empurrava com força para dentro. Os dois gozaram juntos.
- Você me ama? – Ela questionou, virando se para ele, buscando o fôlego e tentando conter os tremores de suas pernas.
- Eu te amo, minha gostosa! – Ele respondeu, puxando-a para si e beijando-a.
- Tá falando da boca pra fora? – Denise perguntou, encarando seus olhos.
- Claro que não, amor! – Raul pontuou, apertando-a em seu abraço. – Eu prometi que não iria mais te trair, estou cumprindo minha promessa, então, não fica no meu pé!
- Onde você estava? – Ela questionou, beijando-o em seguida.
- Denise! – Ele exclamou, revirando os olhos.
- Me fala, amor! – Ela pediu, apertando-o. Ele a puxou para baixo do chuveiro, tirou o resto da roupa, abriu o registro e a água quente caiu sobre os dois.
- Eu tava em uma missão, passei dois canas e exclui um dos meus braços por insubordinação! – Raul respondeu, apertando-a novamente. – Satisfeita?
- Porra, Raul, que merda! – Denise exclamou, parecendo espantada.
- Você não deveria ouvir essas coisas, mas, se faz questão, vou te contar tudo, tá certo? Eu tô te dando o papo porque te amo, mas, para de ficar me pressionando! – Ele pontuou, beijando-a.
- Você me ama? – Ela perguntou, sorrindo de um jeito sacana.
- Pra caralho; acha que eu deixaria você mandar em mim se não amasse? Mas, para com essa porra dessa fanfarronice! – Raul exclamou, dando um tapa na bunda dela.
- Você é tão mandão, isso me deixa excitada! – Denise pontuou, mordendo o lábio inferior dele.
- Foi por isso que você quis me dar, não foi, safada? – Ele questionou, beijando-a intensamente.
- Convencido! – Ela exclamou, apertando-o.
- Gostosa! – Ele disse, segurando o cabelo dela.
- Me chupa! – Denise pediu, fazendo-o descer até o meio das pernas dela. Os gemidos vieram em seguida, quando ela sentiu a língua dele percorrer sua intimidade.
Terça-feira, 05:00 AM
Raul estava na cozinha, passando um café e pensando em sua árdua caminhada. Herdar o comando do seu pai foi a pior merda que poderia ter acontecido, ele só queria ser um advogado, tocar a vida um dia de cada vez, sem tantas preocupações com segurança e lealdade.
- Bom dia, pai, caiu da cama? – Mônica perguntou, aproximando-se dele.
- Bom dia, minha vida, eu nem subi nela! – Ele exclamou, abraçando-a e dando um beijo em sua testa. – Desculpe pelo tumultuo ontem, não queria que as coisas chegassem à esse ponto!
- Relaxa, a vida é assim! – Moe disse, sentando-se frente à bancada.
- Quer café? – Ele perguntou, pegando duas canecas e servindo.
- Claro! – Ela exclamou, recebendo seu elixir.
- Porra, a Denise tá foda, toda hora me enchendo de perguntas! – Raul disse, sentando-se ao lado dela.
- É por isso que não vou me casar! – Moe exclamou, tentando conter o riso.
- Faz muito bem! – Ele pontuou, revirando os olhos antes de sorrir.
- Acha que é uma boa ir pra Charming com vocês? – Moe questionou, bebendo seu café.
- Claro, você não pode me deixar sozinho com aquela megera! – Raul disse, rindo.
- Para pai, ela só quer o seu bem! – Moe disse, rindo também.
- Você está pronta para assumir a frente? – Ele questionou, encarando-a.
- Estou sempre pronta! – Ela exclamou.
- Vamos nos encontrar com o Romero hoje à noite! – Raul pontuou.
- Beleza, vamos cair pra dentro! – Ela disse, bebendo mais café.
- Acha que pode assumir o lugar do Caio na P.C Média? – Ele questionou.
- Poder eu posso, mas, não sei se quero! – Moe pontuou, rindo.
- Você disse que estava pronta para ir de frente, como não quer? – Raul perguntou.
- Não quero ficar presa numa sala, cercada por engravatados. Quero cair pra dentro, no campo, do seu lado. Vamos meter marcha, resolver essas picas! – Moe disse, surpreendendo-o.
- Você não nega o sangue, é mesmo neta do Filipe! – Ele exclamou, sorrindo. – Vou passar os negócios na P.C para o Marco!
- Acha que o Gago vai dar conta? – Moe perguntou.
- O Gago não está aguentando a pressão sozinho, e o seu irmão precisa aprender a fazer o corre! – Raul esclareceu, acendendo um cigarro.
- O senhor tem alguma coisa à ver com o sumiço do Menegazzo? – Ela questionou, pegando o cigarro dele e tragando antes de devolver.
- Eu mandei o Gago passar o cara, era um vacilão! – Raul esclareceu.
- Quem é o próximo? – Moe questionou mais uma vez.
- O Pedro Ortega! – Ele admitiu.
- Nós dois vamos passar esse cara, deixa o Gago fora da parada. Chama o Gilmar e o Argentino, eles são mais discretos! – Moe pontuou.
- Como você soube? – Raul perguntou, parecendo surpreso.
- De onde eles tiraram a ideia de explodir o estoque do cara? Essa parada tá rolando nas ruas! – Moe exclamou, revirando os olhos.
- Foi ideia do Otto! – Ele disse, rindo.
- O Otto não manja nada de ações em campo, o lance dele é tecnologia. Pensando bem, acho que vou trazer o Argentino pra cá e vamos subir pra P.C Média. Esses caras estão vacilando demais! – Ela pontuou seriamente.
- Acha que a Bianca toparia entrar de frente contigo? – Raul questionou, se animando com a sagacidade de sua filha.
- Ela sempre me disse que queria abrir uma grife e os caralhos, acho que pode ser um bom lance pra lavar dinheiro. Moda gera alto, além de não chamar atenção! – Moe expos.
- Por mim tá fechado, joga o papo nela durante a viagem. Quanto ao Argentino, vai ter ideia pra bolar na Califa, mas, acho que pode acontecer sim! – Raul exclamou, sorrindo.
- Você tem certeza de que me quer de frente? – Moe questionou, enquanto bolava um baseado.
- De hoje em diante, o comando é seu, só vou acompanhar! – Ele pontuou denotando sua assertividade.
- Primeiro passo é ripar o Ortega e incorporar os remanescentes, depois, vamos empurrar os cretinos pra lá da fronteira. Pelo amor de Deus, chega de explosões em solo americano, caralho, isso deixa todo mundo em choque e coloca o puto do Romero no nosso pé! – Moe pontuou.
- Te ensinei direitinho! – Raul exclamou, gargalhando.
- Esquematiza a operação com o Gilmar, quando voltarmos pra cá, vamos varrer esses comédias! – Ela disse, acendendo o baseado.
- Missão dada é missão cumprida, minha rainha! – Raul exclamou, olhando para ela com orgulho.
- Achei que eu fosse sua rainha! – Denise disse, se aproximando dos dois.
- Dá um bola aí e relaxa! – Ele pontuou, recebendo o baseado e tragando profundamente. Raul passou o baseado para ela.
- Avisa o Argentino que é pra levar dinheiro, pó e uns ferros pra acalmar o Romero. Aquele cara é um atrasa lado, sem comissão ele vai ficar embaçando! – Moe pontuou, pegando seu baseado de volta. – Vou subir, arrumar minhas coisas e acordar as meninas. Vocês dois, atividade, o voo sai às nove!
- Ela tá cheia de marra! – Denise exclamou, vendo sua enteada subir as escadas.
- Ela é a dona do comando, marra é o sobrenome dela! – Raul disse, completamente satisfeito.
- Você enlouqueceu? – Denise questionou, completamente estarrecida.
- Estou mais sóbrio do que nunca. Pensou que eu colocaria a Jordana de frente? – Ele inqueriu, sacaneando com ela.
- Nem brinca com uma coisa dessas! – Denise exclamou, estremecendo.
- Fica em paz, minha dama, só estou de sacanagem! – Raul disse, puxando-a para um abraço.
Quando Moe chegou ao seu quarto, Bianca e Jordana já estavam fechando suas malas. Jordie já havia separado os looks de sua irmã e os colocado sobre a cama.
- Está tudo bem, amiga? – Bianca questionou, aproximando-se dela.
- Tranquilo. Precisamos conversar sobre aquela sua ideia! – Moe exclamou, tragando antes de passar para ela.
- Sério? Caralho, quando? – Bianca ficou animada.
- Vou resolver umas paradas na Califa, quando voltar, tu vem comigo e fechamos esse esquema. Mas, é um lance para o comando, tudo bem? – Ela questionou, encarando-a.
- Claro amiga, o que precisar! – Bianca exclamou, tragando o baseado.
- Acha que o Jax vai embaçar? – Moe perguntou, colocando suas roupas na mala.
- Eu e o Jax não estamos bem há um tempo, ele não tem que falar porra nenhuma! – Ela pontuou, revirando os olhos.
- Amiga, nós precisamos ter certeza do que estamos fazendo. Não seria o caso de bolar uma ideia com ele? – Moe questionou.
- E falar o que? – Bianca exigiu.
- Essa parada não é um lance passageiro, vamos precisar ficar aqui permanentemente! – Moe esclareceu. – Pensa um pouco, depois a gente conversa, fechou?
- Tem um lugar pra mim nesse lance? – Jordie perguntou, se aproximando.
- Por enquanto não, baixinha. Você é muito nova! – Moe disse, abraçando-a.
- Não quero mais morar em Charming, aquele lugar é um buraco de merda! – Jordie lamentou. Moe caminhou ao lado dela até a varanda.
- Essa cidade corrompe as pessoas, não é lugar pra você. Tem que fazer sua cabeça, se fortalecer antes de cair pra selva, entendeu? – Moe esclareceu.
- Você não vai me deixar apodrecendo lá, não é? – Jordie questionou.
- Claro que não, meu anjo, relaxa. Só que não posso te colocar no comando! – Ela pontuou, encarando a irmã.
- Isso é uma merda! – Jordie lamentou.
- Estou fazendo o possível pra adiantar nosso lado, mas, essas coisas levam tempo. Não quero vocês duas no crime, sei que meu pai também não quer. Essa pica é minha e do Marco! – Moe pontuou.
- Não entendo por que eu e a Bibi estamos fora! – Jordie exclamou.
- Porra, baixinha, eu e o Marco fomos criados pra ser frente, abrir caminho seguro para vocês passarem. Essa parada é muita sujeira, tá sabendo? Vocês vão ficar bem, mas, longe dessa vida! – Moe esclareceu, recebendo o baseado de sua amiga.
- Quer dizer que você assumiu o comando? – Bianca questionou, parecendo espantada.
- Não oficialmente, mas, assumi sim! – Ela pontuou, tragando profundamente antes de apagar a ponta no cinzeiro.
- Caralho, Mônica, o papai se aposentou? – Jordie perguntou, perplexa.
- Jamais, o velho é meu braço. Por hora, vamos esquecer essa porra, temos um voo para embarcar! – Moe exclamou, rumando para pegar sua mala.
Eles voltaram para Charming. Cada qual trazia consigo uma sensação diferente. Moe estava ansiosa com as novas responsabilidades, mas, queria muito reencontrar seu antigo affair, o argentino que ela mais gostava nesse mundo. Bibi e Jordie estavam animadas, pois, planejavam uma rave cabulosa na fazenda dos pais de Bianca. Denise estava com raiva e ciúmes. Raul estava chateado com o término, e acabou mantendo-se mais afastado que o normal.
22:00 PM – Charming, CA
Em uma clareira, logo ao fundo do condomínio Charming Heights, Mônica e seu segurança aguardavam a chegada de Romero. Apesar de ser sua primeira vez como frente do comando, ela estava calma. Arturo fumou vários cigarros, temendo pela vida dela.
- Relaxa, lindinho, nós vamos dobrar esse maluco! – Moe disse, sorrindo para ele.
- Você me surpreende à cada dia. Como pode estar tão calma? – Ele questionou.
- Os federais querem o mesmo que nós, evitar uma guerra criando uma guerra. Vai dar certo, confia! – Moe disse, dando um selinho nele.
- Eu confio em você com a minha vida, mas, não confio nesse vira folha! – Arturo pontuou.
- O que aconteceu em Nova York adiantou os planos na mudança de liderança, mas, é melhor assim, meu pai já estava ficando visado demais! – Moe esclareceu, acariciando o rosto dele.
- Você é muito jovem para esse trabalho, isso me preocupa! – Ele lamentou.
- Contigo ao meu lado, vou dar conta! – Moe disse, encarando-o, com um sorriso tímido nos lábios.
- Você só me ilude! – Arturo exclamou, rindo e beijando-a em seguida. Moe se sentia segura ao lado dele.
- Jamais, sabe o quanto te considero. Nós dois somos fechamento certo, eu quero muito que você vá pra Nova York ficar comigo! – Ela exclamou, retribuindo o beijo.
- Se o Gago não zicar! – Ele disse, revirando os olhos.
- Quem te falou sobre o Gago? – Moe questionou, sorrindo de um jeito sacana.
- Esse lance de vocês é sério? – Ele perguntou, parecendo incomodado.
- Não rolou nada demais, não se preocupe! – Moe exclamou, beijando-o outra vez. Ela gostava do jeitinho ciumento dele.
Alguns minutos depois, os faróis da Hammer pontaram na estrada. Romero estava chegando. Os dois desceram do carro e aguardaram entre as árvores, porque nenhum deles confiava no cara. Ele se aproximou, apagou os faróis e desceu sozinho. Arturo destravou sua arma, enquanto caminhava atrás de Moe para junto dele.
- E aí milica, o que manda? – Moe questionou, encarando Romero.
- O que vocês vão fazer à respeito do desacerto em Nova York? – Ele questionou, acendendo um cigarro.
- Vamos expandir os negócios, e o Galindo vai ter que se render; essa competição está chamando atenção demais! – Ela pontuou.
- Acha que vai conseguir acalmar os ânimos? – Romero questionou, sorrindo para ela.
- Dinheiro tem um efeito calmante nas pessoas! – Moe esclareceu, sinalizando para que o Argentino entregasse os malotes e o resto das mercadorias.
- Muito esperta! – Romero disse, com um brilho nos olhos ao notar quanta grana havia acabado de entrar.
- Não é expertise, é gestão, tá sabendo? Não quero barulho nas ruas, os negócios fluem melhor no sigilo! – Moe pontuou, acendendo um cigarro também.
- Não vai ser fácil! – Romero exclamou.
- Deixa de corpo mole, malandro; não tem nada fácil nesse ramo, mas, se eu adianto desse lado e você adianta do lado de lá, não tem erro! – Moe disse, pressionando-o.
- Seu velho te ensinou direitinho! – Romero disse, rindo.
- É o seguinte, vocês vão receber todo o apoio, mas, quero disposição, tá ligado? Quem resistir, é pra passar! – Moe exclamou, tragando profundamente.
- Não acha que vai dar muita goela? – Romero questionou.
- E quem falou que é pra explanar? O comando não deve ser mencionado! – Ela pontuou.
- Isso pode dar certo! – Ele disse, rindo.
- Vai ter que dar, não tem espaço pra mancada, tá sabendo? – Moe disse.
- Você não acha que é um plano muito ambicioso? – Romero questionou.
- Você quer ficar de x9 até quando? Apaziguando os maloca, o tio Sam dorme tranquilo, então, podemos voltar a falar em ambições! – Moe exclamou, jogando a bituca fora.
- Tudo tem seu preço, tu sabe, não é? – Ele questionou.
- Cara, eu só quero paz na quebrada, não importa o preço. Qualquer coisa, só dar um salve no Argentino! – Moe disse.
- Vou levar o decreto pra cima! – Romero exclamou. Moe ouviu enquanto voltava para sua Mercedes. Acomodou-se ao lado de Argentino, que conduziria a nave. Romero se aproximou da janela, obrigando-a a baixar o vidro. – Quem nós colocaremos de frente nos postos que caírem? – Ele questionou.
- Façamos a missão primeiro, depois nos preocuparemos com quem vai fazer a frente. Atividade, milica! – Ela exclamou, subindo o vidro. Argentino se adiantou em deixar o local. Raul esperava ansiosamente em casa.
- Já era? – Arturo perguntou, parecendo espantado.
- Claro, falei que daria certo! – Moe disse.
- Tomara que não dê merda! – Ele exclamou.
- Vamos combinar uma coisa? Mesmo que dê merda, a gente só não pode morrer, de resto tá suave e o que vier é lucro!
- Morrer? Nem fodendo! – Ele pontuou.
- É isso, amor! – Ela disse.
- Acha que essa contribuição é suficiente para acalmar todo mundo? – Arturo questionou, realmente preocupado.
- Eles receberam cem quilos de cocaína pura, um barão e peças militares. Claro, é temporário, mas, tenho que ressarcir o prejuízo de alguma forma, ou, nossa operação pode ficar na mira! – Moe esclareceu, enquanto partiam para o condomínio dos Cortez. – Preciso que marque um encontro com o Galindo amanhã!
- Seu pai não vai gostar! – Ele pontuou, preocupando-se.
- Meu pai não tem escolha! – Moe esclareceu, virando-se para admirar a noite vista da janela do carro.
Eles chegaram à mansão de Raul. Argentino seguia Moe, cabisbaixo, temendo pela vida de todos os envolvidos na trama. Ela temia o próprio medo, mas, sabia que teria de manter a cabeça no lugar, suas ações pediam extrema cautela. Até o momento, as coisas estavam calmas, mas, em um minuto tudo poderia mudar. Raul ressarciu parte do prejuízo à contragosto.
Ambos adentraram o escritório dele, Argentino fechou a porta atrás de si e se posicionou frente à ela, segurando sua M16 contra o peito, mantendo os olhos fixos ao horizonte. Ele sabia que tudo quanto ouvisse ali, jamais poderia sair. Mônica era uma eximia gerenciadora de crises, todos sabiam, mas, ainda assim, temiam suas decisões.
- Como foi a reunião? – Raul questionou, levantando-se de sua cadeira para receber a filha.
- Melhor do que esperávamos. O Romero vai repassar as contribuições, informar seus superiores e organizar a operação de tomada dos comandos adjacentes. Enquanto isso, me encontrarei com Miguel e oferecerei uma trégua, caso aceite, vai nos poupar esforços desnecessários! – Moe pontuou, aproximando-se dele.
- Você não vai se encontrar com o Galindo! – Raul exclamou, parecendo aborrecido.
- Esse é o melhor caminho! – Ela disse, firmando sua posição.
- Ele vai te matar! – Raul bradou.
- Ninguém vai me matar, mas, quanto ao senhor, já não posso garantir. Aposto que o Romero tinha um sniper em algum lugar daquela clareira, apenas esperando o senhor pontar o pote. Não adianta ficar puto, temos que resolver da melhor forma, e me reunir com o Galindo é o que temos no momento! – Moe bradou de volta, fazendo-o recuar.
- Eu não te coloquei de frente para ser morta! – Raul lamentou.
- Eu não vou morrer! – Ela pontuou, aproximando-se e acariciando o rosto dele.
- Nós vamos juntos! – Ele exclamou.
- O senhor vai ficar aqui e esperar meu retorno. Vou levar apenas o Argentino, não quero que o Miguel se sinta ameaçado! – Moe esclareceu.
- Você está cometendo um erro! – Raul disse, impaciente.
- O senhor me colocou no comando porque confia em minhas decisões. Deixe-me fazer o trabalho, se não obtivermos algo positivo, retome seu posto e faça como preferir! – Moe exigiu.
- Você não pode esperar que eu me sente aqui e relaxe enquanto se arrisca dessa maneira! – Ele exclamou, puxando-a para si e beijando sua testa em seguida.
- Não estou pedindo que relaxe, estou pedindo para confiar em meu julgamento. Para que possa fazer o trabalho bem-feito, preciso que me apoie nas decisões que terei de tomar. Não quero tirar sua autoridade, quero reforçá-la, e se isso significa que precisamos de mais aliados, é isso que vai ser feito! – Moe disse, abraçando-o.
- Nós demos cabo do Menéga e de dois cabeças secas que estavam ameaçando abrir o bico, o negócio foi limpeza! – Raul exclamou, voltando para sua cadeira. Moe tomou um lugar frente à mesa dele.
- Esse tipo de coisa não vai mais acontecer. Pretendo realizar a visão do meu avô, com o menor custo de sangue possível. Quero que o senhor viva para poder ver seus netos crescerem! – Ela pontuou, cruzando as pernas preguiçosamente e acendendo um cigarro.
- Como pretende fazer isso? – Ele questionou, parecendo preocupado.
- Vamos tirar a sujeira das ruas, investir em negócios mais legítimos e ocultar nosso esquema de forma civilizada. Meu avô tinha a visão, mas, não tinha as ferramentas. Podemos acabar com os ratos, alimentar a mídia com os maloca mortos e promover alguns políticos, jogando no colo deles a limpeza das ruas. Chega de ficar dando a cara por qualquer intriga. Nós ganhamos rios de dinheiro, mas, ainda temos que lidar com tudo pessoalmente, isso precisa parar! – Moe esclareceu.
- E como o Galindo vai contribuir com a visão do meu pai? – Raul indagou, um tanto confuso.
- Com mãos, tem muita gente correndo por ele além da fronteira. Ele e o Salvador podem melhorar e muito nossas rotas na América Latina. Ganhamos território, melhoramos as condições dos envolvidos, todos saem mais fortes com essa parada. Além disso, soube que o Galindo precisa de investidores para viabilizar alguns projetos; nós seremos essa ponte. Temos todos os contatos importantes, não vejo por que seria um problema unir os esforços! – Ela pontuou, servindo-se com uma dose de whisky.
- Isso significa que terei de acionar meus contatos? – Raul perguntou, tentando dificultar.
- Sinceramente, pai, não esperava que o senhor fôsse fazer tanto corpo mole! – Moe desabafou, parecendo decepcionada.
- Você está me disciplinando? – Ele perguntou, em tom de deboche.
- Estou deixando claro que suas birras não vão me impedir de levar o comando para o rumo certo. Gostaria de poder contar contigo, mas, se não posso, nossa conversa acaba aqui! – Ela exclamou, transparecendo seu aborrecimento.
- Seu empenho me deixa orgulhoso! – Raul disse, rindo.
- Para de palhaçada, caralho! – Moe pontuou, revirando os olhos.
- Acho que devemos trocar de lugar, vem pra cá! – Ele exclamou, levantando-se de sua cadeira novamente e rumando para frente da mesa.
- Babaca! – Ela disse, levantando-se e rumando para a saída.
- Vem aqui, meu amor, só estou brincando com você. Quero ouvir seu plano! – Raul expos, rindo ainda mais.
- Você é impossível, cara, na moral mesmo! – Moe exclamou, parando no meio do caminho.
- Faremos o que achar melhor. Confio em você! – Ele disse, tentando parar de rir. Nada o alegrava mais do que provocar sua filha.
- Se o senhor não me levar à sério, ninguém o fará! – Moe pontuou, revirando os olhos novamente.
- Eu te levo à sério, minha vida, se não fosse assim, não teria te dado o comando para administrar! – Raul esclareceu, sorrindo para ela.
- Não quero passar o Ortega sem o aval do Galindo, temos que usar essa merda à nosso favor. Entregamos os ratos na mesa dele e conquistamos sua confiança, isso somado às contribuições nos dá um trunfo, uma saída tranquila desse entreveiro do caralho que o senhor aprontou! – Ela exclamou, aproximando-se dele.
- Essa doeu! – Ele disse, fingindo estar chateado.
- Aproveite para refletir sobre seus últimos surtos. Eu te amo mais que tudo nessa vida, mas, tem de aprender à ficar frio! – Moe expôs, abraçando-o e beijando seu rosto antes de sair do escritório. Raul observou a filha com orgulho.
- Quero que cuide dela, não a deixe nem por um minuto! – Ele ordenou ao Argentino, que assentiu e seguiu Mônica até a porta de seu quarto. Montou guarda lá, pronto para derrubar qualquer um que aparecesse.
Quarta-feira, 01:00 AM
Algum tempo depois, Denise adentrou o escritório, deparando-se com Raul, esparramado em sua cadeira, com os pés repousados sobre a mesa, saboreando a dose de whisky que Moe havia abandonado.
- O que você aprontou dessa vez? A Mônica parecia bastante aborrecida quando saiu! – Ela exclamou, aproximando-se e sentando sobre a mesa, na frente dele.
- Não aprontei nada, como poderia? Você esteve no meu encalço o dia todo! – Ele pontuou, revirando os olhos.
- O que está acontecendo com você? – Denise exigiu, cruzando os braços sobre o peito.
- Tenho muitas preocupações no momento, não quero sofrer um inquérito da minha mulher! – Raul desabafou, tirando os pés da mesa e ajeitando sua postura.
- Isso não é um inquérito, apenas quero saber o que acontece com minha família! – Ela exclamou, recuando um pouco.
- Está tudo bem, só não quero falar sobre isso! – Ele esclareceu, puxando-a para seu colo.
- Acha que me deixar de fora dos problemas vai resolvê-los? – Denise questionou.
- Amor, pensei estar sendo claro quando disse que não queria ser inquerido! – Raul exclamou.
- Me sinto inútil quando me afasta dessa maneira. Só quero estar com você, é pedir muito? – Ela perguntou, com lágrimas nos olhos.
- Não faça isso comigo, você está sendo injusta! – Raul disse, secando suas lágrimas e beijando seu rosto.
- Não fazer o que? – Denise questionou.
- Para amor, assim você quebra minhas pernas. Não gosto de ver mulheres chorando, isso acaba comigo! – Ele exclamou, beijando-a.
- Se não quer que eu chore, não me exclua da sua vida! – Ela desabafou, chorando mais.
- Me desculpe pela rispidez, eu só quero que me deixe quieto com meus pensamentos! – Raul disse, apertando-a em seu abraço.
- Você perde a linha toda vez que faço alguma pergunta! – Ela exclamou, apertando-o e repousando a cabeça sobre o ombro dele.
- Se você sabe disso, pare de perguntar, minha joia! – Raul pontuou, rindo de nervoso.
- Eu te odeio! – Ela lamentou, soluçando.
- Eu te amo pra caralho, mas, tem hora que tu é foda de aguentar! – Ele disse, revirando os olhos mais uma vez.
- Babaca! – Denise exclamou.
- Um babaca sincero. Você tem que considerar isso quando fica brava com as minhas canalhices. Não omito coisas pra te sacanear, só estou tentando te proteger! – Raul pontuou, segurando o rosto dela, fazendo-a encará-lo.
- Queria voltar no tempo e não ter o conhecido! – Ela lamentou, tentando não olhar para ele.
- Caralho paixão, você está pegando pesado! – Ele disse, parecendo realmente chateado.
- É a verdade. Odeio te amar tanto! – Denise lamentou novamente.
- Não estou aqui pra te fazer mal; você quer dar um tempo? – Raul perguntou. Um nó se formou em sua garganta.
- Você quer? – Ela respondeu com outra pergunta, preocupando-o.
- Claro que não, estou bem contigo! – Ele pontuou.
- Eu também não quero, mas, acho que é o melhor a fazer, não estamos dando certo! – Denise lamentou, voltando a chorar.
- Você tá perdendo a linha sem motivo, sacanagem falar isso! – Ele disse.
- Você só vacila comigo! – Ela exclamou, encolhendo-se no abraço dele.
- Me perdoe, não é a minha intenção! – Raul pontuou, esforçando-se para não chorar.
- Se você quer terminar é só falar! – Ela disse, afastando-se um pouco para olhar para ele.
- Eu tô aqui feito um idiota, te agradando, tentando entender seu lado e você vem com essa. Tá de sacanagem? – Ele exigiu, sem conseguir conter as lágrimas.
- Não precisa ficar bravo! – Ela disse, segurando o rosto dele em suas mãos.
- Vacilo, brincar com meus sentimentos assim! – Raul exclamou, tentando livrar-se do toque dela. Havia fragilidade nele, e ela podia ver.
- Foi você quem sugeriu a separação! – Denise pontuou, tentando trazê-lo para perto de si.
- Claro, você está gerando comigo toda hora! – Ele lamentou, cobrindo o rosto e respirando fundo.
- Você sempre se esquiva das minhas perguntas! – Ela exclamou, acariciando o cabelo dele. Raul odiava chorar, isso o deixava furioso.
- Não quero responder porque é assunto do comando. Pare de misturar nosso casamento com meus negócios! – Ele bradou, tropeçando nas palavras. Denise estremeceu, pois, sabia que havia passado do ponto.
- Não sabia que era assunto do comando! – Ela disse, arrependendo-se de ter iniciado outra briga.
- Se eu disse que não quero conversar, respeita, caralho. Se fosse uma parada da nossa vida particular, abriria o jogo sem problemas, como sempre faço! – Raul exclamou, chorando mais, e isso com certeza aumentou sua raiva.
- Calma, pelo amor de Deus, você vai ter um infarto! – Denise pediu, vendo os nervos dele à flor da pele. Ela o puxou para um abraço.
- Caralho, Denise! – Ele disse.
A discussão podia ser ouvida do andar dos quartos. Moe se encaminhou para o escritório à contragosto. Ela preferia não se meter no relacionamento do pai, mas, a situação pedia intervenção. Ao adentrar o local, ela questionou: – O que está acontecendo?
- Não está acontecendo nada! – Denise exclamou, levantando-se. Moe reparou no estado em que Raul se encontrava.
- Vocês estão traumatizando minha irmã, caralho! – Ela expôs, fechando a porta atrás de si.
- Foi apenas uma discussão! – Denise disse, dando a volta na mesa.
- Não está dando pra aguentar, toda hora é um quebra pau diferente! – Moe exclamou.
- Desculpe filha! – Raul lamentou, levantando-se também.
- A Jordana está bem? – Denise perguntou, parecendo preocupada.
- É melhor você subir e acalmá-la! – Moe esclareceu, enquanto se aproximava de seu pai.
- Desculpe amor, passamos do ponto! – Raul exclamou, abraçando Moe. Ela podia sentir o coração dele agitando-se contra o peito.
- Vocês têm que parar com isso, pelo amor de Deus! – Ela pediu, completamente aflita.
Jordana desceu as escadas como um raio, esquivando-se de sua mãe. Ela temia ter sua família destruída mais uma vez, então, lançou-se para dentro do escritório, correndo para o encontro de seu pai e irmã. – O senhor está bem? – Ela perguntou.
- Estou sim, foi apenas um desentendimento! – Raul esclareceu.
- Perdoe a minha mãe, ela é muito imbecil às vezes, mas, vocês não podem se separar! – Jordie implorou, abraçando Raul e Moe.
- Nós não vamos nos separar! – Raul exclamou, dando um beijo na testa dela.
- Se isso acontecer, eu posso ficar com o senhor? – Jordie implorou, chorando copiosamente.
- Você sempre poderá ficar comigo, meu amor! – Ele disse, tentando acalmá-la.
- Não quero perdê-lo papai, não me deixe! – Ela exclamou, soluçando.
- Se nós rompermos, você vai ficar comigo! – Denise exigiu, entrando no escritório.
- Eu nunca vou sair de perto do meu pai, sua megera desgraçada! – Jordie gritou, avançando furiosamente sobre ela. Raul foi mais rápido, impedindo-a de agredir Denise. Moe colocou-se entre elas, tentando conter a madrasta.
- Ele não é seu pai, menina idiota! – Denise gritou de volta.
- Para com essa porra! – Raul bradou, sentindo seu sangue ferver.
- É sim! – Jordie exclamou, tentando livrar-se da contenção. Por um instante, Raul desejou soltá-la, mas, pensou melhor à respeito.
- Você está falando merda! – Moe pontuou, empurrando-a rumo a saída.
- Você deveria me agradecer, aposto que não gostaria de dividir sua herança com ela! – Denise gritou, completamente enlouquecida.
- Cala a boca, você tá se passando muito! – Moe exclamou, finalmente conseguindo levá-la para fora.
- Eu vou te matar, sua vadia! – Jordana gritava à plenos pulmões.
- Calma filha, ela só está com raiva! – Raul disse, ainda tentando conter sua caçula, que tinha sangue nos olhos naquele momento.
- O senhor é mais meu pai do que ela é minha mãe! – Jordie exclamou, chorando ainda mais.
- Não importa o que digam, você sempre será minha filha. Se acalme! – Ele pontuou, puxando-a para seu abraço. Jordie agarrou-se à ele como na primeira vez em que temeu o monstro em seu armário, e Raul foi até lá, certificar-se de que poderia dormir em paz.
- Eu a odeio, papai. Não me deixe com ela! – Jordie implorou.
- Eu não vou te deixar, apenas, se acalme! – Ele esclareceu, sentindo seu coração se partir.
Arturo desceu as escadas, conduzindo Mônica e Denise para a cozinha. Ela ainda estava xingando e se debatendo, mas, o Argentino tinha experiência em conter pessoas enlouquecidas.
- Você perdeu a porra da razão? – Mônica questionou, encaminhando-se para preparar um chá de camomila para a madrasta.
- Por que você se importa? – Denise questionou, ainda sob vigília do segurança.
- Desde que você e a Jordana entraram em minha vida, senti que teria uma família novamente. Não quero ver ninguém ferido ou magoado nessa porra, então, sim, eu me importo pra caralho! – Ela pontuou.
- Me desculpe! – Denise lamentou, finalmente sentando-se à bancada. Arturo não se afastou.
- Você não pode jogar tudo pro alto sempre que ficar com raiva do meu pai. Ele pode ser difícil de lidar, mas, ama muito vocês duas! – Moe exclamou, virando-se para encará-la.
- Eu não quero perder vocês! – Ela desabafou, caindo em si.
- Nós estamos fazendo o caralho pra que essa família resista, se você não colaborar, vai ser impossível. É isso que você quer? – Moe exigiu. Denise engoliu em seco.
- Eu me passei muito, não foi? – Ela questionou, parecendo chateada.
- Se passou pra caralho, mas, vou te dar um conselho que deveria ter dado à minha mãe, muitos anos atrás: nunca se coloque entre o meu pai e os filhos dele! – Moe pontuou com veemência. O Argentino riu baixinho, sabendo o quão certeira era aquela afirmação.
- Acha que ele vai me perdoar? – Denise perguntou, notando o tamanho da merda que havia feito.
- Depende da Jordana. A mágoa dela vai ditar o ritmo dele com você! – Moe esclareceu, decidindo aumentar a dose de água na chaleira. Todos precisariam se acalmar.
- Eu não imaginava que as coisas fossem tomar essa proporção! – Denise exclamou, realmente apreensiva.
- Lembre-se disso antes de voltar a falar que a Jordana não é filha dele! – Moe pontuou, completamente indignada.
- Não sei onde estava com a cabeça quando disse isso! – Denise lamentou, voltando a chorar. Moe se aproximou dela, acolhendo-a em seu abraço.
- Você se exaltou, é normal, todo mundo se exalta, mas, tem que pensar antes de falar. Aqui sempre será sua casa, e esta sempre será sua família, ainda que vocês se separem. Não há motivos para perder o que temos! – Moe disse, acariciando o cabelo dela. Denise não esperava tamanha compreensão por parte de Moe, bem como a reação apocalíptica de Jordana ao defender o padrasto.
O Argentino finalmente relaxou, sentando-se frente ao balcão e encarando o horizonte. Isso fez Moe sorrir. Ela não disse nada, mas, gostava de sua discreta companhia. Arturo admirava o jeito dela, seu tom apaziguador de conflitos o inspirava e trazia bons presságios. Esta não fora a primeira vez que presenciara um perreco dos Cortez, ele estava acostumado às tribulações de seus patrões, mas, fora a primeira vez que a situação se extinguiu com tanta tranquilidade.
Moe acabou de preparar o chá, serviu quem estava na cozinha e se encaminhou para servir os que estavam no escritório. Por lá o clima não era tão pacífico, Jordana ainda estava no veneno. Ela e Raul estavam no sofá; Jordie repousava sua cabeça em uma almofada no colo do pai, que ouvia suas queixas, enquanto acariciava seu cabelo.
- Está tudo bem por aqui? – Moe perguntou, antes de oferecer a bebida para eles.
- Claro, meu amor! – Raul exclamou, tomando seu chá. Jordie sentou-se e pegou sua xícara.
- Vou dormir, chega de confusão, por favor! – Moe pediu, lançando um olhar efusivo sobre eles.
- Só depende da megera! – Jordie exclamou, revirando os olhos.
- Eu entendo seu lado, baixinha, mas, respeita sua mãe, tá ligada? Você falou um bolão pra ela, tá errado! – Moe pontuou com veemência.
- Ela falou uma pá também! – Jordie disse, parecendo aborrecida.
- Independente, cara, tá errado. Ela é sua mãe, tem que tratar com respeito! – Moe pontuou, encarando-a.
- Eu vou pedir desculpas! – Jordie concordou à contragosto.
- É isso! – Moe exclamou antes de sair.
- A Moe está brava comigo? – Ela perguntou, encarando Raul.
- Não filha, ela só está te passando uma visão! – Ele esclareceu.
- Eu a considero muito, não quero que fique chateada! – Jordie lamentou, chorando outra vez.
- Ela também te considera, meu amor, por isso está te corrigindo! – Raul pontuou, limpando suas lágrimas.
- Desculpe papai, eu me passei muito! – Ela disse, abraçando-o.
- Já foi, agora, trate de se acalmar! – Raul exclamou, acolhendo-a.
02:40 AM
Mônica e Arturo subiram para seu quarto, e ela o convidou a entrar. Ele ponderou por alguns instantes, temendo causar mais algum conflito na casa. Ela insistiu, pois, sabia que ambos demandariam de uma conchinha sincera para superar os acontecimentos homéricos presenciados.
- Posso tomar um banho? Eu tô quebrado, na moral mesmo! – Ele disse, rindo.
- Claro que pode! – Moe exclamou, rindo também.
- Vem comigo? – Arturo convidou.
- Bora, quero muito ficar de resenha contigo! – Ela disse, seguindo-o até o banheiro. O envolvimento deles dispensava qualquer formalidade.
- Cara, o bagulho ficou louco do nada! – Ele pontuou, despindo-se e entrando embaixo do chuveiro.
- Você tem toda a razão! – Moe admitiu. Ela se sentou na beirada da banheira, ficando de frente para ele.
- Qual foi o motivo da treta? – Arturo perguntou, relaxando com a água quente que caía sobre ele.
- Sinceramente, acho que meu pai e minha madrasta não se suportam mais. Eles são muito diferentes, saca? – Ela exclamou.
- Sei qual é! – Ele disse, colocando-se à disposição para que ela desabafasse.
- O pior de tudo é que minha irmã presencia essa patifaria, e acaba ficando sequelada! – Moe exclamou.
- Ela pegou pesado com a coroa, até eu fiquei bolado! – Arturo pontuou.
- É prova que já virou bagunça essa parada! – Moe disse, demonstrando sua indignação.
- Posso te mandar a real? Nunca chegou à esse ponto! – Ele exclamou.
- Nossa, que brisa torta, não deveria ter vindo! – Moe lamentou.
- Eu tô ligado, na minha casa era mesma pira! – Arturo admitiu, parecendo chateado.
- Vamos pra casa da Bianca! – Ela exclamou.
- Seu coroa vai se bolar! – Ele disse.
- Mais? O cara já está pra lá de Marrakesh! – Moe pontuou, ressentindo-se.
- O lance é deixar que eles se resolvam, boneca. Você não é o problema, é normal as coisas saírem dos trilhos quando tem alguma mudança na rotina! – Arturo esclareceu, preocupando-se com ela.
- É nessas horas que sinto falta da minha vida em Nova York. Privacidade, sossego e zero perreco! – Moe disse.
- Zero perreco? Tá de sacanagem! – Arturo zombou, afinal, sabia de toda a movimentação.
- O que acha de tomarmos umas brejas e comermos uma porção? – Ela exclamou, rindo.
- Você sabe como me ganhar! – Ele disse, rindo também.
- Sua companhia está fazendo esse lugar valer à pena, muito obrigada! – Moe admitiu.
- Sou seu servo, tu sabe! – Ele exclamou, lançando um sorriso sacana para ela.
- Vai rolar aquela conchinha marota mais tarde? – Ela perguntou, retribuindo a sacanagem.
- Claro amor! – Ele disse, saindo do banho e envolvendo a toalha em sua cintura.
Arturo pegou um baseado e o isqueiro no bolso de sua calça. Os dois saíram do banheiro. Ele vestiu uma bermuda, ela estava de pijama. Ambos se encaminharam discretamente até a cozinha para preparar uma porção de calabresa e cebola frita, bastante carregada no limão. O resto da família estava dormindo. Os conflitos haviam sido deixados para a manhã seguinte.
Os dois se esgueiraram até a área da piscina com o fardinho de cerveja e a porção, fechando as portas da varanda, para que a conversa não acordasse os outros meliantes. As músicas antigas de Jorge e Mateus tocavam no celular de Moe, eles aproveitaram para curtir um momento casal botequeiro. O baseado foi aceso, entre os tragos e beijos, eles matavam a saudade. O verão californiano estava embalando os dois.
08:00 AM
Após toda a agitação da madrugada, Raul decidiu dormir no sofá de seu escritório. Ele não admitiria, mas, ficou bastante abalado com as duras palavras de sua esposa. As brigas do casal nunca passaram de discussões superficiais, mas, dessa vez, Denise havia o atingido onde mais dói. Ele era um pai extremamente orgulhoso de seus filhos.
Para ele, tudo que importava era a família, mesmo que fossem desequilibrados, sabia que estava pronto para matar ou morrer por cada um deles. Assim, ao questionar a paternidade de Jordana, sua esposa havia aberto uma ferida incurável em seu relacionamento. Raul não gostaria de odiá-la por isso, mas, odiou. Ele não conseguiria lidar com ela por um tempo.
Ao longe, o toque do celular pré-pago dele ressoava, as doses de whisky que adormeceram seu corpo também levaram seus sentidos; por consequência, demorou-se a acordar e encontrar o aparelho, atendendo no último toque. Fredo estava prestes a desistir.
- Quem me incomoda? – Raul divagou, ainda sonolento.
- Bom dia, padrinho, é o Gago aqui. Desculpe por ligar tão cedo! – Fredo exclamou, um tanto sem graça.
- Fala aí, Gaguinho, o que manda? – Ele perguntou, sentando-se no sofá e sentindo a cabeça girar.
- Eu preciso de um favor; na verdade, o Alexandre precisa. Esse moleque idiota foi pego vendendo receitas e acabou sendo expulso da faculdade. Tem alguma coisa que o senhor possa fazer? – Fredo perguntou, torcendo para que ele não ficasse muito puto.
- Você sabe me dizer se a faculdade chegou a processá-lo? Porque, se aconteceu alguma coisa desse nível, vai ser foda de reverter! – Raul exclamou, fechando e abrindo os olhos rapidamente, tentando fazer sua visão recuperar o foco.
- Não processaram, meu pai morreu numa grana pra fazer a história sumir! – Fredo esclareceu, sentindo-se aliviado por não levar um esparro.
- Nesse caso, podemos falar com o reitor de Stanford, talvez aceitem o meliante! – Raul pontuou, rindo.
- Caralho, padrinho, isso seria muito bom! – Ele disse, completamente satisfeito.
- Quase um milagre, mas, você precisa preparar o bolso, porque essa porra vai custar caro! – Raul esclareceu, enquanto pressionava a testa. Sua cabeça estava latejando.
- Sem problemas, contanto que esse imbecil volte a estudar, está valendo! – Fredo comemorou.
- Quando eu voltar aí pra cidade, já terei sua resposta. Precisam de mais alguma coisa? – Ele perguntou, assustando Fredo.
- É só isso mesmo, padrinho; muito obrigada, o senhor salvou demais. Só agradeço! – Ele exclamou, realmente feliz com a notícia.
- Até mais, moleque! – Raul disse, antes de encerrar a chamada.
Antes que ele pudesse levantar, seu pré-pago tocou novamente. Ele encostou no sofá, fechou os olhos por um instante e exclamou: – Porra, é a festa da Paula. Pau lá dentro, pau lá fora! – Depois de recuperar parte de sua alma, atendeu.
- Não acredito que você terminou comigo! – Victória exigiu, em um tom estridente. A cabeça dele ressoou como um sino.
- Fala baixo, minha cabeça tá doendo! – Raul implorou.
- O que aconteceu? – Ela perguntou, parecendo preocupada.
- Dedo no cu e gritaria. O que você quer? – Ele perguntou, exasperado.
- Quero saber por que você terminou. Isso foi mancada! – Vic lamentou.
- Eu fiz o que precisava fazer, não significa que gostei! – Raul exclamou, respirando fundo e contorcendo-se a cada pontada em sua cabeça.
- Se não gosta, por que fez? – Ela pontuou, revirando os olhos.
- Tô sem paciência pra esparro hoje! – Ele disse, com toda a aspereza disponível.
- Arrombado! – Victória disse, transparecendo aborrecimento.
- Pior que eu tô! – Raul exclamou, rindo, sua cabeça estava prestes a explodir.
- Nossa, você está agindo como um idiota! – Ela já estava perdendo a paciência.
- Caralho amor, não me esculacha! – Ele exclamou, desejando a morte.
- Eu vou te matar! – Ela disse, explodindo de raiva.
- Jura? Você faria isso por mim? Te amo! – Ele zombou, provocando-a.
- Fala direito comigo, estou com saudade! – Vic exigiu.
- E o que eu posso acrescentar nessa sua dor? – Ele debochou.
- O que fizeram contigo? – Ela exclamou, notando que havia algo de estranho nele.
- Fala sério, vai atacar de terapeuta? – Raul sacaneou, voltando a deitar no sofá.
- Quero que saiba que pode contar comigo, ao contrário do que pensa, não estou aqui apenas para encher o saco e gastar seu dinheiro! – Vic pontuou, tentando confortá-lo.
- Desculpe se fui agressivo, não tô com cabeça pra ponderar no momento! – Ele admitiu, amenizando o clima.
- Me conte o que aconteceu; não precisa entrar em detalhes, isso pode te ajudar! – Vic pediu gentilmente.
- Eu nem deveria estar falando contigo! – Ele lamentou.
- Pode falar, Juju! – Ela disse, sorrindo.
- Os desacertos começaram quando você e a Cecília levaram minha filha até a boate do Menegazzo; depois disso, foi só ladeira!
- Desculpe por causar tantos problemas! – Vic exclamou, tentando digerir o que acabara de ouvir.
- Relaxa, não deveria ter te envolvido nessa minha vida louca! – Ele ponderou, sentindo um certo alívio em sua cabeça.
- Lamento não estar mais envolvida nessa sua vida louca! – Ela admitiu, aborrecendo-se com a lembrança do término.
- É melhor desse jeito! – Raul declarou.
- Melhor pra quem? Só se for pra você! – Ela exclamou, em um tom mais ríspido.
- Não fala assim, sabe o quanto gosto de você! – Ele disse.
- Queria tê-lo só pra mim! – Vic lamentou, e ele pôde notar sua sinceridade.
- Porra, assim você me quebra! – Ele admitiu.
- Você terminou comigo do nada e sou eu quem te quebra? Sabe quantos quilos de corretivo tenho de usar para esconder as olheiras? Mal consigo abrir os olhos, seu cretino! – Ela exclamou, realmente irritada.
- Caralho amor, não sabia que tinha lhe feito tão mal. Me desculpe! – Ele lamentou.
- Não adianta me chamar de amor, estou me sentindo uma boneca inflável. Você me usa e joga fora! – Vic pegou pesado com ele.
- Me perdoe, não é minha intenção! – Raul disse, sem conseguir conter o riso.
- Vai rindo, babaca! – Vic pontuou, arfando.
- Calma amor, não brigue comigo! – Ele exclamou, rindo ainda mais.
- Vai chegar o dia em que eu não vou me importar contigo e essa situação vai ser inversa! – Ela declarou, completamente obstinada.
- Não seja tão rancorosa! – Raul disse, sem conseguir parar de rir.
- Cretino! – Ela exclamou, enquanto tomava um táxi até o trabalho.
- Eu vou pra academia agora; você pode continuar a me esculachar mais tarde, ok? – Ele declarou, levantando-se do sofá e preparando-se para encerrar a chamada.
- Eu não vou te ligar nunca mais! – Vic disse, enfurecida.
- Credo, que maldade amor! – Ele sacaneou, saindo do escritório.
- Você vai ver! – Ela disse, encerrando a chamada. Victória quebrou o aparelho e o jogou no meio do trânsito em seguida. Raul não levou à sério, mas, ela não estava para brincadeiras.
Quando ele chegou à sala, Moe estava descendo as escadas, vestida para treinar, com seus fones de ouvido, cantando à plenos pulmões: – Tentei ser vida certa, mas, sou vida louca. Se seu eu te amo, nunca ouviu meu eu também, é que o coração que você se amarrou, não se amarra em ninguém. Você querendo um amor e eu querendo cem, é que o coração que você se amarrou, não se amarra em ninguém!
- Eu criei um monstro! – Jordie disse, seguindo-a e arrependendo-se de tê-la apresentado as músicas de Lauana Prado.
- Que algazarra é essa? – Raul questionou, encarando suas filhas com espanto.
- A Mônica demonstrando que nasceu pra cachorrada! – Jordie exclamou, rindo muito.
- Bora treinar, papito! – Moe disse, pulando na frente dele.
- Que brisa! – Ele disse, gargalhando.
- Bora, pai, a gente te espera! – Jordie exclamou, animando-se também.
- Vamos esperar na academia, já tô vazando! – Moe saiu pulando rumo a porta de entrada da casa. Jordie e Arturo a seguiram, tentando acompanhar seu ritmo frenético.
- Caralho! – Raul exclamou, antes de subir para se vestir.
Algum tempo depois, ele chegou à academia; as meninas estavam dominando o pico ao lado de Jéssica Pope. Raul as cumprimentou e caminhou até Gael. A energia dele não se parecia nem um pouco com o furacão que era Bianca, sua filha biológica.
- Bom dia, meu irmão, tudo na paz? – Gael perguntou, cumprimentando-o em um tom ameno e tranquilo.
- Bom dia, tudo certo e você? – Raul disse.
- Suave demais, cara. A Bianca me disse que vai voltar para Nova York com vocês, vai ser bom para ela. Infelizmente, a Jéssica não poderá ir, e como pode imaginar, isso causou um surto na Bibi! – Ele exclamou, rindo.
- A Bibi é um acontecimento, imagino que tenha odiado a notícia! – Raul pontuou, enquanto caminhava ao lado do amigo até as esteiras. Ambos treinavam juntos sempre, e como de costume, iniciariam com um cárdio básico.
- Eu e a Lumen iremos para um retiro nesse final de semana, tudo bem se a Bibi ficar com vocês? – Gael perguntou, super sereno.
- Ela já mora na minha casa, cara! – Raul respondeu, gargalhando.
- Você está falando mal de mim, Chatonildo? – Bibi questionou, enquanto fazia seus exercícios na cadeira extensora.
- Claro que não, Bibi, você é a minha favorita! – Raul exclamou, rindo.
- Mentiroso; enfim, não importa, eu moro na sua casa mesmo e acho bom não reclamar! – Ela respondeu, mostrando a língua para ele.
- Você já está no meu testamento, é tarde para reclamar! – Ele disse, mostrando a língua para ela também.
- Acho muito bom! – Bibi disse, rindo.
- A tia Gemma passou por aqui e disse que é pra irmos jantar na casa dela hoje! – Moe avisou seu pai.
- Eu não quero ver a cara de bunda do Jackson! – Bibi exclamou, revirando os olhos.
- Não fale assim, meu amor! – Gael disse, exalando mansidão.
- Nossa, que programão de índio! – Raul admitiu, rindo.
- Nunca errou! – Bibi exclamou, concordando com ele.
O Argentino estava parado ao lado de Moe, como um dois de paus, admirando-a enquanto fazia seus agachamentos. – Tem uma babinha escorrendo aí! – Jéssica disse, sacaneando com ele.
- Coitado, amiga! – Bibi complementou.
- Ele vai morrer do coração! – Jordie sacaneou, rindo.
- Vocês são péssimas! – Arturo exclamou, não conseguindo conter o riso.
- A gente te ama, Argentino! – Bibi disse, sacaneando. – O Chibs que não vai amar, mas, isso é o melhor de tudo!
- Tava demorando! – Moe exclamou, revirando os olhos. Suas amigas gargalharam.
- Se o Gago estivesse aqui, você poderia pedir música no fantástico! – Jordie disse.
- Que fanfarronice é essa, Mônica? – Raul exigiu, rindo também.
- O golpe tá aí, cai quem quer! – Bibi exclamou, rindo alto.
- Eu não sei de nada! – Moe disse, piscando para Arturo, antes de mudar para o set de avanço.
Nem mesmo os guardas da rainha conseguiriam manter a postura sob essas condições, mas, ele era sagaz o suficiente para desviar o olhar na hora certa. Raul sabia que a filha havia passado o cerol nele, mas, havia deixado de se importar com suas escapadas há um bom tempo. Por isso, levava na esportiva a zoeira que estava rolando.
- Temos que brindar ao galho do Gaguinho no jantar de hoje! – Bibi disse, levando a zoeira à outro nível. Todos riram muito.
- Gago e chifrudo! – Jordie exclamou.
- Que sina! – Jéssica pontuou, gargalhando.
- Eu vou contar pra ele! – Raul disse, encaminhando-se para iniciar seu treino de peito.
- Fofoqueiro! – Bibi sacaneou.
- Eu não namoro com ninguém, podem parar! – Moe sacaneou também.
- Quero só ver a cara de idiota do Chibs quando encontrar o Argentino! – Bibi exclamou, pulando e irradiando energia.
- Vai dar uma merda do caralho! – Jéssica disse, rindo de nervoso.
- Eu daria um barão pra ver os três, igual ao meme do homem aranha! – Jordie exclamou, sacaneando.
- Isso porque vocês são minhas amigas! – Moe reclamou, voltando a concentrar-se em seu set.
- Eu quero é ver o oco! – Bibi pontuou, encaminhando-se ao leg-press.
- O Chibs vai surtar! – Jéssica exclamou, pensando no encontro que estava prestes a rolar.
- O escocês vai atirar pra cima! – Bibi disse, gargalhando. Moe apenas revirava os olhos.
- Quero só ver o salseiro! – Jordie pontuou, rindo muito.
- Vou ligar pro Gaguinho, acho que dá tempo de chegar pro jantar! – Bibi sacaneou.
- Liga sim, amiga! – Jordie exclamou.
- Filhas da puta! – Moe disse, rindo.
Raul queria atear fogo na zoeira, então, achou prudente fazer uma chamada de vídeo com Fredo. – Fala aí, Gagolino. Tem uma galera querendo te ver!
- Gaguinho! – Bibi e Jordie gritaram ao mesmo tempo, aproximando-se de Raul.
- Você não presta, pai! – Moe disse, cobrindo o rosto.
- Bom dia, meninas! – Fredo disse, sorrindo um pouco sem graça.
- Você está muito ocupado? Poderia cair pra Charming hoje, não acha? – Bibi perguntou. Moe e Arturo quase morreram.
- É sacanagem dela, Fredo! – Moe exclamou, fazendo-o gargalhar.
- Chega mais, Gagolino! – Raul disse, sem conseguir conter o riso também.
- Porra, mas, assim, do nada? – Ele exclamou, sem entender.
- A Momô quer te apresentar uns conhecidos! – Bibi disse, quase perdendo o ar de tanto rir.
- Cês tão de sacanagem comigo, não é? – Fredo questionou, divertindo-se com as palhaçadas. A euforia deles estava contagiando o silencioso andar da presidência.
- Deixem ele trabalhar, seus cuzões! – Moe disse, tentando tomar o celular de Raul.
- Não me deixem trabalhar não, pelo amor de Deus! – Fredo exclamou, aumentando a farra.
- Caralho, Fredo! – Moe disse, rindo.
- O que você está aprontando aí? – Ele perguntou, sacaneando com ela.
- Esses putos querem te colocar numa roubada! – Moe exclamou, enquanto Raul tentava impedi-la de pegar o celular.
- O Trevor está aí na cidade, é só falar com ele e em menos de três horas você estará aqui com a gente! – Raul disse. Moe deu uma cotovelada nele.
- Eu odeio vocês. Me ajuda! – Moe implorou ao Gael, mas, ele estava adorando o fervo também.
- Por que você não quer que eu vá? – Fredo questionou, pilhando ela ainda mais.
- Não é isso, cara! – Moe exclamou, revirando os olhos.
- Ela está te traindo, Gaguinho! – Bibi disparou, gargalhando.
- Deixa de ser besta! – Moe disse, desistindo de conter a torrente de merda.
- Verdade? Eu vou colocar fim nessa patifaria, logo menos tô encostando! – Ele exclamou, fazendo o coração dela disparar. Arturo engoliu em seco.
- Só vem, Gagolino! – Jordie gritou, completamente eufórica.
- Caralho, isso vai dar merda! – Jéssica exclamou, aproximando-se de Mônica.
- Se fodeu, Momô! – Raul disse, rindo ainda mais.
- É tudo mentira, Fredo! – Moe disse, exaurida.
- Estou brincando, boneca. Não posso sair daqui hoje, tenho algumas reuniões inadiáveis. Só estarei livre na sexta-feira, caso queira minha presença! – Fredo exclamou, sorrindo para ela.
- Sexta-feira está ótimo, vamos tocar o terror na fazenda dos meus pais! – Bianca disse, invadindo o momento e salvando a amiga do constrangimento.
- Tudo bem se eu for? – Ele insistiu, querendo ouvir a opinião de Mônica.
- Claro que sim, vai ser ótimo tê-lo aqui conosco! – Ela exclamou, sorrindo para ele. Fredo sentiu-se aliviado, pois, ela pareceu sincera.
- Perfeito, te ligo mais tarde! – Ele disse, piscando para ela.
- Já é! – Moe disse, retribuindo o gesto.
- Tchau, Gaguinho! – Bibi, Jordie e Raul despediram-se dele, ainda rindo muito da situação.
- Caralho, vocês são uns filhos da puta! – Moe pontuou, bastante aborrecida.
- Por que, amiga? O Gago é muito legal, vai animar o nosso esquenta! – Bibi exclamou.
- Porque ele está pousado na Mônica, e agora, vai vir pra cá estragar o rolê dela com o Argentino! – Jordie pontuou, ateando gasolina na fogueira.
- Ninguém vai estragar meu rolê com o Argentino, mas, essa foi a maior torta de climão que já comi na vida. Vocês se passaram muito! – Ela admitiu, desistindo do treino.
- Que mau humor! – Raul provocou.
- O senhor é o pior de todos, como pôde fazer isso? O cara estava trabalhando, do nada surge uma algazarra dessa! – Moe disse, revirando os olhos.
- Você está puta da vida porque ficou evidente que gosta dele e não quer que ele saiba! – Bianca sacaneou com ela.
- Parei com vocês, na moral mesmo! – Moe disse, pegando seu celular e os fones de ouvido para ir embora. Arturo a seguiu, aliviado por não ter de encontrar Fredo nesse momento. Os dois caminharam de volta para a casa dela.
- A Bibi tem razão! – Arturo exclamou à contragosto.
- Porra, até você, Argentino? – Moe questionou, revirando os olhos.
- Não tem problema gostar dele, eu não me importo! – Ele disse, dando de ombros. Ela não acreditou.
- A questão é que não queria trazê-lo até aqui, isso adianta muito as coisas, e eu gostaria de ir com calma, manter tudo em aberto. Não quero mergulhar em um relacionamento; não sei se dá pé pra mim no momento, entende? – Ela pontuou.
- Diga isso à ele, vai que cola! – Arturo exclamou, tentando apoiá-la.
- Eu já disse, mas, aparentemente, ele não entendeu! – Ela admitiu.
- Como assim? – Ele perguntou, parecendo surpreso.
- Teve uma cena nossa esses dias, e eu acabei falando pra ele que estamos construindo uma amizade, que quero ir devagar, mas, com esse surto da minha família e amigos, ele acabou acelerando a mobilete. Me colocou na maior saia justa. Não tinha jeito de falar: Não, eu não quero que você venha passar um final de semana na casa do meu pai, porque quero ficar leve, curtindo uma brisa, sem fiscal, sacou! – Moe desabafou. Felizmente, o lance que tinha com o Argentino a permitia ser sincera.
- Caralho, sinto muito! – Ele exclamou, puxando-a para seu abraço.
- Não sinta, porque, eu queria ficar contigo um pouco, aproveitar nosso lance! – Ela admitiu, revirando os olhos.
- Nós vamos ter tempo para ficar juntos em Nova York, bebê. Relaxa o coração! – Arturo pontuou, sorrindo para ela.
- Talvez, se ele não montar guarda no meu apartamento! – Moe lamentou, realmente incomodada.
- Nem sei mais o que dizer! – Ele exclamou, parecendo chateado.
- Não tem muito o que dizer. As pessoas ao meu redor sempre agem como se soubessem mais sobre minha vida do que eu mesma. Meu pai surtou de vez, de onde tirou a ideia de ligar pro Federico, cara? Nada à ver fazer isso. Era pra ser só uma resenha, uma gastação, mas, acabou se tornando um pandemônio! – Ela desabafou.
- Sei qual é! – Arturo disse, dando um beijo no rosto dela.
- Obrigada por ficar ao meu lado, não sei o que faria sem você! – Moe pontuou, beijando o rosto dele também.
- Precisamos nos adiantar, está chegando a hora da reunião com o Galindo! – Ele pontuou, lamentando ter de lembrá-la de mais esse problema.
- Espero que meu pai recupere a sanidade logo, estou começando a acreditar que esse lance é demais pra mim! – Moe admitiu, sentindo um frio percorrer sua coluna.
- Sinceramente, ele está torcendo pra você arregar, dá pra ver na cara dele que não está feliz com nada disso! – Arturo exclamou, sendo brutalmente sincero.
- Ele acha que sou fraca, não é mesmo? – Moe perguntou, um tanto chateada.
- Não é isso, boneca, ele não quer que você se machuque! – Arturo respondeu, trazendo-a para mais perto de si.
12:00 PM
O sol estava à pico, em uma das regiões mais afastadas da civilização. O grande deserto escaldante que se estendia por quilômetros no horizonte estava assustando Mônica. Geralmente, ninguém volta de lugares assim. Por mais que quisesse desistir, não daria esse gostinho à seu pai. Saber que ele contava com seu fracasso a decepcionou e muito, mas, só é possível demonstrar coragem quando se vence o medo.
Ela fumava um cigarro encostada ao capô do carro, enquanto aguardava a chegada de Miguel. Ele não havia colocado empecilhos em seu encontro, pelo contrário, mostrou-se disposto a conversar. Restava saber se esse era o maior engodo ou acerto do século. Ali estavam Moe, seu cigarro e um sonho.
Algum tempo depois, a Hammer dele se aproximou, com os vidros fechados. Arturo desceu do carro, mas, manteve-se calmo, evitando movimentações muito bruscas. Mônica poderia ter levado um exército para escoltá-la, mas, preferiu não soar tão ameaçadora. Marcus Alvarez e Miguel Galindo desceram do veículo, aparentemente desarmados. Ela sentiu alívio imediato.
Os quatro se cumprimentaram, Alvarez e Urquiza se afastaram um pouco, dando espaço para que seus chefes pudessem conversar com mais privacidade. Uma brisa fresca amenizou o calor, facilitando a vida de todos os presentes.
- Baronesa da neve, a que devo a honra do contato? – Miguel disse, sorrindo e tomando a mão dela para beijar. Moe surpreendeu-se. Arturo não gostou do que viu.
- Creio que temos alguns interesses em comum. Gostaria de discutir nosso futuro! – Moe exclamou, sorrindo gentilmente.
- Sou todo ouvidos, princesa! – Ele admitiu, sendo bastante receptivo e oferecendo seu braço para ela se apoiar. Ambos caminharam juntos.
- Digamos que meus associados acabaram esbarrando em um rato, que costumava estar à sua mesa. Isso acabou causando uma desavença, mas, creio que possamos resolver tudo! – Moe pontuou, observando-o. Miguel era muito mais bonito do que ela poderia supor. Sua barba perfeitamente aparada, o cabelo cuidadosamente arrumado e o sorriso de canto de boca estavam desestruturando o coraçãozinho dela.
- Seus associados fizeram um ótimo trabalho, deveria recompensá-los. Os ratos em questão já estavam pedidos pela organização. Vocês me prestaram um enorme favor! – Ele disse, olhando para ela de um jeito sexy. O sorrisinho sacana voltou aos lábios dele.
- Estou feliz em saber! – Moe exclamou, retribuindo o sorriso.
- Gostaria de retribuir a gentileza. Me diga, o que posso fazer por você? – Miguel perguntou, abusando da malandragem.
- Soube que tem interesse em restauração e construção de cidades, essas questões estão em minha planilha, entende? Acho que formaríamos uma bela equipe! – Ela declarou, sentindo o perfume dele. Sua pele ficou arrepiada.
- Penso o mesmo, boneca! – Miguel exclamou, parando para admirá-la.
- Não sabe o quanto me alegra! – Moe disse, fazendo charme.
- Tenho algo que pode deixá-la ainda mais feliz. Um de seus braços me procurou, pedindo asilo. Acredito que tenha sido pego rondando minha mesa. O que quer que faça com ele? – Miguel perguntou, e o tom aveludado de sua voz estava mexendo com o interior dela.
- Bem, você está certo, isso me deixa muito feliz. O que acha de recebê-lo? Podemos lidar com isso depois. Aposto que ele não espera por nossa aliança! – Ela exclamou de um jeito sacana.
- Você sabe das coisas, pimenta! – Miguel pontuou, mordendo o lábio inferior.
- Obrigada! – Ela disse, fazendo charme mais uma vez. A temerosa reunião havia se tornado um flerte delicioso para ambos.
- Tem mais alguma coisa que possa fazer para mantê-la com esse belo sorriso? – Ele perguntou, ficando de frente para ela e acariciando seus braços com a ponta dos dedos. Moe ficou arrepiada novamente.
- Gostaria do seu consentimento para eliminar o último empecilho na terra da liberdade, e então, poderemos dar continuidade à essa linda amizade que estamos construindo aqui! – Ela expôs, mordendo os lábios. Ele parecia hipnotizado com a visão.
- Se você continuar a resolver meus problemas, terei de pedi-la em casamento! – Miguel exclamou, rindo.
- Você é muito gentil! – Ela disse, fazendo-se de tímida.
- Com esse espírito, consinto tudo o que você quiser! – Ele admitiu, tentando conter seu instinto de beijá-la.
- Não posso pedir tudo de uma vez, senão, não terei pretexto para encontrá-lo novamente! – Moe exclamou, com toda a sagacidade disponível.
- Mulheres sábias mexem comigo! – Miguel pontuou, rindo amplamente.
Ele ofereceu seu braço para ela novamente, e ambos caminharam de volta ao encontro de seus respectivos acompanhantes. Nem em suas melhores expectativas, Moe poderia supor que tudo acabaria tão bem. Miguel beijou o rosto dela e deu uma piscadinha na despedida. Arturo ficou aborrecido.
No caminho de volta para Charming, o Argentino manteve-se atento à estrada, procurando não dar bandeira sobre o que estava sentindo. Obviamente, Moe percebeu que ele ficou mexido. Ela precisou se esforçar muito para não rir, afinal, não gostaria de provocá-lo.
- Você está bem? – Ela perguntou, encarando-o.
- Aquele maluco é muito abusado! – Ele pontuou, revirando os olhos.
- Você está com ciúmes? – Moe perguntou, acariciando o rosto dele.
- Ciúmes? Eu queria crivar ele de bala! – Arturo exclamou, parecendo realmente incomodado.
- Que maldade, não seja assim! – Ela disse.
- O cara é folgado! – Ele declarou.
- Calma, não precisa ficar chateado! – Moe pediu gentilmente.
- Eu tô puto, isso sim! – Arturo admitiu, rindo de nervoso. Seus olhos azuis ficavam acinzentados quando estava irritado e ela sabia disso.
- Estou percebendo! – Ela disse, beijando o rosto dele.
- Vou pedir dispensa esse final de semana! – Ele exclamou, e seu rosto ficou vermelho de raiva.
- Por quê? – Moe perguntou.
- Não vou dar conta de manter a postura vendo aquele gago filho de uma puta te cercando! – Ele disse, apertando o volante.
- Para com isso, lindinho! – Moe exclamou.
- É a verdade, eu não quero ver mesmo! – Ele admitiu.
- Você vai me deixar? – Ela perguntou, fazendo biquinho.
- Tem outro jeito? Não tem! – Ele disse, evitando olhar para ela.
- O foda é que eu não posso fazer nada, porque quem convidou ele foi meu pai, e vai ficar muito chato se não der atenção, entende? – Moe esclareceu, sentindo-se mal, pois, foi colocada na pior posição possível.
- Eu sei disso! – Arturo pontuou.
- Não quero ficar sem você! – Ela admitiu, encostando-se no banco e fechando os olhos por um instante.
- Desculpe, mas, não consigo lidar! – Ele exclamou, tentando se acalmar.
- Que situação merda! – Moe disse, esfregando o rosto nervosamente.
Eles chegaram à casa dela, estacionando frente às portas da garagem. Moe se apressou à sair do carro, dando a volta no mesmo e indo ao encontro de Arturo. Ela o abraçou com força, surpreendendo-o. Ele a envolveu em seus braços e deu um beijo em sua testa. – Vamos namorar? – Moe perguntou em um sussurro.
- Tá de sacanagem? – Ele perguntou de volta, rindo. Ela o apertou ainda mais.
- Namora comigo, Argentino! – Ela pediu, tentando beijá-lo.
- Eu não tenho estrutura pra isso! – Ele disse, gargalhando.
- Por quê? – Moe questionou, rindo muito também.
- Você sabe por quê! – Ele exclamou, acariciando o cabelo dela.
- Porque você é ciumento? – Moe perguntou, só de sacanagem.
- Você me conhece, acha que é uma boa ideia? – Ele perguntou de volta, dando um cheiro no pescoço dela.
- Eu adoro seu jeitinho ciumento! – Moe admitiu, gargalhando.
- Mônica! – Ele exclamou.
- Você é rancoroso, amor? – Ela perguntou, mordendo o lábio inferior dele.
- Pra caralho! – Arturo disse, rindo muito.
- Namora comigo, vai! – Moe pediu mais uma vez, acariciando o rosto dele.
- Para! – Ele exclamou, sendo beijado por ela.
- Eu tô falando sério! – Ela sussurrou.
- Você me falou que não queria entrar num relacionamento! – Arturo relembrou, beijando-a em seguida.
- Com você eu quero! – Moe disse, sorrindo de um jeito tímido.
- Tudo isso por que eu disse que vou pedir dispensa? – Ele perguntou, rindo.
- Porque você é um gostoso! – Ela admitiu, beijando o pescoço dele.
- Daí é foda! – Arturo disse, apertando-a. Jordie e Bianca se aproximaram, fervendo ao ver os dois juntos.
- O que tá rolando aqui? – Bibi perguntou, sacaneando.
- Estou curtindo meu namorado! – Moe disse, piscando para a amiga.
- Ai que delícia! – Jordie exclamou, pulando.
- Tá falando sério, amiga? – Bibi perguntou, sorrindo de um jeito sacana.
- Bem que eu queria, mas, o bombonzinho aqui é difícil pra caralho! – Moe exclamou, dando um selinho nele em seguida.
- Porra, Argentino, aceita, vai! – Bibi disse, importunando-o.
- Vamos deixar eles curtirem, amiga! – Jordie exclamou, puxando Bianca para dentro de casa.
- E aí amor, vai aceitar? – Moe perguntou, voltando a beijá-lo.
- Não tem jeito, Mônica! – Ele exclamou, acariciando o rosto dela.
- Por quê? – Ela questionou, fazendo biquinho.
- Você não vai tancar! – Arturo disse, rindo.
- Como você sabe? – Ela exigiu, encarando-o seriamente.
- Eu sou sistemático pra caralho, pra socar a cara de um é muito fácil, não vai dar bom! – Ele esclareceu, beijando o rosto dela.
- Eu te quero muito, sabia? – Moe questionou, dando outro selinho nele.
- Se você ainda me quiser na segunda-feira, eu aceito, já é? – Ele perguntou de volta.
- Supondo que hoje fôsse segunda-feira, você toparia subir para o meu quarto? – Ela questionou, sorrindo de um jeito sacana.
- Claro que sim! – Ele respondeu.
- Então, amor, vamos namorar? – Ela pediu, beijando-o.
- Se aquele gago chegar em você, eu vou matar ele, Mônica! – Arturo exclamou, parecendo aborrecido.
- Não vai precisar! – Ela declarou.
- Cê não tá levando fé, mas, eu tô falando muito sério! – Ele disse, encarando-a.
- Ele não vai chegar em mim, porque vou estar contigo! – Moe pontuou, dando um selinho nele em seguida.
- Isso vai dar uma merda do caralho! – Arturo exclamou, esfregando o rosto nervosamente.
- Não vai, prometo pra você! – Ela disse, acariciando o cabelo dele.
- Você me conhece muito bem, depois não adianta falar que não avisei! – Ele pontuou, dando um selinho nela.
- Relaxa, ok? Vamos pro jantar da tia Gemma juntos hoje, vai ser nossa estreia como casal. Já estou amando! – Moe disse, animando-se.
- Vê lá o que você vai aprontar! – Ele exclamou, rindo.
- O estouro do blindex! – Ela declarou, completamente energizada.
Ambos adentraram a residência de mãos dadas, dedos entrelaçados, por exigência de Mônica. Raul estava em cólicas, querendo saber da reunião, mas, ela estava mais preocupada em atear fogo à babilônia, por isso, acendeu um cone.
- Que romance é esse? – Raul perguntou, fazendo os dois rirem.
- Cê viu, pai? Olha o meu namorado. Lindão, né? – Moe pontuou, saltitando.
- Se você está dizendo! – Ele exclamou, gargalhando.
- Claro, o senhor acha que eu namoro homem feio? Por favor, né! – Moe declarou, sem conseguir se conter. Arturo estava quase perdendo o ar de tanto rir.
- Pelo menos meus netos serão bonitos! – Ele disse, entrando na zoeira.
- Velho ligeiro da porra! – Moe pontuou, encaminhando-se para o escritório. Ela foi seguida pelos dois.
- Eu sou sinistro! – Raul disse, rindo ainda mais. Ele estava feliz por ter os dois de volta.
- Tava pensando aqui, eu sou o senhor de calcinha! – Ela exclamou, sacaneando com ele.
- Infelizmente! – Ele admitiu.
- Bora fazer um churras e encher a cara? Tô a fim de arrebentar esse condomínio! – Moe declarou.
- E o jantar da Gemma? – Raul questionou.
- Agora são três da tarde, dá tempo de ferver aqui e ferver lá! – Moe pontuou, querendo ver o salseiro armado.
- Quem disse que meninas são mais tranquilas, mentiu! – Raul disse ao Argentino. Os dois gargalharam.
- O senhor não vive sem mim, para de palhaçada! – Ela exclamou, sacaneando com ele.
- Cê quer chapar? Bora então! – Raul pontuou, pegando sua garrafa de whisky e encaminhando-se para a área da piscina. Moe e Arturo o seguiram. Não havia condições de falar de negócios no momento.
- Bota uma seresta aí, caralho! – Moe disse, saltitando feito uma gazela. Arturo só conseguia rir.
- Força, Argentino. É só o que te desejo! – Raul admitiu. A zoeira não tinha limites para eles.
- Só fé, padrinho! – Ele declarou.
Bianca e Jordie ouviram a algazarra, e como boas festeiras, juntaram-se à eles. Denise estava em seu consultório, amargando os acontecimentos da madrugada, mas, eles não se importavam com as contendas. Os Cortez em sua totalidade, sacudiam a poeira extremamente rápido, e este era o segredo de seu estrondoso sucesso.
O celular de Mônica explodia de tanto tocar, mas, como havia sido esquecido no carro, Fredo ficou no vácuo eterno. A Califórnia vibrava com sua presença, de modos que, qualquer empecilho não seria suficiente para conter a farra. O Gago ficaria surtando com isso, mas, ninguém ligava. Ele finalmente havia encontrado alguém que não estava nem aí pra bosta.
Com certeza o circo estava pegando fogo, com os palhaços dentro e os bombeiros de folga. Otto e Treze se preparavam para encostar em Charming; Moe os notificou sobre a rave, e eles não perderiam por nada. Victória estava com raiva, pois, ela e Fredo ficaram fodidos nas mãos de pai e filha.
Cigarro, maconha, whisky e tequila eram servidos à vontade. Solzinho, verão e piscina, o quebra do momento. Energia ruim nem em pensamento. Os convidados de Gemma estavam fazendo um esquenta de respeito. Denise chegou do trabalho e se deparou com o embrasamento, por um instante agradeceu, pois, o clima ruim a deixava mal. Ela preferia que estivessem embrasados e embriagados.
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As 11 Raças De CÃES Mais Perigosas Do Mundo
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DESCUBRA as 11 raças de cães mais perigosas e proibidas do mundo.
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Tenho um gato! Que plantas de interior posso ter em casa?
Os gatos são animais curiosos por natureza e por isso não é surpreendente que parem para cheirar objectos recentemente introduzidos ou plantas decorativas. Tanto com plantas de interior como de exterior existe o risco de serem tóxicas para os gatos e produzirem reacções cutâneas quando entram em contacto com elas, ou darem problemas digestivos quando as ingerem. Para evitar problemas de saúde ao seu gato, neste artigo oferecemos uma lista de plantas que são boas para os gatos. Algumas delas são consideradas plantas medicinais, pelo que são também bons remédios para tratar várias doenças que o seu animal possa ter. Outras, por outro lado, não têm esta capacidade, e são apenas plantas decorativas que não são tóxicas para os gatos. Excluindo os cactos e outras plantas picantes, existem de facto muitas plantas não venenosas que protegem os nossos amigos animais. A planta do rosário, a Palma da Areca, a samambaia comum (samambaia de Boston), a Orquídea, a Kentia (ou planta da sala de estar) são algumas delas.
Tenho um gato! Que plantas de interior posso ter em casa?
Orquídea Há muitos tipos de orquídeas, plantas decorativas que são muito procuradas pela sua beleza. No entanto, manter estas plantas em bom estado não é fácil; os cuidados básicos com as orquídeas devem ser conhecidos. Se o seu gato é um dos que gosta de mordiscar plantas e flores, não o recomendamos, pois é uma planta algo delicada. Contudo, se o seu gato a comer felizmente, saiba que não é uma planta tóxica e que o seu felino não terá quaisquer problemas. Clorofito ou Falângio A Chlorophytum é uma planta doméstica muito elegante com folhas longas, delgadas e inclinadas. Não só é bonita de se ver, como também é muito útil, pois purifica o ar da casa e pode também decorar os quartos de adultos e de crianças. Tenha cuidado porque os gatos são loucos por clorofito, os gatinhos adoram mergulhar os seus focinhos na folhagem e prová-la, felizmente não é tóxica!
Palma amarela A palmeira amarela, também conhecida como palmeira areca, é uma das plantas de interior mais utilizadas nas casas devido à sua beleza. É também uma planta não tóxica para os gatos e fácil de cuidar. Assim, não terá de se preocupar se o seu felino esfregar contra ela ou morder as suas folhas. Uma vez que é uma planta que não quer luz directa, irá sair-se bem num ambiente luminoso, mas sem calor excessivo. Não é estranho ver o seu gatinho deitado ao lado da planta para desfrutar do mesmo bem-estar.
Nem todos os gatos comem plantas e normalmente, quando o fazem, fazem-no para se auto-medicarem e regularem a digestão ou "limparem-se", livrando o estômago de pêlos ingeridos (e evitar a formação da chamada "bola de pêlo"). Depois de comer erva ou folhas, pode acontecer frequentemente que os gatos vomitem e isto é normal. É apenas parte de uma forma natural e instintiva de cuidado, mas se para além do vómito houver outros sintomas é bom observá-los e avaliar se o gato ingeriu plantas tóxicas ou venenosas. Não acontece com frequência: os gatos sabem por instinto o que comer e o que não comer, mas se acontecer, é bom saber que planta pode ter intoxicado o nosso gato para que possamos dizer ao veterinário. Abaixo está uma lista de plantas que são muito comuns nas nossas casas e que podem prejudicar os nossos gatinhos. Muitas vezes apenas certas partes delas são tóxicas e muitas vezes só são perigosas se ingeridas em grandes quantidades. Que plantas são "más" para o seu gato? ALOE - o sumo contido nas folhas é venenoso. ANTHURIUM - a flor é muito tóxica, mesmo que apenas por contacto. CALLA (ZANTEDESCHIA) - a planta inteira pode ser tóxica, quer por contacto quer por ingestão. DIEFFENBACHIA - a planta dieffenbachia inteira contém um látex que é irritante para os cães, mas muito venenoso para os gatos. Hera COMUMANA - As folhas e bagas são venenosas. FICUS - Muito tóxico, tanto por ingestão como por contacto. PHILONDENDER (MONSTER) - Apenas a folha é venenosa. SPATYPHYLLUM - As folhas e o caule do lírio da paz são venenosos para cães e gatos. CHRISTMAS STAR - Folhas, caules, flores são venenosos e muito irritantes. Todos os sintomas devem ser tratados imediatamente.
Como evitar que os gatos comam plantas tóxicas? Ao fazer esta lista não significa que não poderá desfrutar da beleza destas plantas em sua casa mas, se os nossos gatos vivem em apartamentos e nunca vão para o exterior, é bom fornecer-lhes "alternativas" seguras e assim impedi-los de, por necessidade, comerem estas plantas potencialmente tóxicas que as poderiam prejudicar. Mas se mordiscar plantas é o passatempo preferido do seu gato e não quer correr riscos, ainda pode comprar todas as variedades de Bromeliads, Phalangium (ou Nastrino), Boston Fern e Phlebodium aureum (que também ajudam a purificar o ar). Fittonia a muito original Maranta leuconeura, Orchids, Pachira Aquatica ou Peperomia, várias Palmeiras tais como a Areca, a Palma Japonesa, a Planta Comedora de Fumo (mas não a Cycas revoluta que é muito tóxica), a Violeta Africana, a fascinante Calathee e Pilea Involucrata e muitas mais... Read the full article
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Nova campeã de League Of Legends é oficialmente revelada
Olá, leitores! Hoje vamos falar sobre a nova campeã de League of Legends, Naafiri, a Cão de Cem Mordidas. Ela é uma assassina que usa sua matilha de cães do deserto para caçar e eliminar seus alvos. Ela também é uma Darkin, uma antiga guerreira divina que foi aprisionada em uma adaga e libertada através da possessão de uma alcateia de lobos. Vamos ver o que já sabemos sobre ela e suas habilidades.
Naafiri é a primeira campeã totalmente monstruosa de League of Legends, sem nenhuma forma humana ou híbrida. Ela é composta por vários cães do deserto, sendo o principal o seu corpo "primário", que tem espinhos afiados e uma pele blindada. Ela pode controlar os outros cães da sua matilha, que são menores e mais simples, mas igualmente ferozes.
As habilidades de Naafiri são baseadas na sua mobilidade, furtividade e dano em área. Ela pode se mover rapidamente pelo mapa, saltando entre os cães da sua matilha e usando-os como iscas ou armadilhas. Ela também pode se esconder na sombra dos seus aliados ou dos monstros da selva, ficando invisível para os inimigos. Ela pode causar muito dano com seus ataques básicos e suas habilidades, que envolvem morder, rasgar e dilacerar seus alvos.
A passiva de Naafiri é Matilha Selvagem. Ela pode invocar até três cães da sua matilha no mapa, que ficam parados em um local até que ela os chame ou salte para eles. Ela pode alternar entre os cães da sua matilha usando o botão direito do mouse, ganhando velocidade de movimento ao fazer isso. Os cães da sua matilha também atacam os alvos que ela ataca, causando dano físico adicional.
O Q de Naafiri é Mordida Voraz. Ela morde o alvo, causando dano físico e aplicando um efeito de sangramento que causa dano ao longo do tempo. Se o alvo estiver abaixo de um certo percentual de vida, ela o executa, ganhando vida e reduzindo o tempo de recarga dessa habilidade.
O W de Naafiri é Sombra da Matilha. Ela se esconde na sombra do aliado ou monstro mais próximo, ficando invisível para os inimigos e ganhando velocidade de ataque. Ela pode sair da sombra usando um ataque básico ou uma habilidade, causando dano físico adicional ao seu alvo.
O E de Naafiri é Dilacerar. Ela rasga o alvo com suas garras, causando dano físico e reduzindo a armadura dele por alguns segundos. Se ela acertar um alvo sangrando pelo seu Q, ela causa dano adicional baseado na vida perdida do alvo.
O R de Naafiri é Fúria da Matilha. Ela uiva, chamando todos os cães da sua matilha para o seu lado e ganhando velocidade de movimento e resistência a controle de grupo por alguns segundos. Durante esse tempo, ela pode usar o botão direito do mouse para saltar para um inimigo dentro de um alcance médio, causando dano físico em área e empurrando os inimigos para trás.
Naafiri é uma campeã que tem um alto potencial de abate e fuga, mas também é vulnerável a ataques concentrados e revelação de invisibilidade. Ela precisa usar sua matilha com inteligência para surpreender seus inimigos e escapar de situações perigosas. Ela é ideal para jogadores que gostam de caçar suas presas com agilidade e ferocidade.
E vocês, o que acharam da nova campeã? Estão ansiosos para jogar com ela?
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Os dias pareciam idênticos uns aos outros. Às vezes se recordava da vida antes do caos daquele vírus infernal, e de como seus professores diziam que a vida de um médico era repleta de imprevistos. Bom, talvez fosse nos primeiros anos, ou meses. Ou vai ver era a falta de perspectiva que transformava tudo em uma rotina perigosa, mas ainda assim, uma rotina. Escapar de zumbis, ajudar sobreviventes, encontrar cantos vazios para passar a noite. Escapar de zumbis, ajudar sobreviventes, encontrar cantos vazios para passar a noite. E era assim desde que havia se perdido dos antigos companheiros, que sequer sabia se estavam vivos ou mortos. Desde então, tudo o que fazia era procurar pela irmã mais nova. Sabia que ela era durona, sempre havia sido muito mais do que ele, contudo, como mais velho, era inevitável não se preocupar, especialmente sem sinal ou indicações de que ela ainda vivia, apenas uma fé cega a qual se agarrava desesperadamente. Não tinha sequer cachorro mais. Pobrezinho, tinha o protegido da morte quando todos começaram a alegar que cães atraíam perigo por conta do barulho do latido, mas a verdade é que Pingu ajudava muito mais do que atrapalhava, costumava ser feroz com zumbis e um bom companheiro, julgava o caráter das pessoas tão bem que às vezes Brian se questionava sobre a própria inteligência. Mas, tal como sua irmã, nunca mais havia o visto.
Dessa vez, a diferença era a chuva torrencial que viera ao mesmo tempo que uma horda de zumbis velozes. Em teoria, o dobro de perigo. Na prática, talvez fosse até um pouco hilário considerando como escorregaram por conta da água, facilitando a sobrevivência. Pelo menos até a parte em que começou a ser levado pela enxurrada, e precisou se agarrar firme para não perder os poucos materiais e armas que estava carregando além do que ficava escondido dentro do atual esconderijo. Mas que merda. Já podia contar pelo menos duas fraturas pela quantidade de tempo que lutava contra a água, até conseguir se arremessar para dentro de um museu antigo, e, enfim, sair da correnteza. Não fazia ideia de onde estava já que o mapa havia derretido, salvo pela pouca memória. Teria que se virar para procurar um hospital e conseguir furtar o material. Assim que subiu para a parte de cima, se sentou próximo da entrada superior para tomar fôlego. Inferno, que inferno. A julgar pela dor na costela, seria bom ter alguma ajuda. E a julgar pela cor da água, seria bom ter roupas secas e evitar uma infecção. Fechou os olhos brevemente, e então, escutou um som. Latidos. Olhou pelos arredores, alarmado pelo som. Foi quando observou o animal vindo em sua direção a passos velozes apenas para que, ao alcançá-lo, começasse a lamber sua face molhada. — Pingu? — Um latido. Teve que se afastar para olhar melhor para o animal. A mesma cicatriz na orelha. A mesma raça. E parecia reconhecê-lo, já que respondeu ao chamado. — Meu deus, é você mesmo. — Começou a sorrir, apesar da dor incômoda. E então, viu uma segunda silhueta. O recém encontrado bicho de estimação não protestou com a presença dela, então, cogitou que não era perigo. Mas, claro, não sabia se era assim que as coisas estavam sendo vistas pela perspectiva dela. — Você tava com o meu cachorro?
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Cão manso bravo: como controlar o comportamento agressivo do seu animal
Se você tem um cão que costuma ser manso, mas que em alguns momentos apresenta comportamento agressivo, é importante entender as causas desse comportamento e como controlá-lo.
A agressividade em cães pode ser perigosa tanto para o animal quanto para as pessoas ao seu redor.
Neste artigo, vamos discutir como deixar seu cão manso bravo e como lidar com essa situação.
Entenda as causas da agressividade
A agressividade em cães pode ser causada por diversos fatores, como medo, dor, territorialidade, proteção de seus donos ou até mesmo falta de socialização.
É importante entender qual é a causa do comportamento agressivo do seu cão para que possa tratá-lo adequadamente.
Em alguns casos, pode ser necessário buscar a ajuda de um veterinário ou um especialista em comportamento animal.
Treinamento é fundamental
O treinamento é fundamental para ensinar ao seu cão a comportar-se adequadamente.
Além de ensiná-lo comandos básicos como “senta” e “fica”, é importante ensiná-lo a se relacionar com outros cães e pessoas.
O treinamento deve ser feito de forma gradual, com recompensas e punições adequadas, e deve ser consistente ao longo do tempo.
Socialização é essencial
A socialização é uma etapa importante na vida de um cão, e deve ser realizada desde filhote.
O contato com outros cães e pessoas ajuda o animal a se acostumar com diferentes situações e a controlar o comportamento agressivo.
Se o seu cão já apresenta comportamento agressivo, a socialização deve ser feita com cautela, sob a supervisão de um especialista.
Não use a violência
Usar a violência para controlar o comportamento agressivo do seu cão é contraproducente e pode agravar a situação.
Além de não resolver o problema, pode causar ainda mais medo e agressividade no animal.
O uso de recompensas e punições adequadas é mais eficaz e não prejudica a relação entre o cão e o dono.
Mantenha o controle da situação
Ao lidar com um cão manso bravo, é importante manter o controle da situação.
Isso significa não permitir que o animal domine a situação e que tome decisões sozinho.
É importante manter-se calmo e assertivo, sem se deixar levar pelas emoções. Se necessário, busque a ajuda de um especialista em comportamento animal.
Identifique os sinais de agressividade
Identificar os sinais de agressividade é fundamental para evitar situações perigosas.
O cão pode rosnar, mostrar os dentes, eriçar o pelo, avançar ou mesmo morder.
Ao identificar esses sinais, é importante interromper o comportamento agressivo e redirecionar a atenção do animal para outra atividade.
Não desista do seu cão
Lidar com um cão manso bravo pode ser desafiador, mas é importante não desistir do animal.
Com paciência e dedicação, é possível controlar o comportamento agressivo e melhorar a relação entre o cão e o dono.
Busque ajuda de profissionais quando necessário e lembre-se de que o treinamento e a socialização devem ser contínuos ao longo da vida do animal.
Concluindo
Em resumo, para controlar o comportamento agressivo de um cão manso bravo, é fundamental entender as causas da agressividade, realizar treinamento e socialização adequados, não usar a violência, manter o controle da situação, identificar os sinais de agressividade e não desistir do animal.
Lembre-se de que cada animal é único e pode responder de forma diferente às técnicas de treinamento, portanto, é importante adaptar as estratégias às necessidades específicas do seu cão.
Com dedicação e amor, é possível ter uma relação saudável e feliz com o seu animal de estimação.
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5 Alimentos Perigosos para a Saúde dos Cachorros: Conheça os Riscos e Mantenha seu Cão Seguro
Chocolate
Cebola e Alho
Xylitol
Uva Passa
Nozes de Macadâmia
O chocolate é altamente tóxico para os cães devido à presença de teobromina, uma substância estimulante que afeta o coração e o sistema nervoso. Quanto mais escuro o chocolate, maior a quantidade de teobromina presente, o que significa que o chocolate amargo é o mais perigoso.
Os sintomas de intoxicação incluem vômitos, diarreia, aumento da frequência cardíaca, agitação, convulsões e, em casos graves, até mesmo a morte. Se você suspeitar que seu cão tenha ingerido chocolate, entre imediatamente em contato com um veterinário.
As cebolas e o alho são extremamente tóxicos para os cães e podem causar anemia hemolítica, o que significa que as células vermelhas do sangue são destruídas.
Isso pode levar a sintomas como fraqueza, letargia, falta de apetite, respiração ofegante e corrimento nasal.
Se você suspeita que seu cão tenha ingerido cebola ou alho, entre em contato com um veterinário imediatamente.
O xylitol é um adoçante artificial comumente encontrado em produtos de limpeza bucal, balas e gomas de mascar.
Quando ingerido por cães, o xylitol pode causar uma liberação rápida de insulina, o que pode levar a hipoglicemia (níveis baixos de açúcar no sangue), convulsões, coma e até mesmo a morte.
Se você suspeita que seu cão tenha ingerido xylitol, entre em contato com um veterinário imediatamente.
As uvas passas são tóxicas para os cães e podem causar insuficiência renal aguda, o que significa que os rins param de funcionar adequadamente.
Os sintomas incluem vômitos, diarreia, perda de apetite, letargia e aumento da sede e da frequência urinária.
Se você suspeita que seu cão tenha ingerido uvas passas, entre em contato com um veterinário imediatamente.
As nozes de macadâmia são tóxicas para os cães e podem causar sintomas como vômitos, diarreia, fraqueza, letargia, hipertermia (aumento da temperatura corporal) e dificuldade para andar ou se mover.
Se você suspeita que seu cão tenha ingerido nozes de macadâmia, entre em contato com um veterinário imediatamente.
É importante lembrar que alguns cães podem ser mais sensíveis a esses alimentos tóxicos do que outros, e que mesmo pequenas quantidades podem ser perigosas.
Por isso, é importante sempre estar atento aos alimentos que você oferece ao seu cão e ficar atento a qualquer sinal de intoxicação.
Em geral, é uma boa ideia manter a casa limpa de alimentos tóxicos e certificar-se de que seu cão tenha acesso somente a rações e Snacks aprovados para cães.
Se você tiver dúvidas sobre a segurança de um alimento específico para seu cão, consulte um veterinário antes de oferecê-lo.
Alimentar seu cão de forma adequada é uma parte importante de cuidar de sua saúde e bem-estar, e mantê-lo longe de alimentos tóxicos é uma parte fundamental desse cuidado.
Confira o vídeo completo desta matéria no Youtube
https://youtu.be/ILTj45lSOEM
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Os Dragões no Wizardin World.
Fonte- Livro Animais Fantásticos e Onde Habitam & outras em "observações".
*informações mais interessantes do livro: é "provavelmente o animal mágico mais famoso do mundo, encontra-se entre os mais difíceis de esconder. A fêmea é em geral maior e mais agressiva do que o macho, embora ninguém deva se aproximar de nenhum dos dois", exceto os bruxos especializados! "O couro, o sangue, o coração, o fígado e o chifre do dragão têm grandes propriedades mágicas, mas seus ovos são considerados Artigos Não Comerciaveis classe A." Existem 10 espécies, e é raro eles se entrecruzarem gerando um híbrido.
-Olho de Opala ou Antipodean Opaleye.
*Informações mais interessantes do livro: é nativo da Nova Zelândia, e emigra para a Austrália quando seu território é reduzido. Habita os vales e não as montanhas como outros dragões. Considerado talvez o tipo mais belo, tem um porte médio, pesa entre duas e três toneladas, possui escamas levemente rosadas ("nacaradas") e olhos iridescentes (que possui ou reflete todas as cores) sem pupilas, de onde vem seu nome. Não é muito agressivo, e geralmente só mata por fome, seu prato preferido são carneiros, mas também ataca presas maiores. Em 1970, uma onde de mortes de cangurus foi atribuída a um macho dessa espécie, expulso de sua terra natal por uma fêmea. Sua chama é verde vivo, e seus ovos são cinza claro, confundido com fósseis por trouxas imprudentes
-Meteoro Chinês ou Chinese Fireball
*Informações do livro: é conhecido também como "dragão leonino". Único dragão oriental. Vermelho, escamas lisas, uma franja de cristas douradas em volta do focinho, e olhos saltados. Recebeu esse nome por causa das labaredas em forma de cogumelo que saem de suas narinas quando irritado. Pesa entre duas e quatro toneladas. Os olhos são carmim vivo com pintas douradas, e suas cascas são valiosas para a magia chinesa. Ele é agressivo, mas é o mais tolerante com a própria espécie, aceitando por vezes dividir o território. Se alimenta de todos os mamíferos, mas prefere porcos e humanos.
-Verde Galês Comum ou Common Welsh Green.
*informações do livro: embora faça ninho nas montanhas mais altas, onde uma reserva foi criada, ele se confunde com o capim de sua terra natal. Apesar do incidente Ilfrancombe, essa raça está entre as que menos causam problemas, pois também prefere carneiros, e evita os humanos. Seu urro é surpreendentemente melodioso, e muito característico. Suas labaredas saem em jorros finos e seus ovos são cor de terra sarapintados de verde.
-Negro das ilhas Hebridas ou Hebridean Black.
*Informações do livro: nativo da Grã-Bretanha, é mais agressivo que seu correspondente, o Verde-Galês. Exige um território de 160km² por dragão. Ele alcança 9m de comprimento, tem escamas ásperas, olhos púrpuras brilhantes, uma carreira de cristas curtas e afiadíssimas ao longo do Dorso, asas semelhantes às de morcego, e uma calda que termina em uma ponta de flecha. Ele se alimenta principalmente de veados, mas sabe-se que rouba cães de grande porte e reses (animais criados para a alimentação humana). "O Clã de bruxos McFusty, que a séculos habita as ilhas Hebridas, tradicionalmente tem se encarregado da administração dos dragões dessas ilhas."
-Rabo-Córneo Húngaro
*informações do livro: é a raça mais perigosa. Suas escamas são pretas, e seu corpo se assemelha ao de um lagarto, seus olhos são amarelos, e os chifres cor de bronze, assim como os cornos que cobrem seu longo rabo. Suas labaredas são as de maior alcance, 15m. Seus ovos são cor de cimento com uma casca particularmente dura, e os filhotes o quebram usando os cornos já bem desenvolvidos das caldas. Ele se alimenta de cabras, e sempre que pode, de humanos.
Obs: "corno" vem de "cone", e é usado para descrever chifres e espinhos. Um "unicórnio" por exemplo é um animal de "um chifre", "um corno".
-Dorso-Cristado Norueguês ou Noewegian Ridgeback.
*informações do livro: ele tem muitas semelhanças com o rabo-córneo, mas ao invés de cornos no rabo, esse dragão possui cristas negras e salientes por todo o dorso. Excepcionalmente agressivo com os da sua espécie, é a raça mais raramente criada. Ataca a maioria dos mamíferos terrestres de grande porte, e, o que é incomum para um Dragão, também se alimenta de criaturas marinhas. Um relato não confirmado conta que nas costas da Noruega, em 1802, um deles capturou um filhote de baleia. Os ovos desse dragão são pretos e os filhotes desenvolvem a capacidade de criar labaredas entre 1 e 3 meses, mais cedo que outras raças.
-Dente de Víbora Peruano ou Peruvian Vipertooth.
*informações do livro: com cerca de 4,5m de comprimento, escamas lisas acobreadas, marcas negras na crista, e chifres curtos particularmente venenosos, esse é o menor e o mais veloz em vôo entre todos os dragões conhecidos. Ele se alimenta de cabras e vacas sem problemas, mas gosta tanto de humanos que no fim do séc.XIX, exterminadores tiveram que ser enviados ao Peru para controlar a população que crescia de maneira assustadoramente rápida!
-Chifres-longos Romeno ou Romanian Longhorn
*informações do livro: Ele tem escamas verdes-escuras e longos chifres dourados faiscantes com os quais fura sua presa antes de assa-la. Quando moídos, os chifres se tornam muito valiosos como ingredientes para poções. O território nativo desse dragão é hoje a reserva de Dragões mais importante do mundo, e bruxos de todo o mundo vão lá estudar as diversas raças. Sua população diminuiu tanto nos últimos anos, em grande parte por causa da comercialização dos chifres, que um intenso programa de reprodução foi criado, e seus ovos de tornaram artigos comerciáveis classe B.
-Focinho-curto Sueco ou Swedish Short-Snout
*Informações do livro: sua pele, muito procurada para a confecção de luvas e escudos de proteção é de um belo azul-prateado. As labaredas que saem de suas narinas são de um azul brilhante e podem reduzir ossos e madeira a cinzas em segundos! Como prefere vivem em montanhas despovoadas, não é muito levado em consideração seu baixo índice de mortes humanas.
-Barriga de Ferro Ucraniano ou Ukrainian Ironbelly
*informações do livro: Sendo a maior raça conhecida, pode atingir seis toneladas, suas escamas são de um cinza-metálico, os olhos de um vermelho forte, e com garras longas e cruéis. Com o corpo arredondado, é mais lento que o dente de Víbora e o chifres longos, mas ainda assim é extremamente perigoso, esmagando as habitações sobre as quais aterrissa. Desde 1799, esse dragão está sob observação, pois nessa data um barco foi arrancado do mar por um exemplar da espécie.
-Apenas alguns comentários meus: os Dragões são as criaturas fantásticas mais exploradas no mundo todo, desde os tempos antigos, da Grécia ao Japão, quanto nos tempos atuais, em jogos, livros e filmes, sendo infinitas e simplesmente incontáveis as suas versões! Creio que notaram que os Dragões descritos no livro "Animais fantásticos e onde habitam" são diferentes dos vistos nos telões, e vão perceber que muitas criaturas passaram por essa adaptação. Nos filmes de Harry Potter, apenas 6 dragões foram comentados, deixo a brincadeira de vocês me dizerem qual foi, e também me contarem qual das 10 vocês mais gostaram. Uma curiosidade é que no livro "animais fantásticos e onde habitam ilustrado por Olivia Lomenech Gill", para simbolizar o fato de que o barriga de ferro é a maior espécie de dragão, ele ocupa o espaço de 4 páginas, desdobrando as páginas para vê-lo por completo.
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𝒕𝒉𝒊𝒔 𝒕𝒊𝒎𝒆, 𝒃𝒂𝒃𝒚 𝒊'𝒍𝒍 𝒃𝒆 𝒃𝒖𝒍𝒍𝒆𝒕𝒑𝒓𝒐𝒐𝒇
· 、 𝙿𝙾𝙸𝙽𝚃 𝙾𝙵 𝚅𝙸𝙴𝚆 ❜
triggers: sangue, automutilação, romantização ao suicídio.
quando eu era pequena, ouvi carmela e as babás de minhas irmãs mais velhas conversando na cozinha sobre uma garota chamada vivianne, filha de um vilão que havia ficado noiva em um casamento arranjado e que o homem em questão era terrível, um homem velho e conhecido por suas extensas maldades pelo reino e sua avareza. a menina, apesar de filha de um homem igualmente mau e ambicioso não era má, e ficou tão devastada com a idéia de se casar com aquele homem repugnante que foi acometida por uma febre tão forte que acabara morrendo de maneira trágica em sua cama. todas concordaram que aquele infortúnio tinha sido uma benção para a pobre garota, ela estava livre do noivado e de uma vida realmente infeliz.
eu não sei porque, apesar de nunca ter conhecido a tal garota, mas eu conseguia imaginar cada detalhe daquela história. os vestidos longos e rodados em cores azul bebê e rosa salmão que ela usava quando fora informada sobre o noivado, uma barba branca porém cheia do homem velho que iria se casar com ela, e então vivianne em seu leito de morte, com camisolas brancas em uma cama de dossel e edredons fofinhos também em cores pastéis.
depois disso, minha boneca favorita passou a se chamar vivianne e eu insistia de tempos em tempos que também estava com a febre. me deitava em minha cama e choramingava, pedia para tomar sopa e que trouxessem sobremesa, como a boa inválida que eu era. porém, eu não estava mais quente que o normal, mas carmela sempre conseguia me trazer sobremesas extras mesmo assim. apesar dos meus extensos esforços para ficar doente, eu nunca tive uma febre, nem um resfriado sequer.
verdade era, eu nunca soube por que a história havia me marcado tanto. o real motivo pelo qual eu simplesmente não conseguia tirar vivianne da minha cabeça. e assim os anos passaram, meu noivado não era com alguém com o triplo da minha idade e njord apesar de ser terrivelmente implicante, não era odioso na maior parte do tempo, éramos apenas duas crianças que, na maior parte do tempo, estavam alheias ao fato de que um casamento pairava pelas suas cabeças em um futuro não tão distante enquanto brincavam de pique pega ou esconde-esconde nos jardins do palácio das ilhas do sul.
e então eu caí em um buraco. o barulho de ossos se quebrando me assustou e no mesmo instante eu senti meus pés inchando, eu não conseguia me apoiar neles para me levantar. njord não deveria me encontrar porque, tecnicamente, ali não era um esconderijo, mas por algum motivo eu gostei da ideia de vencer a brincadeira, por isso, engoli a dor e fiquei quieta, não gritando por socorro até que muitas horas haviam se passado. quando percebi, orgulhosa, que havia ganhado, tentei me levantar e meus pés já estavam conseguindo se firmar no chão o que me fez conseguir me agarrar nas raízes das árvores e me puxar dali para cima.
carmela estava com alguns soldados, me procurando na noite escura com lanternas e cães de guarda. njord parecia preocupado, mas eu não entendia bem o porque todos me olhavam horrorizados, eu me sentia bem e de quebra havia ganhado a brincadeira. não foi até me olhar no espelho que notei que meu vestido estava arruinado, rasgado em diversas partes e pontos de sangue seco se acumulavam em minha testa e nas meias rasgadas em minha perna. mas assim que o banho acabou, nenhuma parte de mim estava danificada, nenhum mísero arranhão para confirmar que eu havia mesmo me machucado.
eu pude ver o horror da compreensão nos olhos verdes de carmela antes mesmo de entender o porquê.
— você não vai dizer nada, está bem? foi um milagre você não ter se machucado! um milagre!
eu assenti e percebi que ninguém parecia contente, havia uma sensação de nervosismo no ar e quando fiquei sozinha em meu quarto tirei a camisola e passei a inspecionar a mim mesma.
meu pé não estava inchado como eu tinha visto ficar, sequer ficara roxo, como quando eva quebrou o pé quando tentou usar os sapatos altos de mamãe escondido. nenhuma parte de mim estava arranhada, dolorida, contundida ou esfolada. eu estava perfeitamente normal. e estranhamente, não era assim que eu me sentia.
quando voltamos para casa, carmela repetiu sobre não comentar nada sobre minha miraculosa recuperação ou sobre o acidente, assim, não comentei nada até porque, ninguém realmente me perguntou nada, ninguém nunca perguntava. a ideia de não me machucar de nunca ficar doente deveria me deixar feliz, não é? mas então, olhei para uma das minhas bonecas de porcelana, que compunham uma extensa coleção em umas das prateleiras altas da parede em frente a minha cama. eu sabia quem eu procurava. vivianne. a boneca de cabelos loiros escuros e vestido azul que eu havia insistido para carmela confeccionar. eu fiquei na ponta dos pés, algo fácil, visto aos anos de prática de ballet, e puxei a boneca para baixo pela barra de seu vestido, mas não fui rápida o suficiente para pegá-la e ela se espatifou no chão, em mil e um pedaços.
encarei aquele mosaico que um dia tinha sido o rosto de vivianne, esperando que algo além de angustia me tomasse, mas a única coisa que me passava pela cabeça eram palavras perigosas, incitando que eu me cortasse. a idéia de imediato me assustou, afinal, eu tinha algum instinto de preservação, mas então a curiosidade tomou lugar. eu nunca ficava doente, nunca me machucava e mesmo quando me machucava nenhum hematoma sobrava para contar história. podia aquilo ser caracterizado como somente sorte?
o maior pedaço da porcelana foi parar na minha mão, e sentada em minha cama, puxei o vidro sobre carne e músculo, fazendo sangue escorrer pelo lençol e se acumular até que um fio do líquido escarlate começasse a gotejar em minha cama. eu deveria sentir desespero, pânico, pedir ajuda, mas meus olhos só se focaram na ferida que primeiro parou de sangrar e então, como mágica, a pele começou a se juntar, em algo que demoraria semanas até que minha mão estivesse perfeita e com nenhum sinal do corte.
o barulho deve ter alertado carmela que entrou no quarto e ao ver os cacos de vidro e a cama ensanguentada, se jogou em cima de mim sem pensar duas vezes.
— min kjære, você se machucou! — mesmo que nós duas soubéssemos que não tinha sido um acidente, carmela passou a secar o lugar onde deveria ter um ferimento e se espantou ao perceber que não havia nada ali. quando ela notou, soltando uma lufada de ar em admiração eu me pus a chorar. minha visão ficou turva e eu me permiti soluçar e colocar aquilo tudo para fora.
— oh carmela. — eu choraminguei. — eu nunca vou ser livre.
percebi então que nenhuma força superveniente iria me tirar dali, nada iria me tirar da minha vida e eu estava fadada a ser eu para todo o sempre
#tw: sangue#tw: automutilação#tw: romantização ao suícidio#não achei assim tão grave#mas melhor por a tag né#vai saber#৴ ♛ ˙ ˖ 〘 𝐌𝐎𝐍𝐒𝐓𝐄𝐑 / 𝐆𝐎𝐃𝐃𝐄𝐒𝐒 〙POV. ❞#eu queria fazer um pov sobre ela descobrindo os poderes dela#e ai ela se machucou
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Esse é primeiro post que faço com objetivo de problematizar um tema e pretendo fazer isso mais fezes, porque durante minha vida como leitora e aluna, eu vi vários assuntos que às vezes podem parecer comum aos olhos de pessoas menos críticas quando na verdade são um problema que deve ser discutido. Falar sobre alguns assuntos nunca é demais e, principalmente, quando o tema diz respeito não só às histórias fictícias quanto na vida real de alguns.
Um tema que vem me incomodando nós últimos tempo é a romantização do relacionamento abusivo em livros, séries, filmes e até mesmo animes. E o pior é que estão consideradas normais e atingem direta ou indiretamente o comportamento de algumas pessoas.
Por isso achei necessário falar um pouco disso para que vocês reflitam sobre o que é um relacionamento saudável e como é ruim romantizar o relacionamento abusivo.
O que é relacionamento abusivo?
Quando falamos em relacionamento abusivo pensamos em um abuso psicológico ou físico entre alguma pessoa dentro de um relacionamento, seja ela familiar ou amorosa. Porém, essa prática abrange muito mais que isso, principalmente quando é implícito e passa despercebido pela maioria das pessoas.
A palavra “abuso” quer dizer “imponderar o poder”, então a pessoa usa sua influência sobre a outra para manipulá-la a realizar os desejos dela que podem ou não te prejudicar, seja por críticas, demonstração de ciúme excessivo, desconfiança, chantagem emocional, pressões, agressões ou invasão de privacidade.
Como está sendo romantizado?
Romantizar quer dizer tornar legal, inocente e até bonito. E isso ocorre quando o personagem abusivo "encobre" suas atitudes sob uma máscara de beleza, sensualidade e charme, o que faz com que as pessoas achem até legal estar na pele da protagonista que "sofre por um cara tão perfeito".
Mas isso pode atingir nós leitores ou telespectadores?
Na verdade pode sim. Quer um exemplo?
Quem não quer um cara que nem o Edward Cullen de Crepúsculo?
Essa saga virou uma febre no mundo inteiro e milhões de garotas ficaram obcecadas pelo protagonista e seu jeito solitário, protetor e seu amor por Bela.
Edward é lindo, protetor, tem poderes, brilha, faz qualquer garota suspirar com seu amor incondicional. Mas eu queria analisar alguns fatos que provam que o alguns pensamentoa acerta de Edward Cullen é totalmente movido pela romantização.
Lembrando que não quero criticar a obra. Muitos autores decidem tratar esses temas e, infelizmente, é uma coisa que acontece na vida real. Eu apenas quero citar um exemplo, vocês forem as suas próprias conclusões no final.
Já viram uma banana perfeita, amarelinha por fora que quase brilha e grita "me coma", mas quando vamos mordê-la percebemos que está podre?
Bela, uma garota normal acaba de se mudar para uma nova cidade e logo ela se sente atraída por Edward, com seu ar mistério e cabelo cor de bronze. Ele é "O cara", aquele que te faz suspirar e querer ter ele todo pra si. Por ser um vampiro e, indiretamente, envolver Bela em várias situações perigosas, o relacionamento dos dois é impossível e isso faz com que os telespectadores fiquem ainda mais vidrados na tela.
Edward, sob pretexto estar querendo proteger Bela, acaba seguindo ela por onde ela para saber se ela "está bem", além de ir escondido no seu quarto a noite e observá-la enquanto ela dorme, o que já é assustador.
Não sei vocês, mas se alguém que eu nem sei que está no meu quarto ficar me observando dormir eu tenho um colapso nervoso.
Diversas vezes é possível notar um comportamento obsessivo e possessivo por parte do protagonista. E a Bela? Ela sai fora antes que seja tarde ou solta os cães e diz que pode se virar sozinha? Não, pelo contrário, ela vai atrás do perigo como se tivesse uma corrente amarrada em seu pescoço.
Depois do lançamento recente do livro “Midnight Sun”, todo o comportamento de Edward foi explicado e eu garanto que não foi uma explicação plausível no quesito romântico.
A partir do momento em que ouvimos a frase: Eu não consigo viver sem você. Já é tóxico. Nós conseguimos sim viver sem a outra pessoa, mas se dependemos dela para viver, já tem algo errado.
E então as garotas querem um Edward mesmo assim, sob o pretexto de que ele é lindo e protetor.
E esse foi um exemplo de como a romantização do relacionamento abusivo pode interferir em atitudes de algumas pessoas indiretamente, desde o comportamento até as escolhas de parceiros.
Se alguém me disser: como eu queria alguém que me olhasse dormindo como ele olha ela. Como eu queria um cavalheiro de armadura reluzente Lara me defender.
Eu digo: Você é do mesmo jeito e boa o suficiente acordada. E que eu saiba, as mulheres não são inferiores ou superiores aos homens, elas podem se defender, amenos que um cara covarde apele para o lado físico. Isso não é questão de ter um protetor e sim de consciência do cara que levanta a mão primeiro.
Como seria um relacionamento saudável?
Um relacionamento que sejam psicologicamente saudável seria quando o amor é recíproco e ambos estão dispostos a abrir mão de seus próprios desejos para satisfazer a felicidade do outro. Ou seja, não é egoísta.
Ou quando o homem não se sente superior a mulher e pensa nela como algo mais que apenas um objeto de prazer. Um exemplo clássico disso são “Os Bridgertons”. Julia Quinn, a autora da série, é feminista e desenvolve relacionamentos saudáveis entre seus protagonistas. Relacionamentos que florescem aos poucos e se formam algo verdadeiro e lindo.
Espero que tenham gostado, estou começando esse quadro e pretendo continuar a debater sobre assuntos. Se quiserem dar alguma sugestão de tema, estou aberta a ideias.
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Capítulo 3- O Primeiro Convite
Tradução para o português brasileiro (pt-br) da fanfic de Good Omens escrita por @rjeddystone .Por favor, não copie e poste se você pode reblogar. 😘 Esta fic ainda está em andamento, portanto comentários são muito apreciados 😁 e eu vou traduzi-los de volta para a autora, ok?
Créditos da imagem: https://Lucnix.be
Aziraphale e Crowley não ouviram os tiros das pistolas nem as sirenes, porque eles estavam no teatro Globe a leste dali, ao lado do Rio Tâmisa, assistindo a uma exibição antecipada de Hamlet, que havia sido modernizada para incluir pistolas e sirenes.
Todo tipo de atores apareceram para celebrar o Bardo naquele mês, mas o anjo e o demônio haviam decidido ir no dia que eles sabiam ser realmente o aniversário dele, por respeito ao velho amigo. O ator principal dessa manhã era alguém cujo nome Crowley já havia esquecido porque ele não era Richard Burbage, mas ele estava indo bem mesmo assim.
Crowley estendeu um lenço para Aziraphale enquanto Hamlet fazia sua despedida:
...Se algum dia em teu peito me abrigaste
Priva-te por um tempo da ventura
E respira cansado mais um pouco neste mundo tão duro,
Para a todos contares minha história.
“Você sempre chora nessa parte,” Crowley murmurou.
“Não posso evitar,” Aziraphale fungou o nariz, e Crowley deu tapinhas em sua mão, consolando-o.
Crowley estivera presente na morte do lendário “Amleto,” que havia sido um amigo de bebedeiras dele. Amleto havia vivido muito além da morte de seu tio. Havia tido bem menos solilóquios na vingança dele e muito mais gritos incoerentes.
Ainda assim, Crowley gostava de pensar que as pessoas falariam em sonetos caso tivessem tempo para prepará-los.
A terra se moveu e o palco estremeceu. Não-Burbage disse, bem na hora “Que barulho marcial se está ouvindo?” Crowley ficou relutantemente impressionado. Então ele notou a câmera de vídeo.
A BBC havia enviado uma câmera para pousar como um abutre em um tripé no meio da plateia. Na pequena tela dobrável, no entanto, havia muitas pessoas no palco comparadas à, por falta de uma palavra melhor, realidade.
O de chifres acenou para Crowley e os atores se assustaram quando coisas invisíveis os beslicaram.
Crowley sentiu um grito crescente se retorcer em sua garganta. Ele cerrou os dentes com firmeza e sorriu. Então passou outro lenço a Aziraphale.
Era uma dupla apresentação hoje. No saguão durante o intervalo, os demônios seguiram Crowley de tela em tela, pulando de um documentário histórico para um telejornal e então para um comercial de antiácidos. Alguns murmuravam palavras ameaçadoras.
Todos os televisores estavam, naquele momento, no mudo.
Crowley chamou a atenção de Aziraphale, erguendo de leve a cabeça. O anjo tomou nota e suas sobrancelhas se arregalaram quase um centímetro.
Eles caminharam até a plateia para tomar um ar.
“Vou pegar uns petiscos para nós,” Aziraphale sugeriu, “se você quiser atender o chamado lá fora.”
“Não quero,” Crowley admitiu, “mas estou curioso. Vou morder a isca.” Isso era um tipo de promessa, pois ele morderia mesmo alguém se necessário. Crowley saiu em direção ao Bentley e Aziraphale andou devagar até o quiosque, mantendo-o em vista.
Um guarda examinava as linhas do estacionamento ao redor do Bentley e, apesar de não saber como elas haviam se movido, já alcançava seu bloco de multas. Crowley lhe deu um tapinha no ombro e ele saiu de perto, repentinamente pensando ter deixado cair sua caneta. Crowley deslizou pra dentro do banco do motorista do Bentley e ajustou o rádio, que cuspiu estática. Ele suspirou, aliviado.
O Bentley havia sobrevivido sessenta anos sem um arranhão permanente, mas a maior das suas proezas foram ― consecutivamente—dirigir por uma muralha de fogo na M25 três anos antes, explodindo numa bola de fogo, e se erguer da destruição; este último feito graças ao garoto que Crowley e Aziraphale gostavam de considerar por aqueles dias como sendo seu novo afilhado. [Nota da Autora: Leitores de longa data podem estar pensando no outro afilhado deles. Não se preocupem, ele está indo muito bem nos Estados Unidos]. De alguma forma, a apoteose do Bentley o havia tornado inacessível para estações FM; O que era ótimo para Crowley, que odiava quando o Inferno interrompia o que de outra forma seriam excelentes reproduções das Quatro Estações de Vivaldi (letra de Brian May).
Ele permaneceu no assento por um momento, deixando seus nervos se resolverem em um lugar onde eles não poderiam alcançá-lo. Então, trancando as portas, ele atravessou até a guarita do porteiro e assistiu a estática por trás da tela preta e branca para esperar e fingir que eles realmente não poderiam pegá-lo.
O homem idoso assistindo as imagens não ouviu quando uma delas falou em uma voz baixa e perigosa.
“CROWLEY…”
“Maldição,” Crowley disse de imediato. O espectador também não o ouviu. “É do Conselho das Trevas mesmo? Não tive notícia de vocês por eras, como tá o povo aí?”
Houve um lamento que estourou em estática e malícia. “ESTA NÃO É UMA CHAMADA PESSOAL, CROWLEY: ELE QUER A SUA PRESENÇA.”
Crowley paralisou. Ninguém o observava, mas sua face havia se esvaziado de qualquer forma. Foi um gesto defensivo, forjada no submundo onde um olhar de reprovação na hora errada, especialmente nojo, significava punição corporal de natureza desencorporante. Ele não pensava em si mesmo como valente. Ele não era. Não mais. Valentia te levava a ser condenado, atormentado e morto. Esperteza sim―isso te mantinha vivo.
Crowley conteve um sibilo malicioso dentro de sua garganta e o despedaçou em seus dentes: “Eu disse a vocês para nos deixarem em paz.”
“ISTO NOS ABORRECE MUITO MAIS DO QUE A VOCÊ.”
“Por quê? Ele disse a você pra me pedir por favor?”
“ELE QUER SE RECONCILIAR COM VOCÊ.”
“Diga a ele para se resolver com uma Autoridade Superior,” disse Crowley. Pronto, ele pensou. Você não fala que tem amigos no poder. Você só dá a entender isso. Como um grande ponto de interrogação. “Se ele não quiser, então manda ele se catar,” Crowley disse. Ele ergueu a mão e estalou os dedos. Todos os televisores e rádios em até cem metros desligaram.
Ele manteve a mão erguida no ar. Tremia. Tentou não pensar muito nisso.
“O que são aquelas coisas vermelhas mesmo?” ele murmurou.
O homem idoso o percebeu e respondeu, “Se precisar de um táxi, eu posso chamar um procê.”
Antes que Crowley pudesse responder, Aziraphale chegou com os lanches numa sacolinha pra viagem, parecendo arrependido de uma ponta a outra de seu sorriso. Ele pegou a mão de Crowley e segredou a ele.
“Eu tenho um pressentimento,” ele disse. “Vamos para a galeria antes do horário de pico. Eu odiaria perder isso.”
“Vamos acabar pegando uma fila na abertura,” disse Crowley despreocupadamente.
Aziraphale inclinou a cabeça para o lado e pareceu ouvir alguma coisa. "Acho que não haverá uma fila", disse ele, astutamente.
Isso trouxe de volta o sorriso de Crowley.
Aziraphale apenas atrasou os trens entre Earl’s Court e a Cannon Station. O Bentley poderia facilmente chegar ao National Gallery em vinte minutos ou menos.
E, só para ficar claro, o que Aziraphale havia acabado de fazer era um milagre.
***
Existem muitas definições para a palavra “milagre”. Se alguém se cura de um câncer, é comum, é comum para os membros da família exclamarem, “É um milagre!” E é uma atitude comum para qualquer dos médicos, cirurgiões e radiologistas à cabeceira do paciente reclamarem dessa completa ingratidão fora do alcance dos ouvidos deles.
Algumas pessoas dizem que a risada de uma criança ou o alegre abanar de rabo de um cachorro são milagres. Não são. Eles são privilégios. Em lugares onde crianças não riem e cães não abanam os rabos, não é por essas coisas que as pessoas rezam pedindo.
Agora, que o metrô entre o St. James e as estações da Cannon Street teve suas operações em todas as linhas interrompidas bem na hora em que um túnel principal desabou sob a influência de dois demônios com uma caixa mágica, isso sim, foi definitivamente um milagre.
Mas a palavra “milagre” é usada livremente quase tanto quanto a palavra “caos”. Ela pode significar qualquer coisa desde o ato de um principado celestial até o bater de asas de uma borboleta.
Esse milagre levou Beelzebub e Dagon para o National Gallery.
***
Adam Young estava tentando parecer instruído. Ele era bom nisso, bom em parecer todo tipo de coisas. E em soar instruído também. Ele estava roubando a cena da professora de sua turma do oitavo ano.
“Eu realmente não entendo por que todo mundo pergunta o porquê de ela estar sorrindo.” Ele falou da conhecida mulher da pintura. Havia uma fileira de barras de limitação entre o quadro e eles. Ela tinha seus próprios seguranças vindos direto, ao que parecia, da França. Adam disse, “Ela está tendo seu próprio retrato pintado. Qualquer um assim seria meio convencido.”
Seu colega, Brian, ergueu sua mão antes que a professora pudesse comentar. “A não ser que fossem criminosos em fuga,” ele disse rapidamente.
“Bem, é claro que não seriam,” Adam retrucou. “Eles não ficariam sentados para uma pintura se estivessem fugindo. Seria mais como aquela com o Baco na outra sala.”
“Como você acha que eles fazem os retratos das batalhas?” perguntou Brian, de novo interrompendo a tentativa da professora de continuar a palestra.
“Eu acho que eles deviam tomar notas, daí posavam depois,” disse Adam.
“Desculpe, mas isso é ridículo,” disse outra voz. Seu tom era tardio demais para ser novidade, estava mais para algo dito há quase quarenta e cinco anos antes. “Como as pessoas que morreram na batalha poderiam posar para as pinturas? Eu imagino que ficaria fedorento pra caramba.”
“É claro que eles poderiam arranjar substitutos,” disse Adam. “Dublês. Como nos filmes."
“Eu gosto de atores que fazem suas próprias façanhas,” Brian observou ligeiro. “Mas deve haver profissionais, não?”
“Com certeza,” disse Adam. “Recriadores profissionais de pintura. Devem existir uns desses.”
Inconscientemente, Adam sabia que, a esse ponto, ele poderia ter dito qualquer coisa que seus colegas acreditariam nele. E era a inconsciência disso que o mantinha simpático. Ele estava mais interessado em seguir em frente, então deixou o assunto de lado sentindo que ele e Brian haviam tido o suficiente de história artística por esse dia.
Brian sorriu. Eles teriam que falar sobre aquilo mais tarde: dublês de ação para pinturas. Adam concordou. Conversariam mais depois. Adam vagou desimpedido até a segunda aula, onde uma garota de trancinhas considerava uma réplica da Vaidade de um "Escultor desconhecido". Os sorrisos da garota eram, para Adam, muito mais misteriosos que os da Mona Lisa.
"Não vejo o que a torna vaidosa", disse Adam. "Ela está apenas olhando o rosto no espelho, enquanto a esculpem nua."
"Clássica projeção masculina", disse a garota seriamente. O nome dela era Pippin Galadriel Moonchild Parker, mas isso era apenas para a papelada. Quem não quisesse um olho roxo a chamaria de Pepper. "Ela provavelmente está usando o espelho pra ficar de olho nele."
"Isso é inteligente."
Adam tinha catorze anos e não se sentia à vontade olhando demais para os nus, então olhou para Pepper. Ele queria dizer algo inteligente, geralmente poderia. Ultimamente era mais difícil perto dela, por razões que ele não conseguia explicar. Tinha algo a ver com a maneira como não conseguia ler os pensamentos dela, como os de Brian.
Uma ideia prática surgiu: "Qualquer pessoa com pele da cor de alabastro faria melhor vestindo algumas roupas contra queimaduras solares do que parada com vasos e rosas, especialmente rosas".
"Ah, isso é tudo simbolismo.Úteros e coisas assim.”
"Coisas assim?" Adam entrou em pânico um pouco. Ele desviou o olhar e tentou encontrar algo interessante e vestido sobre o qual conversar.
Foi quando ele viu seus padrinhos.
***
A maioria dos demônios não se lembra de terem sido anjos. Isto é devido a duas coisas.
Primeiro, a maioria não tenta. Eles gostam das coisas como são. Muitos se consideram os cobradores de impostos do mundo sobrenatural: é um trabalho ingrato, mas alguém precisa fazê-lo.
E eles ainda podem fazer milagres, embora não o que os humanos possam chamar de milagres, e eles não respondem a limites ou cotas como os anjos. Não há muito mais para se arrepender do que a danação e sendo essa parte não-negociável, por que se preocupar?
Segundo, a maioria dos demônios acordada permanece distraída por um estado perpétuo de terror. Esse terror é causado e mantido por seu líder, o Governante das Trevas, Senhor do Submundo, o próprio Acusador. É uma coisa inconsciente, como sapos sendo cozidos: a maioria dos demônios nem percebe o quão aterrorizados estão pela constância da ameaça. Se o medo desaparecesse, eles tomariam seus próprios pulsos, imaginando se, de alguma forma, contra todas e enormes probabilidades, teriam morrido.
Não é o medo da morte. (Somente a água benta pode destruir completamente um demônio.) É o medo de quão duradoura e severa a dor pode ser quando você não pode morrer. O diabo pesquisa. Ele tem legiões inteiras encarregadas disso.
Assim, os demônios vivem com medo do Céu, com medo de seu mestre e com medo um do outro. Afinal, não é paranoia se eles realmente estão todos dispostos a te pegar. Desnecessário dizer, alianças são raras.
Crowley realmente se lembrava de ter sido um anjo. O diabo, por razões incertas, nunca o deixara esquecer.
Mas ele passava a maior parte de seu tempo como demônio fingindo ser um humano. Ele sempre fora fascinado por humanos, desde que o primeiro Adão havia pego a maçã de Eva, percebido o que ela tinha feito, e decidido morder a fruta também. Crowley os tinha observado criarem álibis, e depois partirem por conta própria. Essas criaturas imperfeitas oscilavam como pêndulos entre o bem e o mal. Do mesmo modo, Crowley, oscilava entre repulsa e admiração sem palavras.
Mas ele havia gostado da Renascença, da parte em que ele estivera acordado, pelo menos.
“Tem uma boa semelhança, eu acho,” ele disse, erguendo suas sobrancelhas e esperando que Aziraphale percebesse.
Eles estavam parados em frente a uma pequena peça emoldurada, um esboço em papel velho e simples, mas claro em seus detalhes. O anjo se inclinou para ver melhor e, ao vê-lo, também ergueu as sobrancelhas. (As dele ainda não haviam abaixado.)
Ainda assim, ele não disse nada, então Crowley finalmente se inclinou e, com uma pontada de impaciência, disse: "Ele errou os olhos".
“Céus, no que foi isso mesmo que você concordou?” Aziraphale perguntou calmamente.
“Bem, eu sabia que ele estava trabalhando na Mona Lisa. Eu precisava de impulsionamento. Você sabe que esse esboço é muito melhor que o original.”
"Sim, mas", disse Aziraphale, sua boca se contorcendo dentro e fora de um sorriso, "nu?"
"Todas as melhores obras de arte mostram pessoas nuas, anjo", Crowley murmurou de volta.
“Guernica?”
"Pessoas realistas ..."
"Nenúfares?"
"Pessoas…”
"A última Ceia."
"Você não pode chamar isso de uma representação precisa de um Sêder, você sabe.” [Nota da Tradutora: Sêder é um jantar cerimonial judaico em que se recorda a história do Êxodo e a libertação do povo de Israel."]
"É a sensação da coisa." disse, mas seu amigo continuava sorrindo.
Se afastaram para dar lugar a uma guia turística e deixaram que ela explicasse as origens do problema da "quadratura do círculo": "O uso do círculo e quadrado para O Homem Vitruviano alude à expressão que significa tentar fazer o impossível …"
Crowley, que não de deixar um assunto morrer assim, inclinou-se e sussurrou para Aziraphale. "Enfim, estava um dia quente, e ele me levou de volta ao seu apartamento para conversar sobre Vitrúvio, tomando um copo de vinho, e ele teve essa ideia..."
Aziraphale sussurrou de volta: "Isso terminou com você nu?"
Crowley não era de corar, mas seu cabelo vermelho escuro ficou ainda mais ruivo. Disse casualmente: "É isso que eu quero dizer. É uma regra. "
"Sabe, eu tive algumas aulas de pintura quando era membro daquele adorável clube de cavalheiros."
"O discreto?" Os cabelos de Crowley ficaram ainda mais vermelhos.
"Rapazes adoráveis, todos eles."
Uma voz jovem acompanhou a mão acenando na multidão.
“Então ele fez mesmo isso? A quadratura do círculo?”
Crowley e Aziraphale interromperam seus sussurros e avistaram a mão e o garoto preso a ela.
"Não", disse a guia, "isso não era possível com álgebra geométrica".
Adam Young estava entre o público, encarando a gravura, ou melhor, as linhas e dimensões em volta dela, sua imaginação processando as coisas e, onde falhava, preenchendo as lacunas com ideias.
O grupo de turismo seguiu em frente, mas Adam se virou no último minuto. Ele sorriu para Aziraphale e Crowley. Agora, podiam ver claramente o quanto ele havia crescido em três anos. Ele tinha aquele jeito desengonçado que aflige a maioria dos jovens em crescimento, antes que as demais partes do corpo finalmente alcancem o resto. Ainda assim, ele era menos desajeitado do que a maioria. Ele sempre fora o tipo de pessoa que os outros seguiam sem pensar muito a respeito. Havia puxado isso do pai dele, Crowley concluiu.
“Sabia que eram vocês,” Adam disse, parando apenas para um abraço. Enfiou as mãos nos bolsos, relaxado.
"Você está ficando alto." Crowley despenteava seus cabelos loiros.
"Adam, meu garoto, faz muito tempo desde Tadfield", disse Aziraphale, e deu um tapinha nas costas dele. "Como está tudo? Seus pais estão bem?
"Eles estão bem, e vocês?"
"Estamos apreciando a arte", disse Crowley, também colocando as mãos nos bolsos. Ele nunca mentia se isso pudesse levar a um mal entendido. "É o aniversário de Da Vinci."
"E de Shakespeare", acrescentou Aziraphale, radiante, "mas você só tem a nossa palavra quanto a isso".
"Legal", Adam ofegou, se exibindo. "Estou apreciando a arte também, ou pelo menos tentando. Eu tenho tantas perguntas. Vocês têm sorte de terem conhecido todos os grandes artistas. ”
"Melhor manter isso em segredo", disse Crowley enquanto Aziraphale fazia menção para se calarem. "Não deveríamos estar aqui."
“Sinistro.” disse Adam, abaixando o tom de voz em resposta. “Vocês entraram escondidos? Invadiram antes do amanhecer? Pararam o tempo igual você tinha feito lá quando…”
“A gente pagou. Nós gostamos de arte. Queremos ver isso tudo se mantendo,” disse Crowley. “Mas você sabe, nós não estamos em bons termos com, bem…”
Adam apontou para cima e Aziraphale concordou. Adam apontou para baixo e foi a vez de Crowley menear a cabeça. Adam parecia solidário com eles, o que era um pouco demais para Crowley aguentar.
“Tanto faz, já estamos de saída,” disse Crowley. “Vamos dar uma passada na loja de lembrancinhas pra comprar um cartão postal.”
“Posso ir também?” Adam olhou para trás, para a bolha amorfa de estudantes do segundo ano e sorriu. “Quero dizer, se eu ainda estiver aqui quando eles acabarem. Não vejo por que alguém daria pela minha falta nesse meio tempo.”
“Tem razão,” disse Crowley.
“Não o encoraje,” Aziraphale o repreendeu.
“E pra que serve um padrinho senão para estragar seu afilhado?”
“Para ser um exemplo de virtude.”
“O que sobra pra mim, então?”
Adam riu. “Eu me esqueci de como vocês dois são. Ei, vocês deviam aparecer lá em Tadfield alguma hora.”
"Isso seria maravilhoso", disse Aziraphale. "Mas, por enquanto, é importante que um jovem da sua idade faça amigos fora da escola".
Adam olhou através da sala para uma garota. Crowley percebeu que era a garota conhecida como "Pepper" pela maioria. [Nota da autora: Na mente de Crowley, ela era admiravelmente conhecida como "a garota que apunhalou a Guerra-encarnada na cara".]
Adam balançou a cabeça, concordando vagamente. Ele abraçou Aziraphale de repente e depois Crowley, com um rápido pedido de desculpas: “Boa ideia. Vocês dois, não arrumem confusão. ”
Ele foi atrás de Pepper.
O sorriso de Aziraphale ficou menor, mas mais enternecido. "Eu com certeza não.", disse ele.
Crowley ajeitou a camisa amarrotada e as mangas antes de verificar seus óculos escuros.
"Ele está crescendo como um bambu."
"Não exatamente", observou Aziraphale, ainda sorrindo atrás dele. "Mas tudo bem, não é?"
"Claro que sim", disse Crowley. “Venha anjo. Ouvi dizer que o Kemp tem um novo livro chamado 'Vivendo com Leonardo'. Talvez eu o tenha ajudado como escritor-fantasma. ”
"Bem, agora estou certamente intrigado."
***
Dagon liderou o caminho. Não que dois demônios tivessem que pensar muito sobre aonde estavam indo. Geralmente, os demônios farejam a inclinação para o mal a um quarteirão de distância e apenas vão atrás dela. Com o metrô de Londres é a mesma coisa. Todo aquele mal de baixa qualidade que escapa das almas atrasando, demorando ou apenas ficando loucas.
Mas quando o metrô chegou, algo estava errado.
“Você sabe que ele estava certo sobre uma coisa”, disse Dagon enquanto Beelzebub olhava as letras rolando: “ATRASADO” brilhava em todos os quadros. "Os humanos se atrapalham na maioria dos dias."
E assim, incapaz de derrubar o túnel sobre qualquer coisa que valesse a pena esmagar sob o concreto, Beelzebub apontou um pôster para o Museu Nacional.
***
Três demônios entram em uma loja de presentes.
Este não é o começo de uma piada.
O último dos três usa a porta interna, sem a campainha. Com ele caminha um anjo. Eles folheiam livros interessantes (apenas capa dura; Aziraphale é muito exigente). Esse demônio, que não lê mais do que esporadicamente, vira algumas páginas e sorri com carinho por uma lembrança.
Os outros dois vieram pela entrada externa. O primeiro ajeitou um chapéu adorável. As moscas começaram a zumbir nos ouvidos das pessoas: tudo bem passar da hora do almoço, disse. Basta culpar o tráfego.
O outro demônio correu uma garra ao longo dos códigos de barras de vários cartões postais em uma prateleira. Levaria semanas para o inventário ser classificado novamente. Os dois procuraram ao redor mais coisas malignas para fazer, essas tentações menores que exigiam pouco mais do que um encolher de ombros, tudo apenas um dia de trabalho para demônios, uma pausa para o almoço na verdade, e eles ainda queriam causar problemas.
Eles passaram pelo caixa, com a intenção de um desastre arquitetônico em potencial no Pórtico da Galeria Nacional.Muito intencionados de fato, para perceber os outros dois vindo na mesma direção, carregando uma sacola com vários livros e uma caixa envolta em papel branco e cheia de doces nas mãos.
Um incidente cômico de coincidência.
Mas isso não é uma piada.
Considere o caos.
Considere como um sistema fechado é o menos caótico de todos os sistemas. Considere também como isso nunca pode existir na experiência humana. Tanto humanos quanto demiurgos lutam por um mundo previsível, mas nunca terão todas as cartas nas mãos e nem nada para apostar que o crupiê ainda não possui. Seus melhores planos são arruinados. A Toda-Poderosa se recosta no quarto escuro dela, embaralha suas cartas em branco, sem dizer nada. E sorri.
“Minha nossa!”, Diz o anjo, cuja fala ressoa longe. Crowley pega a caixa, a bolsa e depois o anjo, e olha fixamente para os demônios, que os encaram com expressões lívidas. A loja de presentes pode estar prestes a pegar fogo, mas só Deus sabe quem acenderá a centelha.
Aziraphale é um anjo. Anjos têm uma hierarquia e Aziraphale é um principado, um guardião de territórios. Ele cuida de Londres, Soho, há 100 anos antes de este ser conhecido como tal. Por sua própria vontade, essa jurisdição se estendeu a grande parte de Londres desde o Armagedom. Não estar do lado da burocracia do Céu não mudou quem ele era. E quando uma pessoa é quem realmente é, aterroriza aqueles que não têm certeza de si mesmos, como certo Bardo escrevera séculos atrás.
Houve um zum-zum-zum quando as moscas voltaram correndo para se abrigar no chapéu. Os olhos de Beelzebub estavam arregalados como bolas de golfe.
"Você", eles sibilaram. Dagon remexeu no pacote.
Asas de anjo são emplumadas. Elas podem ser macias como penugem. Elas também podem ser duras como lâminas de diamante. As asas arqueadas de Aziraphale fizeram um som parecido com o de aço raspando sobre uma pedra de amolar. Os humanos na loja não notaram, indiferentes como pintinhos bicando alegremente sob os cuidados de uma galinha protetora.
"Eu não vou perguntar o que vocês estão fazendo aqui", disse Aziraphale, friamente, "porque vocês estão indo embora".
"Deveria saber que era você, arruinando..." Dagon parou quando sentiu o cotovelo de Beelzebub cravando-se bruscamente em suas costelas.
"Faça do seu jeito", eles disseram. "Mas vocês vão se arrepender em breve."
Eles se voltaram para a saída, mas Crowley estava lá, balançando os pacotes languidamente em uma das mãos. Ele sorriu um sorriso perigoso que também era encantador.
"O que faz vocês terem a coragem de dizer isso?", ele perguntou.
"O Conselho das Trevas não ligou para você, Crowley?", perguntou Beelzebub.
"Resolvi deixar o convite para outra hora, Sua Desgraça."
"Suponho que não importa", disse Dagon, erguendo o queixo e cruzando os braços. "Mas acho que vocês deveriam saber que o inferno está prestes a virar a página."
"Seu pessoal deplorável que não se atreva a encostar um dedo nesses livros! Não sabia que fossem desprezíveis ao ponto de acrescentar destruição literária a sua lista de maldades.", disse Aziraphale.
O Senhor das Moscas revirou os olhos. "O inferno e o céu estão se dando bem agora."
“Ah, é?” Perguntou Crowley, sem saber mais o que dizer. Uma olhada em Aziraphale provou que seu amigo também não gostara da notícia. “Todos os exércitos do Céu e do Inferno contra nós. Que honra."
"Não contra vocês", Beelzebub zombou. "Podem se juntar a nós, se quiserem."
"Podemos ser generosos o suficiente para lhes dar uma ou duas legiões", acrescentou Dagon, satisfeito com esse breve pensamento: "para a guerra que se aproxima".
"Contra quem?", Perguntou Crowley.
"Eles", disse Beelzebub. "Todos eles." Eles sorriram, mas ainda olhavam cautelosamente para Aziraphale. Seria necessário dois dos três arcanjos em posição de vantagem para obter o nível de ira divina que um principado poderia provocar só com o pensamento. Mas eles prosseguiram: "Será preciso apenas um pouco de imaginação".
“E onde vocês vão conseguir isso?” perguntou Crowley, franzindo a testa enquanto pensava em Adam.
"Deixe-os irem para onde quer que queiram", disse Aziraphale. "Quaisquer que sejam seus planos, não queremos nada com eles e é melhor vocês não voltarem aqui."
“Fala como alguém sem nada a perder.” Beelzebub puxou o braço escamoso do Senhor dos Arquivos, mas olhou para Crowley quando eles passaram: “Você o ensinou isso, Crawly?”
A campainha tocou acima da porta e eles se foram.
Aziraphale recolheu suas asas graciosamente. "Bárbaros", ele murmurou, ajeitando a gravata. "Como estão os bolinhos?"
Crowley sacudiu o pacote embrulhado, sem ouvir nenhum barulho discernível de bolinhos esfarelados. "Parece tudo bem", disse ele. "O que você acha que ele quis dizer com essa coisa de imaginação?"
"Provavelmente apenas um blefe", disse Aziraphale. Com um aceno, ele reparou os códigos de barras quebrados. Então se mexeu, parecendo ouvir alguma coisa.
Crowley cutucou alguns trabalhadores preguiçosos perto dali com a lembrança de que, se eles voltassem atrasados do almoço novamente, poderiam perder dias de férias. (Preguiça para vencer preguiça, sempre funcionava.) Ele notou a expressão de Aziraphale e perguntou: "Estação AM de novo?"
"Não, é só ..." Aziraphale franziu a testa. “Uma sensação estranha. Acho que ninguém do meu pessoal apareceu por aqui, mas ... "
"Algo milagroso?"
"Não sei dizer", admitiu Aziraphale. “Acho que meus nervos estão esgotados. O que você me diz de uma bebida?”
Crowley franziu o cenho. Ele também sentira algo estranho. Não conseguia identificar e não era particularmente desagradável.
"Eu tenho que cuidar das plantas", disse ele, "mas você está certo, é algo tipo uma distração, tipo um ... herring".
"Como é?"
"Red herrings, peixes vermelhos, distrativos." [ Nota da Tradutora: Crowley está falando de uma “red herring” que seria, no sentido literal “um arenque vermelho”, um tipo de peixe, mas aqui é uma expressão do inglês muito comum em mistérios e que significa “pista falsa”.].
"Eu não acho que cheira a peixe." Aziraphale encolheu os ombros. “Sinto muito pelas suas plantas. Eu tenho uma caixa de Pinot Noir Patricia Trentino, do Jardim.
Isso despertou o interesse de Crowley. “Talvez uma bebida. Brindar velhos amigos.”
"Para brindar velhos amigos", concordou Aziraphale. "E novos."
Eles foram para o Bentley e, finalmente, para a livraria. A sacola de livros e o pacote bem embrulhado deslizaram para frente e para trás no banco traseiro do Bentley enquanto o carro seguia pela A40.
Atrás deles, perdidos no borrão que 160 quilômetros por hora deixa para trás, a vitrine de uma loja de flores florescia espontaneamente à medida que cada rosa brotava. Mais abaixo, uma cesta de pão de padaria transbordou para a rua.
E perto e mais longe, do outro lado da realidade, um pouco de caos latente se desenrolava, abalando os alicerces de tudo.
~~~~~~~
Capítulo Original (em inglês)
Outros Capítulos traduzidos:
Capítulo 1
Capítulo 2
#good omens#belas maldições#sequel fic#tradução#bons augúrios#ineffable husbands#chapter the third translated#good omens sequel
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15 Raças Do Cão Pitbull Que São Mais Fortes Que Realmente Existem
15 Raças Do Cão Pitbull Que São Mais Fortes Que Realmente Existem
[Música] o que são cachorros pit bull devemos saber diferenciar o american pitbull e meia e dos chamados cachorros pit bull no primeiro caso estamos nos referindo uma raça de concreto e bem definida enquanto que no segundo caso devemos saber que a terminação pitbull é usada para designar um grupo grande de raças distintas de cachorros com características físicas semelhantes algumas fontes afirmam…
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Frases - Pensar - Pensamento
"50% do sex-appeal é o que a gente tem; os outros 50% são o que os outros pensam que a gente tem." - Sophia Loren
"À exceção de nossos pensamentos não há nada de tão absoluto em nosso poder." - René Descartes
"A humanidade pode ser mais bem entendida se dividirmos as pessoas em três classes: a - aquelas que pensam; b - aquelas que não pensam; c - aquelas que fariam melhor se não pensassem."
"A lesma é lenta. Ainda bem. Já pensou se esse bicho nojento corresse? - Sérgio Maldonado
"A maioria das pessoas preferiria morrer à pensar; de fato, muitas o fazem." - Bertrand Russell - Filósofo inglês
"A mulher média prefere ser bonita a ser inteligente, pois sabe que o homem médio vê melhor do que pensa." - Ladie Home journal
"A política é talvez a única profissão para a qual se pensa que não é preciso nenhuma preparação." - Robert Stevenson
"A sorte dos governantes é que os homens não pensam." - Adolph Hitler
"A televisão pode dar-nos muita coisa, exceto tempo para pensar."
"A vida é mais simples do que a gente pensa; basta aceitar o impossível, dispensar o indispensável e suportar o intolerável." - Kathleen Norris
"Alface não pensa, logo não existe."
"Alguém que pensa de maneira lógica é um contraste interessante com o mundo real."
"Antigamente, os cartazes nas ruas com rostos de criminosos ofereciam recompensas. Hoje, pedem votos."
"Apenas 2% das pessoas pensam. Outros 3% pensam que pensam. Os restantes 95% vão morrer sem saber o que significa pensar." - George Bernard Shaw
"As duas mulheres se pareciam tanto que todos pensavam que fossem gêmeas. Mas não: eram clientes do mesmo cirurgião plástico." - Jo Soares
"As estatísticas sobre saúde pública confirmam: um em cada quatro americanos sofre de alguma forma de doença mental. Pense nos seus três melhores amigos. Se está tudo bem com eles, então o pancada é você." - Rita Mae Brown, escritora e ativista americana
"As estimativas das necessidades mínimas de uma pessoa dependem da pessoa estar pensando em receber ou pagar." - Millôr Fernandes
"As pessoas comuns pensam apenas como passar o tempo. Uma pessoa inteligente tenta usar o tempo." - Arthur Schopenhauer
"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho." - Mário Quintana
"Às vezes é melhor ficar quieto e deixar que pensem que você é um idiota do que abrir a boca e não deixar nenhuma dúvida."
"Às vezes penso que o sinal mais claro de que existe vida inteligente em algum outro lugar do universo é que nenhum destes seres tentou nos contatar." - Bill Watterson "
"Beethoven era tão surdo que chegou a pensar que era pintor." - George Carlin
"Casamento começa em motel e termina em 'pensão'!"
"Chega uma hora na vida em que um homem tem que pensar em maneiras de fazer dinheiro. Mas, cuidado: falsificação dá cadeia..."
"Com muita sabedoria, estudando muito, pensando muito, procurando compreender tudo e todos, um homem consegue, depois de mais ou menos quarenta anos de vida, aprender a ficar calado." - Millôr Fernandes
"Conheço uma porção de pessoas que não são tão espertas quanto pensam que são." - Patty Pimentinha, Peanuts
"Covarde: alguém que numa situação perigosa, pensa com as pernas."
"Descobrir consiste em olhar para o que todo mundo está vendo e pensar uma coisa diferente." - Roger Von Oech
"Deus está vendo metade de você dizendo "Ô chuva abençoada!', e a outra pensando 'Não chove hoje, que eu fiz chapinha!'"
"É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom, bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa." - Charles Bukowski
"E eu aqui fazendo aviãozinho com o meu papel de trouxa." - Tiagoiânia
"É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota, do que falar e acabar com a dúvida." - Abraham Lincoln
"É pessimista quem usa calça com cinto e suspensório."
"É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há." - Renato Russo
"Egoísta é quem pensa mais em si mesmo do que em mim."
"Ele não sabe nada e pensa que sabe tudo. Ou seja, tem vocação para a carreira política." - George Bernard Shaw (1856-1950), escritor irlandês.
"Esse ano pensei em parar de beber, mas sou brasileiro e não desisto nunca!"
"Estou aprendendo tanto com meus erros que estou pensando em cometer mais alguns." - Ashleigh Brilliant
"Eu não quero que você pense como eu. Apenas quero que você pense." -
"Eu nunca penso no futuro. Ele não tarda a chegar." - Albert Einstein, físico, 1879-1955
"Eu tenho este medo insano de pensar que o mundo só existe para me por paranoico."
"Existe uma nova raça de peruas: a mulher chester. Pensa que é uma perua mas não passa de uma galinha."
"Expert: um homem que parou de pensar. Para que pensar, se ele é um expert?"
"Faz parte de nossa natureza humana pensar como sábios e agir como loucos." - Anatole France
"Foi uma noite linda. Vi pessoas que eu pensava que já tinham morrido." - Dercy Gonçalves
"Há anos que acompanho o triste problema da desnutrição no Brasil... e nunca pensei que fosse ficar feliz em ver um 'Garotinho' passando fome."
"Já pensei em fundar uma religião, mas tenho medo que me sigam."
"Ler, após certa idade, desvia demais a mente de sua busca criativa. Qualquer homem que lê muito e emprega pouco seu próprio cérebro, cai em hábitos preguiçosos do pensamento." - Albert Einstein “Macaco que muito pula tem problema psicológico, pensa que é um canguru..."
"Minha mãe sempre me diz que não adianta eu ficar apenas pensando em fazer, que devo agir. Depois que comecei agir, ela passou a me pedir para pensar melhor, antes de agir!"
"Muitas mulheres pensam que o marido é o melhor amante do mundo. Mas não conseguem flagrá-lo." - Henry Youngman (1906-1998)
"Mulher é um bicho burro pra caramba e faz do homem o que quer. Já pensou se ela fosse inteligente?"
"Na adolescência, tantos pensavam em fugir de casa; isso nunca me passou pela cabeça. Agora, vendo adolescentes dia e noite, minha mochila vive acenando para mim." - Ísis Figueiredo
"Não pense positivo, pois o positivo atrai o negativo."
"Não posso acreditar que eu costumava pensar que pessoas da minha idade eram adultos." - CollegeHumor
"Não tomo café, porque penso em você. Não almoço, porque penso em você. Não janto, porque penso em você. Não durmo... porque estou com fome!"
"Normalmente, não somos nós que possuímos nossos pensamentos, nossos pensamentos é que nos possuem." - David Bohm
"Nunca pare para pensar. Pense andando."
"O bom senso é o que há de mais bem distribuído no mundo, pois cada um pensa estar bem provido dele." - René Descartes
"O divertimento é a felicidade daqueles que não sabem pensar." - Alexander Pope
"O homem é o único animal que pensa que pensa."
"O homem não é o único animal que pensa. Entretanto, é o único que pensa que não é animal." - Blaise Pascal
"O pensamento é linear, o diálogo biangular, a conversa circunferencial trapezóide, o debate é multidimensional, o congresso estroboscópico." - Millôr Fernandes
"O pensamento lógico pode levar você, de A a B, mas a imaginação leva a qualquer parte do Universo." - Albert Einstein
"O povo pensou ter escolhido o salvador da pátria, mas, na verdade, elegeu o exterminador do futuro."
"O problema do que público é que os cidadãos pensam que é de graça, e os políticos que é seu."
"O que foi dito bêbado, foi pensado sóbrio."
"O que os partidos políticos dizem uns dos outros é, justamente, o que penso de todos eles." - Fournier
"O sucesso é um péssimo professor. Induz gente brilhante a pensar que é impossível perder." - Bill Gates
"Opinião pública é o que as pessoas acreditam que as outras pessoas pensam." - Alfred Austim
"Os animais não pensam. Tenho até a impressão de que nem tentam." - Millôr Fernandes
"Os cães pensam que são gente. Os gatos sabem que são deuses." - Artur da Távola
"Os fracassados são divididos em duas classes: aqueles que pensaram e nunca fizeram, e aqueles que fizeram e nunca pensaram." - John Charles Salak
"Ouvi dizer que o governo iria cobrar impostos mais caros dos ignorantes em matemática. Engraçado! Eu pensei que a loteria já era justamente isso!"
"Pensamento duplo indica a capacidade de ter na mente, ao mesmo tempo, duas opiniões contraditórias e aceitar ambas." - George Orwell
"Pensamos que certas coisas só acontecem com outras pessoas, mas nos esquecemos que sempre somos outras pessoas para alguém." - Calvin
"Pensamos raras vezes no que temos, mas sempre no que nos falta." - Schopenhauer
"Pensando bem, o horário eleitoral gratuito é o único momento em que certos políticos estão em cadeia nacional."
"Pensando bem... No Brasil qualquer dia até os papagaios vão falar 'corruptaco, corruptaco'." - Cláudio Humberto
"Pensar que a história está começando quando entramos nela é um erro conceitual característico dos homens ocidentais." - Giba Medeiros
"Pense grande. Você já ouviu falar de Alexandre, o médio?" - consultores de empresas
"Pensei em parar de beber, mas sou brasileiro e não desisto nunca!"
"Penso que a democracia significa hoje, em larga medida, manipular o consenso." - Erich Fromm
"Penso, logo hesito."
"Por maior que seja o buraco em que você se encontra, pense que por enquanto, ainda não há terra em cima."
"Poucas pessoas pensam, mas todas querem decidir."
"Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora, não contentes, querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence." - Bertolt Brecht
"Quando a gente pensa que sabe todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas." "Quando a igreja muda de padre, parece que se fala de um Deus novo."
"Quando era menor pensava que dinheiro era a coisa mais importante do mundo. Hoje tenho certeza!"
"Quando levar um chifre e pensar em pular de um prédio, lembre-se você ganhou chifres e não asas!"
"Quando não se vive como se pensa, acaba-se pensando em como se vive." - Gabriel Marcel
"Quando todo mundo pensa igual, ninguém pensa muita coisa." - Walter Lippmann
"Quanto menos os homens pensam, mais eles falam." - Montesquieu
"Quem confunde liberdade de pensamento com liberdade é porque nunca pensou em nada." - Millôr Fernandes
"Quem ri por último é quem pensa mais devagar."
"Saiba que seu destino é traçado pelos seus próprios pensamentos, e não por alguma força que venha de fora." - Martin Luther King
"Se cada vez que eu pensasse em você, caisse um pedacinho de mim: Ops!... Cadê eu? ..."
"Se queres ser um grande cientista, dedique 25 minutos ao dia para pensar todo o contrário ao que pensam teus amigos." - Albert Einstein
"Se sair de casa e um pombo cagar na sua cabeça, relaxe e pense na perfeição da mãe natureza, que deu asas aos pombos e não às vacas."
"Se todo mundo está pensando igual, então é porque alguém não está pensando." - George S. Patton, general americano
"Se um dia quem você ama lhe trair, e você pensar em se jogar de um prédio, lembre-se: você tem chifres, não asas!"
"Se você não se atreve a dizer o que pensa, vai acabar pensando apenas o que te deixam dizer."
"Se você pensa que cachorro não sabe contar, coloque três biscoitos de cachorro em seu bolso e lhe dê apenas dois." - Phil Pastoret
"Se você pensa que seu problema é grande agora, espere só até que ele esteja resolvido."
"Se, um dia, quem você ama lhe trair, e você pensar em se jogar de um prédio, lembre-se: você tem chifres, não asas!"
"Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar." - Nelson Rodrigues
"Todo homem que lê demais e usa o cérebro de menos, adquire a preguiça de pensar." - Albert Einstein
"Todo mundo pensa idiotice, mas idiota é quem fala."
"Todo político sábio fala duas vezes antes de pensar." - Millôr Fernandes
"Um correspondente estrangeiro é um sujeito que vive de hotel em hotel e pensa que o mais importante sobre qualquer coisa que esteja acontecendo naquele país é o fato de que ele chegou para cobrí-la." - Tom Stoppard
"Um diplomata é um sujeito que pensa duas vezes antes de não dizer nada."
"Um homem com mais de 55 anos acha que não faz mais besteiras. Isso é o que ele pensa." - Maurice Chevalier
"Um político pensa na próxima eleição. Um estadista, na próxima geração." - James Clarke
"Uma conclusão acontece quando você se cansou de pensar." - Steven Wright
"Uma parte dos homens age sem pensar, e a outra metade nem pensa."
"Voto de pobreza, obviamente, só pode ser feito por ricos. Pensando nisso, por que pobre não faz voto de riqueza?" - Millôr Fernandes
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Última alteração: 1° dez 2019
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A história de John McAfee e seu estranho desaparecimento
Diga o nome de John McAfee e a única coisa em que a maioria dos leitores pensará será a aparição no computador do programa "antivírus McAfee" que ele inventou na década de 1980. Mas, como indica um novo documentário da Netflix, Free Living: The Troubled World of John McAfee, havia muito, muito mais na McAfee do que o desejo de livrar seu computador de algum malware incômodo. Desde ser um fugitivo procurado pelo assassinato de seu vizinho em Belize, até sua extradição por sonegação de impostos, suas farras de drogas em superiates e a crença de que ele foi caçado por exércitos nacionais e cartéis de drogas, toda a história é complexa, confusa e quase inacreditável, assim como o próprio McAfee. "Você realmente não sabe o que é real e o que é fictício", diz o ghostwriter da McAfee no documentário, e esse é um dos muitos problemas em contar sua história. McAfee nasceu em uma base da Força Aérea dos Estados Unidos em Gloucestershire em 1945, filho de seu pai, um bêbado supostamente violento que cometeu suicídio quando McAfee tinha 17 anos. Depois de se formar em matemática em 1967, foi escolhido para trabalhar na NASA no programa Apolo. Ele então se mudou para o mundo da tecnologia com empregos na Univac, Xerox e Computer Science Corporation. Enquanto trabalhava na Lockheed no início dos anos 1980, ele começou a identificar o surgimento de vírus de computador e seu potencial para destruir a indústria. Ele criou um software antivírus que pode detectar um vírus de computador e removê-lo automaticamente, que ele chamou de VirusScan. Por ser um dos primeiros programas antivírus do mercado, ele fundou sua empresa McAfee Associates a partir dele. No início dos anos 1990, estimava-se que ele ganhasse US $5 milhões por ano. Seguiram-se fusões com a Intel, mas McAfee começou a mostrar seu lado impulsivo e imprudente quando falou mal da empresa por mudar o nome para Intel Security, e as empresas se separaram como resultado. Ele se tornou o cara original do Vale do Silício, associando seu nome e seu dinheiro a várias start-ups: Tribal Voice (que incluiu o primeiro site de mensagens instantâneas, PowWow), Zone Labs, QuorumEx, Future Tense Central e Cognizant. Eventualmente, ele se juntou à corrida do ouro da criptomoeda, tornando-se CEO da MGT Capital Investments. Em julho de 2017, a McAfee previu no Twitter que o preço de um bitcoin subiria para US$ 500.000 em três anos, acrescentando: "Caso contrário, estarei comendo meu próprio pau na televisão nacional". Mas todas as principais transações que ele fez mascararam seu comportamento cada vez mais errático fora da sala de reuniões. Sua atitude franca começou a afetá-lo. Depois de dizer à Fox News em 2019 que não pagava impostos desde 2010, outras acusações começaram a se acumular nos EUA contra ele: uma ação civil por duas mortes relacionadas ao seu envolvimento em um acidente de trekking aéreo que, só para você saber, é um esporte em que os triciclos com asas de pipa voam baixo, às vezes alguns metros acima do solo), bem como direção perigosa e posse de arma de fogo no Tennessee. Ele passou muito tempo em Belize, em uma mansão que possuía na praia de Ambergris Caye, mas disse que a polícia o tinha na mira, principalmente quando foi preso por fabricar drogas sem licença e porte de arma sem licença, novamente. Mas foi o assassinato do vizinho de McAfee em Belize, Greg Faull, que fez dele um fugitivo. De acordo com um local no documentário Free Living: The Troubled World of John McAfee, McAfee e Faull tiveram uma briga em 2012 sobre o comportamento dos quatro cães de McAfee, que assediaram o papagaio de Faull. Os cães da McAfee foram envenenados e mortos, e um dia depois Faull foi encontrado morto com um tiro na cabeça. De acordo com relatos da Reuters, McAfee acreditava que as autoridades de Belize o matariam se ele se entregasse para interrogatório. O primeiro-ministro de Belize reagiu negando suas afirmações, chamando-o de paranóico e "louco". É o momento do filme em que dois repórteres da VICE inexplicavelmente se juntam a McAfee na fuga com sua então namorada Sam. Eles viajaram com ele para a Guatemala, onde um McAfee cada vez mais paranóico acreditava estar sendo alvo do exército nacional. Ele foi preso por entrar ilegalmente na Guatemala e deveria ser deportado para Belize. Foi então que ele fingiu um ataque cardíaco e voltou para os Estados Unidos após ser solto, onde voltou à vida festeira em South Beach, Miami. Com duas candidaturas malsucedidas à presidência em 2016 e 2020 – presumivelmente ele pensou que se Donald Trump pode fazer isso, qualquer um pode fazer isso – ele se autodenomina um libertário, defendendo a descriminalização da maconha, entre outras coisas e uma economia de mercado livre que não redistribua a riqueza. O filme segue a queda de McAfee em uma crise de saúde mental. Teria ele instalado tecnologia de digitação nos computadores das autoridades para saber que estavam atrás dele? Um cartel de drogas o queria? E ele realmente matou seu pai e fingiu seu suicídio, como sugere na gravação? Tudo está ficando cada vez mais sombrio. Sua morte Em 2019, a McAfee voltou a fugir, desta vez do governo dos EUA. Em 5 de outubro de 2020, ele foi preso na Espanha em nome do Departamento de Justiça dos Estados Unidos por sonegação de impostos e esquema fraudulento de bomba e despejo de criptomoedas. Ele residiu em uma prisão de Barcelona até 23 de junho de 2021, quando o tribunal nacional da Espanha concordou em extraditá-lo para enfrentar acusações no Tennessee. Algumas horas depois, McAfee cometeu suicídio na prisão. No entanto, esse não foi o fim da história. A terceira esposa de McAfee, Janice McAfee, acredita que não foi suicídio. Ele também aponta para a tatuagem que McAfee fez dois anos antes de morrer e twittou: “Fiz uma tatuagem hoje, só para garantir. Se eu me matar, não o fiz. Eu estava louco. Olhe para o meu braço direito." Ele também disse que tinha informações sobre "os que estão no poder" e ameaçou finalmente expor "a verdade" se fosse preso ou morresse. Em agosto de 2022, de acordo com a Reuters, seu corpo permanece em um necrotério espanhol um ano após sua morte, e um processo legal movido por sua esposa exigindo mais verificações ainda não foi resolvido. Read the full article
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