#autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 2 years ago
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eu tentaria morrer hoje se não fosse a vida,
se não fosse essa vida que aos poucos e bem pequenos passos, eu me construí
e eu me destruí também,
inúmeras e inúmeras vezes,
e em todas elas eu renasci,
de novo e de novo
e de novo.
estando aqui, no agora, de pé
olhando toda essa poesia que a chamam vida.
e se não fosse a poesia, eu morreria
a poesia prevalece!
a vida, permanece!
todas as vezes que me vi diante uma situação singular e intransponível, eu tremi
e temi
e fugi
ou, pelo menos, tentei
mas voltei e enfrentei.
de uma forma ou de outra a gente sempre aprende a lidar com nossos demônios,
matando-os ou fazendo amizade com eles.
e agora te confidencio, pequeno demônio: estou com medo!
mas estou aqui.
pela vida, pelas palavras, pela poesia.
me sinto apta a te enfrentar.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years ago
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quanto mais escrevo,
mais me calo
e nesses rabiscos de papel, me encontro.
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sobre tantas e tantas coisas,
o abismo que há entre querer fazer algo e levantar da cama.
apagar o cigarro e evitar o gole de uma bebida qualquer.
reaprender quem sou, olhar ao longe quem eu era e quem eu ainda quero ser.
não consigo me observar no agora, estando constantemente em estado de vigília.
sei tudo um pouco,
sei de tudo que me tem, que há em mim, e tudo que me aquece o coração
e tudo que o apedreja também
sei de tudo, pouco
pouca coisa eu sei que está sendo escrito aqui,
tantas palavras que eu gostaria de gritar,
como quando coloco aquela música pesada no som do carro, no último volume, fecho os vidros e grito até acabar o ar.
eu pego uma garrafa de água, vazia, e bato no volante até amassar por completo.
eu acelero na via, esperando um acidente que me desacorde por um espaço de tempo suficiente pra eu não ter que continuar do jeito que está,
só que eu não faço ideia de que jeito está,
eu só estou sendo,
ando sendo tantas coisas, há tanto tempo, que não sei mais quem eu sou.
e encontrar o que eu gosto anda sendo tarefa difícil,
falar "não quero mais" não é tão mais simples agora
falar não é simples
ouvir, mais complicado ainda.
me ouvir, tá muito barulho por aqui,
são muitas vozes, muita gente, tá um tumulto danado e não tem saída,
as saídas de emergência foram bloqueadas e o segurança na porta diz que só pode ir quando a festa acabar,
mas eu não tô entendendo,
nem fui convidada pra essa festa,
o que que eu tô fazendo aqui?
me arrastaram pra cá desacordada, eu disse,
mas riram na minha cara e falaram "vc veio dirigindo até aqui, a 160 por hora"
e eu não me lembro,
eu não me lembro de nada
só quero sair e ir pra casa,
mas eu não consigo falar.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years ago
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fechei os olhos e avistei uma constelação,
aos poucos, mais e mais estrelas apareciam e me deixavam perplexa,
o rastro de um cometa
uma iluminação sem fim,
sem som
silêncio
um vácuo total.
abri os olhos e me enxerguei.
dei um trago no cigarro que estava quase se apagando,
pegou fogo de novo,
e queimou,
assim como minha pele queima sob o sol,
iluminada pelas estrelas
num quarto escuro e frio
num movimento, vi minha sombra na parede
me movi novamente
vi meu corpo dançar naquela sinfonia calma e singela
desperta!
eu estava acordada,
bem acordada
como num sonho em que a gente se belisca pra se dar conta da realidade
eu me movia e sabia que era eu
o eu e o eu sombra
nós duas, uma
dançando o movimento das estrelas,
iluminadas,
queimadas pela ponta de um cigarro velho,
queimadas pelo fogo que emanava dos meus corpos
era eu e eu,
comigo mesma,
eu e minha sombra, realizando os meus mais profundos desejos, como num sonho,
mas estavamos despertas.
resolvi parar de me mover,
a sombra também.
quieta!
agora era só eu, deitada na cama, olha pro teto que é branco, mas, tava tão escuro que eu não sabia.
a lâmpada piscou
mais um trago
olhos fechados pra ver estrelas,
esperando borboletas saírem do meu estômago,
nada.
sem estrelas, sem borboletas.
decidi que estava sozinha a partir dali,
a partir dali, não viveria mais à sombra de mim mesma,
eu era meu próprio sonho,
minha constelação,
eu era infinita naquele espaço tempo.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years ago
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leito 02
ela já tinha passado por tanta coisa até chegar ali,
já tinha sido muita coisa nessa vida,
mas agora, estava imóvel,
alternando o olhar do branco cego do teto para a escuridão profunda ao se fechar.
o barulho era sempre o mesmo,
aquele bipe insuportável que penetra o ouvido e fica tinindo até o fundo do cérebro.
respirar estava difícil,
falar, impossível
mas ela ainda estava ali.
num dado momento o bipe deu lugar a uma sirene alta,
e todos que estavam ali, rapidamente, assumiram seus postos de emergência.
ela decidiu que estava cansada demais, e queria um momento fora daqui.
enquanto flutuava por todo o quarto, passeando tranquilamente, visitando um por um,
médicos e enfermeiros tentavam ser Deus e trazer uma vida de volta.
12 minutos foi o tempo de sua morte,
deu tempo de olhar outras cores até ficar imóvel de novo,
deu tempo de pensar que a vida ainda é boa e vale a pena seguir tentando.
do alto do leito 09, eu ouvi a paciente do leito 02 morrer e ressuscitar em 12 minutos.
e eu fiquei feliz que ela tenha decidido voltar.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years ago
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eu sou uma sobrevivente. aos 13 e aos 16 tentei tirar minha própria vida. aos 18 tentei dormir pra sempre. além da marca temporal, adquiri problemas no fígado e um excesso de zelo da minha família. ao longo de 9 anos, desde a última tentativa, o pensamento de morte incorreu inúmeras vezes. eu ainda sou uma potencial suicida. ou talvez uma suicida não praticante. quero morrer todo dia, mas escolho viver. e tem sido doloroso desbravar todas as angústias que me levaram a compor esse sentimento, mas, sinto todos os dias que chego mais perto de uma verdade boa pra mim. as vezes dói profundamente, que acho que não vou aguentar, mas eu tenho propriedade pra falar que o afeto, a atenção e o cuidado com minha saúde mental que minha família teve/tem comigo em todos os momentos de escuridão, me livraram da morte tantas vezes. nos momentos bons eu tenho vontade de viver e seguir lutando. nos momentos ruins, minha família faz eu lembrar de quem eu sou e do quão bom é compartilhar a vida com eles. escutar a dor do outro, acolher, ser amparo, é difícil quando o outro está em negação de si mesmo. achar que o outro está fazendo drama e quer chamar atenção é mais simples. é mais simples não estar lá quando tudo desaba. mas é quando tudo desaba que sabemos quem está pronto pra ver nossa vida florescer. e, graças a Deus, tenho uma família que sempre está ao meu lado me ajudando a florescer dia após dia. eu sou uma sobrevivente. e seguirei sendo por mim, por nós. @autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years ago
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Se eu esquecer, me lembra.
Me lembra das músicas que eu gosto, dos passeios, as bebidas, os cheiros e gostos.
Me lembra das roupas, sapatos, cabelo e maquiagem.
Me lembra que eu gosto de mexer com a terra, tocar violão e ler letra de música.
Me lembra que não sou obrigada.
Se eu esquecer quem sou, me lembra.
Me lembra que antes de ser dois, eu sou uma.
E que essa uma, importa.
Me lembra,
Me lembra que eu gosto de macaquices e criancices, que eu rio solto e ando flutuando,
Me lembra que amo dançar e fechar os olhos pra sentir a batida da música na minha cabeça,
E que eu trago sempre que fico atordoada,
Se eu esquecer, me lembra
Me lembra que amo ser mãe, mas não quero parir de novo
Me lembra que amo cachorros, mas prefiro gatos
Me lembra que quero paz,
E quando eu estiver desnorteada com tantas responsabilidades,
Me lembra que posso respirar.
Se eu esquecer, me lembra.
Pode ser que eu me esqueça.
Já me esqueci outras vezes.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 6 years ago
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A depressão é um cão dos diabos.
Você não se vê com depressão até que ela te mate. E eu digo "mate" porque ela, de fato, te mata. Você continua ali com atividade cerebral e coração batendo, mas sem nenhuma reação a nada e qualquer coisa.
É bem esquisito.
Um dia você não quer mais sair de casa. No outro, nenhum programa de tv te agrada mais. No outro você não se levanta da cama. E aí ela te mata.
Seu choro sem motivo intensifica. Tanto a lágrima que escorre quanto o motivo que lhe falta.
Mas são tantos.
Mas você não sabe escolher.
Você chama seu melhor amigo pra te visitar.
Você não consegue falar "amigo, acho que tô entrando em depressão, vem cá me dá uma força". Você só consegue falar "ei, qualquer dia desses passa aqui em casa pra tomar um café", e não, teu amigo não te leva a sério. Ele não vai.
Ele não tem tempo.
Ele trabalha. Estuda. Tem vários compromissos.
O café de vocês fica pra depois.
E você pensa "poxa, estou incomodando..".
E aí não chama mais teu amigo pra tomar um café.
Você nem faz mais café.
E aí a pessoa que mora com você pergunta se você está bem e você diz "sim" com essa cara cínica e mentirosa. E a pessoa mesmo percebendo que não está, mesmo conhecendo sua cara cínica e mentirosa, diz "ok". É mais fácil pra ela acreditar em você do que arcar com a responsabilidade de cuidar de alguém depressivo.
Não está tudo bem.
Não vai ficar tudo bem.
Não é uma fase.
Não é frescura.
Não é preguiça.
E você a cada dia que passa consegue lidar menos com isso.
E menos.
E menos.
E menos.
Até que acaba.
Ela te matou.
(Autoraporumtriz.) 
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autoraporumtriz · 3 years ago
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eu entendo que o amor não é pra fazer ninguém sofrer e sim pra abarcar toda dor e maldade e fazê-las desaparecer.
mas, em certos momentos,
aqueles pequenos,
os menores mesmo,
quando a gente ama, do fundo da alma, e a gente deseja permanecer embriagado naquele amor, afogando em afeto,
dói.
dói demais.
pq a gente se confunde.
a gente confunde entre o ser e o ter
e o sentimento de posse transforma o amor em vaidade.
eu faço uma bagunça com todos os papéis que tenho que desempenhar na vida,
e coloco afeto em tudo
e tudo me afeta na mesma intensidade.
eu sinto muito por isso.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 3 years ago
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Hoje, esses dias. Todos esses dias. Eu tô bem assim, apaixonadinha. Euzinha. Aquela menina de sempre, que sempre foi profunda e dramááática demais. E é dessa que eu gosto, hoje, e todos esses dias.
Todos os dias que eu sinto – e tenho sentido tanto – gosto mais, porque me lembro mais e me lembro muito de mim, de quem eu era, de quem eu sou.
Sinto que posso me (re)escrever de novo e sentir todas as coisas que sinto e despejar elas aqui, nesse papel digital. Meu velho lápis se foi, a lapiseira também. Sobraram os dedos e o teclado, e o cabeção que não para de pensar nunca. Mil e uma coisas nessa cabeça que não tem cabelo loiro e sim castanho.
Gostei de voltar a sentir. São todas essas coisas que tu desperta em mim, e eu me sinto viva de novo e de novo e de novo e todos os dias, hoje, esses dias e todos esses dias juntos.
Eu amo o brilho e a força que transmitimos um pro outro e acho que não é só minha essa percepção. Eu espero que não. Eu desejo que não. Porque sempre quero poder ser essa pessoa que tá sentindo tudo, o tempo todo. E vou gostando de mim assim, desse jeitinho, devagarzinho, um passinho de cada vez na minha reconstrução de quem eu me tornei depois de tantos trancos e barrancos. E eu vou subindo escada acima, as vezes cansa, as vezes cai, as vezes sento e admiro a vista, porque daqui do alto é bonito demais. E eu vou assim, as vezes dá vontade de descer, voltar pra onde era confortável e seguro, mas quando vejo o quão profundo e escuro que é pra voltar, parece um abismo, eu choro, repenso de novo, e falo “é, tenho é que subir mesmo”. Toda e qualquer escadaria pra chegar no santo é alta e demorada, mas a gente chega lá um dia. Ou talvez não. Então, se não chegar, eu penso, pelo menos tu estava comigo e eu pude admirar todas as paisagens bonitas que passaram. Cansei, chorei, sentei, sofri, mas não me rendi em nenhum momento, e só olhei pra trás pra ter certeza que tava seguindo o caminho certo.
Se é pra ser pra sempre assim, eu já não sei. Não me cabe saber, nem ouso procurar essa resposta. Mas que agora tá tudo bem, ahh, isso está. O caos inteiro do universo penetra no meu peito, e eu sinto a dor de tantos e de muitos, e eu quero abraçar cada um. Mas pra isso, preciso me abraçar. E estou me abraçando muito nesse momento e gostando muito dessa figura sensacional que estou sendo hoje, esses dias. Hora ou outra não vou querer ser eu, vou inventar personagem, sair de cena, querer ser má, coadjuvante, figurante. Mas eu sei que só eu posso protagonizar essa vida aqui, que eu tenho hoje, e que não sei mais por quanto tempo ainda vou ter. Então hoje, e todos esses dias, agradeço pelo presente de estar viva, aqui, mesmo com o tudo explodindo lá fora, aqui dentro reina o bem e o amor, e eu tô sã e salva com muita sorte.
Não quero mais ver gente morrer. Mas não tenho poder pra tanto. Emano meus santos e santas, reis e rainhas, deuses e deusas, e toda permissão que tenho pra orar e vibrar, e libero as energias positivas em forma de pensamentos, intuição e oração. Que aconteça o que tiver de acontecer, eu tô pronta, entrego, confio, aceito (dependendo do que for, talvez eu chore) e agradeço. Mas o importante é que hoje, esses dias, eu tenho sentido tudo e sentido muito. E essa sou eu, a pessoa que sente e percebe o interno e o externo, e “traduz” em um monte de coisa rabiscada (digitada) no que faz sentido (ou não) pra mim e pra você.
Obrigada por ler até aqui. Se não entendeu nada, vamos ter que dar um jeito de entrar na minha cabeça e consertar o corretor, porque realmente não tá fácil.
Obrigada. É isso. @autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 4 years ago
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He’s trying to be a normal person, like everybody. Bullshit. People like us never can be normal or have a ordinary life. We was born to do some things that another people never understand. We are here for a reason. A big, big, big and different reason. And it’s happening. Right now. Everything that you look around, is part of the plan. We are faded to do this extraordinarily thing. To be extraordinary.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 4 years ago
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first chapter
this pain. this sickness. this horror show. I hope something, but I don’t want. I want something, but I don’t know. My life is all of this shit that I have to support, cause I can’t choice. I can’t see the future, and the pass are following me. And this scared me. And this hurts me. And I feel this pain like an energy in my body.
I say to myself "take it easy", but nothing that I can do is enough. Is so fast. More than I can.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 4 years ago
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sabe, sobre todas essas coisas. o individual e o coletivo. eu olho minha filha sentada vendo TV e me acalma o coração por ela simplesmente respirar. eu tomo meu vinho no conforto da minha casa, com comida, cobertor e internet e me sinto egoísta por ter as coisas que lutei pra ter, pq milhões de pessoas lutam todos os dias e não tem nem metade. não é justo. e eu não sei fazer com que seja. o interno e o externo se chocam, divergem, entram em conflito. quando precisamos ser o todo, separadamente. quando precisamos ajudar sem abraçar. quando trabalhar 8, 9 horas por dia não faz mais tanto sentido. eu só quero voltar pra casa viva e ver minha família viva. quando o básico, o trivial, se torna o que mais importa. quando lavar a mão salva uma vida. quando não ver uma pessoa, não abraçar, é sinônimo de cuidado e amor. mas, e se não pudermos mais abraçar? tipo, nunca mais. e se não abraçarmos quem amamos pela última vez? e se não dissermos tudo que queremos dizer e deixarmos o afeto tomar conta e amanhã essa pessoa se for? pq a vida tá assim, mais frágil do que nunca. e entre o não abraçar e o abraçar vc se encontra num abismo confuso. e quando ela se vai, nem o último adeus não é mais possível. aquele corpo gelado não pode ser aquecido por velas, lágrimas e orações. é só mais um corpo gelado indo pra debaixo da Terra junto com todas as oportunidades que vc tinha pra abraçá-lo e não abraçou. indo com todas as palavras que vc tinha pra dizer e não disse. indo com a ausência e solidão. no entanto, vc só estava querendo que tudo ficasse bem. e todo mundo só quer que tudo fique bem. e não sabemos mais o que é certo ou errado. e cada dia é um dia a mais e não a menos. e ir seguindo a intuição é a maneira mais sábia de permanecer são, pq já atingimos altos níveis de contágio da loucura e não dá mais pra controlar. é viver e aproveitar o agora sabendo que a nossa vez vai chegar em breve.
@autoraporumtriz
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autoraporumtriz · 7 years ago
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E apita o árbitro. Esperança. Boas conversas. Sorrisos. Pipoca. Café. Um primeiro lance e os sorrisos vão embora. Mini infarto. As unhas começam a tomar o lugar da pipoca. O corpo, involuntariamente, se levanta do sofá no tiro de meta. A mão vai à cabeça. Os olhos fecham num susto. “É melhor eu não assistir, talvez eu esteja dando azar”, alguém comenta. E não existe religião, credo ou santo que faça a diferença naquela hora. A fé é na bola. A fé é em qualquer coisa que faça aquela maldita bola balançar a rede do adversário. É só fé, na verdade.
(Autoraporumtriz.)
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autoraporumtriz · 7 years ago
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Ahh... meus vinte e poucos!
Daqui a pouco vinte e meios, vinte e muitos..
E lá se vão meus anos todos.
Ontem mesmo brigava com meu irmão do meio, escutava conselhos do mais velho, mamãe nos colocava de castigo “para pensar”, papai, só com um olhar nos fazia entender onde estava o erro...
Ah, meus vinte e poucos.
Quem dera pudesse voltar no tempo. Quem dera pudesse me congelar como as fotografias que ficaram.
O peso dos dias é cada vez maior.
Puxa! Como cresci. E cabe tanta coisa nesses 1,50m.
Olho pra mim e me vejo no lugar certo, com as pessoas certas, na hora certa. Onde eu queria estar.
Mas sobra tanta falta.
Falta de tempo, de amigos, família, solidão, estar.
Um preço alto aqui. Abdicar-se de tantas coisas por uma.
Os preços altos em todos os lugares.
Pago caro por querer ficar, pago caro para ir. E é tudo tão condicionado à valores...
Valores esses que já perdi. Que ainda busco em mim. Que corro atrás.
Valores que fui ensinada, valores que aprendi e apreendi. Valores aos quais fui imposta. Obrigada. Não tem de quê. Valores empurrados goela abaixo e degustados como sobremesa de uma postura que ainda não tenho.
Ah, meus vinte e poucos.
Queria tanto poder ter aprendido mais.
Mas o agora é aprender. E a cada dia, só me aprendo. Me prendo.
E a liberdade continua sendo essa independência que tanto busquei e que agora me faz prisioneira de todas as amarras as quais me submeti.
E é bem assim nos vinte e poucos. Um bem-estar de se estar, mas não tão bem quanto deveria, mas também uma ascensão de sucesso ou aspiração do fracasso.
Um limiar entre a competência e as tentativas.
E é um tentar sem fim.
Nunca se completa, nada se conclui. Só se tenta, tenta, tenta; e não para de tentar; e não se cansa de tentar.
Ou, se cansa tanto, que surta, enlouquece, depois diz que é a crise dos vinte e poucos.
Mas, é só a crise dos vinte e poucos.
Nada de não entender quem se é, como na adolescência. Muito pelo contrário, sabe-se muito bem quem se é e pra que veio, mas não consegue ser, nem seguir. E isso mata;
E isso morre.
Ah, meus vinte e poucos.
(Autoraporumtriz.)
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autoraporumtriz · 7 years ago
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Essas amarras ainda me perseguem. Ainda me sinto culpada por tudo. Faço meus próprios significados de cada palavra escrita aqui. E não faz o menor sentido. E sentido não faz pra mim. Pro eu. Eu de quem? De quem é essa história? A quem pertence essa vida? O que pertence? É o meu sozinho. Meu sentar na janela e olhar pras estrelas, num céu preto. Nublado. Uma noite fria pra uns, nem tanto pra outros. É um findar sem fim. Há quanto tempo escrevo essa prosa? Há quanto tempo escrevo esse verso? Poema. Poesia. Vingança. Tempo. Palavras desconexas, sem significado algum. Ou com tanto significado impregnado que já nem sei mais qual escolher. Ainda me sinto culpada. Ainda sonho noite e dia, de olhos abertos ou fechados com um passado que nem lembro e com um futuro que nem conheço. E cada dia vai passando, e eu tentando fazer valer a pena. Trabalhadora. Estudiosa. Dedicada. Sou sim. Sou mesmo. Mas até quando? Mas, quanto? Mas por quê? Pra que? Pra quem? De que adianta? Adianta muito. Não atrasa. Só anda atrasada. 3 minutos aqui, 3 minutos ali, e lá se vão meus dias. Um café de manhã, um almoço mal comido. Um dose de energético pra aguentar o dia. Uma dose de calmante, pra conseguir dormir. As mãos tremem. O cansaço bate. Mas a vontade tá firme e forte. O corretor do celular tenta resignificar minhas palavras. O corretor do universo tenta dar significado pra minha vida. Mas o que é de verdade? Até quando a realidade bate de frente com os meus sonhos? Ainda me sinto presa nessas amarras. Nas perguntas sem respostas. Nas idas e vindas que não sei de onde vem e nem pra onde vão. Ainda me sinto aqui..
(Autoraporumtriz.)
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autoraporumtriz · 6 years ago
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são 02:36 da manhã.
eu tô parada em frente ao berço da minha filha.
pensando em quanto a maternidade me transformou.
eu tô pensando em tudo que me aconteceu pra eu chegar até esse momento aqui.
foi um nascimento desejado. a vinda pro Estado de Goiás. a infância feliz. a adolescência nem tanto. a escolha do curso e da universidade. o estágio na Redutep. a música Home. a Avril Lavigne e a Diablo. o transbordar. a humildade e o aceitar. enfim, o Lucas e eu. e o resto todo. e essa mistura que gerou essa coisinha que eu olho agora no berço.
e é tão perfeita.
eu não aguento de tanto amor e felicidade.
é como se eu ganhasse um presente por segundo.
não. é melhor ainda.
e as dificuldades da maternidade?
não as encontrei tão severas ainda.
o parto foi traumático. mas eu já passei por outras coisas traumáticas na vida.
meus peitos doíam nas primeiras mamadas. mas eu já tive dores bem maiores na vida.
as noites são longas e cansativas. na verdade, não dá pra dormir mais que 3 horas seguidas. mas eu passei a faculdade toda fazendo isso.
a maternidade não é sofrida. não é esse drama todo.
mas, sabe o que dói?
dói ver essa coisinha minúscula chorar de cólica e nenhum remédio, nenhum peito, nenhum ninar resolver. e seu bebê te olhar com um olhar de dor dilacerante.
dá vontade de chorar junto. dá vontade de pegar aquela dor pra gente.
por mais que Maria Edy (graças a Deus) tenha poucas dores de barriga, a cada vez que ela tem eu sinto que ela não merece. que eu deveria sentir aquela dor por ela. e que se eu pudesse, arrancaria aquela dor com muitos beijos.
sabe o que mais dói?
ver minha pequena se agoniar de calor nesse Goiás mil graus. é dar banho e em poucos minutos ela já estar suada de novo e se agonizando de novo. e aí pensar "se eu colocar ventilador posso comprometer o sistema respiratório dela, se for ar condicionado, pode dar problema também, se eu colocar pouca roupa, pode ventar e dar pneumonia, mas muita roupa ela vai fritar...." e uma série de pensamentos e opiniões de outras pessoas. e aí dói. dói não saber o que fazer pra amenizar uma situação tão simples. dói querer fazer o certo e acabar fazendo errado. isso dói.
mas uma coisa aprendi: tudo passa.
e a maravilha e a dor desse primeira fase da maternidade passam.
e esse terno momento olhando Maria no berço, passa.
e no fim das contas, eu só quero eternizar tudo na memória (e no papel - quando dá).
eu só sou uma menina que acabou de nascer mãe.
(autoraporumtriz.)
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