Tumgik
#análise letras
kissmthru · 7 months
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BTS em: A frustração de se tornar adulto, rumos incertos e formigas! 🐜
Eu não sabia que havia esse tanto
De caminhos que eu não posso ir e também caminhos que eu não consigo ir
Eu nunca me senti assim antes
Talvez eu esteja me tornando um adulto
Pois é, nem só de música melodramática com letras românticas se vive o BTS e podemos ver isso principalmente em suas eras passadas, com álbuns cheios de personalidade e reflexões sobre a vida, que convenhamos, é bem relateble com seu público. Uma das minhas músicas favoritas e que na minha opinião é até bem esquecida pelo fandom, por assim dizer, é Lost do álbum Wings (2016) — que por sinal também é um dos meus álbuns preferidos.
Lost nada mais é do que o relato de um jovem de frente ao seu futuro, e que acaba de se tocar que a vida adulta não espera ninguém. Gosto de como a música não tenta ser uma "grande filosofada" sobre o futuro, mas usa de toda essa ansiedade e incerteza sobre a vida em sua letra, tendo uma sensibilidade muito sincera em querer expressar essa questão tão comum para uma maioria esmagadora de jovens e adolescentes que, as vezes se veem perdidos de seus próprios caminhos.
Mesmo que seja inacreditável, eu ainda acredito que
Perder o seu rumo
É o jeito de encontrar o rumo certo
A letra de Lost é auto explicativa, é sobre perder seu caminho. É sobre admitir não saber suas próprias escolhas e entender que mesmo que exista um mundo de possibilidades à sua disposição, é consciente o suficiente para saber que ainda não encontra como, e as vezes nem o porquê dessa busca. O controle sobre o futuro é o desejo de qualquer um, mas e quando se descobre que na verdade, isso é impossível?
Algo muito interessante de se analisar é a analogia com a formiga. É bem simples, mas muito certeira. A letra fala sobre uma certa vez, em que o eu lírico se depara com uma formiga andando e tropeçando, em busca de comida.
Uma vez eu vi uma formiga indo a algum lugar
Não tem jeito de encontrar o caminho de primeira
Tropeçando e rastejando para a frente inúmeras vezes
Para encontrar algo para comer, vagando por dias
A procura constante do seu futuro ideal, o medo de errar, de desistir ou até de seguir em frente, tudo isso leva seus dias, toma seu tempo, ocupa seus pensamentos e rouba momentos de sua vida se você deixar que isso lhe sufoque. Aquela busca pelo sonho se torna um pesadelo, um fardo, deixando de ser parte do processo de uma realização. Embora essa batalha de "você vs o mundo" possa parecer um caso perdido, a letra ressalta que esse não é o fim, e que na verdade, é apenas uma parte dessa busca.
Ele aborda o fato de que a procura da formiga parece ser cansativa e frustante, mas também que ela não é em vão. Afinal, existe um propósito final em seu esforço.
Você sabe, essa frustração também vale alguma coisa
Acredito que estamos no caminho certo
Se alguma vez encontrarmos o caminho
Com certeza vamos voltar para casa de uma vez, assim como uma formiga
No final da conjectura, ele fala sobre a importância dessa frustração. Embora seja dolorosa, ela é essencial, afinal, o medo e a luta contra os desafios cotidianos é real e também faz parte do processo de encontrar sue próprio rumo. Assim como a formiga, podemos gastar todas as nossas energias em busca do nosso futuro, caindo e rastejando sem parar, mas que isso apenas valida tudo ainda mais. Essas dores no meio do caminho te deixam consciente de onde você está e do que você quer em primeiro lugar.
"Voltar para casa como a formiga" é além de alcançar seu objetivo, é sobre achar seu rumo e poder olhar para trás e encontrar o caminho de volta, não para retroceder, e sim para entender por onde passou.
É ter certeza de que na verdade, toda esses questionamentos já são parte do seu caminho. Tudo sempre foi seu caminho.
Agora adeus à minha esperança sem promessas
Mesmo que demore um pouco, eu vou andar com meus próprios pés
Porque este com certeza é o meu caminho
Mesmo se eu voltar, vou chegar a este caminho eventualmente
Eu nunca vou desistir do meu sonho - Lost.
* Um detalhe pra se destacar é que na composição da música temos alguns nomes bem recorrentes na discografia do BTS, como por exemplo, o Supreme BOI que tem várias participações em muitas músicas dos meninos. Mas algo que não me chocou foi ver que teve dedo do Namjoon aí! Gosto de como entre todos os membros do BTS, ele é o que sempre traz em suas composições músicas muito reflexivas e sensíveis! um grande artista, na minha opinião.
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klimtjardin · 22 days
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Rápidas considerações sobre J:
Achei exatamente o que eu esperava de um álbum do Jaehyun. O mais legal pra mim foi ver ele falando naqueles vídeos "The Journey of J" porque dá pra acompanhar o processo criativo mais de perto. A minha favorita até então segue sendo Roses e a segunda Can't Get You, amei a adição de back vocals em ambas, trouxe bastante autenticidade. Outra coisa que também trouxe autenticidade e contribuiu pra coesão foram instrumentos de sopro em mais de uma música. Achei, no geral, tão divertido, funky, "in a silly goofy mood", e exatamente como ele disse que queria: diferente de quem ele é com o NCT. Como já tinha comentado, esse álbum me traz whisky, limão, cigarro, um homem sem esperanças, porém que ri da própria situação. O que eu não esperava que o Jaehyun fosse trazer era tanta sinestesia, porque as músicas pintam imagens bem vívidas na minha cabeça, e como ele mesmo disse, ele já tinha todas essas imagens também na cabeça dele, e eu achei isso simplesmente incrível.
Gosto de Smoke como a música título, ela desenha bem o conceito do álbum. Gosto como ele mostra as cores do vocal dele, o MV impecável, que merece uma análise à parte. Porém, vou destacar que amei a flor parecer ter algum efeito alucinógeno que o faz entrar em outra dimensão.
Flamin Hot Lemon me traz The 1975. Eu imaginaria uma banda desse estilo cantando essa música; é despojada, sensual e divertida. Gosto de toda a linguagem que ele usa nela, da brincadeira do "i love the way you taste".
Dandelion é um amor! Música pra ficar felizinha quando você tem uma paixonite nova, ou algo assim.
Não curto baladas tanto assim, porém, Completely é extremamente agradável, e a letra da música é muito bonita também.
Easy pra mim foi a que menos me tocou, as outras me deixaram pedaços na cabeça até agora {levando em consideração que só ouvi 1 vez}, mas por ela seguir o conceito acho estar bem encaixada no contexto.
Gostei de como o Jaehyun costurou nuances de RnB entre todo álbum - questão que ele demonstrou dúvidas sobre: seguir com o conceito ou colocar as melhores músicas? Sempre opto pelo conceito {risos} porque um álbum deve ter início, meio e fim.
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dailyanarchistposts · 1 month
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Bibliography
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BAKUNIN, Mikhail. About freedom. The Anarchist Library, 2021. In.: https://theanarchistlibrary.org/library/mikhail-bakunin-about-freedom.pdf
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BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.
BENTO, B. Corpo, gênero e sexualidade: instâncias e práticas de produção nas políticas da própria vida / Luís Henrique Sacchi dos Santos, Paula Regina Costa Ribeiro (orgs.). – Rio Grande: FURG, 2011.
BENTO, B.; PELÚCIO, L. Despatologização do gênero: a política das identidades abjetas. Florianópolis: Revista Estudos Feministas, 20(2): 256, 2012
CAVALCANTI, C.; BICALHO, P. P. G.; BARBOSA, R. B. Os Tentáculos da Tarântula: Abjeção e Necropolítica em Operações Policiais a Travestis no Brasil Pósredemocratização — Psicologia: Ciência e Profissão 2018, v.38 (núm. esp. 2), 175–191.
GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, 2016.
GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: Cartografias do Desejo. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
JESUS, J. G. Medicina: uma ciência Maligna? Debate psicopolítico sobre estereótipos e fatos. Revista Periódicus. v. 1, n. 5, 2016. Salvador. e-ISSN: 2358–0844
KROPOTKIN, Piotr. O Estado e seu papel histórico. São Paulo: Imaginário, 2000. 95p. Tradução de Alfredo Guerra.
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RODOVALHO, Amara Moira. Não fossem seus pelos vários [de linhas imaginárias, metáforas e provocações trans]. Salvador: Revista Periódicus, n. 5, v. 1, 2016.
RODOVALHO, Amara Moira. O Cis pelo Trans. Revista Estudos Feministas [online]. 2017, v. 25, n. 1 [Acessado 4 Julho 2021], pp. 365–373. Disponível em: . ISSN 1806–9584. https://doi.org/10.1590/1806-9584.2017v25n1p365.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Epistemologies of the South : justice against epistemicide. New York: Taylor & Francis, 2014.
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WOODCOCK, George. Os grandes escritos anarquistas. São Paulo: L&PM Editores, 1998.
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yutanuts · 9 months
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Análise de 'Professional' do The Weeknd
R&B/SOUL e Pop Alternativo
"Professional" é uma faixa que mergulha profundamente na narrativa emocional de um artista lidando com as complexidades de sua fama e relacionamentos. O instrumental oferece uma base sonora rica, com elementos sintetizados e batidas pulsantes que refletem a intensidade das emoções do protagonista. A vibração da música é melancólica e sedutora ao mesmo tempo, transmitindo a dualidade entre a vida luxuosa e as lutas pessoais do personagem central.
A voz de The Weeknd na ponte da música é o destaque INCRÍVEL. Sua entrega vocal é carregada de emoção e confiança, transmitindo a tensão entre a persona pública e o desejo por conexões íntimas genuínas. A maneira como ele manipula sua voz, alternando entre suavidade e intensidade, adiciona uma camada extra de profundidade à música, destacando a dualidade de sua vida profissional e pessoal.
As letras de "Professional" exploram a complexidade emocional de estar no topo, enfrentando a solidão e os desafios de relacionamentos superficiais. Elas pintam um retrato vívido das lutas internas do protagonista, onde ele reflete sobre o preço da fama e a dificuldade de manter relacionamentos significativos. (9/10)
Pedido de: @jenovascaino
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magicxshopbangtan · 4 months
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MV DE GROIN + Álbum de desabafo
Saiu mais um MV do álbum Right Place Wrong Person, dessa vez foi da música Groin, que é uma música de muito desabafo do Namjoon, se você já viu a tradução da letra você consegue perceber a raiva e o desabafo real contido em Groin, acho que esse é um dos motivos que ele decidiu escolher essa música para um MV.
Todo o álbum é um desabafo do Namjoon, isso está mais que claro, ele mesmo e até o Jimin no vídeo Minimoni, disse que RPWP é um diário do Namjoon, e não é nem preciso pensar muito, só vendo as letras e a forma como o Namjoon canta você percebe ele querendo por tudo o que sente pra fora.
Esses dias atrás eu estava vendo discussões sobre algumas músicas do álbum e é legal as discussões, os vários pontos de vistas e opiniões mas tem coisas que eu vi e pensei: "Será que estão realmente percebendo tudo o que o Namjoon está desabafando nesse álbum ou só estão enxergando o que querem ver?"
É uma questão para ser levado a sério porque existem questões que uma parte do fandom parece não querer enxergar.
Quando eu vi essas discussões sobre as traduções das músicas, eu vi gente no fandom focando só em analisar uma ou duas músicas, como se só essas fossem importantes, mas não é nem isso que frustou, o que mais me frustrou foi ver gente querendo diminuir o desabafo do Namjoon nesse álbum. Ao ver o que não querem enxergar, vi pseudo-army dizendo que nem toda música o Namjoon falou sobre ele mesmo, que ele poderia estar cantando sobre algo apenas por cantar, como se ele tivesse cantando sobre um personagem inventado, um "eu lírico" de outra pessoa e não sobre ele mesmo, eu vi inúmeras justificativas que pareciam querer diminuir o poder de expressão do Namjoon e é isso o que eu mais temia que acontecesse.
O Namjoon sempre compôs suas músicas sobre os seus próprios sentimentos, suas mixtapes e álbuns lançados até agora sempre foram sobre ele mesmo, sobre ele tendo o poder de expressar o que sente e desabafar.
Right Place Wrong Person, é um álbum que é mais que um desabafo, é realmente um diário sobre seus sentimentos, RPWP é um projeto que o Namjoon vem trabalhando há muito tempo e um projeto que ele sempre citava em suas lives com muito entusiasmo, então me dá raiva ver as pessoas colocando uma venda nos olhos, inventando justificativas ou ignorando as palavras que o próprio Namjoon diz, seja em suas músicas ou suas palavras em lives e conversas sinceras. Eu entendo que cada pessoa tem uma opinião e uma visão diferente, o problema é que parece estar cheio de gente no fandom projetando suas próprias crenças e ignorância nele, e escrevendo bobagens disfarçadas de opinião.
A interpretação das músicas do Namjoon estão claras e objetivas, o objetivo dele é desabafar, ele está falando suas experiências, sobre ele. Quantas vezes mais ele vai ter que dizer para que levem a sério e valorizem seus álbuns? E eu lanço a questão para algumas pessoas do fandom, se o álbum é um diário dele, composições dele, então sobre quem mais ele estaria falando num álbum DELE?
Nuts é outra música que ele deixa bem clara e objetiva a interpretação, as letras estão escritas em seu álbum, mas mesmo assim vejo gente fingindo não ver ou ignorando uma certa parte da letra, o ELA e ELE na música causou uma comoção no fandom e foi aí que eu vi diminuírem o poder de expressão do Namjoon, uns fingindo que não existe o HE na música, outros dizendo que o Namjoon deve tá citando ele mesmo nessa parte (o que não faz sentido, olhando contexto dela), também logo depois pegaram outro trecho da música e foram causar problemas, eu vi muita gente criando inúmeras justificativas para fugir do que o Namjoon escreveu e canta em Nuts, virou uma discussão, sem contar também que uma parcela do fandom resumiu o Namjoon a apenas essa música. Análises, discussões, interpretações todas foram focadas em apenas uma música e pela empolgação ela seria uma música que teria um bom desempenho mas infelizmente a mesma empolgação para discutir sobre a música não teve para transmitir ela e o álbum todo. É aí que se encaixa as prioridades.
O que o Namjoon está nos dando nesse álbum é uma grande parcela de si mesmo, ele também está nos dando suas palavras e letras para reflexão, identificação, para que possamos conhecer ele.
Queria deixar aqui um trecho de Groin que eu gostei muito e é uma das partes que mais mostra como ele esta dividindo com o ARMY os seus sentimentos mais profundos
Um trecho de Groin:
"Quando se trata de mim, tudo é sempre mal-interpretado
Eu não sou a porra de um diplomata
Tipo, eu represento algo?
Eu só represento a mim mesmo".
Sentiram o peso dessas palavras? Para mim Groin é um desabafo bem forte sobre o Kim Namjoon e o RM do BTS. É uma das músicas ao qual ele transita entre suas personas.
Não é só em Groin o desabafo, não é só em Nuts, ou em Out of Love, são todas as músicas, então deêm atenção a todas elas, leêm as traduções, reflitam, pensem e parem de se projetar ou esperar algo dele que não cabe a ele. Ouçam o álbum, ouçam e valorizem, se não faz seu estilo musical, ao menos se permita ouvir!!
E chega de ignorar as palavras que os meninos falam, chega de ignorar os sentimentos que eles expressam de diversas formas.
Vão ver o MV de Groin porque está muito a cara do Namjoon, lembra muito os vídeos da época 2000, e não esqueçam por favor de dar stream no álbum, se eu for falar dos charts aqui vai dar em mais um desabafo grande como da outra vez então pra resumir, por favor foquem nas músicas, foquem no álbum recém lançado que precisa muito do seu apoio ARMY!!! Chega de preguiça. Até mais, volto aqui com outro assunto. E não se esqueça que vem mais MV's do Namjoon.
O link do MV de Groin logo abaixo:
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cbccat · 5 months
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Olá, Tumblr! Hoje é um dia extremamente especial para 4 gerações de gente, e a razão é o showzaço prometido pela maior superstar viva em Copacabana. Não pude deixar a data passar em branco. E, além disso, estava querendo ficar mais ativa no blog... esta seria uma boa oportunidade, portanto. Também estou incrementando umas páginas extras para o site, mas elas ainda não estão acabadas, só para informar.
Mas beleza. Em homenagem à merecida e esforçada Rainha do Pop que temos, o tema deste post é:
Meus clipes favoritos da Madonna
Pois é, Tumblrrrrr. Foram escolhas dificílimas, porque é clipe pra caramba, e quase todos são lindos. Tem alguns que simplesmente marcaram a cultura pop para sempre, mas não quis elencar clipes em ordem de importância, porque seria um tanto quanto complicado de avaliar e meio prepotente, sei lá. Meu critério para esta lista é meramente meu favoritismo; isto é, quando um clipe é demais para meus olhinhos ou desperta minha profunda admiração em termos afetivos. E isso tudo é extremamente subjetivo. Penei para fazer tal análise de dezenas de vídeos, mas aqui estou para dizer quais clipes (não necessariamente as canções) tocam meu coração dentre todos que a M estrelou.
Enfim, vamos ao ranking!
10) "Music" (ano 2000, álbum Music)
A era cowgirl do novo milênio foi marcante na carreira da Madonna, então tenho de respeitá-la, apesar do Music em si não ser um dos meus trabalhos prediletos. Esse lead single mostra pro mundo a sonoridade futurista do Mirwais enquanto pula vertiginosamente de uma fase espiritualista e reflexiva da cantora até uma loucura que engloba todos os tipos de cafonices americanas. Nisso, o clipe de "Music" se encaixa muito bem ao expor uma Madonna mais dionisíaca, megalomaníaca e materialista novamente, em segmentos bregas que só. Mas eu achei o máximo aqui - adoro essas interações sáficas pontuais que pintam com a Madonna.
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9) "Lucky Star" (ano 1984, álbum Madonna)
Esse clipe supersimples é tão agradável a mim. No comecinho da carreira, vemos que nossa querida cantora tinha apenas um fundo branco, dois dançarinos e um sonho. E deu certo! Apesar de visivelmente limitado, a coreografia inspirada e a ousadia da Madonna fica evidente a todo momento aqui. E as roupinhas pretas em contraste com a imensidão de branco ficaram excelentes. Um charme só.
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8) "Ray of Light" (ano 1998, álbum Ray of Light)
A melhor era/melhor álbum da diva está aqui representada pelo clipe da faixa-título. Madonna está em uma de suas melhores fases de visual também, pois fica belíssima com esse cabelo de toque mais natural. A música é indubitavelmente maravilhosa e o clipe tem um conceito muito bom e coerente com a ideia trazida na letra. É produzido de maneira sensacional.
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7) "Open your heart" (ano 1986, álbum True Blue)
Agora deixa eu dizer uma coisa: um dos cabelos mais lindos, se não o mais lindo que a Madonna já teve foi o platinado curtinho da era True Blue. É lindo demaaaais! E ela, com isso, ficou tão intrigante de dançarina burlesca. A aparência andrógina contrasta com o figurino provocador e com a coreografia muito bem feita que ela consegue emplacar. O conceito dos observadores diversos cobrindo os olhos é ótimo também.
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6) "Bedtime Story" (ano 1995, álbum Bedtime Stories)
A música feita em parceria com ninguém menos que Björk não faz tanto o meu tipo, confesso. Ainda não ganhou minha total afeição, pelo menos... Mas também se deve admitir que o clipe é surpreendente em todos os sentidos. Não é à toa que hoje ele é exposto no MoMA como arte visual - esse vídeo é arte visual pura, com pinceladas surrealistas. Muito bem executado.
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5) "Deeper and Deeper" (ano 1992, álbum Erotica)
A cena ballroom é posta em evidência com louvor no clipe da melhor faixa desse projeto vanguardista. Colorido, divertido e convidativo, ele é diferente do restante dos clipes para as faixas do Erotica, que por sua vez são repletos de estranheza e melancolia para melhor expressar o desmoronamento mental de uma artista que lidava com perdas significativas no período da epidemia da AIDS. Um outro elemento superlegal presente nas cenas de "Deeper and Deeper" é a presença de participações especiais, entre elas a queridinha da plataforma Sofia Copolla.
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4) "Secret" (ano 1994, álbum Bedtime Stories)
Esse clipe singelo conta com a direção certeira de Melody McDaniel. Se você parar para pesquisar o processo de elaboração dele, verá parte da sua magia. Nada é cristalino, há um ar de mistério e emoção pairando que, assim como a própria canção, te deixa pensando nos temas que o perpassam. Fenomenal. Transmite bem a mensagem desconhecida dessa música que é, de fato, tão cheia de segredos.
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3) "Don't Tell Me" (ano 2000, álbum Music)
Em um fusão incrível entre o universo western e eletrônico, essa música com perfil de favorita dos fãs ganha uma apresentação visual à altura, cheia de expressão corporal dessa dançarina mais do que capacitada. Vivaz e contagiante, o clipe tem uma das melhores coreografias já feitas pela Madonna. E a sacada do fundo falso e a constante brincadeira com ele definitivamente não são de se ignorar.
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2) "American Life" - versão original (ano 2003, álbum American Life)
Finalmente podemos ver essa obra-prima de maneira oficial! Fico muito feliz por isso, e igualmente fico chateada ao saber que esse clipe que seria tão impactante foi cancelado e retirado do ar tão cedo. Nele constam críticas contundentes à situação dos EUA no contexto daquele governo tão polêmico lá. Chocante e forte, ele mostra uma Madonna audaciosa em sua forma mais clara e destemida. Pena que isso vigorou tão pouco nesse caso.
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1) "Vogue" (ano 1990, álbum I'm Breathless)
É o seu clipe mais icônico, não há muito mais o que dizer. David Fincher fez um trabalho impecável, próximo a algo cinematográfico ou do mundo da moda mesmo. Cada segundinho é a coisa mais elegante e cheia de classe e glamurosa que você já viu na sua vida. Apenas assista e veja se estou errada.
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Bem, a lista de favoritos acabou. Mas, se pudesse fazer uma menção a um dos seus clipes de épocas mais recentes, certamente indicaria "God Control". É a minha menção honrosa da vez. Ele toca em temas tão pertinentes quanto o controle de armamento nos Estados Unidos, além de ser deslumbrante. Logo, devo concluir dizendo que Madonna tem lançamentos novos bons, afinal. Embora entenda quem não os curta...
No mais, bom show a todos!!!!!!!!!!! Feliz Celebration Day in Rio!!!
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espiritismo · 2 months
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INVERNO
"Procura vir antes do inverno." - Paulo. (II TIMÓTEO, 4:21.)
Claro que a análise comum deste versículo revelará a prudente recomendação de Paulo de Tarso para que Timóteo não se arriscasse a viajar na estação do frio forte.
Na época recuada da epístola, o inverno não oferecia facilidades à navegação.
É possível, porém, avançar mais longe, além da letra e acima do problema circunstancial de lugar e tempo. Mobilizemos nossa interpretação espiritual.
Quantas almas apenas se recordam da necessidade do encontro com os emissários do Divino Mestre por ocasião do inverno rigoroso do sofrimento? quantas se lembram do Salvador somente em hora de neblina espessa, de tempestade ameaçadora, de gelo pesado e compacto sobre o coração?
Em momentos assim, o barco da esperança costuma navegar sem rumo, ao sabor das ondas revoltas. Os nevoeiros ocultam a meta, e tudo, em torno do viajante da vida, tende à desordem ou à desorientação.
É indispensável procurar o Amigo Celeste ou aqueles que já se ligaram, definitivamente, ao seu amor, antes dos períodos angustiosos, para que nos instalemos em refúgios de paz e segurança.
A disciplina, em tempo de fartura e liberdade, é distinção nas criaturas que a seguem; mas a contenção que nos é imposta, na escassez ou na dificuldade, converte-se em martírio.
O aprendiz leal do Cristo não deve marchar no mundo ao sabor de caprichos satisfeitos e, sim, na pauta da temperança e da compreensão.
O inverno é imprescindível e útil, como período de prova benéfica e renovação necessária. Procura, todavia, o encontro de tua experiência com Jesus, antes dele.
[Emmanuel]
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bia-sa · 10 months
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MENTORIA DE ESCRITA CRIATIVA
- Para projetos não terminados
- Para quem quer aprender a escrever
- Para quem quer melhorar a escrita
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A mentoria de escrita criativa é um serviço que estou oferecendo, afinal estou desempregada e preciso ajudar a pagar as contas de casa. Contigo, eu vou:
- Para quem tiver com um projeto não terminado de ficção, eu ofereço uma leitura crítica do material já escrito, incluindo anotações de ideias.
- Te ajudo a criar metas realistas e criar uma rotina para você atingi-las e terminar seus projetos.
- Te ajudo com outline e brainstorms, independente de qual tipo o seu processo criativo é.
- Caso seja necessário e/ou desejado, te darei aulas de escrita criativa semanalmente. Com exercícios e teoria de narrativa. Tudo adaptado ao que você quer e precisa.
- Acompanhamento semanal dos seus projetos.
Extra: análise crítica de textos terminados.
O pagamento é mensal e, pela quantidade de coisas que estou oferecendo, o preço é 250 reais
- - -
Tá, mas quem eu sou?
Meu nome é Bia Sá, nasci em 28 de novembro de 1995. Sou formada em Letras – Produção Textual e pós-graduada em Literatura, arte e pensamento contemporâneo, pela Puc-RJ. Dou aulas de escrita criativa desde 2019, pesquiso sobre escritoras mulheres e, de vez em quando, escrevo crônicas, poesias e artigos sobre escrita e literatura para o médium e para o substrack.
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Escrevo space opera, hopepunk, fantasia épica, mulheres LGBTQIA+ protagonizando aventuras em qualquer lugar, em qualquer tempo, sempre com bastante drama e questões pessoais. E tbm escrevo poemas, crônicas e ensaios. Ah, e, aparentemente, voltei a escrever fanfics de Percy Jackson.
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PROJETOS PUBLICADOS:
Uma rachadura entre nós (2021):
Uma mulher cede ao pedido de três adolescentes e conta a história de como suas mães se conheceram. Uma história de mundos paralelos, duas melhores amigas e um amor não correspondido. Uma história que começou quando um aplicativo de socialização interdimensional foi criado e a Terra deixou de ser uma.
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Essa noveleta faz parte da coleção Espectros de roxo e cinza, uma coleção com protagonistas assexuais e escrita somente por escritories ace.
Para conhecer um pouco mais sobre esse projeto.
Na tempestade vermelha (2023):
A minha publicação mais recente é também sci-fi, dessa vez escrito para a antologia Sai-fai: ficção científica à brasileira, organizada pelo Museu do Amanhã.
O meu conto se chama Na tempestade vermelha. Em formato de podcast, Ruby conta a história de como sobreviveu à maior tempestade de Júpiter.
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Palavras inacabadas (2023 - atual):
Essa é a minha newsletter no Substrack. Lá, escrevi e publiquei crônicas às 18h, aos sábados. No momento, estou reformulando as ideias para ela, por exemplo, quero muito escrever uma coluna sobre Bullet Journal e uma sobre crítica literária feminista, além de manter as crônicas, só mudar a periodicidade.
Enquanto isso, você pode ler o que já está lá.
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Você tbm pode me encontrar:
- Instagram
- Twitter
- Youtube (tem uns vídeos que eu editei lá)
E é isso... Sintam-se à vontade para me chamar no privado para conversar sobre a mentoria ou sobre qualquer outra coisa XD
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liberphilia · 2 years
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"Belo mundo, onde você está" por Sally Rooney
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Autora: Sally Rooney
Tradutora: Débora Landsberg
Editora: Companhia das Letras
352 páginas
O primeiro livro que li da Sally Rooney foi “Pessoas Normais”, me vi tão envolvida com a leitura que quando comecei a ler “Belo mundo, onde você está” as minhas expectativas eram altas. Talvez pela expectativa, atrelada à comparação que fiz involuntariamente com “Pessoas Normais”, que… bom, a verdade é que dessa vez o livro não me envolveu tanto quanto eu esperava.
No entanto, preciso ser justa, não é um livro ruim, pelo contrário. Para mim foi uma daquelas leituras que valeu a pena (tanto que não desisti no meio do caminho), mas que não me deixou tão empolgada e envolvida a ponto de garantir um espaço na minha lista de leituras memoráveis. 
Alice, Eileen, Simon e Félix são quatro personagens que por vias da vida se conectam de alguma forma. A narrativa não é surpreendente ou com grandes reviravoltas. Na verdade, a autora escreve mais sobre o cotidiano e os sentimentos humanos; sobre a rotina, as expectativas e relacionamentos que estão muito relacionadas à geração millennial. Com meus 31 anos, me senti bem representada pelos personagens.
Enquanto lia me peguei fazendo conexões e comparações com conversas que tive com os meus amigos, de situações que vivemos juntos ou separados, sentimentos e de ideias que compartilhamos. Por isso tenho que admitir, Rooney escreve sobre os millennials como ninguém! Lá no futuro, eu acredito, que os seus livros serão analisados levando em conta também a análise de toda uma geração.
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A amizade entre Alice e Eileen é o grande eixo da narrativa. Outros personagens como Simon e Félix orbitam em torno delas (com poucas pinceladas sobre as suas próprias vidas).
As duas amigas se conheceram na faculdade e mantêm a relação próxima, apesar de alguns momentos complicados que viveram juntas.
Alice é uma escritora que alcançou o sucesso rapidamente e que, após um colapso mental, decide se afastar de tudo e mudar-se para uma pequena cidade no litoral Irlandês. Toda a atenção que Alice recebe por conta do seu livro, as obrigações da carreira, lançamentos, eventos, etc.; a pegam de surpresa. Sem estrutura emocional para enfrentar essa nova realidade, Alice se vê em um redemoinho de emoções que prejudicam a sua saúde mental e relacionamentos. Para mim, Alice tem muito da própria Rooney.
Já Eileen vivem em Dublin e é editora de uma revista literária. A relação com a sua família, principalmente com a irmã, não é uma das mais fáceis. Constantemente ela se vê insegura sobre às suas escolhas e colocando em dúvida se é boa o suficiente. Eileen não vê nada de bom em si mesma, o que torna difícil as suas relações com as outras pessoas e a privam do amor e carinho.
Alice e Eileen estão passando por momentos bem diferentes em suas vidas, tanto profissionalmente quando emocionalmente, mas ainda assim mantêm a amizade através de emails bem profundos com questionamentos e reflexões sobre o cotidiano, o mundo, política, meio-ambiente, etc. 
Os capítulos com os emails foram os meus favoritos!
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Félix é um cara que Alice conheceu no Tinder. Depois de alguns encontros desastrosos os dois acabam criando um vínculo que posteriormente vira uma relação amorosa. Félix é um rapaz do interior que trabalha em uma distribuidora e que se sente inseguro com a profissão e a fama de Alice. E de longe, ele é o personagem que eu menos gostei. Essa insegurança, atrelada a zero maturidade emocional, levam Félix a ser bem babaca com a Alice. Ao mesmo tempo, ele é simples, sem grandes ambições e muito franco; exatamente o que a Alice busca para contrastar com a sua fama. A relação deles, no meu ponto de vista, não é das melhores, mas de alguma forma funciona.
Já Simon, o meu personagem favorito, vive uma amizade colorida com Eileen. Amigos desde a infância, Simon e Eileen passam por muita coisa juntos o que os torna um casal quase perfeito. Várias vezes eu torci pelos dois. No entanto, ambos possuem medo de dar um passo à diante. Mesmo sendo amigos e amantes, assumir uma relação é algo que gera medo e conflitos entre os dois. É aquele drama: se amam, mas de magoam.
“Belo mundo, onde você está” é um bom retratado das relações atuais, que são tão repletas de inseguranças, medo da intimidade, receio de ser vulnerável e que, exatamente pela cautela e temor do sofrimento, acabam encontrando as dores que tanto evitam.
Enquanto lia, fiquei pensando em como a intimidade é um tiro no escuro ou um salto no abismo. Você não sabe se atingirá o alvo ou se terá alguém lá embaixo para te amparar. Por isso mesmo é preciso coragem.
A geração de millennials ganhou a liberdade de escolha. Somos incentivados a estudar, a conhecer o mundo, trabalhar em qualquer lugar, casar ou não casar, ter ou não ter filhos, mudar de profissão, enfim, sermos o que quisermos ser! Inversamente, quanto mais liberdade ganhamos, mais nos fechamos. Presos em nossos próprios medos.
Nesse livro Rooney me mostrou que podemos viver ansiando pelo amor e ao mesmo tempo afastá-lo por meio dos nossos receios e falta de confiança no outro e em nós mesmos. Enquanto o mundo possibilita que sejamos corajosos e audaciosos, estamos cada mais vez mais cautelosos e temerosos.
A narrativa também mostra como nenhuma vida é perfeita. Que nem sempre as pessoas aparentemente bem-sucedidas são as mais felizes e bem resolvidas. Alice é famosa e rica, mas precisa ficar internada em uma clínica para tratar da sua saúde mental. Simon tem um bom emprego, é lindo e inteligente, mas é solitário e não leva uma vida tão perfeita quanto aparenta. Eileen foi a mais inteligente da sua turma e agora, se vê em um emprego mais ou menos, ganhando um salário abaixo da média e exercendo função que não utiliza todo o seu potencial. Félix parece descolado e bem resolvido, mas os seus traumas não o permitem criar conexões mais profundas com as pessoas, o que torna as suas relações superficiais e difíceis.
Rooney mostra que, com a maturidade podemos nos encontrar em um lugar de frustrações, de relacionamentos fracassados, expectativas desfeitas e erros acumulados… com tantas possibilidades, na real, nos tornamos adultos temerosos, isolados e depressivos. O bom é que o livro não acaba de uma forma triste. Há uma esperança em meio a tudo isso. De forma realista Rooney diz "não desista".
Em “Belo mundo, onde você está” dá para ver nitidamente o porquê de Sally Rooney ser uma das principais vozes da geração millennial. Com uma narrativa simples e sincera, a autora escreve sobre pessoas que estão lutando para sobreviver a si mesmas. Pessoas que anseiam encontrar um propósito em meio às crises; tanto as crises mundiais quanto as pessoais.
Alice, Eileen, Félix e Simon são cheios de defeitos, vulnerabilidades e inseguranças, mas, apesar das suas diferenças visíveis, no que tange a sentimentos, estão mais próximos do que parecem. São pessoas que buscam o perdão, o conforto, um propósito e conexão. De certa forma, não estamos todos na mesma?
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blogdojuanesteves · 1 year
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Arte,Originalidade e Direitos Autorais > Marcelo Conrado
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acima: obra de Jeff Koons (anos 1980)
Em tempos de redes sociais e inteligência artificial nada melhor que um artista, seja de qual meio for, cuidar de seus direitos. Afinal estas duas coisas são terra de ninguém quando pensamos na diferença entre uma apropriação conceitual, inserida em uma outra obra de arte e a simples reprodução de uma imagem, na maioria das vezes sem nem mesmo seu crédito, caso da IA. Portanto, mais  que uma informação premente, faz-se necessário procurar entender o caminho destes processos, coisa que o livro Arte, Originalidade e Direitos Autorais (Edusp, 2023), do advogado, artista, professor e pesquisador paranaense Marcelo Conrado faz com extrema pertinência e didatismo.
O livro é dividido em duas partes, uma espécie de palíndromo: Da Arte ao Direito e Do Direito a Arte, onde o autor comenta a questão da autoria desde o Século XV até o XXI, com ênfase no Renascimento e a emancipação da arte. A importância da assinatura e da originalidade; os contratos de encomenda, inseridos no mercado editorial buscando as primeiras leis, como a primeira, moderna, dos direitos autorais na Inglaterra; bastidores do mercado editorial no Século XIX, a proteção internacional dos direitos autorais e a reivindicação de direitos na fotografia, dividindo suas afinidades em vários movimentos, como a Pop Art, Arte Conceitual, Arte Urbana, compartilhando pensadores importantes como o filósofo francês Michel Foucault ( 1926-1984), o sociólogo polonês Zygmunt Bauman ( 1925-2017) e artistas como os americanos Jeff Koons e Richard Prince ou o inglês Damien Hirst, todos polêmicos, para dizer o mínimo.
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Acima: Campbells Soup de Andy Warhol
O que seria o individual e o exclusivo na Arte e no Direito, a supervalorização destes, o direito de propriedade e herança, visto que hoje ser herdeiro de um artista virou uma espécie de profissão; a má interpretação dos direitos e suas inúmeras armadilhas que envolvem questões mercadológicas, o chamado interesse público e suas relações com a cultura. Uma tarefa difícil a que se propõe Marcelo Conrado, que é doutor em direito das relações sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e líder do Grupo de Pesquisa Clínica de Direito e Arte na mesma universidade, além de conhecido artista, com obras nos acervos de importantes  museus brasileiros, como o Museu Oscar Niemeyer ( MON)  e Museu da República em Brasília entre outros.
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Acima obra de Robert Rauschenberg usando imagem do fotógrafo Morton Beebe
Marcelo Conrado com sua pesquisa lança luz à uma parte quase obscura do corolário brasileiro, adicionando paradigmas ao pouco que é difundido quando pensamos no editorial de acesso ao grande público. Primeiro porque abdica do juridiquês corporativo do meio, segundo que vai direto aos interesses de uma maioria face às novas ferramentas digitais que assombram  a arte e terceiro porque retoma a questão histórica da construção desta sociedade deixando de lado o hieratismo, quando pensamos na produção do gênero ou linguagens tautológicas, associadas normalmente a Academia.
Poucos autores no Brasil  dedicam-se ao cruzamento da questão legal, comercial e ética da arte. É certo que temos versões internacionais importantes publicadas por aqui, a discutir a relação entre produção e sociedade, principalmente a explicar a construção do mercado que hoje se manifesta. Caso, do excelente livro do historiador inglês Simon Schama com seu O desconforto da riqueza, a cultura holandesa na época do ouro ( Cia das Letras, 2009)  uma análise sobre a relação político -social no crescimento de uma nação que construiu uma identidade coletiva tornando-se uma potência mundial, abordando seus sistemas éticos.
Maria José Justino, crítica de arte e curadora paranaense alerta em seu prefácio que Conrado aceitou dois desafios: analisar o interesse público na produção artística e no acesso aos bens culturais e investigar os trabalhos dos artistas na arte contemporânea, em particular no uso das citações, apropriações e ideias tomadas como "matéria-prima"que exigem modificar o arcabouço jurídico. Em sua introdução o autor propõe que "A chave do acesso  à compreensão dos direitos autorais não está no direito. Ela está na arte. Não deve recair tão somente na questão jurídica." Para ele é um livro que dialoga com o conceito de autoria na arte e explica que a produção contemporânea caracteriza-se pela apropriação de objetos de uso comum, lembrando aqui do americano Andy Warhol (1928-1987) talvez o artista mais conhecido neste seguimento, ou voltando no tempo  Marcel Duchamp (1887-1968) e seus "ready-mades", este último associado ao pensamento benjaminiano: a perda da aura da imagem reproduzida tecnicamente.
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Acima, obra da americana Sherrie Levine, com fotos de Walker Evans
O autor explica que no Renascimento a arte não estava mais relacionada ao dom divino e sim a valorização da técnica, momento em que o autor traz para si a autoria. Nos sistemas jurídicos, então, esta autoria é pensada individualmente ou então em coautoria. Ele cita o pensador francês André Chastel (1912-1990) para quem "o artista isolado, que trabalha para si na solidão de seu estúdio, não existe." Sem dúvida pensando na evolução desta ideia no meio mais contemporâneo, o artista recolhido em seu ambiente não somente não faz sucesso, bem como a produção torna-se mais suscetível da crítica e principalmente de seus desdobramentos jurídicos. O francês também lembra que várias vezes esta obra "autenticada" conta com a participação de vários assistentes, embora seja o artista que assine a autenticidade a mesma. Caso por exemplo dos americanos Jeff Koons e Robert Rauschenberg (1925-2008).
Marcelo Conrado esclarece que o tratamento jurídico não é isonômico ao artista visual que necessita usar partes de imagens de outros artistas, salvo se a obra já estiver em domínio público. Diz ele " No entanto, se a Pop Art assim como a arte dos séculos XX e XXI, destina-se, também, à crítica social, não é plausível que o artista necessite utilizar autorização a algo que será objeto de crítica, pois o titular dos direitos terá que consentir tanto com a apropriação como o conteúdo da manifestação." Ele lembra da controvérsia entre Rauschenberg e o fotógrafo Morton Beebe no final dos anos 1970, quando o artista utilizou uma imagem deste. Voltamos aos dias de hoje quando a fotógrafa Lynn Goldsmith e  Andy Warhol Foundation entraram em um debate jurídico em  uma  questão semelhante.
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Acima imagem de Richard Prince que copia uma fotografia de publicidade
Outro item interessante abordado por Conrado é a desmaterialização do suporte na arte, que para ele esteve restrita aos suportes tradicionais até o século X!X, pinturas, desenhos, fotografias e o tridimensional das esculturas que definiam seus limites materiais. Ele levanta a questão que os direitos autorais habituaram-se a trabalhar com tais categorias. Mas com rompimentos no século XX surgiram os chamados ready-mades tornando materiais inusitados, como uma roda de bicicleta, de Duchamp, e inclusive o próprio corpo do artista, tangíveis ou intangíveis, sendo que a durabilidade que a arte e o direito valorizaram também sofreram desgastes, com muitas obras pensadas  pelos autores como algo transitório ou efêmeras. "Algumas das obras existem mas, intencionalmente, não podem ser vistas pelo público. Em alguns casos o processo é privilegiado ao resultado." diz o autor do livro, que cita várias situações análogas.
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Acima: Xilografia do Rinoceronte, do alemão Albrecht Dürer (1471-1528)
A conhecida xilogravura de um rinoceronte, do artista alemão Albrecht Dürer ( 1471-1528) é um dos exemplos quando Marcelo Conrado escreve sobre que muitos artistas não tiveram contato com o que é representado em sua obra. Teria o artista então criado a peça, a partir de um esboço e uma descrição enviados da Espanha. O que seria diferente, por exemplo, dos artistas que representavam cenas bíblicas, que certamente foram imaginadas. A diferença é que todos nós conhecemos um rinoceronte, e estamos aptos a dizer o quão o artista aproximou-se realmente do animal. Diz ele: "A ilustração de Dürer é um convite a analisar uma das questões ainda pouco exploradas nos direitos autorais: como os artistas criam suas obras? Entramos, então, na discussão sobre a influência e originalidade no processo criativo, pois para afirmar o que é plágio é preciso analisar também quais são os limites da influência e da originalidade."
Um livro que leva a procurar outros livros é um dos ganhos da publicação de Marcelo Conrado. Ao seguir as indicações no seu texto ou pelas extensas notas bibliográficas, o leitor certamente expande sua busca despertada pelas suas narrativas. Por exemplo, o interessante livro Pós Produção, como a arte reprograma o mundo contemporâneo (Ed.Martins Fontes, 2009), do curador e crítico de arte francês Nicolas Bourriaud. O desafio do artista do nosso século é reescrever a modernidade. A análise do processo que a arte contemporânea está inserida. Para o pensador " Não se necessita mais partir novamente do zero, nem se sentir sobrecarregado pelo acúmulo da História, mas inventariar e selecionar, utilizar e recarregar." Em outras palavras, o artista serve-se de apropriações.
Outro personagem interessante, entre os inúmeros levantados pelo autor é a americana Sherrie Levine, também relacionada a apropriação de imagens, no que diz respeito quando a ideia da  originalidade é subvertida e que inclusive questiona o direito autoral. " Sherrie Levine desde a década de 1980 dedica-se à cópia, tendo um interesse bem definido nas obras de cópia. Ela reproduz trabalhos de artistas do gênero masculino, promovendo uma alusão direta ao patriarcado, reportando ao discurso de autoridade." Uma das obras que ela trabalhou é mictório, ready-made de Marcel Duchamp, chamado A Fonte, criando metadados sobre metadados. Mais  interessante ainda são as apropriações que ela fez do grande fotógrafo americano Walker Evans (1903-1975) , que são simplesmente a reprodução direta da imagem. Marcelo Conrado dedica muitas páginas a esclarecer estes processos, entre outros artistas contemporâneos. Por certo o leitor conseguirá entender o que é a chamada “Arte Conceitual” em sua derradeira permanência.
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Obra do artista Cildo Meirelles
Escrevendo sobre a questão da reprodução publicitária de grafites nas ruas e pendengas jurídicas, Conrado menciona no livro o popular grafiteiro Eduardo Kobra, recortando uma declaração do mesmo sobre direito autoral: "o mínimo esperado é que a empresa entre em contato com o artista, pelo menos por uma questão de respeito. Mas é muito difícil alguém ter esta consciência." ( a partir de texto de Paulo Toledo Piza,”artistas de São Paulo, cobram cachê por foto publicitária com Grafite em Beco." publicado no portal G1 em 26 de abril de 2012.)  Entretanto, vemos diversos trabalhos deste grafiteiro, como o retrato de Oscar Niemeyer (1907-2012) em uma empena de um prédio da Avenida Paulista, a partir de fotografia da carioca Nana Moraes, importante autora brasileira, a qual o mesmo não pediu permissão para reproduzir, ou o retrato do poeta maranhense Ferreira Gullar (1930-2016) (citado no livro em outra questão), em São Luiz, Maranhão de autoria do fotógrafo Eduardo Simões, da mesma maneira. Ou seja, o velho ditado "Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço. Caso também do americano Jeff Koons queixando-se da cópia do seu Balloon Dog, Red, de 1994, mas sendo condenado por um tribunal de apelações de Paris por violação de direitos autorais. A escultura Fait d'hiver de Koons, de 1988, copia uma foto para a campanha publicitária de um fabricante de roupas francês. O que representa a importância de uma literatura deste tipo com fácil acesso.
"Arte, originalidade e Direitos Autorais", de Marcelo Conrado, é uma grande aula sobre os movimentos da arte e suas particularidades. A junção do autor como um artista consagrado e um advogado e professor idem, supera as publicações normais do meio ao associar critérios mais contemporâneos que discutem a propostas de diferentes artistas importantes do Brasil e do exterior, um compartilhamento de conhecimento, para além da classe de aula, dando acesso a um público bem maior, algo que a cultura brasileira anda precisando há tempos.
Imagens © dos autores.   Texto © Juan Esteves
* As imagens aqui publicadas não estão no livro, são representações de artistas mencionados no livro, escolhidas pelo blog.
Infos básicas:
Autor: Marcelo Conrado
Editora Edusp
Produção editorial: Marilena Vizentin
Projeto gráfico: Negrito Produção Editorial
Design da capa: Carolina Sucheuski
Impressão e acabamento: Gráfica CS
Para Adquirir o livro:  https://www.edusp.com.br/loja/produto/1610/arte,-originalidade-e-direitos-autorais
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bigshoeswamp · 1 year
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Às vezes fico triste que não fiz letras, mas acho que foi melhor, no fim das contas, pq se eu tivesse feito meus trabalhos iam ser assim:
"De 'horny' a 'chifrudo': uma análise comparativa das representações de desejo e traição no português e no inglês "
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klimtjardin · 11 months
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Fact Check: Análise - Checando os fatos com NCT 127
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{conteúdo: teasers, MV, conceitos, músicas}
Esta é uma análise autoral, sem intenção de ofender os artistas e etc.
Vamos voltar ao teaser Deities of Seoul, para compreendermos que o MV se trata da chegada dos Neos à cidade.
Como divindades, Jaehyun nos conta que eles se tornaram extremamente interessados nas vidas chatas e fantasiosas das pessoas lá embaixo. Uma referência muito legal deste teaser é ao digníssimo pôster de O Exorcista:
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Quero pontuar também que, nos conteúdos extras feitos à respeito do comeback, se reforça esse conceito de "divindades", que acredito ser algo tradicional e motivo pelo qual os Neos aparecem trajados como figuras contemporâneas com um toque tradicional.
Aliás, não ficou belíssima essa dualidade entre a Seoul contemporânea e a Seoul antiga?
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Minhas partes favoritas do MV são justamente as que esse cenário aparece. Dispenso as demais cheias de CGI, mas achei legalzinha a montagem do Mark caindo nos primeiros quadros do MV, pois parece uma tentativa de colagem.
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O fato de eles estarem vestidos de azul e vermelho é bastante simbólico, não só por fazer referência à Limitless, mas também à bandeira da Coréia do Sul. O quadro abaixo é completamente meu favorito do vídeo:
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Outra referência que quero comentar é ao trabalho dos artistas visuais Christo e Jeanne-Claude, que embrulhavam grandes monumentos, convidando o espectador a uma brincadeira de percepção do espaço. NCT estaria lá para "roubar" algo? ou simplesmente brincar com nossa percepção do espaço-tempo?!
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Falando das versões do álbum, quero bater palmas aos stylists por terem - finalmente, diga-se de passagem - dado um conceito maduro ao NCT 127 em todos os photoshoots! Digo que uma das coisas que me "broxou" em Baggy Jeans, apesar de ter gostado demasiado da música, foi a escolha do conceito que parecia adolescentizado demais.
Enfim, agora falando das músicas do álbum!
Bem, a música título para mim é 10/10! Não é algo que se ouve do NCT 127 (a quem tenha tido a experiência singular de ter ouvido Sticker, por exemplo), mas ainda conta com o Hip Hop típico trazido nas faixas títulos do grupo, ganhando pontos para a sonoridade! A coisa que mais gostei, na verdade, é eles terem feito todo um conceito em cima de arte e exibição de arte e terem de fato colocado referências à arte na letra da música. Parade junta-se à Je Ne Se Quois, a segunda tendo uma estrutura semelhante a Bring The Noize, mas com intervalos que me lembram um jazz suave, como as outras duas músicas que nos trazem o Hip Hop do 127.
Falemos de um trio especial, que é o verdadeiro je ne se quois do álbum: Space, Yacht e Misty, que muito me lembra o City Pop e seus synths (outra marca sonora do NCT 127), e fecha esse ritmo nostálgico que o álbum traz.
Nossa querida Angel Eyes vem com instrumentos de verdade, que é algo que valorizo hoje em dia no meio dos Kpop's totalmente eletrônicos. Outra música nostálgica, pendendo para os anos 80, e que poderia facilmente estar junto de Promise You em Sticker. É ou não é uma música que você espera ouvir ao final de um filme estilo Clube dos 5?
Não ligo muito para baladas, e especialmente depois de White Night fica difícil que qualquer música a ultrapasse. Então, Love is a beauty fica ali no meio termo para mim.
Real Life é um amorzinho de música e fecha muito bem o álbum com a volta dos synths.
De uma forma geral, esse álbum me agrada, bem mais do que Sticker e 2 Baddies, apesar da organização de álbum do NCT 127 ter melhorado de lá para cá. Em relação a coerência de conceito, creio que Love is a beauty e Je Ne Se Quois entram no embalo da ideia de arte apresentada em Fact Check, e o resto fica por conta do tom anos 80 do álbum, o que já é visto nos trabalhos anteriores do 127. Atento para a falta de referência aos sonhos, tema recorrente nos trabalhos do grupo, mas uma nova abordagem que nos trás conteúdos relacionados à realidade; uma teoria minha, com o fim desta era de sonhos demarcada com Golden Age (NCT 2023).
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geografianapratica · 2 years
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PERFIL DO SOLO: HORIZONTES E NOMENCLATURA
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Os solos são constituídos por uma sucessão vertical de camadas horizontais resultantes da ação conjunta dos fatores e processos de formação. Essa sequência vertical é chamada de perfil do solo, perfil do solo que é a unidade básica para seu estudo, realizado por meio da descrição (morfologia) e análise das camadas que o constituem (análises químicas, físicas e mineralógicas). A interpretação dessas análises possibilita a identificação e classificação do solo, assim como o conhecimento de suas qualidades e limitações quanto ao aspecto agrícola e ambiental.
Horizontes do solo - Horizontes do solo são as diferentes camadas que constituem o solo, formadas pelos processos pedogenéticos (adições, perdas, transportes e transformações). Os horizontes e as camadas do solo são designados por letras maiúsculas - O, A,B, C e R(Figura 1).
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Figura 1. Representação esquemática do perfil de solo, mostrando seus principais horizontes e camadas.
Referências Bibliográficas
LIMA, V.C. Fundamentos de pedologia. Fundamentos de pedologia Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2001. 343p.
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Existe um mito antigo, talvez grego ou nórdico, também poderia ser medieval ou moderno, eu não sei informar com propriedade. Está dentro da categoria de uma daquelas histórias que alguém muito inteligente me contou dentro de um contexto tão específico e no momento eu não dei muita atenção, mas então ela retornou na minha mente em um dia qualquer e não consegui deixar para lá. O “um dia qualquer” chegou e é este, agora eu preciso contar sobre o que me lembro.
Antes de dizer sobre o mito cujo texto estou fazendo referência, quero explicar o contexto dele ter surgido na minha vida. 
Louis, o professor universitário que colocou o mito em minhas memórias havia terminado sua segunda aula do dia – na época nós éramos o que se pode chamar de “ficantes” – e eu o esperava para irmos almoçar em um pequeno restaurante nas redondezas do campus. Idealista nos gestos e romântica na alma, eu estava no meu último ano do mestrado da faculdade de Letras e ainda pensava que alguma coisa importante o suficiente para chamar de amor poderia sair do que eu e ele estávamos criando. Louis foi o único que me fez pensar em avental bege de bolinhas que esbarram na pia de um pequeno apartamento, mãos pequenas puxando a minha saia, um anel dourado em meu dedo e um verão eterno. Tudo o que me sobrou foi o avental.
Os alunos esvaziaram a sala em meros segundos e saí de perto do batente da porta para ir até Louis. Me apoiei na mesa e observei o projetor que ainda mostrava um slide da aula. A projeção estava um pouco transparente por causa da iluminação clara da sala, ainda era manhã e o sol entrava pelas janelas do fundo e das laterais, deixando o ambiente amarelado e creme.
Havia uma imagem com ares renascentistas em um fundo branco que retratava as figuras de Tristão e Isolda, os corpos sem vida deitados no gramado. Quando me recordei do mito pensei que se tratava da trágica lenda em que os amantes morrem envenenados, sendo inspiração para Shakespeare escrever Romeu e Julieta, mas com um pouco de observação percebi que não foi essa história que Louis me contou. Ela parecia um conto antigo e ao mesmo tempo contemporâneo, tinha um tom depressivo, também poderia ser um conto vitoriano, algo que Edgar Allan Poe escreveria. Uma história que perpassa o tempo, se adequando ao contexto. Do lado da imagem havia um pequeno texto explicando a história, lia o excerto quando Louis me perguntou, enquanto colocava os seus livros dentro da bolsa: “Já ouviu falar sobre a lenda do Anjo e a Bruxa?”
Devo-o ter encarado com um olhar de interrogação pois como um bom professor universitário que apenas consegue dissertar em vez de conversar, ele começou a me explicar sobre as supostas origens e explicações em torno da lenda, mito ou história, como queira chamar:
“Ela não é tão conhecida como Tristão e Isolda ou contos arthurianos, na verdade não é conhecida de forma alguma, mas há alguns anos eu ajudava um colega da academia com um artigo sobre Paraíso Perdido, de Milton e um pesquisador amador, mas muito familiarizado com a análise de mitos pagãos e mitos cristãos nos disse que há uma recorrência em várias mitologias de uma pequena história em regiões específicas da Europa, Ásia, América do Norte e Sul e África. Cada um conta do seu jeito, é claro, mas o que eles não deixam de citar é sobre essa espécie de mulher que tem acesso ao sobrenatural, em Igbo eles chamam de Nwanyi amoosu, e uma criatura que pode ser um anjo, mas também é apresentado como um monstro, um deus, um homem ou um animal comum, às vezes a própria existência personificada, ịbụ. Mädchen und Leben em alemão, algo como A Menina e a Vida/Existência em tradução livre. A tradição mitológica grega gosta de falar sobre “caos”, a imensidão de vazio antes da criação, o que talvez se aplicaria a este ser. Ele pode ser o próprio lugar onde nasce tudo o que existe.
Meu colega de profissão, pensando no Paraíso de Milton e na queda de Lúcifer disse para o pesquisador que o anjo poderia ser Lúcifer, mas o pesquisador achou a resposta muito inocente pois nem eu e nem o meu colega sabia o que ele sabia, no entanto ele disse que esse mito pode ter dado origem para a história da queda do anjo rebelde e qualquer outra semelhante.
Esqueci de dizer que estávamos no escritório desse pesquisador e ele nos levou até uma pequena salinha onde ele guarda os seus documentos mais frágeis. Colocamos máscaras e luva, como se fosse um museu e adentramos no local. Ele nos mostrou um manuscrito muito, mas muito fino e de aparência quebradiça escrito em uma língua que ao primeiro olhar pensei ser hebraico. Meu colega que conhece bastante da mitologia judaico-cristã também pensou ser hebraico ou aramaico antigo, mas como ele não conseguia extrair nenhuma sílaba, palavra ou frase coerente com as línguas que conhecia ele apenas aceitou que não sabia nada. O pesquisador alegou que passou 10 anos estudando o manuscrito e o que estava escrito é o que pode ser o documento mais antigo que fala sobre essa lenda da bruxa e o anjo, mas não quis nos dizer que tipo de língua estava escrita ali. Foi evasivo com todas as perguntas sobre isso, então a fim de saber mais sobre o que ele tinha a dizer sobre a lenda abrimos mão da curiosidade.”
Louis contou tudo com uma certa descrença no tal pesquisador, mas ao mesmo tempo eu via o quanto ele estava fascinado pela lenda, senão não faria sentido ele estar me contando aquilo. Também fiquei fascinada no momento e agora me culpo um pouco por ter esquecido dela por tanto tempo. Ter me separado de Louis de forma tão abrupta me fez querer afastar de qualquer coisa que lembrasse ele. Agora, com a cabeça no lugar e o remédio do tempo, consigo ver tudo com os olhos da mente. Eis a história:
 Conta a lenda que um ser que não era nem humano, nem deus, nem monstro, nem anjo, mas talvez tudo isso ao mesmo tempo foi criado com o propósito de se sentir muito só. Ele mal conseguia suportar sua condição de ser solitário e tudo o que mais queria era uma companheira. Ele não sabia quando havia nascido e nem quando morreria, então continuava no tempo que lhe foi imposto sabendo que seu desejo mais precioso era viver o resto da eternidade ao lado de alguém que o ame e que ele possa amar.
Um dia, um de seus irmãos mais novos se tornou audacioso e decidiu que queria governar e possuir criaturas tal como seu pai. Ele queria um mundo só para ele, onde poderia mandar e desmandar e causar todo o tipo de ações sobre suas crias. O pai sabia que isso não era fácil e nenhum de seus filhos tinha capacidade de lidar com o fardo da criação, aquela criança estava querendo andar mais do que os pés permitiam então como forma de castigar o filho rebelde ele deu exatamente o que ele queria. O filho passou o tempo que lhe foi imposto tentando fazer com que seu mundo funcionasse, com que a carga que carregava nos ombros diminuísse, mas nada adiantava: ele foi se isolando e tornando-se obsessivo e amargo. No entanto, tudo isso foi benéfico para o ser que era nada e tudo ao mesmo tempo, pois o seu pai lhe mandou embora junto com o irmão para cuidar do novo mundo e talvez ali ele seria capaz de encontrar alguém para amar.
O tempo que foi imposto sobre suas existências passou, o que seria alguns milhões de anos para nós equivalia há alguns poucos minutos do dia para eles, então sabemos que muito tempo se foi embora, e o ser ainda continuava só.
Um dia, o plano que o seu irmão mais novo criou para que seu mundo funcionasse finalmente deu certo, e suas criações começaram a existir e viver. O garoto, que agora estava alegre e saltitante quis mostrar para o pai que conseguia fazer como ele e talvez até melhor, que ele também seria deus de mundos. O pai, ainda pensando na melhor forma de castigar o filho arrogante tomou para si o mundo que agora estava pronto e expulsou o filho de lá.
O ser acompanhou o irmão mais novo outra vez, e ambos passaram a viver nas bordas do que antes eles seguravam na palma das mãos.
O tempo que foi imposto sobre suas criações agora também era imposto para eles e tiveram que viver junto das pessoas que antes eles só viam de longe.
O ser ainda se perguntava quando deixaria de ser só.
 Um dia o ser estava nas bordas do mundo procurando a pessoa que iria amar por toda a eternidade, acabou entrando em uma floresta densa de um verde vívido e cores fortes. Era uma linda manhã e ele ouviu o canto mais belo que poderia sair da garganta de uma camponesa. Quando ela o viu, ele sentiu que poderia deixar de ser tudo e nada ao mesmo tempo para ser um homem que nunca mais ficará só.
O ser que agora era um homem finalmente encontrou alguém e a camponesa o ama de todo o coração. Porém, quando ele deixou de ser o que era para ser quem precisava ser, as pessoas ao redor começaram a vê-lo. Agora ele existia, e o pretendente da camponesa não gostava dos sorrisos que ela dava para ele, o pai da camponesa não gostava que ele não tivesse nenhum bem material, a mãe da camponesa tinha aversão por sua aparência e vestes.
Ele deixou de ser só, mas ainda se sentia triste. A camponesa não pensava no quanto eles eram diferentes, mas ele sim.
Uma noite, uma árvore da floresta tremeu segurando o peso de um homem pelo pescoço, ele deixou de ser quem precisava ser para voltar a ser quem realmente era. “Da próxima vez, ela será como eu”, o ser pensou.
E da próxima vez ele explorava as bordas do mundo quando adentrou em um salão suntuoso de um palácio, todos pomposos de penteados elaborados e rostos maquiados. Lá ele conheceu uma dama e se apaixonou.
Anos depois a dama se cansou dele e um veneno passou pela garganta de um homem. Ele deixou de ser quem precisava ser para voltar a ser quem realmente era. “Da próxima vez, ela será como eu”, o ser pensou.
E da próxima vez ele explorava as bordas do mundo quando adentrou em um quarto pequeno de uma casa simples, onde uma mulher estava sentada em uma mesa escrevendo no seu caderno. Ela escrevia sobre como estava cansada de estar só e queria alguém que a amasse. Ela se sentia a mulher mais solitária de seu mundo e presa na condição. O ser disse que entendia o que ela passava, disse que ela era como ele.
O tempo que foi imposto sobre as duas consciências passou, o homem parecia não conseguir se afastar de sua verdadeira natureza e cada vez se sentia mais triste e só. Um dia, uma corda se enrolou no pescoço do homem e suas pernas bateram no ar. “Não haverá uma próxima vez”, o ser pensou.
Mas a mulher o amava demais, e quis que ele voltasse e prometeu que curaria suas dores e tristezas. Ela pediu para o pai do ser, para o irmão e para quem quisesse ouvir.
O pai ficou preocupado e disse que se não haver uma próxima vez, então não haverá mais nada e concedeu o pedido da mulher. O ser voltou a ser quem era e quem precisava ser e os dois passaram a explorar as bordas do mundo juntos, encontraram um lugar que existia e não existia ao mesmo tempo e lá construíram o seu lar.
 Louis me contou que há variações desse final, alguns são “felizes”, como o que acabei de contar e outros são mais sombrios, com o tal ser se matando eternamente, a mulher sofrendo na solidão e a eminente destruição de tudo por causa da tristeza, mas o sentido da história é sempre o mesmo.
Eu nunca havia pensado que a existência (ou caos) poderia se sentir triste e só. Ele não era um homem, ele tentava ser um e se apaixonava por mulheres efêmeras comparadas com o seu tempo. Ele nunca chegou e nunca irá, e sempre verá quem amar se desfazendo e refazendo. Ele mesmo se desfaz e refaz tantas vezes na lenda, ele morre e retorna a sua condição, é tão complexo e circular que me deixa aturdida, talvez também seja mais um dos motivos pelos quais passei muito tempo sem lembrar da lenda. Sendo romântica é óbvio que penso na resolução do problema e tento encontrar formas da bruxa e o anjo ficarem juntos, por isso acabei inserindo o “final feliz” na lenda. Me dói fisicamente pensar que não há um lugarzinho onde os dois possam ficar bem nas bordas do mundo, que o ciclo não possa terminar.
O que acho interessante em toda essa história, tanto o mito quanto o dia em que Louis me contou sobre ele, é que eu nunca vou saber se a lenda é real ou Louis estava tentando me impressionar com o seu papo de acadêmico – que eu adorava cair. Ele poderia estar falando de si mesmo, da gente, de outras pessoas, o mito pode significar qualquer coisa.
Quando ele terminou de contar a lenda nós já estávamos sentados na mesa do restaurante, então eu disse o que qualquer um deveria dizer depois de todo esse show de palavras: “É bem poético, mas você não quer que eu acredite nisso tudo. Nunca existiu pesquisador ou lenda”. Louis apenas ajustou os seus óculos no rosto e deu um pequeno sorriso.
Uma semana depois, Louis estava indo para a sua aula como era de rotina quando sofreu um acidente: um homem que estava bêbado e usava entorpecentes desde a madrugada vai embora para a casa dirigindo e ultrapassa o sinal verde onde Louis atravessava para chegar no campus. O motorista o matou e mais duas pessoas, algumas ficaram com ferimentos.
Com o tempo, o mito foi apagado de minha mente, exceto que eu jamais esqueci do jeito que Louis me disse “Não haverá uma próxima vez” se referindo ao pensamento do ser mítico que representa a existência, enquanto seguíamos o caminho para o restaurante. Chegou um momento que eu nem me lembrava mais do porque ele disse que não haverá uma próxima vez, mas a frase estava lá, no fundo das minhas memórias. Ele havia terminado a lenda nessa frase, quando nos sentamos à mesa ele já estava falando sobre como havia outros fins e eu já imaginava a minha versão romântica da lenda.
Tudo isto me faz pensar se, dentro da lenda, agora eu sou o ser que tenta buscar o amor nas bordas do mundo ou a mulher solitária que escreve preces no diário.
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O sertão é uma figura estruturante da literatura brasileira pelo menos desde José de Alencar, passando por Euclides da Cunha, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, mas sua entrada nas letras produzidas no Brasil remete à preocupação dos colonizadores e dos jesuítas – entre eles, o padre Antônio Vieira – com o avesso monstruoso dos litorais abertos ao mundo, ou seja, com os impenetráveis sertões dos Brasis. Entidade geograficamente determinada, mas de difícil definição, ele designa, a um só tempo, uma utopia e uma atopia, um lugar originário e um não-lugar, bem como um modo de produção de sentido e de consciência. Embora muito explorado pelos estudos literários e políticos, essa figura ainda não despertou uma atenção correspondente na área da filosofia. Este minicurso propõe um breve percurso por alguns desses caminhos ainda pouco percorridos, examinado o conceito de sertão a partir da interseção entre sua abordagem literária e filosófica.
As aulas acontecerão presencialmente, segundas-feiras, de 17 de abril a 22 de maio, na sala 307 A, IFCS- UFRJ, Largo de São Francisco, n. 1, Centro - Rio.
O minicurso será dividido da seguinte forma:
17/04: Aula introdutória sobre o tema do curso.
28/04: As sedes do demônio: análise das narrativas produzidas pelos jesuítas a respeito do território assustador dos sertões, de suas características teológicas e políticas, e de como eles emergem como a dimensão mais desafiadora do processo de catequese e da violenta construção religiosa da identidade nacional. O texto-base para essa leitura será a Relação da missão da Serra de Ibiapaba, escrita por Antônio Vieira em 1660.
08/05: O contágio das multidões: investigar a figuração do fenômeno de Canudos, figurado por Euclides da Cunha, em Os Sertões, como um episódio de “psicose coletiva”, a qual teria afetado principalmente um agrupamento como aquele, pertencente a um “estádio social inferior” e “bárbaro”.
15/05: A ‘ideia’ de sertão em Maleita, de Lúcio Cardoso: uma dimensão contagiosa e crepuscular.
22/05: Aula de conclusão do curso, na qual uma síntese das três etapas anteriores será discutida, tendo em vista um esclarecimento mais geral do conceito de sertão.
Bibliografia:
CARDOSO, Lúcio. Maleita. Biografia, introdução e notas de Manuel Cavalcanti Proença, prefácio de Marcos Konder Reis e ilustrações de Lúcio Cardoso. Rio de Janeiro : Edições de Ouro, 1967. CARDOSO, Lúcio. Ignacio, O enfeitiçado e Baltazar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. CARDOSO, Lúcio. Diários. Organização, apresentação, cronologia, estabelecimento de texto e notas. Rio de Janeiro: Covilizaczo Brasileira, 2012. CUNHA, Euclydes. Os sertões. Edição crítica e organização: Walnice Nogueira Galvão. São Paulo: Ubu Editora/Edições Sesc São Paulo, 2016. VIEIRA, A., A missão de Ibiapaba, Lisboa: Almedina, 2006.
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guidedbynamjoon · 9 days
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análise particular da discografia do bts
álbum escolhido: 2 cool 4 skool ( lido como: too cool for school)
é bom frisar que o bts nasceu das inspirações do hip hop e o clássico kpop dos anos 2000, cada membro com sua própria bagagem de repertórios (street dance, jazz, contemporânea) além da autonomia em produção e composição de raps e outros gêneros.
o álbum foi produzido e escrito pelos membros da bts juntamente a equipe da bighit (assim sendo toda a carreira com o bts participando ativamente de todas as músicas de alguma maneira além de performar a música)
obviamente na época, a bighit (atualmente hybe) achou que a melhor maneira de fazer seu grupo masculino se destacar era assumir esse visual hip hop, old school, no qual os integrantes poderiam explorar a estética na musicalidade e performance. assim lindamente nasceu nosso primeiro filho da trilogia hip hop school ( composta pelo 2 cool 4 skool, o!rul82? e skool luf affair)
queridinha por muitos e particularmente por mim, eu queria analisar aqui a letra de cada música do album e dando minha opinião condizente com a faixa, seu conceito, letra e contexto.
intro: 2 cool 4 skool
> uma intro clássica, e ainda com direito do namjoon falando de trazer essas conversas de crescimento e entrada dos adolescentes e adultos no momento de decidir coisas por si próprios. é tão característico, e uma entrada perfeita pra um album debut.
we are bulletproof pt2
> primeiro, existe a parte um, e ela é muito interessante então vamos falar dela primeiro?
k
[we are bulletproof pt1]
e muito interessante, não sei exatamente se ela foi um discarte, o que importa é que ela ta na internet e é uma das composições dos meninos que serve como diss e falando sobre eles, obviamente se exaltando, o que é bem comum em estilos como rap, trap e hip hop, eu simplesmente adoro quando eles fazem esse tipo de música porque eles usam a criatividade pra fazer as lines, rimas.
e fun fact, se você reparar o rap do yoongi foi claramente guardado pra ser usado como a sua line em dope (é o mesmo rap)
retornando ao wbpt2, é tão bonito ver eles crescendo, essa música inteira parece claramente um desejo, um sonho de crescimento, que por mais que eles falem que estão tendo sucesso enquanto trabalham muito, nós sabemos claramenre que a realidade era outra e eles viviam em condições o suficiente pra você ter pena deles, mas eles sempre escreveram letras como se estivessem em uma ascensão mesmo quando estavam passando pelos maiores perrengues, e depois de muitos anos reafirmando, é que se tornou a confortável realidade.
então essa musica tem um apelo muito maior, e eles apostaram nesse início de carreira sempre deixar uns espaços de break dances e coreografias nas músicas ja que eram o estilo que queriam adotar, é cômico porque sempre tinha o momento do break dance nos mvs hahahaha, ai eu me divirto com eles.
skit: circle room talk
> essa skit é visível ver que eles estão conversando sobre a época do colegial, o que cada um estava fazendo, o que inspirava eles, e é muito doido ver que atualmente quem acompanha mesmo que veja essa conversa pela primeira vez, sabe de todos os detalhes, já que eles foram públicos diversas vezes sobre como eles ingressaram no bts e suas origens, o taehyung sendo fã de jazz tocando saxofone, o jimin participando de um estúdio de ballet contemporâneo, o hoseok que nunca tinha feito rap, participando de grupos de dança ao redor da cidade, o namjoon já dentro do cenário do hip hop, o yoongi já compondo na escola e sabendo tocar piano, é tão eles. é tão fácil de imaginar todos sentados em uma sala vazia na escola matando aula e conversando de sonhos e ansiedades.
no more dream
> vamos combinar, eles cobiçam algo que parece quase impossível, são de uma empresa pequena, trabalham as vezes mais do que um idol de grande porte trabalharia, ganhavam mal, dormiam em um lugar horrível, tinham uma rotina desgastante, uma empresa caindo aos pedaços e comiam mal também. e ainda tinham que ouvir pessoas falando de sonhar pequeno ou de ter medo de ir atrás do que querem, essa música é um choque de realidade. mas não é direta, acho que os meninos estavam chateados com a realidade que envovia eles mesmo, e eles sempre se preocuparam de tornar a situação maior, mais poupavel.
essa música é tão motivacional, funciona como um boost e faz a gente acreditar em nós mesmos denovo, e isso de jovem não ter um sonho é na verdade apenas uma maneira de se refugiar de tudo que eles narram, a cobrança dos pais, a insatisfação pessoal, tudo o que um jovem entrando no período mais cansativa da escola pensaria; ainda mais num lugar como a coreia do sul.
interlude
> eu gosto tanto do instrumental do interlude, r vocês sabiam que ele também é uma música completa, no álbum está apenas o sample. mas vem comigo.
like
> eles são apaixonados e só queriam que ela desse uma oportunidade 😔. essa música tem uma produção que parece um abraço, é um equilíbrio pra vibe sempre carregada do mini álbum. e ela é tao engracadinha porque eles claramente estão num desespero de não serem correspondidos e estarem numa espécie de espera tentando entender os sentimentos dela e entrarem na vida dela, e tudo isso cantando rindo e que nem uns bobos.
outro: circle room talk
> amigos depois da aula decidem brincar e começam a fazer um cypher na esportiva.
e meu deus. isso não foi improvisado nem aqui nem nunca, e se foi, um anjo desceu dos céus e iluminou a cabeça de cada membro pra conseguir mandar um free style com um flow foda e rima como a que eles mandaram.
e ai, olha que fofo, o namjoon faz uma rima com artigos de luxo e adivinha quem se inspira no hyung? (jungkook claro, ai ele é tão fã, gente como a gente)
~ ♡
e acho que assim se encerrou a minha análise, não tenho muito o que falar e detalhes podem ser postos depois. eu apenas tenho picos de energia e começo a analisar todas as coisas do bts, e resolvi deixar aqui armazenado, xoxo.
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