#a incrível e triste história da cândida erêndira e sua avó desalmada
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O caso é que estávamos pondo sua botica de circo naquele baú com babados de púrpura, que mais parecia o sepulcro de um erudito, quando ele deve ter visto dentro de mim alguma luz que não vira antes, porque me perguntou de mau humor quem é você, e eu lhe respondi que era o único órfão de pai e mãe a quem ainda não morrera o papai, e ele soltou umas gargalhadas mais estrepitosas que as do veneno e me perguntou depois o que você faz na vida, e eu lhe respondi que não fazia nada mais que estar vivo, porque tudo o mais não valia a pena, e ainda chorando de rir me perguntou qual era a ciência que mais queria conhecer no mundo, e essa foi a única vez que lhe respondi sem ironia, que queria ser adivinho, e então não voltou a rir, mas me disse, como que pensando em voz alta, que para isso me faltava pouco, pois já tinha o mais fácil de aprender, que era a minha cara de bobo.
Gabriel García Márquez, in: A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada
#gabriel garcía márquez#trecho de livro#a incrível e triste história da cândida erêndira e sua avó desalmada#literatura colombiana#nobel prize
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Erêndira! Sim, avó
Texto a partir d´ A Incrível e triste história de cândida Erêndira e sua Avó Desalmada de Gabriel García Márquez
"Estava Erêndira a dar banho à Avó quando começou o vento da sua desgraça". É com estas palavras que o prémio Nobel da literatura, Gabriel García Marquez, abre a novela curta que está na base deste espectáculo. Usando como pano de fundo a triste realidade da exploração sexual de menores na profunda Colômbia mágica, Gabo dá-nos a conhecer a relação de exploração entre uma Avó desalmada e uma neta cuja candidez e cega obediência suporta extremos de violência sexual impensáveis. "Se as coisas continuarem assim pagas-me a dívida dentro de oito anos, sete meses e onze dias.", contabiliza a Avó. Se tivermos em conta que a média diária são setenta homens a quem Erêndira presta por dia os seus serviços, teremos ideia do nível da exploração que este corpo de 14 anos acabados de fazer terá de suportar, da crueldade da avó e do desnorte a que chega uma sociedade indígena violentada por missionários evangelizadores e regida por militares sem escrúpulos. Não podendo olhar para esta narrativa senão como uma metáfora, e tendo em conta que García Marquez é um escritor que aliou como poucos uma escrita mágica às preocupações sociais e politicas, não é estranho que ela nos evoque imediatamente a relação de exploração existente entre países ricos e países pobres. A dívida de Erêndira; nascida de um descuido numa desgraçada noite de vento em que, caída de cansaço, adormeceu antes de apagar uma vela; vai aumentando à medida que a paga. A avó rejuvenesce a cada pagamento que recebe da mão dos tais setenta homens que por dia se servem de Erêndira. Rumo ao mar, embalada pelos amores sonhados com contrabandistas sedutores a caminho da travessia para a desejada ilha de Aruba, a baleia irá morrer na praia às mãos de Ulises amantíssimo anjo libertador de uma Erêndira que nunca mais parará de correr.
Para a estrutura do trabalho de adaptação, inspirei-me nas Station Plays, prodigiosa herança novecentista do teatro medieval que, ao libertar-nos da prisão da narrativa realista, permite que de estação em estação o espectáculo estacione para o teatro ter lugar. Esta opção nasce do reconhecimento de que, na escrita de García Marquez existe uma Erêndira que é também ela, na sua itinerância, uma mártir levada, de estação em estação, a cumprir a sua Paixão, o seu Calvário.
E então o espectáculo. E então escolher, abdicar, experimentar. Encontrar um espaço cénico que permita contar uma história que atravessa a Colômbia imaginada de García Marquez, ir ao encontro de um ambiente que permita ao realismo mágico respirar. Aplicar recursos múltiplos e usá-los sempre de modo a perseguir a artesanalidade inaugural de todos os desfloramentos. A artesanalidade dos pobres. Neste teatro não está o texto no centro, não está a palavra na boca do actor. O texto de García Marquez é um texto de imagens, um texto para ser imaginado, não para ser dito mas para ser lido. Para ser visto com a imaginação.
Rita Lello
Horário
quarta-feira a sábado às 21h30 | Domingo às 16h00
Informações e Reservas
21395360 | 213965275 | 913 341 683 | 968 792 495
[email protected] e www.abarraca.com
via Blogger http://bit.ly/2t6TOtn
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Espetáculo “Erêndira, A Flor do Deserto” terá cinco apresentações em Piracicaba
O espetáculo teatral “Erêndira, A Flor do Deserto”, da Cia Terceiro Ato de Teatro, terá cinco apresentações em Piracicaba (SP). A estreia acontece nesta sexta-feira, 28 de setembro, às 20h, no Luzitano, localizado na Rua Luiz de Camões 2616, bairro Vila Monteiro. No sábado (29) terá outra apresentação do espetáculo, também às 20h.
Foto: Assessoria de Imprensa
Na semana seguinte, a encenação será realizada nos dias 05 e 06 de outubro, às 20h e no dia 07, às 19h. A direção é da própria Cia Terceiro Ato e Os Geraldos.
Baseada no livro “A incrível e triste história de Cândida Erêndira e sua avó desalmada”, a montagem segue na linha do realismo fantástico, estilo tão aclamado pelo escritor Gabriel García Márquez, em sua obra. O espetáculo faz parte do Projeto de Qualificação em Artes Ademar Guerra (modalidade teatro), realizado pelo Governo do Estado de São Paulo.
O ingresso tem preço único de R$ 15 reais e pode ser adquirido antecipadamente pelo site https://www.sympla.com.br/eventos?s=erendira. Os lugares são limitados a 50 pessoas por sessão.
Sinopse
Erêndira é a história de uma menina que vive com a avó e lhe obedece exaustivamente. Certo dia, um incêndio destrói a casa onde moravam e os vestígios de uma fortuna já acabada. A avó decide explorar a neta para pagar pelo estrago. Em meio aos abusos, o amor pode mudar o seu destino.
Foto: Assessoria de Imprensa
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Companhia Circo Lúdico Experimental apresenta: Erêndira
Companhia Circo Lúdico Experimental apresenta: Erêndira
Uma fila de homens se forma na secura do deserto, a tenda mais uma vez está armada e a menina vende seu corpo para pagar à avó o prejuízo. “Isso não é vida sem Erêndira”, o letreiro anuncia. Desde que o vento da sua desgraça desfez em cinzas a grande mansão, foi essa a sina da pobre pequena. Inspirado livremente no conto “A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada”, de…
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