#Tribunal do Santo Ofício da Inquisição
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A história ignorada do Brasil
🇧🇷🇵🇹 Durante três séculos, a Inquisição portuguesa teve uma presença marcante no Brasil, apesar de não ter um tribunal fixo no país. Os suspeitos de heresia, muitos deles cristãos-novos, eram presos por agentes do Tribunal do Santo Ofício e levados acorrentados a Portugal, onde eram julgados. Esses julgamentos muitas vezes resultavam em sentenças severas, como cárcere perpétuo, trabalho forçado nas galeras ou morte na fogueira. O arquivo da Inquisição permaneceu secreto até a década de 1960, e grande parte de sua documentação ainda precisa ser estudada. Entre as vítimas da Inquisição estão brasileiros ilustres, como o poeta Antônio José da Silva e o patriarca da independência, José Bonifácio de Andrada e Silva. Com a recente abertura dos arquivos, uma nova luz é lançada sobre essa parte ignorada da história do Brasil, revelando que muitos brasileiros, especialmente no Nordeste, têm origens judaicas, e alguns ainda mantêm tradições culturais judaicas.
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🇺🇸 For three centuries, the Portuguese Inquisition had a significant presence in Brazil, despite not having a fixed tribunal in the country. Suspected heretics, many of them New Christians, were arrested by agents of the Holy Office Tribunal and taken in chains to Portugal, where they were judged. These trials often resulted in severe sentences, such as life imprisonment, forced labor on royal galleys, or execution by burning. The Inquisition's archive remained secret until the 1960s, and much of its documentation still needs to be studied. Among the Inquisition's victims were notable Brazilians, such as the poet Antônio José da Silva and José Bonifácio de Andrada e Silva, the patriarch of Brazil's independence. With the recent opening of the archives, new light is shed on this forgotten chapter of Brazil's history, revealing that many Brazilians, especially in the Northeast, have Jewish ancestry, with some still maintaining Jewish cultural traditions.
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Perseguição a homossexuais e transexuais veio com europeus durante a colonização do Brasil
"Índias há que não conhecem homem algum de nenhuma qualidade, nem o consentirão ainda que por isso as matem. Estas deixam todo o exercício de mulheres e imitam os homens e seguem seus ofícios, como se não fossem fêmeas. Trazem os cabelos cortados da mesma maneira que os machos e vão à guerra e à caça com seus arcos e flechas, perseverando sempre na companhia dos homens, e cada uma tem mulher que a serve, com quem diz que é casada, e assim se comunicam e conversam como marido e mulher". O relato do português Pero de Magalhães Gândavo, de 1576, é um dos mais eloquentes registros da diversidade de gênero que havia nas terras que hoje são o Brasil, e também do choque cultural imposto pela colonização europeia e católica. Os portugueses também trouxeram em suas caravelas as normas de gênero e sexualidade vigentes na Europa, inclusive por meio do Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição, que previa pena de morte para o "pecado da sodomia", equiparado aos mais graves crimes contra a Coroa. Em entrevista à Agência Brasil para marcar o Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, celebrado nesta quarta-feira (17), pesquisadores apontam raízes coloniais nos crimes cometidos ainda hoje contra essa parcela da população brasileira. O trecho de Gândavo é destacado do livro histórico Tratado da Terra do Brasil pelo antropólogo Luiz Mott, no artigo História Cronológica da Homofobia no Brasil: Das Capitanias Hereditárias ao fim da Inquisição (1532-1821). Mott é pesquisador e ativista, professor da Universidade Federal da Bahia, fundador do Grupo Gay da Bahia, pioneiro na contabilização de crimes homofóbicos no Brasil e também responsável pelo resgate da história do indígena “Tibira do Maranhão", classificado pelo antropólogo como a primeira vítima de LGBTfobia de que se tem registro no Brasil.
Rio de Janeitro (RJ) - LGBTfobia que chegou nas caravelas se enraizou com colonização. - Desenho de indígena tupinambá feito pelo francês Jean de Léry. Os tupinambás foram considerados luxuriosos por franceses e portugueses. Gravura de livro de Jean de Léry/Biblioteca Nacional "Tão generalizada era a homossexualidade na Terra Brasilis, que os Tupinambá tinham nomes específicos para designar e identificar osas praticantes dessa performance homoerótica: aos homossexuais masculinos chamavam de Tibira e às lésbicas de Çacoaimbeguira. Condutas radicalmente opostas ao ensinamento oficial da cristandade", escreve Mott em seu estudo.
Raiz violenta
O antropólogo descreve que o cenário demográfico da colônia, em que os homens brancos são minoria absoluta se comparados aos indígenas e, depois, aos africanos escravizados, fez com que o controle social, incluídas aí as normas de gênero e sexualidade, precisasse ser ainda mais violento do que na Europa. O resultado disso foi uma “hipervirilidade”, que via qualquer atitude considerada não masculina partindo de um homem como ameaça odiosa a uma sociedade dominada por poucos homens brancos e cristãos. Para Mott, essa é a raiz das formas brasileiras que tomaram o machismo e a homofobia. "Um grupo tão diminuto, para manter subjugados todas as mulheres e todos os machos não brancos, tinha que ser muito violento, muito truculento. Tinha que saber usar o chicote, a bengala, a espingarda, para se defender dos oprimidos. O machismo aqui foi muito mais forte do que nas metrópoles, e a homofobia era um elemento fundamental da hegemonia do macho branco. O machismo, a misoginia e a homofobia são irmãs trigêmeas nessa sociedade marcada pela escravidão". A violência dos europeus contra os nativos da América do Sul fica bem marcada no assassinato do indígena Tibira do Maranhão pelos franceses em 1614, ano em que ainda ocupavam uma parte do Norte e Nordeste do Brasil. Tibira era a forma como esse indígena era chamado pelos outros tupinambás, por seus trejeitos vistos como efeminados e por se relacionar com outros homens. Esse comportamento era normalizado entre os tupinambás, como narra de forma preconceituosa o empresário Gabriel Soares de Souza, em 1587, em Tratado descriptivo do Brasil: “são muito afeiçoados ao pecado nefando , entre os quais não se tem por afronta; e o que se serve de macho, se tem por valente, e contam esta bestialidade por proeza; e nas suas aldeias pelo sertão há alguns que têm tenda pública a quantos os querem como mulheres públicas”.
Rio de Janeitro (RJ) - LGBTfobia que chegou nas caravelas se enraizou com colonização. - Em 1637, padre solicita o envio de portuguesas ao Pará, para evitar que nascesse "um grande mal" entre 200 soldados sem mulheres. Crédito: Memorial sobre as terras e gentes do Maranhão e Grão-Pará e rio das Amazonas/IHGB Já os capuchinhos franceses viram esses “pecados” como extrema ameaça, diz Mott, porque a missão francesa era composta apenas por homens. "Os capuchinhos eram os grandes líderes dessa expedição com 400 homens, e a tentação da sodomia era muito forte. E eles tinham a ideia de que a sodomia era um pecado tão forte que Deus mandaria castigos, e, por isso, queriam limpar a terra da sujeira da sodomia. Eles chamam o Tibira de cavalo, de lodo. E essa foi uma forma de evitar que a sodomia se alastrasse por uma sociedade que não tinha mulheres brancas". A história da execução foi narrada pelo frei capuchinho Yves D’Évreux, que escreve: "levaram-no para junto da peça montada na muralha do forte de São Luís, junto ao mar, amarraram-no pela cintura à boca da peça, e o Cardo Vermelho lançou fogo à escova, em presença de todos os principais, dos selvagens e dos franceses, e imediatamente a bala dividiu o corpo em duas porções, caindo uma ao pé da muralha, e outra no mar, onde nunca mais foi encontrada".
Inquisição
Luiz Mott explica que o método brutal e a execução pública tinham função de expurgar o pecado e avisar aos demais pecadores do destino que poderiam ter. Outro episódio catálogado pelo antropólogo, em Sergipe, se deu contra um jovem negro escravizado, açoitado até a morte, em 1678, pela suposição de que havia se relacionado com um homem conhecido como sodomita, que havia lhe presenteado com ceroulas. A execução foi determinada por seu “dono”. “A vergonha e a honra eram valores fundamentais no antigo regime. E um escravizado que apareceu em casa com uma ceroula, que foi presente de um sodomita escandaloso, era uma afronta ao proprietário e à família. Era como se tivesse maculado gravemente a honra da família. Ele preferiu perder o capital de um escravizado jovem do que carregar a desonra de ter uma propriedade sua suja pelo abominável pecado da sodomia”.
Rio de Janeitro (RJ) - LGBTfobia que chegou nas caravelas se enraizou com colonização. - Desenho do missionário capuchinho francês Claude Abbeville, que participou da invasão à colônia portuguesa que executou Tibira do Maranhão. Crédito: Gravura de livro de Claude Abbeville/Biblioteca Nacional O papel da Igreja Católica na linha do tempo traçada pelo antropólogo vai além de disseminar o julgamento de que a homossexualidade e a transexualidade eram pecados - inclui a averiguação de denúncias, a detenção de suspeitos e a determinação das punições, seja por meio de visitas periódicas realizadas pela inquisição portuguesa à colônia, seja pelo envio de denunciados para serem julgados em Portugal. Ao todo, ele contabiliza em sua pesquisa que a inquisição portuguesa julgou 4 mil denunciados de sodomia na metrópole e em suas colônias, determinando 400 prisões e levando 30 pessoas à pena máxima - a fogueira. Entre os 30 acusados de sodomia executados pela inquisição portuguesa, nenhum era brasileiro ou vivia no Brasil. As 20 vítimas brasileiras do Tribunal do Santo Ofício responderam por heresia, afirma Mott, e 18 eram judias. O antropólogo considera que, apesar do rigor moral, a inquisição não levou a punição máxima a mais casos, porque essa era reservada apenas aos que provocavam maior escândalo ou envolviam o conhecimento de múltiplos parceiros, por exemplo. Mesmo assim, o antropólogo descreve que havia uma pedagogia do medo contra os LGBTQIA+, em que os padres cobravam a confissão da sodomia, e os fiéis eram compelidos também a denunciar casos conhecidos. "Quando Luiz Delgado, o sodomita que era mais famoso na Bahia, foi preso para ser mandado para Lisboa com seu companheiro, que era bem efeminado, o bispo comunica seu envio à inquisição e escreve que não poderia mantê-los presos na cadeia da Câmara de Salvador porque seriam apedrejados”.
Punição às famílias
A escritora, pesquisadora e ativista transexual Amara Moira foi curadora de uma exposição no Museu da Diversidade Sexual, em São Paulo, sobre a dissidência de gênero e sexualidade no período colonial da história do Brasil. Ela ressalta que as ordenações que tratavam desses crimes/pecados desde o início da colonização incluiam punições contra o indivíduo e sua família, com confisco dos bens do denunciado e perda de direitos para filhos e netos. “Quando você começa a punir a família do indivíduo, você vai criando toda uma tradição cultural de repulsa e aversão dentro do seio familiar. Hoje, uma fala muito comum é preferir ter um filho morto a um filho homossexual, e é uma fala que tem a ver com essa história toda, com esse momento em que, se você tivesse alguém na família que fosse LGBT, a família toda pagaria por isso. É um sentimento que vai sendo construído. Não se deve apenas à legislação, mas é um ponto para fortalecer esse sentimento, que permanece, passando de geração em geração”. Para a pesquisadora, a crueldade prevista pelas legislações contra a sodomia indicava que aquele era um pecado grave, entendido como erro que mancharia não somente a vida dessa figura condenada, mas de toda a localidade se ela não fosse punida com rigor. “A gente vê isso acontecendo hoje em dia também. Sou de Campinas e me lembro do caso de uma travesti da cidade que foi assassinada por um homem que dormiu com ela, teve um surto durante a noite e arrancou o coração dela. E, quando ele é preso, vai rindo para a delegacia e dizendo que ela era o demônio. A gente percebe ainda hoje um monte de discursos muito fortes na sociedade que recuperam essa associação entre o demônio e a pessoa LGBTQIA+, criando terreno para que a violência continue a ser perpetrada com requintes de crueldade. Se essa pessoa é o demônio, cabe a quem é contra o demônio eliminar os vestígios dessa pessoa”. Apesar dos relatos de maior diversidade de gênero entre indígenas como os tupinambás e entre africanos escravizados, a dominação colonial e a própria catequização fazem com que esses preconceitos também se entranhem naqueles que não eram descendentes dos europeus, explica Amara. Ela cita o exemplo do Tibira do Maranhão, em que quem acende o canhão para a execução é outro membro de sua aldeia. “Essa é uma morte brutal produzida pelos franceses. E, se a gente vai ver, quem pede para fazer o disparo do canhão é uma liderança indígena do local que está querendo mostrar serviço para os franceses, está querendo mostrar para os franceses que estão comprometidos com esses valores sendo trazidos da Europa. Isso não era visto como um problema pelas tradições locais, e passa a ser visto a partir do momento em que os europeus chegam para impor suas culturas. E acontece um momento em que essas culturas tentam assumir a perspectiva europeia”, afirma ela. “Hoje, vemos ativistas e lideranças indígenas que se identificam como LGBT, denunciando essa perseguição nas culturas em que vivem, nos espaços em que vivem. Quando a gente recua para antes da imposição da moralidade cristã, havia outra forma de definição do que era válido ou não”.
Sodomia e transfobia
A escritora defende que o que era chamado de sodomia não era apenas a relação homossexual, mas a dissidência de gênero e sexualidade de forma geral, incluindo a transexualidade. Ao discursar antes de executar seu conterrâneo, o indígena que acende o canhão diz que Tupã poderia fazer com que o tibira renascesse no céu como mulher, porque era o que ele queria. “A gente vê essa confusão entre gênero e sexualidade. Não se fala de sexualidade nesse relato, mas há menção explícita de que talvez esse indivíduo condenado gostaria de existir como pessoa de outro gênero”, diz Amara Moira, que explica que desde o século 16 também passam a existir dispositivos legais que se aplicavam às colônias portuguesas, que puniam quem se vestisse com roupas consideradas do sexo oposto, e isso também era tratado como sodomia. Amara Moira cita uma carta de 1551, do jesuíta português Pero Correa, que descreve haver entre os indígenas "mulheres que, assim nas armas como em todas as outras coisas, seguem ofício de homens e têm outras mulheres com quem são casadas. A maior injúria que lhes podem fazer é chamá-las mulheres”, escreve ele, que buscava receber mais detalhes dos “sodomitas mouros”, para saber como lidar com essas indígenas. “Existe uma questão de gênero muito marcada aí. O jesuíta está chamando essas pessoas de mulheres, mas elas não se identificam por essa palavra. A gente não sabe, nessa cultura, como elas se identificam, como eram entendidas. Mas está sendo percebido como sodomia”.
Herança colonial
O pesquisador da história LGBTQIA+ Luiz Morando vê a marginalização dessa população como um valor disseminado por metrópoles coloniais cristãs e culturas monoteístas não cristãs e patriarcais, como a islâmica. Assim como as ordenações portuguesas que interferiram no Brasil, nas colônias espanholas a base foi a Lei de Las Siete Partidas, que introduziu o crime de sodomia. Para a maior parte dessas ex-colônias, esses dispositivos foram derrubados conforme os países estabeleceram os próprios códigos penais. Já para as colônias da Inglaterra, que só descriminalizaram a homossexualidade na década de 60, há leis antissodomia que chegaram ao século 21. No Belize, por exemplo, ela só foi julgada inconstitucional em 2016. Uma parte considerável dos mais de 60 países que criminalizam relações sexuais até hoje tem penas fundamentadas na Lei Islâmica Sharia. A Associação Internacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais (ILGA) argumenta que muitas dessas leis funcionavam apenas como códigos morais antes da colonização, mas foram fortalecidas por legislações coloniais de metrópoles como a Inglaterra, ganhando interpretações literais. Luiz Morando ressalta que os colonizadores britânicos estenderam a legislação homofóbica até o século 20 e deixaram uma herança LGBTfóbica para suas colônias. Por outro lado, na América do Norte, em grande parte colonizada pela Inglaterra, já havia registros de culturas indígenas que reconheciam gênero neutro e transexualidade antes da chegada dos europeus. “Dependendo do país que colonizou, tanto nas Américas quanto na África, a tendência é essa herança permanecer”, afirma. “Com a chegada dos ingleses, na América do Norte, e dos portugueses e espanhóis, nas Américas do Sul e Central, a tendência é de criminalizar, marginalizar e reprimir. Tanto o anglicanismo quanto o catolicismo vão trazer uma visão conflituosa contra essas dissidências que já eram percebidas nessas populações indígenas nas Américas. À medida que a catequização foi ocorrendo, a tendência era não aceitar mais essas formas divergentes”, descreve ele, que fala em dissidência e divergência porque não existiam os termos homossexualidade e transexualidade na época. Com o fim das legislações que previam penas mais severas contra dissidências de gênero e sexualidade no Brasil e em grande parte do Ocidente, outras pressões sociais se mantiveram como fonte dessa marginalização. Especialmente nas culturas ocidentais, ele aponta uma aliança entre discurso religioso, discurso policial, discurso jurídico e discurso médico para defender um único conceito de família. “Isso vai se tornar tão forte que, quando se elege, no século 19, o conceito de família como união entre homem e mulher heterossexuais para a procriação, esses quatro discursos fecham o cerco em uma espécie de parceria para perseguir e condenar formas de sexualidade dissidentes”.
Acúmulo de exclusões
Morando é autor do livro Enverga, mas não quebra: Cintura Fina em Belo Horizonte, que biografa a travesti cearense Cintura Fina, figura icônica da boemia de Belo Horizonte entre as décadas de 50 e 80. Empurrada para a prostituição pela exclusão social, a travesti teve passagens frequentes pela delegacia por episódios em que reagiu a agressões físicas e verbais, lidando com uma sociedade conservadora e violenta.
Rio de Janeitro (RJ) - LGBTfobia que chegou nas caravelas se enraizou com colonização. - Em vermelho, países que criminalizavam a homossexualidade em 2020. Arte:Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA)/ Divulgação Para o autor, o acúmulo de exclusões de raça, classe e gênero une o tibira do Maranhão e Cintura Fina, dois personagens vistos como indesejados pelas forças dominantes das sociedades em que viveram. "A gente pode traçar pelo menos uma linha de permanência da discriminação por meio da exclusão, repressão e censura àqueles que portam determinado desvio a partir de uma conduta padrão, uma diretriz padrão e de valores morais", afirma. Morando descreve que, do ponto de vista dos colonizadores europeus do século 16, o tibira era uma pessoa indígena, não branca, não civilizada nessa perspectiva e um ser considerado primitivo, além de um sodomita. Já Cintura Fina foi uma pessoa negra, pobre, parcialmente alfabetizada, trabalhadora do sexo e travesti. "A gente pode perceber o quanto de discriminação tem entre cintura fina e tibira se pensar na linha de tempo em que esses elementos são usados para identificar pessoas que não correspondem a um ideal de civilização e cidadania". No Dia dos Povos Indígenas, em 19 de abril, as deputadas federais Célia Xakriabá e Erika Hilton protocolaram um projeto de lei para incluir Tibira no livro de Heróis da Pátria. Para as parlamentares, se faz necessário reconhecer o heroísmo de Tibira do Maranhão, ao ousar ser quem ele era e por defender seu território contra os invasores franceses. Fonte: Agência Brasil Read the full article
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POR DENTRO DA UMBANDA!
Boa leitura (3 min)
Quando falamos em Umbanda, é preciso ter muito cuidado e atenção. Devemos antes de tudo, buscar um pouco da história dos nossos ancestrais, entendendo que nossa religião, se é que assim podemos chamar a Umbanda, não centraliza o poder a uma pessoa exclusivamente, impondo uma verdade absoluta. Tomado por uma licença poética, resolvo intitular Luzia Pinta, a avó da Umbanda.
A Umbanda vai se formando dentro de um processo coletivo de resistência e permanência. E dentro desse processo, nos deparamos com vários nomes de homens e mulheres alforriados, que desde o século XVIII realizavam rituais em espaços domésticos das casas e fazendas, realizando curas através de consultas dadas pelos seus antepassados. Dentre esses nomes, estão: José Cabinda, Juca Rosa, Mãe Catharina, Magdalena e tantos outros. Esse ritual consistia em danças ao som de atabaques, que estimulavam o transe dos médiuns, chamado de Calundu.
Um nome se destaca nesse contexto: Luzia Pinta, a qual não se sabe com precisão a data de seu nascimento. Mas, é sabido que teria partido do Porto de Luanda, Angola, ainda menina. E em 1718 conseguiu sua alforria. Desde então, passou a viver numa pequena propriedade em Sabará, Minas Gerais; onde inclusive, recentemente foi encontrado um documento que comprova que ela comprou sua própria liberdade.
Através do Calundu, Luzia Pinta atendia várias pessoas de diferentes classes sociais e cor, que a procuravam para cura de distúrbios mentais, perturbações espirituais, doenças de ordem física como tuberculose, varíola, lepra, entre outras. E ainda buscavam a possibilidade de encontrar objetos perdidos, revelar se um acusado de um crime era culpado ou inocente, e todo tipo de orientações para suas dúvidas e incertezas.
No entanto, era sabido que tais práticas eram veementemente condenadas não só pelos agentes da Inquisição, mas também por párocos e missionários, que ao mínimo sinal dessas práticas, tratavam logo de apresentar denúncia às autoridades eclesiásticas.
E Luzia Pinta, não escapou: em 1739 foi denunciada como feiticeira, e presa. No ano de 1742, foi enviada a Portugal para ser julgada pelo Tribunal de Inquisição de Lisboa. Em 12 de agosto de 1743, foi submetida a uma sessão de tortura no calabouço do “Santo Ofício”, tendo seu vestido arrancado e levada a se deitar num potro (estrado de madeira com saliências pontiagudas) tendo seu corpo amarrado com correias de couro, sendo comprimido contra as pontas do potro.
Apesar de todo sofrimento, Luzia escapou da morte. Mas, foi exilada em Algarve, região de Portugal, para nunca mais dela se ter notícias.
Luzia Pinta, assim como tantos outros e outras que fazem parte da história dessa que hoje chamamos de Umbanda, é o exemplo de uma gente determinada a deixar pra seus descendentes um legado de fé e resistência. Nunca foi fácil, foi preciso muita coragem, fé, astúcia, sabedoria... foi preciso resistir, pra fazer existir e permanecer.
Salve os Calundus, os Catimbós, as Juremas Sagradas, Tambores de Mina, Xangôs de Pernambuco, Quimbandas e Macumbas; que muito além de nomes dados por antropólogos europeus que não tinham capacidade para perceber a grandeza espiritual, científica, ritualística e várias expressões de conhecimentos africanos e indígenas; faz-se necessário lembrar que pouco importa o nome dado a todo esse universo de saberes ancestrais, mas sim, aos trabalhos que cada um realiza nos seus espaços.
A Luzia Pinta, importante ancestral da Umbanda, nossa eterna gratidão e reverência. Saravá!
Luzia Pinta: a avó da Umbanda
(Fontes: https://www.scielo.br/j/eh/a/hgxBJQTRjZLHVHcF7Jpf4bw/
https://www.kilombukurande.com/post/a-precursora-da-umbanda-no-brasil
https://templopanteranegra.com.br/umbanda-omoloko/o-caso-de-luzia-pinta-torturada-pela-santa-inquisicao-no-seculo-xviii/ )
Sabedoria Yorimá
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🙏✝️18 DE SETEMBRO✝️🙏
🙏✝️São José de Cupertino, o padroeiro dos estudantes✝️🙏
✝️Origens✝️
Quando José Maria Desa nasceu, em 17 de junho de 1603, na cidadezinha de Cupertino, na província italiana de Lecce, sua família não levava uma vida fácil. Seu pai, Félix, foi envolvido na falência financeira de um conhecido, a quem havia emprestado dinheiro, acabando na miséria. Por isso, José veio ao mundo em uma estrebaria, como Jesus, e, desde criança, teve de arregaçar as mangas para contribuir com as despesas de casa, trabalhando em uma venda.
São José de Cupertino até começou a ir à escola, mas foi acometido por uma úlcera gangrenosa, que o obrigou a deixar os estudos por cinco anos. Sua mãe, Francisca Panaca, mulher forte e vigorosa, tentou dar-lhe uma formação básica, mediante a narração da vida dos Santos, como a de São Francisco. Assim, amadureceu em José o desejo de seguir e imitar a vida do “Pobrezinho de Assis”.
✝️Franciscanos✝️
Aos 16 anos, pediu para entrar na Ordem dos Frades Franciscanos Conventuais, no convento da “Grottella”. Entretanto, a sua pouca formação escolar não o ajudou, sendo obrigado a voltar à sua vida de antes. Com o tempo, São José de Cupertino dirigiu-se aos Franciscanos Reformados e, depois, aos Capuchinhos de Martina Franca, mas a resposta era sempre a mesma: pouca instrução, além das suas primeiras manifestações de êxtase, durante as quais deixava cair tudo das mãos, que o tornaram inadequado para a vida comunitária.
Neste ínterim, o Supremo Tribunal de Nápoles estabeleceu que, ao se tornar maior de idade, José devia trabalhar, sem remuneração, até pagar toda a dívida do pai, já falecido. Diante de tal sentença, que na verdade era uma verdadeira escravidão, o jovem voltou a pedir para entrar no convento de “Grottella”. Os Frades levaram a sério a sua situação e o ajudaram a fazer um verdadeiro percurso de estudos.
✝️Sacerdócio milagroso✝️
Entre milhares de dificuldades, mas graças à sua grande força de vontade, chegou a hora de enfrentar o exame para o Diaconato. Ali, realizou-se um prodígio: José conhecia a fundo apenas uma passagem do Evangelho, precisamente aquela que, por acaso, o Bispo examinador lhe pediu para comentar. Um acontecimento extraordinário semelhante deu-se, novamente, três anos depois, durante o exame para o Sacerdócio: o Bispo interrogou alguns candidatos e, achando-os particularmente preparados, estendeu a admissão ao Sacerdócio a todos os outros candidatos. Enfim, em 1628, José foi ordenado sacerdote.
✝️“Irmão burro” e dom de ciência infusa✝️
A humildade de São José de Cupertino, porém, permaneceu proverbial: ciente das suas limitações culturais, nunca renunciava aos trabalhos manuais mais simples, chegando até a se apelidar “Irmão burro”; no entanto, dedicava-se ao serviço dos mais pobres. José viveu seu amor à Igreja de forma incondicional: colocou Cristo ao centro da sua vida e tinha uma profunda devoção a Maria, Mãe de Deus. Contudo, quem o ouvia falar reconhecia nele a luz de uma teologia madura, com a qual fazia debates profundos: era o dom da ciência infundida (Deus que revela o conhecimento ao homem), que o tornou um grande sábio.
✝️Êxtases e levitações✝️
No entanto, se acentuavam em José os fenômenos de êxtases e levitações, sobretudo quando pronunciava os nomes de Jesus e Maria. Tais episódios não passaram despercebidos à Inquisição de Nápoles, que o convocou para saber se o jovem de Cupertino estivesse abusando ou não da credulidade popular. E, precisamente, diante dos Juízes, reunidos no Mosteiro de São Gregório Armênio, José teve uma levitação. Por isso, foi absolvido de todas as acusações, mas o Santo Ofício o obrigou ao isolamento, longe das multidões.
✝️O ponto mais alto: a Eucaristia✝️
Desta forma, o futuro Santo passou de um convento ao outro – Roma, Assis, Pietrarubbia, Fossombrone – até chegar a Ósimo, perto de Ancona. Finalmente, ao chegar ali, em 1656, por ordem do Papa Alexandre VII, encontrou a paz. De fato, ali permaneceu sempre até a morte, levando sempre uma vida humilde, ao serviço do próximo e em colóquio pessoal com Deus, que culminava na celebração Eucarística.
✝️Páscoa✝️
São José de Cupertino faleceu, em 18 de setembro de 1663, aos 60 anos. Bento XIV o beatificou, em 1753, e Clemente XIII o canonizou em 16 de julho de 1767. Hoje, seus restos mortais descansam em uma urna de bronze dourado, na cripta da igreja de Ósimo, a ele dedicada. Foi construído também um Santuário, em sua homenagem, em Cupertino, sobre a estrebaria onde o Santo nasceu.
✝️Padroeiro dos Estudantes✝️
“Capacidade de voar, com a mente e com o corpo”: eis a chave estilística, que caracterizava a vida de São José de Cupertino. No entanto, apesar das suas dificuldades nos estudos, recebeu o dom da ciência infundida e momentos de êxtase com levitações. Isso tornou-o padroeiro dos estudantes e universitários.
🙏✝️Minha oração✝️🙏
“Tu, que alcançastes as mais altas ciências, não pela via intelectual, mas sim pelas vias místicas, ajudai-nos nos nossos estudos e no desejo mais sincero de conhecer a Deus. Ensinai-nos a descobrir em Jesus o caminho da sabedoria. Amém!”
🙏✝️São José de Cupertino, rogai por nós!✝️🙏
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Conhecendo um pouco da história do tribunal da inquisição em Cartagena … O Palácio de La Inquisicion servia como um tribunal de penalidades para o santo ofício condenar qualquer um que a Igreja visse como inimigo. Nele você pode ver instrumentos de tortura, juntamente com documentos, explicações e pinturas sobre a Inquisição. #cartagena #historia #blackfenix#tour #learning (em Palacio De La Inquisicion Cartagena) https://www.instagram.com/p/CnvZ-kuNc0pbLYQjFOsQHn_3lKgRr9iBc_qY9c0/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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A FEITICEIRA DO RECIFE Texto: Roberta Cirne CONTATO PARA PALESTRAS: [email protected] ou por DIRECT Antônia Maria “era baixinha, branca e com olhos pretos e formosos”... Tinha um filho pequeno, Estêvão, e a idade de 30 anos em 1712 quando foi julgada por bruxaria em Beja, Portugal, pela Santa Inquisição de Lisboa. Condenada em várias instâncias e acusada por crimes de bruxaria que envolviam desde simples feitiços de amor até mesmo despertar os mortos. Deportada junto com outras mulheres para Angola e aportando em Recife para reabastecimento do navio, ela e as amigas acharam interessante aqui ficar e professarem suas artes divinatórias. A princípio se estabeleceram no bairro de Santo Antônio, em vários casebres, e também pelas Ruas laranjeiras e Trincheiras (onde atualmente fica a Avenida Dantas Barreto). Antônia morava junto com uma companheira, a Joana de Andrade Pereira, que depois casou-se com um Recifense . A verdade é que ela produzia beberagens e chás, alguns filtros de amor, fazendo orações estranhas: “Almas, almas, as do mar, as da terra, três enforcadas, três arrastadas, três mortas a ferros por amor, todas nove vos ajuntarei e no coração de fulana entrareis, e tal abalo lhe dareis por amor de fulano, e que ela não possa parar, nem sossegar, sem que o sim do casamento lhe queiram dar” Joana deixara a feitiçaria ao casar e isso irritou Antônia que fez um “feitiço de morte” contra a antiga amiga, resultando em doença e falecimento de Joana no hospital da Santa Casa. Seus feitiços certeiros abjurando demônios e criaturas das profundezas lhes valeram a alcunha de “Senhora dos Mortos”. Denunciada por vários desafetos, foi novamente caçada pelo Tribunal do Santo Ofício. Escondeu-se em Alagoas, mas foi capturada em uma casa vazia, no bairro do Recife. Levada a ferros de volta à Portugal em 1724, foi torturada e teve sua sentença dada por D. João V: Prisão perpétua em Miranda. Lá, faleceu pouco tempo depois. Mas deixou a sua marca sobrenatural no Recife, apesar de tudo. Em 1766 finalmente construíram uma prisão clerical em Olinda para isolar religiosos e suspeitos de bruxaria de outros presos comuns. Hoje, a prisão abriga o Museu de Arte Contemporânea https://www.instagram.com/p/ClgmiE0Ovyj/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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BRUXAS NA IDADE MÉDIA: A VERDADE POR TRÁS DAS ACUSAÇÕES
Dezenas de milhares queimaram sob a acusação de bruxaria. Haveria algo de real por trás do pânico?
RAPHAEL TSAVKKO PUBLICADO EM 07/08/2019, ÀS 09H00 - ATUALIZADO ÀS 21H00
Já entrado nos 50, o burgomestre (prefeito) de Bamberg estava em profunda depressão quando decidiu passear pelo campo de sua propriedade. Sentou-se no chão para chorar. Então foi interrompido por uma estranha aparição, um súcubo, um demônio que se fantasia de mulher para seduzir os homens. Que então perguntou por que estava tão triste. Ele respondeu que simplesmente não sabia. Então a criatura se aproximou. E se transformou num bode, que falou: Agora você sabe com quem está lidando.
O bode exigiu a Johannes Junius — esse era seu nome — que se entregasse a ele, ou seria morto. O burgomestre gritou “Deus, me salve disso!”, e o monstro sumiu. Apenas para retornar com mais demônios. Junius então cedeu, negou a Deus e passou pelo batismo negro. Depois disso, uma rede de satanistas na cidade de Bamberg se revelou a ele, e o convidou a celebrar sabás negros.
A história acima Junius contou a seus inquisidores, em 5 de julho de 1628, após uma semana sendo pendurado pelos punhos com as mãos para trás, tendo os dedos apertados até sangrarem, e as pernas pressionadas até quase seus ossos se partirem. Segundo ele próprio, na carta final à sua filha, apenas uma história que ele inventou para parar o suplício.
Junius sabia o que os caçadores de bruxas queriam ouvir. Sua colorida narrativa foi aceita como realidade. Mas seus acusadores não estavam satisfeitos. Queriam nomes, quais eram esses satanistas que encontrou, ou haveria mais tortura. E nomes ele teve de dar.
Foi por essa mesma armadilha viciosa que o próprio Junius havia caído. Sua esposa e um amigo o haviam denunciado antes de queimarem. Bamberg arderia por mais três anos, até que a população começou a questionar o tribunal, pois ninguém estava seguro. A loucura terminaria quando tropas protestantes invadiram a cidade, em meio à Guerra dos 30 Anos.
Ninguém esperava a inquisição
O prefeito em desgraça não era o caso mais típico — ele era homem e rico. A grande maioria dos até 100 mil mortos acusados de bruxaria era de mulheres, muitas delas pobres.
Bruxas, mulheres com poderes mágicos e más intenções, são parte do folclore de quase todas as culturas, dos astecas aos zulus. Na Europa, em meio ao declínio do feudalismo, a partir do século 13, inicia-se um processo de êxodo para as cidades, que duraria séculos, acompanhado por uma série de revoltas camponesas por toda a Europa, que alteram a relação entre servos e senhores feudais. E a relação das mulheres com as normas sociais vigentes.
À medida que os camponeses passam a conquistar mais liberdades — seja passando de uma relação feudal a uma relação dinheiro-aluguel, seja funcionando como contratados, e não como semiescravos a serviço perpétuo de um senhor —, as mulheres passam a conquistar mais liberdades também. O que não necessariamente significava uma vida materialmente melhor, pois com ela vinha a perda de garantia de alimentos e moradia. Daí as revoltas.
O processo de substituição do modelo feudal pelo capitalista, como explica a historiadora ítalo-americana Silvia Federici em seu livro Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva, levou ao êxodo das aldeias para as cidades e, nesse ínterim, mulheres começaram a exercer funções e profissões para além das casas e terrenos familiares, seja como pedreiras, seja até mesmo como cirurgiãs. E comumente como prostitutas. Essa aparente liberdade das mulheres, que mesmo exercendo em geral atividades inferiores estavam menos sujeitas ao controle dos homens, não passou desapercebida pela Igreja.
A Inquisição havia nascido no século 12 como forma de eliminar heresias como o catarismo e o valdismo. Mais de um século depois, passou a olhar para a bruxaria como uma forma de heresia. Até então, muitos dos próprios papas poderiam ser acusados de tal prática, dado o enorme interesse de alguns deles pela alquimia e pura e simples magia.
As primeiras medidas que dariam início à Inquisição começam a ser postas em prática em 1184 com o papa Lúcio III (a chamada Inquisição Episcopal). Com o papa Inocêncio II acontece a primeira cruzada inquisitória, contra os cátaros (também chamados albigenses), em 1198. O Tribunal do Santo Ofício, ou a Inquisição Papal, é criado oficialmente em 1229-1230 pelo papa Gregório IX durante o Concílio de Toulouse. Em 1320, finalmente, o papa João XXII inclui a bruxaria no hall de heresias.
As bruxas passam a ser o alvo preferencial da Inquisição a partir do século 14, após o surto de Peste Negra, que dizimou um terço da população europeia e foi lido por líderes religiosos como uma forma de punição pela leniência a heresias e comportamentos não cristãos. Obra indireta e direta de bruxas e magia negra.
O best-seller assassino
A criação da prensa de Guttenberg é comumente vista com um instrumento de elucidação das massas. Uma visão idílica. Veja o caso do clérigo católico Heinrich Kramer. Em 1487, ele lançaria Malleus Maleficarum. Um livro que deveu seu sucesso ao revolucionário método de reproduzir livros e, por dois séculos, o segundo mais vendido na Europa após a própria Bíblia.
É um guia de caça às bruxas e heresias afins. Nele, Kramer endossa o extermínio, valendo-se de detalhadas análises legais e teológicas, louvando a prática da tortura para obter confissões. E, um ponto central, afirma que mulheres têm tendência natural a se tornarem bruxas.
O Malleus, diz Diarmaid MacCulloch no livro Reformation: Europe’s House Divided, foi escrito como uma forma de vingança e autojustificação por Kramer ter sido impedido de levar adiante um dos primeiros processos contra bruxas na região do Tirol. Kramer foi expulso da cidade de Innsbruck e, após apelar ao papa Inocêncio VIII, este lhe atendeu com uma bula, em 1484, a Summis Desiderantes Affectibus, que lhe garantia jurisdição para atuar na Alemanha.
Até a publicação do livro, a bruxaria era considerada um crime menor, punido com castigos físicos diversos. Uma esquisitice folclórica de velhinhas mal-orientadas pelos padres. Após a publicação do Malleus, autoridades católicas e protestantes passaram a usá-lo no julgamento e condenação de suspeitas de bruxaria, tornando mais brutal a perseguição.
O livro não era usado por inquisidores, mas sim por tribunais seculares, em especial durante a Renascença. Quem queimava os acusados de bruxaria era o Estado, não o clero — o governo da Espanha, Portugal, dos vários Estados alemães etc. Só nos Estados Papais, onde a Igreja também era a autoridade secular, a Inquisição tinha poder para executar — como no célebre caso do teólogo Giordano Bruno, que queimou em Roma, em 1600.
Simpatia pelo Diabo
Não era só a negação a Cristo que movia a fúria contra as bruxas. O escândalo andava de mãos dadas com a fé em ceifar vidas inocentes.
Acusações de sexo com demônios eram lugar-comum durante o auge da perseguição à mulheres consideradas bruxas, entre os séculos 14 e 17, uma época em que sexo era um tabu, como conta o historiador David M. Friedman, em Cultural History of the Penis.
Não era incomum que os juízes nos julgamentos das bruxas exigissem detalhes minuciosos das alegadas práticas sexuais. Quanto mais inventivos os atos, maior a sensação nas seções de tortura a que submetiam as acusadas e que prenunciavam o auto de fé.
Além de curandeiras, aquelas mulheres que não seguiam à risca normas sociais da época (como se portar de maneira recatada, obedecer aos pais e marido etc.) eram alvos dos inquisidores, assim como as mentalmente insanas ou perturbadas. Ou, sem fazer nada, as que tivessem o azar de serem denunciadas por inveja, ciúme ou, como no caso do prefeito, alguém forçado a dar um nome.
Também escandalosa é a origem do veículo favorito das bruxas, a vassoura. Atestado por múltiplas fontes e em múltiplas receitas, o unguento voador era um composto tradicional alucinógeno feito de plantas venenosas como a mandrágora, a beladona e a figueira-do-diabo. Provável vestígio da era dos druidas, era usado em rituais noturnos, que envolviam vassouras de um jeito peculiar. No julgamento da nobre irlandesa Alice Kyteler, em 1324, é mencionado que as bruxas confessaram besuntar o cabo com o unguento e cavalgá-lo até o ponto de encontro, ou ungirem-se nas axilias e em outros locais peludos. Não ria. Alice foi queimada viva.
Histeria e Hecatombe
O livro European Witch Trials: Their Foundationsin Popular and Learned Culture, de Richard Kieckhefer, traz uma longa e assustadora lista de julgamentos de bruxas a partir do século 14, como por exemplo o julgamento de 600 pessoas acusadas de bruxaria na cidade de Toulouse entre 1320 e 1350, sendo 400 delas condenadas e executadas. Ou 400 pessoas julgadas e 200 condenadas e executadas na vizinha Carcassonne, na mesma época.
Além das torturas, havia ainda os métodos práticos para encontrar bruxas. O mais comum era o teste da água. Uma mulher era arrastada para um lago ou rio, despida e amarrada. Ao ser atirada, se flutuasse, era bruxa. Se afundasse, eles até tentavam puxar de volta. A explicação é que bruxas repeliam a água por terem rejeitado seu batismo ao aceitarem Satã. Mas não era a única: também disseram que era por serem anormalmente leves. E assim surgiu o teste do peso: se a ré pesasse menos do que se imaginava normal, era bruxa.
A Alemanha do fim do século 16 e começo do 17 viu alguns dos maiores autos de fé registrados na História. Junto a Johannes Junius, pelo menos mil pessoas foram executadas em Bamberg (1626- 1631) e em Trier (1581-1593). Na mesma época, mais 250 em Fulda (1603-1606) e 900 em Würzburg (1626-1631).
No século seguinte, a caça às bruxas se tornou a peça número um da denúncia dos iluministas aos abusos da religião e superstição. Aos poucos, a loucura iria se arrefecendo. A última pessoa a ser morta por acusação de bruxaria foi Anna Göldi, na Suíça. Foi acusada de materializar magicamente vidro e agulhas no pão e leite da filha de Jakob Tschudi, para quem trabalhava como doméstica. Torturada, falou ter feito um pacto com o diabo, na forma de um cachorro preto que se materializou do nada.
A caça às bruxas então já era bem desmoralizada. Göldi foi acusada formalmente de envenenamento, não bruxaria — ainda que a lei não prescrevesse pena de morte para tentativa de envenenamento. Era 1784, oito anos após a morte de David Hume, seis anos da de Voltaire e Rosseau, um após a de D’Alembert e o mesmo da de Diderot, filósofos anticlericais que dariam origem ao jeito moderno e secular de pensar. Antes do fim do século, em 1798, os Estados Papais seriam capturados pela França, restaurados em 1800 e novamente capturados sob Napoleão, em 1808.
O total de mortos por acusações de bruxaria desde a Idade Média é controverso. A cifra mais baixa, 35 mil, é defendida pelo historiador William Monter, da Northwestern University (EUA). Em seu livro Witchcraze (sem tradução), de 1994, a historiadora Anne Llewellyn Barstow chegou a 100 mil.
¿Las Hay?
Mas, afinal, tudo isso foi mesmo por nada? As bruxas existiam? A resposta é sim. Havia de fato satanistas na Idade Média. Ao menos um caso é bem registrado: o dos luciferianos, um grupo derivado dos cátaros que viveu na Alemanha do século 13. Acreditavam que Satã havia sido injustiçado e na verdade era o lado bom da guerra com Deus.
Mesmo se satanistas reais fossem raros ao ponto da irrelevância, o que não faltava era candidatos a mago. Alquimistas ganhavam fortunas não só por fórmulas como por rituais secretos. Os grimórios, livros de feitiços, circulavam por mãos cobiçosas por toda a Europa. O Grimório de Honório, do século 13, era atribuído a um papa. Ele ensinava como escapar do purgatório e invocar demônios, entre outras.
A diferença entre alquimistas e bruxas é que os primeiros eram homens, ricos, educados e próximos ao poder, conselheiros de reis e papas, justificando sua atividade como uma manipulação da natureza. As bruxas eram conhecedorasde ritos e poções de tempos pagãos, sem entender como isso poderia ser visto como adoração a Satã.
Como os alquimistas, todas (ou quase todas) deviam se ver como boas cristãs. Certamente, algumas delas e alguns deles usaram seus poderes — bem reais, no caso de venenos — para o mal. Mas quem teve uma vovozinha tradicional, daquelas que fazem rezas, simpatias e garrafadas, conheceu a bruxa típica.
Fonte: Aventuras na história
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Isabel, a Rainha de Castela: série aborda o início da consolidação da monarquia espanhola
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Isabel, a Rainha de Castela: série aborda o início da consolidação da monarquia espanhola
Na última sexta-feira (27/10), o Parlamento da Catalunha aprovou uma resolução que prevê “constituir uma República Catalã como um Estado independente, soberano, democrático e social”. Essa iniciativa levou o Executivo espanhol a adotar uma série de medidas para recuperar a legalidade constitucional. No mesmo dia, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, anunciou que o Senado autorizou o governo espanhol a aplicar o artigo 155, que prevê a destituição do líder catalão Carles Puigdemon e de seu governo, dissolve o Parlamento regional e convoca eleições para 21 de dezembro. É como se o passo dado pela Catalunha em direção à independência não tivesse acontecido, pois a comunidade internacional rejeitou a sua declaração de independência.
No cenário atual de um lado estão os independentistas, que querem se separar da Espanha, e do outro os catalães que não veem vantagem nessa cisão e que se unem ao resto dos espanhóis. Até o momento, a única certeza é que se chegou ao ápice de uma tensão que se arrasta por anos. O Reino de Espanha foi primeiro império global da era moderna, mas no início do século XV (1401 – 1500) a Espanha tal qual a conhecemos ainda não existia, ela “era apenas um conjunto de reinos com uma enorme mistura de povos e culturas, e seu território estava dividido em regiões independentes: Galícia, Astúrias, Leão, Castela, Aragão e Catalunha; enquanto no extremo sul o Reino de Granada era dominado pelos mouros”. Durante muito tempo foi assim, até que Isabel I, futura rainha de Castela, conheceu Fernando II de Aragão e eles se casaram. A série Isabel, a Rainha de Castela mostra em que condições esse casamento aconteceu e o que ele significou para a consolidação da monarquia espanhola.
Estrelada por Michelle Jenner, no papel de Isabel I de Castela, a produção espanhola foi escrita por José Luis Martín, Juan Carlos Blázquez, Jordi Calafí, Maite Carranza, Javier Olivares, Gisela Pou, Clara Pérez Escrivá, Anaïs Schaaff, Pau Sieiro e Isla de Babel, entre outros. Exibida em seu país de origem de 2011 a 2014, a biografia histórica mostra a trajetória da jovem rainha de Castela, que apesar de não estar na linha de sucessão ao trono o destino a transformou numa peça fundamental para o reino. O canal +Globosat começou a exibir a terceira temporada da série na faixa MAIS. A produção já tinha sido disponibilizada no Brasil pela Clarovídeo em abril deste ano.
Pedro Casablanc, Andrés Herrera, Ramon Madaula, Sergio Peris-Mencheta, Eusebio Poncela, Rodolfo Sancho, Lluís Soler, Michelle Jenner, Jordi Díaz, Irene Escolar, Ainhoa Santamaría e Raúl Mérida (2011)
A primeira temporada, com um total de treze episódios, acompanha a vida de Isabel entre os anos de 1461 e 1474. A série inicia na sua adolescência, passa por seu casamento com o Príncipe Fernando II de Aragão (Rodolfo Sancho) e encerra com a sua coroação como rainha de Castela. Isabel foi a terceira filha do rei João II de Castela, fruto de seu segundo casamento com Isabel de Portugal (Clara Sanchís), e tinha três anos de idade quando seu pai faleceu. Enquanto Henrique IV de Castela (apelidado de Henrique IV, o impotente), seu irmão mais velho, herdava o trono de Castela, ela teve que ir morar na aldeia de Arévalo.
Dez anos depois, Isabel pôde voltar para a corte sob a tutela de Henrique (Pablo Derqui), mas não demorou muito para que o rei fosse deposto por seu irmão mais novo Afonso de Castela (Victor Elías), que tinha apenas 11 anos. A conspiração ocorreu com a ajuda dos nobres que desejavam o poder e que acreditavam que devido à sua baixa idade Afonso seria facilmente manipulado. Assim como seu pai, João II de Castela – que governou por 48 anos, mas demonstrou-se fraco quanto aos assuntos do Estado e da nobreza com um reinado caracterizado por abusos e desordens –, o reinado de Henrique IV de Castela ficou conhecido pela anarquia devido a sua fraqueza e desmandos. Após a morte do rei, que parte sem assinar o acordo que declararia Isabel como sua herdeira, a jovem é coroada aos 20 anos.
Henrique IV era filho de João II de Castela com Maria de Aragão, portanto, o descendente direto ao trono de Castela. No entanto, os nobres já haviam conseguido retirar completamente a autoridade do trono. Aproveitaram a inabilidade de Henrique e as supostas relações escandalosas entre sua segunda esposa Joana de Portugal (Bárbara Lennie) e o nobre castelhano Beltrán de La Cueva (William Miller), e fizeram com que Henrique reconhecesse por herdeiro seu irmão, o Infante Afonso de Castela, mas este morreu possivelmente envenenado em 1468. Os magnatas buscaram obter a coroa para Isabel, rejeitando a filha do rei, Joana (Carmen Sánchez), chamada ‘A Beltraneja’ na suposição de que o verdadeiro pai fosse Don Beltrán.
O segundo ano da série, também com treze episódios, cobre o período entre 1474 e 1492, abrangendo a Guerra de Sucessão de Castela (conflito ocorrido entre 1475 a 1479 promovido pelos partidários de Joana, a Beltraneja), a conquista de Granada (1482-1492) e o início das viagens de Cristóvão Colombo (Julio Manrique). Isabel, agora rainha de Castela deu apoio incondicional ao marinheiro genovês, ajudou a financiar suas viagens na busca pelas Índias Ocidentais e enfrentou a oposição de muitos políticos. Essa missão levaria Colombo a descobrir a América, acontecimento que proporcionaria descobertas posteriores e o surgimento do Império Espanhol.
A ‘Guerra da Beltraneja’ teve um caráter internacional porque Isabel estava casada com Fernando, herdeiro da Coroa de Aragão, enquanto Joana se casou com seu tio o rei Afonso V de Portugal (Daniel Albaladejo). A França também interveio, apoiando a Portugal para evitar o triunfo de Aragão, seu rival em Nápoles, na Itália. Depois de distinguir-se na guerra civil (1474-1479) para garantir Isabel I no trono do reino de Castela, Gonzalo de Córdoba (Sérgio Peris-Mencheta) – um nobre, político e militar castelhano – desempenhou importante papel na guerra contra o reino muçulmano de Granada, inclusive negociando a rendição da cidade (1492) antes sob domínio mouro.
Fernando e Isabel souberam conduzir os interesses militaristas e religiosos dos hispânicos durante a Guerra da Reconquista [1] contra os inimigos muçulmanos. Como resultado da Reconquista da Espanha das mãos dos árabes muçulmanos, os Reis Católicos – título atribuído ao casal pelo Papa Alexandre VI (Jorge Bosch) – puderam enfim celebrar o triunfo da união espanhola e avançar nas suas pretensões de um reino unificado. Em 1478, foi fundado o Tribunal do Santo Ofício da Inquisição por Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela a fim de manter a ortodoxia católica em seus reinos tendo atuado até 1834. A Inquisição foi uma política de conversão de judeus e muçulmanos espanhóis ao catolicismo. Aqui aparecem personagens históricos como Tomás de Torquemada (Manel Dueso); Fernando de Talavera (Lluís Soler) e Francisco Jiménez de Cisneros (Eusébio Poncela).
Em 1483, o prior do Convento de Santa Cruz, em Segóvia, Tomás de Torquemada, torna-se inquisidor-geral espanhol por nomeação do Papa Sixto IV (Camilo García). Conhecido como O Grande Inquisidor, Torquemada difundia que os judeus não eram confiáveis e que o país “precisava” de sangre limpia, ou seja, uma “limpeza de sangue” puramente cristão. Durante o seu mandato como inquisidor o número de autos-de-fé aceito chega a 2.200. A pena mais leve imposta aos descendentes de judeus e de muçulmanos convertidos era o confisco dos seus bens. Com os Reis Católicos precisando de receitas a perseguição movida aos hereges era uma fonte de renda que interessava ao Estado. Eles eram comumente obrigados a desfilar pelas ruas até a porta da igreja vestidos apenas com um traje que definia sua condição de hereges. Após inomináveis torturas, na etapa seguinte, a morte na fogueira os aguardava.
O monge jerônimo Fernando de Talavera foi um dos que se opôs à criação da Inquisição e pregava a ideia de evitar medidas mais duras contra um povo que já tinha se tinha convertido ao cristianismo, mas que conhecia pouco e mal essa religião. Em 1492, quando foi nomeado primeiro arcebispo de Granada ali procede a aplicação de uma política de conversão suave, evitando ameaças e coerções. Talavera chegou inclusive a denunciar os abusos dos inquisidores, mas a sua política de mão branda teve um êxito bastante limitado, ganhando inimigos. Um deles foi o cardeal Francisco Jiménez de Cisneros, terceiro Inquisidor Geral de Castela, que passa a adotar métodos mais enérgicos como forçar o baptismo ou obrigar ao exílio, o que levou à rebelião dos muçulmanos e mouriscos.
A terceira e última temporada foi exibida na TV espanhola em 2014, igualmente com treze episódios, e apresenta o período entre 1496 e 1504 que abrange: o casamento de Joana de Castela (Irene Escolar) com Felipe de Habsburgo, o belo (Raúl Merida); o conflito em Nápoles entre Fernando II de Aragão e o monarca francês Carlos VIII (Héctor Carballo) bem como a morte da rainha Isabel. Joana de Castela – também conhecida como Joana, a louca – dá à luz a um menino chamado Carlos (Carlos I de Espanha), herdeiro de Felipe, o belo e neto de Maximiliano I de Habsburgo, Sacro Imperador Romano. Enquanto Felipe tenta se impor em Castela e planeja uma forma de afirmar seu reinado, Joana fica cada vez mais instável por conta da ausência de seu marido.
Em 1494, estoura o confronto em Nápoles devido a pretensão de Carlos VIII de França ao trono que seu pai tinha herdado com a morte do seu sobrinho, o rei Renato d’Anjou (Renato I de Nápoles), em 1481. Há anos esse território era motivo de disputa entre as dinastias francesa e aragonesa. No entanto, com a morte súbita de Carlos VIII, em 1498, e sem deixar descendentes sobe ao trono o seu primo Luís de Orléans, o rebelde, assumindo o nome de Luís XII (Borja Luna). Embora os franceses não tenham desistido de sua ambição, em 1501, concordaram em uma partição do reino com Fernando de Aragão, que abandona seu primo, o rei Frederico IV de Nápoles. Mas o negócio veio por água abaixo completamente, Aragão e França retomaram a sua guerra sobre o reino, resultando em uma vitória aragonesa deixando Fernando no controle do reino até 1504. Apesar do sucesso nos campos de batalha, a saúde da rainha Isabel encontra-se cada vez mais debilitada.
Isabel e Fernando II tiveram cinco filhos: Isabel de Aragão e Castela e João, Príncipe das Astúrias, que faleceram antes da mãe; Joana de Castela; Maria de Aragão e Castela, que se casou com o rei Manuel I de Portugal; e Catarina de Aragão, que se casou com Artur, Príncipe de Gales. Após a morte deste ela se tornou a primeira esposa de Henrique VIII (Máximo Pastor), da Casa Tudor. Ele foi o segundo monarca inglês da Casa de Tudor, sucedendo a seu pai Henrique VII (Fermí Reixach). Henrique é conhecido como o fundador da Igreja Anglicana e por ter pedido a anulação do casamento com Catarina de Aragão para poder desposar Ana Bolena.
Isabel, a Rainha de Castela é uma produção da Diagonal TV. O sucesso da série levou o canal Televisión Española (TVE) a produzir um spinoff Carlos, Rey Emperador, exibido na Espanha entre 2015 e 2016 narrando a história de Carlos I de Espanha, filho de Joana e neto de Isabel. Carlos era o herdeiro de três das principais dinastias europeias: a Casa de Habsburgo da Monarquia de Habsburgo, a Casa de Valois-Borgonha dos Países Baixos Borgonheses e a Casa de Trastâmara das coroas de Aragão e Castela. Ele governou vastos domínios na Europa central, oriental e do sul, além das colônias espanholas nas Américas. Como o primeiro monarca a governar Castela, Leão e Aragão simultaneamente, ele se tornou o primeiro Rei da Espanha. Carlos tornou-se imperador em 1519, com um império que cobria mais de quatro milhões de quilômetros quadrados pela Europa, Oriente e Américas.
Um longa-metragem com o título de La Corona Partida, também foi produzido em 2016. A história apresenta os fatos ocorridos após a morte de Isabel, sendo que parte do elenco da série volta a interpretar seus respectivos personagens. Em uma Espanha consumida pela ambição e pelo poder, o futuro de um império depende do estado mental de uma única mulher: Joana, a louca. O reinado de Isabel e Fernando II ficou marcado na história por seu empenho na unificação e expansão da Espanha tendo como marcas a centralização política e unificação cultural, baseada na intolerância religiosa e no militarismo, e a expansão marítima e comercial atlântica incentivadas pela concorrência com Portugal.
NOTAS:
[1] Reconquista foi o processo histórico em que os reinos cristãos da Península Ibérica procuraram dominar a região durante o período do Al-Andaluz (nome dado à Península Ibérica no século VIII, a partir do domínio do Califado Omíada). Este processo decorreu entre 722 (data provável da Batalha de Covadonga, liderada por Pelágio das Astúrias) e 1492, com a conquista do Reino de Granada pelos reinos cristãos. O controle progressivo da península ganhou destaque por ter possibilitado a fundação de novos reinos cristãos como o Reino de Portugal e o Reino de Castela, percursores de Portugal e de Espanha.
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Se o denunciante referia algumas testemunhas dos factos denunciados, eram estas chamadas e interrogadas em termos vagos, sem especificação de lugares e de nomes, dizendo-se-lhes “que na mesa do Santo Ofício há informação de que elas sabem ou têm notícia das coisas por que foram perguntadas e que tratem de desencarregar suas consciências”. Desta forma procurava-se provocar a novas denúncias a testemunha aterrorizada, ignorante do motivo por que fora chamada ao tribunal. Denunciantes e testemunhas juravam estrito segredo e os seus nomes em caso algum podiam ser revelados. Isto permitia aos inquisidores manipular livremente os processos, pois ninguém além deles conhecia as acusações e os acusadores em que os processos se baseavam. Acrescente-se que existiam verdadeiras organizações de testemunhas falsas, associações de perjuros que faziam chantagem sobre os eventuais acusados. É verdade que os inquisidores moveram alguns processos por falso testemunho; mas eles eram os únicos juízes em tal matéria, procedendo por puro arbítrio. Acrescente-se ainda que as testemunhas podiam dar nomes e moradas supostos, e até mudar de nome no decorrer dos processos, para novas acusações.
António José Saraiva. A inquisição portuguesa.
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A Caça as Bruxas - XIII
Oi, gente! Tudo bem? Espero que sim! Para nos despedirmos do halloween com maestria, trouxe para vocês um pouquinho sobre a Caça as Bruxas. Aproveitem ♡
A Caça as Bruxas surgiu durante o século XIII, quando a Igreja criou o Tribunal do Santo Ofício – também conhecido como Inquisição – com o objetivo de punir e caçar aqueles que desviavam dos padrões cristãos. Jakob Sprenger e Heinrich Kramer, dois inquisitores da época, criaram um livro chamado "O martelo das Feiticeiras", que usava de argumentos religiosos e juridicos para acusar pessoas de bruxaria.
As mulheres eram as principais vitimas, representando cerca de 80% dos denunciados, principalmente aquelas que eram pobres e mais vulneráveis ou apenas diferentes da mulher casta e comum da época. Tudo que ocorria de ruim era culpa das bruxas e conforme o tempo passava, mais mulheres eram caçadas e mortas.
Estudos estimam que cerca de 100.000 pessoas foram executadas pela prática de bruxaria, por meio de queima em fogueiras ou estrangulamento - até mesmo decapitação. Se elas tivessem bens, o governo os confiscava para si, o que o beneficiava em prol da Inquisição.
Estes ocorridos se estenderam pelas Reformas Religiosas do século XVI adentro, porém, a influência cada vez maior do Humanismo e do Iluminismo contribuiria para a diminuição dos julgamentos por bruxaria até que, no século XVIII, eles cessaram. Atualmente, o movimento feminista considera a caça às bruxas como um verdadeiro genocídio do sexo feminino.
Por fim, é importante termos conhecimento sobre estes acontecimentos da história, podendo assim evitar que eles se repitam em detrimento do direito das mulheres.
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Brasão do Tribunal do Santo Ofício da Inquisição de Portugal. Tempos sombrios em nome de Deus... (em Museu Judaico de São Paulo) https://www.instagram.com/p/CaioxfvLlTB/?utm_medium=tumblr
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18
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São José de Cupertino
O santo de hoje nasceu num estábulo, a exemplo de Jesus, em Cupertino, no reino de Nápoles, a 17 de junho de 1603. Filho de pais pobres, tornou-se um pobre que enriqueceu a Igreja com sua santidade de vida.José, quando menino, era a tal ponto limitado na inteligência que pouco aprendia e apresentava dificuldades nos trabalhos manuais, porém, de maneira extraordinária progrediu no campo da oração e da caridade. Sua mãe, uma mulher forte e virtuosa, tentou dar-lhe uma formação básica, mediante a narração da vida dos Santos, como a de São Francisco.Desde os 16 anos, desejava entrar na Ordem dos Frades Franciscanos Conventuais, no convento da "Grottella". Entretanto, acabou sendo despedido de dois conventos franciscanos por não conseguir corresponder aos ofícios e serviços comuns. Ele, porém, não desistia de recomendar sua causa a Santíssima Virgem, pela qual tinha sido anteriormente curado de uma grave e misteriosa enfermidade.Neste intervalo de tempo, o Supremo Tribunal de Nápoles estabeleceu que, ao se tornar maior de idade, José devia trabalhar para pagar as dívidas de seu pai, já falecido. Diante da sentença, o jovem voltou a pedir para entrar no convento de "Grottella".O poder da oração levou São José de Cupertino para o convento franciscano e ao sacerdócio, precisando para isso que a Graça suprisse as falhas da natureza. Desde então, manifestavam-se nele fenômenos místicos acompanhados de curas milagrosas, que o tornou conhecido e procurado em toda a região.Dentre os acontecimentos espirituais, o que muito se destacou foi o êxtase, que consiste naquele estado de elevação da alma ao plano sobrenatural, onde a pessoa fica momentaneamente desapegada dos sentidos e entregue totalmente numa contemplação daquilo que é divino.São José era tão sensível a essa realidade espiritual, que isto acontecia durante a Santa Missa, quando rezava com os Salmos e em outros momentos escolhidos por Deus; somente num dos conventos onde viveu 17 anos, seus irmãos presenciaram cerca de 70 êxtases do santo. A fama das curas milagrosas se alastrava como uma epidemia, exaltando a imaginação popular, e obrigando o Frei José a ser transferido de convento para convento. Mas os fenômenos se repetiam e o povo lhe tirava todo o sossego.Assim como na vida da maioria dos santos, não faltaram línguas caluniosas que, interpretando mal essa popularidade, atribuiu-lhe poderes demoníacos aos seus milagres e êxtases, a ponto de denunciarem o santo Frei ao Tribunal da Inquisição de Nápoles. O processo terminou reconhecendo a inocência do religioso, impondo-lhe, porém, a reclusão obrigatória e a transferência para conventos afastados.Depois de sofrer muito e de diversas maneiras, predisse o lugar e o tempo de sua morte, que aconteceu em 18 de setembro de 1663, contando com sessenta anos de humilde testemunho e docilidade aos Carismas do Espírito Santo. Foi beatificado por Bento XIV, em 1753, e canonizado por Clemente XIII em 1767.Devido à sua determinação, mesmo em meio às dificuldades nos estudos, São José de Cupertino é padroeiro dos estudantes em dificuldade.São José de Cupertino, rogai por nós!Oração a São José de Cupertino:São José de Cupertino, amigo dos estudantes e protetor dos examinandos, venho implorar a sua ajuda. Você sabe, por experiência pessoal, quanta ansiedade acompanha a tarefa do estudante e quão fácil o perigo do desvio intelectual e do desânimo. Você que foi, prodigiosamente, assistido por Deus nos estudos e nos exames, para ser admitido às Ordens sagradas, peça ao Senhor luz para a minha mente e força para a minha vontade. Você que experimentou, tão concretamente, a ajuda materna de Nossa Senhora, Mãe da esperança, peça a ela por mim, para que eu possa superar, facilmente, todas as dificuldades nos estudos e nos exames. Amém.Fonte: vaticannews.va
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200 anos do fim da Inquisição em Portugal
O primeiro parlamento português pôs fim à Inquisição, apontada como “flagelo da humanidade” e um “instituto bárbaro”, em 1821.
“Duzentos anos depois, e no âmbito das comemorações do bicentenário do constitucionalismo português, evoco esse momento, recordando as palavras do padre António Vieira, também ele acusado pelo Tribunal do Santo Ofício: “O efeito da memória é levar-nos aos ausentes, para que estejamos com eles, e trazê-los a eles a nós, para que estejam connosco”, acrescentou.
Na mensagem, a segunda figura do Estado prestou ainda homenagem, em seu nome e da Assembleia da República, à memória das vítimas da Inquisição “na sua longa história de terror e tortura”.
Na sessão de 31 de Março de 1821, as Cortes Constituintes decretavam a extinção do Tribunal do Santo Ofício, instituição criada em Portugal em 1536, com o objetivo de julgar e punir os crimes contra a religião católica.
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A FEITICEIRA DO RECIFE Texto: Roberta Cirne CONTATO PARA PALESTRAS: [email protected] ou por DIRECT Antônia Maria “era baixinha, branca e com olhos pretos e formosos”... Tinha um filho pequeno, Estêvão, e a idade de 30 anos em 1712 quando foi julgada por bruxaria em Beja, Portugal, pela Santa Inquisição de Lisboa. Condenada em várias instâncias e acusada por crimes de bruxaria que envolviam desde simples feitiços de amor até mesmo despertar os mortos. Deportada junto com outras mulheres para Angola e aportando em Recife para reabastecimento do navio, ela e as amigas acharam interessante aqui ficar e professarem suas artes divinatórias. A princípio se estabeleceram no bairro de Santo Antônio, em vários casebres, e também pelas Ruas laranjeiras e Trincheiras (onde atualmente fica a Avenida Dantas Barreto). Antônia morava junto com uma companheira, a Joana de Andrade Pereira, que depois casou-se com um Recifense . A verdade é que ela produzia beberagens e chás, alguns filtros de amor, fazendo orações estranhas: “Almas, almas, as do mar, as da terra, três enforcadas, três arrastadas, três mortas a ferros por amor, todas nove vos ajuntarei e no coração de fulana entrareis, e tal abalo lhe dareis por amor de fulano, e que ela não possa parar, nem sossegar, sem que o sim do casamento lhe queiram dar” Joana deixara a feitiçaria ao casar e isso irritou Antônia que fez um “feitiço de morte” contra a antiga amiga, resultando em doença e falecimento de Joana no hospital da Santa Casa. Seus feitiços certeiros abjurando demônios e criaturas das profundezas lhes valeram a alcunha de “Senhora dos Mortos”. Denunciada por vários desafetos, foi novamente caçada pelo Tribunal do Santo Ofício. Escondeu-se em Alagoas, mas foi capturada em uma casa vazia, no bairro do Recife. Levada a ferros de volta à Portugal em 1724, foi torturada e teve sua sentença dada por D. João V: Prisão perpétua em Miranda. Lá, faleceu pouco tempo depois. Mas deixou a sua marca sobrenatural no Recife, apesar de tudo. Em 1766 finalmente construíram uma prisão clerical em Olinda para isolar religiosos e suspeitos de bruxaria de outros presos comuns. Hoje, a prisão abriga o Museu de Arte Contemporânea (em Museu de Arte Contemporânea MAC) https://www.instagram.com/sombrasdorecife/p/CYhRQcbvTuV/?utm_medium=tumblr
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#Repost @feedobem_oficial • • • • • • No dia 17 de fevereiro de 2021 completaram-se 421 anos da morte de “Giordano Bruno”, o Filósofo, Matemático, Artista, Escritor, Cientista e Frade Dominicano Italiano do Renascimento, que nasceu em Nola, próximo a Nápoles, em 1548. Filippo Bruno, conhecido mais tarde por “Giordano”, defendia a existência de uma Sabedoria inesgotável, de um Universo Infinito e de múltiplos mundos possivelmente habitados. Ao declarar isso “Giordano Bruno” ia contra os dogmas da Igreja Católica que era absoluta na Europa. Acusado de heresia e em busca de difundir suas Ideias, “Giordano Bruno” vagou pelo mundo. Viajou pela Suíça, França, Inglaterra e tantos outros países onde aprofundou ainda mais seus estudos, seus escritos e fez também algumas conferências propagando suas Ideias. A capacidade de buscar a Sabedoria e de Intuitivamente ver a Verdade fez com que “Giordano Bruno” compreendesse profundamente as Leis do Universo em que vivemos. Poucos e importantes são os Seres Humanos que deixaram suas marcas na história por esta “Capacidade Consciente de Intuir a Vida”. Depois de 14 anos percorrendo a Europa, o Filósofo foi capturado pelo Tribunal do Santo Ofício, a Inquisição. Após anos de tortura, no fim foi sentenciado a morrer na fogueira mas mesmo assim não abriu mão dos seus Valores e de toda Sabedoria que havia pronunciado. Diz-se que respondeu a seus juízes: “Tremeis mais vós ao pronunciar a minha sentença que eu ao escutá-la.” E por tantas outras situações, “Giordano Bruno” é a confirmação de que o Ser Humano é capaz de enfrentar qualquer adversidade e de ser Livre quando escolhe ser Leal àquilo que tem de mais elevado dentro de si: as Virtudes, os Valores e as Ideias que transcendem o tempo. Leia mais sobre “Giordano Bruno, a Vida como Ato Heróico em Prol da Verdade” no Portal Feedobem, clicando no link na bio. #liberdade #valores #giordanobruno #virtudes #leidavida #sabedoria #filosofia #consciencia #renascimento #reflexao #feedobem https://www.instagram.com/p/CL7wjk1hyJ2/?igshid=16d3leieqnxrh
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Aconteceu em 26 de janeiro de 1592 em Salvador aquele que é, por muitos, considerado o mais pungente caso de homofobia da história do Brasil: condenada pela Inquisição por ter se relacionado com seis mulheres, a portuguesa Felipa de Sousa foi açoitada publicamente, teve seus bens confiscados, foi obrigada a comparecer a auto de fé descalça e com vela acesa na mão, incumbiu-se de penitências espirituais e ainda precisou pagar as custas processuais.
Por fim, acabou sentenciada com o "degredo para sempre para fora da capitania da Baía de Todos os Santos", conforme documento de 24 folhas manuscritas frente e verso — guardado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal —, em cuja capa se lê "Nº 1267: Processo de Felipa de Sousa cristã velha presa no cárcere do Sancto Officio".
Primeiro padre visitador do Tribunal do Santo Ofício no Brasil, o português Heitor Furtado de Mendonça atuou no Nordeste brasileiro por quatro anos, de 1591 a 1595, conta o pesquisador Paulo Rezzutti. De acordo com os registros, Mendonça recebeu denúncias de 29 mulheres pelo mesmo "crime": os relacionamentos lésbicos. Sete acabaram julgadas pela Inquisição e punidas. Nenhuma de forma tão contundente quando Felipa de Sousa.
"O caso da Felipa de Sousa é icônico porque ele é o primeiro registro de relacionamentos lésbicos ocorridos no Brasil, já que acabou documentado por meio do Tribunal do Santo Ofício. É simbólico", diz Rezzutti à BBC News Brasil.
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