#Rua da Aurora
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Pescando no Rio Capibaribe, a Esquerda a Ponte Duarte Coelho na outra Margem a Rua da Aurora - Centro do Recife Em 1947.
Photo Pierre Fatumbi Verger.
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Yes Sir! — Capítulo 31
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá o ponto de vista de Aurora e Harry.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Harry
Enquanto eu cruzava o corredor, os passos ecoavam como um lembrete incômodo da despedida recente, de cada palavra e de cada toque que ainda ardia em minha pele. A lembrança de Aurora parecia pulsar em mim, misturada ao peso de saber que eu não deveria ter estado ali. Eu havia prometido que não a procuraria, que respeitaria as linhas tênues que nos mantinham afastados. Mas eu percebi o quanto era difícil cumprir uma promessa que eu nunca queria ter feito.
Enquanto caminhava para casa, eu sabia que não deveria continuar aparecendo na vida dela, eu não tinha o direito, não enquanto Violeta esperava por mim do outro lado da rua, aguardando que eu voltasse e fosse o homem que ela precisava.
Mas o que era justo para ela ou para Aurora, quando eu mesmo não sabia o que era justo para mim?
Atravessei a rua quase como em um transe, tentando forçar minha mente a se aquietar, a deixar para trás o perfume de Aurora que ainda parecia preso na minha pele. Cada pensamento sobre ela se misturava com a culpa, com o medo de não ser capaz de separar os pedaços do meu coração que pertenciam a ela e os que pertenciam a Violeta.
Eu abri a porta de casa em silêncio, como se pisar ali fosse uma espécie de traição. Quando entrei no quarto, vi Violeta adormecida, com a respiração suave, por um instante, a visão dela me aqueceu por dentro, me lembrando de tudo que construímos juntos e do quanto eu a amo.
Porque, apesar de tudo, eu a ainda a amo.
Eu sei que a amo.
Deitei ao lado dela, mantendo certa distância para não acordá-la, mas o calor do corpo dela chegou até mim. Fechei os olhos e tentei me focar nela, no que significava estar ao lado de Violeta, mas era como se meus olhos só enxergassem o rosto de Aurora, a última imagem dela estava gravada na minha mente de forma tão vívida que eu quase podia vê-la ali, a dor que eu vi em seus olhos ainda me queimava por dentro. Ela estava ferida, eu sabia que eu era o responsável por cada uma daquelas feridas.Mas havia também uma felicidade amarga em mim, por mais que eu soubesse que estava errado, ainda sorria, revivendo o toque dela, a forma como ela se desmanchou em meus braços, era algo que eu não poderia apagar.
E talvez, lá no fundo, eu não quisesse.
Eu sei que não podia continuar assim, mas não sabia como sair disso, não sabia como me livrar de estar entre duas vidas, entre o que eu queria e o que era o certo.
Eu sabia que, quando a manhã chegasse, eu teria que sufocar todos esses sentimentos novamente, mas por enquanto, na escuridão daquele quarto, com Violeta ao meu lado e a lembrança de Aurora cravada em minha mente, eu deixei que a felicidade proibida me tomasse, ao menos por alguns segundos.
Aurora
Acordei com o som suave do celular vibrando ao meu lado. Ainda estava meio grogue, com a cabeça pesada pela falta de sono, mas algo dentro de mim não resistiu a pegar o telefone para ver a notificação. Uma mensagem. Pisquei algumas vezes para focar, esfregando os olhos, e então vi que era uma mensagem de um dos meus amigos, agradecendo pela festa de aniversário. Sorri, sentindo o calor de uma lembrança boa pela primeira vez em muito tempo. Suspirei e deixei o celular de lado, olhando para o teto, um sorriso melancólico e involuntário surgiu nos meus lábios, fiquei ali deitada, enquanto deixava a mente se perder na lembrança da noite passada, o abraço de Harry ainda parecia tão real, quase como se eu pudesse sentir o calor do corpo dele contra o meu, o calor da respiração dele acariciando minha pele antes de me afastar.
Meus olhos se abriram, o sorriso no meu rosto era uma mistura de dor e conforto, senti um calor suave se espalhar pelo meu peito, a verdade era que, apesar de toda mágoa, apesar de tudo o que aconteceu, eu sentia falta de nós. Sentia falta da época em que era apenas eu e ele, quando as coisas eram simples, quando eu não sabia a verdade.
Levantei devagar, ainda meio sonolenta, olhei ao redor. O apartamento estava uma completa bagunça, pratos empilhados na pia, copos abandonados nos cantos, balões esvaziados pendurados pelas paredes. Papéis de presente rasgados cobriam a mesa de centro, misturados a garrafas vazias e restos de salgadinhos. Mas, por alguma razão, aquela desordem não me incomodava, havia algo de bom na bagunça. Na geladeira, repousava o bolo de aniversário que tinha sobrado, um pedaço grande com camadas de glacê branco e confeitos coloridos que me atraíam como um abraço doce. Peguei o prato, o garfo já preparado na mão, me sentei no chão, encostada no balcão da cozinha. Dei a primeira garfada e a explosão de doçura preencheu minha boca. Era um alívio simples, quase infantil, mas o suficiente para me fazer esquecer por um momento todas as preocupações, enquanto mastigava, meus olhos pousaram involuntariamente no corredor que levava ao quarto, eu soube que não podia evitar por mais tempo a pequena caixa que Harry me entregou na noite passada.
Suspirei, terminando o último pedaço de bolo empurrando o prato para o lado, minha curiosidade queimava. Levantei-me com um suspiro pesado, caminhei até o quarto, hesitei por um momento parada na porta do quarto, meu olhar fixo na pequena caixa que repousava sobre a penteadeira, como se estivesse esperando pacientemente por mim desde a noite passada.
Eu não queria tocar nela.
Não queria deixar que aquilo tivesse o poder que já sabia que tinha sobre mim, fechei os olhos, sentindo a lembrança do abraço de Harry - o calor do seu corpo contra o meu, o cheiro dele, a sensação da sua mão segurando a minha como se não quisesse me soltar. Quando finalmente dei o primeiro passo, meu coração estava acelerado, os lábios secos, parei em frente à caixa, respirei fundo, sentindo as mãos tremerem quando finalmente estendi os dedos até o veludo frio, toquei a superfície da caixa, meus olhos cravados nela , tentando reunir coragem, tentando afastar as dúvidas, mas a imagem de Harry me entregando o presente, da última troca de olhares que tivemos, se recusava a sair da minha mente.
Eu queria me preparar para o que encontraria, mas como poderia?
Minhas mãos estavam trêmulas enquanto abria a tampa da caixa devagar, quase com medo, quando o relicário finalmente se revelou, senti um aperto no peito, como se o ar tivesse sido arrancado dos meus pulmões. Era simples e delicado, um pingente de prata que brilhava por um instante, fiquei ali, apenas olhando para ele, estendi a mão e o segurei com delicadeza. O metal estava frio contra a ponta dos meus dedos, uma onda de emoções me atingiu com força, misturando saudade, dor e uma estranha sensação de conforto. Sem pensar, passei o polegar sobre a superfície lisa do relicário, sentindo o peso dele aumentar no meu peito.
Com dedos ainda trêmulos, forcei a pequena trava até que o relicário se abriu com um leve estalo.
O que vi fez meu coração parar por um instante.
Quando ele tirou aquela foto?
Meu cabelo ruivo estava espalhado sobre o peito dele, desordenado como sempre ao acordar, quase não consigo ver meu rosto coberto pelos fios, apenas uma parte do rosto dele aparece, a linha do pescoço e um vislumbre do peito nu contra o qual eu descansava.
Eu não fazia ideia de que aquela foto existia.
Por que ele a guardou?
Por um instante, era como se uma parte da dor tivesse se dissolvido, como se o peso de tudo o que aconteceu não fosse mais tão insuportável.
Toquei meu pescoço e tirei o colar que Gabriel tinha me dado que agora parecia pálido em comparação. Coloquei o relicário de Harry sentindo o metal frio contra a pele, e uma onda de lembranças me atingiu.
Fechei os olhos e deixei que tudo viesse: a raiva, a mágoa, o amor, algo em mim tinha mudado, algo que eu não podia mais negar.
Pela primeira vez, eu sabia que precisava contar a ele sobre o bebê. Não era mais uma escolha.
Era uma necessidade.
Peguei o celular e, antes que pudesse hesitar novamente, digitei a mensagem:
Eu: Harry, preciso falar com você. É importante.
Apertei "enviar" e soltei o ar, como se finalmente pudesse respirar novamente.
Harry
Acordei sorrindo, eu ainda podia sentir a euforia do dia anterior. Olhei para o lado e encontrei a cama vazia. Violeta já não estava ali, Soltei um suspiro profundo e me levantei fui até o banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água quente escorrer sobre meus ombros.
Aurora não saia da minha mente.
Fiquei ali por alguns minutos, quando finalmente saí do banho, enrolei uma toalha em volta da cintura e fui até a pia, passando a mão pelo espelho embaçado.
Foi quando meu celular vibrou no balcão.
O nome dela apareceu na tela:
Aurora.
Meu coração apertou, um sorriso que surgiu nos meus lábios, ela finalmente tinha me desbloqueado.
Docinho: Harry, preciso falar com você. É importante.
Li a mensagem uma, duas, três vezes, sem conseguir decidir o que responder.
Importante?
O que poderia ser? Eu queria perguntar o que estava acontecendo, mas Violeta entrou no banheiro sem aviso, me arrancando dos pensamentos, ela sorriu ao me ver, seu olhar me avaliando da cabeça aos pés.
- Bom dia, marido.
- Bom dia, esposa. - Fechei a notificação antes que ela pudesse ver e forcei um sorriso.
- Uau! - Se aproximou, seus dedos deslizando sobre meu peito ainda molhado. - Eu tenho tanta sorte! Acho que essa bebê vai ter que nascer logo, ou vou enlouquecer de só olhar para você assim sem poder fazer nada.
- Eu sei, mas temos que ter cuidado com sua gravidez, a segurança dessa bebezinha aqui é mais importante. - Passei a mão levemente pela sua barriga.
Ela deu um passo à frente e me beijou, eu retribui.
- Mas pensando bem talvez eu possa fazer algo. - Suspirou antes de seus lábios voltarem a encontrar os meus, enquanto sua mão jogava minha toalha no chão.
Eu sabia exatamente onde isso iria dar.
Alguns minutos depois e um pouco mais relaxado, desci as escadas ao lado dela, tentando recobrar a compostura enquanto o aroma familiar do café da manhã enchia a casa. Rosa, nossa ajudante estava terminando de colocar a mesa, as meninas já estavam sentadas nós esperando.
- Bom dia, Rosa. - Passei por ela indo até Aurora. - Bom dia minha princesa. - Deixei um pequeno beijo em sua tempora. - Bom dia teimosinha. - Baguncei o cabelo de Isadora antes de dar um pequeno beijo em sua cabeça.
Os cafés da manhã em família se tornaram quase raros nos últimos tempos, então eu tentava aproveitar o máximo dessa calmaria, minha pequena Aurora quis se aconchegar no meu colo, nós brincavamos com as panquecas, era tão bom poder ouvir aquela risada fofa.
Eu tentava me concentrar nisso, mas a mensagem de Aurora continuava a ecoar na minha mente.
Era importante.
Importante como?
A cada segundo minha ansiedade parecia me consumir, mas sabia que não podia puxar o celular ali.
- Harry?! - Violeta me chamou trazendo de volta meus pensamentos.
Ela estava com uma pilha de correspondências na mão que Rosa havia deixado em cima da mesa mais cedo.
- O que foi meu amor? - Olhei confuso, Violeta parecia tensa.
- Harry, precisamos conversar. - murmurou, baixo o suficiente para que Isadora não ouvisse.
Ela estendeu o envelope, parecia ter dificuldade em me encarar, o nome no remetente saltou aos meus olhos como uma maldição.
Bryan!
Um nó se formou no meu estômago, meu corpo inteiro ficou tenso, senti o sangue fervendo nas veias.
- Rosa. - Chamei, tentando manter a calma. - Por favor, leve as meninas para cima, ajude-as a se prepararem, vamos sair daqui a pouco.
Rosa, que já tinha percebido a mudança de humor no ar, apenas assentiu, tirando Aurora do meu colo e chamando Isadora. Assim que as ouvi fecharem a porta do quarto, voltei-me para Violeta, que ainda segurava o maldito envelope como se ele estivesse queimando suas mãos.
- Harry...Eu...
- Abra! Eu não vou conseguir ler. - Comecei a andar de um lado para o outro. - O que ele quer?
Violeta respirou fundo, como se estivesse tentando reunir coragem para responder.
- Ele... ele... ele quer um teste de DNA.
As palavras dela ecoaram na minha mente, cada sílaba atiçando uma fúria que há tempos eu não sentia.
- Ele quer um teste de DNA? - Cuspi as palavras, minha voz tremendo de raiva. - Ele só pode estar brincando! - Puxei o envelope das mãos dela, lendo aquela maldita intimação. - Esse... esse desgraçado realmente acha que vou permitir que ele se aproxime da minha filha?
Eu sabia que era só questão de tempo até ele aparecer de novo, até ele vir me provocar, mas um teste de paternidade?
Aquele filho da puta estava indo longe demais.
-Harry, calma... - Ela tentou, dando um passo na minha direção.
- Não! Não vou me acalmar, Violeta! - explodi, a voz saindo mais alta do que pretendia. - Você me prometeu, Violeta! Me prometeu que ele nunca mais se meteria nas nossas vidas, que aquele desgraçado ficaria bem longe da nossa filha, essa era minha única condição para voltar para casa! Eu não quero... não quero ter que lidar com isso de novo.
- Eu deixei claro para ele, Harry, você sabe, disse a ele que ele nunca mais chegasse perde de nós... de Aurora.
- Se deixou tão claro naquela época, então por que ele está aqui? Por que ele está fazendo isso? - Meu corpo estava tenso, cada músculo gritando.
- Não sei por que ele está fazendo isso agora.
- Você não sabe?- Eu dei uma risada amarga. - Ele quer me ver sofrer, Violeta. É isso. Ele quer ver a minha dor, quer destruir o que eu tenho! Três anos, Violeta. Três malditos anos que eu passei lutando para reconstruir isso, para manter nossa família longe desse inútil que um dia eu chamei de melhor amigo. - Eu estava afogado pela raiva.
- Harry, escuta...
- Escutar o quê? Que você deixou isso acontecer? Que mesmo sabendo o quanto isso me destruira, o quanto isso iria me torturar, você ainda deixou espaço para ele voltar?
Eu podia ver a dor em seus olhos, mas talvez eu gostasse que ela se sentisse assim.
- Então vamos acabar com isso logo. Damos a ele o que ele quer, provamos que ele não é o pai e ele vai embora.
- Você só pode estar de sacanagem né? Você quer que eu aceite isso? Quer que deixe ele fazer esse teste e enfrentar a possibilidade de... de perder ela?
- Você nunca vai perder ela, Harry. Ela é sua.
- Você não entende, se ele for o pai, se ela for dele... Eu não vou suportar, Violeta, não vou aguentar ver ele fazendo parte da vida dela.
- Harry, Bryan não é o pai, eu sei disso.
- Não diz isso como se tivesse certeza.- Eu a encarei, sentindo a raiva crescer ainda mais. - Se você tivesse certeza, ele não estaria aqui, exigindo um teste.
Ela respirou fundo, visivelmente abalada, mas no fundo ela sabia que era a única culpada disso tudo.
- Aurora é sua, Harry, você é o pai dela, de sangue ou não, ela é sua filha.
-E se não for? Se ela não for minha? Como você espera que eu viva com isso? Como espera que eu aceite ver aquele desgraçado ao lado dela, me lembrando todos os dias da sua traição, de tudo que me fez voltar para o inferno que foi esse passado.
As lágrimas de Violeta finalmente caíram, mas eu não estava com compaixão naquele momento. Tudo o que eu pensava era em Bryan, já não tinha sido suficiente ele ter roubado minha paz? Minha Mulher? Agora ele queria roubar minha filha também?
- Ele não vai tirar ela de você, Harry. - ela murmurou, a voz cheia de súplica. - Aurora sempre será sua! Só sua, então vamos acabar com isso.
Eu queria acreditar, queria desesperadamente acreditar que isso era verdade.
- Eu nunca vou permitir isso! Aurora é minha filha, eu criei ela, fui eu quem esteve ao lado dela, dia após dia. E agora... agora esse desgraçado aparece, querendo arrancá-la dos meus braços? Não mesmo!!Eu sou advogado, conheço juízes, promotores, advogados de defesa que com certeza não vão hesitar de fazer um favor! Eu vou fazer tudo, tudo que tiver ao meu alcance, para garantir que Bryan nunca chegue perto da minha filha.
Aurora
Harry levou um pouco mais de um dia para responder minha mensagem. Não vou mentir: parecia que tinham se passado semanas, talvez até meses, com minha ansiedade à flor da pele, esperando uma simples resposta. Ele disse que só poderia me encontrar no fim de semana, já que estava muito ocupado durante a semana. Desde então, tenho contado os dias e nunca odiei tanto o fato de ainda ser quarta-feira.
Ainda assim, suas mensagens têm sido um alívio para o meu nervosismo.
Nós temos trocado mensagens todos os dias desde então.
Nada de mensagens românticas.
Apenas perguntas simples: Como você está? Está muito cansado? Como foi seu dia? Estudou muito?
Mas, toda vez que meu celular vibrava, eu sintia meu coração saltar junto. Sei que era só mensagens bobas, sei que provavelmente não significam nada.
Ou talvez, signifiquem tudo.
Assim que a última aula terminou, arrumei meus materiais rapidamente e saí da sala, aliviada por não ter Gabriel comigo naquela aula. Não queria ter que responder a perguntas. Desci as escadas do prédio da faculdade, cruzando corredores abarrotados de estudantes, até chegar ao estacionamento. Entrei no meu Porsche, que estava parado bem em frente ao campus, soltei um longo suspiro. Hoje eu precisava ir ao hospital; tinha uma consulta de pré-natal.
As luzes brancas do hospital continuavam intensas, mas, dessa vez, não me incomodavam tanto, sentei na cadeira da sala de consulta, ajeitando-me com mais calma do que nas visitas anteriores, respirei fundo, sentindo um leve alívio.
Pelo menos essa consulta seria rápida.
O médico entrou, exibindo o olhar gentil que eu já conhecia bem. Fez as perguntas de rotina, e eu respondi com mais leveza do que de costume.
Eu não estava tão ansiosa hoje.
- E então, Aurora... ainda não quer saber o sexo do bebê? - perguntou ele, esboçando aquele sorriso paciente, como se já esperasse minha resposta habitual.
Mas, dessa vez, algo em mim hesitou. Eu costumava responder com um "não" automático, mas agora... agora parecia diferente.
Desde que comecei a considerar contar a verdade para Harry, descobrir o sexo do bebê passou a fazer mais sentido.
Eu queria dividir esse momento com ele.
- Na verdade... sim, quero saber. - Sorri, mas acrescentei rapidamente - Só que não agora. Você pode colocar o resultado num envelope? Quero descobrir junto com o pai.
O médico arqueou as sobrancelhas, surpreso com minha mudança.
- Claro, Aurora, vou fazer isso para você.
Assenti, sentindo uma onda de calma. Por um instante, um fio de esperança se enroscou no meu peito, e eu permiti que ele ficasse.
- E sobre a doação? Continua firme na decisão?
Respirei fundo, mas dessa vez sem o desespero que me dominava nas consultas anteriores.
A ideia de dar o bebê para uma família que pudesse cuidar dele ainda fazia sentido, mas... a certeza não era mais tão firme.
- Estou... considerando as opções. Achei que já estivesse decidida, mas... o medo ainda está aqui. Ao mesmo tempo, começo a pensar que talvez consiga. Talvez eu consiga ficar com esse bebê.
O médico assentiu, me observando com compreensão.
- Se precisar conversar, temos grupos de apoio com outras mães na mesma situação. Às vezes, ajuda falar com quem entende. - Ele me entregou um panfleto, sorrindo. - Aqui estão todas as informações.
- Obrigada. - Peguei o papel, sentindo-me um pouco mais segura.
Com o envelope do resultado em mãos, caminhei calmamente em direção à saída, aliviada por ter terminado.
Mas, ao virar no corredor, dei de cara com a última pessoa que queria encontrar.
Gabriel.
Ele estava ali, a poucos metros, conversando despreocupado.
Meu coração gelou.
Por que ele estava aqui?
Nossos olhares se cruzaram, e ele me sorriu enquanto se aproximava.
- Aurora? O que você está fazendo aqui?
Engoli em seco, tentando parecer casual.
- Gabriel, eu poderia te perguntar o mesmo - murmurei, esboçando um sorriso tenso. - Não deveria estar no trabalho?
- Deveria, mas passei aqui para ver meu tio. - Ele indicou o corredor com a cabeça.
- Oh! Meu Deus, ele está bem?
- Sim, ele é médico e trabalha aqui. - Gabriel riu. - E você, o que está fazendo aqui?
- Ah... só uma consulta de rotina, sabe? Coisas de mulher... nada importante. - Minha mentira era péssima.
Ele me lançou um olhar curioso, mas antes que pudesse perguntar mais, um homem se aproximou. Alto, charmoso, muito bonito e com um sorriso encantador.
- Então, você é a famosa Aurora? - O homem estendeu a mão. - Sou Bryan, tio do Gabriel, prazer em conhecê-la.
- Prazer... - Apertei a mão dele, nervosa. - Então ele fala de mim?
- O tempo todo. - Vi Gabriel corar, e foi adorável. - Você tem sorte, Gabriel, sua namorada é linda. - Bryan piscou para o sobrinho.
Namorada?
Senti meu rosto corar, e troquei um olhar com Gabriel, que parecia tão desconcertado quanto eu.
- Ah, na verdade... nós não somos... - Gabriel tentou explicar, rindo sem jeito. - Ela não é minha namorada, tio.
- Oh! Me desculpe! - Bryan riu. - Entendi errado, foi mal.
- Eu... preciso ir - cortei, sentindo o peso daquela conversa. - Tenho coisas a resolver, mas foi um prazer te conhecer, Bryan. - Apertei a mão dele de novo. - Falo com você mais tarde, Gabriel.
Ele assentiu, confuso, mas sorriu.
- Claro. A gente se fala depois.
Saí apressada, com o coração disparado. Deixei o hospital com a cabeça girando.
Talvez também estivesse na hora de contar a verdade a Gabriel, sobre o bebê.
Harry
Estava no escritório de casa, tentando revisar o material para a aula de segunda-feira, mas a concentração estava me escapando como areia entre os dedos, meus pensamentos eram tomados por somente uma pessoa.
Aurora.
O que ela queria?
O que era tão importante ?
Eu a veria hoje a noite, a ansiedade estava gritando.
Não podia negar que voltar a falar com Aurora mechia comigo, cada notificação que surgia no celular fazia meu coração saltar esperando que fosse outra mensagem dela.
De repente, o silêncio foi rompido olhei para cima e vi Violeta na porta do escritório, com aquele brilho suave nos olhos, ela sorriu e atravessou a soleira com passos cuidadosos.
- H, você precisa de um tempo, está se enterrando nesse trabalho - Inclinou- se sobre a mesa para pegar meus papéis e afastá-los de mim, com um toque brincalhão que não consegui ignorar. - Sabe, já está mais do que na hora de começarmos a montar o quarto da bebê, o que acha de fazer isso hoje?
Fechei os olhos por um instante, tentando ignorar a culpa que surgiu ao me lembrar do encontro marcado que tinha essa noite, Violeta parecia tão feliz, tão envolvida com a ideia de planejar o futuro juntos, sorri para ela, forçando-me a afastar Aurora da minha mente, ao menos por enquanto.
- Você está certa, Vi, não podemos mais adiar isso - concordei, levantando-me com um esforço visível para parecer mais animado do que realmente estava.
- Ótimo! - respondeu ela, satisfeita, enquanto ajeitava os papéis de qualquer jeito na mesa. - Eu estava pesquisando algumas lojas, mas uma amiga me recomendou uma, ela disse que o atendimento é excelente, os móveis são de alta qualidade, então, pensei por que não?
Havia algo no tom dela que tornava difícil dizer não e a ideia de passar algum tempo ao seu lado, focado na bebê, parecia a distração perfeita para afastar os pensamentos sobre Aurora.
Saímos juntos, com as meninas animadas e as deixamos na sorveteria ao lado da loja, sob os cuidados da babá. Assim, poderíamos nos concentrar apenas no quarto da bebê.
A loja tinha um ar acolhedor, o cheiro de madeira nova preenchendo o ambiente com uma sensação quase nostálgica. Luminárias suaves pendiam do teto, lançando uma luz dourada sobre os móveis expostos. Violeta parecia encantada, olhando ao redor com olhos brilhantes, havíamos dado alguns passos quando um atendente se aproximou de nós com um sorriso exagerado.
A plaqueta no peito dizia "Gabriel".
Meu estômago se contraiu, ele era o idiota que estava saindo com a Aurora.
- Olá, posso ajudar a encontrar o que precisam? - perguntou ele, num tom educado.
Tentei disfarçar a irritação, mas Violeta já estava respondendo antes que eu pudesse intervir e sair dali.
- Sim! - disse ela, animada, pegando minha mão. - Estamos montando o quarto da nossa filha. Procuramos um berço, guarda-roupa, cômoda... algo especial e delicado.
A maneira como Gabriel sorriu, me irritou, eu já queria que aquilo tudo acabasse.
- Ah, claro, sigam-me - respondeu ele, apontando para a seção de móveis infantis. - Acho que conheço você de algum lugar... você é professor, certo? - Ele estreitou os olhos, como se tentasse se lembrar. - Já te vi pela faculdade.
- Sim, sou professor - respondi, seco, sem dar espaço para ele continuar com aquela familiaridade irritante.
Gabriel começou a exibir os móveis com uma confiança que parecia forçada, como se estivesse decidido a impressionar.
- Este aqui é um dos nossos melhores berços - explicou, batendo de leve na madeira. - Madeira de alta qualidade, muito resistente. Perfeito para quem procura algo seguro e confortável.
- Hum... - Murmurei, sem esconder meu desinteresse. Coloquei a mão nas costas de Violeta, puxando-a para mais perto. - O que você acha, Vi? Gosta desse?
- Gosto, sim, H. Acho que é perfeito. - Acariciou a superfície do berço com um sorriso, claramente satisfeita.
- Que ótimo! E se vocês quiserem algo que combine, temos este guarda-roupa. É um dos nossos modelos mais vendidos, tem um acabamento lindo.
Ele nos guiou até lá, falando como se entendesse de cada detalhe, só me irritava mais. Violeta parecia feliz, tocando cada peça e imaginando o quarto completo. Gabriel, por outro lado, não perdia a chance de se dirigir a mim com aquele sorrisinho irritante.
- Vai ficar perfeito, não acha, H? - perguntou ela, a voz suave e confiante.
- Sim, vai ficar perfeito. - Segurei sua mão.
- Obrigada por vir comigo, H, é tão bom ver você assim, tão envolvido.
- Eu faço tudo por ela. - Acariciei levemente sua barriga.
- Então podemos levar?
- Claro.
- Ótimo, vou levá-los para finalizarmos a compra.
Gabriel nos guiou até o caixa, senti uma estranha satisfação ao observar Violeta tão empolgada, assim que chegamos ao balcão de pagamento, outro funcionário assumiu a papelada, organizando a entrega.
- Muito obrigada, Senhor e Senhora...
- Styles - Violeta respondeu, sua voz firme, quase orgulhosa.
- É realmente um ótimo conjunto para o quarto da sua filha, vocês vão adorar.
Gabriel desapareceu para atrás da loja, enquanto o outro funcionário finalizava nossa compra.
Enquanto esperávamos o atendente concluir os registros para entrega, Violeta se apoiou levemente em mim. Ela sorriu, um sorriso radiante, e seus olhos estavam cheios de felicidade.
- Meu amor, eu te amo. - ela sussurrou, apertando minha mão com carinho.
Devolvi o sorriso, curvando-me para beijar sua testa.
Então, uma voz feminina ecoou pelo ambiente chamando minha atenção.
- Oi, Karen, o Gabriel está aí?
Meu coração parou.
Eu conhecia aquela voz.
Levantei os olhos, lá estava ela.
Aurora.
Ela ainda não tinha nos notado, sua expressão despreocupada enquanto procurava por Gabriel. Mas, no momento em que seus olhos me encontraram, toda a cor fugiu do seu rosto. E então, seu olhar desceu e encontrou Violeta, que acariciava distraidamente a curva enorme de sua barriga de sete meses, alheia ao que estava acontecendo.
O rosto de Aurora desmoronou, o choque era devastador, ela congelou, os lábios se abriram ligeiramente, mas nenhuma palavra saiu.
Eu via apenas dor.
Dor crua, inegável.
Uma dor que eu sentia arder no meu peito como se fosse minha.
Nossos olhares se prenderam, e ali, no meio de uma loja iluminada e movimentada, meu maior pesadelo ganhou vida.
Não conseguia respirar.
- Bom, se quiserem, podemos agendar a entrega para daqui a três dias, senhor? - A voz do funcionário soou como um eco distante, quase irreal.
- Sim, perfeito - Violeta respondeu com a mesma felicidade ingênua, sem perceber que meu mundo estava desabando ao nosso redor.
Mas eu não conseguia ouvir a resposta.
Meus olhos estavam presos em Aurora.
Ela deu um passo para trás, como se precisasse de espaço para respirar, seus olhos estavam marejados, brilhando com uma dor que só eu entendia. Vi seus lábios tremerem, suas mãos se fecharem em punhos ao lado do corpo. Ela parecia prestes a desmoronar, mas lutava contra isso, se forçando a manter a compostura.
Ela deu mais um passo para trás, e então, sem dizer uma palavra, virou-se e começou a se afastar.
Eu queria gritar, queria correr atrás dela, segurar seu braço, implorar por perdão. Mas estava paralisado, enquanto ela se afastava, desaparecendo, incapaz de fazer qualquer coisa eu apenas a assisti ir embora.
Obrigado por ler até aqui 💗 O feedback através de um comentário é muito apreciado!
Esta ansiosa (o) para o próximo?
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Da Rua do Sol observo a Rua da Aurora
Recife, dezembro de 2024
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( homem cis • ele/dele • bissexual ) — Não é nenhuma surpresa ver NATHANIEL COLE HAWTHORNE andando pelas ruas de Arcanum, afinal, o LOBISOMEM SOLITÁRIO precisa ganhar dinheiro como ARTISTA PLÁSTICO NO ESTÚDIO DA AURORA. Mesmo não tendo me convidado para sua festa de VINTE E NOVE ANOS, ainda lhe acho LEAL e CRIATIVO, mas entendo quem lhe vê apenas como IMPETUOSO e EGOÍSTA. Vivendo na cidade HÁ CINCO ANOS, NATE cansa de ouvir que se parece com LEO WOODALL.
inspo | espelho | tasks
um breve resumo:
nate hawthorne é um lobisomem que decidiu continuar a jornada em arcanum não fazendo parte de nenhuma alcateia por ainda se sentir muito conectado à sua antiga. sempre gostou de esculpir, embora só tenha o feito profissionalmente na cidade, onde foi abrigado por um velhinho bruxo dono do estúdio da aurora após alguns meses fora da linha. atualmente suas obras que geralmente evocam o sentimento de raiva e repressão são conhecidas pela cidade, e há apreciadores, bem como pessoas que não lhe entendem. apesar de extremamente falho e controverso, o hawthorne tem um bom coração e amigos (e ainda mais inimigos). não gosta de morar em arcanum, e deseja muito de deixar a cidade para voltar a viver sua vida nômade pelos cantos do continente.
headcannons:
aniversário: 18/07
nate é canhoto.
em sua alcatéia antiga ocupava o cargo de beta, mas era cotado para ser o próximo alfa apesar de prontamente negar sempre que proposto e conferir o cargo à emma.
acha estranho quando alguém lhe chama de nathaniel.
gostos: carnes, especiarias, chá gelado, arte, caminhadas, natureza, exercício físico, desenhar em silêncio, desenhar pessoas, conversas profundas, toque físico.
aversões: bebidas alcoólicas, conversa fiada, intromissão, pessoas rudes sem causa.
tem "river albero" tatuado no peito desde o último baile das sombras.
tem dois irmãos: elias, o mais velho e antigo alfa, e emma, a mais nova (e favorita).
já foi praticamente casado por cinco anos, antes de arcanum. chegou na cidade procurando por johanna sua antiga parceira.
história
alpes e pradarias escorriam sob seus pés como água fluindo em um rio, antes de chegar a arcanum. nathaniel vivia em uma alcateia de quase vinte lobos errantes, verdadeiros nômades circulando o continente europeu. a liberdade tinha um gosto doce, dormir iluminado pela lua junto de sua família e amigos, vislumbrar paisagens estonteantes, o aconchego de poder tornar qualquer lugar a sua casa... até que um dia, sem aviso do destino, isso acabou. sua companheira sumiu enquanto percorriam o norte da alemanha. nate já tinha ouvido histórias sobre aquela região, sobre como era um potencial e macabro sumidouro, e ele sabia que a encontraria lá. a alcateia procurou johanna por muitos meses, até que a mais crua e triste verdade foi posta à mesa. parariam as buscas, e seguiriam em frente. um funeral sem corpo, uivos tristes e dolorosos assombraram vilarejos remotos durante alguns dias, e depois, cessaram.mas não nate. seu coração estava despedaçado. o cheiro de johanna aparecia toda noite em forma de uma brisa suave, carregando-o para arcanum. e um dia ele a seguiu, confiante de conseguir encontrá-la. porém, ao se deparar com o final do rastro, nate encontrou apenas desespero. o cheiro sumiu imediatamente, e ele estava aprisionado. em forma de lobo, seus uivos não alcançavam seus companheiros do lado de fora.um espírito livre aprisionado, foi fácil ceder aos vícios do corpo e mente. por muito tempo andava bêbado pelas ruas, brigando nos bares e por isso recebeu pelo menos duas juras de morte. mas, um dia, conheceu alguém que lhe deu um propósito para esse novo caminho que estava fadado a percorrer: o dono do estúdio da aurora. nate foi acolhido como um aprendiz e encontrou na arte um refúgio para todos os sentimentos ruins dentro de si, e também, proteção de outras criaturas mágicas. suas esculturas e pinturas são feitas quase sempre em preto, branco e vermelho, e são através delas que ele expressa sua liberdade.
conexões requeridas
you got a friend in me: o muse foi o primeiro amigo de nate na cidade. nate nutre um carinho profundo pela pessoa que lhe acolheu quando ninguém mais quis, e gosta de passar o tempo com ela, seja para fazer atividades interessantes ou ficar à toa. é o primeiro contato na lista de nate. (1/1) @wantsallfab
musa&inspiração: o muse frequenta bastante o estúdio, e tem gostos semelhantes aos de nate. não se sabe ao certo quando, mas essa pessoa se tornou alguém que nate adora pintar. sempre que está sem inspiração, chama o muse para lhe ajudar, e este lhe dá insights sobre suas obras. (0/1)
inimigos, inimigos, inimigos! nate detesta o muse, e muse detesta nate. já brigaram em bares, na rua, na porta de casa, mas mesmo assim continuam a se esbarrar toda vez que saem na rua. cômico ou trágico, as ofensas e insultos sempre se escalam e beiram o ridículo. ambos nem sabem quando a rusga começou, mas concordam em um único ponto: está longe de acabar. (0/1)
lovers to enemies: sim. eles tiveram um romance. sim. eles também gostariam nunca ter se conhecido. muse e nate eram pombinhos, mas o negócio azedou... e agora muse detesta nate, e vice-versa. porém, ambos compartilham segredos e conhecem o outro como ninguém mais! intrigas, cobranças, chantagens... tudo é possível. (0/1)
lista de conexões:
tiny: melhores amigos? um irmão mais velho 2.0? nate conheceu tiny durante circunstâncias tenebrosas e desde então os dois têm se protegido como família. confiaria sua vida nas (enormes) mãos do híbrido, de olhos fechados. estão rumo a firmarem um pacto para fortalecimento mútuo nesses tempos difíceis pós-chegada de lúcifer. @calymuses
marisol rosado: rosa e nate são amigos de longa data. conheceram-se durante uma época em que nate mais afastava pessoas do que aproximava, e rosa decidiu ficar. o lobisomem aprecia muito a presença, preocupação e companheirismo. @offcrrosado
maverick moon: ex-namorados que atualmente se aproximam de uma possível amizade. nathaniel não nega o brilho que surge no olhar quando fala com maverick, mas ainda tem medo de aproximar-se e acabar o magoando outra vez. amizade ou algo mais, a única certeza é a de que nate quer voltar a fazer parte de sua vida. @mxvick
bruno klein: nate se vê em bruno, o que fomentou uma amizade instantânea quando o outro chegou na cidade. desamparado, desabrigado, confuso em uma um lugar estranho cheio de seres sobrenaturais. a preocupação é ainda aumentada pelo fato de bruno ser humano e sua condição colocá-lo em risco a qualquer momento. @demontainted
river albero: nate e river não se conhecem profundamente, e isso é algo que o lobisomem gostaria de mudar. apesar de ter o seu nome tatuado no peitoral esquerdo (primeira tatuagem!), não conhece tanto da vida do nephilim para além de ser uma ótima companhia. @blackorbs
amaryllis milagrero: amaryllis é um doce de pessoa. nathaniel se sente muito bem ao seu lado, e fica feliz em compartilhar com ela de uma amizade que cresce cada vez mais com o tempo. ainda que ela sempre tente trazê-lo para o pack, respeita sua vontade de não o fazer, e isso não enfraquece sua ligação. @ghostshewolf
evelyn storm: evelyn foi a primeira pessoa que nate encontrou em arcanum, e ele não poderia ser mais grato por isso. durante a bagunça dos primeiros meses foi acolhido pela bruxa e por isso confia tanto nela. às tardes, geralmente podem ser vistos tomando chá na tenda da bruxa. @wantsallfab
timothy cho: vampiros e lobisomens... a combinação pode ser perigosa. ainda mais quando envolve nate e timmy, e assuntos não finalizados. nate tenta deixar quieto, mas o ímpeto de brigar ganha na maioria das vezes. @pourmoretimmyinmycoke
knoxville boone: nathaniel simplesmente detesta knox. tudo o que ele diz gera uma vontade incontrolável de partir para a violência como nos velhos tempos de briga de bar. mas não agora... ou ele pode acabar sendo preso. @rihtuais
gaea millard: gaea é uma amizade improvável obtida de um jeito igualmente estranho. após conhecê-la, nathaniel voltou a confiar em bruxas, e ambos seguem na missão de formular uma poção que possa ajudá-lo a dormir melhor (entre uma e outra dose de destilado). @lonerwitc-h
nāḥāš: um dos culpados da recaída do lobisomem, o demônio vive (fisicamente) pesando seu ombro para que ele faça as piores escolhas. nathaniel desconfia, mas ceder ao descontrole quando o emocional está fragilizado é fácil demais. @frcmxden
darius boucher:
romulus ortiz:
hazel callaghan:
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Se eu tivesse que recomeçar a vida, tentaria te encontrar muito mais cedo, no amanhecer de cada história, seria teu sorriso meu primeiro segredo.
Buscaria teus olhos nas esquinas do tempo, nas brisas suaves de cada estação, para que nosso amor florescesse sem demora, num jardim eterno de paixão.
Em cada passo, em cada rua, procuraria tua presença, tua luz, para que a solidão não tivesse espaço, e nossa vida fosse um eterno começo.
Reescreveria nossas linhas do destino, fazendo da nossa união o ponto inicial, para que não houvesse dias sem teu riso, nem noites sem teu abraço celestial.
Se o tempo me desse nova chance, correria em direção ao teu ser, para que cada momento ao teu lado, fosse vivido com mais intensidade, mais prazer.
Porque em cada novo começo, em cada aurora renascida, eu saberia que te encontrar cedo, seria o maior presente da vida.
#frases#escritas#citas#textos#realidade#palavras#pensamentos#emocoes#sentir#eternizado#notas#recorsacoes#latinoversos#amor#desapego#curitiba#partido#doi
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Rua da Aurora street and Anglican Church in Recife, Pernambuco, Brazil
Brazilian vintage postcard, mailed in 1905 to France
#street#church#historic#anglican#brazilian#photo#briefkaart#vintage#pernambuco#sepia#aurora#rua#photography#carte postale#postcard#mailed#postkarte#france#postal#tarjeta#rua da aurora#brazil#ansichtskarte#anglican church#old#recife#da#ephemera#1905#postkaart
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Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
CAPÍTULO 14
O Primeiro Beijo
Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com eles nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros. Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo foi uma… uma… não sei se0diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola. Marcela, a "linda Marcela", como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madrid, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Cosas de España. Quem quer que fosse, porém, o pai, letrado ou hortelão, a verdade é que Marcela não possuía a inocência rústica, e mal chegava a entender a moral do código. Era boa moça, lépida, sem escrúpulos, um pouco tolhida pela austeridade do tempo, que lhe não permitia arrastar pelas ruas os seus estouvamentos e berlindas; luxuosa, impaciente, amiga de dinheiro e de rapazes. Naquele ano, ela morria de amores por um certo Xavier, sujeito abastado e tísico, - uma pérola. Via-a, pela primeira vez, no Rossio Grande, na noite das luminárias, logo que constou a declaração da independência, uma festa de primavera, um amanhecer da alma pública. Eramos dois rapazes, o povo e eu; vínhamos da infância, com todos os arrebatamentos da juventude. Via-a sair de uma cadeirinha, airosa e vistosa, um corpo esbelto, ondulante, um desgarre, alguma coisa que nunca achara nas mulheres puras. - Segue-me, disse ela ao pajem. E eu seguia-a, tão pajem como o outro, como se a ordem me fosse dada, deixei-me ir namorado, vibrante, cheio das primeiras auroras. A meio caminho, chamaram-lhe "linda Marcela", lembrou-me que ouvira tal nome a meu tio João, e fiquei, confesso que fiquei tonto. Três dias depois perguntou-me meu tio, em segredo, se queria ir a uma ceia de moças, nos Cajueiros. Fomos; era em casa de Marcela. O Xavier, com todos os seus tubérculos, presidia ao banquete noturno, em que eu pouco ou nada comi, porque só tinha olhos para a dona da casa. Que gentil que estava a espanhola! Havia mais uma meia dúzia de mulheres, todas de partido -, e bonitas, cheias de graça, mas a espanhola… O entusiasmo, alguns goles de vinho, o gênio imperioso, estouvado, tudo isso me levou a fazer uma coisa única; à saída, à porta da rua, disse a meu tio que esperasse um instante, e tornei a subir as escadas.
―Esqueceu alguma coisa? perguntou Marcela de pé no patamar.
―O lenço. Ela ia abrir-me caminho para tornar à sala; eu segurei-lhe nas mãos, puxei-a para mim, e dei-lhe um beijo. Não sei se ela disse alguma coisa, se gritou, se chamou alguém; não sei nada; sei que desci outra vez as escadas, veloz como um tufão, e incerto como um ébrio.
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Nome: Kang Woojin Idade: 28 anos (23 de abril / taurino) Sexualidade: Se considera hetero, mas nunca se sabe Profissão: artesão ceramista e professor de cerâmica Residência: Torre Aurora, edifício Haneul, apto E3 (morador desde que nasceu, mora com a mãe e com o meio irmão mais velho)
resumo: a família toda habitava o pequeno apartamento, a mãe Park Misook, os meio irmãos mais velhos Park Haeun e @psaercyi, e o pai Kang Minjoon. Woojin era o mais novo, sendo o xodó da irmã mais velha e tendo alguns atritos com o irmão. o falecimento do pai durante sua adolescência desencadeou um comportamento rebelde, que apesar típico da idade, se tornou mais intenso após a perda do matriarca. fugiu de casa por um período e como toda desgraça pra pobre é pouca, sua irmã foi para as ruas à sua procura, a mãe estava passando mal de preocupação com o filho e... o pior aconteceu, ao parar em uma loja de conveniência Haeun sofreu um assalto a mão armada e faleceu. o fatídico acontecimento mudou a vida de Woonie pra sempre, ele se culpa até hoje pela morte da irmã e sua relação com o irmão piorou. ele até tomou jeito, possui um trabalho digno e honesto, continua morando com a mãe por não conseguir ficar em paz com a ideia de deixá-la sozinha.
personalidade: sua marra é pura fachada, costuma ser sua primeira impressão, mas é só uma forma de se proteger. o deboche e a falsa indiferença são sua armadura. se você conseguir se aproximar o suficiente ou for um bom observador notará a tristeza em seus olhos e um pedido de socorro. quem o conhece mais profundamente o considera responsável, sério quando precisa e bastante gentil. se preocupa com o bem estar daqueles que ama. quando se abre mostra um ótimo senso de humor e fofura.
Estilo musical: possui um grande por músicas sofridas e estridentes, também gosta de música clássica e jazz. Filme favorito: Ghost - Do Outro Lado da Vida Vícios: cigarro, chá, bibimbap, kimchi, galbjjim, japchae Hobbies: passar tempo ao ar livre, visitar exposições de arte, pintura e desenho, cozinhar e algumas leituras. Características: 1,90 de altura, é comum vê-lo com algum manchinha de argila no rosto, ás vezes há manchas em suas roupas também e o cabelo costuma estar constantemente bagunçado, parecendo que ele acabou de acordar.
Bio Completa
Nasceu e cresceu em Haneul, teve uma infância feliz e sapeca no complexo e na vizinhança. Era o xodó de sua irmã mais velha, mas tinha alguns desentendimentos com seu meio irmão. Sua rebeldia só veio na adolescência, ocasionada não só pela influência do irmão, como também devido a perda do pai em um acidente de carro.
As brigas em casa eram constantes, não queria estudar e nem nada com a vida, fugiu e passou alguns poucos meses longe, se abrigando na casa de amigos da pior espécie e às vezes na rua. Com a mãe passando mal, sua irmã mais velha foi para as ruas à sua procura e ao parar em uma loja de conveniência acabou sofrendo um assalto e levando um tiro, infelizmente ela não resistiu.
Na época, Woojin apareceu no hospital desesperado e se culpa até hoje pela morte da irmã. Retornou para a casa e as coisas pioraram um pouco, a culpa o corroía, as brigas com o irmão pioraram e a mãe passou a demandar um pouco mais de cuidado. Numa tentativa de não fazer a mãe sofrer tanto, passou a engolir tudo que vinha do mais velho e não revidar. Tomou jeito, se tornou mais responsável, fez um supletivo para terminar os estudos e entrou em um curso de cerâmica sem pretensão alguma.
O curso se tornou uma espécie de terapia, o ato de moldar a argila o relaxava e aos poucos ele foi se apaixonando pela profissão. A maciez da matéria prima é um convite para exploração, a textura ao apertar e esticar a massa gosmenta é terapêutica, fora a beleza que é ver a massa tomando forma. A capacidade de transformar uma substância tão simples e elementar em algo belo e significativo se tornou gratificante para ele.
Colocou empenho e dedicação na habilidade adquirida, tornando-se um ótimo artesão ceramista. Atualmente Woojin faz parte de um ateliê local criado por dois ex alunos de seu antigo professor, além de criar peças que ficam a venda no ateliê, ele também ministra aulas para quem quer aprender a arte ceramista.
porque seu personagem está em haneul complex?
A mãe sofre de pressão alta e em vários momentos seu emocional acaba afetando a pressão, Woojin nunca conseguiu ir embora e deixar a mãe, por isso continua morando em Haneul. Ele não ficaria em paz sem poder ficar de olho na mãe.
vaga de garagem: Chevrolet Spark 2010 cinza/prateado.
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Rio Capibaribe, Rua da Aurora no Bairro da Boa Vista, ao Fundo a Ponte de Santa Isabel o Prédio da Assembleia Legislativa do Estado e o Ginásio Pernambucano - Recife Em 1937.
Photo Alexandre Berzin.
#Rio Capibaribe#Rua da Aurora#Boa Vista Recife#Recife City#Recife PE#pernambuco#nordeste#recife#vintage#vintage photography#photography#photo#old photography#old photo#Antigamente#Circa 1937#1930s#efemérides
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✦◝ . 𝐄𝐕𝐄𝐍𝐓𝐎 001 🌿 FESTIVAL DAS FLORES . *◞
DATA E HORÁRIO — 27 a 28 de abril, 2024 | Das 07h às 22h.
TRAJES — Casual.
TEMPERATURA — Céu limpo e ensolarado, variação de 22~15ºC | Pouco vento, pouca chance de chuva, alta umidade.
O mês de abril marca a estabilidade da primavera na nação sul-coreana, principalmente para Byeolwon, que se transforma em um caldeirão efervescente com festivais e tours guiados por todos os monumentos naturais da vila. Encontros com turistas se tornam situações hodiernas, velhos moradores retornam para visitar a família e amigos que deixaram no local, e dizem que até mesmo os pássaros migram à Byeolwon para acompanhar o desabrochar das pétalas. Entre todas as celebrações de estações, o Festival das Flores centra-se como um dos eventos mais aguardados, talvez apenas um pouco atrás do Festival dos Sinos no verão.
As ruas estreitas são adornadas com arcos de rosas coreanas, lótus e magnólias, criando um espetáculo de cores e aromas que envolve os visitantes em uma atmosfera de encantamento. Cada rua é uma obra de arte floral, com trançados meticulosos de pétalas de cerejeira e lavanda tecendo um tapete natural que convida os transeuntes a mergulhar na beleza efêmera da estação. Os moradores se unem para preparar uma série de eventos, desde concursos de arranjos florais até apresentações de dança tradicional entre os campos floridos que se estendem além das margens da vila. Barracas repletas de iguarias culinárias feitas com flores locais deliciam os sentidos dos visitantes, enquanto artesãos exibem suas habilidades na criação de objetos inspirados na flora da região. Cestas de piquenique são espalhadas pelos jardins, convidando os visitantes a desfrutarem de refeições ao ar livre cercados pelo perfume suave das flores. À medida que o sol se põe no horizonte, a vila ganha vida com uma energia ainda mais vibrante, à medida que as luzes se acendem e a música enche o ar. Algo interessante que ocorre durante o festival são os desfiles alegóricos, com vários carros trazendo quantidades imensuráveis de flores e aromas que fazem os betas mais sensíveis delirar (haja anti-alérgico). Entre esses carros existem bonecos gigantes representando figuras da vila com mãos floridas, que geralmente perseguem pessoas nas ruas com intuito de jogar pétalas sobre elas e distribuir doces. Neste ano, investiram em fazê-los como caricaturas dos chefes das principais alcateias de Byeolwon, resultando em um Bohao com mãos de lírios, simbolizando a bravura da Choseungdal; uma Noeul com mãos de lótus, um Khai com mãos de flores de cerejeiras e um Jacob com mãos de rosas brancas, todas as flores simbolizando a união, pureza e harmonia da Genyuan; um Kiseok com mãos de rosas cheias de espinhos e acônito, representando a natureza espinhosa da Invictus; uma Hyejoo com mãos de orquídeas, para representar a juventude, elegância e energias renovadas na Lasombra; um Jaewon com mãos de hortênsias e íris multicoloridas para evocar o sentimento criativo e artístico da Pulsares; e, por fim, mas não menos importante, uma Hana com mãos de peônias e camélias, significando a delicadeza e ternura dos Stargazers. A grande estrela da noite, porém, é sempre a competição de pega-pétala. Trata-se de uma forma de pega bandeira onde os jogadores, divididos em duplas e com os pulsos amarrados um no outro, seguem por um labirinto tentando pegar o máximo número de flores espalhadas pelo local. Cada flor possui um número de pontos diferente, o que exige pensamento rápido, estratégia e sorte. O prêmio sempre muda, mas esse ano será uma estadia de um final de semana com tudo pago no Peak Perfection e um jantar com acompanhantes para o Aurora para o primeiro lugar. O segundo ganha a estadia no resort, e o terceiro ganha apenas um jantar com sua dupla, sem acompanhante. O melhor? As duplas são decididas por sorteio!
COMENTÁRIOS OOC
01. Um canal no Discord está liberado para interação entre personagens no festival.
02. Sobre os gigantes comentados, são bonecos como os bonecos de Olinda com caricaturas dos personagens. Eles são feitos de madeira sob rodas e são movidos por pessoas dentro deles, empurrando-os. As mãos floridas são feitas com estruturas de arame metálico cheias de flores. Aqui está um exemplo.
03. A atração principal é o pega-pétala! Vamos disponibilizar uma postagem para que se inscrevam. Sorteamos as duplas e a brincadeira será feita no domingo (28/04) às 16h, com o resultado sendo divulgado na hora. Vamos decidir os vencedores por sorteio, mas haverá uma narração sobre alguns acontecimentos, até para que possam comentar e plotar sobre.
04. A tag para postagem de looks e fotos será a #BYLFLOWERS, juntamente da nossa #BYLGRAM tradicional. Sintam-se confortáveis para utilizar!
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Volta (Come back) Que o caminho dessa dor me atravessa (The path of this pain pierces me) Que a vida não mais me interessa (Life no longer interests me) Se você vai viver com um outro rapaz (If you're going to live with another guy) Volta (Come back) Que eu perdoo teus caminhos, teus vícios (And I'll forgive your ways, your vices) Que eu volto até o início (And I'll go back to the beginning) Te carregando mais uma vez de volta do bar (Once again carrying you back from the bar) Volta (Come back) Que sem você eu já não posso viver (Because without you I can no longer live) É impossível ter de escolher (It is impossible to have to chose) Entre teu cheiro e nada mais (Between your scent and nothing else) Volta (Come back) Me diz que o nosso amor não é uma mentira (Tell my our love is not a lie) E que você ainda precisa (And that you still need) Mais uma vez se desculpar (To once again apologize) Então procurei (And so I searched) Nos bares da aurora me lamentei (In dawn's bars I lamented) E confesso que talvez joguei (And I confess that maybe I threw) Tuas fotos e discos no mar (Your photos and discs into the sea) Então procurei (And so I searched) Pelo teu cheiro nas ruas que andei (For your smell in the streets I walked) Nos corpos dos homens que amei (In the bodies of the men I loved) Tentando em vão te encontrar (Trying in vain to find you)
#johnny hooker#volta#música brasileira#brazilian music#audio#song#music#soundcloud#Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar maldito#2015#10's#SoundCloud
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Yes Sir! Capítulo 32
Personagens: Professor! Harry x Estudante!Aurora. (Aurora tem 24 anos e Harry tem 35)
Aviso: O capítulo terá somente o ponto de vista de Aurora, desta vez.
NotaAutora: Aproveitem o capítulo e não se esqueçam de comentar💗
Aurora
Não.
Não.
Não.
Meu coração pulou uma batida quando meus olhos caíram sobre ela, o ar pareceu faltar em meus pulmões.
Era ela.
E ela estava...
Aquela barriga, aquela curva nítida e impossível de ignorar, estava lá.
Por quê? Como? Quando?
Não podia ser real, não podia estar acontecendo.
Não, não, não.
Eu recuei um passo, mas minhas pernas mal respondiam a dor me atravessava tão súbita e intensa, então ele me olhou e parecia cravar uma nova ferida em meu peito, eu queria desviar o olhar e sair dali, mas não conseguia era como um pesadelo do qual eu não conseguia acordar, eu só conseguia pensar em sair dali antes que desmoronasse.
Por um momento fiquei paralisada, presa naquela imagem impossível de apagar, eu reuni toda a força que me restava, forçando meus pés a se moverem até finalmente conseguir me virar e andar na direção da porta tropeçando pelos corredores da loja como se estivesse em uma luta constante contra o chão que parecia querer me engolir, saí da loja quase correndo tropecei até o carro e bati a porta com força me jogando no banco do motorista, minhas mãos tremiam tanto que mal consegui encaixar a chave na ignição a dor no peito crescia queimando dentro de mim.
Desde o começo ela estava grávida?
Ele traiu sua esposa grávida para ficar comigo?
Enquanto os prédios passavam pela janela como vultos o silêncio dentro do meu carro era estrondoso, a única coisa que eu podia ouvir era o som ofegante da minha respiração e a pulsação furiosa no meu peito, minhas mãos tremiam tanto que eu quase perdi o controle do volante algumas vezes, eu queria gritar, queria arrancar aquela imagem da minha cabeça, Harry com a mulher que ele escolheu e aquela barriga.
Aquela maldita barriga.
Parei o carro em uma rua qualquer desliguei o motor e encostei a cabeça no volante, se eu continuasse a dirigir assim eu iria bater.
Eu estava grávida dele.
Eu também estava grávida dele, mas não havia ninguém ali para acariciar a minha barriga, para prometer um futuro ao nosso filho, eu estava sozinha.
A primeira lágrima caiu, quente e amarga traçando um caminho pelo meu rosto e de repente eu estava soluçando tão alto que não conseguia respirar, toda a dor, frustração, raiva e o desespero explodiram de uma só vez, sem controle, eu bati no volante repetidas vezes como se isso pudesse aliviar a pressão insuportável que esmagava meu peito.
Por que eu estava tão surpresa?
Eu sabia que ele nunca seria meu, eu sabia que no fim ele sempre iria escolher sua esposa, mas isso não tornava a realidade menos cruel, eu me imaginei no lugar dela, sonhei com o dia em que ele também me tocaria com aquela gentileza, que ele diria que me amava, mas eram só fantasias, sonhos tolos que eu jamais deveria ter alimentado.
Eu nunca seria ela.
Nunca teria o que ela tinha.
Eu nunca seria suficiente.
E ele nunca seria meu.
Quando finalmente cheguei em casa estava exausta, a dor parecia ter drenado cada parte de mim, as horas seguintes passaram como um borrão eu perdi a noção do tempo esperando que a dor diminuísse, quando me dei conta já se passava das 20h, o encontro que marquei com Harry era para ter acontecido há uma hora, ele sabia que eu não apareceria, não havia como ir até ele depois do que eu tinha visto.
Com as pernas ainda bambas me forcei a levantar e ir até a cozinha para tomar um copo de água, minha garganta doía, meu corpo doía, eu sabia que ele viria, era o que Harry fazia quando sentia que estava perdendo o controle, meia hora depois minha campainha tocava insistentemente, por um segundo pensei em me esconder, fingir que não estava em casa, mas eu não conseguia fugir de Harry não importava o quanto eu tentasse.
Enxuguei rapidamente as lágrimas do rosto e fui até a porta abrindo apenas o suficiente para ver seu rosto, Harry estava corado, com seus olhos vermelhos.
Ele havia chorado?
— Aurora, eu posso explicar! — Sua voz vacilou.
— Explicar o quê, Harry? — Minhas palavras saíram rápidas. — Eu já entendi tudo.
— Você não entende. — Sua mão segurou a porta com força, enquanto eu tentava fechar. — Você não sabe o que realmente está acontecendo, por favor, me deixa explicar.
— Eu não quero ouvir suas desculpas! — Senti garganta apertar. — Vai embora, Harry.
— Eu não vou a lugar nenhum até você me deixar entrar. — Ele balançou a cabeça. — Por favor, Aurora! — Ele tentou empurrar a porta um pouco mais, mas eu resisti.
— Para com isso! — As palavras saíram mais altas do que eu pretendia.
— Por favor, eu imploro, eu preciso saber o que você queria me dizer, eu preciso te explicar, só por favor me deixa entrar.
— Não!
De repente, a porta do apartamento 203 se abriu com força, o meu vizinho ranzinza apareceu claramente irritado, nos encarando sem paciência.
— Ei! Vocês podem calar a boca? — Ele gritou. — Você já viu a hora, senhorita Aurora? Para de gritar! Tá todo mundo ouvindo sua briguinha no corredor.
— Me desculpe, senhor. — Abaixei a cabeça. — Vai embora, Harry, por favor, eu não quero mais discutir.
— Eu não vou embora.
— Harry! — Meu vizinho continuava encarando. — Vai.
— Não.
— Deixa ele entrar logo e para de fazer essa cena ridícula! — Murmurou impaciente. — Se continuarem assim, eu vou abrir uma reclamação para síndico logo de manhã sobre você.
— Me desculpe. — Repeti mais uma vez.
Eu estava me sentindo humilhada e sem opções, dei um passo para o lado, deixando Harry passar com o vizinho ainda nos encarando antes de fechar a porta, caminhei até a sala, parando de costas para ele, encarando minha janela.
— Aurora.
— Para! — Continuei encarando a rua escura. — Já disse que não quero ouvir você.
— Eu posso explicar.
— Explicar o quê? Que você traiu sua esposa enquanto ela estava grávida? — Me virei bruscamente, encontrando seus olhos arregalados. — O quão baixo você é?
— Aurora... Eu não queria que as coisas acontecessem assim.
— Eu me sinto suja, Harry e a vergonha que sinto é insuportável, isso ultrapassou todos os meus limites. — Meus olhos se fecharam com força. — O que fui para você?
— Aurora... — Ele respirou fundo, passando a mão pelos cabelos. — Me desculpe por não contar nada, não faz muito tempo que descobri sobre a gravidez, foi depois de tudo o que aconteceu, eu não sabia que ela estava grávida quando nós estávamos juntos, eu pensei em te contar quando eu descobri, mas a verdade é que você disse que nunca mais queria me ver, você me queria longe, então eu só deixei para lá, mesmo que isso não importe agora, eu queria explicar que foi por isso que eu não me divorciei, eu sei que disse que faria, eu realmente queria isso, mas eu simplesmente não poderia deixar ela assim, talvez você seja muito nova para entender, mas é o meu bebê que está crescendo na barriga dela, eu não podia abandoná-la assim.
Quando ele terminou de falar, eu só conseguia encará-lo, eu senti cada palavra perfurando meu peito como uma faca, funda o suficiente para me fazer sangrar enquanto a dor de espalhava, eu queria gritar, queria socar a cara dele se tivesse força para isso, eu queria falar, mas não consegui, então fiquei ali de pé congelada no meu lugar, tentando recuperar a respiração enquanto Harry deu um passo à frente, os olhos cheios de desespero.
— Aurora, por favor, fala comigo. — A voz dele saiu quase num sussurro. — Por favor, me diz alguma coisa. — Eu não consegui mexer nem quando sua mão tocou meu rosto, acariciando. — Me perdoa, eu sou uma pessoa terrível, Aurora — Confessou, enrolando seus braços em meu corpo imóvel. — Eu nunca quis te arrastar para isso, nunca quis te destruir, eu fui um tolo apaixonado em pensar que isso um dia daria certo, que nós daríamos certo, porque eu desejei muito isso.
Eu finalmente consegui mexer, dei um passo para trás, saindo do seu abraço.
— Você sempre teve uma desculpa, Harry, sempre, como se eu pudesse simplesmente esquecer como você me fez sentir. — Minha voz vacilou por um segundo. — Por que você está aqui? Por que você continua voltando, querendo se justificar, querendo se explicar? O que você quer de mim? Que eu te perdoe? Que eu finja que nada disso aconteceu? — Eu precisava que ele entendesse que aquilo era o fim. — Você acha que, se disser as palavras certas, eu vou esquecer a dor que você me causou?
— Aurora... — Ele sussurrou, a voz falhando. — Meu Deus, eu sinto tanto...
— Cuida do seu bebê, Harry, cuida da sua família e esquece que eu existo, eu não quero mais ver você, não quero ouvir sua voz, não quero falar com você, eu nem quero olhar para você. — Sentia as lágrimas queimando meus olhos. — Por favor, só me deixe ir, eu te imploro. — Minha voz tremeu, mas eu mantive o olhar firme no dele. — Não volte, não me procure, não me magoe mais, Harry.
Eu vi o arrependimento em seus olhos.
— Você diz isso agora, mas, no fundo, você sabe que nós sempre acabaremos aqui de novo, Aurora. — A dor em seu olhar quase me fez desabar.
— Se você me procurar de novo, eu não vou pensar duas vezes em atravessar aquela rua e contar tudo para a sua esposa.
Por um momento, achei que ele fosse tentar protestar, que fosse me desafiar, mas ele apenas assentiu como se estivesse aceitando a derrota.
— Se é isso que você quer...
— É isso que eu quero, Harry, então por favor, vai embora.
Ele ficou parado por mais alguns segundos, como se esperasse que eu mudasse de ideia, mas eu não disse mais nada.
— Eu vou, mas antes eu preciso saber por que você mandou aquela mensagem? O que era tão importante? O que você iria me dizer, Aurora?
Eu estou grávida...
Eu sempre vou ter uma parte sua comigo...
Eu não podia dizer a verdade.
Era tarde demais.
— Não importa mais, Harry. — Nunca doeu tanto contar uma mentira.— Agora vá embora.
— Aurora...
— Vá embora.
Eu continuei olhando, até que ele finalmente se virou e caminhou para fora da minha vida.
O som da porta se fechando foi como o último prego no caixão, selando tudo o que um dia havíamos sido e pela primeira vez eu senti que talvez fosse realmente o fim.
Eu fiquei ali, caída no chão, soluçando sem controle, minhas mãos tremiam enquanto eu abraçava meus joelhos, sentindo o desespero apertar meu peito por um longo, longo tempo.
— Aurora! Meu Deus, o que aconteceu?
Eu levantei o rosto, desesperada, era Gabriel, ele agachou-se ao meu lado, os olhos arregalados de preocupação.
— O que aconteceu? — Ele repetiu, senti suas mãos firmes no meu ombro.
— O que você está fazendo aqui?
— Você não está respondendo minhas mensagens, disseram que você passou na loja hoje e depois saiu correndo, eu fiquei preocupado e resolvi vir aqui ver como estava, o que aconteceu?
Eu queria que ele fosse embora, eu não queria olhar para ele, não queria que ele visse, mas ele insistiu e eu não consegui resistir quando ele me puxou para um abraço apertado, foi então que desabei por completo, eu me agarrei a ele com toda a força que ainda me restava como se ele fosse a última âncora que me impedia de afundar de vez, meu corpo tremia contra o dele e as palavras que eu tanto temia dizer começaram a borbulhar dentro de mim.
— Aurora, o que houve? Me conta, por favor... Diga alguma coisa.
— Eu... — tentei falar, mas eu estava dilacerada por dentro. — Eu sou horrível, Gabriel.
— Aurora, você está me assustando. — Ele me afastou só um pouco, segurando meu rosto entre as mãos, forçando-me a encará-lo — O que está acontecendo?
Olhei nos olhos dele, vendo a preocupação, eu não podia mais segurar aquilo dentro de mim, todas as mentiras, os segredos, tudo o que eu vinha escondendo estava me consumindo e eu estava tão farta de toda essa merda.
— Eu estou cansada, cansada de todas as mentiras, cansada de esconder a verdade. — Confessei num sussurro. — Me desculpa, Gabriel, me desculpa por tudo.
— Aurora, por favor, só me diz o que está acontecendo? Por que você está assim? Por que está dizendo essas coisas?
— Porque que eu não suporto mais.
— O quê? Me diz!
— Você vai me odiar... — Eu respirei fundo, buscando coragem.
— Não, eu nunca poderia odiar você, só preciso entender, por favor.
— Eu... — eu inspirei profundamente, reunindo toda a força que ainda me restava. — Eu... estou grávida.
Vi o rosto de Gabriel ficar pálido, suas mãos que seguravam meu rosto caíram lentamente, ele ficou imóvel, me encarando como se fosse incapaz de acreditar no que tinha acabado de ouvir.
— Aurora... — Murmurou mais para si mesmo do que para mim. — Grávida... Como... como isso...? — Ele parecia lutar com as palavras.
— Bem, você sabe... — Eu estava apenas encolhida no chão, sentindo a vergonha me consumir inteira.
— Quantos meses? — Ele abaixou-se de novo, só que desta vez não me tocou, apenas me olhou com um sofrimento que me fez odiar cada fibra do meu ser.
— Acabei de completar cinco.
— Você sabia, esse tempo todo? — Ele soltou um suspiro pesado. — Você sabia que estava grávida quando me conheceu?
— Sim. — Confessei, as lágrimas caindo mais rápido.
— Quem é o pai?
— Gabriel. — Supliquei desesperada para que ele não fizesse mais perguntas.
— Você está assim por causa do pai do bebê, não é? Ele veio aqui? — Apenas assenti, sem conseguir falar. — Ele te machucou? Machucou o bebê?
— Não... ele não... ele não fez nada. — Minha voz se desfez num soluço.
Ele estava preocupado?
Ele me olhou por um longo momento, seus olhos pareciam tristes, o que me deixou ainda mais confusa quando ele limpou as lágrimas do meu rosto com a ponta dos dedos.
— Por que... Por que você está sendo gentil comigo?— Eu não conseguia entender. — Você devia ir embora...
Ele apenas olhou para mim, passando os dedos pelo meu cabelo.
— Você não parece bem, Aurora, você ao menos comeu alguma coisa hoje?
— O quê?
— Aurora, você está grávida, precisa se alimentar direito.
Eu não sabia como reagir, não sabia o que estava acontecendo.
— Eu... Sim... — Menti, comer realmente era a última coisa que eu queria agora.
— Então vem. — Gabriel se levantou, oferecendo a mão para mim. — Vamos deitar, parece que essa conversa que teve com ele te deixou esgotada.
— Gabriel, eu não estou entendendo, você não está bravo? — Eu o encarei, perdida.
Ele não respondeu, me puxou com cuidado, envolvendo meu corpo me ajudando a levantar, quando fiquei de pé, ele não soltou minha mão, Gabriel me guiou lentamente em direção ao quarto.
Ele não ia embora?
Ele não me deixaria sozinha ali mesmo depois de tudo?
Quando chegamos ao quarto ele puxou gentilmente a colcha e me ajudou a deitar eu estava em choque, não conseguia compreender o estava acontecendo, eu esperava que ele me odiasse, me xingasse de mentirosa e me deixasse ali sozinha para encarar a bagunça que eu tinha feito, mas ele não fez nada disso.
— Você não quer conversar? Não quer gritar comigo?— Eu não sabia por que estava perguntando isso, mas eu precisava de uma resposta.
— Não agora, não é o momento.
Eu me deitei esperando que ele se afastasse logo em seguida, mas para minha surpresa ele não saiu, em vez disso, Gabriel se deitou ao meu lado sem dizer uma palavra, senti meu corpo ficar tenso, nunca tínhamos dormido juntos antes, mas ele deitou ali como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Você não vai embora? — Sussurrei sem acreditar.
— Não vou a lugar nenhum — Ele me puxou para seu peito, eu senti o calor do corpo dele contra o meu.
Eu fechei os olhos exausta, eu queria perguntar mais, queria entender por que ele não estava gritando, porque não estava me culpando, mas o cansaço estava puxando-me para um sono inevitável, Gabriel também não disse mais nada, não fez mais perguntas, apenas me segurou, mesmo que tudo dentro de mim gritasse que eu não merecia.
Acordei com coração disparado e a mente lutando para entender onde eu estava, a minha cama estava vazia, virei-me esticando a mão para o lado onde Gabriel estava a noite passada, mas só encontrei o vazio.
Ele foi embora.
Me encolhi debaixo das cobertas, sentindo o peito apertar novamente, tentei focar no ritmo da minha respiração, mas tudo o que conseguia sentir era o vazio crescente que tomava conta de mim.
Então ouvi um barulho estranho.
Eu não estava sozinha?
Com um movimento hesitante, me levantei da cama, passei pela porta do quarto quando alcancei o fim do corredor, um cheiro familiar de café fresco veio da cozinha.
Ele ainda estava aqui?
Meu coração começou a bater mais rápido, uma mistura de alívio e medo se chocando dentro de mim, então eu o vi, Gabriel estava lá parado de costas para mim enquanto mexia lentamente algo no meu fogão.
Ele estava aqui.
Não tinha me deixado.
— Gabriel? — Minha voz saiu quase um sussurro.
Ele se virou lentamente, os olhos encontrando os meus, ele parecia tão perdido quanto eu, seus cabelos bagunçados como se não tivessem dormido a noite inteira.
— Bom dia, fiz café, você precisa comer.
A gentileza dele era um golpe inesperado, ele ainda se preocupava, mesmo depois de tudo. Olhei para a mesa arrumada, com dois pratos e duas xícaras de café quente, senti meu coração se apertar ainda mais.
— Você está... Você está aqui, eu pensei que tivesse ido embora. — Confessei, mordendo meus lábios com toda força que podia.
— Eu pensei em ir, mas não consegui.
Sentei-me lentamente na cadeira, tentando controlar a respiração, ele sentou-se em minha frente, o silêncio vergonhoso se espalhou.
— Continua sentindo enjoo pela manhã?
— Não... não sinto mais.
— Aurora, eu... — Notei como os dedos dele estavam apertando a alça da xícara com força. — Eu preciso de um tempo para entender tudo isso. — Eu tentei dizer algo, qualquer coisa, mas as palavras não saíram.— Eu não quero te deixar sozinha, me desculpe, Aurora, mas eu estou perdido. — Gabriel se levantou lentamente. — Eu preciso ir. — Ele se aproximou, inclinou-se e me deu um beijo suave na testa. — Não se esqueça de comer e se cuidar.
O som da porta se fechando ecoou pela casa, deixando-me sozinha de novo.
Desde que Gabriel saiu por aquela porta, senti que não havia mais salvação para mim, por mais que eu tentasse me convencer de que foi melhor assim, meu coração gritava para que ele ficasse, eu fui egoísta desde o começo, eu sabia disso, mas a verdade era que eu queria ele mais do que deveria.
Eu queria ele.
Queria tanto ele.
Não sei bem se era por carência ou só o fato de ter alguém que me olhava como se eu ainda tivesse alguma coisa boa dentro de mim, mas tê-lo ao meu lado fazia a dor ser um pouco mais suportável, agora eu estraguei tudo.
Ele deve me odiar.
Eu me odeio.
Os dias seguintes na faculdade foram tão cinzentos como o céu de Boston em outubro, era doloroso ter que ver Gabriel todos os dias sem nem poder falar como ele, ele apenas dava aquele aceno breve e um sorriso de lado, a indiferença e o silêncio dele estava me matando aos poucos, pensar nele me fazia pensar menos em Harry, então eu optei sofrer por Gabriel, pois esse sofrimento parecia bem menos cruel do que a dor de sofrer por Harry.
Eu realmente merecia ser punida assim?
Talvez eu realmente merecesse, afinal, mesmo depois de tudo que passei, mesmo depois de ser enganada, eu fiz exatamente o que o Harry fez comigo, eu menti para Gabriel, como Harry mentia para mim, isso me fazia sentir uma pessoa horrível, talvez, no fundo, eu fosse desprezível, egoísta e hipócrita.
Muito hipócrita.
Então, quando eu recebi a mensagem de Gabriel no fim da tarde de sexta-feira, eu já havia perdido minhas esperanças.
Gabriel: Posso ir até o seu apartamento?
Aurora: Hoje à noite?
Gabriel: Se estiver livre.
Aurora: Estou, sim, te espero às 19h?
Gabriel: ok. :)
Não vou mentir que quase soltei um gritinho estritamente no refeitório lendo as mensagens, ele mandou uma carinha feliz, era um bom sinal.
Às 19:01, eu me encontrava sentada em meu sofá tentando manter a calma.
Ele realmente viria?
Eu estava muito nervosa, afinal, a conversa que viria seguir ia ser uma das mãos difíceis da minha vida, eu nem sabia como começar. Quando a campainha tocou, meu coração já estava acelerado, com as mãos suando fui até a porta dando uma conferida no olho mágico antes de abrir.
— Oi... — Sua voz mal saiu.
— Oi! — Murmurei, dando um passo para o lado. — Pode entrar.
Ele entrou sem olhar diretamente para mim, fechei a porta devagar, tentando controlar a respiração. O silêncio entre nós era insuportável, ele parou no meio da sala, ainda evitando meu olhar, como se aquele lugar tivesse se tornado estranho para ele de repente.
— Senta, eu não mordo. — Tentei descontrair a tensão, mas talvez não tenha dado muito certo.
Gabriel não riu, apenas se sentou no sofá enquanto eu me sentei um pouco mais afastada, sem saber se deveria me aproximar ou manter a distância.
— Então, Aurora, eu nem sei muito bem o que dizer. — Seus olhos finalmente encontraram os meus. — Eu não queria ter demorado tanto tempo para te ver, desculpe não quis parecer que estava bravo, talvez eu estivesse um pouco afinal você escondeu algo tão importante de mim, mas mesmo assim eu não queria fazer com que você sentisse que de alguma forma eu não me importasse com você, me desculpe.
Ele estava mesmo se desculpando, quando a culpada era eu?
— Gabriel. — Me aproximei um pouco mais. — Eu devia ter sido honesta desde o começo sobre tudo, eu sinto muito por ter te envolvido nisso, por deixar você se aproximar, eu nunca deveria ter deixado isso ir tão longe. — Meus olhos começaram a arder. — Eu me arrependo de ter deixado as coisas chegarem a esse ponto, foi muito egoísta da minha parte, eu sabia que estava errada, mas mesmo assim eu me deixei levar porque você foi tão gentil e eu precisava disso, precisava de você. Me perdoe, Gabriel, de verdade, não me odeie, por favor. — Fechei os olhos, respirando fundo, sentindo um nó se formar no meu estômago.
— Aurora, olha para mim. — Ele estendeu a mão e segurou a minha, fazendo abrir os olhos. — Eu não te odeio, eu gosto muito de você e isso não vai mudar só porque você está passando por tudo isso, eu ainda quero você.
— Você não se incomoda com que estou grávida de outro homem? Gabriel, eu não posso ser a namorada que você quer, eu não posso te dar o que você precisa.
— Eu não estou pedindo nada, desde o começo você disse que não estava pronta, que não queria isso, mas eu insisti, bem agora eu sei porque, não vou mentir que isso não me incomoda, na verdade doeu muito, mas eu não vou embora só porque você está grávida de outro homem, eu não posso simplesmente fingir que você não significa nada para mim, eu quero estar aqui mesmo que não seja do jeito que você acha que eu quero, se você não pode ser minha namorada tudo bem, mas eu quero cuidar de você Aurora, quero ser o que você precisar que eu seja.
Eu o olhei, sentindo as lágrimas caírem, meu coração apertado.
Como?
Como ele podia ainda querer ficar ao meu lado, mesmo depois de tudo?
— Não é justo com você, você merece mais, muito mais do que uma garota grávida cheia de problemas.
— Talvez, mas quem decide o que eu mereço sou eu, eu escolho estar aqui com você, Aurora O’Connor, com toda sua bagagem.
— Por quê?
— Porque eu me importo com você, eu que quero estar aqui mesmo que tudo pareça errado, porque, no fundo, eu sei que você estava machucada, perdida e sozinha e se agarrou a mim porque precisava de algo para segurar mesmo que isso significasse esconder partes da verdade, eu quero continuar sendo essa pessoa para você.
Eu encarei seus olhos marrons brilhando com a umidade das lágrimas contidas, todas as palavras que eu poderia dizer simplesmente desapareceram, eu impulsivamente me joguei em seus braços deixando meu corpo se encaixar ao dele, apertando-o contra mim, naquele instante minhas forças me abandonaram.
Eu estava completamente rendida a ele.
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