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[Games]Desafios do Nevoeiro Ancião: Como derrotar o Nevoeiro Ancião em Sea of Stars
Jesus amado. Sabe quando você faz tudo errado? Então… exatamente o que aconteceu comigo quando tentei derrotar o Nevoeiro Ancião em Sea of Stars. Logo no início do jogo, após derrotar o primeiro boss (a minhoquinha) você tem que passar pelos desafios do Nevoeiro Ancião para se aventurar mundo a fora. Então, logo no início do jogo não fazia sentido eu morrer tanto. Morri, morri e morri, gastei…
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O Poeta Sou um estrangeiro neste mundo. Sou um estrangeiro, e há na vida do estrangeiro uma solidão pesada e um isolamento doloroso. Sou assim levado a pensar sempre numa pátria encantada que não conheço, e a sonhar com os sortilégios de uma terra longínqua que nunca visitei. Sou um estrangeiro para minha alma. Quando minha língua fala, meu ouvido estranha a voz. Quando meu Eu interior ri ou chora, ou se entusiasma, ou treme, meu outro Eu estranha o que ouve e vê, e minha alma interroga minha alma. Mas permaneço desconhecido e oculto, velado pelo nevoeiro, envolto no silêncio. Sou um estrangeiro para o meu corpo. Todas as vezes que me olho num espelho, vejo no meu rosto algo que minha alma não sente, e percebo nos meus olhos algo que minhas profundezas não reconhecem. Quando caminho nas ruas da cidade, os meninos me seguem gritando: “Eis o cego, demos-lhe um cajado que o ajude.” Fujo deles. Mas encontro outro grupo de moças que me seguram pelas abas da roupa, dizendo: “É surdo como a pedra. Enchamos seus ouvidos com canções de amor e desejo.” Deixo-as correndo. Depois, encontro um grupo de homens que me cercam, dizendo: “É mudo como um túmulo, vamos endireitar-lhe a língua.” Fujo deles com medo. E encontro um grupo de anciãos que apontam para mim com dedos trêmulos, dizendo: “É um louco que perdeu a razão ao frequentar as fadas e os feiticeiros.” Sou um estrangeiro neste mundo. Sou um estrangeiro e já percorri o mundo do Oriente ao Ocidente sem encontrar minha terra natal, nem quem me conheça ou se lembre de mim. Acordo pela manhã, e acho-me prisioneiro num antro escuro, frequentado por cobras e insetos. Se sair à luz, a sombra de meu corpo me segue, e as sombras de minha alma me precedem, levando-me aonde não sei, oferecendo-me coisas de que não preciso, procurando algo que não entendo. E quando chega a noite, volto para a casa e deito-me numa cama feita de plumas de avestruz e de espinhos dos campos. Ideias estranhas atormentam minha mente, e inclinações diversas, perturbadoras, alegres, dolorosas, agradáveis. À meia-noite, assaltam-me fantasmas de tempos idos. E almas de nações esquecidas me fitam. Interrogo-as, recebendo por toda resposta um sorriso. Quando procuro segura-las, fogem de mim e desvanecem-se como fumaça. Sou um estrangeiro neste mundo. Sou um estrangeiro e não há no mundo quem conheça uma única palavra do idioma de minha alma… Caminho na selva inabitada e vejo os rios correrem e subirem do fundo dos vales ao cume das montanhas. E vejo as árvores desnudas se cobrirem de folhas num só minuto. Depois, suas ramas caem no chão e se transformam em cobras pintalgadas. E as aves do céu voam, pousam, cantam, gorjeiam e depois param, abrem as asas e viram mulheres nuas, de cabelos soltos e pescoços esticados. E olham para mim com paixão e sorriem com sensualidade. E estendem suas mãos brancas e perfumadas. Mas, de repente, estremecem e somem como nuvens, deixando o eco de risos irônicos. Sou um estrangeiro neste mundo. Sou um poeta que põe em prosa o que a vida põe em versos, e em versos o que a vida põe em prosa. Por isto, permanecerei um estrangeiro até que a morte me rapte e me leve para minha pátria.
- Autor desconhecido.
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( Me esqueci que fazia partes com até 1500 palavras . Vou retornar a esse habito de novo que abandonei a tempos )
Urlã vinha petulante, de mãos atadas e de sorriso zombador, tinha cabelos compridos e cacheados, e suava feito um porco...Só não suava mais que os que estavam no convés. Urlã passou um tempo em confinamento por falar demais.
Magalhães – Percebe o que todos os seus murmúrios trouxeram? Azar e azar. A má sorte veio não por causa do destino mais por conta de sua boca grande.
Urlã – Eu não tenho nada a ver com isso, eu apenas avisei, que navegar perto das ilhas vulcânicas era perigoso.
Magalhães – Você vem anunciando perigo desde o dia em que partimos, desde antes de chegamos sequer perto do arquipélago. Você nos amaldiçoou, deu a certeza de que falharíamos.
Urlã – encalhamos?
Magalhães – Ainda pergunta? Temos que esperar a maré subir, se não for pela lua que seja por uma tempestade, não me importo mais. Parece que batemos no pico de uma montanha submersa.
Urlã – Já pensou que pode ser um recife de corais?
Magalhães – Acha que não me passou pela cabeça? Mandei mergulharem para saber o que era. É rocha, rocha, uma pilha grande e extensa. Dá até para caminhar na água, é como uma passarela. Se eu te jogar do navio você não afunda, cai de pé na pedra que nos prende.
Urlã – Porque me soltou?
Magalhães – Não faz parte da tripulação? Pois presencie junto a nossa derrota.
Urlã – Precisamos que alguém fale com o Rei Dmormo sobre nossa situação.
Magalhães – Acha que ele vai ligar para os problemas de pescadores? Faça-me o favor! DunaRala não tem grandes comerciantes, apenas negócios pequenos e independentes, simples, familiares e comunitários. Se morrêssemos todos ele não daria conta...Não somos influentes. Até nosso imposto não é crucial para encher a barriga dele.
Urlã – Não há mais ninguém por nós.
Magalhães – Não há! As vezes olhando as estrelas penso como o céu pode ser tão belo e tão vazio. Penso que há algo ou alguém além lá em cima, certeza ! Me sinto observado.
Urlã – Pessoas no céu? Homens pássaros?
Magalhães – Reis, reinos escondidos dentro das nuvens.
Urlã – O sol está lhe fazendo mal, já tomou água ?. Os únicos Reinos que temos certeza que existem são os da terra, se houvesse civilizações voadoras não teríamos visto as suas construções e cidades pairando e fazendo sombra ?
Magalhães – Algo dentro de mim me faz querer pedir ajuda aos astros. Não sei o porque.
Urlã – Vai se ajoelhar para uma estrela? Um brilho distante no infinito negro. O que pediria?
Magalhães – Esperança
Urlã – E ela ouviria ? Já temos Dmormo , ele é nosso salvador e é real. Estrelas são só pontos de luz sem significado. Vamos orar mas por Dmormo para que ele se apiede da condição de DunaRala e mande suprimentos. Não entendo seu sentimento de querer orar para um Rei do Reinos dos Céus se ele não existe. Isso parece um sonho de criança.
Magalhães – Diga que fim nossa viajem aguarda?
Urlã – Na melhor das hipóteses, todos nos morremos, seria melhor que voltar de mãos vazias para casa e passar pela humilhação e a cara de decepção dos nosso familiares.
Magalhães – Pessimista maldito. Olhe não opine mais nada sobre essa viajem ou dá próxima vez lhe tranco no porão do navio até que ela se encerre.
Urlã – A nevoa vem se aproximando. Os vulcões estão nervosos.
Magalhães – Não da para ter certeza se são vulcões mesmo e nem se existe ilhas. Desde antes deu nascer essa fumaça se levanta sobre o Mar De Oliva e ninguém ousa atravessa-la. Vai ver não tem nada dentro dela, pode ser apenas a borda do fim do mundo cuja nevoa encobre um grande precipício. O império Cristatus deve ser só uma lenda.
Urlã – Acho vi um clarão laranja. Dois...Vindos de lá.
Falou com urgência. Magalhães se atentou e também viu uma serie de clarões seguidos por sons tonitruantes. Algo explodia para além do nevoeiro. Uma onda de choque foi atravessando o mar como a foice de um camponês cortando o mato alto e bateu no navio quebrando seus casco e derrubando a tripulação. O capitão deu de costas no mastro e Urlã foi de uma amurada para outra. O único canhão do Craca que ficava em um andar abaixo do convés caiu pelo buraco aberto no casco, assim como alguns barris com suprimentos, a vela foi arrancada e tomou os ares a se perder de vista, muitos homens de cara no chão. Na cabine do capitão tudo foi revirado, os mapas se misturaram, a tinta caiu sob eles, as janelas trincaram, moedas tilintaram se espalhando pela cabine em uma chuva de prata. E nem assim com a barriga aberta o Craca afundou pois ele continuava encalhado, atracado na montanha submersa.
Pouco a pouco os homens foram se levantando, doloridos depois do empurrão. O capitão sentia um zumbido fino nos ouvidos. Ao olhar ao redor, viu todos desnorteados e dispersos, tomando folego, descansando, se ajudando. Nassau o ancião, bateu a cabeça e ela sangrava na nuca, era o mais velho com seus oitenta e dois anos, careca, barbudo e sem dentes. Os demais voltaram sua atenção a ele quando melhoraram. Nassau talvez fosse a melhor representação do futuro desses marinheiros, cada um se via como ele quando estivessem velhos, ele era muito bem tratado, mas não tinha serventia nenhuma ali. Bom, Nassau conciliava os viajantes quando havia alguma desavença, era bom para escutar os lados conflitantes e arranjar uma solução para o conflito. Era o menos preocupado pois ele já tinha presenciado o fenômeno dos peixes apodrecidos, só não lembrava quando nem por quanto tempo durou.
Haviam doze homens no navio, dos mais rudes e grosseiros, podiam ser odiosos e mandriões porem se engajavam para se entenderem, uma briga ali e seria o fim da viajem e o fim da esperança para suas famílias que deviam estar famintos com o estomago comendo o próprio estomago. Podia ter pouco alimento sólido mas bebida tinha e muito! Logo veio a iniciativa de Gideão o novato para tentarem reconstruir o navio e poucos pareciam confiantes nisso. A madeira que tinha para restaurar o Craca era a de alguns barris, mesas e cadeiras que não foram destroçadas com o impacto da onda de choque. O Capitão olhou bem para o rombo, não havia material o suficiente para concerta-lo, pois a barriga do navio foi aberta de ponta a ponta feito um animal estripado. Agora o craca fazia completamente parte do oceano. O navio pode estar dentro do mar mas o mar não pode estar dentro do navio e era exatamente isso que acontecerá com a nau, entrava e saia água dele pelo rombo.
Gideão – Capitão, vai dar certo ...talvez não com a mobília , mas se tirarmos por exemplo a madeira da parede do seu aposento e das camas que sobraram podemos vedar o buraco.
Magalhães – É uma boa ideia, não nego, destruir a minha sala particular, o único local de luxo no navio por assim dizer é a cabine do capitão. Tem madeira desnecessária ali. A cabine é um local que remete a hierarquia e eu não estou sob o comando de vocês, é o destino. Pode desfazer, pode tirar tudo, já tive muitas ideias ruins mestrando a viajem. Estou aceitando até de tu, jovem inexperiente, estou aceitando qualquer solução por mais burra que pareça que nos livrar daqui. Aceitaria até um guincho de um jumento como ideia.
Magalhães voltou-se para Nassau.
Magalhães – Vejo os olhares sobre mim, mas porque os homens não me cobram? Porque eles não vem até mim tirar satisfações? Não fui eu que pus tudo a perde?
Nassau – Acho que eles entendem que não podem cobrar nada de você. Antes de partimos já não tínhamos nada e continuamos sem nada.
Magalhães – As pessoas estão com medo de comentar o que foi que aconteceu.
Nassau – Eu também tenho. A nevoa deve ocultar qualquer coisa de assombrosa. Monstros, criaturas nefastas. Era isso que eu escutava quando criança.
Magalhães – Todos escutaram isso, geração pôs geração se fala do Rei Cassius de Cristatus e de sua nação que sob fogo ele destruiu e que sob fogo destruirá todas as outras.
Nassau – De geração em geração ? Ele já deve é estar é morto . Veja minha idade, e eu escuto lendas deles desde que era uma criança de colo. Não , a nevoa não deve ser por causa dele.
Urlã se intrometeu
Urlã – A nevoa pelo que me disseram , são as almas ou as cinzas de todas pessoas e vidas do reino dele que ele destruiu , desde animais a arvores fazem parte desse aglomerado de nuvens tenebrosas no horizonte.
Magalhães – Toda vida Urlã que você abre a boca eu tenho medo.
Nassau – Urlã é pessimista, como você bem disse antes de sermos atingidos pela fúria de seja lá o que. Ele é assim porque talvez nada do que sonha tenha se realizado. Ele é um dos mais pobres da DunaRala. Só não vive como um mendigo ou como um ladrão porque nossa comunidade é solida e o ajuda.
Magalhães – Arão, está no Leito das Morsas , acho que deveríamos todos migrar para lá com nossas famílias.
Nassau – ir para terras estrangeiras ? Bobagem ! Seriamos barrados no meio do caminho. A que reino faz parte a Leito das Morsas ?
Magalhães – É governada por Castelo Maior.
Nassau – Ah aqueles afrescalhados ! Dizem que não existem homens de verdade lá. São todos preocupados com a aparência. Não sobreviveriam um dia de sol quente sem derreter. A maioria que reside lá são nobres, pessoas que não cultivam e nem pescam a própria comida. São ociosos e alegres demais , cuidam dos seus dentes e não os deixam cair, odeiam rugas da velhice ... Ora essa ! almejam ser imortais .
( Voce encontra meus outros trabalhos nos Links abaixo )
http://brunoronald.deviantart.com
https://facebook.com/NoCoracaoDaFantasia/
https://brunoronald.tumblr.com
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O que é, afinal, ser de PEIXES? Ser pisciano(a) é sentir e ser, em total imersão, a profundidade e a imensidão de todas as coisas e realidades existentes, inexistentes e iminentes, ao extremo e ao mesmo tempo, e em tudo isso perder-se em irrestrita doação universal, deixando-se levar pelas correntes cósmicas do inconsciente, para um encontro consigo mesmo diante da força motriz da vida e do amor. É querer ser a cura para toda a dor e crer sempre no milagre de um final feliz. E, ao buscar no todo um maior sentido, é desprezar a realidade tangível, por saber que, havendo muito mais, ela é apenas mais uma convenção entre todas as demais. E, portanto, em compensação, num fantástico ajustar de velas a bel-prazer, é viver em seu próprio mundo, onde as únicas regras hão de ser: sonhar desmedidamente, imaginar, doar, crer, romancear, relativizar, intuir, mitificar, compreender, expandir, empatizar, encantar, inspirar, engrandecer, transbordar, sublimar, transcender, transmutar; ser salvo e também salvar. Negar-se a crer em pecados e acreditar veementemente ser o atávico avatar profano-sagrado de universos mágicos. Do nada, em euforia, apaixonar-se de dia e à noite, de todo, e já sem chão, naufragar-se em doce e doída ilusão; desintegrar-se em mil para unir-se em um; existir em comunhão; mergulhar em si e meditar em suas próprias profundezas, para vislumbrar a consciência da luz e desfazer-se da cruz, ainda que pareça não chegar a nenhuma conclusão. Mas, sobretudo, em total sinergia, é também tocar e sentir-se por tudo tocado, e, sempre amando, entregar-se por completo, quer seja ou não amado. Aquele que já se farta com a carinhosa atenção e retribui em dobro o ardor do afago de quem estiver ao seu lado. Sob as estrelas, é o amante que suspira enquanto seu sentimento é fervorosamente declamado. E, diante desse pulsante e arrebatador estado de espírito de permanente graça, é ilimitadamente fluir ao infinito em êxtase eterno e beber diretamente da fonte do amor numa enorme taça. É já nascer imortalizado, naturalmente dando ouvidos à sua voz interior. É existir plenamente sem nem pensar em existir. É perder-se no outro para reencontrar-se em si. Isso é ser Peixes. Um ser lítico*, etéreo, paradoxal, iridescente e incondicional, de pés alados e coração em incontrolável expansão, o qual, de porto em porto e sem hesitação, o impulsiona a desnudar-se, num único instante, de tudo o que tiver em mãos em troca de flores e corais, a fim de adornar seu altar dos platônicos e devotados amores um dia feitos em cada cais. Fada-se a pobre e louco tal pretenso, ingênuo e perdido cosmonauta, muitos dele, dizendo, rirão. Os mesmos, estando incrédulos diante das demonstrações gratuitas de fé, abnegação e devoção com que raramente se deparam, apostam que qualquer jamais é pouco pra tamanhos desatinos não serem tidos em vão ou serem mesmo reais. Só que no fundo perguntam-se: - e se de fato o são? Mas bem melhor sabe que sendo nobre é que hoje e sempre se enriquece do que vale mais, para viver em paz, sem qualquer falsa pretensão. E haja (boa-) fé para só crer no flamejante valor divino vindo de tão pueril, quanto senil, coração. Esse mesmo, que o leva a multiplicar por mil cada vívida e bem ou mal vivida, ressoante, irrestrita e totalizante, emoção. Mas é mesmo a magnânima sensibilidade o alimento anímico que o nutre de subliminares percepções, fazendo dele um nato desbravador do que não se conhece e ainda não se viu. Pressente o vindouro entre sismos e repentinos abismos; por vezes, do nada, um arrepio. Entre sendas de dimensões tão sutis, não haverá tempo que não anteviu nem sensação que, em condolência, já não sentiu. E mais vale pra si um sonho dourado que um castelo de ouro; mais uma alma salva que a permanência de quaisquer tesouros pré-destinados ao covil. Sem medidas, é dose de alucinógeno anestésico, para escapar do tédio do que sabe ser só a aparência daquilo que se supõe real. Infante incauto sim; mais ainda sábio ancião de espírito ancestral. É, enfim, o velho que se despede das últimas nostálgicas lembranças e que volta a ser criança, cheia de esperança, pra refundar o ciclo zodiacal. Não segue caminho reto nem se prende ao planejado. Estranha o material e desconfia do que for regrado, fazendo questão de lembrar que, afinal, o que é concreto só existe por um dia ter sido livremente sonhado. Por ser um dom a sua abstrata capacidade de subjetivação, sabe que tudo não é tão mau que não tenha um lado bom. E na infinita vastidão oceânica, que se perde de vista, é água pura e primordial, que verte de fonte celeste, descendo em forma de chuva, pra lavar a alma e fazer a vida brotar do chão. No seu ímpeto oscilante, fluindo com toda vazão, é água que jorra transbordante e dilui fronteiras, que quebra rochas e desfaz quaisquer barreiras, não importam os obstáculos nem a direção. Também é água em forma de vapor. Quando não é morna serração, é neblina fria ou nuvem multicolor, que se pinta, como num papel, desenhos que surgem no céu, antes de se dissipar feito mata-borrão, deixando para trás um pincel e os rastros de tinta, para quem os vê exercitar a própria imaginação. Pode ser nevoeiro passageiro, que, de modo sorrateiro, engole tudo por inteiro, fazendo a visão cegar, até não se poder mais antever onde pisar. Um passo em falso, cai-se, então, no vazio de um desfiladeiro, que não se sabe onde vai dar. Se for água represada, sempre dá uma jeito de escapar. E como nunca é água rasa, acaba sendo fácil se afogar. Mesmo numa poça d'água pode até se afundar. Mas o alerta máximo de perigo é para não se deixar abocanhar, quando esquecido em distração, pela armadilha fluvial de um anzol, e ser feito, como se fosse um castigo, de isca trivial da ilusão. Fora isso, é gota marinha, partícula cristalina, que, quando banhada pelos raios do sol, pinta um arco-íris no ar, brindando com o grande mar o cenário do paraíso em rascunho da Criação. É abençoado aguaceiro, de março a fevereiro, que inunda por inteiro onde passar. Num instante, é onda calma, noutro, maré revolta; em todo caso, melhor aprender a nadar. É ilha perdida, que permanece intacta, mesmo após trepidantes tempestades em alto-mar. É onde cada memória um dia vai desaguar, e de onde cada promessa de vida há de se renovar. Sonho que a toda hora se sonha acordado. É um sentimento nunca antes sentido; um sabor jamais provado. É reconhecer a si num desconhecido; e atravessar a matéria para dar o beijo que nunca fora dado. Um ritmo completamente distinto dos outros; um ente único e sui generis, por ora sequer ancorado. Ser de Peixes, definitivamente, é para poucos. A verdade é que para muitos não há braçadas para tanto nado. Peixes foi um plano perfeitamente executado, podendo ser a representação do oitavo dia da Criação, onde só se vê a imagem do contemplativo rosto da deidade completamente suado, após meticulosa obra maestral orgulhosamente haver acabado. É de Peixes quem escuta uma interna sinfonia, que o desprende dessa e o sintoniza a uma suprarrealidade. É o chamado e a invocação da certeza de se voltar um dia à morada eterna, para desfrutar livremente do que sabe ser, sobra todas, a única verdade. É de Peixes quem traz na multiplicação a noção de unidade. Carrega e busca, afavelmente, a piedade e o aconchego e, também, com naturalidade, o entendimento complacente para os defeitos de cada ser vivente e de toda a humanidade. Para qualquer padecimento, faz pousar o alento e a suavidade. E se em troca nada cobra, deve-se ao fato de ser desinteressado em sua “obra”, pois o que apenas quer em reciprocidade é ver nos demais resplandecer a própria felicidade. Não raro, culpa-se escondido quando deixa de lançar mão da solidariedade, que, como se sabe, não é caridade, mas íntrínseco senso de irmandade. E, pra deixar claro, não abuse de sua bondade, pois mais uma tonelada de dores a suportar seria flagrante deslealdade pra tanta sensibilidade. Segurar a barra do mundo nos ombros nem é dele a real finalidade. Sabendo que na água não se distingue a gota da lágrima, mantenha o sentimento atrelado à verdade, para que o cardume não veja em um chorume a fonte da insinceridade. Pra ele é difícil dizer não, portanto, não o sobrecarregue do que você mesmo não daria conta de levar na própria bagagem. A carga pisciana, por si só, é gigante. Proponha, quem sabe, dividi-la pela metade. Não há porque não fazer tudo em pé de igualdade, tendo também em vista que exercícios de poder, para ele, carecem de credibilidade. E lá vêm os Peixes, em abundante e grande variedade, por natureza, refugiados da densa realidade, mas tendo a noção, de que, por força do destino, retornarão à pureza da sua própria divindade. Se lhe tirassem os sentidos, pouco faria falta, diferença ou lhe traria complicação, pois possui tantos outros, mais apurados do que se pensa, refinados a partir de um processo de sublimação. Quanto à audição, se atento, ouve mesmo a canção que vem de dentro, fonte de radiante inspiração. Os olhos são os da alma, e o que toca é o coração. E é com ambos que já fala claramente, e com os quais dá a tudo o gosto da mais envolvente emoção. É também tritão e sereia, que por vezes emerge das águas e, sem que ninguém note sua aparição, acomoda-se na areia, para observar o medo e o encanto no olhar daqueles que acreditam nas lendas sobre criaturas míticas que habitam o mar. Peixe que não pensa; só imagina, sonha, intui, se invade. Como se dela nunca fosse precisar, desdenha da vulgar racionalidade (mas só da vulgar!). E se for ver, é entre todos, o maior dos absurdos, que faz todo o sentido, mesmo sem ter como explicar. E nem faz questão disso, pois sua brumosa indefinição lhe dá margem para escapar assim que julgar preciso. Largado no mar, é, de ofício, marujo e marinheiro, embarcado num vício, que, por não seguir seta, não encontra porto a se assentar. É ainda poeta-profeta, para o inefável dizer; e, por fim, humano sem querer. Abraça o mundo generosa e indiferentemente, mas com um intimismo latente em si. Fica a pergunta: - A gente já não se viu por aqui? Acaso mesmo é não pensar que sim. Quer estar bem junto, mas na mundana confusão que lhe perturba a mente, assim nem sempre parece bom estar presente. Se fica só, não é solidão exatamente. É que precisa, mais do que muita gente, da reserva da paz pra refletir sobre sua missão, numa boa, e silenciosamente. Não é à toa que pra todos há perdão, mas assim como genuinamente compreende, também quer compreensão. Especialmente quando ama, dedica-se a tudo e a todos com toda a alma e comprazente coração. E por este último não caber em si, precisa com o mundo sentir o ritmo de suas batidas numa só pulsação. A quem quer que seja estende a mão sem temor a perder. E ainda que seja missão seu sacro-ofício, torna a dor do sacrifício um imenso prazer. Ajudar a livrar o fardo alheio, nem que tenha de carregá-lo no peito por tortuosos caminhos ou por longo tempo, alivia em si em a ânsia de servir, assim como de fazer parte do todo por se sentir irmão. Quanto a isso não há receio nem o que temer, pois é a subserviência em doação que também lhe dá sentido de dignidade e de inata gratidão, ao cumprir com resiliência e boa-vontade sua incomparável missão, a qual também deveria reservar para si, sem recear sua própria e nobre ambição. Mas se, por vezes, tiver que parar pra ficar de molho, olhar só pra si e soltar um não, entenda-se que embaixo d'água também faz falta o fôlego e a respiração. Sua imediata e profunda empatia em nada tem a ver com submissão. Ressalvada certa sua convicção, é essência da flexibilidade e da adaptação, que não precisa de uma vitória para ceder. Tampouco ser o campeão para vencer. Aqui um mantra em refrão que consigo costuma trazer: Nada é tão do outro que também não seja seu; e tudo que se recebe é de si um pouco do que também se deu. Sua vocação: amor/amar, em terra firme, no céu, no mar, no espaço, de fora pra dentro, de dentro pra fora, sem lugar, sem tempo, na indistinção da poeira estelar. Feito para a arte inspirar. Do estilo surreal delirante ao ébrio dançante de ruelas errantes; sinfônica obra-prima a se contemplar. É íntima telepatia da lógica irracional a conectar-se naturalmente à psique e ao amor da rede universal. A fórmula de sua essência dadivosa é portada a sete chaves, incumbido o Universo de em segredo guardar. Sabe melhor que ninguém que há mais enigmas entre o céu e o mar do que a vã filosofia pode imaginar. Em meio a isso, Peixes é impelido, quer queira ou não, a aprimorar e fazer valer, como num juramento, seu dom da indiscriminada compaixão. Mas, de ante-mão, faça-se saber que busca a plenitude, não a perfeição. Tem como certo que o caos é genuinamente belo e dele se advém qualquer impensável solução. Seu sincretismo revela um ser em perene mutação, a qual, para ele existir, é uma condição. Pintor de conceito clássico e lisérgico; harmonizador dos contrastes vibrantes e criativo inventor do alucinante vício moderno. É teatral e dramático cinéfilo. Gênio de cérebro alternativo e psicodélico, com mania compulsiva de colorir a paisagem do verão ao inverno, externalizando, assim, um pouco mais o seu riquíssimo mundo interno. É também constante visitante de passagem entre o paraíso e o inferno. De instinto desprendido, protetor, fraterno e passional, torna-se referência humana de doação a uma causa, preferindo a ética a moral. É imersão e transe, sem julgamentos, na holística diversidade cultural. O oceano vira, então, um receptivo caldeirão para uma mística amálgama fusional. O que está tido como marginal ganhará, na próxima peça, o papel central. Quer justiça vendo nos diferentes a essência do igual. Pouco juízo, inato senso imbuído; muita fascinação. É mimo particular e síntese global de toda a Criação. Suprassumo alquímico dos deuses, é um mistério supremo a se admirar. Não aparenta ter começo tampouco final. Mas ao se avistar de todos os ângulos, e refletido no fundo do mar, se parece a uma espiral cósmica e a um labirinto nebuloso no espaço sideral. Sua natureza mescla as virtudes e desvirtudes que vão do caráter animal ao angelical. Da matéria prima à condição celestial. Atrelado a isso, possui uma latente expressividade em potencial, do tom leve e suave ao exótico e mais grave, ainda que haja hora que prefira usar da capa da invisibilidade. Por isso não costuma censurar a arte, fazendo dela o regozijo da própria expressão vital. E é por viver na fronteira da ligação de dois (ou todos os) mundos, que vê o todo na parte, e também o grande todo aparte, com uma macrovisão globalizante de todos os graus. Daí tira a lição naturalizante de pôr-se a supraentender a condição humana de modo incondicional. Ainda que haja vezes que ele mesmo não se reconheça ou já de si se esqueça na sua confusão geral. Tem a experiência de viver entre extremos, rechaçando o superficial. Aliás, um de seus lemas: o que não é extremo não toca a essência, sem a qual não se atinge o real. Já um dilema que exige paciência: entre todas as possíveis opções que o mundo apresenta, não seria pequeno demais ter de escolher por apenas uma em especial, já que, profundamente se identifica um pouco, ou muito, com todas, no geral? De qualquer forma, já é doze num só. É o próprio inconsciente coletivo, onde sente na alma a vibração de suas dores mais pujantes e de seus prazeres mais regozijantes; de seus contras e de seus prós. Assim sendo, desde quando deveria ter reticência quanto ao poder de ser o que quiser? Não nasceu para Jó! E, apesar de ser o responsável pelo apagar das luzes do espetáculo, não deveria dar tanto no pé. Com mais confiança no próprio vernáculo, saberia que também é quem reestreará um novo palco, para fazer teatro ou dançar pela vida seu balé. Há vezes que se vê desolado, com o medo de ficar sozinho. Parece ora tão certo e ora tão incerto o caminho. Do deserto seria o fortuito oásis ou uma espectral miragem? Por qual trilha, afinal, deve-se atravessar? Já longe do ninho, melhor repousar. Diante de uma preguiça existencial, súbita e letárgica, quem vai lhe cantar uma canção de ninar antes de apagar? Tem mesmo que despertar? E por que tudo não poderia se resolver num passe de mágica? Reflexivo, senta-se à beira-mar, para vasculhar mais de si e, por ventura, se perder para se achar. Hedonista, sabe que a matéria é boa para nela, sem moderação, poder se esbaldar. Mas sua constituição elementar, feita de pura energia, sabe que aquela também é a maior barreira pra fazer valer o que, desde o primeiro dia, se pôs a sonhar. Há de haver modo de fazer tudo isso se harmonizar, ainda aqui, e desde já. Preferiria mesmo fazer a ilimitada infinitude de seus universos imperar. Não há como negar que a projeção coletiva do que imagina em particular equivaleria ao céu baixar para a terra, ou até ele esta se elevar. O que se veria é um nirvana emergindo do fundo mar. Um dia, num tempo, sem lugar, não há dúvida que assim será. Até lá, não se deixar afundar por dentro é o grande cuidado que deverá tomar. Por ora, como sempre faz, deixa a vida “me” levar…Mas ao sentir-se como que caído no mundo, demora para se encontrar. Torna-se inseguro e perde tempo na torpe dependência, até que perceba que todo espaço é seu lugar. Noutras vezes, erra na tríplice da excessiva alteridade, indulgência e autopiedade. Mas a bem da verdade é que pode e é bem mais forte do que pensa. Sabe de intuito que supre qualquer carência com sua poderosa força interior, que em si concentra. Como se dispersa com tantos eus paralelos e concomitantes que frequenta e dos quais se alimenta, para superar a dor ou dar à vida mais cor, encontra, feito refúgio, num modo de sobrevivência, alternativas ilimitantes e outros elos frente ao mundo exterior. E que não se confundam seus sonhos com metas de vida, pontos de chegada, ou de partida. O que possui são aspirações extraexistenciais. Vivendo entre vários mundos ideais de sua criação supramental, veste uma fantasia por segundo e deslumbra-se com um cenário fantástico, inebriante, místico e descomunal, onde com infundada alegria tudo pode ser. Se crê, já é. Não há coisa em seu lugar, não há o impossível para o que se quer. Por mais simples que seja, nada pode ser banal. Faz questão de exaltar em tudo o que há de mais especial. A vida vira um filme por dia, do qual é o protagonista numa eterna busca quixotesca e idealista em um cenário de imaginativa contemplação ficcional. E que para ela não falte a trilha sonora, já que suas palavras e emoções se traduzem por música em todas horas, servindo-lhe de fundo para cada clipe mental, onde logo se imagina num voo distante, em que vive o que cria em seu sonho ideal. Vida essa a cada momento (re)escrita num livro inacabado de páginas carregadas de incomensurável emoção, com exageradas doses de irretocável drama, inolvidável romance, fantasiosa aventura e de uma multidirecionável (com)paixão. Cativa e é cativante; depois dele, nada será como antes. Também é excelente ilusionista; some e reaparece sem dar pista. O que sente é difícil disfarçar; quanto a isso, vai dar sempre na vista. Por tão sensível que é, não consegue se manter indiferente a nada, mas se necessário, pode ser a própria indiferença diante do que/de quem profundamente, por um forte ou até mesmo débil motivo, lhe desagrada. E com uma queda para o extraordinário, seu quê de visionário e sempre tentado pelo vir a ser, não caberia em nenhum diário o que pode descrever entre tudo aquilo que se sente e tudo aquilo que se vê. De uma quimera a outra, no fundo, ao intuir, sabe sempre o que deve e quer fazer. Mas se seguidamente tomado de assalto por uma angustiante dúvida existencial qualquer, conta com a conselheira ajuda de um par de gigantes alinhados a sua fé. Trata-se de seus dois pais em conjunção: Júpiter, filósofo e seu guardião, do qual é discípulo e mestre, conferindo-lhe muito mais que proteção. Expande qualquer uma de suas infinitas potencialidades, ofertando esperança e justa deleitação. Um pedaço do céu nas próprias mãos. Junto a esse porto-seguro, há Netuno, seu farol e radar na escuridão; permite-lhe 360º de panorâmica e interpenetrante visão. Dá-lhe como morada a imensurável amplidão dos templos interiores, em seus níveis mais superiores, servindo de ponte para qualquer dimensão; ainda depura-lhe as dores, redistribui sua inspiração, magnetiza sua luz e dota-lhe de divina Razão. No limiar de viver entre a dicotomia da salvação ou perdição, opta por fim pela redenção, para poder tirar das costas o peso do mundo, desintoxicando-se da própria culpabilização. E, assim, a frustração, que sente bem no fundo, se esvai, dando lugar à merecida libertação. Também conta com a sedução de uma madrinha, emergida de suas águas marinhas: Vênus, que lhe desperta dionisíacos desejos, mostrando-lhe amorosamente no espelho a beleza da formidável Criação. Além do mais, onde quer que esteja, impregna-se do que é seu ou não, tirando de tudo o que capta uma regeneradora lição. O aterrador, suntuoso e singular simbolismo do tridente netuniano expõe sua santíssima trindade: ser, não-ser ou deixar-se levar. Quando parece próximo, está distante. Quando está distante, parece próximo. É ímpar (mesmo sendo par). É o mar na gota, e é a gota no mar. Quando parece vir, já está indo. Quando parece ir, na verdade, está é vindo. E nesse paradoxo, sem nexo aparente, às vezes, de tão complexo, até simples parece ser. É que é Peixe e também é gente. É uma loucura boa de se enlouquecer. Se tiver que pedir, logo suplica; se tiver que esquecer, de pronto começa a se desvanecer. Entre passado, presente e futuro, no final é sem idade e acaba sendo apenas atemporal. Não é detido pelo tempo, gravidade ou espaço. Além de nadar, flutua; vive às avessas, suspenso, sem laço. Sem raiz, está por todos os lados. Comunica-se melhor na expressão da arte e com o ensurdecedor silêncio. Não é que esteja calado; o verbo para traduzir o indizível que é vazio, barulhento e escasso, estando aquém de exprimir a intensidade do abissal sentimento e do “quem sou”. Nas paixões, em que ama por dois, se joga de cabeça, ainda que se esqueça onde a deixou. A circunstancial aparência tímida de momento, oculta uma doce fera destemida por dentro, com muita química flu��da, por sinal. Seu envolvimento chega a ser uma troca espiritual, precedendo cada instante ora transformado em um tsunâmico ritual. Mas nos seus sonhos de amor, entre heroínas e heróis, o empático e intimista encantamento, que comparte desde dentro, é de longe, e à primeira vista, o ingrediente principal. Quando e sempre caído em paixão, e(n)leva o nível do astral e carrega um incontrolável sorriso que vai escapando, estampado na cara boba de pobre pidão. Podemos falar dos pés que o peixe não tem, por isso anda nas nuvens, pisa as estrelas, e nunca o chão. Mas é o seu olhar sonhador, distante e aparentemente distraído, que faz de tudo ao seu redor um tanto mais inspirador, o que nele chama sempre a atenção. Magicamente penetrante e coberto por uma aura não intencional de certo mistério, de modo irreprimível ou até mesmo sério, lê nas entrelinhas e parece que advinha e pode ver o que há de essencial por trás de cada coisa ou coração. Só precisa que lhe digam o dito óbvio, pois o resto decifra previamente por intuição. Vem de devanear o fato que idealiza o encontro inesquecível, mas como é normal, ao aterrizar no chão, é bem possível que, na hora que mais importa, ao invés de pronto, fique mesmo sem reação. Aspira fundir-se em êxtase num só, vivendo uma espécie de transcendente loucura visceral, onde, de reprente, quer evadir-se do mundo em uma aventura sem volta. Mas se, de modo fatal, tiver que desatar do enlace o nó, vai e se solta, dando vazão, em ruínas e pó, a um indelével final sem resposta. E, se depois de ilusão criada, a quimera for mesmo dilacerada, tudo certo se for o grande sofredor, pois sua sina natural é a arte de amar o próprio amor. Cedo ou tarde, dá as costas para a dor, e logo o que faz é voltar a sonhar e deslumbrar a eterna paz interior. Para Peixes, nem mesmo a palavra amor é algo preciso para ser possível traduzir ou descrever aquilo que sente e anseia em outro nível, como já leu, por aí, este autor. Nele, sobra-lhe candura entusiasta, faz dos romances o melhor; um caloroso par, entregue de corpo e alma, que não hesita dar de si todo o suor. Mas traz consigo o charme e o perigo de um elemento extraconjugal que revela a poucos: o seu quê enigmático e um tanto absorto de pertencer a algo maior, em uma união prévia a qualquer relacionamento no plano terrenal. É a sua aliança com a unidade cósmica, onde vive sua exclusiva entrega à comunhão universal. Mas, por também ser dono de si, e como tal, se por acaso fugir, escorregar e lhe escapar das mãos, rumo a um secreto abrigo oceânico, pode ser só a busca de um respiro, não um definitivo tchau. Mais sofre quando fere, que quando ferido. E entre devorar-se com a culpa ou optar por um ato nobre e destemido, não tardará a rogar perdão e buscar ajuda. Pode ser que vá com lágrimas e soluços quando for pedir desculpas, e o alívio venha em tom de forte comoção, justo por desenvenenar-se do pesado chumbo que não pertence a seu coração. Há, claro, para tudo, em certa medida e circunstância, inteligível exceção. Se se sentir injustiçado ou abusado, pode falar mais alto sua noção de integridade em qualquer situação. Não tenderá a guardar rancor, mas buscará o rápido afastamento e usará do voluntário esquecimento diante de já tomada decisão. Para o acontecimento que pôs fim, a despreocupação com ele virá na sua mesma proporção. Caso não seja por paixão, se as borbulhas que lhe cercam entrarem em ebulição, é claro sinal de que por um momento logo é capaz de tornar-se um tubarão. Não é que agora seja mau ou não tenha boa intenção; mas todo o enfurecido maremoto, longe de indicar, por todos os lados, só desolamento e total destruição, pode ser um desafogo, para um caminho novo, com sentimento melhor dosado, ao desfazer-se do que lhe causa mal. Logo tudo serão águas passadas, que dão lugar à renovação; e já purificado, aplaca-se o abalo sísmico do seu coração. Como se nada nunca houvesse acontecido, e tudo estivesse normal, as coisas vão perdendo o sentido, e o passado é suprimido, pois o peito já se vê invadido por explosão de emoção mais atual. Cada uma delas dinamita, a cada segundo, feito iridescentes bolhas de sabão. Sem saber bem por quê ou de onde, o sentimento do mundo em fractal vem como dilúvio, num aluvião torrencial. Sente por osmose; impacta-se primeiro, depois se livra como pode. Dói de tanto que absorve. Mas quem tá na chuva é pra se molhar; uma acalentadora roupa seca e uma quente xícara de chá não hão de faltar assim que a tempestade se aplacar. Em último caso, poderá representar a “dança na chuva”, ou ainda guardar, num arquivo invisível, cada informação retida, através das ondas da vibração sentida, para quando delas quiser usar, a fim de, modo infalível e imperceptível, fazer qualquer jogo virar. Em autoproveito e exatamente do seu jeito, o desafio será mais fácil para quem de modo mais sutil souber ganhar. Ainda por cima, é o ser do indubitável, justo por conter em si o inexplicável. Tem algo de inacessível e insondável, e se acredita que é possível, pode, mesmo que em imaginação, tocar o intangível e decodificar o indecifrável. Desprende-se do eixo cármico da cíclica evolução espiritual, que o levaria a ser sempre um redimido mortal, para se elevar em ascensão legítima ao que sabe ser o direito de logo trilhar o próprio caminho em um despertar autodivinal. Ainda representa a luz que ilumina a escuridão e as respostas repentinas à mais ininteligível questão. Além disso tudo, é ainda mais: o ser do absoluto, do infindável e das formas imateriais. Sabe-se que é vulnerável, mas jamais desprotegido. Não há gelo que não se derreta frente a alguns momentos consigo bem vividos. Ouviente sensciente, é leal ombro amigo. Se for para compartilhar a vivência de seus sonhos secretos, vai direto ao fundo do mar, a fim de mostrar seus tesouros escondidos. À princípio, chega ao mundo desarmado, mas, mais ao final, é quem, em missão de paz, vai desarmar aos demais, para mostrar-lhes novos mundos, muito além do banal, abrindo um portal para a conexão com mistérios mais profundos, como em si, há muito tempo, já se sabe que faz. Se parece que nunca tem controle sobre a vida, o melhor é não perder seu foco central de vista: o Despertar para o que acredita, seguindo seus passos, com desembaraço, sem qualquer penar. Não tendo sequer nenhum inimigo mortal de verdade, e sabiamente rendido, é a luta nobre e sutil, que traz a lição cabal do zodíaco. Desnuda por completo o humano, para torná-lo frente a todos, em cada especialidade, um igual. E, assim como as gotas que formam o oceano, sabe que não há separação quanto ao que liga cada ente ao outro, sendo qualquer desencontro meramente ocasional. E a completar seu dote amoroso e espiritual, sua sexualidade tântrica lhe proporciona a perfeita sintonia do alheamento de um estímulo supravital. Já na vida quotidiana, mal sabe o que é praticidade e dispensa a monotonia, pois prefere a liberdade criativa para gerir seu próprio caos. Por fora, tem carisma e é um tanto simpático. Por dentro, tranquilamente inquieto, de desafios colossais a resolver consigo está repleto. E como se reenergiza do mundo ficando a sós (ora no quarto, ora em si, ora no mato, ora sem abrigo, ora em qualquer pedaço), pode ser introspectivo; às vezes até meio fleumático. Frente a isso, é um ser que teria tudo para se indagar se nasceu normal ou se é substrato lunático. Faça-se lembrar desde já que o oceano, berço de remotas memórias onipresentes de tudo o que foi e é humano, é o seu grandioso habitat. Com a tentação de ondas livres, que o levam e o trazem sobre as quais navegar, lança-se a viajar para avante do horizonte longínquo até onde os impressionáveis olhos fixos podem alcançar. O que deseja seguramente está ofertado muito além-mar. E a fim de chegar, vai a barco à vela, a braçadas ou mesmo a remar, desde que vá. Não pare por cá. De que valeria, justo agora, parar de sonhar? E nisso, pouco se ajeita o prumo, porque o rumo logo pode mudar. Se lhe faltam forças, um sopro esperançoso de alento interior as recuperará. Para esta longa e incerta jornada, há que se estar abastecido de uma inenarrável utopia, que mira um maná a cada dia, na busca de se ter a certeza, ainda que cega seja a guia, de que a vida mais uma vez de sentido se recobrirá: de plena felicidade, mesmo que seja tarde para se presenciar, por uma única via, o que antes era uma promessa, outrora fantasia, mas que dentro da gente sempre foi realidade. Eis quem somos; eis a nossa verdade. É uma benção ou maldição? Que o seja em eterna profusão, e continue a lhe sobrar o aprendizado da infinita Sabedoria e magna Compreensão. Porém, como para outras naturezas essa se faz incompreensível, não tente nos entender (essa tarefa só cabe a nós), porque Peixes é o TUDO e o TODO, sem NADA precisar ser…Mas não se prenda só ao que foi dito, pois a cada segundo podemos lhe surpreender. Contudo, já que é preciso, continue a navegar, só ou acompanhado, pois o que está a valer é que em si é um milagre bem-aventurado(a) e assim pra sempre há de ser!
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