#MARCELA CIVIDANES GALLIC
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revistazunai · 6 years ago
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Torre de Babel 1: R. H. Blyth
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                                                                     Gakushuin University, Tokyo, 1962.
HAIKU
Volume Dois: Primavera
(Pp. 345-640)
In the midst of the moor
Flutters a butterfly
In the rays of the evening sun.
No meio à poça
volteia a borboleta
nos raios do sol da tarde
Hokushi
The Great Morning:
Winds of long ago 
Blow through the pine-trees.   
A Grande Manhã:
ventos de outrora 
balançam pinheiros 
Onitsura
PRIMAVERA
Na primavera, névoa e neblina envolvem campos e colinas de manhã e de noite. Os dias são longos se comparado com aqueles de inverno, e existe muito vento durante o dia, vento que movimenta a si mesmo e que causa movimento em outros. O inverno é a estação do silêncio, mas quando vem a primavera, não somente águas em campos e vales mas também skylarks* no paraíso azul e pássaros nos bosques enchem o ar com sons alegres. O “uguizu”, ou moinho Japonês é um pássaro pequeno aproximadamente do tamanho de um pardal, marrom, com o peito esbranquiçado. Sua música é ouvida como “ho-hoh, hokekkyo. Por essa razão ele é chamado “pássaro leitor de sutra”. É também chamado de “pássaro amarelo”; pássaro contador da primavera, pássaro poema, pássaro de cheiro doce. Na arte está conectado com flores de ameixa como pardais estão com o bambu.
Sapos são solenemente alegres, desagradável tribo que adiciona alegria a pelo menos uma nação, porém o mais estranho tema de Haicai é o amor aos gatos. Aqui o haicai mostra suas origens e sua conexão com senryu.
As flores da primavera são a Camélia, a ameixa, o pêssego e a cereja. Branca ou vermelha,  flores rosadas da camelia no início da primavera. As folhas são lindas e os galhos adequados para arranjo de flores. O pêssego não é um tema comum para haicai mas a ameixa sim e fica somente atrás das flores de cereja, e para alguns poetas como Issa por exemplo ela é a preferida. As flores de cerejeira são praticamente sinônimos do próprio Japão e elas são impregnadas com um impressionante alcance de pensamentos e sentimentos.
                           *uma espécie de passarinho espalhada pela Europa e Ásia
  A ESTAÇÃO
Spring begins
Quietly
From the stork’s one pace.
Primavera começa
silenciosamente,
como passos de cegonha.
Shōha
Este verso quase desafia uma explicação, apesar de ser de fácil entendimento. A primavera costumava começar em fevereiro com o ano novo do calendário lunar. A cegonha, como símbolo de longevidade, é associada com o ano novo, e quando levanta silenciosamente uma pata e a coloca silenciosamente no chão novamente, ela está em harmonia com o nosso sentimento de tranquilidade e a nobreza de um recém nascido.
At every gate,
Spring has begun
From the mud on the clogs.
Em todo portão
Primavera começou
Lama e tamancos.
Issa
A day of spring;
In the garden,
Sparrows bathing in the sand.
Dia de primavera
no jardim, pardais
banham-se na areia
Onitsura 
In my hut this spring,
There is nothing, -
There is everything!
Minha cabana,
na primavera
não há nada, - Há tudo!
Sodō
Lighting one candle 
With another candle;
An evening of spring.
Acendendo uma vela
Com outra vela;
Uma noite de primavera.
Buson
A kite 
Down on a low tree;
The spring day.
                                        Pipa virada 
na árvore do vale
dia de primavera 
Shiki
Spring has come 
In all simplicity 
A light yellow sky.
Primavera vem 
em sua simplicidade 
céu amarelo
Issa
In the centre,
Mount Fuji towers up:
Spring in our country.
No ponto central 
monte Fuji eleva-se 
primavera no país 
Sho-u
A calm sunny day;
The monk of a mountain temple
Peeps through a part of the fence.
Dia calmo de sol
pela cerca, o monge espreita
do templo da montanha
Sho-u
*Tradução: Marcela Cividanes Gallic
Reginald Horace Blyth (1898-1964) foi um escritor inglês e estudioso da cultura japonesa. Ele é mais conhecido por seus escritos sobre o zen-budismo e poesia haicai, sendo autor da importante antologia HAIKU, em quarto volumes, ainda inédita no Brasil.
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revistazunai · 8 years ago
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Laboratório de Criação Poética - Marcela Cividanes Gallic
Antologia
  Águas turvas
Contorno de morada
Silêncio azul reflete bordas
Afogam palavras
Desmesuram vícios
Nado no claro espaço
Dissimulado em corpo cristalino
Assisto ao meu nada
Em suicidar de cores
Ao perder as flores
Na contramão inventada
 * * *
  Nuvens suspensas
Entrecorte de raios
Secas, as folhas
Dançam disformes
Caem e repousam
Na boca úmida do chão 
* * *
  Na paisagem de fendas
Em flutuantes territórios
Esquivo da ferocidade noturna
Tensionando a pele
No desnível do rochedo
Sorvendo o embaraço, devaneio
  Cicatrizes indeléveis
Regletadas em transe
Entreabrem cavidades
Salmouram-me por inteiro 
* * *
Once a voice
A bullet
A color
  Once an encounter
A uniform
An objection
  Once a man
A grave
Another civil war 
* * *
  Desproporção de pesares
Entre agarras roxas, amarelas, vermelhas
Corpos pluriformes alongam-se
Pela perscrutável via
Irremissível abismo entre névoas brancas
Agravam antebraços em pinças e abaulados
Retardam o céu do chão
Marcela Cividanes Gallic nasceu em Sāo Paulo, formou-se em Direito pela FMU (SP) e é mestre em Direito Comparado pela CWSL (San Diego, CA). Atua como empresária na área de moda, é poeta, compositora e praticante de escalada esportiva. Tem poemas publicados em blogs, antologias poéticas, na plaquete Coleção Poesia Viva do CCSP e em revistas eletrônicas como a Zunái.
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revistazunai · 10 years ago
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ESCULTURAS MUSICAIS 9
MARCELA CIVIDANES GALLIC
*
RED ROCKS
  *
XI -   estrutura, altar de granito  
         no deserto de chamas
*
XII -  passagem de fendas
         no inabalável ressoar
         acústico de abismos
*
  XIII -  forma fragmentária
         que vicia e anestesia
         espalhando entre os dedos
         cristais, fuligem
  *
XIV - despropósito esforço
         de mecanismos anatômicos
         para atingir a supremacia
  *
XV -  vermelha e desentranhada
         absorve com calma
         a voz emudecida
         no delírio da ascensão
  *
XVI - desordem de nervos
         regletando no improviso
         de faces cortantes
  *
XVII - adere ousada
          expele revoluta
          a hesitação
  *
XVIII - seqüências cadenciadas
           saudando o desígnio
  *
XIX -  fantasia, miragem
          contraposição de Vegas 
  *
XX -  da verdadeira imagem
         inundada de calcário e arenito
         paraíso ao pico, redenção
*
Marcela Cividanes Gallic (Lady Mar) nasceu em Sāo Paulo e reside na Califórnia onde realizou mestrado em Direito Comparado pela CWSL. Atua como empresária na área de moda. É poeta e praticante de natação e escalada esportiva. Tem poemas publicados em blogs e no site do CCSP. Edita o blogue do Laboratório de Criação Poética, http://labcripoe.blogspot.com/
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