#LITERALMENTE a minha vida inteira à espera
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anditwentlikethis · 2 years ago
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há 2 anos estava nervosa como nunca estive nervosa para mais nada na vida e também fui feliz como nunca irei voltar a ser na vida. 11 de maio de 2021 you will always be famous 💚
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imagines-1directioner · 4 years ago
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Pedido: oiê, quero um imagine com louis onde ele bate no carro da s/n e ela desce e começa brigar com ele, e ele fica sem reação pq ficou encantado por ela
Aqui está, amorzinho. Me diverti bastante escrevendo e espero que aconteça o mesmo com você quando ler. Obrigada por mandar o pedido e se tiver um tempinho, me conta o que achou, tudo bem? :)
Boa leitura 💖
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- Louis William Tomlinson, você está atrasado quarentena minutos! - a voz estridente da minha irmã quando atendi o celular foi a razão pela qual espremi os olhos, sabendo que a bronca seria grande.
- Eu estou chegando, relaxa. - tentei tranquilizá-la enquanto dirigia o mais rápido que a avenida permitia, mas pelo tom irado em que ela me xingava, a tentativa para amenizar a situação delicada em que estava preso não deu em absolutamente nada.
- Você perdeu praticamente toda a cerimônia de abertura. A Phoebe vai surtar se você não estiver aqui ao final da formatura!
- A culpa não é minha se o trânsito está insuportável. - sabia que mentir não era a melhor atitude a se tomar, mas em certos momentos a tal mentirinha podia me salvar de impasses que não seriam nada fáceis de resolver, como por exemplo o que estava tento agora.
- Você está me irritando, garoto! Eu te liguei há uma hora e nem banho você tinha tomado. Acha mesmo que eu vou cair nas suas mentiras ridículas?
- Tá bom, Lottie! Eu já entendi que estou errado, OK? Não precisa perder o respeito.
- Quando é que você vai entender que os erros devem servir de aprendizado? Você sempre faz dessas, Louis. Nunca chega no horário quando marcamos algum compromisso e ainda acha que tem direito de aumentar o tom de voz comigo? Me admira você ser o irmão mais velho dessa família! - com Lottie gritando no meu ouvido foi fácil perder a paciência por mais uma vez receber um sermão da minha irmãzinha. Com certeza ela aproveitava esses momentos para descontar toda a raiva acumulada em anos de convivência, fazendo com que tudo se tornasse pior, principalmente ao volante.
Aquela falação toda rolando em meu ouvido, juntamente com os barulhos externos da rua, acabou me distraindo - como já era esperado- recebendo buzinadas dos motoristas de todos os lados. E como se já não bastasse, entrei na contramão de repente e tive o privilégio de bater de frente com um carro que me pareceu recém saído da concessionária.
- Puta que pariu! - falei para mim mesmo ao me dar conta do estrago do meu e consequentemente do automóvel a minha frente, além do susto que tomei quando a batida de fato aconteceu.
- Que barulho foi esse? Você está bem?
- Avisa a Phoebe que a amo mas não sei se chegarei a tempo para ver o discurso. - resmunguei, fazendo um careta com os olhos fechados e a mão esquerda na testa, sinais claros de que não estava pronto para encarar outro esculacho sem nem ter tempo para respirar.
- Louis, mas você...
- Depois eu te ligo. - interrompi a fala da minha irmã assim que tomei coragem para dar a cara a tapa as responsabilidades de uma vez por todas. Contudo, ao ver que a proprietária da Range Rover - quase inteira- era o próprio anjo que caiu do céu com a pancada dos para-choques, não tive outra reação a não ser vagar pela própria imaginação ao ver tal ser humano.
A mulher era simplesmente linda da cabeça aos pés, fazendo com que eu me perdesse em sua beleza antes mesmo de sair do carro e observar as consequências da minha desatenção. Era possível vê-la andar de um lado para o outro, um tanto quanto nervosa. Eu sei que deveria ajudá-la instantemente, mas a visão que tinha naquele momento pareceu bem mais interessante do que os gritos que viriam em breve. Apenas saí da transe absurda quando a vi gesticulando para mim, completamente brava, como se fumaça saísse de sua cabeça. Mas ainda sim, a garota continuava muito, muito bonita.
- Você por acaso é cego, ou o quê? Tem uma baita placa indicando que não pode virar aqui! - argumentou irritada, enquanto eu passava as mãos em meu queixo, demonstrando perplexidade por ter batido de frente com o amor da minha vida. Literalmente. - Além de cego é mudo, homem? Alô! Eu estou falando com você! - estalou os dedos bem perto dos meus olhos, fazendo com que um sorriso bobo abrisse em meus lábios.
- É.. Mil desculpas por ter feito isso. - respondi coçando a nuca. - Eu estava no celular e..
- Ah, claro! - deu uma risada fraca e sarcástica, mostrando o sorriso mais lindo que já tive a honra de presenciar. - Ninguém te ensinou que é proibido usar o celular enquanto dirige? - indagou sem paciência. - São pessoas como você que causam tantas mortes no trânsito!
- Eu sei, eu sei. Peço perdão por isso, mas a pressa as vezes se torna a nossa pior inimiga.
- Isso não justifica a sua falta de atenção, cuidado e responsabilidade. - rebateu. - Além disso, este bairro tem limite de velocidade, rapaz.
- Me desculpa. - repeti novamente, agora tentando demonstrar seriedade e arrependimento na intenção da situação se resolver o mais rápido possível para que eu pelo menos soubesse o nome da minha futura namorada.
- É só isso que você sabe dizer? Desculpa? - a cada vez que ela aumentava o tom de voz e me encarrava com o olhar furioso porém brilhante e sedutor, eu ficava cada vez mais encantado com aquela mulher. Ela não usava nada muito chique, sexy ou formal demais para uma sexta-feira. Apenas vestia uma calca jeans e um moletom bordô, que caiu perfeitamente naquele corpo cheio de curvas. O cabelo, que era jogado para o lado toda vez que via o estrago do próprio automóvel, me deixou totalmente vidrado na figura esculpida por Deus, sendo repleta de detalhes que precisariam de horas para serem contemplados. - Ei, você está com algum problema? Não escutou nada do que eu disse?
- Acho que o impacto da batida afetou meu raciocínio. - menti, apenas para que tentasse de alguma forma fazê-la se acalmar e assim repetir o que disse no momento em que estava admirando suas qualidades externas.
- Quer que eu ligue para a ambulância? - por um instante, vi sua feição brava desmanchar-se e ela vir até mim, um pouco preocupada eu diria.
- Não, não, está tudo bem. - respondi com um sorriso calmo. - Mas quero que você me ligue, pode ser?
- Eu mereço. - a moça levou as mãos até o rosto e balançou a cabeça negativamente após a minha cantada falha e em um momento nada oportuno. Pelo menos para ela.
- Para eu pagar pelo estrago que causei no seu carro, é claro. - ao perceber que não havia causado uma segunda bela impressão e acabei fazendo papel de babaca, tentei contornar a situação da primeira forma que me veio à cabeça e vejo-a aceitar minha sugestão, pronta para anotar meu número no smartphone. - Meu nome é Louis, caso queira colocar na lista de contatos e saber quem detonou o seu presente.
- Como sabe que o carro foi um presente? - eu não sabia, apenas deduzi pelo carro ainda estar sem placa, mas aproveitei a oportunidade dada pelo universo para ganhar uma mínima vantagem em cima disso.
- Tenho algumas habilidades bem interessantes, sabe? Hoje mesmo senti que conheceria uma garota linda em um acidente de carro. E tenho quase certeza que ela possa ser você. - pela primeira vez, a moça lançou um sorriso, mas não deixou de demostrar insatisfação pela revirada nos olhos.
- Eu te ligo amanhã para acertamos as contas.
- Esperarei ansiosamente! - comentei de forma alegre porém descreta quando ela se distanciou de mim e entrou no carro, seguindo em frente enquanto fiquei mais alguns segundos babando na bela mulher presa em minha memória, a qual seria a mãe perfeita para os meus filhos
***
- E foi assim que a gente se conheceu, filha.
- Você ficou todo bobo quando viu a mamãe que nem perguntou o nome dela, pai. - Zoe, minha primogênita de apenas seis anos, ria do modo como me comportei diante de S/N no dia em que nos conhecemos, cerca de doze anos atrás.
- Ele era o próprio pateta, filha. Não teve reação nenhuma ao me ver. - minha esposa surgiu na sala, e sentou-se no sofá, junto a nós para que relembrássemos da situação relativamente engraçada, já que uma batida qualquer nos levou à montagem de uma linda família.
- Claro, sua beleza me causou um impacto bem maior do que o acidente.
- E eu pensando que você tinha se machucado. - comentou com certa indignação, balançando a cabeça de forma negativa enquanto soltava um riso fraco, assim como eu.
- Mas espera aí, o que aconteceu depois? - Zoe franziu o cenho, expressando tamanha curiosamente em sua fala.
- Eu fui massacrado pela família inteira por ter perdido a formatura da tia Phoebe. - Zoe e S/N riram alto, uma vez que o passatempo preferido delas era tirar sarro de mim. E mesmo que isso as vezes me deixasse minimamente irritado, adorava vê-las sorrindo para os ares. - Mas tudo valeu a pena porque no dia seguinte eu e a mamãe tivemos nosso primeiro encontro. - a informação dada por mim surgiu em boa hora, pois assim pude trazer S/N para perto, tendo uma desculpa qualquer para sentir novamente seu perfume ��nico, o qual tinha o poder de arrepiar todos os meus pelos quando o aroma passava pelas narinas.
- No mecânico. - completou ela, soltando um riso leve, que se tornou mais forte quando nossa filha gargalhou.
- Ei, mas depois eu te paguei um café e uma torta!
- É, essa parte até que foi quase romântica.
- Vocês se beijaram? - a garotinha perguntou rapidamente, com os olhos arregalados.
- Vai, conta para ela que foi você quem me beijou, dona S/N.
- A gente passou horas conversando, filha. E quando fomos embora, seu pai me pediu um beijo e eu dei. - respondeu rindo, de forma envergonhada.
- Que fofinho. - a pequenina deu uma risada tímida, levando as mãozinhas ainda em crescimento até a boca, sendo o motivo do nosso sorriso ao ver aquela coisinha preciosa interessada na história.
- Sabe que eu também achei? - comentei ao pegá-la no colo e abraçá-la com força. - Agora que respondi sua pergunta, você vai cumprir o combinado, certo?
- Sim, senhor.
- Qual era o combinado? - S/N perguntou ao se aproximar alguns centímetros de nós.
- Eu devo tomar banho. - Zoe deu um sorriso amarelo, já que sempre fugia do compromisso com o chuveiro.
- Ótimo! Então vai lá, antes que eu corra pela casa toda atrás da senhorita e te molhe de roupa e tudo! - brinquei fazendo uma voz engraçada, responsável pelo gritinho fino e risonho dela, que correu diretamente para o banheiro após fugir das minhas cócegas.
- Pensei que você ia mencionar para ela os mínimos detalhes sobre o que aconteceu depois que saímos da confeitaria.
- Quais detalhes? - me fiz de desentendido. - Que a mãe dela é uma safada e não resistiu aos meus encantos, me levando para o próprio carro e transando comigo ali mesmo? - S/N deu uma gargalhada alta e estapeou de leve meu braço logo em seguida, provavelmente por tocar em um assunto pouco falado entre nós.
- Você não presta, Tomlinson.
- Foi você quem me arrastou para o carro.
- Queria conhecer as habilidades que você mencionou quando nos conhecemos. - a mulher deu um sorriso sacana para mim e aproximou seus lábios dos meus, apenas roçando-os devagar.
- Hoje você conhece muito bem cada uma delas.
- Tenho uma memória muito fraca, sabia? - dessa vez, fui eu quem gargalhei e senti meu membro se animar dentro da calça, visto que S/N sabia exatamente como me instigar de verdade.
- Temos vinte minutos até que a Zoe saía do banheiro. - sussurrando a frase na beira do ouvido, escutei ela rir fraco, sendo a deixa perfeita para um beijo na lateral de seu pescoço. - Acha suficiente?
- Não. - disse junto de um suspiro após meus lábios molhados afastarem-se da região em que estavam. - Mas dá para o gasto. - mordendo o lábio inferior, S/N me puxou pela mão até o nosso lindo quarto, cenário onde revivemos a nossa primeira vez no carro que fiz questão de destruir porque sabia que a dona dele seria minha para sempre.
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xoxo
Ju
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bidrodmistaka · 5 years ago
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                             TASK 1:𝘔𝘢𝘨𝘯𝘶𝘴' 𝘚𝘰𝘶𝘯𝘥𝘵𝘳𝘢𝘤𝘬𝘴:
                 DAS ALTE LEID - SEITEN A UND B
                                            ( @strangstasks ) 
(TW: imagens em flash no lado B)
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𝚂𝙴𝙸𝚃𝙴 𝙰: 𝘡𝘷𝘦𝘯'𝘴 𝘍𝘢𝘷𝘰𝘳𝘪𝘵𝘦𝘴: 
Zven demorou a encontrar a música, do mundo trouxa ou não. Cresceu com a música clássica, uma paixão que ainda cultiva, mas quando encontrou outros estilos, acabou se apaixonando. Sempre procura músicas novas, que estejam em alta tanto na Alemanha quanto no mundo, portanto conhece uma variedade de músicas. No lado A do disco, podemos encontrar as favoritas do bruxo. 
1. 𝙴𝚟𝚎𝚛𝚢𝚋𝚘𝚍𝚢 𝚆𝚊𝚗𝚝𝚜 𝚝𝚘 𝚁𝚞𝚕𝚎 𝚃𝚑𝚎 𝚆𝚘𝚛𝚕𝚍 - 𝚃𝚎𝚊𝚛𝚜 𝚏𝚘𝚛 𝙵𝚎𝚊𝚛𝚜:  Talvez uma das músicas que pra Zven mais o descrevem. Ele sente que a música representa todo o percurso dele: desde a família que o criou com certos ideais, os Comensais, tomar a decisão de abandonar algo que foi sua vida por tanto tempo... Em Everybody Wants to Rule The World, Zven encontra alguém que o entende. Não que Chris Hughes, Ian Stanley e Roland Orzabal o conhecesse ou soubessem dele, haha, mas ele poderia pelo menos fingir que a música era sobre ele e sua trajetória no mundo da magia.
“𝗪𝗲𝗹𝗰𝗼𝗺𝗲 𝘁𝗼 𝘆𝗼𝘂𝗿 𝗹𝗶𝗳𝗲, 𝘁𝗵𝗲𝗿𝗲'𝘀 𝗻𝗼 𝘁𝘂𝗿𝗻𝗶𝗻𝗴 𝗯𝗮𝗰𝗸.“
2. 𝚁𝚘𝚌𝚔 𝙼𝚎 𝙰𝚖𝚊𝚍𝚎𝚞𝚜 - 𝙵𝚊𝚕𝚌𝚘: Rock Me Amadeus não tem um significado tão profundo pra Zven. Não muito além das noites em Berlin em bares trouxas. Gostava de Mozart, de onde o cantor Austríaco tirou que ele seria mulherengo? Ou talvez ele fosse. Os devaneios de Zven em um bar qualquer sobre a música só durava o suficiente para que alguma moça o puxasse para dançar, e naquele momento ele até aceitaria ser chamado de Amadeus.
“𝗨𝗻𝗱 𝗮𝗹𝗹𝗲𝘀 𝗿𝗶𝗲𝗳: „𝗖𝗼𝗺𝗲 𝗮𝗻𝗱 𝗿𝗼𝗰𝗸 𝗺𝗲 𝗔𝗺𝗮𝗱𝗲𝘂𝘀“”
3. 𝙷𝚎𝚛𝚘𝚎𝚜 - 𝙳𝚊𝚟𝚒𝚍 𝙱𝚘𝚠𝚒𝚎: Sua música favorita de Bowie foi lançada em um momento muito crítico de Zven; tinha 21 anos e a Grande Guerra Bruxa começara havia 7 anos. Sua família inteira estava envolvida com os Comensais, e ele era um deles há 4. Encarava a marca no braço quando Heroes começou a tocar. Zven, na época, não tinha duvidas sobre a filosofia que seguia, ou sobre estar do lado certo, mas não sabia se morreria pela causa, ou pelo líder. Heroes chegou em um momento e lhe trouxe um pouco de paz naquele caos, e acabou se tornando uma das músicas que o ajuda a se acalmar, não somente pela melodia, mas também pelo significado dela.
“𝗢𝗯𝘄𝗼𝗵𝗹 𝘀𝗶𝗲 𝘂𝗻𝘀𝗰𝗵𝗹𝗮𝗴𝗯𝗮𝗿 𝘀𝗰𝗵𝗲𝗶𝗻𝗲𝗻, 𝘄𝗲𝗿𝗱𝗲𝗻 𝘄𝗶𝗿 𝗛𝗲𝗹𝗱𝗲𝗻 𝗳ü𝗿 𝗲𝗶𝗻𝗲𝗻 𝗧𝗮𝗴.“
4. 𝙲𝚎𝚛𝚎𝚖𝚘𝚗𝚢 - 𝙽𝚎𝚠 𝙾𝚛𝚍𝚎𝚛: Quando se casou, Zven sabia que era só por imagem. Não podia negar que nutria um certo afeto pela esposa, mas toda aquela cena foi uma fachada. Precisava fingir que tinha mudado completamente depois de o libertarem, e casar-se com uma nascida trouxa era a melhor forma. Nunca destratou a moça, pelo contrário, a tratava muito bem e tentava lhe dar tudo de melhor. Acontece que um casamento se nutre com amor, e apesar de terem gerado juntos uma menininha, Zven não conseguia se manter preso. Ceremony era a música que tocava em sua mente durante o casamento; sabia que era sobre um casamento falho, e soube que aquele era o seu destino também, mesmo que tentasse o manter. Acabaram divorciados não muito tempo depois.
“𝗧𝗵𝗲 𝘁𝗶𝗺𝗲𝘀 𝘀𝗵𝗲 𝗰𝗿𝗶𝗲𝗱, 𝘁���𝗼 𝗳𝗿𝗮𝗶𝗹 𝘁𝗼 𝘄𝗮𝗸𝗲 𝘁𝗵𝗶𝘀 𝘁𝗶𝗺𝗲.”
5-8. 𝚂𝚢𝚖𝚙𝚑𝚘𝚗𝚢 𝙽. 𝟿 - 𝙻𝚞𝚍𝚠𝚒𝚐 𝚅𝚊𝚗 𝙱𝚎𝚎𝚝𝚑𝚘𝚟𝚎𝚗: Música clássica sempre foi uma paixão de Zven, era o gênero que prevalecia na casa dos Krause, e o único que ele conheceu por um bom tempo. Beethoven é seu favorito, e a Sinfonia número 9 é a sua composição favorita. Ele a ouve quando lê, quando descansa, ás vezes até quando dorme. Se quiser vê-lo de bom humor, coloque a música pra tocar.
9. 𝚄𝚎𝚋𝚎𝚛 𝙳𝚎𝚗 𝚆𝚘𝚕𝚔𝚎𝚗 - 𝚁𝚎𝚒𝚗𝚑𝚊𝚛𝚍 𝙼𝚎𝚢: Reinhard Mey era popular na época, e Über den Wolken foi uma das únicas músicas dele que Zven chegou a ouvir. Não era bem um estilo que ele gostava tanto, mas essa música em especial o fazia lembrar de quando jogou Quadribol em Durmstrang, em seus anos como estudante. Então acabou se tornando uma das favoritas para ouvir durante a Guerra; não tinha tanto tempo para si e para relembrar de momentos bons, portanto a música acabou se tornando uma de suas favoritas.
“𝗨𝗲𝗯𝗲𝗿 𝗱𝗲𝗻 𝗪𝗼𝗹𝗸𝗲𝗻 𝗺𝘂𝘀𝘀 𝗱𝗶𝗲 𝗙𝗿𝗲𝗶𝗵𝗲𝗶𝘁 𝘄𝗼𝗵𝗹 𝗴𝗿𝗲𝗻𝘇𝗲𝗻𝗹𝗼𝘀 𝘀𝗲𝗶𝗻.”
10. 𝙳𝚎𝚛 𝙺𝚘𝚖𝚖𝚒𝚜𝚜𝚊𝚛 - 𝙵𝚊𝚕𝚌𝚘: Falco de novo estava presente nas noites por Berlin, em bares e festa. Desta vez, Zven não entendia a música. Sabia que tinha um ritmo bom, as garotas gostavam de dançar a musica, mas demorou para entender a letra. Nunca foi tão ingênuo, mas não era bom com a cultura dos trouxas. Afinal de contas, qual era o problema do Herr Kommissar o ver?
“𝗔𝗹𝗹𝗲𝘀 𝗸𝗹𝗮𝗿, 𝗛𝗲𝗿𝗿 𝗞𝗼𝗺𝗺𝗶𝘀𝘀𝗮𝗿?”
11. 𝙵𝚛𝚎𝚎 𝙱𝚒𝚛𝚍 - 𝙻𝚢𝚗𝚢𝚛𝚍 𝚂𝚔𝚢𝚗𝚢𝚛𝚍: O estilo dos americanos chamava a atenção de Zven, e Lynyrd Skynyrd em especial acabou o conquistando. Free Bird se tornou mais uma das músicas de seus devaneios; sonhava em ser livre também, viajar por aí. Teve a oportunidade quando fugiu com o irmão pós Primeira Guerra, quando passou os anos visitando outros países e estudando. A música se tornou o hino dos anos em que Zven se sentiu livre de verdade, apesar de estar em fuga. Além disso, se sentia representado de alguma forma. O casamento acabou pois Zven não conseguia mudar alguns hábitos, e também por se sentir preso à garota.
“𝗕𝘂𝘁, 𝗶𝗳 𝗜 𝘀𝘁𝗮𝘆𝗲𝗱 𝗵𝗲𝗿𝗲 𝘄𝗶𝘁𝗵 𝘆𝗼𝘂, 𝗴𝗶𝗿𝗹, 𝘁𝗵𝗶𝗻𝗴𝘀 𝗷𝘂𝘀𝘁 𝗰𝗼𝘂𝗹𝗱𝗻'𝘁 𝗯𝗲 𝘁𝗵𝗲 𝘀𝗮𝗺𝗲.”
12. 𝙷𝚎𝚛𝚣𝚎𝚕𝚎𝚒𝚍 - 𝚁𝚊𝚖𝚖𝚜𝚝𝚎𝚒𝚗:  O metal alemão de inicio o surpreendeu, e não tanto de uma forma ‘boa’. Era revoltante, fugia muito dos conceitos bruxos e de todo aquele conservadorismo que aprendeu em sua família, mas mesmo assim, não conseguia deixar de ouvir. A banda que chamou sua atenção ainda era um tanto pequena, mas o agradava. A música Herzeleid, em particular, tinha muito a ver com seu conceito de amor: no fim, só lhe causava dor. 
“𝗕𝗲𝘄𝗮𝗵𝗿𝗲𝘁 𝗲𝗶𝗻𝗮𝗻𝗱𝗲𝗿 𝘃𝗼𝗿 𝗱𝗲𝗿 𝗭𝘄𝗲𝗶𝘀𝗮𝗺𝗸𝗲𝗶𝘁.“
13. 𝙱𝚞𝚝 𝙽𝚘𝚝 𝚃𝚘𝚗𝚒𝚐𝚑𝚝 - 𝙳𝚎𝚙𝚎𝚌𝚑𝚎 𝙼𝚘𝚍𝚎: Talvez ter mudado de lado não tenha sido algo tão ruim quando Zven pensou que seria. Tudo bem que acabou arruinando sua reputação de várias formas, mas a verdade era que desde muito pequeno se sentia preso aos ideais da família. Sim, ele concordava com muita coisa na época, mas ao mesmo tempo sabia que lá fora havia muito mais. Ter se entregado abriu algumas portas para explorar tudo o que ele não conhecia, e talvez dar um tempo de todas as antigas obrigações.
“𝗝𝘂𝘀𝘁 𝗳𝗼𝗿 𝗮 𝗱𝗮𝘆 𝗼𝗻 𝗮 𝗱𝗮𝘆 𝗹𝗶𝗸𝗲 𝘁𝗼𝗱𝗮𝘆, 𝗜'𝗹𝗹 𝗴𝗲𝘁 𝗮𝘄𝗮𝘆 𝗳𝗿𝗼𝗺 𝘁𝗵𝗶𝘀 𝗰𝗼𝗻𝘀𝘁𝗮𝗻𝘁 𝗱𝗲𝗯𝗮𝘂𝗰𝗵𝗲𝗿𝘆.“
14. 𝚆𝚊𝚕𝚔𝚒𝚗𝚐 𝙸𝚗 𝙼𝚢 𝚂𝚑𝚘𝚎𝚜 - 𝙳𝚎𝚙𝚎𝚌𝚑𝚎 𝙼𝚘𝚍𝚎: Não há música que Zven ouça mais do que Walking in My Shoes quando se sente questionado. Ninguém viveu por ele ou ‘vestiu seus sapatos’. Não era uma vida tão fácil quanto parecia, e qualquer discordância com a familia traria uma vergonha imensa aos pais. Tomou decisões erradas, fez coisas das quais aprendeu a se envergonhar e que não teriam acontecido se soubesse das coisas que sabe agora, mas ele odeia que o julguem. 
“𝗡𝗼𝘄 𝗜'𝗺 𝗻𝗼𝘁 𝗹𝗼𝗼𝗸𝗶𝗻𝗴 𝗳𝗼𝗿 𝗮𝗯𝘀𝗼𝗹𝘂𝘁𝗶𝗼𝗻, 𝗳𝗼𝗿𝗴𝗶𝘃𝗲𝗻𝗲𝘀𝘀 𝗳𝗼𝗿 𝘁𝗵𝗲 𝘁𝗵𝗶𝗻𝗴𝘀 𝗜 𝗱𝗼. 𝗕𝘂𝘁 𝗯𝗲𝗳𝗼𝗿𝗲 𝘆𝗼𝘂 𝗰𝗼𝗺𝗲 𝘁𝗼 𝗮𝗻𝘆 𝗰𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝘀𝗶𝗼𝗻𝘀 𝘁𝗿𝘆 𝘄𝗮𝗹𝗸𝗶𝗻𝗴 𝗶𝗻 𝗺𝘆 𝘀𝗵𝗼𝗲𝘀.“
15. 𝟽𝟺𝟽 - 𝙺𝚎𝚗𝚝: 747 foi a primeira música que ouviu quando foi liberto, depois de realmente ‘mudar de lado’. Não falava sueco, mas a melodia o tocou de alguma forma, e quando descobriu a letra, se apaixonou mais ainda pela música. Ela o marcou pelo momento que estava vivendo, e acabou se tornando especial para Zven.
“𝗠𝗮𝘆𝗯𝗲 𝘁𝗵𝗶𝘀 𝘁𝗶𝗺𝗲 𝗶𝘁 𝘄𝗼𝗻'𝘁 𝗵𝗲𝗮𝗹, 𝗺𝗮𝘆𝗯𝗲 𝘁𝗵𝗶𝘀 𝘁𝗶𝗺𝗲 𝗶𝘁 𝘄𝗶𝗹𝗹 𝗯𝗹𝗲𝗲𝗱 𝘂𝗻𝘁𝗶𝗹 𝗜'𝗺 𝗳𝗿𝗲𝗲.“
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𝚂𝙴𝙸𝚃𝙴 𝙱: 𝘊𝘩𝘢𝘳𝘢𝘤𝘵𝘦𝘳 𝘐𝘯𝘴𝘱𝘪𝘳𝘢𝘵𝘪𝘰𝘯:
No lado B, músicas que foram inspiração para a criação de Zven, ou que encaixam na história/personalidade dele.
1. 𝙱𝚒ð𝚛öð 𝙼𝚒𝚜𝚝𝚊𝚔𝚊 - 𝙷𝚊𝚝𝚊𝚛𝚒: Essa música é 90% da minha base pro Zven, ela ta literalmente em todo lugar haha o título significa ‘uma linha de erros’, que é basicamente como eu vejo toda a trajetória do Zven: uma vida cheia de erros e decisões erradas. Ele faz o que acha certo pra ele, o que costumava ser, na verdade, o que era o certo pros Krause, mas acabou descobrindo que estava errado o tempo todo. Zven ainda não sabe se tomou a decisão certa quando decidiu ser testemunha para se salvar, ainda te medo de uma Terceira Guerra estourar e ele acabar morto por suas decisões. Tudo o que sabe é que conseguiu se salvar, e por enquanto, é o que importa.
“𝗣𝗲𝗿𝘀𝗶𝘀𝘁𝗲𝗻𝘁 𝘆𝗲𝘁 𝘀𝗼 𝘀𝗶𝗹𝗲𝗻𝘁, 𝘁𝗵𝗲 𝗰𝗿𝗶𝗲𝗿 𝗶𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝗱𝗲𝘀𝗲𝗿𝘁 – 𝘆𝗼𝘂 𝗵𝗮𝘁𝗲𝗱.“
2. 𝙳𝙴𝚄𝚃𝚂𝙲𝙷𝙻𝙰𝙽𝙳 - 𝚁𝚊𝚖𝚖𝚜𝚝𝚎𝚒𝚗: Zven ama a Alemanha. Apesar de gostar de descobrir outros países e suas culturas, sua casa sempre vai ser a Alemanha e ele não nega isso. Mas pra mim, no contexto de Zven, essa música fala mais sobre o sentimento dele sobre a família: os ama, mas também os odeia. 
“𝗪𝗲𝗿 𝗵𝗼𝗰𝗵 𝘀𝘁𝗲𝗶𝗴𝘁, 𝗱𝗲𝗿 𝘄𝗶𝗿𝗱 𝘁𝗶𝗲𝗳 𝗳𝗮𝗹𝗹𝗲𝗻.“
3. 𝚆𝙰𝚂 𝙸𝙲𝙷 𝙻𝙸𝙴𝙱𝙴 - 𝚁𝚊𝚖𝚖𝚜𝚝𝚎𝚒𝚗: Tudo o que Zven amou, se acabou em chamas. Durante grande parte de sua vida, ele só conhecia a família, seus ideais, e os Comensais. Em troca de poder, ele amou e abraçou a causa. Pela família, ele também escolheu seu lado. Descobriu depois que estava errado, tomou uma decisão e conseguiu sair livre depois de tudo. Hoje, Zven só tem a filha, e espera que a pequena não acabe da mesma forma que a família.
“𝗔𝘂𝗳 𝗚𝗹ü𝗰𝗸 𝘂𝗻𝗱 𝗙𝗿𝗲𝘂𝗱𝗲, 𝗳𝗼𝗹𝗴𝗲𝗻 𝗤𝘂𝗮𝗹𝗲𝗻.“
4. 𝙸 𝙲𝚘𝚖𝚎 𝚆𝚒𝚝𝚑 𝙺𝚗𝚒𝚟𝚎𝚜 - 𝙸𝙰𝙼𝚇: Novamente tocamos no ponto de como Zven vê o amor. Como Herzeleid representa a dor que vem junto, I Come With Knives representa a dificuldade que ele tem de expressar quando ama, e como acaba por machucar as pessoas.
“𝗜 𝗻𝗲𝘃𝗲𝗿 𝗽𝗿𝗼𝗺𝗶𝘀𝗲𝗱 𝘆𝗼𝘂 𝗮𝗻 𝗼𝗽𝗲𝗻 𝗵𝗲𝗮𝗿𝘁 𝗼𝗿 𝗰𝗵𝗮𝗿𝗶𝘁𝘆.“
5. 𝙸'𝚖 𝙽𝚘𝚝 𝙰𝚏𝚛𝚊𝚒𝚍 - 𝙴𝚖𝚒𝚐𝚛𝚊𝚝𝚎: Zven pode ser julgado pelas decisões e por tudo o que fez no passado; julgamento este que pode vir de ambos os lados. Alguns não acreditam que ele realmente é um homem mudado depois da Guerra, outros o chamam de traidor por ter abandonado os Comensais. De qualquer forma, Zven não se sente intimidado. Fez sua escolha pra se proteger, e apesar de não saber ainda se estava certo, conseguiu o que queria: liberdade.
“𝗡𝗼 𝘀𝗮𝗹𝘃𝗮𝘁𝗶𝗼𝗻 ��𝗵𝗲𝗿𝗲 𝗜'𝗺 𝗳𝗿𝗼𝗺, 𝘄𝗼𝗻𝗱𝗲𝗿 𝘄𝗵𝗼 𝗶𝘀 𝗳𝗼𝗼𝗹𝗶𝗻𝗴 𝘄𝗵𝗼.“
6. 𝙼𝙴𝙷𝚁 - 𝚁𝚊𝚖𝚖𝚜𝚝𝚎𝚒𝚗: Não é segredo que Krause é sedento por poder, e pode ser até um pouco ganancioso. Seus interesses se baseiam no que ele pode ganhar, e em como ele pode ser favorecido. Mehr ilustra bem esse lado dele, já que pra Zven, sempre há algo que ele possa ganhar ou algum jeito de se beneficiar.
“𝗪𝗮𝘀 𝗶𝗰𝗵 𝗵𝗮𝗯𝗲, 𝗶𝘀𝘁 𝗺𝗶𝗿 𝘇𝘂 𝘄𝗲𝗻𝗶𝗴.“
7. 𝙻𝚎𝚊𝚍 𝚈𝚘𝚞 𝙾𝚗 - 𝙴𝚖𝚒𝚐𝚛𝚊𝚝𝚎: Krause nunca pensou em se casar, isso era um fato. Não acreditava muito naquilo tudo, e achava desnecessário. Se você ama alguém, é mesmo necessário uma cerimônia pra demonstrar? Mas amor, para Krause, não era tão simples. Lead You On é sobre o casamento que acabou, ou os diversos relacionamentos que deram errado. Tem um bom relacionamento com a ex esposa, mas nada é suficiente para manter o homem em um relacionamento sério.
“𝗡𝗼𝗯𝗼𝗱𝘆 𝘀𝗮𝘃𝗲𝘀 𝗺𝗲. 𝗜'𝗺 𝗴𝗼𝗻𝗻𝗮 𝗹𝗲𝗮𝗱 𝘆𝗼𝘂 𝗼𝗻. 𝗡𝗼𝗯𝗼𝗱𝘆 𝗰𝗮𝗿𝗲𝘀 𝗶𝗻 𝘁𝗵𝗲 𝗲𝗻𝗱.”
8. 𝙻𝚘𝚟𝚎 𝙸𝚜 𝙻𝚘𝚜𝚝 - 𝙳𝚊𝚟𝚒𝚍 𝙱𝚘𝚠𝚒𝚎: Essa música me passa muito do que o Zven teria sentido quando fugiu, pelo menos durante a fuga e no começo de tudo. As coisas eram muito novas, principalmente porque a maior parte da família agora estava morta. Krause ainda era jovem, e tinha muito medo. Com o tempo se acostumou, até se sentiu livre, mas o inicio foi o pior, e Love is Lost, pra mim, retrata muito desse sentimento de ‘o que vai ser agora?’.
“𝗬𝗼𝘂'𝘃𝗲 𝗰𝘂𝘁 𝗼𝘂𝘁 𝘆𝗼𝘂𝗿 𝘀𝗼𝘂𝗹 𝗮𝗻𝗱 𝘁𝗵𝗲 𝗳𝗮𝗰𝗲 𝗼𝗳 𝘁𝗵𝗼𝘂𝗴𝗵𝘁. 𝗢𝗵, 𝘄𝗵𝗮𝘁 𝗵𝗮𝘃𝗲 𝘆𝗼𝘂 𝗱𝗼𝗻𝗲?”
9. 𝙳𝚞 𝙷𝚊𝚜𝚝 - 𝚁𝚊𝚖𝚖𝚜𝚝𝚎𝚒𝚗: Du Hast retrata MUITO bem o casamento de Zven. Nunca houve uma real promessa de amor, de lealdade ou de confiança. Ao menos não da parte dele. É muito simples: apesar de ter afeto pela moça, de nutrirem uma boa relação, nada era suficiente. E ele sabia desde o inicio que não daria certo, mas novamente, os interesses de Krause foram maiores do que qualquer outra coisa.
“𝗪𝗶𝗹𝗹𝘀𝘁 𝗱𝘂 𝗯𝗶𝘀 𝗱𝗲𝗿 𝗧𝗼𝗱 𝘂𝗻𝘀 𝘀𝗰𝗵𝗲𝗶𝗱𝗲𝘁, 𝗧𝗿𝗲𝘂𝗲 𝘀𝗲𝗶𝗻 𝗳ü𝗿 𝗮𝗹𝗹𝗲 𝗧𝗮𝗴𝗲? 𝗡𝗲𝗶𝗻!“
10. 𝚂𝚙𝚛𝚒𝚗𝚐 - 𝚁𝚊𝚖𝚖𝚜𝚝𝚎𝚒𝚗: Por fim, Spring me inspirou bastante na parte em que Zven acaba sendo levado pela família a fazer certas coisas. Sim, ele acreditava muito nos ideais dos Comensais, mas cresceu naquele meio e muitas das coisas acabaram sendo feitas por ‘pressão’. Spring é sobre isso, ao meu ver: sobre escolher algo mas ser levado a uma coisa extrema, que você não esperava inicialmente. A Guerra não foi uma escolha dele, apesar de ter defendido por um bom tempo.
“𝗜𝗰𝗵 𝘄𝗼𝗹𝗹𝘁𝗲 𝗻𝘂𝗿 𝘇𝘂𝗿 𝗔𝘂𝘀𝘀𝗶𝗰𝗵𝘁 𝗴𝗲𝗵𝗻, 𝘂𝗻𝗱 𝗶𝗻 𝗱𝗲𝗻 𝗔𝗯𝗲𝗻𝗱𝗵𝗶𝗺𝗺𝗲𝗹 𝘀𝗲𝗵𝗻.“
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euocultodemim · 3 years ago
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The Riverbed - Madrugada
“ Moon, how it falls on the field down among us. Rain, falls on the king, and his men on the riverbed. Now, now we meet after all these years” A repetição de músicas me encanta. Parece que elas sempre têm alguma mensagem ou representam algo do momento em que vivemos. Se não sua letra, sua melodia - se não sua melodia, sua letra - ou, ainda, ambas. Nos últimos meses, esta é uma música que não sai de mim e eu não saio dela. É impossível não relacioná-la com o meu cenário atual. Contaminada ou não, ao ouvi-la, vejo um cenário cinza e azul, muita poeira, uma espécie de fim de tarde caótico, lamacento, com cheiro de morte, inseto e putrefação. Mas não ela inteira. E não um caótico “barulhento”, mas um caótico silencioso. Um silêncio ora pesadíssimo, ora um melancólico belo, ora um melancólico orgulhoso, ora uma história de vida como qualquer outra, ora um renascimento divino e mudo. Um ciclo que se encerra, se inicia, se inicia, se encerra. Não é possível visualizar com clareza, porque onde há muita morte, deve haver muita criação. No entanto, na canção, a leitura da minha emoção é a de uma transição que se inicia. A luz sinaliza. A chuva vem soltar as lágrimas ao mesmo tempo em que inunda e limpa todas as impurezas, sujeiras, machucados. Nutre a terra. Mesmo o rei, que é rei, deverá ter a graça - a dádiva e maldição-dádiva - de receber a chuva.  “Do you my king, do you remember me? Yeah, I see your face before me now. And I'm telling you tonight, that I know we belong, beyond this life. The war has taken it's turn, and it ain't ever turning back”. Ainda, nenhum rei é só trono. Quem está do outro lado da coroa? O que precisa fazer um rei para se mostrar rei? Para sê-lo? É certo que ele deverá reinar. Supõe-se que reine. Não reinará sozinho, todavia.  Aquela face relegada para trás de seu robe eventualmente virá para a luz pedindo contemplação. Ambos, a face real e a face obscura pertencem uma à outra, para além da vida. Esse reencontro determina um momento crucial em toda a guerra. Em todo o cenário cinzenta e azulado que se desdobra por detrás de uma névoa. Esse reencontro muda o curso da guerra que ali se instalou. Muda o curso da história. O rei nunca será o mesmo, nem deverá ser. Vemos um momento de potencial transmutação, presente ou futura, ou presente e futura. “I grew to be a man A man who grew to be a king. Got a job at the mill, And when the war came I signed up for you”. A história fala por si. O rumo da vida, a construção do homem, a construção do rei. O moinho roda. O moinho gira. A vida se transforma, se desconstrói e se constrói. Se faz e se desfaz. Em algum ponto, talvez no sol do meio-dia, contudo, faz-se necessário sair das origens para ir em rumo à guerra, embora a saída não seja geralmente tão concreta nem tão efetiva quanto ingenuamente se espera a princípio. O homem vai à guerra. O homem vai à luta. Ele vai por si mesmo. E vai por aquele seu igual que se camufla na escuridão. “Every day now, I send a letter to the people back home. Oh, I bet you long for the life that you lived. Me and myself I got nothing to lose but this war. And I'm telling you the war that I fought It was wrong, And we must die. Well, now the shells are hammering down on the riverbed”. A conexão permanece. As raízes nunca desaparecem. E assim deve ser. Todo rei já foi homem, todo homem já foi menino. E todos eles não somente foram, mas são. Assim coexistem. Talvez algum deles seja nostálgico e anseia literalmente por aquela vida antiga.  Mas o rei e o homem não. Eles lutam. Eles anseiam por um futuro, através de sua luta presente, futuro esse que não lhes pertence. Eles não tem o que perder fora a guerra. Em algum ponto, porém, prostra-se a constatação de que a guerra não era exatamente o que se havia idealizado. Guerra para quê? Guerra para onde? Tanta morte para qual criação? Tanta morte para quê? Mas é preciso morrer. É preciso constatar a dubiedade desse confronto. A destruição pelas bombas é necessária. O rio continuará sendo, apesar disso, rio. Nunca será o mesmo, entretanto. A guerra próxima ao rio garante a morte, o nascimento, a destruição, a manutenção e, ao mesmo tempo, a renovação e transformação.  “Drums roll, And we must go. We must go, the enemy is upon us. Rise from your knee, And now, pull to the bridge”. Os tambores ditam o ritmo e eles demandam que o clímax se consuma. Eles demandam que o reencontro ocorra, que a morte se faça presente, que a guerra seja despida de sentido, para enfim o rio renascer em outra roupagem. A união diante de um inimigo se faz imprescindível. A ressurreição em vida, a lucidez em desespero, surge frente à ameaça, surge como a única opção. Tamanho inimigo só poderia gerar muito medo. Não mais “eu e eu”, mas um nós que se une frente à um estranho. Uma ponte entra na cena, para uma surpresa não tão surpreende. Caminhos existem, caminhos sempre existirão. E tudo coabita. Todas as cenas coexistem. “ Oh, brother don't turn, cause I'm right behind you now. Go on, go on, on up from the riverbed. For I'm telling you the war that I fought It was wrong, And we must die. It doesn't matter much now anyway, Tonight we unite”. Não mais “eu e eu”, nem “nós”, mas irmãos. Irmãos que morrem e, ao mesmo tempo, tornam-se um nesta morte que precisa ocorrer. Rio acima, sobem, sobem. Mas o rio não os protege da mudança. A mudança deve ocorrer. O rio movimenta. O rio é mover. Subi-lo significa ir contra seu sentido. No entanto, sobe-se o vale e se torna possível ver com maior amplitude. À beira da morte, à beira do precipício, vemos. Simplesmente vemos. Ainda assim, permanecemos no dito cenário cinzenta e azulado, onde o cheiro de morte é constante.  “And when we're pushing through, I turn around one last time, And through the fire and the rain I see the king's white flag. The king lives on, But everyone Everybody dies”. Eis que parece ocorrer, como toda reviravolta de uma grande história, uma traição do rei para com o homem, do rei para com o seu povo. Ou, por outra perspectiva, a necessária rendição. O rei se rende, deixando de sê-lo para, ao mesmo tempo, tornar-se um rei transformado. Rei ressurgido da guerra e das trevas, rei reformado. Somente o rei sobrevive. Mas, assim como o leito do rio, ele jamais será o mesmo. Em verdade, todos morreram, inclusive o rei, posto que todos estavam conectados “para além da vida”. Um novo protagonista, resultado de toda a narrativa anterior, a soma transcendente de todas elas, é produto da jornada. Como afirmei, uma música que não sai de mim e eu não saio dela. É impossível não relacioná-la com o meu cenário atual. Não um rei, mas um ser protagonista que está subindo o leito de um rio, vendo cada vez de mais longe, esse cenário dolorido, que demanda renascimento. Chocando-se cada vez mais com uma realidade de morte, mas teimando em seu orgulho na esperança ilusória de uma vitória do homem sobre aquilo que não pode controlar. O rei teme e ele sacrifica seus iguais, iguais esses de onde veio. Das raízes que nunca cortou e que nunca poderia cortar. Mas eventualmente - a música nos ensina - será necessário hastear a bandeira branca e, enfim, operar o fim e deixar acontecer. Não poderia ser diferente, a perspectiva dessa música que não sai de mim e eu não saio dela. A perspectiva de uma história de transformação cinza e azul pela bandeira-branca do homem-rei, vivida por uma mulher que quer se fazer não rainha, mas também rainha-mulher, rainha pela união consigo e pelo corajoso reconhecimento e, portanto, união com as forças que são maiores que si mesma. Forças “para além da vida”. Forças-rainha, já que “para além” de si-mesma.  ALS 28/07/2021
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tob-rpg-contos · 4 years ago
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Com meu segredo ameaçado, tenho que explodir a arena.
Desafios já tinham se provado serem bastantes destrutivos, mas aqueles estavam em níveis catastróficos. Depois do desafio de Elijah, em que teve que ficar solto durante a noite, era a hora de fazer o meu. O meu. Deuses! Aquilo era surreal de perigoso e poderia causar a minha expulsão se eu fizesse qualquer coisa que me denunciasse, mas como eu faria isso? Construir uma bomba não era nada muito surreal para mim, já que eu praticamente vivia daquilo em segredo, mas destruir parte do acampamento, porra!
Primeiro eu tinha que decidir onde iria construir aquela bomba. Nas forjas? No Bunker? Era muito perigoso e com toda certeza deixaria pegadas químicas. Produzir no laboratório que eu tinha acesso em Nova York e trazer para o acampamento? Era extremamente arriscado, mas minha melhor opção naquele momento. Eu estava extremamente ferrada em todas as possibilidades e significados daquela palavra. Tchauzinho, eu.
Quando o toque de recolher foi dado pelas harpias, todos os semideuses se recolheram para os chalés, exceto eu. Escondida nas margens da floresta, atravessei o Riacho Zéfiro em direção a floresta norte como se estivesse a caminho do Bunker. Seria mais fácil escapar por ali do que subir a colina como se nada fosse nada. Fora da barreira, me equipei com minhas armas de reclamação para qualquer eventual ataque de monstro e segui entre as árvores e mato alto em direção a estrada que daria na rodovia da saída de Long Island.
Um pouco mais cedo eu tinha apertado os botões do meu "mais novo chefe" para que um de seus motoristas particulares estivesse à minha espera. O carro, que apenas notei ser preto, se camuflava bem na escuridão e agradeci mentalmente por aquilo. Respirei fundo várias e várias vezes ainda escondida na moita tentando manter a minha cabeça no lugar e no que eu precisava fazer. Apenas os deuses, literalmente, sabiam o que poderia ser feito comigo caso eu não cumprisse aquele desafio. Já tinha se passado bons minutos e eu ainda estava ali, precisava agir. Saí por entre as folhas e ajeitei a mochila nas costas antes de correr até o carro. 
Romero já me aguardava com aquela expressão séria e vazia que não dizia nada e abriu a porta para que eu pudesse entrar. Sério, era horrível aquilo de que os soldados não poderiam ao menos sorrir. A vida era uma merda naquele mundo, francamente, como aquelas pessoas aguentavam? O homem apenas assentiu após o meu cumprimento amigável e me dirigiu para o local de destino. Uma viagem torturosamente silenciosa em que apenas o som da minha respiração era possível de se ouvir. Nem mesmo uma musiquinha ele tinha colocado para me distrair do peso daquele desafio.
O laboratório ficava em uma zona remota e isolada de Nova York que eu não sabia onde era. Um prédio sujo, aos pedaços, que não chamava muita atenção da população e nem da polícia. Alguns mendigos e viciados rodeavam o lugar vez ou outra, cobaias para os novos "produtos de consumo humano" produzidos ali. O cheiro forte de metanfetamina chegou em meu nariz assim que desci do carro e rapidamente coloquei minha máscara antes de seguir às pressas para o meu setor, isolado de todas aquelas drogas ilícitas. Era engraçado, para não dizer trágico, o caminho que minha vida tinha tomado por escolha de outras pessoas.
Aquela parte era completamente diferente de todo o prédio e eu até me sentia relativamente confortável ali, muito parecia o setor que eu trabalhava na empresa da minha família. Era um laboratório amplo, bem claro, com diversos balcões com painéis digitais, mesas holográficas e bancadas de trabalho manual, sendo tudo extremamente tecnológico. Não havia janelas, entretanto, apenas uma parede holográfica que imitava uma vista aberta e alta do Central Park. Quando eu passava muito tempo ali até esquecia o quão longe eu estava daquele parque nacional.
Construir uma bomba não era fácil, mas eu já havia projetado um dispositivo explosivo de rastreamento para uso da Reserva Científica Estratégica da Britânica em território do leste europeu. Não estava pronto, apenas tinha os blueprints, então eu ficaria a noite inteira ali para desenvolver o primeiro protótipo a ser testado na arena do acampamento. Eu não queria fazer aquilo.
Após horas de trabalho que fizeram minhas costas doerem como o inferno e minha pele suar como um porco, eu consegui. Utilizei diversos componentes metálicos como prata, ferro e aço, e até mesmo ousei inserir pequenas gramaturas de bronze celestial e ouro imperial, que meu pai divino havia me dado após uma missão. O ouro seria de fundamental importância, pois quando rompido poderia gerar uma explosão avassaladora que, naquele dispositivo, em conjunto com os componentes químicos inflamáveis e explosivos não deixaria uma única pedra em pé daquela arena e arredores. Esperava que ninguém estivesse por perto quando a bomba fizesse seu trabalho.
Eu apenas soube que estava na hora de voltar para o acampamento quando Romero entrou no laboratório para avisar que o sol já estava nascendo. Empacotei minhas coisas e cuidadosamente guardei aquele dispositivo de uma forma que não explodisse em minha mochila, em capas e projeções bem seguras. O acompanhei pelo corredor até a saída dos fundos do prédio novamente colocando a máscara para evitar qualquer tipo de contaminação e corri para o carro que agora eu conseguia identificar como uma Mercedes C180. Já havíamos saído de Nova York quando a voz de Romero se fez presente a primeira vez desde que saímos do prédio, me tirando dos meus próprios pensamentos.
— Esperamos que não se encrenque com esse projeto, senhorita Malik. É esperada a sua presença na reunião do próximo mês. — trocamos olhares através do espelho do retrovisor e assenti levemente. — Será apresentado o novo Executor, quem mais fará uso de seus protocolos, e deverão trabalhar juntos a partir dali.
Ele continuou falando sobre como aquela reunião era importante, mas meu cérebro cheio de TDAH não processava mais suas palavras. Eu deveria trabalhar diretamente com o novo Executor e não estava nem um pouco ansiosa para conhecer ele. Pelo o que os soldados falavam, o "chefe" estava bem empolgado com esse cara novo e não poderia significar coisa boa. Era um assassino profissional e cruel no mínimo.
Romero me deixou no exato ponto onde havia me pegado e me esgueirei de volta para dentro da floresta correndo entre as árvores e pedras até que ao longe visualizei o Bunker. Precisava descansar, então como uma bola de fogo produzida por mim mesma para abrir a porta mecânica. Dormi por horas até viver o meu dia normalmente, mas sempre com o pensamento no dispositivo em minha mochila. A explosão ocorreria ao cair da noite. E tão logo a noite chegou e o toque de recolher foi dado pelas harpias e todos se colocaram em seus devidos chalés, novamente exceto por mim. Me escondi na arena com a mochila em mãos no subterrâneo entre os autômatos desativados usados para o treino e tive uma ideia.
Autômatos. Eu poderia colocar a culpa da explosão em um mau funcionamento daquelas máquinas tão antigas projetadas por sei lá quem. Não seria difícil convencer todos daquela informação, era apenas falar algumas palavras difíceis que ninguém entendia e parecer convincente. Ninguém entendia mais de mecânica do que eu ali. Easy peasy lemon squeeze. Eu não queria ser expulsa. Assim, coloquei cuidadosamente o dispositivo dentro de um dos leões, após abrir o tronco, em uma parte que eu visualizei fios soltos com mal contato. Seria perfeito, eu esperava.
Ativei o dispositivo e a contagem regressiva começou. 5 minutos. Fechei a placa de metal com cuidado e com as mãos trêmulas e saí correndo subindo pelas escadas estreitas que davam para a arena. Eu não tinha muito tempo, então corri o mais rápido que eu conseguia até o Bunker e mal tinha passado pela porta metálica quando o barulho da explosão soou ensurdecedor. Meu corpo bateu na porta e caí de bunda no chão, mas outra coisa tinha se tornado minha preocupação naquele momento. Ergui a cabeça e Elijah estava me encarando e por seu olhar, ele sabia o que eu tinha feito.
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bentoluis · 4 years ago
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A minha última crónica na Revista Athena:
http://athena.pt/2020/11/14/fotografia-por-luis-bento/?fbclid=IwAR1yP_MYyCpKkAgj7M_bzV4sFaAQNSUzlc6jaO0P2zXeuQ6pWm7gcBGCn1E
Depois da morte do marido, o amor, resumia-se agora à inevitabilidade da memória de um passado que tinha valido a pena, a espraiar-se pelos filhos nascidos na Bélgica e as saudades que tinha daquele céu de chumbo, que convidava à leitura e reflexão no escritório aquecido, onde passavam largo tempo a olhar pela janela alta, em forma de ogiva com vitrais no canto, o relvado verde húmido onde alguns mais afoitos jogavam à bola de galochas.
Ela só queria voltar a encontrar alguém para partilhar a manta do escritório, dissertar sobre a apropriação artística da paisagem rural ou trocar ideias sobre A Montanha Mágica, ainda procurava nas redes sociais olhos para o seu corpo, sem resultado, as pessoas pensam que o insucesso se pega, a pele engelha e os dentes amarelecem até cair. Ainda tinha esperança num resto de vida a preços de oportunidade, fazer parte de uma história em que o elenco não saísse antes do fim, porque a morte, apesar de quase sempre separar mais vezes do que se pensava, doía menos se a levasse abraçada a alguém. Sentiu sempre a falta dele espalhada pela casa, especialmente na cama onde o amor a deixou sempre exausta e daí para cá esperou que aparecesse alguém para lhe baralhar a memória, que lhe fechasse as cortinas dos olhos e deitasse fora a chave dessa névoa passada em que fora gente.
Gostava de ter sido uma personagem de filme, uma qualquer, no cinema amava-se ou faziam-se coisas à distância com os olhos sem poiso certo ou com ele nas próximas cenas, com o público à espera do grand finale, mas era míope, custava-lhe a reconhecer um amor mesmo quando estava diante de si. Esbarrara no marido, literalmente e foi pelo cheiro, pelo hálito quente e neutro, depois foi uma questão de pele, arrepiava-se quando sentia os seus dentes nas costas, nos ombros, a puxarem-lhe o lóbulo da orelha, arrepiava-se ainda, sempre que pensava senti-lo em si, um só corpo com duas metades coladas.
Depois veio a doença, que pôs um ponto final numa frase inteira.
Aos poucos, desapareceu como funcionária, desfez-se como artesã deixando a meio as tapeçarias que ainda lhe davam alento, convivendo apenas com o vazio. O mal tomava forma nos insectos que apareciam na cozinha, não despejava o lixo com frequência diária e os pratos com restos de comida faziam fila na bancada. Estiraçada no sofá da sala, os dias eram iguais às noites, iluminados indirectamente pela televisão sempre ligada a que não prestava atenção. Não queria ajudas, preferia que não fizessem limpezas nem lhe mexessem nas coisas porque assim sabia andar pela casa sem sobressaltos ou acidentes, sempre fora assim desde que ficara a cargo da madrinha e engravidou na adolescência, mesmo a fechar o mês de Abril em setenta e dois.
E então, numa manhã quente de primavera levantou todo o dinheiro do banco, comprou um carro e fez-se à estrada, numa paisagem a animar-se na voragem com que as árvores perdem tamanho com a distância, até caberem dentro de uma fotografia.
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caldeiraodalma · 4 years ago
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Egoísta
Sabe, comecei a perceber que a boba egoísta também sou eu.
Tem certas coisas que é difícil de enxergar ainda que estivessem debaixo do nariz.
É verdade que eu quero - e honestamente, preciso - de mais submissividade sua. Mas foi um erro sim pensar que você pensava só em si mesmo quando a gente tava junto. O mais correto seria dizer que tava pensando só no que queria de mim.
Preciso começar a exigir mais de você - e todas as vezes que exigi você me deu aquilo que eu queria. E até mais: tem sempre seu olhar.
Aquela última manhã você não tava simplesmente se tocando enquanto eu te olhava - você prendeu meu pescoço e puxou meu rosto pra ainda mais perto de você. Você fechou os olhos, mas tocou minha mão e me mostrou qual ritmo e qual jeito queria que eu te tocasse. Você podia tá longe, e podia tá pensando em cinquenta mil mulheres diferentes, mas você me puxou pra perto quando te olhei, como eu sempre te olho. Se masturbava e me mostrava enquanto eu te olhava - era isso que você queria.
Quando aprendi a ver o tanto que me ama, deixei de ligar pra qualquer outra coisa que eu queria que fizesse: saíssemos juntos, ficássemos mais juntos, se tem medo ou não de compromisso. Não precisa me chamar de namorada - é muito gostoso que chame - mas quando você percebe que eu to borocochô porque não me chama, você sorri um sorriso pequeno que eu vejo só por dois segundos, mas que eu consigo ler “boba, ela acha que não gosto dela porque não digo que ela me namora”. “Il faut pas s’embêter à cause du nom”.
Antho falou lá no carro, “tu as toujours des excuses”, e você entendeu bem. Mas um pouco antes eu tinha entendido também. Parei de ouvir as desculpas fazia muito tempo, porque comecei a te olhar um pouco mais desse jeito. Daquele jeito ali de cima. E sabe o melhor? Você não negava mas repetia seus gestos. Pode ter se enrolado e ter dito sempre os seus medos, o que é tão importante também. Pode ter não me dito nada, mas sempre demonstrou. Sempre ficou por perto. Sempre me deixou escolher.
Sempre admitiu as mudanças que a gente se causava, e sabe, isso é uma das minhas coisas favoritas: cada dia, desde o primeiro, não importa o quanto eu te conheça, todas as vezes que vou estar do seu lado, todas as vezes que vou te ver, todas as vezes que me responde uma mensagem, todas as vezes que me propõe algo, literalmente todas as vezes que te vejo, eu sinto que vou descobrir como me relacionar com você. Todas as vezes vou descobrir o que quero fazer, o que você quer fazer, o que nós queremos fazer, o que você tem vontade, o que te dá ansiedade, o que quer me propor, o que quer me mostrar, o que é que vou descobrir... Ainda que seja um dia após o outro.
Apesar de todas essas descobertas, apesar de cada dia descobrir uma velha novidade, desde a primeira vez que eu te vi, o que me faz te querer é a maneira que me olha.
Eu lembro de você lá no fundo de todo mundo, da festa inteira, com o boné preto virado pra trás, o moletom, a manga comprida e a mão erguida querendo dançar, e ainda assim, o que me fez parar pra te olhar foi ver você fechando gentilmente o olho porque tinha me visto e me quis. Eu já te disse um milhão de vezes alguma vez que tomei bala: muita gente ali me queria. Mas foi você quem teve a coragem de quem é mimado e possessivo (tanto quanto eu fui e sou) de olhar pro que quer, tomar pra si e cuidar com amor.
Eu viveria mil vezes a primeira noite com você e o Mathieu pra acordar no dia seguinte e ver seu olhar de novo pra mim, quando tava sentado na cadeira, segurando minha mão e fazendo carinho nela. E eu só tava te olhando de volta.
Quando vi suas fotos cantando com o microfone na mão no facebook te achei a coisa mais linda do mundo e queria ter te conhecido. Você tava cheio de vida e ambição nos olhos. Quando vi seu vídeo no youtube, eu quis do fundo do coração te conhecer naquela época e te perguntar mil coisas diferentes, e queria saber como você amava naquela idade do vídeo. Eu queria te conhecer.
E sentado naquele dia seguinte, fazendo carinho na minha mão, naquele olhar eu vi aquele François tão, mas tão jovem. Eu vi aquele olhar de apaixonado, eu vi aquela pessoa tão nova que subiu eu sei lá em quais palcos e cantou com todo coração. Quando a gente transou chapado, você me deitou de lado uma hora, me olhou nos olhos enquanto passava todo seu corpo no meu e eu vi seu rosto inteirinho cheio de vida, completamente vermelho, seu olho transbordando de energia e eu senti que com aquele olhar você tinha me paralisado e me tomado inteira pra você. Naquele olhar eu vi de novo aquele moço do vídeo que cantou pra câmera, eu vi o moço da foto com o microfone na mão, o olhar pra plateia e o coração na voz.
Você acha que eu vou voltar e dar aula de francês no Brasil, e eu não tenho coragem de te dizer que quero voltar pra cá porque, também, eu quero saber como vai desenrolar a minha história com a sua. Sim, eu preciso de dinheiro. E eu preciso de muito dinheiro se quiser ajudar minha irmã no futuro. Se quiser ajudar meus amigos no futuro. Se quiser me ajudar no futuro. Aqui eu vou ter dinheiro vezes 6. Hoje, 6,76.
Eu quero muito que entenda o quanto eu simplesmente preciso terminar essa porra de faculdade. Eu não quero voltar a pensar a estudar durante muitos anos da minha vida, porque eu já me esforcei nos estudos e já abri mão de tanta vida pra poder viver a vida que eu tenho hoje - a vida que eu compartilho com você, que to aprendendo a ter comigo mesma, que to aprendendo a ter com as pessoas ao meu redor. Deixar a faculdade de lado e me permitir descobrir o que vai acontecer se eu ficar do seu lado foi duas vezes uma opção séria. Mas todos os dias eu vou me perguntar “e os meus estudos? e a minha faculdade?”, sendo que eu não quero voltar pra essa vida de merda. Eu quero que ela acabe. Eu quero por um fim nela. Mas eu quero voltar pra França. Eu quero voltar pra você. Eu quero voltar pra independência que eu tenho aqui.
E eu juro, a faculdade tem um sentido pra mim. Esse diploma me remete a (eu sei que falsa, mas é o que eu sinto) segurança de que eu posso escolher quando quiser ter o começo de uma carreira tanto no Brasil quanto na França. Com ele eu penso que portas pra eu dar aula, seja onde for, vão se abrir, e eu quero dar aula. Não tem outra coisa na vida que eu vou amar fazer do que isso (bem, tem o teatro. Mas pelo menos eu acredito que sou boa em dar aula e tenho diploma pra isso. O teatro ainda tá lá atrás, só na vontade, no sonho).
Ser professora é importante pra mim.
Eu quero logo poder ter o meu diploma e começar a trabalhar. A lidar com dinheiro de novo, mas dessa vez ser independente de verdade. Financeiramente. Poder escolher por mim mesma, e não depender da boa vontade do meu pai pra me ajudar.
Mas você não tem ideia de como todas as vezes que to do seu lado eu quero saber como vai ser a próxima vez que eu estiver do seu lado. Todas as vezes que te olho quero saber como vai ser a próxima vez que me olhar, como vai estar o seu sorriso e como você vai demonstrar que me ama.
Sabe outra coisa que achei incrível? Todas as vezes que te via, te achava um adolescente. Te achava um garoto. Eu via uma criança. Lá no começo, teve vezes que saí da cama e voltei, e te vi de barriga pra cima, me olhando (de novo!) chegar e estendendo a mão pra mim, como um bebê - querendo um carinho? um beijinho? um abraço? foi tudo isso que te dei. Outras vezes você fazia piada e sorria, e eu via um menino de cinco anos sorrindo. E com o seu shorts e boné, camisa longa, te via de longe com catorze anos e pensava que queria os meus catorze anos de volta.
Mas de pouco em pouco começou aparecer alguém de vinte. Quando a gente transou chapado (eu não quero esquecer!) vi você fazendo birra como se tivesse 5 anos, e depois me segurando nos braços com os seus 18 e me olhando com os seus 20. Você tava 6 anos mais jovem aquele dia.
E então quando seus amigos foram na sua casa, e você tava vestido de colete e sem boné, te vi com seus vinte e seis no seu rosto inteiro.
E cada dia que passa te olho mais e te vejo mais adulto. Cada relance de olho vejo seu corpo mais adulto, seu rosto mais adulto, o que você me diz mais seguro - e tem cada vez menos medo de me olhar. E cada vez menos medo de dizer que ta contente que eu to do seu lado. E cada vez eu tenho mais certeza de que te adoro.
Das vezes que cozinhei pra gente, pensei em como tem bastante horas que eu cuido de você. Pensei que você é realmente um garoto às vezes, e que isso da uma trabalheira. Mas umas horas depois você deixou de dançar preocupado se os policiais apareceriam no role e não quis que eu andasse descalça no meio da rua. E sabe o mais gostoso? Eu não te cobrei por nada. Nem você me cobrou por nada. A gente só se cuidou da melhor forma que podia.
E acho que isso é algo que eu nunca queria esquecer. Com você, com outra pessoa, com você. Talvez até comigo mesma: não se cobrar, esquecer que existe obrigação no mundo e fazer aquilo que quer. Dentro do possível. Só cuidado pra não morrer.
Toda história de amor não violenta em que o casal termina separado também começa bonita assim. Eu fico contente que pelo menos eu pude começar essa com você. Sempre que eu fico ansiosa, eu penso, “espera pra ver no que vai dar esse um ano aqui”, pra lá no final eu tomar alguma atitude precipitada. Mas sempre me lembrar que agora eu tenho esse relacionamento com você - é difícil mesmo de descrever ele em quaisquer poucas palavras - e pelo menos, pelo menos me dei a chance de sentir um amor como o que sinto por você, e me relacionar de um jeito tão gostoso com alguém como me relaciono com você. E de novo, me relacionar com você. E torcer pra que eu tenha todo o tempo do mundo com você pra que eu adie qualquer final com você.
Tenho vontade de te conhecer por inteiro e te virar pelo avesso. 
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divorciada3gatos · 4 years ago
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Quem é de verdade sabe quem é de mentira
Há 10 dias voltava de uma viagem arrasada! Escrevi uma carta de despedida, com o coração partido e muito choro na cara! Tive a sorte de conseguir uma carona de Bsb até Gyn nos últimos minutos do segundo tempo (literalmente um pouco antes de embarcar). Enquanto o esperava me buscar no aeroporto, digitava a carta (que o destinatário nunca teve sequer o interesse em lê-la ou ouví-la) e chorava! 
Carona chegou e até me animei! Um rapaz aparentemente novo, interessante. Puxei assunto, sempre fico curiosa se a pessoa mora na cidade que estamos ou que estamos indo. Em 5 minutos de conversa já o achava incrível! É muito maravilhoso como o universo sempre arranja uma forma de me mandar recados! 10 minutos antes, estava chorando porque o cara que eu me apaixonei não queria nada comigo e além de ser uma merda gostar de alguém que não corresponde aos seus sentimentos, pior ainda é quando você não consegue achar “defeitos”! 
Mas ali estava eu, conhecendo uma pessoa ainda mais incrível (porque ele parecia uma versão masculina de mim e eu sou o máximo! hahahaha) e que fez das 3 horas de viagem uma super sessão de terapia! Foi mágico! Agradeci à carona, as risadas, as piadas e ele também! Ele passava por algo similar, mas ainda mais forte! Recém separado da grande paixão, estava em terapia (Deus abençoe as pessoas que tem problemas e procura ajuda!) e que por mais que ele quisesse, não conseguia desvincular emocional e sexualmente dela! Por 3 horas falamos de absolutamente tudo, sem tabus, sem julgamentos e o tempo todo “Exatamente o que eu penso!” “Exatamente o que eu sempre falo!”
Desci do carro e óbvio, 10 dias de muita conversa e a tal da ex o chamou para Piri e claro, ele foi! Me contou que estão tentando, conversamos sobre e admito, minha admiração por ele passou do termômetro! É isso! Se você gosta, vai lá! Tenta! Se joga! Admira! Viva! Tenta! E se quebrar a cara, quebrou! Você vai ter certeza!
A atração física foi mútua! Foi clara e evidente! Entretanto, ele nunca me cantou ou fez alguma brincadeira, o que piorou ainda mais a minha admiração e crush nada secreto por ele! 
Dito isso, venho compartilhar sobre o que me levou de fato a escrever hoje! O que tenho de seguidores que começam a me seguir e na primeira oportunidade começam: “De onde você é? Quantos anos você tem? Você é casada? Tem namorado?” Isso é real, minha gente! Eu fico chocada de como as pessoas são imediatistas e rasas! Em qual momento nos perdemos e que hoje não conseguimos nos relacionar? Tudo é simplesmente para uma única noite de prazer? Depois fiquei pensando nos “babes” da vida que te fazem sentir única, maravilhosa, faz comentários como “por alguém como você sairia da vida de solteiro” e na real está vivendo isso com mais 3 ou 4 pessoas! Ou talvez nem fale isso para todas, mas não se permite envolver porque ainda ama a ex abusiva e não consegue nem admitir isso para si! É triste!
Neste fim de semana prologado, acabei saindo em alguns dates com diversas pessoas que me chamavam e eu apaixonada, quis respeitar o que estava sentindo. Continuo apaixonada, mas me permito conhecer pessoas! Não fiquei com ninguém na sexta, nem no sábado, mas no domingo cedi aos encantos de um par de olhos verdes, o sorriso mais delícia e a vibe gostosa de um pisciano! Ahhhh! Que beijo! Que cheiro! Que risada gostosa! Lado ruim de advogado: Eles te perguntam muito e quando você se toca, está contando sua vida inteira! 
Foi uma noite especial! Eu dei uma quebrada na “espera” que eu estava pelo babe. A cada dia que passa isso quebra! Contudo, volto às observações da geração ou talvez do movimento de relações vazias! Diante de tantas possibilidades, as pessoas vão atirando para todo lado e esquecem que a verdadeira beleza, a real conquista é aquela que todo santo dia você faz para a mesma pessoa! Não, eu não sou uma romântica quadrada! Eu adoro viver fora da caixinha, mas o amor é nosso grande desafio nesta vida! Precisamos aprender a amar e tenho a impressão que estamos sempre mais distante! 
Tem um cara do Jiu jitsu que me segue (confesso de não me lembrar dele no tatame, mas ok) e que sério, quisera eu que o garoto que eu gosto conversasse e curtisse tudo meu como ele faz! Ele, se eu deixar, conversa o DIA INTEIRO comigo! Ele quer saber tudo sobre mim! Ele viu ABSOLUTAMENTE todas as minhas fotos do instagram! Ele conhece parte da minha história por ter visto e lido todas as fotos! Juro que até olhei diferente para ele e fui lá ver o facebook (sim, prefiro o fb que o IG) e ele tem namorada! Ele tem UMA NA MO RA DA! Pasmem! Isso me fez ver que as pessoas “conquistam” e depois elas deixam para lá! Elas esquecem que a "conquista" dele pode estar sendo cortejada da mesma forma ou talvez de uma forma ainda mais intensa que ele me corteja! Como as pessoas vacilam enquanto amantes, namorados! É triste! É de dar pena! 
Então eu volto para o meu carona! Eu sei que ele me curtiu! Eu sei que ele ficou doido para ficar comigo! Eu sei que ele queria sair para tomar o café que eu falei ou o vinho que ele sugeriu, mas ele preferiu ser honesto, compartilhar que voltou com a ex e que estão tentando e que ele sempre desistia antes pelo orgulho, mas que as ex acabavam “mudando” (melhorando) e ele já não estava com elas! Este cara, na fila do pão, se não der certo com a namorada, ele é VIP na minha fila, porque quem é de verdade procura desesperadamente outra pessoa de verdade! Em um mundo de pessoas tão rasas, encontrar alguém que mergulha sem medo de se afogar é como acertar na mega sena!
Gê, você nunca irá ler esta carta, mas saiba que eu sou sua fã! Inicialmente pelo profissional que você é, depois pelo ser humano e bondade que você tem e finalmente pela sua coragem de ser autêntico quando todo mundo é de mentira!
#felicidade #quemédeverdade #umdiaacontece #enquantoissochorareiemcancun #gratidao 
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ondemorremosanjos · 7 years ago
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There Was A Time
Esta semana foi aquela que eu mais esperei para passar. Eu só esperava por um único momento. A contagem recomeçou, já fazem dois dias, mas não sei se faz sentido continuar a contar.
A semana começou normal, padrão. Mas na segunda eu tive uma ideia, o que custava tentar? Era uma coisa que eu esperava e tinha planejado desde a semana anterior, mas teve um pequena mudança que eu não esperava. Tudo bem, era só um plano que possivelmente poderia dar errado. Dei de ombros. Mas então eu arrisquei. Eu não tinha nada a perder. Era a última bala do cartucho. E incrivelmente deu certo. Era a despedida.
O restante dos dias foram sem graça. Ficar em casa, sem fazer nada. Não gosto de passar o dia na cama, mas ela exercia uma forma sobrenatural em mim. Arrumar uma coisa ou outra. Meu foco era no final da semana.
Eu queria ter o máximo de interatividade possível nesta semana, porque eu já havia pensando em uma medida. Pela minha experiência, é uma solução forte, árdua, nada fácil, mas necessariamente excelente. O único detalhe é que não dependia de mim. Eu poderia mandar um mensagem, sem fazer muita questão, tratar como uma coisa meramente superficial. Mas não, eu queria falar. Eu queria ter ou mostrar coragem. Enfrentar os problemas. Eu queria aproveitar, interagir ao máximo. Aproveitar cada mensagem trocada, cada snap, cada momento. Por que muito provável seria as últimas vezes.
Sexta-feira. Depois das 10h eu olhava o celular a cada instante. Tentava me envolver ao máximo com o experimento para o tempo passar. Pescaria com imãs. Bem simples: uma proveta, uma esfera de ferro. A esfera era solta na proveta e resgatada com o imã. O que vinha na minha cabeça era: “Será que ela mudou de ideia? Será que esqueceu?”. Era o momento que eu esperava a semana inteira. Nesse intervalo de tempo, nada mais importava. Eu queria esvaziar a minha cabeça, sem paranóia, complicações, problemas. Tudo  que eu havia cogitado era um branco, não importava naquele momento.
11h40min. Almoço. Eu não sabia como estava a minha moral com ela. Não sabia se estava zangada, entediada, cansada, ou até mesmo, por um pouco que seja, feliz por aquele momento. Ou até mesmo, “cumprindo uma obrigação”. Eu estava pisando sobre ovos. Sentei na mesa com uma montanha em cima de um prato, ela almoçava o que mais gostava, pizza. Como sempre, eu falando algumas palhaçadas e alternando com aleatoriedades. Mas entre uma garfada e outra, eu era pego admirando ela. Eu sabia que era uma despedida, talvez por ter aceito a mais tempo, não estava tão triste. Confesso que em vários momentos bateu um desânimo, eu percebia a voz perder força, baixar. “Que?” era o que eu ouviu quando era pego. Eu olhava cada pequena mancha em seu rosto, o formato da boca, os dentes perfeitos, o movimento da sobrancelha, as unhas roídas e sem esmalte pelo nervosismo, o jeito que o cabelo dela ficava bem não importando o lado que ficasse. God Dammit! Mostrei também como estavam as minhas mãos.
Depois à sós era um momento único. Desde o começo eu estranhava a facilidade que eu tinha de fazê-la rir. Mostrei que eu não tinha graça. Tudo o que eu fazia era por mim, e não por ego, para dar o famoso Carteiraço. Como sempre, a Física tinha que estar junta. Sendo para refutar uma ideia ou apresentar uma nova. Foi um tempo com conversa sobre coisas, aleatoriedades, vontades, desejos e brincadeiras. Eu não compreendia como naquele pequeno tempo, naquele instante, nós se dávamos tão bem. Eu esperei a semana inteira por aquele momento. Foi uma espera calma no começo e depois um pouco nervosa como tradicionalmente. Passei a semana com Everlong tocando mentalmente, a todo instante.
Eu havia planejado falar três coisas. Duas eram só curiosidades, que iriam render alguns risos e deixar claro algumas coisas. Dependendo como encarar, poderia ser chatas. Sem importância. Foi relativamente fácil, simples. Sem mistério. A terceira era a mais importante. Foi difícil. Pensei que não conseguiria. Não tinha coragem. Eu precisava de um impulso, de um empurrão, e não encontrava. Cada vez que eu olhava as horas aumentava mais o nervosismo. Ela estava nos meus braços mas eu precisava fazer isso. Eu não encontrava outra saída.
Eu literalmente pedi para ela me excluir da vida dela. Facebook, Twitter, Snapchat, WhatsApp... Tudo. Qualquer meio aonde eu pudesse me comunicar com ela ou de alguma forma que eu ficasse sabendo aonde ela estava, o que estava fazendo, ou o que iria fazer. Eu comecei com uma desculpa “Acho que eu não deveria mais te mandar snap...”. eu ensaiei essa frase a semana inteira, e mais algumas 500 vezes quando estava com ela. Foi difícil mas saiu. Ela não esperava isso.
Pela minha experiência, essa é a melhor maneira de evitar que eu seja um incômodo, fique triste. Ficar triste por criar expectativa. Ficar esperando uma mensagem com um convite. Esperar em algum lugar torcendo que nós se encontre. Ter uma recaída e mandar uma mensagem. Ler, ver algo e ficar triste, atucanado ou brabo. Como exemplo ela estar carente, triste ou necessitada e eu não saber fazer a coisa certa. Fazer uma palhaçada e três snaps depois perguntar como ela está. E até mesmo ver que outra pessoa está dando bola para ela, enquanto eu tento adivinhar o que ela precisa, tento resolver, mesmo de uma maneira errada.
Nós já havíamos decidido isto na semana anterior. Eu já tinha aceitado já a algum tempo e por isso talvez estivesse “amaciado” na situação. Para ela foi como um choque, senti que ela se abateu. Mantendo contato, uma hora ou outra iria dar algum problema. Não havia como. Não havia jeito. Só pude abraçar ela.
Expliquei o porquê daquela medida. Eu estava pensando na frente. “E depois que você for?”. Vi que era a melhor coisa a se fazer. Não queria que as coisas se repetissem. Depende dela, está tudo sobre controle dela. Afinal, “Não faz sentido eu ter as chaves dos cadeados...”. Quanto tempo vai durar? Não sei. Talvez um mês ou dois, dessa forma eu acredito que eu pare de flertar com ela. Foram uns 40 minutos que não consigo explicar. Foi ali que caiu a ficha para ela.
Ela se esforçava para falar, cheguei a crer que possivelmente ela chorasse. Eu não queria isso. Foi um momento forte. Eu só pude abraçar ela. Pedi desculpa, como em todas as outras vezes e expliquei o porquê que ela não tinha culpa. Era como um jogo, foram dispostas as regras e eu não sabia jogar com elas. Eu tentei, mas não consegui e isso só iria gerar mais conflitos. O silêncio tomou conta.
Depois de um tempo eu agradeci a ela por ter passado um tempo comigo. Queria saber que ela havia entendido tudo. Era uma medida drástica. Eu senti que ela não estava bem, mas não havia nada que eu pudesse fazer. O sentimento de impotência é horrível. Nós conversamos até o tempo acabar.
Eu não sei como vai daqui pra frente. Eu pensei em várias músicas para descrever os momentos, mas seria melhor eu transcrever os versos.
“Crawling back to you... Ever thought of calling when you've had a few? 'Cause I always do... Maybe I'm too busy being yours to fall for somebody new...”
Falei várias músicas para ver se conseguia descrever o que sentia. Saí correr antes do tempo acabar porquê não queria responder e levar mais algum tempo. Teria que acabar logo. Quero que o Universo se encarregue das coisas.
Como já falei, Lemmy sempre soube descrever as coisas.
“I've seen some sad times I said... I'd had enough of heartbreak... I told myself that I could never fall again.. Then sure as fate she came... I just had to get to her and... She gave me all her numbers, gave me all her names...”
Não sei o que ela fez este final de semana, mas eu bebi. Sempre bebi, mas agora eu tinha um motivo em especial. Não sei como ela reagiu a tudo isso, fico curioso.
Don’t Cry (Alternate Lyrics) seria uma música que dedicaria à ela.
Sinceramente eu gostaria de saber algumas coisas. Com quem ela ficou? Quantas pessoas ela ficou? Ela transou? O que pensou durante este tempo? Sinceramente, o que ela fez neste pouco mais de um mês? Eu literalmente só bebi e escrevi. Do I Wanna Know descreve bem isso. Eu não tinha ambições, ânimo para nada. Só esperava o final de semana para me encontrar com o álcool. Não sei como vai ser daqui para frente. Será que ainda vale a pena? Eu estava preocupado demais com ela para pensar em outras coisas, em outras pessoas.
There Was A Time é quase pornográfica para descrever as coisas.
“It was a bargain for the summer... And I thought I had it all... I was the one who gave you everything.. The one who took the fall... You were the one who would do anything... The one who can't recall...”
Tenho que me conformar com a ideia de que não posso fazer nada. Não vou estar lá quando ela precisar. Não vou estar com ela estiver carente, quando precisar conversar, quando precisa escrever um mero artigo, resolver alguns cálculos, interpretar fenômenos, para dividir aquela Polar, aquele café, aquela música, livro, beijo. À eterna espera de um chamado.
Me entristece mais ainda pensar que outra pessoa estará nesta posição, que ela não me escolheu para isso. Que todo final de semana ela pode encontrar uma pessoa melhor, enquanto eu penso o que fazer comigo com um copo na mão. Latão ou kit? Aquela Polar ou o copo com o gelo primeiro e depois, metade de cada um. Será que eu fiz alguma diferença? Será que um pequeno tempo depois ela já estará com outro? Perguntas que acredito que não vou obter uma resposta por mais que eu gostaria e procurasse.
O refrão de Too Good To Be True chega a ser estranho como encaixa com a época e o momento. Ainda mais com “Maybe you´ll hear this song... You been gone way too long...“.
“Cold and lonely without you... Don´t know if I can make it through... Maybe you´ll hear this song... You been gone way too long... Too good to let it go, too good to be true...”
Não foi muito diferente do que à 4 anos atrás. Só mudou detalhes, coisas que eu não espero e nem quero que ocorram. Mas ainda sim, as lembranças volta à mente.
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Talvez Patience diga o tom de como vai ser daqui para frente. Enquanto eu estava com ela, só pensava em Everlong.
Eu printei todas as nossas últimas interações. Fiz todas as despedidas possíveis. E aos poucos foi tudo se esvaindo. Gostaria que ela lesse isso e que eu, de alguma maneira, ficasse sabendo.
Não sei qual seria a reação dela se por acaso nós se encontrar, ficaria feliz com um cumprimento caloroso e não um “Oi” frio.
Tudo que te desejo é Felicidade. 
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gabisation · 7 years ago
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Jesus chorou
João 11 relata a ressurreição de Lázaro, irmão de Marta e Maria. Eles eram amigos de Jesus, que vivia na estrada (já parou par apensar que Jesus era mochileiro?).
Apesar de serem amigos, Jesus apenas viajou para a cidade onde Lázaro morava quatro dias depois de sua morte. Marta e Maria estavam de luto e sofrendo com a perda do irmão. Nessa época, as mulheres não tinham tanta autonomia quanto hoje—ter um homem em casa significava segurança, estabilidade e dignidade, independente do grau de parentesco. A Bíblia não informa que Marta e Maria eram casadas ou que tinham outra figura masculina que as acolheriam e isso me fez pensar que a morte de Lázaro foi a pior coisa que poderia acontecer com elas: perderam um irmão amado e também sua fonte de provisão.
Nunca tinha parado para pensar muito nisso antes, mas agora consigo entender um pouco da dor delas. Elas estavam, de fato, desamparadas.
Jesus é o Filho de Deus e para Ele nada é impossível. Uma vez um centurião pediu que Jesus curasse seu servo, que estava paralítico. Jesus logo prontificou-se a ir encontrar o rapaz para curá-lo, no entanto, o centurião impediu-o, alegando que não era digno de recebê-lo, mas cria que se Jesus somente declarasse a cura dali mesmo onde estava, seu servo ficaria são. Jesus assim fez e assim aconteceu.
(Imagine só, você estar no centro de São Paulo, pedir que Jesus somente declare cura sobre uma pessoa que está em Curitiba e logo em seguida receber uma mensagem no celular dizendo: “Não precisa pedir cura mais não, Fulano já está se sentindo melhor!” Foi mais ou menos assim que aconteceu com esse centurião.)
Aquele homem provavelmente não se sentia íntimo de Jesus, pois se achava indigno de tê-lo em sua casa. Se fosse hoje em dia, uma autoridade dessas provavelmente teria, no mínimo, uma casa com piscina, churrasqueira, picanha na geladeira, TV 4K e Wi-Fi com sinal bom... ele devia ser um bom anfitrião, mas mesmo assim não achava que seria bom o suficiente para receber Jesus.
Lázaro, por outro lado, era amicíssimo de Jesus, tanto é que quando ele adoeceu, disseram para Jesus: “Senhor, aquele a quem amas está doente.”
Três versículos adiante, Jesus decide permanecer na cidade onde estava por mais dois dias, depois de saber que seu amigo estava doente.
Já vi muitas pessoas intrigadas porque Jesus não foi no mesmo instante até Lázaro para curá-lo. Afinal de contas, que tipo de amigo é esse que cura imediatamente o empregado de um homem que mal o conhece, mas resolve passar mais dois dias no lugar onde está hospedado quando escuta que um de seus melhores amigos, que mora na cidade ao lado, está morrendo?
(Calma... Jesus não é falso. Já vamos chegar lá.)
Ele voltou para a cidade onde Lázaro morava—quatro dias depois de sua morte. Marta e Maria ainda estavam sendo consoladas por terem perdido o irmão, e penso eu que também deveriam estar absortas em suas preocupações sobre como seguiriam a vida a partir dali.
Quando ouviram que Jesus estava chegando, somente Marta foi ao seu encontro e Maria permaneceu na casa. Já ouvi muitas pessoas censurarem a atitude de Maria, mas imagino que ela estava sofrendo tanto que não tinha disposição alguma para sair do lugar.
Jesus poderia ter ido ficar com Maria, mas pediu para chamá-la. O versículo 31 diz que ela “se levantou e depressa saiu”, fazendo com que todos na casa pensassem que ela estava indo se lamentar no sepulcro do irmão. Isso me fez imaginar Maria, com o rosto inchado de tanto chorar, se levantando de supetão e correr desesperadamente.
O versículo 33 diz que Jesus se agitou ao vê-la chorando.
Ele é o Filho de Deus, nada para ele é impossível.
O Filho de Deus poderia muito bem, com um simples estalar de dedos, poupar suas amigas de tanta dor. Poderia curar Lázaro no instante que soube de sua doença. Ele já havia curado tantas outras pessoas! Ele estava há somente três quilômetros de distância deles, poderia ter ido vê-los na mesma noite que recebeu a notícia!
(Calma. Não comece a odiar Jesus. Estamos quase lá.)
A casa de Marta e Maria estava cheia de pessoas que, naturalmente, não estavam alegres. Jesus as encontrou longe dessa atmosfera de tristeza—gosto de imaginar que tenha sido em uma estradinha de terra sem muitas pessoas por perto, um ambiente neutro, sem toda a negatividade do luto. Elas vieram chorando para ele, possivelmente estavam sofrendo como nunca haviam sofrido antes, seus corações deviam estar literalmente doendo, seus espíritos deviam estar abatidos. E é aí que quero chegar, no versículo 35:
“Jesus chorou.”
Ele é o Filho de Deus. Nada para Ele é impossível.
No meio de tanta morbidez, de tanto torpor, espera-se que o Filho de Deus, o Todo Poderoso, que detém todo o poder do universo em si, arrebate essa desolação e transforme tudo em glória e júbilo. Sim, Jesus ressuscitou Lázaro naquele dia, mas primeiro ele chorou.
Ele chorou.
O Filho de Deus poderia ter encerrado o sofrimento de suas amigas no momento em que as viu, afinal, não há nada que seja impossível para ele fazer. Mas primeiro, ele escolheu sentir a dor delas, ele escolheu sofrer com elas. Ele chorou com elas.
Enquanto eu lia esse capítulo de João hoje de manhã, lembrei de quando tinha quinze anos e meus pais decidiram se divorciar. Foi a maior dor que já senti na vida. Meus pais eram meu alicerce e eu me vi sem chão. Assim como Lázaro era fundamental para Marta e Maria, o casamento dos meus pais era fundamental para mim. Assim como Marta e Maria não estavam preparadas para viver sem o irmão, eu não estava preparada para viver sem meus pais juntos.
Me veio à memória uma tarde que passei na casa de um amigo. Logo que nos sentamos, ele me perguntou: “Seus pais vão mesmo se separar?” e essa pergunta foi suficiente para desatar todas as lágrimas que eu estava contendo. Ele me abraçou e isso desencadeou mais lágrimas. Eu estava sofrendo. No meio dos meus soluços, senti alguns pingos caírem em meu rosto e percebi que meu amigo estava chorando também. Passamos o resto da tarde assim, sem falar nada, somente chorando juntos.
Chorar juntos não resolveu meu problema, não fez com que meus pais desistissem do divórcio, mas me consolou. Chorar juntos pode não ter sanado minha dor por completo, mas fez uma imensa diferença.
Enquanto pensava sobre isso, Jesus disse em meu coração: “Pode chorar comigo assim também.”
No meio do turbilhão que é nosso cotidiano, se torna natural entrar em modo automático e só ver as coisas passarem. O problema é que esse automatismo abre uma lacuna que pode ser facilmente preenchida com a ideia de que não devemos incomodar Jesus com nossas eventualidades. Essa ideia é extremamente equivocada.
Você não foi criado para ser forte o tempo inteiro. Você é feito de carne, ossos e emoções. Muitas vezes nos ensinam que emoções são coisas negativas e ruins, mas por favor, não as retenha. Por favor, por favor, não pense que Jesus não se importa com o que você está sentindo.
Você foi criado para se relacionar—e se relacionar com Jesus. Um relacionamento genuíno não é feito somente de momentos bons.
Acredite, ele não quer ouvir somente as orações que pedem por cura para outras pessoas, ou as orações que pedem capacidade para passar no vestibular ou conseguir um emprego bom. Ele quer ouvir TUDO o que você quiser dizer. Desde um comentário sobre o almoço até um pedido de ressurreição de um morto.
Por favor, por favor, não ore somente quando estiver feliz, grato ou se sentindo “preparado para orar”.
Por favor, por favor, não pense que suas lágrimas não importam, ou que sua dor é insignificante já que existem várias pessoas no mundo passando por situações piores que a sua. A vida não é uma competição de sofrimentos e, mais importante, não há nada de insignificante em você.
Os milagres são maravilhoso e todo mundo prefere a alegria a tristeza. Mas, por favor, por favor, não negligencie suas dores.
Você não é fraco por não ter palavras para dizer a Jesus. Você não é fraco por fechar os olhos e só conseguir chorar. Paulo disse: “quando sou fraco, é que sou forte.”
Eu sei que estamos vivendo em uma realidade frenética, com as redes sociais pregando que se você não está feliz, não devia aparecer. Mas apareça para Jesus. Ele deseja que você compartilhe suas dores com ele. Ele não se importa com palavras bonitas e orações ensaiadas. Ele aprecia muito mais uma tarde inteira com você chorando em seu peito do que fingindo ser alguém que não é.
Chore suas dores e permita que Jesus chore com você. Chore em seus braços até cair no sono. Ele é a fonte do consolo e quer cuidar de você, não somente quando você está inteiro, mas principalmente quando você está em pedaços. Deixe-o te amar e recompô-lo. Pare de ser tão duro consigo mesmo e permita-se viver o que você foi criado para ser: amado em todo o tempo.
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larojapasion · 8 years ago
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Aprendi que saudade pode doer absurdamente
Jéssica,
Tive a opção de sair e despedir de algumas pessoas. Recusei. Escolhi ficar em casa e escrever esse texto. Se estivéssemos juntas, com toda certeza, sairíamos para celebrar. E hoje, a tanto quilômetros de distância, eu escolhi te escrever essa carta. O tempo de escrita equivale ao tempo que passaríamos juntas. Foi a forma que eu encontrei de sentir que estou com você. Quero dividir com você os processos pelos quais tenho passado nesse quase dois meses longe de você.
Eu não sei como foi para você, mas acho que só ficamos amigas quando estávamos no Ensino Médio. E nem era a amizade dos sonhos.
Para mim, foi bem difícil crescer e ter que lidar e dividir tudo com você. De verdade! Por muito tempo eu te considerei praticamente como uma rival com quem eu precisava dividir a atenção das pessoas e os recursos materiais disponíveis.
Irmãos são costumeiramente comparados. Conosco não foi diferente. Irmãs, do sexo feminino e com apenas um ano de diferença foi mais que suficiente para infinitas comparações. Por bem ou por mau, essas comparações foram muito marcantes na formação da minha identidade (in)conscientemente (e imagino que para a sua também).
Mesmo com a mesma criação, os mesmos pais, o mesmo amor recebido, as mesmas escolas, os mesmos brinquedos, as mesmas viagens (até os meus 19 anos), (quase todos) os mesmos amigos, (quase) as mesmas oportunidades, sempre fomos MUITO diferentes. E assim continuamos, muito diferentes.
Diferentes fisicamente. Diferentes no comportamento. Nos trejeitos. Nas vontades. Nos sonhos. Nos corpos. Na forma de lidar com as mesmas situações e pessoas. 
Nossas diferenças eram tão marcantes e gritantes ( às vezes desconfio que ainda sejam) que em um mesmo ciclo de amizades e conhecidos, as pessoas recém chegadas não desconfiavam que temos uma mesma origem genética. Não acreditavam que nós éramos irmãs e ficavam mais incrédulos ainda quando informados que eu sou a mais velha das duas.
Eu odiava todas as comparações que faziam. Eu sentia como se esperassem que a gente fosse uma coisa só. Isso mexeu com a minha cabeça ao ponto em que eu me via agarrada às diferenças e às tentativas de realmente ser diferente de você em tudo. TUDO! (Não sei como foi para você, mas imagino que por algum tempo você também quis e tentou se afastar o máximo possível dessa “rival” com quem você estava ligada por DNA e por brincadeira do universo). Então eu pegava todas as diferenças naturalmente impostas e as elevava a um outro patamar em que não nos associassem.
Não adiantou nada. As comparações continuaram (e continuam) pesadas como sempre.
Hoje eu vejo todos os erros que eu já cometi com você. E todas as minhas ações que te causaram dor intencionalmente (ou não). Eu me arrependo de todas. T-O-D-A-S! Imagino que você já tenha perdoado (quase) todas. Bem, eu tento me perdoar e vou seguir tentando até conseguir ou até minha vida (literalmente) se esgotar. #perdoameusvacilo
Você a pessoa que mais me conhece! Que sabe tudo o que eu penso! Que sabe como, quando e o porquê de (quase) todas minhas reações. A pessoa que sabe perfeitamente o meu humor só de olhar para as minhas feições. (A pessoa de quem eu tento esconder oque passa comigo de vez em quando só para me iludir com a mentira de que não sou tão transparente assim) A pessoa de quem eu mais sinto falta quando estou longe. (Provavelmente) a pessoa que eu mais amo. A pessoa que é segurança, certeza, presença. A pessoa por quem eu andaria em brasa ou faria qualquer outra coisa. A pessoa responsável por uma das maiores lições da minha vida: saudade dói. A pessoa que me ensinou infinitas coisas. Que me salvou infinitas vezes (inclusive de mim mesma). A pessoa com quem eu dividi tudo por tanto tempo que agora só resta estranhamento quando não há com quem dividir. A pessoa com que eu mais queria compartilhar meus últimos dias de Brasil. É justamente a pessoa que não está mais no quarto ao lado.
Não tem sido fácil lidar com a sua ausência física. A saudade é tanta que eu durmo mais no seu quarto do que no meu. É tão forte que eu já cheguei a beber um litro de vinho sozinha enquanto escutava música triste e encharcava meu travesseiro de lágrimas. É tão fragilizadora que eu já perdi as contas de quantas vezes eu já senti vontade de chorar (ou chorei) me dando conta da sua distância. É tão triste que tem dia que a casa inteira (eu, a minha mãe e o meu pai) amanhece em silêncio e assim vai dormir.
Até distante você participa do meu aprendizado e evolução como ser humano. Aprendi que saudade pode doer absurdamente. E agora entendo a dor de quem precisa lidar com a ausência de pessoas que se foram para terras distantes. Essa lição me deixou mais empática. Sério. 
Semana passada eu tive a sensação de que você ia chegar da UnB a qualquer momento. Eu sabia que não chegaria. Nem por isso deixei de esperar. Foi uma das piores sensações da minha vida. (imagino que seja o que minha mãe sente desde janeiro quando eu fui pro meu intercâmbio. Aliás, isso me deixa muito preocupada com ela. Viver com essa sensação uma vez no mês é ok, mas e viver com essa sensação todo dia?)
Eu sinto muito a sua falta! E hoje, o que eu tento ser é justamente alguém mais parecida com você. Com mais compaixão, mais facilidade para perdoar, mais calma, mais pé no chão, mais vaidade, mais bondade, mais riso fácil, mais bela, mais humilde, mais aberta para ouvir o outro, mais empática….. Mais um monte de coisas que eu admiro em você e que só me dei conta com o tempo. Só me dei conta nesses últimos anos de paz que vivemos em nossa relação.
A relação continua cheia de altos e baixos e brigas sem propósito. O que mudou foi a quantidade de tudo isso. Os baixos são bem pequenos. E as brigas também (ainda bem).
Agora as diferenças são exaltadas com respeito e admiração. Você faz um monte de coisas melhor que eu e sabe uma quantidade ainda maior de coisas que não despertaram meu interesse. Eu refleti muito sobre todas essas diferenças no último natal em que você me maquiou (algo que eu quase nunca faço e que sou péssima fazendo). Eu aprendi a valorizar as coisas que te interessam, que nunca me interessaram e que antes eu tratava como pura futilidade e perda de tempo. Essas coisas são conhecimento. Conhecimentos que eu não tenho. Novamente, aprendi lições de humildade ao me deparar com coisas que para você são fáceis de fazer e entender e que me fazem sentir como uma criança de 7 anos que mal sabe amarrar o cadarço e se considera muito adulta.
Você se tornou mulher antes de mim. E fez várias outras coisas antes de mim. E me tirou dúvidas incontáveis que espera-se que uma irmã mais velha deveria responder/saber as respostas antes de sua irmã mais nova. Você foi a pessoa que lidou melhor com quem eu sou. Com a minha essência. Porquê tantos anos de convivência tão próxima (e muitas vezes forçada) te mostraram exatamente quem eu sou, o que é possível mudar ou não em mim. Você verdadeiramente entende que eu sou intensa e vou fazer milhares de coisas que não fazem sentido pros outros só para ficar tranquila comigo mesma e a minha consciência. Para ficar tranquila de que mesmo caindo, eu precisava tentar o que disseram que podia me derrubar só para não viver com a eterna dúvida do “ E se eu tivesse tentado?”. 
Então, hoje mais que nunca, eu te agradeço imensamente por TUDO oque você já fez por mim. Por tudo o que a gente já dividiu e viveu juntas. Por tudo o que você é. Pelo universo ter colocado alguém como você para dividir meu DNA. Por ter passado tantos segundos com você. Por ter aprendido tanto contigo. Por ter você na minha vida. Por TUDO mesmo (aqui inclusas as coisas boas e ruins, altos e baixos que nos trouxeram onde estamos hoje)! 
Eu sei que você está longe vivendo seus sonhos. Lutando pela vida que você quer. E isso me deixa tão contente. Tão forte! Tão viva! Tão orgulhosa! Tão ansiosa para te abraçar! Você deve imaginar. 
Não vai ser fácil a sua trajetória até o sucesso. Mas a gente precisa pagar altos preços pelo o que deseja. E você vai conquistar tudo o que almeja. Você vai conseguir. Vai duvidar disso ao longo do caminho. Mas não vai deixar essa dúvida poluir sua mente por muito tempo. Você é filha de duas pessoas MUITO fortes, é forte também. É indestrutível. É resiliente. Vai sobreviver à todas as quedas. É só lembrar de onde você é para reenergizar sua alma de vibes positivas. Faz seu corre e não desiste dos seus sonhos e nem de você por nada nesse mundo viu?! Tudo de melhor para você hoje e sempre! Feliz aniversário! Mostra pro mundo quem é você =) Deixa o resto do universo ser tocado pelo seu bom humor. O universo precisa de mais Jéssica’s dispostas a ajudar e a perdoar. Dispostas a ensinar o que é amar. Dispostas a serem quem são.
Eu sempre vou estar aqui torcendo por você e disposta a largar absolutamente TUDO para te salvar do que quer que apareça no seu caminho. Eu admiro e respeito muito a pessoa que você se tornou. E estou vivendo sob a perspectiva de que cada dia que passo longe de você é um dia a menos para te encontrar. É o que tem me dado certa esperança para lidar com tanta saudade. Todo mundo sente muito a sua falta. Nada é o mesmo sem você. Logo a distância para te ver vai ser de 20 minutos e não de dias. Torço para gente voltar a viver numa mesma cidade independente de qual seja. Eu te amo muito. Mesmo mesmo. 
Beijos de amor no S2,
Da sua (única) irmã insana.
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firefly199x · 8 years ago
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Preto e branco. Eu, um caos infinito. Vaga-lume na escuridão, a escuridão, ela mesma. Ele, luz. Completo e inteiramente, luz. Vivendo, adentrando toda a escuridão. Teus dedos, unhas, das mãos, dos pés. Todo. Os olhos, ah, os olhos! O cabelo escuro, enroladinho* ou molhado de gel, brilhando. Amor. O peito, o barulho do coração, tum tum tum tum tum tum (acelerado, sereno). Os lábios precisamente desenhados, sob um rascunho quase perfeito. Os dedos, céus! Os dentes semicerrados formando nitidamente o desenho de um músculo na mandíbula direita, esquerda. Um riso de canto perdido, na minha íris, o sorriso mais lindo de todo o universo. Sincero, ali, perdido. Meus olhos curiosos, percorrendo todo o rosto, todo o corpo, a alma. Procurando, silenciosamente. Por ele. Por cada lacuna, rachadura, janela por onde eu possa entrar. Por onde eu possa enxergar, a essência. Alma. Amor. Veias, as veias que, com ousadia vez por outra, se mostram. Os punhos, os pulsos, todo ele. Os braços, o dourado dos pelos, que ali habitam. Menino. As pernas, uma espécie de fortaleza, performance, labirinto. Os ombros de um homem, capazes de engolir-me sem demora. Ávida mas sempre, cuidadosamente. Os joelhos mais rosados e gordinhos, que conheço. Bonito. Todo ele. Duma beleza subliminar, para mim. Um amigo escutou e me disse, muito recentemente e eu achei justo carregar, “a beleza é espiritual.” Sim, a beleza dele. Sua beleza era inefável. Espiritual. De alma. Os olhos sorriam quase eternamente ao cruzar, com os meus. Penetrando o fundo, poço, caos. Perdida. Minha alma perdeu-se ali, esqueceu de voltar - para casa, para mim, ao estado normal, comum, confortável. Inteira. Eu, inteira, me perdi. Não por qualquer criatura, por qualquer coisa sem valor, comum. Por aquela criatura cujas mãos uniram-se às minhas sem que nos tocássemos, fazendo nossos corpos parecerem febris - ainda que sentidos à distância. A agonia de ter de respirar, sabendo que nossas vidas - a minha, em especial - já não eram as mesmas. Jamais seriam. Encontro. Cósmico, afeto. Como se nossas almas, literalmente, pudessem sentir a energia - uma da outra. O cheiro, a presença. Como se, de alguma forma, houvesse a possibilidade de existir uma droga tão forte, penetrante, doentia, celestial... E que, ironicamente, ela pudesse nos dar a vida - ou fazer-nos desejar viver, para sempre - em vez de tirá-la de nós ou absorver instantaneamente a nossa capacidade de continuar. E, pela insana vontade de correr todos os espaços do universo (e os que devem existir, fora dele) do seu lado, me fiz pousar em pleno voo. Perturbada pela ideia da existência do amor. Por, conseguir sentir, ainda que por alguns segundos a verdade, nas palavras que soam, escapolem sua boca. Sua existência, amor. Permanecendo minha, cheia, inteira, segura (ou não). Mas, desejando ter a alegria de dividir uma vida, um espaço, uma época, minha alma com ele. 
“Suporta todas as coisas, acredita em todas as coisas, espera todas as coisas, persevera em todas as coisas. O amor nunca acaba.” — 1 Coríntios 13: 7 e 8.
#v.
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possousarumametafora · 8 years ago
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Boa noite, pessoal <3 Estou indo dormir então vou deixar esse capítulo fresquinho aqui duas horinhas adiantado. Espero que vocês gostem, comentem dizendo o que acharam!
CAPÍTULO 7
"Não fomos apresentados. O meu nome é Jefferson Thomas. Sou o diretor da clínica psiquiátrica do 5º andar.” Informou, enquanto abria as persianas e deixava raios de sol iluminarem a sala. "Sente-se.” Com a cabeça, apontou para duas poltronas cinzentas diante de mim.
"Estou bem.” E continuei de pé.
Ele se sentou em uma cadeira negra revestida em couro, do lado oposto da escrivaninha, e me avaliou com os penetrantes olhos azuis.
"Por favor, sente-se.”
Soou como uma ordem então suspirei e fiz o que ele pediu.
Havia quatro porta-retratos, todos exibindo fotografias do mesmo casal de crianças. O menino se parecia com ele, mas a outra tinha cabelos negros. Olho para a foto em que ele está sorrindo com alguns dentes de leite faltando.
"Como está o meu irmão?” As palavras deixaram a minha boca antes que eu pudesse impedir.
"Ele está bem. Ele vai ficar bem, Australia. A clínica psiquiátrica do Hospital Saint Lawrence é a melhor da cidade.”
Soltei uma risadinha.
"A clínica psiquiátrica do Hospital Saint Lawrence é a única da cidade.”
"A única e a melhor.” Respondeu sério.
Passei a mão no cabelo, nervosa. O dr. Thomas entrelaçou os dedos, apoiando os cotovelos na mesa. Continuou.
“Eu entendo que isso tudo seja difícil para você. Caribe me disse que você o encorajou a ir àquela festa.”
"Por favor, não me diga que foi minha culpa.”
"Eu não acho que tenha sido. Você não sabia que ele faria isso, sabia?”
“É claro que não. Eu nunca imaginaria que ele seria capaz de fazer algo assim.”
“Vocês nunca conversaram sobre isso? Tente se lembrar.”
Apertei os olhos, buscando em minha mente uma lembrança que pudesse responder a essa pergunta. Soltei o ar devagar, imagens do Natal passado invadindo minha cabeça.
“Uma vez. Quando Vic Chesnutt morreu.”
“Vic Chesnutt?”
“Você não o conhece?” Me surpreendi.
“Nunca ouvi falar.”
Umedeci os lábios rachados com a ponta da língua e comecei a contar à medida que recordava.
.
“Ele era o músico favorito do meu pai. Eu e Caribe crescemos escutando seus CDs. São doze. O primeiro foi lançado dois anos depois que ele perdeu os movimentos de quase todo o corpo em um acidente de carro. Isso significa que todas as suas músicas tinham letras inspiradoras sobre recuperação e resiliência. Ninguém imagina que alguém como Vic Chesnutt seja capaz de cometer suicídio.”
“Mas aconteceu.” O médico me interrompeu.
“Aconteceu.”
Todos os anos, passamos o Natal e o Ano Novo na casa da vovó, no interior do estado. Vic Chesnutt se matou com relaxantes musculares no dia 23 de dezembro, mas só ficamos sabendo em janeiro, depois que voltamos pra casa. Isso meio que mexeu com a nossa família. Após os feriados, eu e Caribe estávamos retornando à escola, ouvindo uma versão acústica de “Everything I Say” no rádio do carro. Ele dirigia devagar.
“Você faria isso?” Caribe me perguntou, quando as guitarras e a percussão entraram e a música ficou mais violenta. Olhei para ele com o canto do olho, o pescoço imóvel.
“Suicídio?”
“É. Suicídio.”
Olhei para o mar, passando pela janela como um grande borrão azul. Nessa velocidade, não era possível distinguir uma onda da outra. Era tudo parte do mesmo borrão.
“Não.”
“Sob nenhuma circunstância?” Ele insistiu. Balancei a cabeça de maneira negativa. “Por quê?”
“Porque é egoísmo. Deixar você e o papai aqui. Eu não faria isso.”
“Você acha isso certo?”
“Como?”
“Você está, literalmente, me dizendo que não cometeria suicídio por minha causa. Não parece certo. Esse é o tipo de coisa que você deveria fazer ou não fazer por você.”
Revirei os olhos e virei o jogo.
“E você, faria isso?”
“Não.”
“Por que não?”
“Porque não.”
“Se você vai criticar a minha resposta, deve ao menos pensar em algo melhor que ‘Porque não’ ”
"Eu não sei, Ali.” Resmungou, sem tirar os olhos da estrada. “É assustador, não é? Tirar a própria vida. Duvido que eu tenha coragem.”
“Você tem mais coragem do que pensa.”
Murmurei. Na época, não fazia ideia do que estava falando. Ele entrou no estacionamento do colégio, estacionou na vaga de sempre e nunca mais tocamos no assunto.
Ergui a cabeça e retomei a conversa com Dr. Thomas.
“Ele deixou claro que nunca faria algo assim.” Falei.
“E você acreditou?”
“É claro. Caribe tinha amigos perfeitos, uma namorada perfeita, uma mãe teoricamente perfeita. Por que ele pensaria nisso?”
“Se as coisas funcionassem desse jeito, você com amigos, namorado e mãe teoricamente imperfeitos, deveria cometer suicídio?”
“Quem disse que o meu namorado é imperfeito?”
“Caribe disse. Acho que…”
“Eu não sou sua paciente, dr. Thomas.” Interrompi, de maneira rude. Ele semicerrou os olhos.
“De fato, você não é. Eu só quero ajudar o seu irmão.”
Me inclinei para frente.
“E eu só quero vê-lo.”
“Você vai. Em um mês.”
“Ele vai ficar aqui por trinta dias?”
“São quarenta, para termos certeza de que não vai tentar se ferir outra vez. Mas se ele estiver melhor, pode sair alguns dias antes.”
“Ou você pode simplesmente me deixar visitá-lo!”
Dr. Thomas mexeu a cabeça devagar.
“Isso não será possível. Ainda que suas intenções sejam positivas, não posso ignorar sua relação com tudo o que aconteceu.”
“Não é justo.” Choraminguei, minha mão se estatelando em sua mesa. Os porta-retratos tremeram, mas não chegaram a cair.
“É uma recomendação médica. Para a saúde de Caribe.” Seu tom era baixo, como se ele realmente se sentisse mal pelo que estava fazendo. “Sinto muito, Australia, mas não será mais aceito que você perambule pelo quinto andar.”
“Eu não estava perambulando.” Tirei do bolso da calça jeans o panfleto e o empurrei para o homem. “Faço parte de um grupo de apoio.”
Ele franziu o cenho.
“Faz parte do GAP?”
“Sim. É um grupo aberto para não pacientes.”
“Sei disso.”
Seus olhos pareceram distantes. Essa era a primeira coisa certa que eu fazia em meses.
“Você vai entrar nesse hospital exatamente às onze horas e sair ao meio dia. Somente nas segundas e nas quintas. Eu fui claro?”
“Está falando sério?”
Ele suspirou.
“Acho que o GAP pode ser bom para você. Mas precisa obedecer às regras. Vou fazer com que Russell esteja ciente delas.”
“Russell?”
“É o segurança.” Um segurança. Legal. “Mais uma coisa: se eu fosse você, me afastaria de Iraque. Você não precisa de mais problemas.”
Suas palavras me fizeram compreender que eu estava diante de um homem que acreditava que podia manipular as pessoas como marionetes, puxando cordinhas atadas aos seus pulsos na direção que lhe era conveniente. E ele podia. Ele fez isso comigo ao colocar aquele segurança na porta e não havia nada que eu pudesse fazer a respeito.
Mas agora era diferente. Eu e Iraque não tínhamos nada a ver um com o outro e essas cordinhas eu podia cortar.
“Você me afastou do meu irmão.” O fuzilei com o olhar. “Isso nunca vai acontecer de novo. Eu fui clara?”
Dr. Thomas não respondeu. Me levantei de sua poltrona cinza e deixei a sala.
Queria pressionar o corpo contra uma das paredes brancas do hospital e chorar. Mas alguém me observava.
“Por favor, me deixe em paz.”
“Você não está gritando. Uau, não sabia que sua voz atingia um tom tão baixo.” Iraque replicou.
“Tudo é tão engraçado para você, não é?” Eu disse, de forma acusadora. “Eu não sei se Fidel vai me deixar voltar. Você não entende como isso é importante para mim.”
“É claro que Fidel vai deixar você voltar.”
Iraque revirou os olhos e tive vontade de começar a gritar e arrancá-los com minhas próprias unhas.
“Você quase arruinou tudo. O meu irmão tentou se matar.”
“Thomas te disse que ele tentou se matar?”
Questionou, apontando para a porta com a cabeça.
“Não. Eu estava lá. Isso é um fato.”
Um brilho mórbido atravessou seus olhos.
“As pessoas não se matam, Australia. Elas são assassinadas pela dor.”
Quando disse isso, a primeira coisa que pensei em sentir, por alguma razão, foi raiva. Mas depois de apenas algumas horas, sentir raiva havia me deixado tão exausta. Apenas respirei fundo.
De repente, uma única pessoa atravessando o corredor me chamou a atenção: Fidel, caminhando em nossa direção em passos lentos.
Quando chegou perto, esfregou o canto dos olhos.
“Você precisa ser melhor, Iraque.”
Ele deu de ombros, nem um pouco ofendido.
“Não sou uma boa pessoa.”
“É, sim.” Retrucou, fitando-o com o olhar rígido. “Só não é um bom garoto.”
“Eu treinei a minha vida inteira para não ser um bom garoto.”
Então um momento estranho de silêncio atacou o local e eu pensei que eles ainda se encaravam, talvez até conversassem, mas eu estivesse dispersa demais para ouvir. Mas não. Fidel olhava para mim. E minhas bochechas coraram novamente.
“Vocês dois são amigos?”
“Nos esbarramos algumas vezes.” Se antecipou Iraque.
“Duas vezes.” Corrigi, desejando que nunca houvesse acontecido. “Só nos vimos duas vezes.” Ele me analisou por mais alguns instantes. “Escute, eu não costumo fazer isso. Falar. Falar muito. Falar em momentos importunos. Em latim.”
“A culpa foi minha, Fidel” Intercedeu Iraque.
Fidel suspirou.
“Você parece uma boa garota, Allie” Ele disse. Então, quando eu estava prestes a explodir ou pegar fogo, abriu um sorriso. “Não faça amizade com esse pateta.” O homem deu um tapa de brincadeira na cabeça de Iraque e se aproximou de meu ouvido para que o pateta não ouvisse a última frase. “Ele vai acabar mudando a sua vida.”
“Russell.” Cumprimentei com a cabeça quando cheguei no hospital para o próximo encontro do GAP. Ele estava vestido exatamente como na última vez. Agora, menos desesperada, reparei nos músculos sob o terno preto e no rosto atraente. “Posso entrar?”
"Não são onze horas ainda.”
"São literalmente dez e cinquenta e oito.” Eu ri, olhando para o relógio que ele sempre usa no pulso.
"Minhas ordens foram claras.”
"Tudo bem. Eu espero.”
Escorei no muro arqueando as sobrancelhas, quando Russell começou a rir.
"Não acredito que conseguiu.”
Dei de ombros.
“Eu também não.”
“O que espera conseguir assistindo a palestras sobre depressão quando deveria estar na escola?”
“Não sei. Vou pensar em alguma coisa.” O observei de rabo de olho, sentindo leve rancor por nosso encontro na sexta-feira. “Não que isso seja da sua conta.”
"Justo.” Falou e deu um tapinha no relógio. “Onze horas.”
Atravesso o portão. Na recepção administrativa, assinei um formulário de inscrição e recebi um crachá com o meu nome completo. Embaixo, havia três caixas de marcação: paciente, frequentador e visitante. A segunda foi assinalada com um X. Embaixo delas, havia mais sete caixas de marcação, com os dias da semana, e os dias do GAP estavam assinalados. Guardei ele no meu bolso e me dirigi para a sala 212, no quinto andar.
Entrei por último, atrás de uma menina que não compareceu ao primeiro encontro. Com ela, nenhuma cadeira ficaria vazia. Iraque não estava atrasado, dessa vez.
Ele se sentava no peitoril da janela, logo na ponta da meia-lua de assentos ocupados. Ao lado da única cadeira restante. Respirei fundo e, sem olhar para ele, me afundei o mais discretamente que pude na cadeira gelada, encolhendo os ombros.
“Boa tarde!” Desejou Fidel alegremente, enquanto caminhava pela sala. Olhei para o lado sem ousar mexer o pescoço e vi, à minha direita, o garoto chamado Chris. “Fico contente em ver todos vocês aqui. Da última vez, metade do grupo nos deixou após o primeiro encontro. Acho que Iraque os assustou.”
Não me virei para ver a reação de Iraque.
“Ele nos assustou também, mas somos educados demais para dizer.” Rebateu um menino no centro das cadeiras, que reconheci como aquele que passou a sua vez de dizer como se sentia.
“Ou audaciosos, Isamu. Ou audaciosos.” Ele se posicionou no centro da sala. “Estou falando sério. É corajoso da parte de vocês estar aqui.”
Algumas pessoas coraram diante de o discurso quilométrico sobre coragem e bravura que veio a seguir, mas eu mal prestei atenção. Somente consegui me sentir uma fraude diante de todas aquelas pessoas que tinham coragem de “pôr o seu coração diante de flechas mais dolorosas que as de verdade”, nas palavras de Fidel. Não que eu estivesse prestando atenção, é claro.
Então, após alguns suspiros como se todos estivessem carregando um enorme peso, Fidel se voltou diretamente para mim.
"Bem, nós temos um membro novo. Suzanna.” Aquela que havia entrado na sala antes de mim corou e encarou os pés. "Ela e Allie não participaram da parte mais importante do último encontro. Bem, garotas, cada um de nós contou em voz alta o que os trouxe ao GAP. Agora é a vez de vocês. Ali?”
Oh, não. Parecia que eu não tinha escolha. Torci o nariz e tentei consertar a minha postura na cadeira.
"Hum, o meu irmão tentou se matar. Foi há dois dias. Ele está internado aqui, mas eu não tenho permissão para vê-lo.” Fiz uma pausa. As palavras se arrastavam para fora da minha boca. Era a primeira vez que eu realmente falava sobre isso. "Nós somos muito próximos então o Dr. Thomas pensou que o GAP pudesse me ajudar a lidar com a coisa toda.”
Fidel balançou a cabeça de maneira afirmativa.
"Suzanna?”
"O meu namorado tinha uma doença muito séria e morreu há alguns meses. Nos conhecemos em grupo on-line para adolescentes com doenças terminais. Isso quer dizer que eu também vou morrer em pouco tempo.”
Sua declaração fez com que eu me sentisse péssima. Minhas células queriam explodir.
"Obrigado pela colaboração, meninas.”
Olhei para Suzanna e ela sorriu para mim, como se soubesse que o que acabara de dizer havia me devastado. Desviei o olhar. Fidel bateu uma palma, iniciando o tema do dia. Iraque, por sua vez se levantou, a perna roçando contra o meu joelho. Encarei o garoto enquanto caminhava até o grande armário de alumínio no fundo da sala.
“Certo. Podem ficar de pé, por favor. Espero que se lembrem do que eu disse na segunda-feira. Amigos e família, recordam-se? Bom. Vamos treinar isso hoje antes de passarmos para assuntos mais intensos e específicos. Quero que trabalhem juntos em um exercício de confiança e altruísmo, que também vai servir para quebrar o gelo. É assim que os jovens dizem?” Alguém fez piada da pergunta, mas não me preocupei em escutar. “Que seja. Formem duplas, sim? Vocês são nove, um fica com o Iraque. Vocês têm vinte minutos, no máximo, para terem o mais rápido diálogo autossuficiente e esclarecedor e, então, um deve atribuir ao seu parceiro uma tarefa. Para ficar divertido, um desafio. Mas não contem ao outro qual será, por enquanto.”
Fitei o chão. Os pés de Iraque invadiam meu seguro campo de visão. Seus tênis estavam desamarrados e o par direito tão frouxo que eu podia ver o topo de sua meia. Franzi o cenho ao notar que o pé era meio torto. Voltei os olhos para os meus próprios pés.
Fidel continuou falando por mais pelo menos cinco minutos, mas não ouvi muito. Ele olhou para o próprio pulso, marcando o tempo no relógio. Olhei ao redor, e jamais me senti tão perdida em uma atividade como esta. Normalmente, eu tinha Done, Shelby, ou até mesmo Noah e Avedis para fazer dupla.
Pensei que poderia formar uma dupla com Suzanna, mas ela conversava com um outro garoto. Todos já tinham pares. E, para mim, sobrou o ajudante.
Me virei para ele, relutante.
“Isso não é justo.” Reclamei, esfregando a mão no rosto de forma que, se fosse cera derretida, a haveria desfigurado por completo.
“Você é teimosa, não é?” Ele falou.
“Não, eu só... não quero problema. Ok?”
“Acha que sou um garoto-problema?”
“Acho que da última vez que me envolvi com você, quase estragou tudo.” Ele abriu a boca para responder. “Por favor, não fale comigo.”
“Somos uma dupla. Isso exige interação.”
“Eu não quero ser a sua dupla.”
Iraque suspirou, claramente irritado.
“Eu realmente estou tentando ser seu amigo, Australia.”
“Não estou aqui para fazer amigos.”
“Você não está aqui para fazer amigos, não está aqui para se internar e não está aqui para visitar o seu irmão, porque não tem permissão para tal. Por que você está aqui? Você é uma das centenas de garotas do ensino médio cujos únicos problemas se baseiam em unhas quebradas e namorados que as negligenciam ou transam com outras e vêm aqui em busca de uma receita legal de antidepressivos baratos como Prozac, que acabam não tomando porque não querem ficar gordas?”
Ele só podia estar brincando comigo. Senti o rosto quente e cravei as unhas na palma da mão com tanta força que quase perfurei a pele.
“Você não sabe nada sobre mim.” Vociferei em voz baixa. Ele arqueou uma sobrancelha, percebendo o efeito de suas palavras sobre mim.
“Eu não queria ofender você. Só estou tentando entender.”
“Vá para o inferno.”
“Chega de conversa. Comecem os desafios. Coloquem um pedaço de papel nas costas do seu parceiro e escrevam nele a tarefa que querem impor a eles.”
Não hesitei mais. Peguei uma caneta em um pote próximo e, com fita adesiva, colei bruscamente nas costas de sua camiseta. Ele mexeu um pouco.
“Fique quieto.” Pedi secamente. Infelizmente, não sabia o que escrever. Pensei por um longo tempo, à espera de uma ideia iluminada, mas nada veio.
Agradeci pela ponta da caneta ser macia. Estava tão furiosa que, do contrário, eu provavelmente a usaria para machucá-lo.
A insinuação desrespeitosa mexeu com a minha cabeça. Afinal, o que eu estava fazendo ali? Precisava bolar um plano rápido, porque não chegaria a lugar algum escrevendo desafios na camiseta de nossos parceiros. Revirando os olhos, escrevi no pedaço de papel a primeira coisa que veio em minha cabeça.
No exato momento em que acabei de escrever o desafio, Fidel perguntou se estávamos prontos.
“Estamos prontos?” Iraque questionou.
“Veremos.”
As pessoas se dirigiram para as respectivas cadeiras. A primeira dupla se levantou, e era composta por uma garota sorridente de cabelos castanhos cacheados e o menino que reconheci como Isamu. Ele tinha a pele negra, olhos muito bonitos e, assim como Iraque, um pedaço de papel preso às costas. Fidel pediu que o lesse e ele o pegou, com certa dificuldade. Então, em uma mescla de horror e diversão, ele arregalou os olhos. Sua parceira ria. Realmente, este era um exercício para quebrar o gelo.
“Beijar uma pessoa dessa sala.” Ele leu, e as pessoas riram. Fidel ergueu as sobrancelhas. “Alguma voluntária?
“Espere, ainda não.” Falou o homem, se apressando na frente do grupo. “Um pequeno detalhe: a regra mudou. Vocês terão de fazer o que sugeriram que seu parceiro fizesse. Agora, podem prosseguir. Alicia?”
O sorriso bobo pendeu por um momento em meus lábios enquanto observava Alicia rir e cobrir o rosto, envergonhada diante da ideia de que, agora, ela teria que beijar alguém. Então, a ficha finalmente caiu e meus olhos saltaram das órbitas.
“Não.” Eu disse. Não, não, não. Ele não estava falando sério.
“Sim.” Falou Iraque, sorrindo ao meu lado.
“Não.”
“Si-im.” Cantarolou de volta.
Senti as minhas bochechas ficando vermelhas.
Eu mantinha a perplexidade instalada no rosto petrificado enquanto todos caiam na risada. Inclusive Iraque. Tecnicamente, era apenas uma brincadeira, certo? Ah, não.
“Você sabia!” Acusei, com o dedo indicador em seu peito. “Não sabia?”
Iraque deu de ombros.
“Sou o ajudante.”
Nem ao menos vi quando Alicia finalmente realizou o desafio. Ou quando duas outras duplas foram à frente e fizeram a sua parte. Quando a quarta se levantou, porém, Fidel afirmou com uma expressão decepcionada que nosso tempo acabara. Se não fosse pela expressão de Iraque, eu teria ficado feliz.
“Obrigado, pessoal. Hoje foi ótimo. Jamais desejem aos outros o que não querem para si mesmos. Espero que tenham se divertido e sinto muito pelos que não puderam apresentar as tarefas. No próximo encontro, vamos começar a tratar de assuntos mais intensos e específicos, ok? Até semana que vem.”
Não movi um músculo, imóvel e encarando o nada.
“Certo. Você não entendeu. Eu não posso fazer isso.”
“O que tem de tão ruim aqui?”
Questionou, tirando o papel das costas. Tentei pegá-lo de suas mãos, mas ele já estava lendo em voz alta.
“Nadar no Oceano Atlântico à noite. Vestindo apenas roupas íntimas.” Ele me olhou, rindo. “Você é atroz, Australia.”
“Eu estava com raiva, está bem?”
Então ele olhou para mim e para as letras em tinta verde no papel onde eu escrevera o desafio. Me estudando, Iraque o pousou em minha mão.
“Hoje. Meia noite.”
Soltei uma risada.
“Eu não vou fazer isso. O encontro acabou.”
Me levantei para ir embora. Nós dois éramos os únicos que ainda estavam na sala, além de Fidel, organizando algo no armário dos fundos.
“Sabe, isso não é muito justo com os outros. Se não cumprir o desafio, vou ter que pedir a Fidel para disponibilizar alguns minutos do próximo encontro para terminarmos a atividade.”
Congelei diante da ideia de precisar fazer isso na frente de todos. Ele ergueu uma sobrancelha de maneira indagativa e eu trinquei os dentes.
“Você joga sujo, Iraque.” Falei baixo para que Fidel não nos ouvisse, com os braços cruzados e os olhos semicerrados.
“Meia noite.” Ele me dirigiu um sorriso vitorioso. “Me encontre lá em cima.”
Iraque se levantou e observei, imóvel, ele se afastar arrastando a perna e indo embora sem dizer mais nada.  
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ramigsblog · 8 years ago
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THE OA
Como sempre acontece quando tenho que falar de algo maravilhoso: eu nem sei por onde começar. Por acaso, muito por acaso, resolvi ver qual é a dessa série do Netflix.  Acredite em mim até o último segundo da série (LITERALMENTE) você não vai entender aonde tudo isso vai dar. Se te perguntarem um gênero para denominar essa série, você também não vai saber dizer. Eu não sei explicar o quanto essa série é uma dúvida. É uma dúvida na sua cabecinha, porém é um ACERTO dos grandes na vida. Não é porque eu tô te dizendo essas coisas que a série seja ruim, muito pelo contrário.
Os próprios criadores falam a respeito da confusão do gênero da série. Você começa a pensar em fantasia, ficção científica, suspense, tudo junto. E é realmente isso. É uma mistura de tudo que no começo que te deixa confuso, afinal não estamos nada A série toca em pontos bem sensíveis. A vida após a morte, sequestros, cárcere privado, coisas desumanas, fantasias e mistérios. É muito pra uma série só.
Uma garota chamada Prarie aparece depois de sete anos desaparecida e o mais chocante é: ela ERA cega. Prarie volta à sua casa com os pais e mantém um mistério absoluto quanto ao local que esteve, como voltou a enxergar, como escapou. Porém, ela deixa a entender que precisa realizar uma missão e para isso faz amigos improváveis. E é a esses amigos improváveis que Prarie resolve contar o que ocorreu e o que ela precisa deles. A maior parte da série é a narrativa dela sobre os anos em que ela esteve fora.
Não contarei mais pra não soltar Spoilers. E vocês me conhecem, quanto menos souber, melhor. O Carlos assistiu também e mandou a opinião dele pra vocês: "MANO DO CÉU! Eu ainda não me recuperei totalmente desse tiroteio que a netflix fez na minha vida. De inicio eu não gostei muito da serie, eu assisti porque sou curioso, e meu T.O.C. em começar as coisas e terminar elas não me deixou abandona-lá (amem?). Não vou mentir que até o 4/5 episodio não me empolguei com nada, estava mais pedido que cego em tiroteio. Mas dai aconteceu o 4 movimento (se você assistir vai saber o que são os movimentos), e eu fiquei em choque. Não queria mais parar de assistir. Tanto que vi em 3 dias a serie inteira, deixei de fazer coisas importantes pra ver. Os episódios são enormes e as vezes parecem que nunca vão terminar, mas no final você espera que não termine mesmo, porque fica maravilhado com tudo. Meu deus, to tendo flashbacks agora enquanto escrevo isso, quero ver de novo, quero segunda temporada, quero fazer os 5 movimentos. Já tem tutorial na internet? Preciso de 5 pessoas pra me ajudar nisso SAHUSAUHSAUSHA."
Preciso ressaltar que o instagram dos queridos é um BABADO de irado, clica aqui.
Pode favoritar essa série, pode botar na sua lista do Netflix. Não vão se arrepender! Cadê os prêmios?! Já podem chegar também! *-* MUUUUUUUUUUUITO BOOOOOOOOOM! via Blogger http://ift.tt/2icEDNN
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luiscarmelo · 5 years ago
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E se a Gronelândia fosse um travesti?
Há alguns dias, andei à procura de ilações absurdas para iniciar uma crónica. Precisava desse condimento. Já veremos por que razão. O percurso seria elementar: bastava passar por notícias vindas da Arábia ou do Irão, ou entrar em algumas universidades como a de Quilmes, em Buenos Aires, cujas pesquisas científicas são sempre interessantes, nomeadamente a que provou que os hamsters recuperam melhor das mudanças de fusos horários, quando estão sob o efeito de viagra.
Mas como os humanos são seres azougados, bastou esperar umas horas para que um dos títeres do nosso tempo me proporcionasse ilações absurdas: depois de se comemorarem 152 anos sobre a compra do Alaska ao Canadá (já nem falo dos conhecidos episódios na fronteira sul pela mesma época), eis que o PR dos EUA se propôs comprar a Gronelândia à Dinamarca, um território correspondente a 26 vezes a superfície de Portugal. Um simples negócio imobiliário.
Moral da história: procurar ilações absurdas no nosso tempo é um acto absurdo. Kierkegaard e Camus, cada um a seu jeito, já se tinha encarregado do assunto e a primeira-ministra Mette Frederiksen, em Copenhaga, leitora do primeiro dos autores por razões óbvias, voltou agora a sublinhá-lo com aqueles seus olhos de iceberg verde vago. Há seis anos, já outra PM dinamarquesa, Helle Schmidt, tinha caído no goto de Obama, durante as exéquias de Mandela. As primeiras-ministras dinamarquesas e os EUA parecem, pois, para o pior e para o melhor, manter uma relação estilo Deucalião e Pirra.
Mas o assunto que me trazia para os corredores desta crónica era literário e elevado, podia lá ser outro, e prendia-se com o conto de Truman Capote ‘Uma candeia numa janela’ que pode ser assim resumido: um homem perde-se na floresta e descobre uma casa onde é bem recebido. A anfitriã é uma senhora de idade, viúva, que vive com vários gatos. O homem passa aí a noite e no outro dia descobre que o amor pelos gatos de Mrs. Kelly estava recheado de dotes faraónicos. Ao abrir a arca frigorífica, uma vasta colecção de gatos congelados comprova-o. E a dona da casa confessa a sua perdição: “Todos os meus velhos amigos. No eterno repouso. É que eu não suportava a ideia de os perder”.
O conto tocou-me, porque faço parte daquela franja da humanidade que tem um enorme fraquinho pelos gatos. Mas não sou maluco ao ponto de ir votar no PAN, pois é mais importante voltar a normalizar o Serviço Nacional de Saúde do que criar um paralelo destinado aos mais belos felinos da galáxia.
Voltando ao tema, devo referir que, por razões profissionais, procurei na rede críticas a este conto de Capote e ao livro onde ele surge publicado, ‘Música para Camaleões’. E foi então que, por acaso, encontrei um artigo científico que deixa as pesquisas da Universidade de Quilmes a um canto. Insere-se no naipe de investigações que, hoje em dia, fazem vida nos chamados ‘Estudos de Género’. O texto é da autoria de Michael P. Bibler e deixo-o aqui sem mais comentários (a tradução é minha, deixo o original em inglês em rodapé):
“Embora a história nos prepare para o facto de os gatos congelados serem símbolos ou substitutos do seu falecido marido, torna-se claro que ela ama os seus gatos literalmente enquanto gatos e nada mais. Capote leva-nos a compreender e a aceitar este amor pelos seus gatos como uma coisa em si mesma. E ao fazê-lo, ele convida-nos a imaginar um mundo mais hospitaleiro capaz de se ajustar a outras opções para além dos limites do casamento heterossexual, incluindo, ainda que sem se limitar a tal, a sua homossexualidade.”
Depois de ler esta preciosidade, pergunto-me se valerá a pena sequer comentá-la. Entre comprar a Gronelândia e a ideia de que os gatos congelados significam uma sexualidade de várias entradas, o que sobrará?
Sobrará talvez uma breve narrativa de teor oral que me foi contada por um amigo pintor que, por coincidência, é um apaixonado pela prosa de Truman Capote, pelos romances de Camus e pela filosofia de Kierkegaard:
‘O marido queria praticar sexo anal com a mulher, mas não sabia como pôr em prática um projecto de tal complexidade. Lembrou-se de comprar um busto de Napoleão. Colocou-o em frente à cama, ao lado da televisão. Na noite seguinte, a mulher perguntou – “O que faz ali aquele busto?” – e o marido, virando-se para ela, replicou – “qual busto, qual quê, o que tu queres sei eu”. E lá avançou como pôde, coitado’.
Esta breve narrativa, que em certos meios científicos é classificada como anedota, tem uma carga suplementar de vernáculo (diz literalmente “ir ao cu”), o que lhe confere um certo fundo antropológico. Se se convidasse o senhor Michael P. Bibler a interpretar este excurso no auditório da Gulbenkian, o que diria ele?
Diria que o marido, ao focar-se no peito de Napoleão (era essa a inexorável proeminência do busto), estaria a convidar-nos a imaginar um mundo mais hospitaleiro e capaz de se ajustar a outras posições e opções para além dos limites do sexo oral, competência em princípio partilhável nos mundos hetero e homossexual.
Acrescentaria ainda em jeito de conclusão: como os humanos não conhecem o género a que pertencem e precisam de aulas para o descobrir (por causa do dilúvio, Deucalião e Pirra ainda estão na lista de espera), se se tratasse do busto de Trump, tornar-se-ia necessário descongelar os gatos de Mrs. Kelly e a Gronelândia inteira e, depois de tudo derretido, tal como aconteceu com os hamsters de Quilmes, logo se veria para que fuso pendiam as coisas. Só então se podia, com propriedade, falar em negócio imobiliário.
Capote, Truman, Música para Camaleões, trad. paulo Faria, Livros do Brasil, Porto, 2015 pp.35-38 [Em linha]. (S/D.) https://static.fnac-static.com/multimedia/PT/pdf/9789723829044.pdf [Consult. 3 Ago. 2019].
“Although the story prepares us to expect that the frozen cats could be symbols or surrogates for her dead husband, it becomes clear that she loves her cats literally as cats and nothing more. Capote pushes us to acknowledge and accept this love for her cats just as it is. And by doing so, he invites us to imagine a more hospitable world in which we accommodate other kinds of object-choice beyond the confines of heterosexual marriage, including but certainly not limited to his own homosexuality.”. In Michael P. Bibler,  Capotes´s Frozen Cats – Sexuality, Hospitality, Civil Rights, Journal Angelaki, Journal of theoretical humanities. [Em linha]. (Volume 23, 2018 – Issue 1 / Queer Objects. Issue Editors: Guy Davidson and Monique Rooney) https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/0969725X.2018.1435387?journalCode=cang20 [Consult. 3 Ago. 2019].
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becomingbroccoli · 5 years ago
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