#Floresta dos Guará
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Maranhão aposta no afroturismo para impulsionar cultura e economia local
Na capital, o Quilombo Urbano da Liberdade se destaca como referência de afroturismo
O Governo do Maranhão está implementando um conjunto de ações para posicionar o estado como referência nacional no afroturismo. Com forte potencial para explorar o turismo de base comunitária, os polos turísticos de São Luís, Munim e Floresta dos Guarás têm sido os focos da estratégia, que busca integrar a sociedade civil e fortalecer comunidades quilombolas. Na capital, o Quilombo Urbano da…
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Melhores Locais de Ecoturismo no Pará para Explorar a Natureza
O Pará é um dos estados mais ricos em biodiversidade do Brasil, sendo um destino perfeito para os amantes da natureza e do ecoturismo. A vasta floresta amazônica, rios majestosos e uma cultura fascinante fazem do Pará um local imperdível para quem busca conexão com o meio ambiente. Se você está pensando em explorar essa beleza natural, saiba que além das incríveis paisagens, você pode desfrutar de deliciosos restaurantes baratos em Belém , garantindo uma experiência completa, com belas paisagens e gastronomia local.
Seja para uma aventura de trilhas em meio à floresta ou uma navegação pelos rios amazônicos, o Pará oferece uma experiência única para o ecoturismo, sempre respeitando e preservando a natureza.
Floresta Nacional de Carajás
Localizada na região sul do estado, a Floresta Nacional de Carajás é uma área de preservação ambiental que abriga uma fauna e flora impressionantes. Com trilhas ecológicas que atravessam a floresta amazônica, este é o local perfeito para quem deseja se desconectar do cotidiano urbano e se reconectar com a natureza. Os turistas podem explorar cavernas, cachoeiras e observar animais raros, como a onça-pintada e diversas espécies de aves.
Carajás é conhecida por ser uma das florestas mais biodiversas do mundo, e sua infraestrutura de ecoturismo permite que os visitantes desfrutem de um contato profundo com a natureza sem deficiência do meio ambiente.
Alter do Chão: O Caribe Amazônico
Conhecida como o "Caribe Amazônico", Alter do Chão, localizado no município de Santarém, é um destino deslumbrante de ecoturismo no Pará. Suas praias de água doce, formadas ao longo do Rio Tapajós, são cercadas por vegetação amazônica exuberante, oferecendo um cenário único para os amantes da natureza.
Além das praias, Alter do Chão oferece passeios em canoas pelos igarapés, trilhas pela Floresta Nacional do Tapajós e a oportunidade de conhecer comunidades ribeirinhas e indígenas. Para quem busca uma experiência mais tranquila, é possível relaxar nas praias e curtir a bela paisagem que mistura floresta e rio.
Ilha de Marajó: Paraíso da Biodiversidade
A Ilha de Marajó é outro destino imperdível para quem ama o ecoturismo. Maior arquipélago fluvio-marítimo do mundo, Marajó oferece uma combinação única de floresta amazônica, manguezais e praias desertas. A fauna local é diversa, com búfalos, guarás e jacarés, sendo um verdadeiro paraíso para observadores de aves e amantes da vida selvagem.
Marajó também é famoso por sua cultura rica, com tradições locais que incluem a culinária típica e o artesanato marajoara. Além de explorar a natureza, o visitante pode conhecer de perto a vida das comunidades ribeirinhas e dos campos onde os búfalos pastam livremente.
Parque Estadual de Monte Alegre
O Parque Estadual de Monte Alegre, localizado na região oeste do Pará, é um tesouro pouco explorado, mas repleto
As formações rochosas, cachoeiras e a vasta vegetação amazônica completam o cenário, fazendo deste parque uma escolha ideal para quem deseja uma experiência de imersão completa na natureza.
Serra do Paituna: Trilha e Aventura
A Serra do Paituna, localizada próxima à cidade de Bragança, é uma região montanhosa cercada por tecido amazônico e riquíssima em biodiversidade. O local é ideal para quem busca ecoturismo com um toque de aventura, oferecendo trilhas desafiadoras e paisagens espetaculares. A região também conta com cachoeiras de águas cristalinas, perfeitas para um banho revigorante após uma caminhada.
Para os amantes do ecoturismo que buscam uma conexão mais intensa com a natureza, a Serra do Paituna é o destino certo. A fauna local, composta por macacos, aves e outros animais selvagens, completa a experiência.
Turismo Sustentável e Comunidades Ribeirinhas
O ecoturismo no Pará não se resume apenas à exploração da natureza. Uma das maiores riquezas da região são as comunidades ribeirinhas, que vivem em harmonia com o meio ambiente. Diversos destinos de ecoturismo, como Alter do Chão e a Ilha de Marajó, oferecem a oportunidade de conhecer de perto a cultura dessas comunidades, aprendendo sobre seu modo de vida e contribuindo para o turismo sustentável.
Participar de atividades de turismo comunitário, como passeios guiados por moradores locais, é uma forma de apoiar diretamente a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável dessas regiões.
O Pará Como Destino de Ecoturismo
O Pará é um estado rico em biodiversidade e belezas naturais. Suas florestas, rios e praias oferecem experiências únicas para quem busca o contato direto com a natureza. Seja explorando cavernas em Carajás, navegando pelos rios de Alter do Chão ou conhecendo a fauna exótica do Marajó, os amantes do ecoturismo encontrarão no Pará um destino inesquecível.
Ao visitar o estado, além de curtir suas belezas naturais, é possível desfrutar da gastronomia local com opções acessíveis, como os restaurantes baratos em Belém , garantindo que sua viagem seja completa em todos os aspectos.
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Name: Guarará (GUARAná + Lobo-guaRÁ) Type: Grass / Dark Abilities: Overgrow / Strong Jaw (Hidden) Line: Guana -- Lvl 16 --> Guasque -- Lvl 36 --> GUARARÁ Height: 1.5m Weight: 32kg
Dex Entry: ● Guarará, the multi-eyed fakemon. This fakemon is hidden in the middle of dark forests leaving only the fruits in its fur showing to scare other beings. Overall, they have a quiet personality and are very respectful.
● Guarará, o fakemon de multiplos olhos. Este fakemon fica escondido no meio de florestas escuras deixando apenas as frutas em sua pelagem a mostra para assustar outros seres. No geral, possuem uma personalidade tranquila e são muito respeitosos.
Please, do not use without credit.
#darktype#fakemon#grasstype#manedwolf#starter#wolf#loboguara#fakemonpokemon#darktypefakemon#grasstypefakemon#grass
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#verdinhomaischarmosodobrasil
"Bem-vindos ao Banco Atitude! Hoje falaremos sobre os biomas existentes no Brasil, um país rico em diversidade natural.
Começando pela Amazônia, o maior bioma brasileiro, com cerca de 5,5 milhões de km² de extensão e uma biodiversidade impressionante. A Amazônia abriga a maior floresta tropical do mundo e é considerada o pulmão do planeta, responsável pela produção de oxigênio e pela regulação do clima global.
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, com mais de 2 milhões de km², e é conhecido como a savana brasileira por suas características de vegetação. É a segunda região mais rica em biodiversidade do país, abrigando espécies únicas e ameaçadas de extinção, como a onça-pintada e o lobo-guar��.
A Caatinga é o bioma exclusivamente brasileiro com cerca de 844.453 km² de extensão e é conhecido como a savana brasileira. É uma região semiárida, que abriga uma grande diversidade de espécies adaptadas às condições climáticas extremas, como cactos e plantas espinhosas.
O Pantanal é uma das maiores áreas úmidas do planeta, com cerca de 150.355 km² de extensão. É um bioma único, com uma diversidade de espécies impressionante, incluindo animais como a arara-azul e o jacaré-de-papo-amarelo, além de uma rica flora de plantas aquáticas.
A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do Brasil, com apenas 12% de sua cobertura original preservada. É uma região de grande importância ecológica, com uma rica biodiversidade, incluindo espécies endêmicas como o mico-leão-dourado e a araucária.
Por último, temos o Pampa, um bioma exclusivamente brasileiro, que ocupa cerca de 2% do território nacional. É uma região de campos e planícies temperadas, com uma grande diversidade de espécies animais e vegetais, como o graxaim-do-campo e o capim-annoni.
Preservar a diversidade dos biomas brasileiros é essencial para garantir a qualidade de vida da população e a sobrevivência de uma grande variedade de espécies animais e vegetais. O Banco Atitude se preocupa com o meio ambiente e incentiva ações que visem a proteção e a conservação dessas regiões tão importantes para o nosso país."
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Diário de Expedição #6 | Observatório do Sacaca
Chegara um dos dias mais esperados por nós. Faríamos o passeio ao Observatório do Sacaca. No dia anterior, a Hortência nos alertou sobre o horário de saída da Fazenda. Precisava ser cedo e não poderia haver atrasos, por conta do tempo da maré.
Tomamos café no Hotel Urumajó e viajamos de carro por cerca de 40 minutos em direção ao litoral. No píer, a movimentação já começou intensa. O professor Guilherme, Heitor e Arthur – chamado por nós de Mazai – levavam os equipamentos com todo cuidado para os barcos. Decidimos levar duas câmeras profissionais (Panasonic GH5 e Sony A7C), uma GoPro e um drone. Nos foi informado que o barco – e nós – ficaríamos molhados nesse passeio, então houve todo um cuidado na escolha e organização dos materiais de captação, inclusive com a utilização de um case Pelican à prova d'água.
Seu Sacaca também já estava no píer, fazendo os últimos ajustes para embarcarmos. Ele é um famoso pescador da região e um parceiro da Rota. Foram 3 barcos à nossa disposição. Todos entraram e começamos a navegar sob liderança de Sacaca. A viagem foi tranquila e animada. Uma das principais atrações no trajeto era a visão do revoada de guarás sobrevoando as águas. Uma espécie de pássaro de penas vermelhas e bico alongado, que costuma se reproduzir nessas áreas de mangue.
Chegando à Ilha do Rato (nome dado pelo próprio Sacaca), onde se localiza o Observatório, fomos caminhando pela terra molhada e macia. A vista era espetacular. A maré estava baixa e nos banhamos nas pequenas piscinas naturais que se estendiam pelo espaço. Enquanto caminhávamos, Sacaca jogava a rede e pescava. Imagens lindas foram captadas daquela atividade, que atrai turistas que valorizam e fomentam a preservação daquele lugar e sua história. Lá no Observatório, já começavam os preparativos para nos receber.
Ao chegarmos lá, vimos uma estrutura de madeira elevada sobre a terra, a qual eles chama de rancho. O teto parecia ser um trançado de palha. Subimos pela escada e encontramos as mesas postas e o peixe sendo feito na brasa. Havia redes ao fundo do local para descansarmos. Todos se acomodaram e esperaram o almoço ser servido. Tudo estava delicioso e, mais tarde, com a maré subindo, pudemos nadar ao redor daquela estrutura.
Bem à frente, estava o manguezal. De acordo com Hortência, aquela é a maior região de mangue preservada do mundo, o que nos chocou. Seu Sacaca nos guiou para dentro daquele local, onde explicou sobre a pesca de caranguejos e a importância da preservação e o respeito pelo tempo da cadeia reprodutiva dos animais que ali habitam.
A tarde já estava caindo e já era hora de zarpar. Entramos nos barcos novamente para retornarmos ao Porto do Perimirim. Fomos surpreendidos pela chuva, e tivemos que guardar rapidamente os equipamentos de filmagem. Apesar disso, foi um retorno tranquilo e seguro para nós.
Voltando à Fazenda Bacuri, um grupo se aprontou para fazer uma visita técnica para dentro da floresta. Hortência havia nos contado sobre os fungos bioluminescentes desde antes da viagem, e estávamos curiosos para vê-los. Dessa vez, nenhum equipamento de captação foi levado. Estávamos indo para ter uma primeira observação deles e pensar em como poderíamos captar imagens em outro dia, uma espécie de visita de locação. Fizemos bem em não levar câmeras, pois mais uma torrente de chuva nos surpreendeu na floresta. O que, para muitos, tornou o momento ainda mais mágico. Ao cair da noite, no completo breu, todos começaram a ver pontos de luz no chão, como se fossem estrelas no céu.
Saindo da floresta, começamos a pensar no desafio que seria captar aquelas imagens, com muitas ideias na cabeça.
Mas teríamos que deixar para outro dia, pois visitaríamos mais um parceiro da Rota: o Salgateua. A lanchonete fica no centro da cidade de Bragança e faz salgados frescos com ingredientes típicos da região. O grande vencedor para nós foi o recheado com Bacuri e queijo cuia.
Jantamos bem e voltamos para a fazenda satisfeitos e prontos para descansar. Estávamos todos exaustos, porém extremamente felizes com todo o aprendizado e experiências que estávamos vivendo.
#amazônia#turismodeexperiencia#gastronomia#belém do pará#amazoniaatlantica#natureza#turismo#amazonia#observatoriodosacaca#rotaamazonioatlantica
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Hogmeade - Arredores do vilarejo
Trick or treat, what would it be? Era o primeiro final de semana com visitas a Hogsmeade do ano letivo e não tinha grandes planos. Havia passeado pelas lojinhas da cidade, comprado alguns doces e guloseimas e perdi um longo tempo olhando a vitrine da loja de plantas e ervas, mas não comprei nada pois poderia encontrar a maior parte daquelas plantas nas estufas de Hogwarts. Em vez de voltar para o castelo, saí da rua principal, explorando ruas menores e me afastando do centro da cidade. Ali o vilarejo não era tão diferente de um vilarejo de trouxas, as ruas eram ocupadas por casinhas de pedra, que iam rareando e aos poucos eram substituídas por vegetação e árvores cada vez maiores. Quando me dei conta, não haviam mais casas, apenas floresta. Me perguntei se essa era uma parte da Floresta Proibida de Hogwarts, enquanto continuava andando, admirando a vegetação. Bom, não havia passado pelos muros da escola, então não estava em Hogwarts, então, obviamente, essa floresta não era proibida. Reconheci algumas flores crescendo em moitas, havia Descurainias crescendo há alguns passos da trilha, mas apenas memorizei sua localização, pois essa precisava ser colhida sob a lua cheia. Alguns passos adiante, avistei um grupo de cogumelos crescendo perto da raiz de uma árvore. Eram daqueles vermelhos com pintinhas, que pareciam saídos de um desenho animado. Até mesmo um trouxa saberia que aqueles cogumelos eram perigosos, então me aproximei para olhá-los de perto com as mãos nas costas, para resistir à tentação de tocá-los para "ver com as mãos". Saí da trilha e caminhei na direção dos cogumelos, mas quando estava a poucos passos de distância, para minha surpresa, os cogumelos saltaram em direções diversas, fugindo de mim como se fossem criaturas vivas. Ainda surpresa, dei mais um passo na direção dos cogumelos, que saltaram mais uma vez. Lembrei de ter visto alguns cogumelos assim em uma aula de herbologia e passei os minutos seguintes seguindo o maior dos cogumelos, que pulava cada vez mais longe da trilha, enquanto eu tentava me aproximar.
***
Lá estava, uma presa! Quer dizer, Faye não queria devorar a garota, apenas queria treinar um pouco suas habilidades como lobo. Como poderia ensinar seus filhos a caçar se nem mesmo ela tinha toda essa experiência estando em quatro patas? Faye também não tinha escolhido ela por algum motivo especial, ela quem tinha se distanciado de Hogsmeade e acabou parando na floresta, a mulher só estava juntando o útil ao agradável. Sua ideia era seguir a garota sem que ela percebesse, sendo assim, Faye tentava ser o máximo furtiva no seu corpo quadrúpede. Era difícil se camuflar na vegetação sendo um lobo laranja, então Faye já descartava camuflagem como carta na manga. Ela preferia, portanto, esconder-se atrás de árvores, esgueirando-se entre elas. Também utilizava o seu ágil corpo para passar rapidamente por áreas mais abertas. O lobo guará podia não ser bom se camuflando na vegetação verde de Hogsmeade, mas as patas compridas eram muito úteis quando o assunto era velocidade e saltos. Cada vez mais que usava sua forma animaga, Faye percebia como aquele era o seu animal. Muitos lobos caçam em matilha, então tem o corpo mais robusto e forte, o lobo de Faye, pelo contrário, era mais magro e esguio, favorecendo seus hábitos solitários. Faye, de fato, era uma loba solitária. Por vários minutos, Faye conseguiu seguir a garota sem que ela mostrasse estar desconfiada de ser seguida. Faye não sabia atribuir, no entanto, se isso era uma maestria sua como loba ou se a garota era simplesmente tão fissurada em herbologia que não prestava atenção nas coisas a sua volta. Claro que Faye percebeu isso nela, lembrava-a muito de quando estava em Hogwarts. Faye ficou conhecida por ser a monitora que falava com as plantas, então você já pode entender o contexto. O que esperar da estudante que roubou uma valeriana da estufa? Em um dado momento, a garota pareceu muito interessada por um grupo de cogumelos. Faye observou com um dos olhos para fora do esconderijo da árvore. A visão de um lobo não é das mais privilegiadas no quesito cores do mundo, Faye sempre se sentia daltônica ao assumir sua forma animaga, no entanto, os cheiros e barulhos compensavam. A garota ruiva cheirava a plantas e pergaminhos... Ou seriam papéis? Faye ainda estava se acostumando ao fato de que, no mundo dos lobos, absolutamente todas as coisas possuem um cheiro específico. Eram tantos cheiros para decorar! As orelhas de Faye giraram para a direção do som quando um dos cogumelos pulou, seguido de outro e de outro. Os fungos pareciam correr (quer dizer, saltar) como se aquela garota fosse uma grande predadora. A garota começou a seguir um dos cogumelos e Faye apertou o seu passo de quadro patas para conseguir segui-la. Observando a cena, no entanto, Faye percebeu que seria muito interessante tentar pegar aquele cogumelo saltador. Ignorando todos os seus instintos animais que diziam "cogumelo não é um alimento digno", Faye deixou de lado o fato de estar sendo sorrateira e avançou na direção do cogumelo, dando um salto para tentar pegá-lo com as patas dianteiras. É óbvio que não deu certo. Boca... Boca... Você é um lobo, use a boca pra pegar as coisas! Ela pensou. Tinha dias que seu lobo interior era super instintivo e Faye quase agia perfeitamente como um animal, mas tinha dias que a consciência dela estava mais proeminente e ela fazia aquelas gafes na forma de lobo. Ela podia imaginar o que biólogos trouxas diriam de seu comportamento como lobo. "Oh, provavelmente este lobo foi criado em cativeiro e abandonado na mata, o pobrezinho não vai conseguir sobreviver sozinho". De toda forma, Faye não pegou o cogumelo, mas estava cara a cara com a garota ruiva. Os pelos das costas de Faye se eriçaram na hora. Por mais que soubesse que tinha se revelado para a garota, isso não significava que ela era uma boa pessoa. Ela merecia toda a desconfiança. Como lobo, Faye sempre pensava nas coisas de forma mais intuitiva do que como humana, a mente do lobo era muito mais simples. Enquanto a humana pensaria em ser educada com a garota, como lobo Faye só poderia assumir que ela era uma estranha desconhecida digna de desconfiança até que se prove o contrário. Faye puxou o ar com o focinho apontado para a garota. Muito açúcar... Doces. Ela deduziu. A garota deveria ter doces. Faye sentou-se em seguida, meramente observando, mas pronta para agir caso fosse necessário, ou seja, apesar do lobo estar sentado, era possível notar o tônus em seus músculos, preparados para se mexerem o mais rápido possível.
***
Segui os cogumelos sem me dar conta de que também estava sendo seguida. Se fosse um pouco mais prudente também não teria me afastado da trilha, mas a curiosidade falava mais alto. Queria saber se os cogumelos teriam um esconderijo secreto, ou pelo menos vê-los de perto. Os seguia cada vez mais de longe, esperando que assim parassem de saltar, e foi exatamente nesse instante que um vulto alaranjado saltou do meio das árvores e aterrissou no meio dos cogumelos. Dei um pulo para trás com o susto, enquanto lobo (ou seria uma raposa???) tentava pegar um dos cogumelos desajeitadamente, usando as patas. Teria rido da cena, se no momento não estivesse avaliando minha situação. Estava sozinha em uma floresta, cheia de criaturas mágicas e perigosas, frente a frente com o lobo que agora me encarava. Não pude deixar de notar que nunca havia visto um lobo dessa cor, será que era algum tipo de lobo mágico? Tentava me lembrar de qual era o jeito certo de reagir em uma situação dessas. Eu tinha que me fazer parecer maior? Subir em uma árvore? Me fingir de morta? O lobo agora farejava o ar, ainda me observando com atenção. - Desculpa senhor lobo, não quis incomodar o senhor. - havia conhecido na escola uma garota que falava com animais, e não vi porque não tentar também. Tive o bom senso de falar em uma voz suave e me mover sem movimentos bruscos - Você gosta de bolinhos de nozes? - lentamente estendi a mão para minha bolsa, onde carregava uma coleção generosa de doces que havia comprado para comer durante a semana. Apesar de agir com cautela, não sentia medo. O lobo só atacaria caso se sentisse ameaçado, certo? Então eu só precisava me mostrar amigável.
***
Faye esperava muitas atitudes, mas não uma conversa. A garota pediu desculpas, não querendo incomodar o "senhor lobo". Como humana, Faye teria feito uma belíssima expressão de "o que?", mas como estava na forma do lobo, o que aconteceu foi o seu pescoço ir para o lado e ela ficar com aquela cara de cachorro que pouco está compreendendo alguma coisa. Em seguida, ela ofereceu bolinhos de nozes. Dessa vez Faye quis dar risada, considerando que aquela garota realmente era um poço de inocência. Naturalmente, lobos não dão risada, então meio que os dentes pontudos apareceram como se fosse uma espécie de rosnado... Só que sem a parte do rosnado. Mais uma vez a voz dos biólogos trouxas ecoou em sua cabeça "este animal deve ter passado por alguma espécie de maus tratos e já não tem mais certo controle sobre a região da boca". Faye, naquele dia, estava falhando miseravelmente em parecer um lobo de verdade. Que bom que seus filhos não estavam por perto, poderiam achar que a mãe deles estava doente ou coisa parecida. De toda forma, ela ficou interessada nos bolinhos de nozes, não porque eram bolinhos de nozes, mas porque Faye nunca tinha comido doces na forma de lobo. Como deveria ser perfurar um bolinho com aqueles dentes pontudos? A curiosidade era grande, por mais que seu instinto animal estivesse dizendo "bolinhos são um alimento ainda menos digno do que cogumelos". Faye levantou seu corpo quadrúpede e caminhou na direção da garota, seu focinho facilmente captando o cheiro dos bolinhos de nozes. Faye seguiu o faro, cheirando a mão da garota e metendo a cabeça na bolsa. Faye parecia um daqueles ursos que roubam cestas de piquenique, só que ela estava roubando a bolsa de uma garota no meio da floresta. A humana certamente se importaria muito mais com pegar alguma coisa de outra pessoa sem ativamente pedir, por mais que fosse a outra pessoa que começasse com o assunto. O lobo, por sua vez, pouco se importava se era errado roubar uma pessoa. Era só um bolinho de nozes, afinal, e um bolinho de nozes que nem era sequer uma comida digna! Faye conseguiu alcançar um bolinho, tirou a cabeça da bolsa dela com um entre os dentes e se afastou para onde estava sentada. Tornou a mastigá-lo em apenas uma bocada e percebeu que a textura de um bolinho não combinava em nada com os dentes de um predador. Quer dizer, como lobo era muito mais cômodo dilacerar carne, o bolinho só se quebrava todo com os furos que os dentes caninos faziam, pedaços e farelos caiam pelos lados da boca. Lições do dia: lobos não gostam de bolinhos. Faye balançou a cabeça, fazendo mais farelos voarem para os lados, porque algumas migalhas ficavam agregados em seus pelos. Depois olhou para a terra e percebeu que metade do bolinho tinha virado pedaços e farelos no chão. Ela murchou as orelhas, sua intenção era provar um bolinho, não desperdiçar os doces de outra pessoa.
***
O lobo mostrou os dentes pra mim e parei no lugar um instante, tentando decidir se ele estava tentando parecer ameaçador ou... sorrindo? Após alguns segundos de observação, concluí que ele não parecia incomodado comigo, apenas curioso. Mantive um olho nele, enquanto revirava minha bolsa, mas o animal parecia tão apressado que se aproximou lentamente, enfiando a cabeça dentro da bolsa, como se fosse um cachorro curioso. - Opa, você está com fome, hein? - soltei uma gargalhada, esquecendo que estava na presença de um animal possivelmente perigoso. Me abaixei no chão para ficar mais perto dele e quase arrisquei um carinho no lobo, mas ele rapidamente se afastou, levando consigo um dos meus bolinhos. Assisti enquanto o lobo tentava comer bolinho a alguns passos de mim, acabando com mais comida no chão e no seu pelo do que na boca, e parecendo visivelmente decepcionado. - Era o que eu tinha, desculpa... - desejei ter alguma coisa mais própria para um lobo comer, mas bolinhos e doces eram tudo o que eu tinha. Observei o lobo, curiosa, ele realmente não parecia se comportar como um lobo normal, parecia mais um cachorro meio abobado, o que só me fazia ter mais simpatia por ele. Agora que estava claro para mim que o lobo não oferecia perigo, estendi a mão para ele, na esperança de acariciar seu pelo. - Você tem um nome? - não esperava uma resposta, mas franzi a testa pensando em que nome poderia dar para meu novo amiguinho.
***
Mesmo que sua habilidade da empatia não funcionasse em forma de lobo (Faye não sabia o porquê disso, ainda que mantivesse a consciência humana na forma animaga, apenas era assim), Faye sentiu um acesso de empatia pela garota. Ela era doce e bondosa, até pediu desculpas por apenas ter bolinhos, o que claramente não foi comida apropriada para o lobo dado os inúmeros pedaços e farelos no chão. As atitudes de Faye, claramente destoando de um lobo selvagem, deixaram a garota mais confiante também. Ela estendeu a mão, convidando Faye para um carinho, mas também perguntou se o lobo tinha um nome. Faye sentiu mesmo a necessidade de apresentar, de ter algum tipo de conversa, embora não quisesse se revelar como humana. Algo dizia para ela que a garota se decepcionaria bastante ao ver que o lobo a sua frente, na verdade, era uma pessoa... E essa pessoa ainda tinha roubado um dos bolinhos dela! Ela e sua inocência não mereciam isso. Então, como dizer seu próprio nome? Apesar de saber que não daria certo, Faye tentou falar com as cordas vocais do lobo, saindo apenas um latido esganiçado. Os biólogos ressoaram em sua mente "pobrezinho, deve estar engasgado com alguma coisa". Faye precisava inventar algo melhor e uma ideia brotou em sua cabeça, uma ideia totalmente não natural para um lobo, mas natural para a mente humana que comandava tudo. Faye deu um latido animado (dessa vez foi um latido decente) e correu para pelos arbustos próximos, se afastando por uns minutos e voltando com um pedaço de pau na boca. Inclinado a cabeça, Faye sentiu o galho tocando no chão e começou a arrastá-lo, ciscando a terra. Era interessante como seus ouvidos captavam precisamente o som da terra sendo arrastada pelo galho, à medida que Faye ia se movendo. Isso mesmo, ela estava escrevendo o seu nome na terra para a garota poder ler. Isso é algo que um lobo faria e talvez a garota nem soubesse, mas existem lobos inteligentes dentre os bruxos, filhos de lobisomens, então talvez ela associasse Faye a esse tipo de lobo. Faye caprichou na escrita e, assim que terminou, observou a sua "arte" com o pedaço de pau ainda na boca (porque a ideia de soltá-lo não era bem vinda, puro instinto). O rabo dela estava abanando, empolgada com seus dotes de escrita na terra, mas esse parou assim que ela viu mesmo o que tinha feito. Não passava de um amontoado de vales na terra super ilegíveis. Nenhuma alma viva iria conseguir ler o nome dela naqueles garranchos que nem sequer tinham forma direito. Naquele momento, Faye percebeu que escrever usando a boca canina e um pedaço de pau não era nem um pouco fácil ou ideal. Ótimo, não era o jeito de fazer amizade que eu queria. Vai ver a garota agora iria sair correndo do lobo esquizofrênico. Faye não sabia bem o que fazer naquele momento, então fez a coisa mais instintiva possível. Caminhou até os pés da garota e derrubou o galho perto deles. Em seguida, sentou-se e ficou olhando do galho para ela.
***
O lobo soltou uma mistura de grasnido com uivo, e olhei para ele, preocupada, achando que talvez ele tivesse se afogado com um dos bolinhos que lhe dei. Em seguida ele soltou um latido, saiu correndo e voltou segundos depois, com um galho na boca. Eu assistia à cena, meio confusa e meio fascinada pelo comportamento do animal. O tal lobo se comportava quase como um cachorro abobado, o que me deixou preocupada com a segurança dele. Será que ele sabia se virar sozinho na floresta? Será que os outros lobos judiavam dele? Será que alguém na vila costumava cuidar dele e por isso ele estava tão acostumado com humanos? Talvez alguém até tivesse adestrado ele… Ele agora tentava rabiscar no chão, ou agitar o galho pra mim e fiquei me perguntando quem havia ensinado a fazer isso. No chão não havia nada que fizesse sentido, me levando a concluir que se alguém havia tentado treinar o animal, havia feito um trabalho bem mediano. - Porque eu não te chamo de Maple? - afinal a cor dele me lembrava as de folhas de bordo. E talvez o galho fosse alguma dica para o nome dele que eu não conseguia entender. Esqueci completamente que estava na floresta, provavelmente acompanhada de um animal selvagem e me ajoelhei para passar a mão pelo seu pelo. - Você não pode ser bonzinho assim com todo mundo. - alertei o animal, enquanto alisava seu pelo. Um animal tão calmo e bonzinho não iria durar muito vivendo na floresta - Tem muitos humanos maus por aí que poderiam machucar você… e até outros lobos. Você tem que pelo menos fingir que é bravo.
***
Maple? Faye pensou, inclinando a cabeça para o lado. Sua parte instintiva não entendia porque ela precisava de um nome, os cheiros eram muito mais efetivos para fazer qualquer tipo de diferenciação entre indivíduos. Ainda sim, sua parte consciente entendia o porquê do nome, assim como entendia o significado do mesmo. Ah, a garota gosta de plantas, que lindo. Só por causa disso Faye abanou o rabo para o nome, afinal, ela era uma herbologista, era uma honra receber o nome de uma árvore. A cada momento, a garota ficava mais à vontade com o lobo, se agachando para fazer carinho. Faye não se lembrava de já ter recebido algum tipo de afago na forma animaga (fora de outros lobos), então era uma boa sensação. Faye fechou os olhos e se permitiu sentir, era como receber um chamego nos cabelos, mas agora Faye podia sentir em todo o seu corpo, afinal, ele era coberto por pelos. Já entendi porque os cachorros gostam disso. Faye pensou, deixando-se levar, quando a garota falou sobre o lobo não poder ser bonzinho com todo mundo. Faye abriu seus olhos e suas orelhas também se ergueram, ficando alerta. A garota falava sobre existirem outros humanos maus, além de lobos, então Faye pelo menos precisava fingir que era brava. Faye balançou a cabeça por um momento e olhou para a garota. Está me subestimando é? Faye perguntou pelos pensamentos, afinal, falar com as cordas vocais de um lobo não era possível. Ela até poderia ficar ofendida, principalmente se prestasse atenção em seu instinto animal, no entanto, Faye entendia que a garota era apenas bondosa e só estava preocupada com a possível sobrevivência de um animal pacifico como aquele no meio da floresta. Depois desse pensamento, Faye chegou a uma conclusão ainda mais importante. Se ela era um lobo bonzinho demais, aquela garota também era boazinha demais. Ela estava tocando em um possível animal selvagem estando no meio de uma floresta. Se Faye fosse um lobo selvagem, no mínimo aquela garota sairia da floresta lesionada. Com isso, Faye sentiu uma súbita vontade de levar a garota de volta para Hogsmeade, a floresta tinha vários perigos não somente animais, mas também vegetais. Com um pouco de dor no coração, Faye saiu do alcance da mão da garota e habilmente deu a volta nela. Quatro pernas eram realmente muito úteis para movimentos ágeis. Atrás da garota, Faye colocou a cabeça próximo do bumbum dela e tentou fazê-la levantar e andar para frente. Infelizmente para Faye, o porte físico de um lobo guará está longe de ser dos mais fortes, pelo contrário, essa espécie de lobo é bem mais adaptada à velocidade e aos saltos. Faye parou de tentar empurrar a garota (até porque, como ela estava agachada, havia uma certa probabilidade de fazê-la cair de cara na terra, o que não era a intenção) e voltou a ficar de frente para ela. Como um cachorro que chama uma pessoa, Faye correu até uma árvore mais afastada, deu alguns latidos e abanou o rabo. Anda, vem logo, me segue. Faye pensava e nem percebeu o momento em que começou a dar alguns pulinhos, querendo chamar ainda mais atenção da garota.
***
Maple primeiro pareceu confuso, mas depois deu sinais de que gostava de seu nome, abanando o rabo animadamente e depois permitindo que eu lhe fizesse carinho e até curtindo a atenção. Nunca tive um cachorro de estimação, mas imaginava que era assim que um deveria se comportar. Enquanto lhe fazia carinho, me perguntei se achariam estranho se eu aparecesse no castelo com um lobo laranja como um animal de estimação, mas então me lembrei que o lugar daquele lobo era na floresta e não no dormitório grifino. Mas talvez pudesse visitá-lo na floresta, certo? Foi nesse momento que Maple finalmente se mexeu e escapou do alcance da minha mão. - O que foi? - acompanhei com os olhos enquanto o lobo me contornava e se posicionava atrás de mim, para depois começar a tentar me empurrar com a cabeça. - Pera, assim você vai me derrubar! - comecei a rir, tentando entender qual era a brincadeira da vez, me apoiando em uma das mãos para que o lobo não me derrubasse enquanto tentava me empurrar. Maple então desistiu e parou diante de mim, antes de correr para uma das árvores mais afastadas. - Quer que eu vá aí? - curiosa e tentando entender o que o lobo queria, me levantei e comecei a seguir o lobo. Maple pulava no lugar, balançava o rabo e só faltava latir para chamar minha atenção. - O que você quer me mostrar?
***
Ela seguiu, ela seguiu. Faye pulou mais algumas vezes e abanou o rabo. Tinha conseguido o que queria! Sua linguagem corporal como lobo acompanhava facilmente os seus pensamentos, ela nem percebia quando o seu rabo abanava, apenas o fazia como se isso fosse a coisa mais natural do mundo porque, como lobo, era mesmo natural abanar a cauda ao se sentir entusiasmado. Empolgada, Faye começou a andar na direção de Hogsmeade. Como sabia o caminho? Simples, Hogsmeade tinha um cheiro bastante característico e muito diferente da floresta. Primeiro, pessoas cheiram diferentes de animais selvagens, Hogsmeade era um conglomerado de humanos, era muito fácil cheirar eles. Outra coisa, o vilarejo também costumava ter barulho de passos humanos e pessoas conversando, então Faye também poderia encontrar o local pelo som. Como lobo, cheirar e ouvir era muito mais fácil do que usar qualquer outro sentido e, quando voltava a forma humana, Faye estava até começando a sentir falta daqueles sentidos aguçados. Caminhar pela floresta também tinha se tornado algo muito natural como lobo, suas patas esguias permitiam vários movimentos e pedras pelo caminho ou um trajeto mais íngreme não eram problema algum. De forma ágil, Faye caminhava num ritmo acelerado, mas por vezes parava seu movimento, principalmente quando os sons da garota começavam a parecer mais distantes. Quando Faye percebia isso, ela parava e se sentava no chão, esperando. Às vezes se sacudia uma das patas para afastar as formigas. Corpo humano ou corpo lobo, os insetos não dão trégua para ninguém. Depois de alguns minutos de caminhada, Faye observou as casinhas do vilarejo no horizonte cortado por algumas árvores remanescentes nos arredores. Ela não iria se aproximar mais do que isso, mesmo para os moradores do vilarejo, acostumados com criaturas mágicas e animais morando na floresta, ver um lobo laranja não iria ser comum. Faye já tinha pesquisado sobre sua espécie quando se transformou pelas primeiras vezes, aquele lobo era nativo da América do Sul. Ninguém da Europa tinha visto algo parecido, a não ser que já tivesse dado um pulinho no Brasil ou soubesse usar o google imagens, uma raridade entre os bruxos, já que muitos ainda não sabiam usar a tecnologia trouxa. Faye sentou-se, dobrando as patas de trás, e esperou a garota colocar-se ao seu lado. Faye olhou para a garota, o traço mais marcante visualmente era a cor do cabelo dela, uma espécie de roxo meio fosco. Faye sabia que, na visão humana, isso deveria ser análogo a vermelho, mas como lobo, ela não enxergava o vermelho, o mundo era bem mais azul, amarelo e cinza. Mesmo que a visão não fosse grande coisa, Faye se lembraria da garota, com certeza, pelo cheiro. O cheiro dela lembrava as plantas da floresta, mas também tinha uma pitada de algo que lembrava folha e grafite. Depois de olhar para a garota, Faye olhou para o vilarejo. Fez o mesmo processo mais duas vezes, querendo indicar que era para a garota seguir para o vilarejo. As orelhas de Faye tornaram-se murchas depois que ela parou de fazer isso, tinha gostado da companhia da garota e não gostava de despedidas. Faye gostaria muito de conhecer aquela garota em sua forma humana também, era doce e inocente. Se Faye como lobo tinha gostado dela, iria gostar como humana também.
***
Curiosa para o que Maple me mostraria, fui seguindo o lobo, me divertindo ao ver a festa que ele fazia, balançando o rabo e às vezes disparando na minha frente. Só então me dei conta que não sabia direito onde estava. Sabia que estava em algum lugar entre Hogwarts e Hogsmeade, mas havia me afastado da trilha ao seguir os cogumelos saltitantes, no que parecia ser horas atrás, e depois de seguir Maple pela floresta, havia perdido toda a referência do caminho. Mesmo assim, não me sentia preocupada. Poderia encontrar o caminho mais tarde, agora queria saber onde Maple estava me levando. Talvez ele me levasse para ver onde vivia, ou quem sabe para conhecer outros lobos vermelhos e abobados como ele. Às vezes Maple disparava na minha frente, quase desaparecendo entre as árvores e eu precisava correr para alcançá-lo, outras, eu via alguma flor diferente, ou alguma folha em um formato interessante e precisava parar para colhê-las ou tirar uma muda e mais uma vez precisava me apressar para alcançar meu guia, que sempre me esperava pacientemente, sentado no caminho. Logo estava com meus bolsos cheios de flores e folhas coloridas e avistei Maple me esperando junto a uma trilha, que cortava nosso caminho e seguia entre as árvores. Dessa vez o lobo não continuou correndo e olhei ao redor, tentando encontrar o que ele queria me mostrar. - É aqui que você mora? - segui a trilha com o olhar e vi que, depois das árvores, era possível ver os primeiros telhados de um vilarejo, provavelmente Hogsmeade - Ah… - deixei escapar um suspiro meio decepcionado, quando vi que meu novo amigo havia me ajudado a encontrar meu caminho de volta. Não seria dessa vez que encontraria uma família de lobos vermelhos e abobados. - Você é muito esperto, sabia? - me abaixei e fiz um carinho no lobo. O sol se aproximava do horizonte e logo estaria escuro, sinal de que eu precisava voltar para o castelo. Eu sabia que se dependesse de mim, acabaria colhendo folhas bonitas até ficar escuro e aí não encontraria meu caminho de volta - Ainda bem que você é responsável. - sorri para ele, ainda lhe fazendo carinho. - Ah! Aqui! - tirei do meu bolso uma das flores que havia colhido no caminho: uma margarida amarela. Enrosquei a flor atrás da orelha de Maple e lhe dei um sorriso. Sabia que a florzinha não duraria nada ali, mas era tudo que tinha para lhe oferecer em agradecimento por me trazer de volta. - Outro dia eu volto para te visitar, ok? E trago alguma coisa que você goste de comer de verdade… Tipo bacon? - não sabia o que mais poderia roubar da mesa do café da manhã que pudesse dar a um lobo, mas pensaria em alguma coisa. Em um impulso, lhe dei um beijinho de despedida no topo da cabeça e percebi que ele parecia bem mais cheiroso do que esperava de um lobo que vivia na floresta. Me levantei e, lutando contra a vontade de levá-lo comigo, segui a trilha de volta para o vilarejo. Minutos depois alcancei a estrada que levava para o castelo e fui embora dali.
em 2021-06-26
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C&A abre mais de 4.000 vagas de emprego para candidatos SEM EXPERIÊNCIA de todo o Brasil
Com a chegada da época natalina há um aumento expressivo das vendas no comércio, e com isso, várias empresas ofertam vagas temporárias – que podem se tornar efetivas – e também vagas para candidatos sem experiência, visando melhor atender os clientes na alta demanda de fim de ano. A loja do segmento de vestuário C&A, é uma das empresas com contratações de fim de ano, a companhia conta com mais de 4 mil vagas em aberto para várias regiões do país.
As contratações da empresa visam reforçar as operações no período natalino, as vagas são tanto temporárias como efetivas e candidatos sem experiência podem concorrer no processo seletivo.
Confira abaixo algumas das vagas de emprego da C&A que estão disponíveis
Operador de Vendas – Guará/Brasília;
Operador de Vendas (Temporário) – Vila Prel/São Paulo;
Operador de Vendas (Temporário) – Tibery – Uberlândia/MG;
Fiscal de Loja – Vila Morangueira – Maringá/PR;
Consultor de Produtos e Serviços Financeiros (Temporário) – Jardim Marajó – São José do Rio Preto/SP;
Operador de Vendas – Santa Clara – Divinópolis/MG;
Consultor de Produtos e Serviços Financeiros – Santa Rosa – Cuiabá/MT;
Consultor de Produtos e Serviços Financeiros – Floresta Sul – Rio Branco/AC;
Operador de Vendas (Temporário) – Tibery – Uberlândia/MG;
Visual Merchandising- Santa Clara – Divinópolis/MG;
Operador de Vendas (Temporário) – Campo Grande – São Paulo/SP;
Consultor de Produtos e Serviços Financeiros (Temporário) – Jardim Marajó – São José do Rio Preto/SP.
Como se candidatar às vagas da C&A
Dentre as vagas de emprego, algumas são temporárias, e o candidato não necessita ter experiência profissional, contudo, a empresa exige requerentes com mais de 18 anos e com o ensino médio completo.
Para concorrer no processo seletivo da C&A é necessário se cadastrar por meio do site, o candidato pode ainda comparecer nas lojas da marca e deixar o currículo presencialmente.
Alguns benefícios são ofertados aos candidatos que forem selecionados, tais como: vale transporte, refeitório no local, treinamento, seguro de vida e outros. Não se tem informação dos valores salariais da empresa para as vagas ofertadas. Para mais informações sobre o cargo pretendido acesse a página de oportunidades da empresa.
Histórico da empresa C&A no mercado mundial
A empresa que é uma das maiores redes de varejo do mundo, foi fundada no ano de 1841 por dois irmãos holandeses, Clemens e August, e as suas iniciais deram origem ao nome da marca que tem mais 2 mil unidades e está presente em mais de 24 países da Europa, América Latina e Ásia, C&A.
A história da marca no Brasil iniciou no ano de 1976, com a inauguração da primeira loja em um shopping de São Paulo, desde então a mudança foi constante, porém, a ideologia de trabalho permanece em seus moldes, que é oferecer o melhor da moda por preços acessíveis. E atualmente, já somam mais de 280 unidades em mais de 120 cidades, com mais de 15 mil colaboradores.
Com mais de 170 anos de história, a C&A é uma empresa com foco em inovação, diversão e acima de tudo, pela paixão nas pessoas. Atuando sempre com foco e ética para que o cliente esteja sempre satisfeito. A empresa tem como base a transparência e a responsabilidade social e compartilha isso com todos seja cliente, fornecedores, colaboradores e a comunidade em geral.
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Pássaros da fauna brasileira e/ou que estão presentes aqui.
Depois do bordado da árvore (e que presenteei a Débora e o Jorge, da editora Hortelã), terminei o bordado com pássaros, que adoro tanto.
Também é uma homenagem a dois grandes artistas que voaram para florestas celestes: Gal Costa e Rolando Boldrin.
As aves aqui bordadas são (em sentido horário):
Arara azul
Cardeal
Curió
Saíra-sete-cores
(No mesmo galho) Soldadinho-do-Araripe
Martim-pescador-grande
(No mesmo galho) Mutum-de-penacho
Pica-pau
Sanhaço-azul-cinzento
Ararajuba (Guaruba)
Tiê-sangue
Papagaio-da-cara-azul
Guará-vermelho
Tucano-toco
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Aventuras Naturais no Arquipélago de Marajó: Explore Suas Belezas
O arquipélago de Marajó, localizado na foz do Rio Amazonas, é uma joia natural do Brasil e o maior arquipélago fluvial do mundo. Com suas paisagens exuberantes, flora e fauna diversificadas, Marajó atrai aventureiros e amantes da natureza em busca de uma experiência única. Além de suas belezas naturais, a ilha oferece uma imersão na cultura local e na gastronomia amazônica.
Se você está planejando uma visita a essa região encantadora, uma boa dica é conferir os restaurantes baratos em Belém antes de partir para Marajó, garantindo uma boa refeição a preços acessíveis enquanto explora a cidade de Belém, ponto de partida para o arquipélago.
A Flora e a Fauna de Marajó
Marajó é uma área rica em biodiversidade. Sua vegetação é composta por florestas tropicais, campos alagados e manguezais, criando habitats perfeitos para uma grande variedade de espécies. A fauna inclui jacarés, peixes-boi, garças e guarás, aves de plumagem vibrante. Além disso, o arquipélago é um dos principais pontos de observação de búfalos, símbolo da região, que vivem livremente pelos campos.
A combinação única de ecossistemas faz de Marajó um lugar ideal para quem deseja se conectar com a natureza e explorar paisagens intocadas. Não há como visitar a ilha sem se encantar com a rica vida selvagem e a tranquilidade que reina nas praias e rios da região.
As Praias de Marajó
Apesar de ser uma ilha fluvial, Marajó possui algumas das praias mais encantadoras do Brasil. As águas doces dos rios se encontram com o Oceano Atlântico, formando praias de areia clara e vegetação nativa. As praias de Soure e Salvaterra são as mais conhecidas, atraindo visitantes que desejam relaxar e aproveitar a beleza natural do lugar.
Se você está planejando uma viagem para explorar essas praias, vale a pena procurar por descontos de voos noturnos, que podem ajudar a economizar na passagem e deixar o orçamento mais flexível para aproveitar ainda mais a viagem.
Cultura e Tradições Locais
Além de suas paisagens naturais, Marajó também é rica em cultura e história. A ilha tem uma herança indígena e portuguesa forte, que se reflete nas tradições e no modo de vida dos habitantes. Os marajoaras, como são chamados os moradores, preservam o artesanato tradicional em cerâmica, conhecido pela famosa Cerâmica Marajoara, que é vendida em mercados locais e feiras.
A gastronomia de Marajó é outro ponto alto da cultura local. A culinária é baseada em ingredientes típicos da Amazônia, como o açaí, o camarão e o peixe, além do queijo de búfala, uma iguaria apreciada na região. Uma visita ao arquipélago não está completa sem experimentar esses sabores autênticos.
Dicas para Planejar sua Viagem
Para aproveitar ao máximo sua visita a Marajó, o planejamento é essencial. Além de buscar passagens aéreas flexíveis, que permitem alterações de datas sem custos adicionais, é importante considerar o transporte para a ilha. A principal forma de chegar a Marajó é por balsa, partindo de Belém. A travessia dura cerca de três horas e oferece uma bela vista do Rio Amazonas.
Uma vez na ilha, você pode se deslocar de ônibus ou alugar bicicletas, uma maneira sustentável e agradável de explorar as vilas e praias.
Turismo de Aventura em Marajó
Se você é fã de ecoturismo e aventura, Marajó oferece diversas atividades para quem quer mais do que apenas relaxar nas praias. Passeios de barco pelos rios da região, observação de aves, trilhas pela mata e até cavalgadas entre os campos são opções imperdíveis. A riqueza dos cenários naturais e a tranquilidade do lugar tornam Marajó um destino perfeito para quem deseja fugir da agitação e se reconectar com a natureza.
Para tornar sua viagem ainda mais acessível, confira as dicas para voos econômicos, que podem ajudar a reduzir os custos e permitir que você explore ainda mais as belezas de Marajó sem estourar o orçamento.
Explore o Maior Arquipélago Fluvial do Mundo
Marajó é um destino que mistura natureza, cultura e aventura. Suas paisagens intocadas, fauna diversa e a autenticidade de seu povo tornam a ilha uma experiência inesquecível para qualquer visitante. Seja para relaxar nas praias de água doce, se aventurar em trilhas ou aprender sobre a rica história da região, Marajó tem algo a oferecer para todos os perfis de viajantes.
Com tantas opções de exploração e um cenário natural tão impressionante, o arquipélago de Marajó é, sem dúvida, um dos destinos mais extraordinários do Brasil.
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Cy, o arquétipo da deusa-mãe brasileira
Os povos da pele vermelha ao longo do tempo começaram a decair e houve uma grande dispersão dos remanescentes para muitas regiões do continente americano. Na América do Sul, especialmente no Brasil, estes remanescentes originaram os tupinambás e os tupi-guarani. Apesar de haver variações nas histórias sobre a mitologia devido a imposição da religião cristã e ocultação de toda uma religião indígena, é bem relatado que eles acreditavam que todos os seres possuíam uma mãe. Essa mãe não seria apenas uma mãe única para o todo, mas ela era fragmentada para cada ser, seja mineral, animal, plantas e até mesmo fogo, vento, rio e terra. Cada elemento da natureza era cuidado por uma Cy, que quer dizer "Mãe Criadora" , ela é capaz de gerar, modelar, criar, governar e alimentar seus filhos permanentemente sem necessidade de haver um elemento masculino. Os povos indígenas brasileiros não tinham o costume de cultuar um pai gerador, pois não entendiam o papel do masculino na geração da vida, levando-os a crer que as mulheres tidas como virgens eram fecundadas por energias luminosas em forma de animais (como o caso do boto), por forças da natureza (como a chuva ou o vento), seres ancestrais ou suas próprias divindades. Os homens respeitam imensamente o sangue menstrual e o fim da menstruação era visto como um milagre, já que se transformava em filhos. Sendo Cy a mãe criadora, na sua ausência não poderia existir a manutenção da vida e da morte. Na l��ngua Tupi existem vários nomes da deusa que enaltecem suas qualidades maternas, como Yacy ou Jaci, a mãe Lua; Amanacy, a mãe da chuva; Aracy, mãe do dia, a origem dos pássaros; Iracy, mãe do mel; Itaycy, mãe do rio da pedra. Uma curiosidade sobre a palavra Cy e seu significado é que Guaracy, considerado o deus do sol e companheiro de Yacy, poderia ser, na verdade, uma deusa. Guará quer dizer "vivente", logo seu nome significaria "Mãe dos seres viventes", a força vital, a luz, que cria a vida animal e vegetal.
Mitologia
Por ter sofrido modificações ao longo do tempo com os ataques cristãos, a origem de Yacy é muito discutida nas lendas, mas a mais aceita é que ela teria sido criada por Tupã, o grande gerador e deus dos trovões. Tupã teria criado Yacy para ser a Senhora da Noite e trazer calmaria para os homens, mas ele acabaria por se apaixonar por ela também. Outra lenda diz que Yacy teria sido criada junto com Guaracy, sendo ambos manifestações visíveis de Tupã; a crença relata que Yacy teria sido criada enquanto Guaracy dormia, gerou-a para que pudesse iluminar a escuridão que surgia toda vez em que fechava os olhos, e assim a Lua assumiria seu papel. Guaracy se apaixonou pela beleza de Yacy e se frustrou por ela desaparecer toda vez em que abria seus olhos, desse amor nasceu Rudá, o mensageiro do amor, para que pudesse contar a Yacy o quanto ele a amava, Guaracy também criou as estrelas para estarem com ela enquanto ele dormia.
Criação do Rio Amazonas
Uma outra versão da mitologia indígena de Guaracy e Yacy conta que ela estaria vagando pela floresta amazônica quando Guaracy apareceu, descreveu-o como um guerreiro de olhos de fogo e energia radiante. Ele teria se rendido aos encantos de Jaci, que é descrita como tendo uma beleza prateada e tímida. Com a efervescência do amor dos dois, Guaracy pôs a terra em perigo ao queimar com o fogo de sua paixão, enquanto Jaci estava tão feliz e dominada pelo amor que suas lágrimas de felicidade quase inundaram a terra. Incapazes de lidar com seus próprios sentimentos, os amantes decidiram que seria perigoso demais permanecerem juntos e nunca mais voltaram a se encontrar. Yacy nunca mais apareceu antes que Guaracy estivesse completamente adormecido, sua tristeza era tamanha que todas as noites suas lágrimas escorriam pela copa das árvores formando poças enormes no chão da floresta que por fim desciam pelas montanhas, nascendo assim o grande Rio Amazonas.
Lenda da Vitória-Régia
A índia Naiá teria caído de amores ao contemplar a Lua que brilhava estonteante no céu todas as noites. Os índios contam que Jaci descia até a terra para buscar virgens e transformá-las em estrelas, Naiá quando soube dessa história pôs-se a sonhar com o dia em que viraria uma estrela no céu de Jaci. Todas as noites a índia saía de casa para contemplar Jaci e esperar o momento em que a Lua desceria no horizonte para alcançá-la. Naiá repetia essa espera toda noite, mas acabava adormecendo e não encontrava Jaci. Um dia Naiá vê o reflexo da lua nas águas do rio e tenta tocá-lo, mas acaba caindo e se afogando, Jaci padece com a cena do esforço da índia e a transforma numa grande flor do Amazonas, que só abre suas pétalas nas noites de luar, a chamada Vitória-Régia.
Outros arquétipos de Cy
Em outro mito amazônico a Cobra Grande é um dos aspectos da Mãe Ancestral indígena, sendo esta a dona dos rios e dos mistérios da noite. Ela é apresentada como um monstro que vive escondido nas águas escuras e profundas do rio e ataca embarcações; a Cobra Grande é, na verdade, a face escura da deusa, a Mãe Ceifadora, que gera a vida em lugares sombrios como também traz a morte, ciclando entre criação, destruição, decomposição e transformação. Outro aspecto da Mãe Escura é Caamanha, a "Mãe do Mato" , deusa que nutre e protege as florestas e os animais silvestres, sendo a maior inimiga de quem agride a natureza, essa deusa pouco conhecida foi transformada em personagens populares como Curupira e Caapora.
#deusas#deusas brasileiras#deusa mãe#deusa guia#sagradofeminino#autoconhecimento#brasil#tupiguarani#tupinambá#lendas indigenas#indios#texto#glossário#cy#deusa cy
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Novos destinos estão se desenvolvendo no Maranhão e um deles é a nova rota da Floresta dos Guarás, que tem o apoio do SEBRAE e breve estará fazendo muito sucesso entre os brasileiros. Ilha de Lençóis faz parte desse roteiro no Litoral Ocidental Maranhense. Não confunda com os Lençóis Maranhenses, pois são lugares bem diferentes. Vale a pena conhecer esse destino. Breve o roteiro completo estará disponível em: https://ift.tt/1Rd5iyX #FlorestadosGuaras #IlhadeLencois #Maranhao - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 😍 GOSTOU DO VÍDEO? Não esqueça de dar seu LIKE 👍, assinar nosso canal, ativar as notificações no sininho 🔔 e deixar um comentário bacana. Respondemos a todos! :) 👉 Veja mais Dicas de Viagem: - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Portal » https://ift.tt/2R3zS73 Blog » https://ift.tt/2SqNwlu Follow me » https://ift.tt/2otrQZw 📷 Equipamentos Usados 🎥 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Celular iPhone 7 Plus Drone DJI Mavic Air GoPro Hero 7 Black by Mauricio Oliveira
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Lirismo anos Vinte * O Lamento... * Encantado pela solidão e em infinitos tons cinzentos das praias de Mongaguá... O isolamento, na mata atlântica, meu único refugio... No frio vespertino do domingo, Nas manhãs frias das segundas feiras, À medida que as sombras da serra se tornam cada vez mais perto... A serra parece se erguer de uma só vez, cobrindo com sua sombra perene, todo o reino dos homens, até o último grão de areia da praia, Uma grande serra, com seu paredão verde de árvore desoladas... Florestas desoladas... Reinos inteiros na escuridão... Os homens, nada significam, seus sentimentos, sua fúria, sua glória e seu amor ... Nada significa nesse mundo desolado, Com suas árvores choronas e lagos escuros e calmos, onde o lobo guará uiva seu lamento... O lamento dos imortais... * Cristiano Silva #lirismo #poesia #literatura #poeta (em Praia de Mongaguá) https://www.instagram.com/p/CR9czFaHDmKIkMBBD6Htiygh2VkLp5chGEjldk0/?utm_medium=tumblr
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Dica de passeio no feriadão: Santuário da biodiversidade em Silvânia O feriado da padroeira de Goiânia cai na segunda, 24 de maio, e os goianienses terão um fim de semana esticado. Quer uma dica de passeio para o feriadão? Localizada a 73 km de Goiânia, 58 km de Anápolis e 189 km de Brasília, a Floresta Nacional (Flona) de Silvânia é um verdadeiro santuário a céu aberto e proporciona um passeio imersivo pela biodiversidade do cerrado. Nas paisagens naturais da unidade de conservação é possível encontrar pequi, baru, ipê, bacupari, jacarandá, bálsamo, cagaita e angico, e contemplar espécies como gato-do-mato, lobo-guará e tamanduá-bandeira, ameaçadas de extinção. O local conta com trilhas para caminhadas e também para ciclistas. A visitação é gratuita e segue todos os protocolos de prevenção ao coronavírus. Recomenda-se aos interessados que entrem antecipadamente em contato com a administração da unidade, pelo telefone (62) 99221-4407 ou o e-mail [email protected], para que o passeio possa ocorrer sem imprevistos. (em Goiânia, Goiás, Brasil) https://www.instagram.com/p/CPEK2chjsYR/?utm_medium=tumblr
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Floresta Amazônica.
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Mesmo com um bom vento para refrescar fazia muito calor, e o que ajudava eram os borrifos de água que batiam na proa do barco e molhavam meu corpo.
Estava me sentindo inseguro, pois no clube ouvíamos muitas histórias, e como de costume sempre aparecem aqueles pessimistas com suas histórias para desencorajar qualquer um.
Estávamos no começo da estação das chuvas, e o rio estava caudaloso, com um volume de água inimaginável, provocando uma corrente contra de até oito nós em alguns pontos, o suficiente para nós não conseguirmos vencê-lo.
Como nossos motores que vinham do Brasil só iriam chegar a Ciudad Bolívar, assim como a barraca, nós compramos um motor de segunda mão de seis HP, bem pequeno, e pelo menos não ficaríamos à deriva nas primeiras 200 milhas.
Partimos do iate clube de Chaguaramas rumo a Boca da Serpente, um canal entre o sul da Ilha de Trinidad e a Venezuela, bem na altura da foz do Rio Orenoco.
Passamos por muitas plataformas de petróleo no caminho, e à medida que nos aproximávamos do delta do rio a água ficava bem barrenta e menos salgada.
No segundo dia de viagem navegando na costa da Venezuela, só com manguezais, procurávamos o Canal Macareo, um dos distribuitários do Orenoco. O tempo estava chuvoso com vento variável, e já quase à noite vimos algumas palafitas bem no fundo de uma baia, que parecia ser a entrada do canal.
Velejamos até as palafitas que era um acampamento dos índios Waraos, que habitam aquela região.
O lugar era pobre, e não havia mais do que cinco casas em cima de palafitas, e unidas por passarelas.
Perguntamos sobre o Canal Macareo e eles nos disseram que era mais a leste. Pedimos para amarrar os barcos nas palafitas para passar a noite. Convidaram-nos para subir e comer um peixe. Oferecemos comidas liofilizadas, e debaixo de um temporal fizemos um jantar recheado de muitas perguntas. Como sempre ouvimos a mesma história.
Os pescadores artesanais estavam sumindo, pois é muito difícil competir com a pesca industrial e predatória. Eles estavam vivendo na beira da miséria, em cima de palafitas primitivas sem nenhuma estrutura de saneamento. Quando a maré baixava, os cachorros e as crianças desciam as escadas para andar em cima do lodo dos manguezais.
Choveu a noite toda, e de manhã partimos debaixo de um temporal com muito vento. Via-se aquela costa verde de mangue se estender ao longe, tingida por uma névoa provocada pelo mau tempo. Tateando o litoral deserto da Venezuela fomos avançando. No começo da tarde vi bem ao longe um barco muito veloz que me chamou a atenção. Em seguida outro, e mais outro. O que seriam aquelas embarcações, perguntei ao Duncan?
Sabíamos que aquele pedaço da costa não existia nada, e ficamos muito intrigados. De repente uma das embarcações desviou do seu caminho e veio em nossa direção. Nós vínhamos com pouco vento e foi fácil para eles se aproximarem de nós. Do barco ouvimos algumas perguntas em francês. Respondemos em inglês, e alguém falou finalmente em espanhol.
De onde vocês vêm. Para onde vão. Explicamos rapidamente sobre a nossa expedição e perguntamos se eles sabiam onde era o Canal Macareo. Eles sorriram e nos explicaram que eles trabalhavam para uma empresa francesa de exploração de petróleo em parceria com a estatal venezuelana. A base deles era algumas milhas acima do Canal Macareo um pouco mais adiante.
Ofereceram-nos um reboque para subir o canal até a base. Aceitamos e amarrados na popa da lancha começamos a entrar na floresta. Da imensa baia que estávamos fomos levados ao fundo de onde surgiu o canal que se estreitou. Sabia que aqueles eram os últimos instantes de água salgada, e que para ver o mar de novo precisávamos cortar toda a Amazônia, só meses depois iríamos chegar a Belém.
O rio fez uma curva, e uma grande cidade flutuante apareceu ao longe incrustada na mata. Parecia uma cena de filme de guerra. Muitos helicópteros subiam e desciam, lanchas voadeiras rasgavam o rio em alta velocidade, e grandes barcaças passavam carregadas. Nunca havia visto nada igual na minha vida.
A cidade eram contêineres agrupados em cima de um grande flutuante. Ligados uns aos outros, existiam outros menores se agrupando. Dentro viviam os técnicos, engenheiros, pilotos e funcionários da empresa. Fomos recebidos pelo diretor da operação, um geólogo venezuelano muito simpático.
Amarramos os barcos em um lugar seguro. Fomos convidados para conhecer a base e passar a noite. Hospedaram-nos nos mesmos alojamentos dos pilotos de helicópteros, que nos receberam com muitas perguntas. Um deles, um americano que trabalhou na bacia de Campos era aficionado por bossa nova. Fizemos um happy-hour com os pilotos ao som de Garota de Ipanema, a música brasileira mais conhecida fora do Brasil, acho eu.
Contamos ao chefe da base a respeito do nosso plano de subir o Canal Macareo com um barco rebocando o outro com apenas um motor de seis HP, contra a corrente, na cara e coragem. Ele nos ofereceu pelo menos para as primeiras 24 horas um reboque de uma balsa enorme que estava subindo o rio rebocado por uma espécie de rebocador. Eles estavam indo pegar combustível para o acampamento, e podiam nos dar uma carona no caminho, que já era meio caminho para Barrancas, uma pequena cidade na beira do Rio Orenoco.
Aceitamos e logo após o jantar fomos dormir, pois o barco partia às cinco horas da manhã.
A balsa partiu pontualmente, levando os dois catamarans, que tinha eu no leme de um, e o Duncan no outro. Passamos o dia atrás de uma gigante balsa, navegando por um mundo novo, verde, cheio de pássaros, e cheio de mistério. Os guarás brancos e vermelhos deram um espetáculo à parte, voando em bandos pela margem do Canal Macareo.
Havia algumas fazendas no caminho com muito gado. A vegetação na beira do rio era repleta de árvores frondosas. Os pássaros que predominavam eram os guarás vermelhos, que ficavam amontoados nos galhos das árvores. Quando o barco se aproximava fazendo barulho, eles se assustavam e todos ao mesmo tempo batiam em retirada para uma árvore mais à frente, e assim por diante.
O tempo melhorou um pouco no final da tarde, e uma luz maravilhosa tingiu o céu de um vermelho rosado, e com a noite azul se aproximando vi um dos fins de tarde mais lindo da minha vida.
O reboque foi até a meia-noite, e foi quando o capitão do barco desacelerou o motor nos informando que ele ia entrar à direita em um outro rio. Despedimo-nos e no meio da noite desamarramos os cabos que nos prendiam do barco mãe.
Ficamos no meio da escuridão com um barco amarrado no outro boiando no meio do nada, tentando fazer pegar o motor de popa que nos deu uma canseira.
Navegamos rio acima até encontrar um cantinho para amarrar os barcos e descansar um pouco. Continuamos a navegação de manhã, e passamos pela primeira cidade, Tucupita, decidimos não parar. Na parte da tarde pegamos um temporal tão forte que mesmo só com a buja os barcos voaram. Quando o dia anoiteceu chegamos em uma vila muito pobre e ao encostarmos os barcos na margem falávamos inglês entre nós por causa do Duncan. Alguns sujeitos mal-encarados começaram a agredir verbalmente o Gui. Eu estava levantando o motor na parte de trás do barco não ouvi nada. De repente só vejo o Gui dar um salto no barco e falar em um tom sério e decidido: “Betão, sai rápido pelo amor de Deus” Não entendi nada na hora, mas pelo tom do Gui nem discuti. Quando começamos a andar com o barco vimos uns caras mal-encarados vindo com facão na mão para a nossa direção, mas já estávamos safos. Depois ficamos sabendo que as pessoas que moram na região têm problemas com os guianenses da Guiana Inglesa, e como estávamos falando em inglês entre nós, não deu nem tempo de explicar, o jeito foi sair correndo. Fomos dormir encostados na margem do rio bem mais para frente, em um lugar bem ermo
No dia seguinte navegamos sem parar para Barrancas, pois tínhamos que abastecer o barco e comprar galões para ter uma autonomia maior de gasolina.
Chegamos a Barrancas na hora do almoço, e encostamos no píer principal da cidade que tem uma forma original, como uma espécie de escadaria de cimento. Procuramos um posto de gasolina e uma loja para comprar os galões. Foi só nessa hora que nos lembramos que não tínhamos bolívares, a moeda local.
Como o dólar valia muito, e a gasolina era muito barata, era impossível alguém trocar uma nota de cem dólares por bolívares. A cidade era muito pequena, e não estava acostumada a receber turistas.
O dono do posto tinha para nos vender os galões, mas não tinha como aceitar os dólares. O jeito foi propor uma troca. Voltamos para época do escambo. Dei a ele uma agenda, um litro de uísque, uma caneta dourada, uma calculadora, e alguma comida liofilizada.
Todos saíram felizes, e assim pudemos prosseguir viagem. Não tínhamos a menor ideia de como seria resolvido o problema de abastecimento dos motores na subida do rio depois de Ciudad Bolívar.
Foram necessários mais quatro dias para chegarmos a Ciudad Bolívar. Passamos por Ciudad Guayana, e Puerto Ordaz, onde passamos a noite no iate clube local. A correnteza era bem forte em alguns lugares do rio, só conseguimos avançar porque teve bastante vento nos dois últimos dias. Içamos as velas e ganhamos um empurrão da natureza.
A chegada em Ciudad Bolívar foi ao começo da tarde sob forte calor. A cidade fica debruçada no rio, e por incrível que pareça ela não tem nenhum iate clube. Em compensação tem uma enorme base da Marinha Venezuelana. Fomos direto para o píer da marinha.
Ao atracarmos os barcos no píer, fomos recebidos por dois oficiais que nos receberam muito bem. Fizemos a entrada oficial no país, pois até então estávamos ilegais. O almirante da base nos deu permissão para ficarmos lá, pois tínhamos que ir até Caracas pegar toda a carga que estava vindo do Brasil e dos EUA. Ele nos disse que éramos convidados da base, pois para ele quem conseguiu vir de Miami até lá ou era muito sortudo ou bom marinheiro. Como ele não acreditava em sorte no mar, nós éramos bons marinheiros, e devíamos ser acolhidos.
Do Brasil vinham dois motores de popa Suzuki de oito HP, barraca, equipamento para trecking e roupas para a floresta. Dos EUA chegaria uma barraca especialmente construída para ser adaptada em um dos barcos, e toda a alimentação liofilizada, frutas secas, etc.
Acomodamos os barcos no lado interno do píer, e viajamos de ônibus para a capital Caracas. Foram oito horas chacoalhando no bumba.
A primeira coisa que fizemos foi ir a DHL saber das nossas encomendas. Para minha surpresa ninguém sabia de nada, e pior, eles que eram nossos apoiadores do projeto nunca haviam ouvido falar da viagem.
Bom, depois de algum tempo consegui ser recebido pelo presidente da empresa. Ele foi muito gentil e depois de ouvir todas as explicações pediu-me para voltar no outro dia.
Nesta etapa da viagem o Gui Von Schmidt e o Pilha voltariam para o Brasil. O Marcus meu sócio no projeto viria me encontrar para continuar a viagem. Fiquei somente com o Duncan.
À noite fomos recebidos pelo embaixador brasileiro e o adido cultural. A ajuda da embaixada do Brasil foi fundamental, pois conseguiram a permissão para navegar no alto Orenoco, que é área de proteção ambiental, reserva de proteção aos índios. Para ajudar a complicar, existe um trecho do rio que faz fronteira com a Colômbia. Como já sabíamos as Farc atuam também naquela região, que é toda militarizada.
No outro dia voltei ao escritório da DHL e veio a notícia bomba. Houve um erro de comunicação dentro da empresa, e ninguém sabia dizer onde estava a nossa carga. Sem ela não podíamos sair de Ciudad Bolívar. O presidente me pediu uma semana, que para nós pareceu uma eternidade.
Conversei com o Duncan e decidimos fazer um pequeno turismo pela Venezuela. Primeiro fomos conhecer a cidade de Mérida, que fica incrustada nas montanhas. De lá tínhamos a esperança de conhecer o pico Bolívar, a montanha mais alta do país, com 4.981 metros de altura. Fizemos uma caminhada para chegar pelo menos na base ou de algum ponto que avistasse a montanha, mas estávamos tão despreparados, pois não tínhamos nada além do que uma calça jeans, tênis, e uma jaqueta náutica.
Caiu uma chuva gelada no meio da trilha que nos deixou congelados. Voltamos a Mérida e nos contentamos em frequentar os bares da cidade que por sinal eram muito movimentados. A cidade tem muitas universidades, por isso tinha muitos jovens.
De lá pegamos um avião e fomos para o Parque Nacional de Canaima, onde fica a cachoeira de Salto Angel, também conhecida por Angel Falls. Esta é a maior queda livre de água do mundo, com 979 metros de altura. Para chegar lá é um pouco mais complicado.
Saímos às 04h00min h da manhã do acampamento em Canaima de jipe, e depois de uns 30 minutos pegamos as “voadeiras”, que são canoas de um tronco só, enormes e equipadas com poderosos motores de popa. Os “pilotos” das canoas são profundos conhecedores dos rios locais, que são muito traiçoeiros, com pedras e corredeiras por todos os lados.
Só a experiência de navegar em alta velocidade contra as corredeiras driblando as pedras já valeu o passeio. Depois do almoço chegamos a um acampamento na beira do rio Churún. De lá caminhamos mais uma hora até chegar a um ponto da floresta onde se podia ver debaixo a queda de Salto Angel. Talvez tenha sido uma das imagens mais marcantes da minha vida.
A água cai solta de um paredão gigantesco, e ela vem de tão alto que chega a baixo quase como uma fumaça, se espalhando por causa do vento. Ficamos uma hora sentados em uma pedra olhando para o alto. No outro dia pegamos um pequeno avião para fazer um voo panorâmico e ver Angel Falls de cima. Sem palavras.
Voltamos para Caracas agradecidos pelo atraso dos equipamentos, pois pudemos conhecer um dos lugares mais lindos deste planeta. Novamente o presidente nos recebeu e não nos deu boas notícias. O equipamento estava todo preso na alfândega, por causa das licenças que estavam erradas, no caso das comidas faltava a licença fito sanitária, e dos motores as notas fiscais originais.
Novamente me pediu mais uma semana. Não sabia o que fazer, e acabei voltando para Ciudad Bolívar, pois lá não gastava dinheiro para dormir, e também estava preocupado com os barcos que estavam amarrados no píer local. O Duncan conheceu uma venezuelana e foi viajar com ela.
A copa de mundo de 94 estava no início, e como não tinha o que fazer, eu passava o dia na sala dos oficiais assistindo aos jogos. Fora da sala estava uns 38 graus, dentro gelada. Não perdi nenhum, nem aqueles jogos horríveis como Irlanda e Coréia. Nem sei se jogaram, mas foi um exemplo. A minha vida nestes dias era de espera, e eu tinha que ter paciência e torcer para que tudo fosse resolvido.
Não adiantava ir a Caracas e ficar lá trancado em um hotel, mas ficar longe também me dava a sensação de que eu não estava me empenhando para resolver. Decidi voltar a Caracas para fazer pressão. Todos os dias eu ia ao escritório da DHL.
Nos horários dos jogos ia a algum bar da cidade para comer algo e assistir aos jogos. O Brasil ia bem, e a torcida venezuelana considerava o Brasil o representante deles, o que me tornava uma pessoa bem vinda nos lugares.
Depois de 27 dias recebo a notícia de que estava tudo liberado, e agora só precisava encontrar um jeito de mandar tudo para Ciudad Bolívar. Novamente contei com o apoio do almirante da base que se prontificou a mandar um caminhão para Caracas especialmente pegar todos os equipamentos.
O Marcus chegou do Brasil e nós três nos reunimos em Ciudad Bolívar para começar a montar a barraca no barco. Esta barraca pesava uns 240 quilos e foi projetada para aguentar a chuva pesada da Amazônia, não deixar entrar os mosquitos à noite e ser capaz de abrigar quatro pessoas com bastante equipamento.
Retiramos os dois barcos da água para fazermos as adaptações. Do barco do Marcus retiramos o mastro, instalamos um piso rígido de madeira e fixamos a barraca em cima. Ficou um barco casa, meio desengonçado, porém muito eficiente. Esta seria a nossa nova casa por dois meses, até chegarmos a Belém.
O meu barco passou a carregar o enorme mastro do outro barco, mais as velas e retranca. Eu também carregava nove galões de gasolina com duzentos litros, o que nos dava uma autonomia de três dias.
Os barcos estavam pesados, pois além de tudo tínhamos que ter autonomia de comida por todo o trajeto. A água nós íamos beber a do próprio rio, que era bem barrenta. Para aliviar acrescentávamos suco em pó.
Estávamos prontos para partir, e depois de tantos dias parados tínhamos que andar rápido. No total ficamos 37 dias em Ciudad Bolívar, mas era o final da copa e o Brasil ia jogar a semifinal com a Suécia na quinta-feira, e eu não queria perder este jogo por nada. Ganhamos no sufoco e domingo era a final.
Depois de várias discussões decidimos partir na sexta-feira de manhã e tentar encontrar alguma pequena vila para assistir ao jogo final.
A nossa saída foi em grande estilo, e acompanhados por duas lanchas da marinha venezuelana deixamos para trás nossos amigos que nos acolheram muito bem. Na saída o almirante me deu seu cartão e uma carta dizendo que éramos amigos dele. Ele me explicou que estava embaraçado para falar, mas nos alertou que íamos ter problemas com a Guardia Nacional, a polícia federal deles, que era muito corrupta. A carta era como um salvo conduto.
O rio Orenoco é um rio de proporções amazônicas e em alguns trechos do rio mal se vê a outra margem, já em outros pontos ele se estreita bastante, aumentando muito a correnteza.
A chuva continuou caindo com muito volume, e somente durante os 37 dias que ficamos parados em Ciudad Bolívar o rio subiu 11 metros, um absurdo considerando o tamanho dele.
Durante o dia o calor era um inferno, e eu que navegava no meu barco debaixo do Sol, tinha que me banhar a cada quinze minutos. Eu pegava um balde de água do rio e despejava na minha cabeça.
À tarde o céu ia ficando encoberto e começava a se formar aquelas nuvens pesadas cinzas chumbo escuro, os trovões mais pareciam gigantes marchando em nossa direção, tamanho era a vibração. Antes de a chuva começar a cair ela trazia muito vento. A chuva só terminava normalmente na madrugada, e assim dia a dia o rio continuava a subir.
Não sabíamos, mas não havia nenhuma pequena vila com energia para assistirmos o jogo. Na época o nosso sistema de comunicação era um negócio novo que nós nem sabíamos direito como operar, e nem entendíamos o que era. Chamava-se internet.
Para termos conexão no nosso note book, usávamos uma antena via satélite e como a NET não era aberta, nós tínhamos um endereço para enviar as mensagens. O equipamento foi cedido pela ESCA, uma empresa que fazia parte do projeto Sivam que é o sistema de vigilância da Amazônia.
Era algo bem moderno, mas a velocidade de envio era absurdamente lenta, um parágrafo com duas linhas demorava sete minutos para enviar, e o mesmo para receber.
No domingo, o dia da final, enviamos um e-mail para a ESCA que tinha técnicos de plantão, para que eles nos enviassem e-mails tentando nos dar informações ao longo do jogo Brasil X Itália.
Naquele dia navegamos quase que colados um no outro, e o Duncan ia ao leme do barco casa. O Marcus dentro da barraca conectado esperando alguma informação.
De repente entrava uma mensagem que dizia: “O Brasil está jogando bem, mas esta zero X zero”.
Passava quarenta minutos e chegava outro e-mail: “Perdemos um gol, vamos para o segundo tempo”.
Não posso esquecer a minha angústia, que a todo tempo perguntava ao Marcus gritando do meu barco porque não chegava mais mensagens, e porque demorava tanto. Eu não tinha ideia do que estávamos usando.
Vieram vários e-mails, mas o jogo continuava zero X zero.
Até que ficamos sabendo que o jogo foi para a prorrogação. Que sofrimento, e se escutando rádio já é difícil, daquele jeito não dá para explicar. Depois veio outra mensagem que o jogo ia para os pênaltis.
Meu coração ficou apertado, me lembrei da copa do mundo que perdemos para a Itália, e da famosa foto do JT que na capa mostrava a imagem daquele garoto sentado no meio fio inconsolável.
Dois pequenos barcos estavam navegando no meio da floresta amazônica venezuelana conectados a acontecimentos esportivos do outro lado do mundo. Não percebi, pois estava focado na minha angústia, mas o mundo estava diante de uma mudança gigantesca que ia mudar o modo do homem se comunicar.
Passado pouco tempo, que para nós foi uma eternidade veio outro e-mail que dizia assim: “Esta três a dois e o Baggio vai bater”. Detalhe, eles não falaram para quem estava o placar e este foi o último e-mail do dia, caiu a conexão.
Não vou escrever aqui o que eu praguejei, mas fiquei enlouquecido, e disse aos meus amigos que eu só ia desligar aquele motor quando encontrasse uma vila, eu precisava saber o resultado do jogo.
A noite caiu e nós firme navegávamos nos dois barcos em meio à escuridão. Por volta das 21h00min h enxergamos uma pequena luz ao longe, era um pequeno vilarejo. Aproximamo-nos bem devagar com medo de bater em alguma pedra, ou toco.
Fomos encostar o barco em um gramado onde havia dois vultos. Eram dois curiosos que viram as lanternas do barco se aproximando. Nem esperei o barco encostar, nem lembro se os cumprimentei, e perguntei se eles sabiam o resultado do jogo do Brasil. Um deles prontamente respondeu: “três X dois para a Itália”. Meu mundo caiu.
Amarramos os barcos e depois de muita insistência do Marcus e do Duncan aceitei ir procurar alguém para cozinhar algo para nós. A vila era bem pequena, e nem luz elétrica havia, as luzes que vimos era de lampiões.
Chegamos à casa de uma senhora que aceitou nos preparar um jantar. Ficamos sentados na varanda da sua casa esperando-a terminar o nosso jantar. Por mim eu teria ido dormir mesmo sem comer.
Passado alguns minutos chegou o seu marido e seu filho. Não sabíamos, mas eles foram de carro a uma outra cidade que tinha eletricidade ver o jogo. Cumprimentaram-nos e nós nos apresentamos. Quando souberam que éramos brasileiros efusivamente nos deram a notícia que o Brasil era tetra campeão mundial.
Não entendemos nada a princípio e por várias vezes perguntávamos se eles tinham certeza, e eles confirmavam com muita segurança. Nós contamos que uns tipos nos disseram exatamente o contrário. Meus olhos ficaram marejados, não podia acreditar. Acho que fomos os últimos brasileiros, a saber, que éramos tetras.
Jantei o melhor frango com papas fritas do planeta terra.
Os próximos dias foram longos, pois acordávamos bem cedinho e colocávamos os motores para funcionar. Como a correnteza era forte, e os motores pequenos, o resultado para frente era de cinco quilômetros por hora. Sempre fazíamos a curva do rio pelo lado de dentro da curva, pois o outro lado a correnteza era muito mais forte. Houve várias vezes que ficamos parado em relação a terra tamanha era a força da corrente que anulava a potência do motor do barco.
A corrente variava um pouco, e nós com a ajuda do leme procurávamos uma brecha nos rodamoinhos, assim lentamente íamos subindo o rio.
O rio era um mar de tão grande, e depois de uma curva vinha sempre uma reta tão longa que o horizonte se fundia com a própria água do rio. Eu ficava ali no leme, com aquele zumbido inconveniente do motor, pacientemente olhando a margem. A velocidade era tão pequena que dava para contar as árvores se eu quisesse. A viagem pouco a pouco foi virando a viagem interna. O jeito era ouvir meu walkman, e pensar na vida.
De vez enquando passávamos em frente a alguma vila, e como tínhamos duas bandeiras do Brasil bem grandes na capota do barco casa, não era difícil descobrir que éramos brasileiros. Aconteceu mais de uma vez, éramos saudados como tetra campeões e o gesto que faziam da margem do rio para nós era o mesmo que o Bebeto fazia quando marcava um gol, o famoso balançar do bebê.
Os fins de tarde antes da chuva sempre davam um espetáculo de luz, e acho que nos rios o entardecer é mais bonito que no mar.
Para passar a noite de uma maneira mais segura, o jeito que encontramos foi amarrar o barco em algum galho de árvore na margem e virar o leme do barco para ele tentar sair para o lado oposto da margem. Ele ficava assim afastado, mas a água passava em baixo como ele estivesse navegando. Pelo menos com o barco isolado da margem não corríamos o risco de nenhum animal se aproximar, nem mesmo as formigas e os insetos, os maiores inimigos em uma floresta.
Depois de nove dias chegamos a Puerto Ayacucho, onde estaria o fotógrafo Roberto Linsker que embarcaria na expedição.
. Navegamos 670 quilômetros em nove dias, e fizemos uma média de 74 quilômetros por dia, e como navegávamos doze horas por dia, estávamos fazendo uma média de seis quilômetros por hora. Era muito emocionante a nossa rapidez. Foi um teste de paciência.
Há apenas alguns quilômetros da chegada o Marcus e o Duncan conseguiram passar por uma corredeira na margem esquerda que era a Venezuela, eu não consegui. Decidi atravessar o rio para o lado Colombiano, onde imaginei encontrar menos corrente contra. Passei e fui bem colado à margem observando um pequeno povoado chamado Casuarito.
Quando já estava em frente a Puerto Ayacucho decidi atravessar o rio novamente para o lado venezuelano. der repente ouço alguém gritar meu nome, desacelero o motor e olho alguém correndo ao lado da margem, era o Roberto, meu querido amigo.
Encostei o barco, ele deu um pulo e subiu a bordo. Abraçamo-nos e demos muita risada, pois ele estava nos esperando em Puerto Ayacucho fazia dois dias, e como não sabia exatamente quando íamos chegar foi para o lado colombiano conhecer Casuarito. Ótima coincidência encontrá-lo do outro lado, tudo por causa daquela maldita corredeira.
Um pouco acima de Puerto Ayacucho o rio Orenoco não é navegável por alguns quilômetros, por causa das cachoeiras de Atures. Somente em Samariapo, sessenta quilômetros rio acima ela passa a ser navegável.
Não tínhamos ideia de como íamos fazer para levar os barcos rio acima. Já sabíamos que isto teria que ser improvisado, mas antes de chegar lá era impossível montar uma logística. Chegamos novamente na dependência de encontrar algum caminhão para fazer o transporte. Desmontar os barcos seria uma árdua tarefa, mas não havia outro modo.
Ao chegarmos à cidade encontro o barco do Marcus encostado perto de uma rampa onde havia uma carreta de barco bem parecida com as medidas do nosso barco. Parecia mais uma carreta para catamarans do que para um mono casco convencional, mas quem teria um catamaran naquele fim de mundo.
Logo ficamos sabendo que um venezuelano de Caracas operava um passeio turístico em botes infláveis pelas corredeiras de Atures. Ele rebocava por uma estradinha com seu jipe, um catamaran inflável de mesma dimensão que os nossos barcos. Rio acima ele desembarcava por uma rampa cimentada os inflável que os turistas usavam para descer as corredeiras.
Informaram-nos que eles estavam para chegar, e por algum dinheiro ele era capaz de fazer o transporte. Dito e feito, o nosso amigo se solidarizou com a nossa viagem e nos fez um favor inestimável, rebocando um por um, levamos os dois barcos para Samariapo, cinquenta quilômetros mais ao norte.
Passados dois dias partimos de Samariapo, já considerado o alto Orenoco. Subimos o rio mais um dia e paramos em Maipures em uma base da Guardia Nacional para mostrar nossa permissão. Nesta parte do rio existem ilhas muito grandes. No começo eles começaram com uma conversa que queriam nosso equipamento fotográfico como “regalo”, de presente. Não levei a sério, depois um deles olhou para a minha bota e me pediu-a. Expliquei que tudo que tínhamos era estritamente necessário, e mostrei as duas cartas, a do ministro do interior e a do nosso amigo almirante.
Conseguimos deixar os barcos em um lugar seguro, pelo menos, pois depois de apresentados os documentos o tratamento mudou completamente. De lá, no outro dia começamos uma exploração que saia do Rio Orenoco e subia o Rio Sipapo. O nosso objetivo era ir conhecer o Cerro Autana, uma montanha sagrada para os indígenas da região que tem 1300 metros da altura. Na língua dos índios Pemon que habitavam a Grande Savana eles o chamavam de Tepui Autana, que quer dizer “Casa dos Deuses”, e tem um formato de uma mesa, com um cume totalmente plano.
Existem outros Tepuis também bastante conhecidos, como o Monte Roraima, e o Tepui Auyantepui, de onde despenca a cachoeira de Salto Angel.
Navegamos com um guia local em uma voadeira um dia inteiro. No final do dia chegamos à casa de uma família de índios que nos acolheu mediante um acerto em dinheiro. Partimos bem cedo no outro dia para uma aldeia que ficava no Rio Autana.
Ao chegar à aldeia contatamos um guia local, que ia nos guiar para uma montanha ao lado do Tepui Autana. Como é muito difícil escalar este Tepui, o jeito era subir a montanha ao lado para termos uma boa visão. Com a voadeira entramos em um canal bem fino que foi se estreitando pela mata, até começar a encalhar. A luz que passava pelas árvores tingia as folhas de um amarelo que contrastava com a água do riacho que era meio avermelhada.
Descemos da canoa e começamos a caminhar pela água até o nosso guia encontrar a trilha. Ele caminhava com uma facilidade impressionante, e por ser bem pequeno e leve, parecia que era uma criança que nos guiava. Aquele pequeno homem tinha algo de especial, uma leveza de alma, e trazia uma alegria e simplicidade surpreendente.
Depois de uma hora subindo chegamos ao cume do cerro. Em frente a nós estava o famoso Tepui Autana, que se erguia imponentemente. De lá de cima podíamos ver 360 graus de horizonte, e a grande floresta abaixo se estendia para além do horizonte. Para qualquer lado que olhássemos víamos o “Mar Verde”, com milhões de árvores. Os rios sinuosos que cortavam a floresta faziam desenhos com suas curvas.
Salvo o lado que se via o Tepui o resto era plano. Lá de cima víamos algumas chuvas despejando muita água sobre a floresta, fechando o ciclo de evaporação, condensação e pôr fim a chuva, um milagre da natureza que devolve a água à bacia do Orenoco. O que será da Amazônia sem a mata nativa? O que será dos animais da floresta? O que será do homem sem os recursos da natureza?
Ficamos sentados em uma pedra observando aquele mágico lugar, longe dos lugares que achamos que são importantes, dos grandes centros urbanos, onde a vida passa rápido e engana a muitos, dando a sensação de que tudo que acontece e é noticiado é vital. Assim vivemos afastados da natureza, que é a nossa principal referência, e que é a única coisa que podemos procurar para nos revitalizar quando estamos precisando nos recarregar de energia.
O que será de nós quando não tivermos mais lugares limpos e puros para nos curar. Estaremos órfãos de mãe, da Mãe Natureza.
Na descida da montanha o nosso guia já sabendo que ia chover, passou por uma árvore com folhas largas, arrancou uma delas. Andando foi fazendo um chapéu, e quando a chuva veio ele o colocou na cabeça, e assim que a chuva se foi ele jogou a chapéu fora. Que facilidade, que adaptação incrível, que leveza, nem um chapéu ele precisava ter. Nós em compensação vivemos uma vida acumulando milhões de coisas que muitas vezes usamos só uma vez, e as guardamos pelo resto da vida.
No dia seguinte chegamos de volta aos barcos para continuar a nossa jornada rumo ao Canal do Casiquiare.
O oficial responsável pela base da Guardia Nacional veio conversar conosco para dizer que os próximos dias iam ser muito perigosos para nós, pois agora que navegávamos na fronteira com a Colômbia, ele temia por nossas vidas, pois a eminência de um ataque das Farcs era uma possibilidade grande. Sem saber o que falar, eu perguntei qual seria a nossa opção.
Ele nos disse que poderia colocar a nossa disposição uma lancha para nos seguir nos próximos dois dias, com o pessoal dele armado, como batedores.
Perguntei a ele se isso tinha custo e ele disse que ia nos cobrar um valor simbólico de U$ 2.000 dólares. Quase cai para trás, e não disse nem sim nem não. Reunimo-nos e avaliamos os riscos dos próximos dois dias. Pensamos em navegar à noite e ficar escondidos durante o dia, sempre colados na margem venezuelana.
Ficamos desconfiados com o apetite do oficial, e preferimos partir sozinhos. A ideia era acordar bem cedo e andar o máximo possível para passar o mais rápido possível por aquela região.
Partimos bem cedinho com muita dúvida se aquela havia sido a decisão certa, mas agora tínhamos que avançar. Naveguei de olho no outro lado da margem do rio. Nesta região era comum passar de vez enquando uma voadeira com pessoas da região.
Fomos comprando gasolina nas vilas, acampamentos indígenas, fazendas e até em casas isoladas de gente que vive na beira do rio.
Agora que o rio ia se estreitando havia lugares onde a margem oposta estava a 800 metros, o que nos deixava a vista de quem estivesse do outro lado.
Para a primeira noite decidimos procurar algum lugar mais ou menos escondido. Amarramos os barcos bem perto da margem em um lugar que havia uma pequena clareira.
Quando anoiteceu já estávamos dentro da barraca jantando a nossa comida liofilizada francesa. De olho na janela de tela contra os insetos, nós mantínhamos o mínimo de luz para não chamar a atenção. Começou a despencar um temporal, daqueles que não dava para olhar mais que 100 metros tamanha era o volume de água. A noite sempre fazia um friozinho gostoso, e logo nos enfiamos nos sacos de dormir.
Logo em seguida percebo um facho de luz iluminando os nossos barcos, e em seguida o barulho de um motor. Gelei, pensei, vamos ser atacados, será que são piratas da Colômbia, Farcs, sei lá, passou tudo pela minha cabeça.
Combinamos não ligarmos nenhuma luz, e ficamos ali observando o movimento deles. O barco se aproximou e parecia que eles estavam tentando ancorar o barco. O motor continuava ligado, e eles continuavam a nos iluminar.
Mudamos a tática e pegamos uma lanterna daquelas de 1000 velas e acendemos um farol bastante forte na cara deles. Vimos que era um pequeno barco a motor local, com uma capota de madeira. Não dava para ver quantas pessoas havia, mas comecei a pensar o que fazer caso eles nos atacassem.
A chuva continuava forte e depois de uns dez minutos eles partiram, mas nós não sossegamos, pois eles podiam querer nos pegar de surpresa subindo contra a corrente e descendo com o motor desligado. Ficamos um bom tempo apagado, e de olho lá para fora.
O dia amanheceu calmo, e com a luz do dia me sentia bem mais confortável. Sem perder tempo partimos para San Fernando de Atabapo, que fica na intercessão do Rio Atabapo com o Orenoco. Ali o Rio Orenoco faz uma curva para a esquerda, e se separa definitivamente da fronteira com a Colômbia.
No final do dia conseguimos parar o barco para descansar já em águas seguras, longe da Colômbia. Navegamos em dois dias 160 quilômetros, e depois do Rio Atabapo o Orenoco ficou bem mais estreito, e para chegar à entrada do Canal Casiquiare ainda teríamos mais 360 quilômetros pela frente.
Os dias eram longos, e muitas vezes monótonos, pois só víamos árvores e mais árvores. Roberto e eu nos revezávamos no leme do barco. Aproveitei para ler um livro que contava a saga dos exploradores do Amazonas como Francisco de Orellana, Lope de Aguirre, La Condamine e Alexander von Humboldt. Eu estava viajando no alto Orenoco 200 anos depois de Humboldt e Bonpland terem passado por lá, e acho que o que eles viram era exatamente o que nós estávamos vendo.
Na época eles só conseguiram subir o rio por causa da ajuda dos índios que os transportavam em canoas. Nos seus relatos eles contam que eram atacados por um tipo de inseto minúsculo, e como não tinham roupas especiais eles foram ficando inchados de tanta picada. De fato, a pior coisa da floresta venezuelana é o Ren Ren, um tipo de borrachudo que ataca em nuvens. Nós pelo menos tínhamos um pouco de velocidade para fugir da bicharada, mas na hora de encostar na margem para dormir, a operação tinha que ser feita rapidamente e de calça comprida e mangas longas. O repelente valia ouro.
Neste trecho de rio não havia nada nem vilas, e começamos a ficar preocupados com o combustível. Para nossa sorte encontramos uma fazenda na beira do rio. Havia uma pequena sede e muitos animais selvagens domesticados, como uma macaca chamada Rosa, araras, e um pássaro estranho que eu nunca havia visto. Conseguimos comprar gasolina e encher os tanques até a boca.
Os fins de tarde continuavam maravilhosos, e quando não chovia mais cedo assistíamos um espetáculo com revoadas de pássaros que sempre gostavam de ficar nas árvores que ficam na margem.
Nas noites que choviam chegava a fazer frio na barraca. À noite aproveitávamos para conversar, pois era o único momento que nós quatro estávamos juntos. Fazíamos o jantar e depois o barco virava um dormitório.
Quando cessava o barulho da chuva, dava para ouvir o som da floresta, com centenas de pios, ruídos de seres que não conseguia sequer imaginar a forma ou o tamanho. Estar afastado da margem me dava uma sensação de conforto. As nuvens iam se dissipando, e pela janela de tela dava para ver um céu de estrelas se descortinarem. Parecia que eu estava em uma nave espacial, tantas eram as estrelas.
De manhã dava para sentir o cheiro da mata úmida. As folhagens verdes estavam tão cristalinas e límpidas que parecia que estávamos em um jardim encantado, e que algum paisagista pacientemente plantou todas aquelas árvores propositalmente. Talvez tenha sido isso mesmo que ocorreu.
Passados alguns dias chegamos a Tama Tama, uma pequena comunidade de índios que ficava há uns dois quilômetros depois da entrada do canal do Casiquiare. Lá compramos gasolina, pegamos algumas informações e voltamos para o rio.
Conversa vem, conversa vai, uma pessoa vem me perguntar se não vimos um barco há uns dias atrás durante a noite nos iluminar. Respondi que sim, inclusive nos deu um tremendo susto, pois pensávamos que eram ladrões. O sujeito deu risada e me disse que eram pesquisadores ingleses que estavam subindo o rio e ficaram curiosos ao ver um mastro de veleiro, e ficaram ali tentando descobrir o que eram aquelas duas estranhas embarcações. Pois é, esta lei de Murphy é danada mesmo, tinha que acontecer bem na fronteira com a Colômbia.
A nossa navegação era muito imprecisa, pois apesar de usarmos GPS, o nosso mapa não passava de um mapa de viagem, onde o Rio Orenoco e o Casiquiare eram uns pequenos riscos.
A entrada era tão pequena que indo para Tama Tama não percebemos o canal. Só depois de falar com os índios é que encontramos a passagem. Fizemos uma festa ao chegar à boca do canal, e a vida mudou bastante a partir daquele ponto, pois passamos a navegar a favor da corrente. Depois de vinte e um dias subindo os 1800 quilômetros do Rio Orenoco, o barco ganhou mais velocidade, pois nesta época do ano chovia muito, e o canal estava rápido.
Fizemos um planejamento para chegar na época das chuvas, pois não sabíamos se haveria muitas pedras e corredeiras. Temíamos não passar, mas ao ver aquele volume de água nos tranquilizamos.
O canal tem 326 quilômetros de comprimento, e é uma ocorrência geográfica raríssima, pois o normal seria ele correr para o lado da bacia do Orenoco. A rigor tudo que está na margem esquerda do Orenoco, Casiquiare, Rio Negro e Rio Amazonas é uma gigantesca ilha marítimo-fluvial.
Embora Humboldt o tenha explorado, foi o padre Cristóbal de Açuña que em 1639 fez os primeiros relatos mais concretos.
O começo de canal era bem estreito, mais ou menos uns 50 metros de largura, mas à medida que descíamos ia se alargando. Encontramos muitos bancos de areia e algumas corredeiras. O maior risco era bater a rabeta do motor de popa e perder a nossa propulsão. Como precaução estávamos levando aquele velho motor de seis HP comprado em Trinidad.
Como o canal era estreito e rápido, na água dava para perceber bem os rodamoinhos. As margens estavam próximas uma da outra, dando-nos a sensação de estar mais do que nunca dentro da floresta. Navegar olhando árvores por todos os lados a bordo do meu catamaran que um dia partiu de Miami, me deu uma sensação de grandiosidade em relação à expedição. Que viagem maluca esta, pensei. O que será que existe lá dentro da floresta? Os rios na floresta são como estradas, fora deles você entra em um mundo extremamente selvagem e difícil. Apesar de tudo seguíamos viagem.
No segundo dia encontramos a primeira tribo de ianomâmis, exatamente como nos haviam dito em Tama Tama. Primeiro vimos alguns índios em uma canoa, depois a aldeia. Neste primeiro contato fomos bem cautelosos e encostamos os barcos bem devagar na margem direita em frente à aldeia.
Parei primeiro meu barco e o Roberto Linsker saltou para a margem, e foi se apresentar. Toda a aldeia se reuniu para nos ver. Muitas crianças, jovens se aproximaram dos barcos. O chefe conversou com o Roberto em espanhol, e autorizou que nós filmássemos e fotografássemos. Como retribuição oferecemos a eles um pouco de comida, como castanhas e barras de cereal.
O que deviam pensar a respeito daqueles estranhos barcos, um com um mastro e vela, e o outro com uma barraca fechada, cheia de janelas. Um OVNI para nós talvez seja algo mais familiar de encontrar, do que eles avistarem aquelas geringonças.
Esta nação milenar vive em grande parte das terras ao redor do Pico da Neblina. Praticamente sem contato com o homem branco até meados dos anos 50, protegidos pela inacessibilidade dos rios e cachoeiras que circundam seu território, são considerados um dos povos mais primitivos da Terra, desconhecem, por exemplo, qualquer sistema de contagem. Com fama de guerreiros e hábeis caçadores, são estimados hoje em cerca de 20.000 mil pessoas espalhados por mais de 360 agrupamentos na floresta.
Dava aflição olhar para os índios que sem nenhuma proteção eram devorados pelos insetos. Ninguém ficava com os braços parados, e em volta do cacique ficavam algumas crianças batendo os braços nas pernas e nas costas dele, para espantar a bicharada. Nunca vi nada igual, e só porque usávamos calças compridas, mangas longas e repelentes era possível ficar ali, caso contrário a morte era melhor.
Retirei do barco um livro de fotografia sobre a Amazônia, e me agachei ao lado das crianças que curiosas me rodearam. À medida que eu ia apontando uma foto no livro, elas me falavam o nome em Ianomâmi. Foi muito divertido eu tentar aprender falar algumas palavras na língua deles. Eu também repetia o nome em português, e algumas delas se arriscavam.
Agradecemos ao cacique pelo encontro, e demos a ele a camiseta do projeto. Ele nos retribuiu com um arco e fecha, e dois remos. Despedimo-nos e continuamos a descer o canal. Já quase no final da tarde chegamos a outra aldeia, que para o meu barco era quase impossível encostar, pois as árvores se debruçavam na beira do rio, e como o meu barco estava com o mastro eu não conseguia encostar.
O barco casa encostou, e eu fiquei ali motorando e pensando o que fazer. Para minha surpresa, alguns índios subiram na árvore e com facões começaram a cortar alguns galhos fazendo uma passagem para o mastro passar. Fiquei bem impressionado com a esperteza deles. Foi o primeiro sinal de que éramos bem-vindos.
A diferença desta tribo para a outra é que eles não falavam nada além da língua ianomâmi. Ficou difícil, e a comunicação foi toda através de gestos. Eram mais ou menos uns trinta índios que habitavam uma única oca gigante, ou seja, apenas sete famílias.
Como era fim de tarde, não deu muito tempo para nos comunicar com eles. Passado pouco tempo eles deram as costas e todos sumiram, entraram na oca, sem nenhuma cerimônia. Aliás, cerimônia é algo que índio não tem, logo vi.
Ficamos sem saber o que fazer, pois não nos convidaram para entrar e conhecer a oca. O Marcus foi para o barco dormir, e o Duncan, o Roberto e eu ficamos ali na porta da oca tentando ver o que se passava lá dentro. A entrada era bem pequena e baixinha, e de fora pouco dava para ver.
Decidimos nos sentarmos na porta do lado de fora, e como cachorros fomos ganhando terreno. Devagar íamos sentando cada vez um pouquinho mais para dentro. Esta técnica de cachorro funciona bem, e acho que também estávamos fazendo a mesma cara de cachorro que sabe que está fazendo algo errado, mas vai testando o limite do dono.
Dentro da oca vi que cada núcleo de família se reunia em volta de uma pequena fogueira, e todos estavam deitados em redes presas a estacas de madeira. Logo perto de nós estava o cacique, sua esposa e as crianças. Ao lado dele estava o pajé, um índio bem velho.
Ficamos ali imóveis, e eu particularmente nunca havia tido uma experiência como essa. O Roberto veio e me falou: “Esta cena que estamos presenciando poderia estar acontecendo há dois mil anos atrás, pois de lá para cá eles não mudaram nada”. Eu na mesma hora pensei, entramos em uma máquina do tempo, o efeito era o mesmo.
A luz do lume das fogueiras era a única luz do ambiente, e ela iluminava as faces avermelhadas dos índios deixando o lugar com um aspecto primitivo e acolhedor. A fumaça das fogueiras ajudava a espantar os mosquitos, mas também dificultava a respiração.
O pajé levantou-se da sua maca e se aproximou. Na mão ele trazia uma tigela de madeira com algum tipo de raiz, que era o que eles estavam comendo. Provei e achei horrível, mas fiz cara que gostei, não ia fazer um desaforo na casa deles. Comer sem sal é difícil.
Fiquei ali pensando em mostrar algo para eles que valesse a pena. Sempre tenho a sensação que nós achamos mais graça neles do que vice-versa.
Tive uma ideia, e fui ao barco pegar o walkman, para eles escutarem uma música. Eu não trazia mais que dez fitas cassetes, e pensei que música seria interessante mostrar a eles. Veio na cabeça Milton Nascimento, porque considero que ele é um dos poucos músicos que fazem uma música universal, absolutamente contundente e compreensível a qualquer ser deste planeta.
Entrei na oca entusiasmado, e com o aparelho na mão e deixei no ponto a música Sentinela que começa com um canto gregoriano belíssimo, depois entra a Nana Caymmi com uma voz sublime. Finalmente vem o Milton que sempre me emocionou, cantando com a voz mais linda que conheço. Concordo com o que a Elis Regina disse: “Se Deus cantasse teria a voz do Milton”.
Liguei o Walkman e levei-o até o cacique. Primeiro coloquei o fone no meu ouvido mostrando a ele como fazia. Tirei-o, e cautelosamente coloquei os fones no seu ouvido. Não sei como contar, mas a expressão dele vai ficar marcada para sempre na minha memória, pois parecia que o algo resplandecente havia nascido dentro dele, e acho que nasceu mesmo. Imagina alguém que nunca sonhou com um aparelho daquele, sentir a música dentro dela.
Ele ficou sorrindo, e todos muito intrigados sem saber do que se tratava. Alguns segundos depois ele tirou os fones e deu para o pajé, que também foi vítima do mesmo bem estar. Do pajé o aparelho foi para a mulher do cacique, e de mão em mão a música foi preenchendo o corpo daqueles seres tão doces.
Depois de todos ouvirem, duas meninas bem jovens vieram nos devolver o walkman. Como retribuição elas nos cantaram uma linda música ianomâmi. Ficamos muito emocionados e espontaneamente aplaudimos as meninas. Aconteceu algo incrível, todos nos acompanharam nos aplausos, e nós nunca soubemos se o aplauso era algo em comum entre eles.
O Roberto nos disse que ia retribuir a música, e se levantou. Como ele já morou alguns anos na Espanha durante a adolescência, ele cantou uma música em espanhol, algo que trazia alguma lembrança do seu passado. Assim que ele acabou de cantar todos aplaudiram alegremente.
Por alguns segundos todos ficaram em silêncio até que outras duas jovens vieram para perto de nós para cantar uma outra música. Sempre bem curtinhas, as músicas tinham um jeito que parecia quase uma declamação, um rap ianomâmi. Novamente todos aplaudiram. Bom, sobrou para mim, que sou o mais desafinado, mas que também tem um coração lá no fundo. Arrisquei-me e cantei Beijo Partido do Toninho Horta, que é dificílima de cantar, mas uma das poucas músicas que nunca me esqueci.
Cantei, e com certeza, aquela era a única plateia neste planeta que iria me aplaudir. Acho que viajei milhares de milhas para dentro de uma floresta para procurar alguém que gostasse de me ver cantando.
Novamente mais duas meninas se apresentaram para nós. O festival estava ficando cada vez mais animado, e então o Duncan que é Sul Africano, e fala african, um dialeto na África do Sul, nos ensinou alguns refrões para fazermos juntos enquanto ele cantava. Agora os dois Robertos eram backing vocal. Inacreditável, mas estávamos os três de pé em frente de uns índios Ianomâmis cantando uma música em african, isso eu jamais imaginei na minha vida.
Foi um momento único nas nossas vidas, que em comunhão com nossos irmãos, e sem falar uma única palavra no seu idioma, unimos os nossos cantos, as nossas emoções e nossos corações. Aquele mágico encontro confirmou para mim o que vale a pena viver na vida, e aquela viagem estava sendo o melhor presente que pude me dar.
Esta última apresentação foi a mais aplaudida, e foi linda mesmo. Música da África para a Amazônia.
Já era hora de se recolher, e o Linsker sugeriu que voltássemos para o barco: “Já está na hora, índio não dorme tarde”.
À noite na cama fiquei pensando por que foram tão cruéis os encontros dos europeus com os povos indígenas. Quantos valores foram mudados ao logo de alguns séculos, mas que ainda em alguns lugares permaneciam congelados, envoltos na ignorância e no preconceito.
As despedidas das pessoas foram sempre difíceis nestas viagens, pois sei que possivelmente jamais voltarei a encontrá-las. São encontros intensos, curtos e que criam um laço de amor muito forte. O encontrar, conhecer, trocar, e despedir parecia um nascer e morrer. Acho que foi um bom treino para se tornar desapegado.
Sempre tento descobrir o que está por trás destes rápidos encontros. O que me levou a viajar quilômetros e quilômetros para cruzar um olhar com alguém e nunca mais o encontrar.
Parti de coração partido. Olhar para trás e ver toda a comunidade acenando foi difícil. Não vou mais encontrá-los pessoalmente, mas carrego aquelas expressões dentro de mim.
Este foi o terceiro dia no Canal e logo chegaríamos ao Brasil por uma das fronteiras mais desconhecidas, Cucuí.
Chegamos à confluência do Canal Casiquiare com o Rio Guainía, e pode-se dizer que o Rio Negro nasce naquele ponto. Nesta noite acampamos já próximo a fronteira do Brasil.
Entramos no Brasil um pouco antes hora do almoço. De cada lado da margem havia uma bandeira em cima de um muro de concreto. Esta é uma fronteira tríplice, mas as terras colombianas ficaram para trás também. Agora só queríamos chegar a algum lugar habitado para comer uma comidinha caseira.
No Rio Negro a vida a bordo melhorou muito, pois não tem um inseto. A alcalinidade da água dificulta a existência de peixes, e com muito pouca vida os insetos não se proliferam. Dava para dormir com a janela aberta. Até o encontro com o Rio Amazonas teríamos que navegar por mais de 700 quilômetros.
Dez quilômetros após a fronteira paramos na base brasileira do exército em Cucuí. Eles já nos esperavam, e tínhamos que fazer a entrada dos papéis no Brasil. Fomos muito bem recebidos pelos oficiais de plantão. Fizeram a vistoria nos barcos, e depois fomos almoçar em um pequeno bar. Matamos um frango, com arroz, feijão e fritas. Teve até uma saladinha de entrada. Que banquete!
Entre Cucuí e São Gabriel da Cachoeira, nosso próximo destino, o Rio Negro é muito perigoso. As corredeiras são muito grandes, tem muita pedra e o rio é bastante rápido. Ficamos muito inseguros de navegar por lá sem um guia.
Depois de Cucuí paramos em uma minúscula vila na beira do rio, onde acabamos conhecendo um senhor que queria uma carona para São Gabriel. Para nossa sorte ele conhecia muito bem as corredeiras, e as armadilhas do rio.
Descemos feito um foguete, e batemos todos os recordes de velocidade. O barco passava por cima de corredeiras que faziam o barco pular, andando algumas vezes de lado. Olhando a margem dava para ver como era inclinado aquele trecho. Não havia muito tempo para pensar, pois havia muitas ilhas de pedra pelo rio, e uma vez escolhido o lado não dava para voltar, era uma decisão que tinha que ser tomada rapidamente.
Foram 250 quilômetros de ação, e quando finalmente chegamos a São Gabriel da Cachoeira fomos obrigados a parar o barco no pequeno porto local. A cidade tem dois portos, um na parte de cima, outro na parte debaixo do rio. Tínhamos que passar pelo trecho do rio mais perigoso. Ali fica a parte mais estreita do Rio Negro, e por causa disso ele acelera muito. Para ajudar tem muitas pedras, que formam uma cachoeira de verdade.
Consultamos uns barqueiros locais que nos cobraram muito dinheiro para subir a bordo e nos guiar. Decidimos descer a corredeira sozinhos. Ficamos umas duas horas em cima de uma pedra estudando por onde íamos passar. O Duncan e o Linsker se posicionaram em um lugar estratégico para documentarem a nossa odisseia.
Eram apenas 500 metros de turbulência, e passado esta parte o rio se alarga e volta a ser plácido.
O Marcus estava no barco casa que nos preocupava mais, pois era mais instável. No meu caso, o meu barco levava vantagem, pois era bem mais leve, e eu não carregava a barraca.
Eu estava bastante tenso, mesmo assim nos atiramos corredeira abaixo. Os barcos passaram as corredeiras saltando as ondas, rabeando, e eu controlava o barco acelerando o motor de popa. Na margem do rio aglomerou alguns moradores que estavam lá esperando que alguma desgraça acontecesse. O pior trecho não durou mais que trinta segundos, e quando passamos o funil onde o rio tem apenas 300 metros de largura, tudo voltou ao normal. Respirei fundo, passamos pelo pior, dali para frente não encontraríamos mais corredeiras.
A parada em São Gabriel seria mais longa do que as outras. A ideia era escalar o Pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, que tem 2.994 metros de altura. O Linsker o mais experiente do todos nós em escaladas fez a preparação ainda em São Paulo, e conseguiu o apoio de um lodge, um tipo de pousada, que ficava na Ilha do Rei, em frente a São Gabriel.
Conseguimos atracar os dois barcos em um lugar seguro na Ilha de Rei. No dia seguinte fomos procurar o IBAMA para confirmar o aluguel de um barco de alumínio, um piloto que era funcionário do órgão, e de um guia para nos levar lá para cima.
O Pico da Neblina fica muito longe de São Gabriel, mais ou menos uns 350 quilômetros, somado as distâncias da estrada e dos rios.
Na cidade conhecemos dois espanhóis muito simpáticos, um jornalista, o outro apenas fazendo turismo, que queriam também ir para o pico. Decidimos juntar as expedições, e no outro dia bem cedinho estávamos todos subindo a bordo de um caminhão do exército que nos deu uma carona até um pequeno rio chamado Lazinho, a 80 quilômetros de São Gabriel. A estrada de terra estava em péssimas condições, e se caísse alguma chuva forte nem um caminhão passaria.
Na caçamba do caminhão íamos carregados de equipamentos, comida e um barco de alumínio, pois agora éramos muitos, o outro barco estava no local.
Os dois espanhóis levaram um guia próprio e dois carregadores, e nós somente um guia, as mochilas que estavam com dezessete quilos iriam no “lombo”.
Quando chegamos ao Rio Lazinho o caminhão parou para nos deixar. No mesmo instante estava chegando uma turma de soldados do exército brasileiro vindos de um treinamento na mata. Eles foram ao Pico da Neblina e voltaram. Parece simples falar, subir o pico, mas nós ainda não tínhamos noção do que nos esperava.
O barco que íamos usar estava afundado na beira do rio, e o que trouxemos era dos espanhóis. Começou a função, arrancar o barco de dentro do rio, e prepará-lo. Duas horas depois começou a viagem.
O motor do nosso barco começou a falhar já de cara. Pensei, esta viagem está me cheirando a roubada, mas tudo bem, vamos lá. Aos trancos e barrancos navegamos o dia todo, até quase anoitecer. Do rio Lazinho passamos para o Ia Mirim, depois o Ia Grande. Foi já no Rio Caiuburi que paramos em um lugar abandonado que tinha uma coberta de palha. Fizemos o nosso jantar e esticamos os casos de dormir.
O dia ainda não havia amanhecido e nós já estávamos subindo o rio. De ambos os lados eu conseguia ver algumas montanhas, mas elas não pertenciam a Serra Imeri, onde está o Pico da Neblina e o Pico 31 de março, a segunda montanha mais alta do Brasil.
Na parte da tarde encontramos o nosso último rio, o igarapé Tucano. Já bem pequeno e com uma mata bem abundante, e árvores gigantescas, nós mergulhamos mais ainda dentro da mata. Certo momento desligamos o motor de popa, que só havia dado dor de cabeça, e passamos a remar.
Quando ficou impossível navegar, pois o barco já começava a encalhar, encostamos na margem ao lado de uma clareira e fizemos o nosso acampamento.
Para economizar peso só levamos uma barraca de dois lugares para três, o Duncan, o Linsker e eu. O Marcus ficou doente e preferiu ficar em São Gabriel descansando e curando uma forte gripe.
Fomos acordados pelo nosso guia, o Aristides Moreira, um negão muito engraçado, que trabalhava no garimpo lá de cima. Saiu do Maranhão para tentar a sorte no garimpo, e como todo garimpeiro ele tinha o sonho de encontrar uma pepita de ouro gigante, ficar rico e se aposentar.
A caminhada começou por um terreno mais ou menos plano, mas muito encharcado. Duas horas depois começou uma leve subida já em mata fechada, que foi se acentuando. Íamos em um fila indiana de nove pessoas. Pelo altímetro do Linsker, quando chegamos aos 400 metros de altura começamos a descer novamente. Descemos até a cota 200 metros e novamente começou outra subida. Na parte da tarde o céu foi escurecendo, até começarmos a ouvir fortes trovões. A temperatura estava em torno dos 32 graus, mas caminhando na mata fechada com sombra, a temperatura não era insuportável.
A chuva começou, mas durante uns quinze minutos não sentíamos nada, pois a mata segurava, mas à medida que a chuva foi aumentando começamos a sentir o efeito da umidade. Colocamos nossos ponches cobrindo também as mochilas para não encharcarem e pesarem ainda mais. A chuva dentro da floresta começa depois e acaba também depois, pois sobra muita água na folhas que gotejam bastante.
O Duncan começou a se sentir mal de manhã, e na parte da tarde estava com febre e o corpo cansado. Diminuímos o ritmo, mas lentamente a expedição ia subindo. O tamanho dos troncos das árvores era impressionante. Eram árvores de mais de 300 anos. Na trilha vi algumas hordas de formigas gigantes cruzando em fila. Como acampar em um lugar daqueles fiquei me perguntando. Aliás, ninguém monta barraca por aqueles lados, o pessoal prefere dormir em redes.
Já quase no começo da noite, com a trilha bem encharcada e o temporal despencando nas nossas cabeças, chegamos a um acampamento de garimpeiros que também estavam subindo.
Eles construíram uma barraca de madeira e a cobriram com um plástico transparente. Dentro penduraram dezenas de redes. Aqueles homens em especial trabalhavam para abastecer o garimpo, eram carregadores.
O garimpo que estava estabelecido na Serra Imeri, tinha mais ou menos dois mil homens. Eles estavam devastando e poluindo os rios com metais pesados dentro do segundo maior parque nacional do país. O parque conta com apenas dois guarda-parques. Não dá para levar a sério um país que cuida de seu maior patrimônio assim com total descaso. Só depois de conhecer a Amazônia é que eu entendi o sentido da palavra abandono.
As mulas, como eram chamados, carregavam uns quarenta quilos de carga em um tipo de mochila de palha chamada jamanchim, presa a cintura e com uma tira apoiada na testa. Vestindo roupas precárias e galochas, eles subiam os dois mil metros em uma velocidade que deixaria qualquer corredor de aventura no chinelo. Para se alimentar eles levavam uma farinha molhada com água, um tipo de Red Bull local.
Montamos a nossa barraca em um pequeno espaço. O chão era lama pura, e por algum tempo fiquei conversando com os carregadores, que cozinhavam seu jantar.
O Linsker começou a sentir-se mal, e os sintomas eram parecidos com o do Duncan. Os dois foram deitar-se e eu me encarreguei de fazer o jantar.
Já era noite, a chuva não dava trégua, e eu então decidi ir buscar água para cozinhar e já abastecer os nossos cantis. Voltei uns dez minutos pela trilha até um ponto onde conseguia ouvir um barulho de água. Desci uma encosta de moro, escorregando até chegar a um riacho. Fiquei calado antes de pegar a água, pois me dei conta que estava longe do acampamento, no meio da mata, no escuro total e perto de água, lugar que os bichos normalmente estão à noite. Enchi todos os cantis e comecei a voltar para o acampamento. Bateu um medo, que as pernas começaram a falhar de tanto que tremiam. Quando cheguei à trilha sai em disparada até chegar a nossa barraca.
Não sei se criei fantasias, mas o medo era de ser pego por uma sucuri gigante, ou por algum felino.
No dia seguinte a mata amanheceu tranquila, com a luz do Sol passando pelas folhas. Os carregadores já haviam partido. O Duncan e o Linsker estavam bem melhores, o que foi um alivio, pois pensava que eles estavam com malária, e o próximo seria eu. Nada disso aconteceu.
Neste segundo dia iniciamos uma subida que durou sete horas, e como a inclinação do terreno era enorme, os degraus não podiam ser vencidos sem a ajuda das mãos. Puxávamo-nos pelas raízes e escorregando pela trilha molhada íamos subindo. Os galhos enroscavam na mochila, eu tropeçava em tocos, e o coração ia na boca, pois nos últimos meses não fizemos nenhuma atividade aeróbica.
O Moreira ia à frente em um ritmo bem mais forte que nós. Passado um tempo nós o alcançávamos. De vez enquando dávamos uma parada de dez minutos para respirar e tomar uma água. Em certo ponto, já bem no alto, a trilha se bifurcou, e nós pegamos o caminho errado. Até os dois carregadores dos espanhóis vieram atrás. O caminho começou a descer, descer, e depois de uma hora desconfiamos, pois o Moreira havia sumido e era estranho descer tanto.
Voltei sozinho para o ponto da bifurcação e lá estava o Moreira. Dei uma bronca nele, dizendo que ele era o guia e que precisava ficar sempre mais próximo de nós. Pedi a ele que ele fosse lá embaixo buscar a turma.
Chegamos à vila do garimpo já quase no escuro. Estávamos há dois mil metros e fazia bastante frio. O céu estava encoberto, mas não chovia, só soprava um vento gelado. Nós que estávamos encharcados de suor, lama, e com as botas inundadas de água queríamos encontrar um canto para descansar.
O Moreira encontrou no meio dos barracos dos garimpeiros um lugar com uma pequena coberta. Montamos a nossa barraca e fizemos uma fogueira. Jantamos e ficamos à frente do fogo secando as botas. Mal sabíamos o que nos esperava no outro dia.
O nosso guia também tratou de conversar com os garimpeiros, e explicar que nós não éramos da imprensa, pois estávamos com câmeras de filmar e fotografar. Eles não queriam nenhuma publicidade gratuita. Só estamos documentando a viagem.
Um dos espanhóis, o jornalista, estava fazendo uma matéria para um veículo na Espanha, e ia ficar lá por um tempo para entrevistar os garimpeiros. Para isso ele ia ter que negociar com o pessoal do garimpo. O outro o Carlos e seu carregador iriam seguir viagem conosco.
Quando o dia amanheceu é que vimos bem onde estávamos. Parecia que a selva havia sido rasgada por uma escavadeira gigante, e que revirou a terra. Eles faziam isso nos lugares onde passava um riacho, e com a água eles iam peneirando o areia do solo. Com as chuvas e a água do riacho, o lugar estava virado em um atoleiro a céu aberto, rodeados de barracos cobertos com lona plástica. O lugar era úmido, frio e triste.
A vida em um garimpo pobre como aquele não gera riquezas para quase ninguém, pois para comer era muito caro, então o que se ganha se gasta em comida, ou em mulher. As “garotas de programa” do garimpo ganhavam muito dinheiro, acho que até mais que as do Café Photo.
Os carregadores ganhavam pouco e tinham que comer. Acho que só o dono da venda ganhava, porque as meninas também tinham que comer. Ou o sujeito achava uma pepita gigante, ou ele iria ficar vivendo como um escravo. Lei ali era a do mais forte, e eles tinham o seu próprio código de ética.
Estávamos entrando no quinto dia de expedição, e se tivéssemos sorte com o tempo pretendíamos chegar ao cume do pico.
Apesar do terreno ser plano, foi um dos piores lugares que pisei na minha vida. Era um charco, com água gelada, lama, que afundava até a altura do joelho. Se puxasse a perna com força a bota ficava presa lá no fundo. Que burrice ficar horas secando os sapatos na noite anterior, pensei depois.
Não teve um que não caiu ou escorregou, e andando no meio da lama eu só ouvia meus companheiros praguejando atrás de mim. Também xinguei aquela merda de trilha, e vira e mexe eu perguntava ao Moreira se aquela era a única opção.
A vegetação era rasteira, e com um tipo de planta que nunca havia visto. A temperatura estava por volta dos 15 graus.
Caminhamos até o início da tarde para progredir muito pouco, na nossa frente supostamente estava a última montanha onde está propriamente o pico, mas é claro que ela estava encoberta por uma neblina, se não teria outro nome.
Quando chegamos à base deste último trecho iríamos enfrentar a parte mais íngreme da caminhada. A trilha terminou nesta encosta, e dali para frente seria o início da última subida.
“Perguntei ao nosso guia:”. E agora Moreira, para onde vamos?”
Para a nossa surpresa o Moreira nos explicou que chegamos ao final da trilha, que dali para frente nunca ninguém havia ido. Na hora até pensei que fosse uma brincadeira, mas logo vi que o homem falava sério. O Linsker então falou a ele que o cume é o cocuruto, o ponto mais alto, de onde não se pode ir mais.
Então o Moreira explicou:” agora entendi, mas para chegar lá só de Buru Buru”. Ninguém entendeu nada, e eu perguntei a ele o que era Buru Buru.
Buru Buru era o tão desejado helicóptero que ele sonhava em comprar quando encontrasse a sua pepita gigante, assim ele poderia voar de garimpo em garimpo.
O que fazer agora pensei. Decidimos no enfiar no mato para procurar algum sinal de uma trilha que nos levasse para cima. Tentamos dois caminhos, e quase nos perdemos. Achamos melhor voltar para a base e acampar, pois estava armando um temporal. Falamos ao Moreira que voltasse imediatamente para o garimpo e procurasse alguém que conhecesse a trilha.
Ele partiu com a promessa de chegar de volta pela manhã do dia seguinte com algum guia.
Nós começamos fazer com o facão uma pequena clareira na encosta. Não havia lugar plano, e acabamos dormindo inclinados. Choveu muito durante a noite, e a nossa barraca não aguentou, encharcando todos os sacos de dormir. Foi uma noite longa e cansativa.
Assim que desmontamos a barraca o Moreira chegou com um outro rapaz do garimpo que já havia subido o pico. Tomamos café e iniciamos a subida.
O novo guia só nos levou até o início da subida onde acabava a vegetação, e iniciava a pedra. De lá para frente não tinha como se perder. A subida tornou-se bem íngreme, e à medida que subíamos a temperatura abaixava. Começou a ventar forte e a chuva voltou, deixando a pedra muito escorregadia. Como é de costume, aquela montanha vive enevoada, e por isso não dava para sentir que estávamos alto. Podia ser qualquer lugar, e era difícil de acreditar que aquilo era também uma das faces da Amazônia.
Depois de quatro horas, e debaixo de um temporal, chegamos ao cume. A visibilidade era de metros. Só dava para saber que era o cume do Pico da Neblina porque havia uma placa de ferro chumbada na pedra.
Cheguei tão cansado que não comemorei a chegada. Soprava bastante vento, chovia grosso, não tinha nada para ver, só uma pequena parte plana, muitas pedras e abismo para todos os lados.
Decidimos esperar um pouco para ver se abria, pois depois que tanto esforço queríamos pelo menos ver a vista de lá de cima.
Somente depois de uma hora a chuva passou, e as nuvens foram ficando mais altas até que abriu de um lado uma vista. Como o Pico da Neblina está situado no meio da Floresta amazônica, pode-se enxergar muito longe. Em pé na ponta de umas pedras deu para sentir os 3000 metros de altura. A luz do Sol invadiu o cume por uma fresta de nuvens descortinando a mata verde e imensa. Naquele momento o arrependimento passou, e a emoção tomou conta de todos nós que nos abraçamos e vibramos com aquele lugar tão difícil de chegar.
A alegria durou pouco, e as nuvens voltaram a fechar nos deixando com gostinho de quero mais. Em vez de voltar para o acampamento do garimpo decidimos dormir no cume para ver se no outro dia o tempo ia estar melhor.
O problema era que só havia espaço para uma barraca, e o Carlos, nosso amigo espanhol, seu carregador e o Moreira não tinham onde dormir, pois só carregavam suas redes.
Sugerimos que eles descessem, mas eles também queriam esperar o dia seguinte. Eles improvisaram com um plástico azul um pequeno toldo encostado entre duas pedras.
No final do dia fizemos o jantar e nos recolhemos para a barraca. A garoa não dava trégua e a temperatura começou a baixar rapidamente. Nós não estávamos devidamente preparados para dormir no cume, pois a barraca era muito pequena para três, passava água, os nossos isolantes térmicos eram muito pequenos, e os sacos de dormir eram de verão, bem fininhos.
Depois de comer algo bem quente me enfiei dentro do saco para tentar me secar. Não posso dizer que foi uma noite terrível. Foi difícil dormir, senti muito frio à noite, pois a temperatura chegou aos seis graus, mas só de lembrar que bem ali ao lado havia três indivíduos quase ao relento, dormindo de cócoras encostados na pedra, e expostos ao vento e a garoa. Eu não podia reclamar.
Para a decepção de todo o grupo, o dia amanheceu com a mesma neblina, e o pico reafirmou a sua reputação e fez jus ao nome. Tomamos café e começamos a descer. A ideia era chegar logo no acampamento dos garimpeiros para descansar e secar as roupas.
A volta foi mais rápida, mas bem escorregadia, e na parte dos charcos sofremos um pouco mais, pois as chuvas tornaram o lamaçal quase intransponível.
No outro dia descemos com muita velocidade, queríamos ganhar um dia no cronograma. A comida estava acabando e eu como fui prevenido escondi na mata um pequeno saco com comida extra para a volta. Foi a melhor decisão de minha vida.
No final do dia já quase na chegada o Moreira entrou em uma outra trilha que eu não reconheci, mas como estávamos exaustos não falei nada. Andamos até escurecer, e quando o caminho desapareceu o Moreira diz que estávamos no caminho errado. Começamos a andar por um terreno plano, mas muito irregular fácil de escorregar. Estávamos andando em fila indiana e com lanternas na cabeça. A minha havia acabado as baterias, então andava colado no Duncan. Lá pelas tantas chegamos perto do igarapé Tucano, uma ótima referência, mas não tinha trilha para chegar ao acampamento onde havíamos deixado os barcos.
Embrenhamo-nos na mata fechada para tentar cruzar direto para o acampamento. Paramos para discutir sobre o caminho. Desequilibrei-me e me apoiei em uma árvore. Fiquei com a mão apoiada no tronco por alguns segundos que estava infestado de formigas. Senti minha mão sendo picada por alguma coisa. Comecei a pedir para o Duncan iluminar minha mão, mas no desespero escorreguei e para não cair, e segurei em um galho de outra planta que estava cheio de espinhos. Desesperado de dor nas duas mãos, não aguentei, dei muitos gritos com o Moreira, que não tinha nada a ver com o meu acidente, mas que novamente havia nos deixado em maus lençóis. Com a lanterna o Duncan retirou alguns espinhos. A outra mão inchou um pouco, mas não foi nada sério.
Conseguimos chegar ao acampamento às 2130 h, e providencialmente tomamos um belo banho no igarapé. Jantamos e desmaiamos. Depois de dois dias chegamos à Ilha do Rei. Foram necessários dois dias de descanso para continuarmos a viajar. O Linsker voltou para São Paulo e chegou o Peter Moon, um jornalista da revista Isto É para fazer uma reportagem.
A viagem continuou pelo Rio Negro até Manaus. Depois veio o Rio Amazonas, e setenta e cinco dias depois chegamos a Belém, após termos percorrido 5.200 quilômetros de rios.
Ao entrar pelo Mar do Caribe e cortar todo o norte continente americano para sair no Oceano Atlântico, concluímos um dos roteiros mais espectaculares que podíamos imaginar. Viajamos pelo mar verde, foi intenso, mas estava na hora de voltar para a água salgada. Queria ver longe, ver o horizonte e apontar a proa do Atlas para o lugar que lhe cabia, a bela ilha, a Ilha Bela.
Beto Pandiani
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Capacitação ajuda artesãos a conquistar mercado e aprimorar produção
Em plena pandemia, artesãos buscam na capacitação caminhos para manter os negócios em funcionamento. Consultorias e cursos online do Sebrae têm feito a diferença. Símbolo da riqueza cultural do Maranhão, artesanato é um dos cinco segmentos mais afetados pela pandemia Divulgação Com o avanço da pandemia da Covid-19 no país, há quase um ano empreendedores que vivem do artesanato têm se esforçado para manter os negócios funcionando e não desanimar diante da crise. De acordo com a última Pesquisa de Impacto da Covid 19 nos Pequenos Negócios, realizada pelo Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas – FGV, entre os dias 25 de fevereiro e 1º de março, o segmento entrou para o grupo dos cinco setores mais afetados pela crise. As perdas no faturamento giram em torno de 40%. Explicações para a queda estão nas diversas medidas restritivas de circulação, nos impactos da pandemia sobre o turismo e no movimento geral de recessão econômica agravado pela crise, dentre outras questões. Isso tem levado um número cada vez maior de artesãos a buscar novas formas de comercialização, aprimorar produtos, fortalecer a presença digital para estar mais perto do cliente e atuar de forma mais profissionalizada, com o objetivo de se adaptar à nova situação. São pessoas como Sandro Sousa Cruz, da região do Vale do Pindaré, e Deidson Lemos, conhecido como Nonato, oriundo do município de Cururupu. Com a ajuda do Sebrae, artesão ganha espaço no mercado e atua hoje no mercado formal do artesanato Divulgação Ambos vivenciam de perto as dificuldades naturais do mercado na pandemia. Mas não perdem a esperança e encontram em instituições como o Sebrae o impulso necessário para suas atividades neste momento. Para artesãos como Sandro e Nonato, a grade de Cursos Online e de Consultorias Online Gratuitas do Sebrae está fazendo toda a diferença neste momento. Mas a parceria com eles, vem de mais longe. Sandro Sousa Cruz (da Artesanato e Acessórios) é apoiado pelo Sebrae por meio da Regional de Santa Inês. E Nonato, pela Regional de Pinheiro. Sandro se formalizou como MEI em 2012 e, desde então, participa de inúmeros cursos, palestras e outras capacitações promovidos pelo Sebrae, entre as quais as oficinas SEI, focando, por exemplo, gestão do negócio, emissão de notas fiscais e uso das redes sociais; o Empretec e palestras motivacionais para se fortalecer como empreendedor. E em ações de mercado, como a participação em feiras e exposições, entre as quais a 31ª Feira Nacional de Artesanato – Rotas do Brasil, realizada em dezembro de 2020, em Belo Horizonte. Sandro foi um dos integrantes da caravana maranhense. Atualmente, preside a Associação dos Artesãos e Artesãs do Vale do Pindaré – AARVP. “O Sebrae abriu minha mente, diz Sandro Cruz, que hoje preside a Associação de Artesãos do Vale do Pindaré Divulgação “O Sebrae abriu a minha mente, me ajudou a melhorar a relação com os clientes e me deu outra visão do empreendedorismo. Nas capacitações, aprendi a colocar preço no produto, fazer o acabamento das peças, gerenciar o negócio, e, no período da pandemia, as consultorias online foram fundamentais para me manter ativo e com as vendas aquecidas. No meu trabalho como artesão e empreendedor, eu tenho crescido muito com a ajuda do Sebrae, pois todo conhecimento adquirido contribui para alavancar a minha empresa”, pontua Sandro Sousa Cruz. Arte e representatividade do Litoral Ocidental Usando o talento que aflorou desde a adolescência, Deidson Lemos é hoje reconhecido pelo profissionalismo e qualidade das peças artesanais que produz Divulgação Já o trabalho de Deidson Lemos, conhecido como Nonato, também ganhou destaque e reconhecimento com o apoio do Sebrae. Radicado na cidade de Cururupu-MA, região do Litoral Ocidental do estado, o artesão tem uma produção fascinante de peças exclusivas e atua em regime profissional como artesão, possuindo a “carteira de artesão”. Desde a adolescência, ele criava trabalhos escolares nas festas juninas e no 7 de Setembro. A primeira peça artesanal foi um “guará”, que precisava de acabamento para ser vendido. Com o tempo e o interesse crescente no produto, ele buscou esse diferencial com melhorias e refinamento do produto, se adequando para a venda. Desde então, tem crescido bastante. Inspirado na fauna e iconografia do litoral ocidental maranhense, “Nonato” encontrou no Sebrae o suporte para se consolidar como artesão empreendedor Divulgação A matéria-prima usada nos guarás é a semente do najá ou do “tucum”, frutos de palmeiras típicas do Maranhão. Com a semente, faz-se o corpo da ave e com arame, pernas e pescoço. O artesão usa também madeira para a base e pedaços de troncos e galhos de plantas para criar um cenário de mangue. Por algum tempo, ele usou plantas artificiais para essa composição cênica. Mas depois das capacitações do Sebrae, aprendeu o uso de plantas naturais, o que deu um diferencial nas peças. Hoje, o artesão trabalha também com peças de “coco babaçu”, como porta canetas, enfeites de mesa, dentre outras. Surgindo a oportunidade de participar da primeira exposição fora de Cururupu – o 1º Salão de Turismo, realizado em 2019, em São Luís – Nonato representou a arte típica da Floresta dos Guarás. “Foi a primeira experiência como artesão fora do município, e uma grande oportunidade de apresentar e comercializar meu produto, como também eu pude começar a enxergar o artesanato de forma mais além, despertando a forte vontade de produzir e exportar”, ressaltou o artesão, destacando que, a partir de então, a parceria com o Sebrae se consolidou. No final de 2019, com instituição e a Prefeitura de Cururupu, apresentou aos artesãos locais a proposta de miniaturas do “bumba meu boi”, confeccionado com fibra de buriti e pedrarias de miçangas, como traço da identidade cururupuense. A partir dessa ideia, os artesãos tiveram a oportunidade de exportar cerca de 300 peças para o Espaço Imperial no Rio de Janeiro, com êxito absoluto de vendas. Após essa experiência, eles partiram para o Salão de Turismo, em Parnaíba no Piauí. E, no final de 2020, Nonato esteve na Feira de Artesanato Nacional, em Minas Gerais, levando mais adiante o trabalho. “O Sebrae deu todas as consultorias e orientações em cada passo dessa trajetória, ajudando a amadurecer o trabalho”, diz ele. “Mesmo diante da pandemia, o Sebrae continua dando toda assistência, com oficinas e consultorias online e até mesmo realizando feiras online”, prossegue Nonato. “Que tenhamos esperança de dias melhores e que todos os artesãos tenham reconhecimento e cada um possa transmitir e perpetuar essa arte para outras gerações, afinal, o artesanato é expressão da nossa cultura”, conclui o artesão. Apoio do Sebrae para quem empreende no artesanato E para os artesãos que buscam melhorias na gestão de seus negócios, o Sebrae disponibiliza uma extensa grade de cursos e consultorias online gratuitas, que tem ajudado muito neste momento de pandemia, focando as principais necessidades do artesão. Aqueles que tiverem interesse podem buscar as opções no Portal Sebrae, nos endereços: Cursos Online e de Consultorias Online Gratuitas do Sebrae. O acesso é simples e não custa nada. Mas, o empreendedor também, se preferir, pode entrar em contato com a Central de Atendimento e Relacionamento do Sebrae, pelo 0800 570 0800, número que também funciona como Whats App. Em recente visita ao Vale do Pindaré, na programação do Transforme Agora, Mauro Borralho e equipe da Regional de Santa Inês com o artesão Sandro Cruz Divulgação “O Sebrae tem orgulho de ser parceiro dos nossos artesãos especialmente em um momento delicado como este de pandemia, em que eles precisam de suporte e apoio para continuar com suas atividades. Os cursos e consultorias online, as capacitações, a articulação de parcerias que temos liderado, tudo isso se volta para as necessidades mais imediatas do artesão, que são a identificação de canais de vendas no ambiente digital e a preparação dos artesãos para esse novo mercado, incentivando-o a enxergar sua atividade como um negócio. Esse trabalho, sem dúvida, é relevante porque atinge maranhenses em todo o estado que tem a arte e a cultura como ambiente de atuação”, destaca o diretor Técnico do Sebrae no Maranhão, Mauro Borralho. Empreendedores Citados Sandro Sousa Cruz Artesanato e Acessórios Whats App: 98 98824-3760
Associação dos Artesãos e Artesãs do Vale do Pindaré – AARVP Deidson Lemos Whats App: 98 98461- 6049, Instagram Serviço Cursos Online Sebrae Consultorias Online Gratuitas do Sebrae Sebrae Pesquisa de Impacto da Covid 19 nos Pequenos Negócios Canais de Atendimento Sebrae Central de Atendimento Sebrae 0800 570 0800 (Também funcionando como WhatsApp) Redes Sociais: Facebook, Instagram, Youtube, Twitter
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