#FICA 2018
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gliterarias · 3 months ago
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Resenha Solo Leveling de Chugong
Solo Leveling é uma web novel sul-coreana escrita por Chugong. Foi serializado na plataforma digital de quadrinhos e ficção de Kakao, uma plataforma de conteúdo coreano, a partir de 25 de julho de 2016, atualmente sendo traduzida e lançada em forma de livro físico no Brasil pela editora Panini, juntamente com sua adaptação de webtoon.
Sung Jin-Woo é um caçador rank E sem dinheiro, sem talento, sem nada. Um dia, ao entrar numa masmorra para ganhar o pão de cada dia, ele vê a morte iminente…Mas como dizem, é na crise que surgem oportunidades.
A história é bem envolvente, com um sistema de jogo - alô, fãs de game! - no qual apenas o Sung tem esse privilégio, enquanto os outros caçadores despertam com um rank e não podem evoluir, depois de o protagonista quase morrer e ganhar um sistema de jogo, ele é o único que evolui, ou seja, ele não tem limite de poder!
Eu já acompanhava o webtoon, desde 2018 - finalizada em 2022 - mas ainda não tinha lido a novel. Amei rever toda a trajetória do Sung, eu amo a evolução que ele tem, não só de como ele fica badass ao longo do caminho, como ele vai ficando mais confiante ao passar do tempo.
Enfim, deu para matar a saudade que eu tava do webtoon, e estou loucamente esperando o lançamento dos próximos volumes, eu consegui ler até o segundo, e acredito que bem recentemente o 3 e o 4 acabaram de serem lançados pela Panini, não vejo a hora de comprar!
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leclerqueensainz · 2 years ago
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Uma Família de Três (C.L 16)
Parte. V- A culpa, a esperança e o medo.
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⚠️Avisos: Smut (+18), sexo oral (mulher recebendo), angústia, raiva, menção a embriaguez, Charles muito bravo quebrando as coisas. Esse cap pode conter gatilhos!
*lembrando novamente que nesta história, Jules Bianchi morreu em 2019, o que pode alterar a data de alguns acontecimentos*
Aproveitem a leitura!
Quantidade de palavras: 7.907
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18 de setembro de 2018 — Monte Carlo, Mônaco
Calor, é tudo o que eu consigo sentir. Muito calor.
Monte Carlo amanheceu no que eu posso chamar de Chamas do Inferno. Eu estou praticamente derretendo no apartamento de Charles, mesmo que o ar condicionado esteja ligado em 16 °C.
Jogada na cama, enquanto tenho a sensação que cada célula do meu corpo virou lava, que me queima de dentro para fora, escuto a voz suave e desafinada de Charles cantando ’Kids’do Current Joys, no chuveiro. Essa manhã em particular, ele acordou um pouco estranho, não sei dizer se posso considerar bom-humor matinal de fato como algo estranho, ou se estou apenas sendo uma pessoa amarga, mas pelo amor de deus! Quem acorda em um dia que está sendo uma verdadeira amostra grátis do inferno, tão animado?
— Ai que Inferno! — Tento me arrumar na cama, jogando os lençóis e cobertas para o lado vazio de Charles.
Eu odeio o calor, e mesmo que as pessoas na Europa chorem de felicidade quando acordam com raios de sol e passarinhos cantando na janela, eu acordo como se isso fosse presságio de um dia terrível que se seguirá. A chateação toma conta de cada parte do meu corpo e eu me sinto frustrada e menos produtiva durante todo dia.
Cansada de tentar achar uma posição em que eu me sinta mais fresca, eu decido tirar as poucas roupas que visto, sendo elas uma camiseta de Charles e shorts do meu pijama — que já está só pela misericórdia de tão velho-, ficando apenas de calcinha.
Escuto o barulho do chuveiro sendo desligado e em minutos um Charles, com uma toalha envolta na cintura e cabelo molhado, sai pela porta do banheiro. Ele fica parado e me encara com uma sobrancelha arqueada e um sorriso de canto adorna seus lábios. Se fosse qualquer outro dia eu estaria babando pela visão dele desse jeito.
— Pelo visto o dia vai ser melhor ainda do que eu imaginava.
— Só se for para você, Leclerc, porque para mim já começou péssimo. — Digo azeda.
Charles ri baixo e anda lentamente até a beirada da cama.
— Vamos querida, não seja assim. — Ele diz se curvando um pouco para pegar meu tornozelo direito.
— Não sei como você consegue acordar tão feliz com esse clima parecendo que jogaram nossa cama num vulcão.
Solto um suspiro baixo quando suas mãos começam a fazer uma leve pressão até meu pé.
— O dia está lindo, tomei um banho bem agradável para acordar e ao chegar aqui, dou de cara com a minha belíssima namorada jogada em cima da minha cama, fazendo um ‘topless’. — Ele beija o meu calcanhar e eu aperto os olhos aproveitando a sensação. — Tem como ser triste?
— Tem, quando você acorda com a sensação de estar sendo abraçada pelo capeta — Respondo e sinto as vibrações de sua risada silenciosa o meu pé.
Charles coloca minha perna em seu ombro e vai engatinhando na cama, arrastando beijos suaves pela minha pele, me dando arrepios.
— Precisamos melhorar esse seu humor, não é? — Ele diz baixinho, sua voz engrossando alguns tons.
Eu prendo meu lábio inferior entre meus dentes e agarro o lençol abaixo de mim. Sua voz e seu toque me causando diversas sensações diferentes em simultâneo. Seguro um gemido quando sinto os leves arranhões que sua barba rala vai deixando em minha pele macia.
— Não acredito que isso vai ser possível… Charles! — Uma mistura de grito e gemido deixa meus lábios, quando sinto seus dentes cravarem minha carne da coxa, o suficiente para deixar uma marca.
Para aliviar um pouco a dor, Charles põe a língua para fora e a passa lentamente pela pele sensível que ele mordeu.
— Porra… — Eu solto um gemido e jogo a cabeça para trás, totalmente perdida na sensação.
— O que você estava dizendo, meu amor? — Ele pergunta ficando totalmente entre minhas pernas, seu rosto a centímetros do lugar onde queimava por seu toque.
— Você é um desgraçado. — Digo e uma de minhas mãos vão até os seus fios molhados, minhas unhas se arrastam levemente pelo seu couro cabeludo o fazendo soltar suspiros baixos.
— Não seja uma megera, não quando eu estou tão disposto a te fazer gozar na minha boca. — E ele enfia a cara na minha intimidade vestida.
Mesmo com o tecido fino do algodão da calcinha, posso sentir o calor da sua língua molhada se arrastando lentamente por todo o caminho do meu clitóris até a minha abertura. Não conseguindo mais controlar deixo que um gemido alto e vulgar ecoe pelo quarto.
— Charles… — Chamo por ele, implorando para que acabe com a minha tortura.
Meus dedos se emaranham em seu cabelo e puxam os fios lisos, fazendo-o gemer e afundar ainda mais o rosto em mim.
— Eu vou acabar com a sua agonia, ma belle. — Ele diz e suga meu clitóris em sua boca.
— Foda-se! — Eu exclamo e sem controle do meu corpo, que parece estar pegando fogo por razões diferentes, meus quadris saem da cama e vão ao encontro do seu rosto.
— Ah! eu vou, mas antes quero sentir o seu gosto. — Charles aproveita meus quadris erguidos e engancha as mãos uma de cada lado da minha calcinha e a puxa para baixo. Suas unhas curtas arranhando levemente a minha pele por onde passa.
Quando ele finalmente se livra da peça intima a jogando no chão, seus lábios macios vão direto para o meu clitóris agora nu.
— Porra, Charles! — Minha voz soa alta e quebrada.
Eu afundo minha cabeça nos travesseiros macios, sentindo sua língua cobrir cada parte de mim. Charles começa um ritmo implacável com a boca na minha parte mais íntima. Ele alterna entre lambidas, chupões e as vezes posso sentir até mesmo os seus dentes roçarem levemente pelo meu botão sensível, me levando à loucura.
— Seu gosto é tão bom, Mon amour. Tão doce. — Ele geme e sinto as vibrações passarem pela minha intimidade, me causando ainda mais prazer e arrepios.
— Charles, e-eu vou… — Não consigo terminar a minha frase, pois sua língua ágil me invade e começa a fazer movimentos de vai e vem.
As mãos de Charles apertam meu quadril no colchão de uma forma bruta, me fazendo sentir seus dedos afundarem na minha pele e sei que ao decorrer do dia, sentirei suas digitais em mim.
— Vamos, querida. Se solta, vem para mim. Vem na minha boca, me deixe beber cada gota do seu prazer. — Ele exige e é tudo de mais.
Minha cabeça e meu corpo estão cheios de Charles. Sua boca, suas mãos fortes, seu cheiro, seu calor, é tudo demais. Tudo demais para ser suportado, tudo tão bom. E eu explodo.
Minha mente fica em branco enquanto gozo em sua boca. A sensação do orgasmo é tão devastadora e intensa que sinto meu corpo entrar em colapso, tremendo e se contraindo, enquanto minha boca solta os mais eróticos sons.
Quando finalmente desço da minha euforia, ainda com os ouvidos zumbindo pela força do orgasmo, sinto o corpo de Charles agora totalmente em cima de mim. Sua corrente batendo no meu queixo. Abro os meus olhos e o encaro preguiçosamente. Os olhos escuros de desejo e ele tem um sorriso convencido e sujo estampado nos lábios e com os cabelos selvagens pós-foda. Sua boca e queixo brilhando com o líquido do meu prazer e como se não bastasse eu quase gozar novamente só com a visão dele assim, sua língua sai de sua boca e passa pelos lábios, coletando o meu gozo. Porra…
— Seu humor está melhor, querida?
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29 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
Tudo cheira a Charles. Cada pequena molécula presente nesse quarto carrega o cheiro do meu ex, o banheiro, as cortinas, o closet — que mal consegui terminar de ajeitar minhas coisas, pelo cheiro dele estar me intoxicando — mas o pior era a cama. Aquela maldita cama, naquele maldito quarto, com aquele maldito cheiro. Eu estou enlouquecendo.
Há muitas memórias que foram geradas nesse quarto e nessa cama. Aqui foram nutridas esperanças de uma vida inteira ao lado do homem que eu amei, mas que agora por ironia do destino, a única razão pelo qual eu estou pisando novamente nesse cômodo, é devido as escolhas do acaso.
Eu balanço a minha cabeça e rio irônica. Vá se foder universo e suas escolhas filhas da puta! Vá se foder por me fazer acreditar precisar supera-lo e agora me fazer viver sob o mesmo teto que ele novamente! Se há um Deus, eu realmente espero que você esteja rindo muito agora! Divirta-se! Faça com que minha agonia e futura insanidade valha a pena!
Antes que eu possa perder totalmente as estribeiras, ouço o barulho de leves batidas na porta. Me ajeito na cama colando o lençol até a cintura, para cobrir a pele exposta que a camisola de seda deixa.
— Pode entrar, está aberta! — eu exclamo e logo a porta se abre apenas um pouco e a cabeça de Charles aparece.
— Mm… e-eu só queria saber se você conseguiu se instalar e se está confortável. — Ele pergunta desconcertado e se eu não estive a um passo de dar uma de coringa apenas a algum segundos atrás, eu riria do seu constrangimento.
— Eu estou bem, Charles. — Eu respondo tentando soar o mais doce possível. — Obrigado novamente pelo quarto. Você está confortável na sala de jogos? Nós podemos mudar se…
— Não! — Ele grita me assustando. — Desculpa. Eu só queria dizer que não há problema nenhum, você já fez muito se mudando para cá. — Ele entra um pouco mais para dentro do quarto, metade de seu corpo para ser mais exata.
— Nós precisamos soar convincentes para a assistente social, certo? — pergunto meio incerta. — Além disse, Vincenzo não pode ganhar uma família nova dividida. Ele precisa de estabilidade mais do que tudo, nesse momento.
— Sim, sim! Você tem razão, mas mesmo assim, sei que você deixou de muita coisa, então o mínimo que posso fazer é deixar você com o quarto principal. Essa é sua nova casa e quero que você se sinta o mais confortável possível. — Ele sorri e abaixa a cabeça por uns segundos.
Essa é sua nova casa. Por que caralhos isso soa tão bem saindo da boca dele?
— Nós dois renunciámos a algo, essa é a consequência de decidir criar uma criança com seu ou sua Ex. — Eu digo em uma tentativa falha de fazer uma piada, mas o sorriso no lábio de Charles vacila por um momento.
— Certo… — Ele sussurra com um olhar perdido em seus olhos antes de voltar a ficar totalmente em mim deitada em sua cama, que agora pertence me pertence — Sei que minhas roupas ainda estão no closet, mas é que ainda não instalei um armário novo no quarto, então tudo bem se eu tiver que vir pegar algumas coisas aqui durante o dia? Prometo que não vou ser um esquisito e vou sempre bater antes de entrar. — Ele diz rápido demais o que me faz rir.
— Está tudo bem. Você pode vir quando quiser, desde que bata antes, vai que eu estou pelada. — Eu tento, tranquiliza-lo com graça, mas novamente suponho que falhei. Porém, os olhos de Charles mudam para algo intenso e seu olhar viaja para minha parte superior.
A camisola que uso é de seda e um tanto quanto fina, não o suficiente para ser transparente, mas fina ao ponto de marcar meus seios sem a proteção de um sutiã. E é justo meus peitos que tomam a atenção de Charles. Eu me sinto quente sob seu olhar, quase derretendo. E quando ele passa a língua pelos lábios, sinto certas partes minhas apertarem.
Okay, chega!
— Vincenzo conseguiu dormir? — Pergunto tentando tirar a atenção dele dos meus seios.
Com a menção ao nome de Vincenzo, seu olhar se suaviza e volta para o meu rosto. As bochechas de Charles ficam vermelhas por um momento e ele pigarreia antes de dizer:
— Sim, ele pegou no sono rapidamente. Mal comecei a ler a história da ‘raposa morta’, e ele dormiu. Acredito que gastou toda a energia dele brincando no quarto novo, mais cedo. — Charles da de ombros e eu sinto minha sobrancelha franzir.
Ele disse raposa morta?
— Raposa morta? — pergunto confusa e ele sorri e da de ombros.
— Eu sei, é esquisito, mas é o livro favorito dele. Ele disse que a ‘Poposa’ é como Jules. — Meu coração esquenta e dói ao mesmo tempo, com a declaração de Charles.
—Oh! — É o único som que consigo fazer.
— Sim, Oh! — Ele me imita e caímos em um silêncio. Ambos pensando o quanto aquela situação era tragicamente adorável. — Enfim, só queria saber se estava bem e como já vi que está, vou dormir agora. Boa noite, Marie. — Ele se despede.
— Boa noite, Shal. — Eu o chamo do mesmo jeito que Vincenzo o chama, com um sorriso travesso no rosto.
Charles me encara com as covinhas aparecendo e um olhar divertido.
— Até amanhã, princesa. — Ele diz com um tom baixo e rouco e mais uma vez aquele olhar volta para seu rosto. Ele definitivamente não utilizou aquele apelido com a inocência de Vincenzo.
Charles sai e fecha a porta atrás de si rapidamente e eu quase caio de joelhos, agradecendo por ser antes de eu deixar um gemido totalmente constrangedor escapar da minha garganta.
Destino, você é um filho da puta!
30 de janeiro de 2023 — Monte Carlo, Mônaco.
— Então é só eu fazer assim e… Pronto! — Charles exclama feliz quando finalmente termina de arrumar o cabelo de Vincenzo.
— Fiquei bonito, Shal? — Vincenzo pergunta com olhos grandes.
— Você está lindo, campeão! Não é, Marie? — Eles se viram para mim que estou sentada na poltrona em frente aos dois, com charles em pé e Vincenzo sentado em uma das banquetas altas.
— Você está um charme, meu amor! Muito bonito! — Respondo para Vincenzo e suas covinhas surgem em seu rosto, que também cora um pouco.
— Obigado, Princesa! — Ele diz baixinho e puxa a camiseta de Charles para que fique na frente dele.
— Pelo visto alguém ficou envergonhado com o elogio, não é? — Charles cutuca a barriga dele com as pontas dos dedos o fazendo rir alto e eu solto uma risada baixa também.
— Para, Shal! Eu sinto cosguinhas! — Vincenzo diz as palavras erradas com aquela voz de criança e em meio a risos e eu quase explodo de tanta fofura.
— Certo, certo. Vou deixar as cócegas para depois, precisamos ir até o restaurante. Tudo bem? — Charles pergunta para Vincenzo e ele assente.
— Vamos conhecer a vovó e o vovô hoje, né Shal?
— Sim! Hoje é dia de conhecer os pais do seu papai Jules. Você está ansioso? — Charles pergunta e Vincenzo assente animado.
— Então vamos lá! Você está pronta, querida? — Charles se volta para mim e eu aceno me levantando da poltrona e pegando minha bolsa e a mochila do McQueen de Vincenzo que estavam em cima da mesa de centro.
— Ótimo! Então vamos, marquei às 12h com Christine e não quero atrasar. — Charles diz pegando Vincenzo no colo e pegando carteira e a chave do carro.
Andamos para a porta de entrada do apartamento e antes que charles abra a porta eu toco em seu ombro chamando sua atenção. Ele se vira para me encarar e Vincenzo também me olha curioso.
— Você acredita que eles vão reagir bem? — Pergunto me sentindo nervosa.
— Vai ser uma baita surpresa, assim como foi para nós, se não ainda mais intenso para eles. Não é fácil descobrir que tem um neto depois de quase quatro anos da morte do seu filho. — Charles responde e eu sinto meu estômago afundar em ansiedade.
— Vai dar tudo certo, Marie. Fique tranquila. — ele tenta me acalmar segurando firme, mas gentilmente a minha mão, e a ansiedade da lugar a pequenas borboletas em meu estômago.
Eu aceno novamente com a cabeça, me forçando a não parecer que seu toque de conforto me abalou.
— Eu vou proteger você, Princesa! — Diz Vincenzo sem ter muita noção do que realmente está acontecendo.
— Eu sei que você vai, meu amor! — Digo sorrindo com carinho.
[…]
Como se conta a alguém que de repente eles são avós de um filho do seu filho morto? É exatamente essa pergunta que venho me fazendo desde o momento em que entramos no carro de Charles e fomos para o restaurante nos encontrar com Christine e Philippe.
Pensei em diversas formas diferentes de lhes contar toda a história maluca a qual Charles e eu fomos submetidos nas últimas semanas, porém nenhuma parece ser razoável o suficiente para que não faça os pais de Jules sofrer um ataque cardíaco no meio da mesa.
Pensei em ser direta e simplesmente soltar tudo de uma vez, mas a possível imagem deles se engasgando com a comida, me fez desconsiderar isso rapidamente.
Esse assunto não é algo suave para ser dito tão diretamente. É necessário ter cautela e um bom preparo. Mas ai que está: há como estar preparado para uma notícia dessas? Não. Não há. Nenhuma preparação no mundo é o suficiente para evitar o choque de um assunto desses.
Charles se levantou e foi com Vincenzo ao banheiro, pois pelo visto tomar três caixinhas de suco é demais para a bexiga de um garotinho de 3 anos e alguns meses. Eu permaneço sentada à mesa que está em um canto mais afastado do restaurante.
— Com licença, senhorita. — A voz do garçom se faz presente e eu o encaro. — O Sr. e a Sra. Bianchi. — Ele anuncia e eu vejo que Christine e Philippe estão parados um pouco mais atrás dele. — Com licença. — Ele se retira.
Me levanto rapidamente e logo Christine vem em minha direção me dando um abraço apartado.
— Marie, minha querida! Como é bom ver você! — Ela diz esfregando minhas costas e eu retribuo o abraço apertado.
Fazia tanto tempo que eu não havia, e posso jurar que ela não mudou quase nada. Christine permanecia a mesma mulher elegante e adorável a qual eu cresci admirando. Nós nos soltamos, mas suas mãos permanecem nos meus ombros, ela me analisava de cima a baixo com um sorriso amável no rosto e olhos cheios de lágrimas. Não pude deixar de notar a diferença desse abraço com o da última vez, que havia sido no funeral de Jules.
— Christine, é muito bom rever você também. — Eu sorrio para ela o mais honestamente que consigo.
— Philippe, venha aqui! Olhe só para ela! Virou uma mulher muito linda. — Ela diz e se afasta para que seu esposo possa me ver.
Phillippe se aproxima e estende a mão para me cumprimentar, ele sempre foi mais formal e fechado do que a mãe de Jules, entretanto é um homem muito gentil e amoroso.
— Olá, menina! — Ele pega minha mão nas duas dele e aperta forte em um gesto carinhoso. Em seu rosto há um sorriso cansado, mas gentil.
— Também é um prazer revê-lo, Sr. Bianchi. — Digo e ele acena com a cabeça antes de soltar minha mão. — Por favor, sentem-se. Charles foi até o banheiro, mas logo estará de volta. — eu aponto para às duas cadeiras disponíveis que estão ao lado direito da mesa. Charles e eu ficamos acomodados ao lado esquerdo e o garçom nos trouxe uma cadeira para alimentação de crianças que está ao lado da de Charles.
— Como você vai, querida? Já faz muito tempo que não nos vimos, desde… — Christine para por um momento e percebo que seu sorriso cai por um momento.
Phillippe aperta levemente os ombros de Christine, tentando, reconforta-la, o que parece dar certo, pois ela sorri triste e sussurra um “tudo bem” para ele.
— Eu me mudei para a Itália, após sabe… tudo o que aconteceu. — Digo e volto meus olhos para a taça de vinho a minha frente. — Pensei que seria bom recomeçar do zero em outro lugar.
— Claro! E você estava totalmente certa. É sempre bom recomeçar a vida quando se tem a oportunidade. — Phillippe diz e vejo um pequeno lampejo de tristeza passar por seus olhos.
Eu tento imaginar o quão é difícil para ele poder falar de recomeço quando a pessoa quem ele mais amou na vida está morta.
— Você terminou a faculdade, sim? — Christine me pergunta e eu assinto.
— Sim, terminei na Universidade de Milão e hoje trabalho como curadora de artes. — Respondo dando um gole no meu vinho.
— Isso é ótimo! Mas pensei que você quisesse pintar. Lembro dos seus quadros, suas obras sempre foram maravilhosas. — Christine elogia.
— Eu pintava, mas não tive mais vocação depois que Jules… — Eu me interrompo quando percebo o significado das palavras que iriam sair da minha boca.
Olho rapidamente de Christine para Phillipe com meus olhos arregalados, ambos me encaram com um olhar triste, mas um sorriso gentil e reconfortante nos lábios.
— Me desculpem. — Eu me ajeito na cadeira, me sentindo desconfortável.
— Está tudo bem, menina. — Phillippe diz com um tom baixo. — A morte dele mudou algo em todos nós. É difícil aceitar que ele partiu, mas isso é o que é. — Ele e Christine se olham e depois voltam a me encarar.
Os meus olhos ardem com suas palavras. Realmente a morte de Jules mudou algo para cada um de nós, e talvez para pessoas ao redor do mundo inteiro. É difícil para todos os fãs de Fórmula 1 saber que não terão mais o ídolo competindo todo fim de semana de corrida. E para nós, seus amigos e família, é difícil ter que se acostumar com o vazio que ele deixou em nossos corações. É duro acreditar que ele não estará mais fazendo parte de nossas vidas.
— Mas sei que aonde quer que ele esteja, ele sempre estará olhando e torcendo por nós. Um dia de cada vez. — Christine diz e uma lágrima desce pelo seu rosto, que ela logo enxuga com o guardanapo de pano.
— Tenho certeza que sim. — é o que consigo responder para ela.
Ficamos em um silêncio por um momento, talvez apenas refletindo sobre o significado da imporá de Jules em nossas vidas.
— Princesa! Você não sabe o que nós descobrimos… hmm, olá? — A voz de Vincenzo se faz presente chamando a atenção de todos.
Christine e Phillippe encaram Vincenzo com olhos curiosos, o que o deixa tímido e o faz correr em minha direção. Eu afasto a cadeira e o pego colocando-o sentado em meu colo. Vincenzo esconde o rosto em meu pescoço e aperta minha camisa com a mãozinha.
— Vincenzo! Pelo amor de Deus, não me assusta mais desse jeito, eu quase tive um infarto com você correndo e… Oh! Oi! — Charles aparece na frente da mesa com os cabelos despenteados e o rosto preocupado. — Sr. e Sra. Bianchi, peço desculpas, me assustei com esse pequeno diabinho correndo. — Ele diz e cumprimenta Christine com um beijo no rosto e aperta a mão de Phillipe.
— Está tudo bem, querido. — Christine responde e seus olhos saem de Charles de volta para a criança em meu colo.
Charles se senta ao meu lado e sua mão vai protetoralmente até as costas de Vincenzo, fazendo um leve carinho ali.
— Quem é esse menino lindo? — Ela pergunta olhando para Vincenzo.
— Este é Vincenzo. Querido diga olá ao Sr. E Sra. Bianchi. — Sussurro para Vincenzo que enfia o rosto ainda mais no meu pescoço. — Vamos meu amor, é só um olá. — faço carinho em seu cabelo.
Vincenzo reluta por uns segundos, mas logo seu corpinho relaxa em meus braços e devagarinho ele tira o rosto de mim e se vira para seus avós com olhos curiosos, mas relutante.
— Oi. — Ele diz simples e os dois olham para ele o analisando firmemente.
—Oi, querido. Como você está? — Christine pergunta com um sorriso doce em seus lábios.
— Bem e você? — Ele pergunta educado.
— Estou bem, querido. — Ela responde.
Vincenzo olha para Phillippe que permanece calado apenas o observando cautelosamente.
— Não sabia que você tivera um menino. — Ele fala para mim, mas os olhos ainda estão cravados no garotinho no meu colo.
— Eu não tive. — Eu respondo e minhas mãos apertam um pouco mais Vincenzo.
— Então de quem ele é? — Phillippe me pergunta sério.
— Sr. Bianchi… — Charles o chama, mas antes que possa prosseguir o garçom se aproxima da mesa e nos pergunta se já queremos pedir.
Minha garganta parece apertada demais para querer comer qualquer coisa. Mas não tenho tempo de responder, pois Charles pede apenas mais um momento para que os nossos convidados possam verificar o cardápio e o garçom apenas acena com a cabeça e se retira.
O olhar que Phillippe lança sobre mim, é desconfortável, como se ele quisesse ler todos os meus pecados. O que eu nunca havia sentido antes. Ele está desconfiado.
— Nós precisamos falar algo para vocês e não é nada fácil de se compreender. — Charles começa atraindo a atenção dos dois. — Estamos adotando Vincenzo.
Eu engulo em seco e olho para Charles que me lança um rápido olhar antes de voltar para os pais de Jules.
— Isso é ótimo querido! Parabéns para vocês! Não sabia que voltaram! — Christine diz com um sorriso grande estampado em seu rosto.
— Nós não voltamos. — Eu digo insegura. — Na verdade, voltei para Mônaco apenas por Vincenzo, pois ele precisará de nós dois.
Os pais de Jules se entreolham confusos.
— Eu não entendendo, se vocês não estão juntos, por que estão construindo uma família? — ela pergunta confusa.
— Fomos meio que obrigados a isso. — Charles responde. — Não tivemos escolha, a mãe de Vincenzo apenas apareceu e nos reuniu em Nice, nos apresentou a ele e disse que não poderia mais cuidar dele, pois é uma dependente química.
— Meu Deus! Que horror, pobre menininho! — Christine olha para Vincenzo com olhos cheios de compaixão.
— Vocês a conhecem? — Dessa vez Phillippe quem pergunta, me encarando e eu nego com a cabeça.
— Não, nunca a tínhamos visto antes. — Charles responde.
— Então por que ela escolheu vocês para cuidar do menino? Pelo dinheiro? Ou fama de Charles? — Phillippe pergunta encarando Charles.
— Sim e não. — Charles responde. — Há um motivo maior que o dinheiro, pelo menos nós acreditamos que sim, não é? — ele me encara e eu aceno.
Minha garganta está tão seca que eu não consigo falar.
— E qual é o motivo? Se é que me permitem perguntar — Christine pergunta.
Eu e Charles apenas nos encaramos por um instante, nossos olhos conversando sobre como contar a eles toda aquela loucura. Eu respiro fundo e aperto um pouco mais Vincenzo.
— A mãe de Vincenzo queria que cuidássemos dele porque ela confiou em nós.
— Mas você disse que nunca a viram. — Christine interrompe Charles, ainda confusa.
— E nós nunca havíamos visto, mas ela meio que já nos conhecia. — Charles responde rápido.
A conversa está me deixando agoniada, como se algo muito pesado estivesse em cima do meu peito. Eu queria que aquilo acabasse logo de uma vez, como arrancar o band-aid de uma ferida. Charles deve ter percebido que eu estou a beira de um ataque de pânico, pois ele aperta a minha coxa levemente, tentando me reconfortar.
— Shal, você vai contar agora que eles são meus avós? — Vincenzo diz ingenuamente e minha respiração trava.
Há um choque estampado na expressão de todos na mesa. Meu coração parecendo ir explodir dentro do meu peito a qualquer minuto.
Eu não sabia o que dizer, estou totalmente travada sentada naquela cadeira, sem palavras.
— Meu Deus! — Christine põe às duas mãos sobre a boca, com olhos arregalados.
— O que você disse, garoto? — Phillippe pergunta para Vincenzo que olha para ele com um olhar incerto.
— Vocês são papais do meu papai Jules, não são? — Ele pergunta inocente e volta o olhar para mim como se estivesse com medo de ter dito algo errado.
— Do que é que ele está falando?! — Christine pergunta olhando entre mim e Charles.
— Tudo bem, aqui vai… — Charles começa a explicar tudo para os dois, desde as cartas até ao encontro com Cecília. Falou sobre a real causa da morte de Jules e sobre o processo de adoção estar em andamento e Vincenzo estar conosco.
A todo momento Christine chora e Phillippe apenas nos encara desacreditado, totalmente em choque. Mas para ser honesta, eu não os culpo. Se foi horrível para Charles e eu descobrimos tudo aquilo, imagina como não deve estar sendo reviver um inferno para eles. Entretanto, por mais que tenha sido como abrir feridas redescobrir coisas sobre a morte de Jules, também e esperançoso saber que ele havia deixado um pedaço dele para nós.
Quando Charles finalizou a história contando que Vincenzo está sobre nossa tutela provisória, Christine e Phillippe apenas ficaram lá por um tempo. Sentados, estáticos, processando tudo aquilo.
Ha tantas perguntas que rondam suas cabeças que somos capazes de lê-las em seus olhos.
— Sei que não é fácil para nenhum de vocês ouvirem isso, mas é toda a verdade. — Charles diz.
— E-eu não sei… não sei o que dizer. — Phillippe diz e seus olhos estão brilhando com lágrimas que ele se esforça para não deixar escorrer.
Eu apenas fico lá sentada, com minhas próprias lágrimas e garganta dolorida.
[…]
Voltamos para o apartamento cerca de duas horas depois. Depois de muito choro e palavras incompreensíveis, Phillippe se levantou e puxou sua esposa junto a ele para fora do restaurante. Charles tentou ir atrás deles, mas eu o puxei e disse para lhes dar tempo. Aquilo tudo parecia loucura e não me surpreendeu o fato deles terem saído daquele jeito, talvez se eu estivesse no lugar deles teria feito o mesmo.
Acalmar Vincenzo depois de seus avós terem saído, foi um processo mais difícil. O garotinho acreditou que eles não haviam gostado de si e que não o queriam por perto, o que fez meu coração apertar em um nível inimaginável, e eu e Charles o abraçamos fortemente o confortando e dizendo que eles apenas ficaram surpresos, mas que logo iriam nos visitar para conhecê-lo. Tentar explicar toda essa situação e sentimentos tão profundos de adultos para uma criança que nem havia completado 4 anos, era um processo muito mais complexo e intenso do que imaginávamos, então explicamos de uma maneira bem resumida e em palavras que ele fosse capaz de compreender.
Quando chegamos no apartamento, fui à cozinha preparar algo para comermos, pois, nem ao menos conseguimos almoçar depois de todo aquele alvoroço no restaurante.
Charles colocou o filme dos Carros em algum ‘streaming’, na tentativa de acalmar Vincenzo e se sentou ao lado dele que logo agarrou a camiseta dele o mais forte possível com suas mãozinhas, com medo que de que Charles fugisse também. Eu dei tudo de mim para não chorar ali na frente deles e corri para a cozinha.
Depois de algum tempo, enquanto corto os legumes, percebo a presença de Charles no cômodo.
— Ele dormiu. Tentei mantê-lo acordado, mas percebi que ele só se acalmaria se dormisse um pouco, então deixei que ele se entregasse ao sono. — Ele diz suspirando e se sentando na cadeira da mesa de jantar.
— Ele é muito pequeno para entender todos esses problemas de pessoas grandes. Tenho medo dele estar sofrendo e pensando que as pessoas não o querem. — Eu digo aflita
— Ei! Ele vai ficar bem e logo vera que os avós o amam muito. Que tudo isso foi apenas pelo choque. — Eu aceno com a cabeça e internamente rezo para que ele tenha razão.
— Julgo que seria bom se procurássemos um psicólogo para ele. — digo me virando para o fogão e mexendo o molho.
— Pensei nisso também. Não queria fazer isso logo de cara para não assusta-lo, mas pelo jeito que ele estava agarrando minha camiseta, com medo de que eu fugisse, acredito que não teremos outra escolha. — ele esfrega o rosto com a mão e suspira alto.
— É muita coisa para ele lidar, ainda mais sendo tão novo. Primeiro foi ser deixado pela mãe, depois ter que se mudar para um país novo com dois estranhos, e agora a reação negativa dos avós quando o conheceu. — Pego os pratos nos armários.
— Eu mal posso imaginar o que se passa na cabeça dele. Isso não é justo para nenhuma criança. — Charles de levanta e começa a me ajudar a colocar a pôr a mesa.
— Obrigado. — O agradeço quando ele pega os pratos da minha mão para colocá-los na mesa. — E você? Como está se sentindo?
— Impotente. — Charles responde. — Parece que nas últimas semanas, perdi totalmente o controle sobre minha vida. — Eu assinto em concordância.
— Para ser justa, realmente perdemos o controle de nossas vidas nas últimas semanas. — Eu dou risada e ele me acompanha.
— Sei que isso vai soar meio egoísta, mas fico feliz que eu não esteja passando por isso sozinho. Pelo menos tenho você ao meu lado dessa vez. — Ele diz pegando os talheres que eu havia estendido para ele.
Um sentimento amargo sobe pela minha garganta.
— Dessa vez? — Eu pergunto incerta.
— Desculpa, não deveria ter falado nada. Já tivemos emoções demais por hoje, vamos apenas comer em paz. — Ele diz colocando os talheres na mesa sem me encarar.
— Charles… — Eu o chamo. — Sei que eu não estive presente durante o seu processo de luto, mas eu estava passando por isso também. As vezes ainda sinto que estou presa naqueles dias. — Eu me aproximo dele. — Mas depois de tudo que aconteceu entre nós, eu não poderia simplesmente ficar perto de você e saber que… — Eu me interrompo.
— Saber que o quê? — Ele me encara. — Olha, eu não estou cobrando nada de você, Marie. E quando digo que você não esteve comigo após o que aconteceu com Jules, não é para você se sentir mal e nem culpada. É apenas porque foi tudo tão assustador e você é a única pessoa que poderia realmente entender o que eu estive passando. Só penso que talvez teria sido mais fácil se você estivesse aqui. — Ele diz e seus olhos voltam a encarar a mesa.
— E o quê você pensa que mudaria? — Pergunto mais ríspida do que gostaria. — Você terminou comigo meses antes, nós não nos falávamos, nem suportávamos estar no mesmo ambiente. Não acredito que a morte de Jules mudaria a forma como a qual nos sentíamos em relação ao outro.
— Mas isso não é sobre nós! Isso não é sobre o nosso relacionamento amoroso e sim sobre o companheirismo que construímos desde que nos conhecemos. — Ele soa com raiva e isso me deixa nervosa.
— Você tem razão. Isso não era sobre nós! Era sobre você! Sempre foi sobre você! — Eu explodo e ele arregala os olhos surpreso.
— Marie… — Ele tenta dizer, mas eu o interrompo.
— Você não se importou sobre como eu me sentiria se ficasse perto de você, ainda mais depois da morte de Jules! Você apenas se preocupou em não ter ninguém que te confortasse! — lágrimas de raiva começam a descer sobre meu rosto. — Isso nunca foi sobre ser mais fácil para nós, Charles, mas sim sobre ser mais fácil para você. — Eu rio irônica.
— Ei, ei, está tudo bem. Por favor, se acalma! — Ele tenta chegar mais perto de mim e eu me afasto com alguns passos para trás.
— Não me pede para me acalmar, porra! Eu tô cansada dessa merda! Tô cansada de me sentir culpada o tempo todo como se eu fosse a única quem errou, quando, na verdade eu só fui embora para me proteger! — Charles engole em seco e permanece parado.
— Eu não quis…
— Você terminou comigo, Jules morreu e eu fiquei sozinha! Não tinha ninguém, Charles. — Eu aperto minhas mãos em punhos. — Foi difícil para você? Foi e eu sinto muito mesmo, mas você ainda tinha sua família e seus amigos para te ajudarem a se reerguer, porém, o que eu tinha? Nada. Não tinha nada, porque até a porra dos amigos que fiz desde que vim para Mônaco, eram seus amigos primeiro! E eu sei que é foda querer alguém que você supõe que te entende para passar a mão na sua cabeça e dizer que tudo ficará bem, mas eu não podia ser essa pessoa. Não quando eu havia perdido você também!
Os meus soluços ficam altos e eu tento os controlar ao máximo com medo de acordar Vincenzo. Eu não queria que ele presenciasse toda essa cena, pelo menos não depois de tudo o que ele já havia passado hoje mais cedo.
— Eu sinto muito, Marie. — Charles diz com a voz baixa e mais uma vez seus olhos não conseguem me encarar.
Culpa? Vergonha? Eu não sabia, mas pela primeira vez não quero saber também. É a primeira vez que estou colocando meus sentimentos para fora, depois de todos esses anos. Estou me colocando acima de Charles e isso é assustador, mas também é bom para caralho!
Foi anos de toda angústia reprimida, de toda mágoa e dor de abandono, não que eu pense que Charles tivesse a obrigação de permanecer comigo, claro que não. Mas era sobre tudo ao meu redor ter sido sempre sobre ele ou sobre outras pessoas, sobre sempre ter que viver através de sombras de pessoas e ter esquecido de me colocar em primeiro lugar, sobre realmente ter deixado passar muito tempo da minha vida sem me encontrar.
Passei tanto tempo com medo de perder Charles e Jules, por os ter considerado a melhor coisa que já me aconteceu, que quando eu perdi os dois, percebi que nunca havia procurado nada para mim mesma. Não havia amigos, não havia família, não havia desejos e nem sonhos. Absolutamente nada que não os envolvesse.
Eu havia caído tão fundo na ilusão que sempre os teria, que esqueci de amarrar uma corda na superfície para que eu pudesse sair desse buraco caso as coisas dessem errado.
— Eu não queria que você se sentisse dessa forma. Não queria que se sentisse culpada, essa nunca foi minha intenção. — Ele brinca com os anéis em sua mão esquerda e eu solto outra risada irônica.
— Eu acreditaria muito nisso se essa fosse a primeira vez em que você me fez se sentir assim. — Eu digo seca e ele me encara confuso com as sobrancelhas arqueadas.
— O quê? Do que você está falando? — Ele para de brincar com os anéis e vejo que suas mãos se fecham em punhos.
Eu nego com a cabeça e tento desviar o olhar, me sentindo estupida por deixar aquelas palavras saírem da minha boca.
— Do que você está falando, Marie? — Ele pergunta agora incisivo.
Eu respiro fundo e cruzo os braços a frente do corpo.
— Sobre sua vitória em Monza, em 2019. — Respondo sentindo minha garganta arranhar mais fundo. Pelo menos sinto um pouco de alívio pelos soluços terem parado.
— O que isso tem a ver? — Sua voz está baixa e confusa.
— Você me ligou na madrugada, Charles. Você estava bêbado e nós tivemos uma discussão. — Digo o encarando séria. — Você estava bravo e quebrou coisas enquanto dizia não entender o porquê de eu ter te deixado.
Os olhos de Charles se arregalam em confusão e choque. Se eu ainda o conheço bem, ele deve estar dando tudo de si para puxar essa lembrança da memória.
— E-eu eu não lembro de nada disso. — Ele diz e eu aceno.
— Eu imaginei que não se lembraria. Afinal, você estava bêbado e depois esqueceria de tudo. Acontece que eu não estava e que infelizmente não pude esquecer. Suas palavras continuaram me assombrando durante todo esse tempo.
Charles me encara sem expressão.
— O que foi que eu te disse? — Ele pergunta e mesmo com seu rosto em branco, posso sentir o tom de preocupação e medo em sua voz.
— Você apenas confirmou o que eu imaginava. De uma forma diferente, mas mesmo assim confirmou.
🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹🇮🇹
9 de setembro de 2019 — Milão, Itália
2h45 da manhã. Olho novamente para o horário marcado no visor do celular em letras minúsculas, logo abaixo vejo a tela continuar informando que estou recebendo uma ligação de Charles.
Meu coração acelera e eu não tenho certeza se é pelo susto de ter sido acordada de repente ou se é por ele estar me ligando, ainda mais nesse horário. Minha cabeça começa a funcionar a mil milhas por hora com diversos pensamentos dos motivos por trás daquela ligação. O meu estômago afunda com a sensação de medo e isso leva um arrepio por toda a minha espinha. Ele está bem? Aconteceu algo? Alguém mais morreu?
Após a morte de Jules, o pânico foi tão grande que passei a não aceitar mais ligações durante a madrugada, não importa quem fosse, depois das 00h eu não atenderia uma ligação se quer. Mas, é Charles quem está ligando.
O toque do telefone continua ecoando pela escuridão e vazio do quarto, assombrando minha mente e fazendo com que eu sinta meus ossos doerem.
Atenda, Marie! Se aconteceu algo você nunca vai se perdoar. Minha mente grita.
Com os dedos trêmulos deslizo o ícone de telefone na tela para atender.
Há um silêncio. Um silêncio pesado demais do outro lado da linha, o que não ajuda a aquietar meu coração e os pensamentos amargos que sobem através do meu estômago. Engulo a bile e suspiro, rezando a qualquer divindade, que não fosse nada do que eu estou pensando.
— A-alô? — Minha voz soa trêmula.
Ouço uma respiração descompensada através do aparelho pressionado no meu ouvido.
— Oi.— A voz de Charles se faz presente. Fraca e baixa.
Meu coração pula mais forte dentro do meu peito. Puxo todo o ar que consigo para dentro dos meus pulmões.
— Charles? Está tudo b-bem? — Aperto com força o lençol com a mão disponível. Por favor, diga que está tudo bem.
— Eu venci hoje, na verdade, ontem. Em Monza. — Ele responde com as palavras um pouco emboladas. Ele está bêbado?
Meu corpo relaxa, porém, meu peito se aperta ainda mais com o seu tom. A voz de Charles está embargada e melancólica.
— Eu sei, parabéns. — Engulo em seco para controlar a vontade imensurável de chorar que me invade.
— Eu venci em Monza, Marie. Venci em Monza pela Ferrari. E vocês não estavam lá. — A voz dele quebra e ele funga.
Não, não, não.
— Charles, eu-
— Venci sem acreditar que seria possível. Venci por Jules, pelo meu pai e por você. — Meu corpo gela. — E nenhum de vocês estavam lá. — Sua voz soa tão ferida que não posso mais segurar as lágrimas. — Jules e papai eu entendo, mas você? Por que você não estava lá?
A culpa é um sentimento obscuro que vai te consumindo até dilacerar. Ela dói, machuca, destrói, te envergonha e faz com que você queira conseguir voltar no tempo. A culpa te assombra, te faz sentir miserável, apenas pele e ossos ardendo. A angústia que ela causa vai dominando cada célula que compõe o corpo, invadindo o sono e te fazendo ter pesadelos, mas você não consegue acordar, não consegue escapar. Você procura todos os dias por um remédio que cure o remorso que sente, uns vão para álcool e drogas, outros recorrem ao sexo, ou qualquer outra coisa que possa preencher e substituir aquele buraco escuro que os domina. Entretanto, não há nada supérfluo que possa ocupar o lugar daquela ruína interminável de remorso. A verdade é que a única coisa capaz de curar uma pessoa que sofre com a doença da culpa, é o perdão. O perdão divino, ou perdão daqueles que se sentiram feridos, mas principalmente o de si mesmo. Não há autopiedade o suficiente que possa cicatrizar essas feridas, somente o perdão.
E no momento eu me sinto afogada naquele sentimento umbrífero. A culpa de ter fugido consumindo cegamente qualquer raciocínio lógico que meu cérebro tenta me entregar. É como se estivesse sendo engolida pelas águas salgadas em alto mar, a única civilização que eu possa correr para me salvar sendo um perdão que eu nem mesma sabia pelo quê ou de quem.
É algo irracional, pois sei que, querendo ou não, eu não devo nada a Charles. Ele quem terminou comigo meses antes da morte de Jules e no fim, eu fui a única quem ficou sozinha, pelo menos foi o que eu achei há algumas semanas enquanto fazia minha mala.
— Por que você está me ligando, Charles? — consigo dizer em meio a respiração descompensada — Você sabe que eu não poderia estar lá para você, eu não pertenço mais ao seu lado.
— Mas eu queria você lá! Era para você estar lá, Marie! Você não morreu, não é? Então por que eu tenho que te perder também? — ele explode em raiva.
Eu afasto o telefone do ouvido quando escuto seus gritos e barulho de coisas quebrando no fundo. Aperto meus olhos com força e torço para que tudo isso seja apenas mais um dos pesadelos que ando tendo.
— Eu não aguento mais perder todo mundo! Isso é tao injusto, porra! — Ele grita em meio a soluços e aperto fortemente o aparelho em minhas mãos.
— E-eu sinto muito, Charles. — sussurro mais para mim do que para ele.
A linha fica em silêncio por alguns segundos, sem gritos apenas o barulho da respiração pesada dele.
— Onde você está? Eu preciso te ver… por favor.
Não faça isso, ele está bêbado e confuso.
Eu coloco novamente o celular no ouvido e respiro o mais fundo que consigo, tomando o resto de coragem que me sobra.
Não posso dizer a Charles onde estou. Não posso dizer a ele que estamos no mesmo país, a poucos quilômetros de distância. Isso o quebraria ainda mais e faria com que todo o inferno que eu passei — e ainda passo — fosse em vão.
Acabou, Marie. Não há mais nada para vocês.
— Eu estou no Brasil, Charles. — A mentira sai lisa pelos meus lábios.
— O quê? No Brasil? Por que tão longe? — Sua voz falha e eu volto a apertar novamente o lençol.
— Porque eu não podia ficar perto… não depois de tudo. — Respondo.
Uma risada seca e vazia ressoa do outro lado da linha, um som de descrença e de mágoa, que faz com que outro choque passe pela minha espinha.
— Então você fugiu? É isso? — Ele pergunta seco.
— Sim. — respondo baixo. — É melhor assim, Charles. Não havia mais nada para mim em Mônaco.
— Você tinha a mim. — Ele responde rápido.
— Não, eu não tinha. Você terminou comigo, lembra? Você disse ser melhor se fôssemos apenas amigos.
— Porque eu não queria atrapalhar a sua vida! Você estava infeliz com toda a atenção, com todas as mensagens e perseguições! Você me disse que não queria viver na minha sombra!
— Nós dois sabemos que não foi apenas por isso, Charles! — Respondo ríspida. — Passei a minha vida toda na sombra de vocês. Claro que isso me incomodava, mas não foi esse o motivo pelo qual terminamos!
— Então qual foi?! — Ele pergunta com raiva.
— Você se apaixonou por ela!
E o silêncio se fez presente novamente. Meu coração quebrando quando eu finalmente soltei o que segurava a meses.
— V-você se apaixonou por ela, mas não teve coragem para me dizer. — Meus olhos ardem com as lágrimas e minha garganta queima com o gosto amargo das palavras.
— E-eu não… — Ele tenta dizer, mas eu sou rápida em interrompê-lo.
— Acabou, Charles. Não há mais nada de mim para você e vice-versa. A morte de Jules não muda o que já estava feito. — Eu soo firme. — Não há mais nós.
— Marie… — sua voz soa como se ele implorasse. — Por favor, me deixa explicar. Eu e ela nunca — Eu o interrompo novamente.
— Boa noite, Charles. Por favor, não me ligue novamente.
— Marie, espera…
Então eu desligo. Era isso, acabou. Respiro fundo e faço uma nota mental para trocar o meu número de telefone amanhã.
Talvez agora com esse ponto final, eu finalmente possa me libertar e seguir. Essa é uma promessa que faço para mim.
Acabou. Não há mais nós.
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Nota: OLHA EU AQUI DE NOVO! Peço desculpas pela demora e sei que prometi atualizar na semana passada, mas infelizmente não consegui. 😥 Mas o importante é que o cap novo chegou e com ele grandes emoções. Nesse capítulo eu resolvi desenvolver um pouco mais sobre o relacionamento e o passado de Charles e Marie, ainda há muitas coisas que precisarão ser mais desenvolvidas, como os sentimentos dos avós de Vincenzo em relação a essa grande descoberta e é exatamente o que eu pretendo explorar nos próximos capítulos, além de claro, mais do passado dos personagens principais com Jules e a adaptação de Vincenzo a sua nova vida.
Enfimmm, espero que tenham gostado! Me deixem saber! Até e próxima!
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opinavina · 5 months ago
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CAMILA CABELLO - CAMILA
Bom, se tivesse como definir esse álbum em uma única palavra, seria “datado”. Tudo nele é datado, exceto os singles. E o resto? Tudo soa como algo feito entre 2016 e 2018.
Camila sempre foi conhecida, ainda no Fifth Harmony, como uma voz potente, estridente e berrante, ao menos na minha concepção. O disco ainda traz muito disso, mas agora com a cara da cantora.
O self-titled da cubana nos apresenta algumas músicas pop muito interessantes, como a exaustiva “Havana”, que sim, é interessante quando você não precisa ouvi-la a cada dois passos na rua. Os demais singles também são interessantes. “Consequences”, acompanhada pela orquestra, casou muito bem. Ponto para a querida aqui. Porém, a cereja do bolo, na minha opinião, fica com “Never Be the Same”, muito boa em todas as categorias apresentadas e não é enjoativa.
A cantora também compôs a maioria das músicas do álbum, o que podemos notar que não é um dos seus pontos mais fortes. Novamente, a produção é datada e, na metade do álbum, você quer pedir arrego porque já não aguenta mais tanta produção à la The Chainsmokers e gritarias desnecessárias e poluentes.
Por fim, “Camila” é um álbum mediano para ruim que se salva pelos singles e poderia ser facilmente um EP, como inúmeros outros álbuns, mas valeu a tentativa. Acho.
DESTAQUE – “Never Be the Same” FILLER – “Inside Out” e “Into It”
CAPA - 7 PRODUÇÃO – 7 ESTÉTICA - 7 COMPOSIÇÃO – 6,8 NOTA FINAL – 7
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varatelo-vizentin · 2 months ago
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Estou postando o texto abaixo, um comentário do site da Amazon, hoje estava pesquisando sobre o livro “É assim que acaba” da autora Colleen Hoover, e para minha surpresa lendo esse comentário vi que ele expressava exatamente o que senti ao assistir o filme de mesmo nome, acredito que co-dirigido também pela autora, a cada parágrafo lido do comentário me identificava cada vez mais e via que realmente o trabalho de todos envolvidos não somente na obra literária mas também na cinematografia foi extraordinária, pois na minha opinião unilateral conseguiram me transmitir algo que lendo um único comentário muito bem feito por sinal pelo blog Galáxia de Ideias, muito semelhante, se não igual aos sentimentos despertados ou sentidos pela leitora e escritora do comentário.
Para finalizar, fica aqui a indicação de livro e filme “É assim que acaba” 🩷 e “É assim que começa” 🩵
Segue o comentário:
O melhor escrito pela Colleen Hoover
Avaliado no Brasil em 16 de fevereiro de 2018
Acabei esse livro há poucos minutos, e admito que nesse momento, enquanto escrevo, ou tento escrever sobre ele, as palavras a seu respeito jorram em minha mente, mas, ao mesmo tempo, não encontro uma ordem correta para colocar todas elas no papel, e para conseguir descrever a grandeza desse livro, o misto de sentimentos que ele me causou e a forma como ele me impactou e me fez rever, em pouco menos de vinte e quatro horas de leitura, muitos dos meus conceitos que já mantive até hoje. Mas, se há algo que eu preciso dizer para começar é: Colleen Hoover é, definitivamente uma grande diva das palavras. Sim, uma diva das palavras, que sabe usá-las como poucos autores o fazem, e que nos leva a sentir absolutamente tudo o que cada personagem sente, e nos faz acompanhá-los de perto em cada situação e em cada decisão, além de fazer com que nos apaixonemos por cada um de forma tão rápida, e quando preciso nos faz odiá-los com a mesma rapidez.
O sentimento mais predominante em mim, durante toda a leitura foi o sentimento de crueza, de realidade, um sentimento intenso e avassalador de "isso acontece o tempo todo”, de “tem gente passando por isso ao meu lado todos os dias”, e um sentimento de que existem uma diversidade de Lilys e Jennys (mãe de Lily) por aí, passando exatamente pelo que as personagens passaram. Mas, esse não é um livro construído com violência extrema, e é justamente dessa forma que a autora mais conseguiu nos levar para dentro do enredo que ela construiu. Na verdade, encontramos aqui um casal que inicia um relacionamento, e que um dia qualquer eles estão tranquilos e de repente acontece um ato violento contra Lily. Mas, para ela, e confesso que por alguns momentos, para nós, leitores, aquilo soa como somente um ato impensado do momento de tensão, um ato que jamais voltará a acontecer, afinal, ele a ama... Mas, eis que o tempo passa, nada acontece e Lily, e nós mesmos, nos convencemos de que aquilo foi isolado, até o dia em que acontece novamente. E isso, para mim, foi o que mais ilustrou o que acontece em muitos casos. Ilustrou que por mais que a mulher saiba que é errado ela ainda espera, algumas vezes, que aquilo não volte a acontecer. Mas, Lily e as estatísticas nos mostram que volta a acontecer, que em muitos poucos casos existe alguma melhora por parte do agressor, mas que elas não são garantia de nada, e de que não vale a pena arriscar a vida pois raramente nada muda e só tende a piorar. Nessa história, Lily nos mostra que por mais que nos sintamos certos de como agiríamos perante uma situação, quando estamos literalmente dentro dela tudo muda e qualquer decisão que venhamos a tomar se torna difícil e dolorosa, pois acima de tudo sempre há uma diversidade de fatores envolvidos para cada um, afinal de contas somos todos humanos e todos seres dotados de sentimentos.
A violência doméstica é, por si só, o ponto mais fascinante desse livro, mas como é algo que gera bastante contradições, poderia ter sido conduzido de uma forma que não se mostrasse interessante, mas, como já coloquei acima, Colleen é uma diva das palavras, e soube conduzir cada situação de forma perfeita, e nos levou, degrau a degrau, ao final que deveria ter, e nos mostrou como tudo acaba. Ainda, o segundo ponto mais fascinante desse livro é a caracterização de cada personagem, pois eles são humanos demais, e nenhum demonstra perfeição extrema ou uma completa maldade, o que nos leva a sentir um turbilhão de emoção em relação a cada um deles. E por falar em emoções, as minhas ficaram à flor da pele enquanto lia esse livro, e em alguns momentos senti meu corpo amolecer enquanto eu acompanhava os atos violentos, sentia um aperto no peito e um frio na barriga quando previa a situação chegando novamente, e me sentia arrepiada enquanto via a personagem tendo de tomar as decisões mais definitivas e duras que ela tomaria na vida.
É necessário destacar que É assim que acaba não é um daqueles romances nos quais o foco é um amor romântico, ele existe sim, mas é somente o meio para nos levar a um fim, que é o foco na violência doméstica e a forma como ela chega de mansinho, se instala e se torna algo imenso que passa a acompanhar a pessoa em todos os momentos, e que a assusta, a mantém refém do medo e do temor, independente da força que exista dentro dela. Além disso, apesar de ser um livro que é pesado pela temática principal que apresenta, ele é escrito com uma leveza incrível, que nos faz deslizar pelas páginas sem que as vejamos passar, e também alterna os momentos densos com tiradas bem humoradas de personagens, momentos românticos e até mesmo momentos bonitos.
É difícil, diante de um livro desse estilo, falar o que seria um ponto negativo. Em geral, eu não encontro absolutamente nenhum sobre o qual falar, mas talvez, outra pessoa lendo poderá pensar totalmente o contrário, devido a suas crenças, seus desejos e seus conceitos.
Lily merece o troféu de personagem mais forte e admirável da literatura. Toda a sua postura e até mesmo suas indecisões me fizeram gostar ainda mais dela, pois ela representou com perfeição todas as mulheres que são vítimas da violência doméstica diariamente. Lily é uma mulher engraçada, convicta, bonita e jovem, que revê todos os seus conceitos e os conserta, a medida em que vai entendendo o que significa a situação pela qual está passando. Ryle também é um personagem apaixonante, e nas primeiras páginas conseguimos nos encantar com ele, com seu jeito determinado e apaixonante. Já Atlas, também nos cativa de igual forma, mas por seu jeito de garoto humilde, simples e sonhador, que batalha na vida e luta muito pelo que quer. Mas, embora tenhamos esses três personagens, não há nenhum momento em que se forme triângulo amoroso ou qualquer coisa do gênero, e embora eu não revelei, e não vou revelar, quem praticou a violência doméstica no enredo, admito que fiquei completamente triste, porque havia um lado meu que se apaixonou completamente por ele, assim como Lily que teve dificuldades de acreditar que ele seria capaz daquilo.
Há aqui personagens secundários que também fazem toda a diferença e que não posso deixar de destacar, e a principal delas é Allysa, uma mulher rica que aparece na floricultura de Lily e se propõe a ajudá-la. Ela é completamente desprendida de seu dinheiro, cativante, engraçada e é do tipo de melhor amiga que eu adoraria trazer para a vida real para que ela pudesse se tornar minha amiga também. Allysa é a "louca do pinterest", e fiquei completamente encantada por ela. Temos ainda Marshall, o marido de Allysa, que é um homem bacana e simples, e também Jenny, a mãe de Lily, que se torna uma fonte de grande apoio e segurança quando a filha menos esperava.
O livro é dividido em trinta e cinco capítulos, e todos são narrados pelo ponto de vista de Lily, o que foi bastante satisfatório, e em nenhum momento senti falta de outros pontos para complementar. Ainda, a autora nos deixa uma nota ao final do livro, que admito que me emocionou e me levou às lágrimas, pois nela Colleen abre seu coração e nos relata o porquê esse livro é tão pessoal para ela.
É assim que acaba não é um livro que tem qualquer pretensão de nos incutir que somente ele está certo e que qualquer outra decisão tomada por uma mulher na situação de Lily seria errada, ele é, na verdade, uma história que nos leva principalmente a reflexão e a empatia, e nos faz entender que cada caso traz infinitas peculiaridades e dilemas que só quem está dentro dele pode entender e decidir o melhor, mas também nos conscientiza com muita sabedoria e propriedade e nos faz questionamentos que são interessantes a serem aplicados a nós mesmos quando nos deparamos com uma situação dessas. É, certamente, o livro mais incrível que já li sobre o tema, e o melhor já escrito por Colleen Hoover, e recomendo de coração que cada leitor dê a si mesmo uma chance de conhecê-lo, ainda que não goste de dramas, pois é uma história que nos muda, nos toca e nos apresenta erros, acertos, perdão, decisões e amor.
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hyeincovers · 2 years ago
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Confia no processo
Se há uma dica que gostaria de oferecer a qualquer capista, iniciante a quem tenha mais experiência é que editar, como qualquer tipo de hobby artístico, é um processo. É uma escolha deliberada de materiais, cores, figuras, texturas, uma cacofonia visual que vai dando forma a algo que podemos não ter orgulho inicialmente, mas, com o decorrer do tempo, vai melhorando. Eu comecei a editar quando tinha 14 anos, um rebento fofo e delicado, com 0 experiencia a usar o PC quanto mais programas de edição, 16 anos depois (com trinta anos na cara) editar não é mais complicado, mas preciso investir mais tempo para sair da mesmice e não cair no mesmo padrão.
O que nos torna único não é as cores que usamos, as formas que escolhemos ou as disposição das figuras. É aquilo que decidimos remover no final da edição, os ajustes e os toques finais que nos distinguem de capista para capista. São os anos de prática que trazem coisas boas (e outras menos boas), mas que fazem parte da nossa "marca".
Então confiem no vosso processo, partilhem as conquistas e os erros aqui (ou noutro site) procurem obter opiniões, e daqui a uns anos, quando olharem para o resultado de anos de pratica, façam-no com amor. Porque houve muito amor e orgulho quando os produziram!
E aqui fica uma homenagem aos últimos anos como capista, e ao meu crescimento enquanto produtora visual.
E adoraria ver os vossos também! Sugiro que façam o vosso proprio post e taggem-me. Como capistas que conhecimento gostariam de partilhar?
2016
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2017
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2018
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2019
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2020
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2021
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2022
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2023
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with love, hyein
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mpereirart · 6 months ago
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Eis aqui alguns desenhos que fiz de amigos! Vou colocar as datas dos desenhos pois tem alguns antigos. (A data fica em baixo e o desenho em cima) Do mais recente para o mais antigo.
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21/05/2024, 30/05/2024 e 31/05/2024 - Algumas colegas do trabalho :)
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19/04/2024 - A Mana @julisagaz
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17/05/2022
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02/11/2020 - O mano Abreu
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??/??/2020 - Desenhos que fiz para meu amigo para as thumbnails do canal dele com o amigo!
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2019 - Mais desenhos que fiz para o canal dele
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??/??/2019 - Colegas da época da escola!
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2018
Infelizmente muitos desses amigos não converso mais ou não tenho mais contato. Mas quero deixar registrado pois querendo ou não, foi de uma época especial e não faz sentido eu simplesmente fingir que ela nunca existiu.
No mais, agradeço a todos que ainda estão comigo! Todo mundo passa por mudanças e amadurecimento, inclusive eu.
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thebclly · 5 months ago
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well... wait, its feel like a britney spears anime in break the ice
celeste's vision
sinceramente pessoal, essa é a coisa mais aleatória que poderia acontecer comigo e olha que eu fui parar em uma excursão pro texas do nada em 2018. que por sinal foi bem legal... será que vai acontecer nesse próximo futuro? bem, vou ter que esperar pra ver.
hoje eu to absurdamente me sentindo uma espiã, já que é essa minha missão, tenho que seguir o tal do qi ying zhanlan, saber o que ele faz, o que come, aonde se esconde, hoje na celeste reporter ou melhor, celeste espiã demais.
felizmente eu sou formada em as loucuras de dick e jane e providenciei um disfarce perfeito. só me vi nesses trajes já no meu corpo adulto, um terninho social, cabelo muito caracteristico de márcia do rh, comprido e preto, num rabo de cavalo baixo já que a peruca não me daria abertura para um coque alto. claro que não poderia esquecer de um bom oculos com falso grau. podem me chamar de senhorita smith.
e bem já estou aqui em hollywood hills, mesmo acordando de madrugada para treinar jamais achei que acordaria tão cedo para investigar alguém. deixei meu carro estacionado um pouco afastado da entrada do condominio de casas de qi yang, sei que tem um volvo azul bem cafona que preciso manter na minha vista. e bingo, é ele saindo ali? são 7h23, cedo.
fico bem aflita ao segui-lo, já que a qualquer momento ele pode perceber, mas mantenho uma distancia considerável. às 7h45 ele para em uma padaria, meu carro sempre afastado dele e não demora muito para retornar, 7h46 ele já está voltando, o que me faz pensar de que é um padrão. seguimos para seu trabalho, muitos sinais no caminho e um deles tive que furar já que ele estava mais a frente de mim. não demora muito até chegarmos, preciso acelerar preciso pegar a cancela aberta e juro que jamais pensei que fosse tão fácil entrar no prédio. uns dois dias antes fui até lá e observei que muitos carros faziam isso, então mesmo sem a credencial eu conseguiria me infiltrar.
tô dentro e para não ficar tão na cara, estaciono meu carro afastada dele, pego minhas pastas falsas e torco para que nenhum dos gemeos me veja por aqui, principalmente o lucien apesar de que com seu cerebro de ervilha jamais seria capaz de me reconhecer. são 8h e qi ying ainda está dentro do carro. ele fica até as 8h12. só para constar estou anotando todos os horários ok? enquanto ele caminha para o saguão, consigo me esconder no meio dos vários funcionarios das torres, sem perdê-lo de vista. ele para e cumprimenta uma mulher, loira e alta. ainda bem que não vim com meu cabelo de verdade, parece gostar de loiras. foco celeste. 8h21, está indo para o cadmus corp, como descrito na sms e ouvi dizer que lá só entra com crachá, não se preocupem que já pensei em tudo.
assim que vejo ele se afastar suficientemente para não me notar, tropeço em um dos funcionários, ele cai junto comigo e se lamenta, pede muitas desculpas, coitada da senhorita smith. enquanto ele se preocupa com meu tornozelo que está visivelmente saudável, o tonto deixa o crachá cair. foi triste querido walters, hoje eu sou você. "tudo bem... eu estou bem, preciso ir, estou atrasada." ele me ajuda a levantar e como uma ótima atriz sigo para a torre com meu crachá e meu pé manco. 8h29. estou na catraca da cadmus o crachá anuncia o nome do rapaz na tela *bom dia bruno walters*. "bom dia" digo em voz baixa e jamais pensei que nesses lugares tinha tanta gente, é um grande escritório com muitas divisórias. no cadmus tem uma especie de coworking, o que é perfeito para mim e minhas pastas falsas. meus olhos perdidos de qi yang logo o encontram, conversando com um grupo de pessoas proximo a uma cafeteira. passo por onde estão e encontro o coworking, com várias persianas, uma mesa extensa e algumas divisórias. é aonde vou ficar. 8h40 qi yang ainda está conversando com o pessoal. ei vamos trabalhar? 8h54 ele entra em sua sala e fecha a porta. essa é a parte tediosa do meu dia, o homem está trabalhando o que posso fazer? tristemente foi meu dia mais demorado, algumas pessoas me olhavam com uma grande interrogação no rosto e eu simplesmente ignorei todas elas. por sorte ninguém veio perguntar quem eu era e o que estava fazendo ali. olá eu voltei no tempo e preciso investigar um cara. até parece!!
11h53 qi yang sai de sua sala, humm será que o homem está com fome? talvez, já que ouço um barulho caracteristico de microondas e cheiro de comida. até eu estou sentindo fome e olha que comi barrinha de cereal a manhã INTEIRA. enfim, fecho meu notebook e deixo minhas pastas no local, além do mais, é o meu local de trabalho, certo? mesmo sendo absurdamente arriscado, estamos no mesmo elevador mas, tem mais 5 pessoas o que é otimo, ele nem me nota. saimos do elevador e eu prefiro ser a ultima a sair, voltamos a espionagem do querido.
e lá estou eu nas ruas do centro de los angeles o seguindo, mas não vou ser nem maluca de almoçar nesse restaurante CARO, para mim pode ser um drive do mc donalds por gentileza. fico no carro ao lado contrário do restaurante, enquanto o aguardo.
consigo enxergar lá dentro e vejo que ele almoça até rápido, mas fica conversando com alguns amigos o que faz tudo demorar. ele sai do restaurante 13h04, voltamos para o prédio e percebo o quanto ele é viciado em café, lá está ele no saguão em uma cafeteria expresso com alguns amigos e fica por lá até as 13h30, em ponto e retorna ao escritório. volto para meu local de trabalho esperando-o até o fim do dia, queria muito poder dormir aqui. até que me chega uma companhia, uma moça ruiva e alta adentra no coworking e me cumprimenta, eu lhe cumprimento de volta mas sem troca de olhares, ela poderia ver o quão nova eu sou. "você é nova aqui?" ela indaga e eu engulo seco, soltando um ar quente pelas narinas. "na cidade? sim, eu sou alexandra smith... inspetora de meio ambiente e saúde, venho a mando dos dragna para supervisionar o quão amigos do meio ambiente a equipe é e olha... vocês gastam muito papel. com licença." oi?????? ela ficou com a maior interrogação na cara mas aposto que achou que eu ia multa-los, arrumei minhas coisas e tive que cair do meu esconderijo.
de volta ao saguão, as 16h15 vejo qi yang saindo de um dos elevadores, ele pega mais um café na cafeteria e segue para o estacionamento. até aonde pesquisei, os escritórios ficam abertos até aproximadamente 19h e há dois dias quando observava das catracas, qi yang saía no mesmo horário. temos uma rotina.
pelo menos sabia que a missão havia sido curta, mesmo o dia extremamente demorado, tinha todos os horários de qi yang e mesmo com os imprevistos, havia dado tudo certo. segui para o estacionamento bem distante dele, já que estavamos apenas nós dois por lá e logo estavamos pelas ruas do centro. 16h43 estou passando pela entrada do condominio fechado dele, qi yang está em casa.
respiro fundo e tiro a peruca enquanto sigo para ucla, nunca foi tão difícil ser uma defensora do meio ambiente.
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beu-ytr · 1 year ago
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Resenha do livro "Wicked" de Gregory Maguire
*spoilers; MUITO LONGO :D; editado
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Wicked é uma história alternativa que se passa no universo de "O Mágico de Oz", trazendo uma nova perspectiva para a história do clássico ao investigar a fundo o passado da vilã verde Bruxa Malvada do Oeste.
Apesar de claramente ser uma fanfic, esse livro é uma delícia de se ler e realmente expande muito mais a história do mágico de Oz a um nível tão absurdo que eu fiquei abismada em como o Maguire conseguiu pensar tanto sobre um universo tão pouco explorado anteriormente.
Talvez você conheça a versão musical desse livro, que também é boa porém não chega aos pés do livro, que tem muito mais detalhes.
Eu li esse livro pela primeira vez em 2018, um ano depois da estreia do musical aqui no Brasil, e na época, eu não tinha captado tão bem assim a mensagem que o livro queria passar e confesso que o deixei pegar teia de aranha no meu armário por um bom tempo.
Mas a alguns meses resolvi reler esse livro só pra ver se eu poderia entrar em consenso com a história em si, e eu consegui sim senhor.
Se você não conseguir entrar de cabeça na onda do livro, não vai gostar das longas palestrinhas que Elphaba, a protagonista verde, faz sobre religiosidade, almas e espíritos e entre outras coisas chatíssimas.
Mas, mesmo assim, são diálogos muito importantes para que se possa entender a personagem por completo e entender como a vida dela, sendo rejeitada por tudo e todos pela sua cor, a moldou a ser uma vilã.
Desde a infância, até sua vida adulta a gente pode ver como ninguém realmente nunca deu bola pra coitada, a primeira palavra dela foi "desastre", a Babá dela humilhava ela a cada 1,5 segundos e nunca perdeu esse hábito, a mãe dela já tinha considerado matar ela mais de duas vezes quando ela era um BEBÉ, ninguém gostava dela e só aturava e até mesmo o Fiyero poderia ser questionado sobre seus verdadeiros sentimentos pela Elphaba já que, ao meu ver, em nenhum momento esses sentimentos se provaram ser totalmente genuínos.
E quando eu digo genuínos, me refiro a sentimentos realmente ligados ao amor ardente que é demonstrado no musical.
No livro, a relação deles é totalmente sexual, e mesmo que algum dos dois até tenha sentido algo, fazer alguma coisa sobre isso era meio que impossível porque o Fiyero era CASADO e tinha não sei quantos filhos ☠
(só esse fato já destruiu meu coração fiyeraba em 2018)
Além dessa questão, temos também a memorável amizade entre Glinda a boa e a Bruxa Malvada.
No livro, as duas não se conectam tããão bem assim, e eu acho que a representação da amizade delas é melhor no musical. Mas, de qualquer forma, é possível ver também que a Glinda não gosta da Elphaba tanto assim.
Como exemplo temos a trágica pegadinha que as amigas de Glinda pregaram na Elphaba, forjando uma carta a convidando para passar as férias na casa da Glinda, que fica envergonhada e quase expulsa a simpática garota verde de seu recinto super chique.
Ok, no final desse rolê a Elphaba termina ficando na casa dela mas isso não anula o fato de que, até a Elphie fugir para a Cidade Esmeralda, as duas não chegavam nem perto de serem melhores amigas.
E se chegaram, por favor esclareçam isso pra mim porque eu não notei.
De fato, muitos pontos narrativos criados na adaptação musical não aconteceram e nem chegariam perto de acontecer no livro.
Por exemplo, no livro, o Fiyero não morreu se sacrificando pela Elphaba em um ato heróico como no musical, ele morreu por pura burrice e teimosia e sendo sincera até hoje não entendo muito bem a morte dele porque uma coisa tão blé sabe
mas enfim
O livro de Maguire é mil vezes mais sombrio, mais sáfico, mais político e muito mais trágico. As questões da religiosidade, idolatria e política são as mais trabalhadas aqui.
A Elphaba fazia parte de um grupo que protestava contra o maltrato aos Animais (bichanos que tinham quatro patas porém sabiam falar, pensar e agiam como qualquer outro oziano), e morreu defendendo essa causa apesar de ter se perdido um pouco no caminho por conta da morte de Fiyero.
(Inclusive queria acrescentar de que o Fiyero é um ótimo personagem e que ele devia ter tido mais espaço no livro pra desenvolvimento, mas infelizmente a maioria das cenas que ele aparece é basicamente ele e a Elphaba transando loucamente sem parar e depois tendo uma conversa nada a ver sobre qualquer coisa nada a ver, enfim merecia mais, continuando)
Em questão da idolatria, as principais representações disso são a nossa querida Nessarose, a irmã mais nova de Elphaba, e o pai dela Frexpar.
Cara, a Nessarose pra mim é a personagem mais interessante de Wicked. A relação dela com religião e com o próprio pai, faz com que ela se comporte de uma forma mais "malvada" que a sua irmã que é taxada como malvada o tempo todo.
Não consigo dizer ao certo se a Nessarose realmente acredita no Deus sem nome, ou se é pura influência do pai dela, eu realmente não faço ideia. Mas os valores dela em geral são tão infurecedores, o fato dela se sentir melhor do que as pessoas ao redor dela por conta de suas crenças irrita um tiquinho mas explica muito a natureza dela.
Tanto que no final, ela se tornou bruxa má também, vista como uma péssima governante pelos Munchkins. Infelizmente nossa querida foi esmagada por uma casa e o resto do rolê você já sabe.
A construção dos ambientes, dos personagens e a ordem cronológica dos fatos é tão bem feita que às vezes eu me esqueço que isso tudo é uma grande fanfic.
Caso você não saiba, existem mais dois livros dessa saga, dessa vez estrelando Liir, filho de Elphaba e Fiyero, em suas miraculosas aventuras ou sei lá o que. Confesso que não sou muito interessada nessa parte da história então nunca corri atrás pra ler mas quem sabe um dia.
Esse livro fez parte da minha pré-adolescência e indiretamente da minha maturidade também, o que faz dele um dos meus livros favoritos de todos os tempos. Valeu Maguire, você é dez
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nikotexsilva · 7 months ago
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My style looks very different with the mechanical pencil, I haven't used it since 2018, it's changed a lot lol, but it's kinda cute :)
Meu traço fica bem diferente com a lapiseira, não tinha usado dês de 2018, ele mudou bastante KSKSKKS, mas até que eu gostei :)
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petiteblasee · 7 months ago
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Me meti com série do Ryan Murphy - de novo - mas agora a experiência está sendo a melhor possível
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POSE (2018 - 2021) é uma série de drama que nos insere na Nova York de 1987, ápice da pandemia do HIV, e nos apresenta a cultura ballroom, espaço criativo e refúgio de afro-americanos e latinos LGBTQIA+.
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Nesse contexto, fica fácil saber onde o drama vai pegar, mas nada está me preparando para isso, e eu já estou completamente rendida a Blanca, Damon, Angel e Lil'papi - go, house evangelista!
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Ao longo dos anos, esbarrei em alguns spoilers, mas o fato de não acompanhar a história faz a memória falhar, o que me deixa numa situação de roleta russa porque a qualquer momento eu posso perder um dos meus queridos e meu mundo acabará!
Como ainda estou no inicio da primeira temporada, deixo apenas esse post singelo para apreciação, mas saibam que, até o momento, está PERFEITA! Se algo terrível não acontecer e eu não morrer com isso, volto pra falar mais, porque ela merece.
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homensbrancosnaosabemblogar · 8 months ago
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Vamo, Kamilla!! Kamilla Cardoso é o Brasil na semifinal da NCAA!
Ela foi eleita defensora do ano pela associação dos técnicos de basquete da liga universitária norte-americana e nomeada para o segundo melhor time do campeonato! A pivô brasileira de 2,01m e 22 anos entra em quadra hoje a noite, às 20h, pra jogar por South Carolina no confronto contra North Carolina State.
A transmissão fica por conta do Star+, mas é preciso se esforçar pra achar o jogo dentro do aplicativo - e a narração é um caso a parte - pode não existir, pode ser em inglês, pode ser em espanhol… boa sorte!
Depois desse jogo, ainda tem Iowa, da Caitlin Clark, contra UConn, às 22h30. As duas equipes chegam quentes para o confronto depois de terem derrotado times de grandes estrelas (Angel Reese, JuJu Watkins) na rodada anterior.
O confronto entre Iowa e LSU pelas quartas de final teve 12,3 milhões de espectadores e não só se tornou o jogo de basquete universitário feminino mais assistido de todos os tempos, como se tornou o evento esportivo com maior audiência na ESPN desde o jogo 7 das finais de conferência de 2018 entre Celtics e Cavaliers.
Na segunda-feira a noite, enquanto tava rolando esse jogo entre Iowa e LSU, o Devin Booker tava fazendo 52 pontos num jogo da NBA e sabe sobre o que que o Damian Lillard e o Patrick Beverley tavam tuitando? Sobre a caloura sensação JuJu Watkins e a Caitlin Clark.
Pode ser que você não esteja vendo, mas está acontecendo.
💥 CONFRONTOS: 🕒 20h: South Carolina x North Carolina State 🕒 22h30: Iowa x UConn
👀 Pra ficar de olho! 💠 Em South Carolina: Kamilla Cardoso, óbvio. 14ppg, 9.5rpg, 2.5blk 💠 Em NC State: Aziaha James. 17ppg, 4,5rpg, 3apg 💠 Em Iowa: Caitlin Clark. 32ppg, 7rpg, 9apg, 2stl 💠 Em UConn: Paige Bueckers. 22ppg, 5rpg, 4apg, 2.5stl
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Considere apoiar o HBNSB: Apoia.se/HBNSB ou PIX: [email protected]
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leclerqueensainz · 2 years ago
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Uma Família de Três (C.L 16) - Parte.II Mudanças serão necessárias o tempo todo
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Paring: Charles Leclerc X Marie Anderson (personagem original) ⚠️Avisos: Tristeza, menção a morte, palavrões, menção a adoção. (+16)
03 de Abril de 2018 - Nice, França
-Vocês estão ansiosos pra Bahrain? - Pergunto aos dois pilotos esparramados no sofá.
Era um dia quente na França e eu e Charles viemos  para Nice curtir alguns dias com Jules,  antes que eles tivessem que ir para a próxima corrida que seria no Bahrain.  
Estamos todos jogados no sofá, Charles e Jules sentados comigo deitada apoiando a cabeça no colo de Charles e as pernas no colo de Jules. 
O YouTube está conectado a Tv e passava alguma playlist aleatória, devido a briga entre eu e Charles para escolher uma música mais cedo, Jules sendo o mediador pacífico que é, tomou o controle de nossas mãos e colocou na primeira playlist que viu pela frente. E agora, aqui estamos nós ouvindo Adele. 
-Será minha segunda corrida na Fórmula 1, então sim.- Charles responde enquanto faz cafuné no meu cabelo. 
-Você adora dizer isso, né? - Pergunto inclinando a cabeça e tendo  a visão dele de baixo para cima. Charles tira os olhos do clipe em preto e branco que passava na Tv e desce seu olhar para mim. 
-Falar o quê? - Ele pergunta com um sorriso divertido. 
-Que você está na Fórmula 1. - Digo e ele ri, as covinhas mais adoráveis aparecendo no seu rosto. 
-Sim, mas juro que dessa vez não foi intencional. - Ele diz e eu nego com a cabeça. 
-Você é um idiota. - eu respondo tentando soar seria, mas o sorriso não sai do meu rosto. 
Eu estou tão orgulhosa dele, é seu ano de estreia na Fórmula 1 e ele se saiu bem na primeira corrida da temporada na Austrália. 
-Sabe, te olhar desse ângulo me traz ótimas lembranças de ontem a noite. - Ele diz e se inclina  para me dar um beijo, mas antes que seus lábios cheguem até os meus, uma almofada atinge a cabeça de charles e cai no meu rosto. 
-Não comecem com essa putaria de vocês na minha frente! - Jules fala com cara de nojo. Eu dou risada e Charles arremessa a almofada nele. - Eu não acredito que vocês transaram no meu quarto de hóspedes, eu troquei os lençóis ontem de manhã. - Jules fala inclinando a cabeça para trás e colocando a almofada contra o rosto.
-É claro, você não deixou a gente fazer de novo na sua cozinha. - Charles responde dando de ombros. Sinto meu corpo pegar fogo de vergonha e estico a mão para dar um tapa na cabeça dele.
-Mas é claro que eu não ia deixar vocês transarem na minha cozinha e…. Espera aí- Jules parece  raciocinar o que Charles disse e tira a almofada do rosto nos encarando com um olhar indignado. - Como assim “de novo”?- Ele pergunta e eu escondo o rosto no abdomen de Charles. - Por favor, fala que vocês não transaram na minha cozinha. - Eu permaneço com o rosto escondido e por uma pequena fresta, posso ver  o pomo de Adão de Charles subir e descer. 
-Bem, é que… sabe ? - Charles tenta dizer mas Jules se levanta na maior velocidade e me faz cair no chão. 
-Ai! - Eu exclamo quando minha bunda bate no piso duro e frio. 
-EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊS TRANSARAM NA MINHA COZINHA! - Ele grita com a expressão de puro horror e nojo. 
 -Fala baixo, Jules! Você quer que o prédio todo saiba ?- Eu digo.
-Seus pilantrinhas filhos da puta! Sorrateiros! Eu abro minha casa para vocês e vocês se abrem na minha cozinha ? - Ele pergunta em pé encarando eu e Charles. 
Eu levanto do chão e me jogo sentada ao lado de Charles no sofá, minha bunda ainda doendo pela queda. 
-Na verdade, só ela que ficou aberta e- Eu interrompo Charles colocando a mão em sua boca. 
-Garoto, pelo amor de Deus, fica quieto! - Eu falo entredentes para ele e ele assente com a cabeça e tenta pronunciar algo que ficou incompreensível com minha mão em sua boca. Viro minha atenção para Jules. - Jules, não foi proposital eu juro! E a gente limpou e desinfetou tudo depois. - Jules continua a nos olhar com aquela cara  de descrença e nojo por alguns segundos e depois desaba no sofá rindo. 
Eu e Charles nos encaramos, eu com a mão ainda em sua boca, tentando entender o que aconteceu. 
-Cara vocw ta beumw? - Charles tenta se comunicar e quando percebe que não dá, ele abre a boca e passa a língua na palma da minha mão, fazendo eu afastá-la rapidamente com cara de nojo. - Não faça essa cara para mim, Marie. Nós dois sabemos que você adora quando eu uso a língua em você. - Ele diz presunçoso. 
-CHEGA! Vocês dois estão proibidos de transar. - Jules diz tentando soar sério, mas não dura muito tempo porque logo ele volta a cair na risada e eu e Charles o acompanhamos. 
Sinto meu coração transbordar de amor pelos dois naquele momento. E eu faço uma promessa de nunca, jamais deixar esses momentos acabarem. 
🇫🇷
18 de Janeiro de 2023 - Nice, França.
-Ela quer que nós cuidemos de Vincenzo. - Digo.
O silêncio se faz presente por alguns minutos, o único som sendo da mesa onde Vincenzo e a garçonete brincam alegremente e a respiração descompensada de Cecilia tentando evitar as lágrimas de descer. 
-O quê? - Charles é o primeiro a dizer quebrado o silêncio, mas minha atenção permanece em Cecilia. - Você não pode estar falando sério. - Ele ri de escárnio. 
-Sei que isso é demais. - Ela começa- Mas eu preciso de pessoas confiáveis para tomarem conta de Vincenzo. Eu realmente não posso fazer isso agora. - Ela justifica. 
-Você tá ficando louca? - Charles diz em descrença. - Sério, me diz como foi que você chegou a conclusão que aparecer na vida de dois estranhos que nunca ouviram falar de você, dizendo que tem um filho do melhor amigo morto deles, que por acaso só morreu porque você não soube controlar a porra da SUA vida, e dizer à eles que  precisam tomar conta do SEU filho, que é só mais uma das consequências de atos irresponsáveis que você tomou durante toda a sua existência e que nós simplesmente diríamos sim, com sorrisos e abraços. Por favor me explica como foi que chegou à isso. - Ele diz rapidamente e percebo Cecilia estremecer.
-Eu nunca pensei que vocês fossem aceitar a ideia assim de cara, Charles. - Cecilia o encara séria. - Você acha que eu queria isso? Você acha que eu queria estar pedindo isso para vocês? Não! Eu não queria!- Ela exclama e bate na mesa com a palma da mão aberta. 
Eu olho em direção a mesa onde Vicenzo está e dou graças a deus quando vejo que ele continua entretido com os copos de papel que a garçonete deu a ele. 
-Sei que o mínimo que eu poderia fazer é ser uma mãe decente para ele. Mas eu não consigo. Eu falhei nisso também, igual falhei em tudo que fiz na minha vida. - Os olhos dela enchem de lágrimas e seu tom está cheio de raiva, mas percebo que não é direcionada a Charles ou a mim, é a ela mesma. - Eu prefiro ser uma mãe de merda que abre mão da criação do filho, do que ser uma mãe de merda que estragou qualquer oportunidade de lhe dar um futuro com pessoas confiáveis. - a voz dela treme e algumas lágrimas descem por seu rosto. 
-Você nos conhece a menos de uma hora, Cecília. - Sou eu quem falo dessa vez. - Como você sabe que somos confiáveis ou aptos a tomar conta de Vincenzo?- Pergunto.
-Porque Jules confiava em vocês.- Ela responde simples. - Jules daria a vida por qualquer um de vocês e sei que se fosse ele no meu lugar, ele faria o mesmo.
-Mas não é ele quem está aqui. - Charles responde entre dentes. - É você quem está. E é você a maior causadora disso. Eu não sei quem você pensa que é ou o que te faz achar que iremos concordar com essa loucura que você criou na sua cabeça. Mas preste atenção nas minhas palavras.- ele se inclina na mesa chegando mais perto dela. - Você não vai tirar essa responsabilidade das suas mãos e jogar em cima da gente. Você não quer estragar o futuro do seu filho? Então deixa eu facilitar pra você, você já o fez. - Eu coloco a mão no ombro dele, tentando o acalmar e posso sentir como seu corpo está tenso de raiva. - Você já o estragou a partir do momento que tornou-se a causa da morte do pai de Vincenzo e quando voltou a usar suas merdas. E ter você aqui sentada na minha frente, dizendo que quer abandona-lo, só prova o tipo de mulher que você é. - Cecília engole em seco e se encolhe na cadeira. - Eu nunca pensei que diria que Jules errou em qualquer decisão de ajudar alguém, mas com certeza ele errou quando escolheu você. - Ele termina e se levanta. - Irei pedir para a minha agente entrar em contato com você. Darei a ajuda financeira que for necessário para ajudar com Vincenzo. 
Cecília o acompanha com o olhar e depois o volta para mim. Seu rosto pedindo ajuda, mas nem mesmo eu poderia ajudá-la agora. Isso tudo era demais. Eu pego a minha bolsa que está pendurada ao lado da cadeira e também me levanto.
-Eu quero fazer parte da vida de Vincenzo, Cecília. - Digo e estico meu celular em sua direção. - Por favor, coloca o seu número de telefone, pedirei para a minha secretária entrar em contato com você e lhe enviar uma quantia para Vincenzo e para um centro de reabilitação que você queira para dar continuidade ao seu tratamento. Claro que durante esse tempo, posso contatar a família de Jules para lhes dar a notícia. Eles também moram aqui em Nice e aposto que Christine irá adorar tomar conta dele, enquanto você se recupera. - Cecília encara o telefone por uns segundos e depois empurra minha mão. 
-Você não entendeu não é, Marie ? - Ela diz e solta um riso nervoso. - Não há recuperação para mim. Eu não vou criar Vincenzo. Eu não posso fazer isso. - Ela implora com os olhos. - Eu sabia que convencer vocês dois não seria fácil, por isso tomei uma outra alternativa. - Ela diz e tira um envelope pardo de dentro de uma bolsa de criança, que só agora eu vi que ela colocará aos seus pés. Ela estende o envelope e eu o pego. 
-O que é isso ?- Charles pergunta e fica ao meu lado tentando ler os documentos que eu tirei de dentro do envelope. 
-São os documentos da adoção de Vincenzo. - Ela diz e eu paro de encarar os papéis e volto meu olhar para ela. - Eu contatei um advogado há semanas e ele fez dois documentos. Um para vocês dois, onde vocês aceitam a tutela total de Vincenzo e o outro é para um centro de adoção. - Ela termina de explicar e minhas mãos tremem e meu corpo fica gelado. Charles pega os papéis da minha mão e os lê por cima rapidamente.
-Você vai mandá-lo para um orfanato ? - Ele pergunta ríspido e assustado. Cecília assente com a cabeça.
-Essas são as únicas opções que eu encontrei. Olha, eu sinto muito por isso. Mas eu preciso mesmo que vocês fiquem com ele. - Ela levanta e súplica. - Eu odiaria ter que deixá-lo em um orfanato para ser adotado por estranhos, mas além de vocês, seria a única opção de esperança para que meu filho possa ser feliz. - Ela chora desconsoladamente. - Por favor, não façam isso por mim e sim por Jules. - Ela apela e sinto meu coração apertar em uma mistura de raiva e tristeza. 
Nada do que ela está fazendo é justo para ninguém. Nem para mim, Charles ou Vincenzo. Ela não está nos dando uma escolha e sim um ultimato. Ou nós aceitamos a guarda de Vincenzo, ou ele irá para a adoção e será criado por deus sabe quem. 
Eu e Charles continuamos a encara-la e vemos ela pegar a bolsa colocando-a sobre o ombro. 
-Vocês tem até amanhã a tarde para decidir. O meu contato está anotado em um desses papéis. - Ela nos olha com a expressão de culpa. - Eu sinto muito por colocá-los nessa posição, mas eu não tive outra escolha. - Ela diz, enxuga as lágrimas e vai até a mesa em que Vincenzo está e o pega no colo. Ela nos da um último olhar e caminha em direção a porta. 
-Tchau, moça com cabelo de fogo!- A voz de Vincenzo soa alta e infantil e sua mãozinha se levanta acenando para a garçonete ruiva que acena de volta.  Antes que eu e Charles possamos reagir, a atenção do garotinho se volta para nós dois e ele nos encara curioso por um segundo e depois abre um sorriso com dentinhos tortos- Tchau, amigos do papai! - Ele acena alegre e Cecília deita a cabecinha dele em seu ombro e sai pela porta o mais rápido possível. 
Meus olhos enchem de lágrimas e toda a emoção que eu senti durante o dia transborda dentro de mim. Olho para Charles pelo canto dos olhos e vejo que ele continua encarando a porta, uma lágrima desce pelo seu rosto. 
[…] 
-Sim, Marcella. Irei ficar mais um tempo por aqui. Infelizmente as coisas não saíram como planejado e a minha tia vai precisar de cuidados por mais um tempo. Sim, isso. Será somente até eu conseguir contratar uma enfermeira de confiança. Isso, sim, obrigada. Não, você pode me enviar por e-mail. Tudo bem, obrigada e não se preocupe. Sim, avise o Sr. Mosby. Obrigado novamente, nos falamos amanhã pela tarde, beijos e buonanotte. - Encerro a chamada e jogo o meu celular na cama do hotel. 
Minha cabeça dói e os motivos são os acontecimentos de hoje mais cedo. 
Assim que saímos da cafeteria, - depois de Charles pagar a conta e mandar  uma gorjeta extra de 50 mil euros para a conta da dona do estabelecimento, que descobrimos ser a morena que deu a água para Cecília- Charles perguntou em que hotel eu havia me hospedado e eu o disse. Ele me ofereceu uma carona e resolveu pegar um quarto para si também, pois de acordo com ele, ele veio direto de outro país que não me lembro agora e que não tinha passado em nenhum outro lugar antes da cafeteria. 
Nós combinamos de conversar sobre nossas opções em relação a Vincenzo em um jantar no meu quarto às 22h.  
Quando subi para o meu quarto, deixando Charles no Lobby, a primeira coisa que fiz foi tirar a roupa e correr para o chuveiro, para tomar um banho demorado e tentar lavar toda a frustração e raiva do dia. Chuveiros em si, sempre foram meu espaço seguro. Não importa o que aconteça,  um bom banho consegue aliviar 75% de qualquer estresse e problema. Ou pelo menos eu pensava que sim. 
Depois do banho, fui até meu armário, a procura de qualquer roupa confortável e decente que eu pudesse utilizar na companhia de Charles. Com o confortável eu descartei jeans e gola alta. E com decente eu descartei meus pijamas e camisolas. Me sobrou então apenas uma calça de moletom que ficava um tanto quanto grande em mim e uma camiseta de banda dos anos 80. 
-É, terá que servir.- Foi o que eu disse para mim mesma, enquanto encarava meu reflexo no espelho. - Ora, não é como se você precisasse se arrumar para um jantar com seu ex namorado em um quarto de hotel. Ele não está vindo aqui para te achar sexy, Marie. - Digo para meu reflexo. - ele está vindo aqui porque seu melhor amigo morto teve um filho com uma lunática viciada e agora vocês tem que tomar a decisão de  que se vão criá-lo ou deixá-lo ir para um orfanato onde ele pode ser adotado por uma versão recente da família Benders. - Eu sinto meu peito apertar em ansiedade e balanço a cabeça tentando afastar os pensamentos. 
Horas depois e a  imagem de Vincenzo encarando a mim e a Charles, continua repassando pela minha mente. Os olhinhos escuros e brilhantes, o sorriso alegre e a mãozinha gordinha. Ele é tão lindo, a cópia de Jules, sua miniatura fofa e inocente que não faz ideia de como sua vida iria mudar. As palavrinhas emboladas, mas muito corretas para uma criança de 3 anos proferir, fez com que meu coração se enchesse de amor e culpa. Além de uma preocupação extrema. 
-Porra Jules, o que é que você fez ? - Digo me revirando na cama. - Como que um cara tão responsável como você, foi se meter com alguém como ela ? - Eu encaro o teto como se  Jules fosse aparecer ali e me responder. 
Jules sempre foi o tipo de homem que não gostava de encrencas. Ele era passivo, doce, um pouco mandão as vezes, mas sempre gentil. Mas também, sempre gostou de ajudar e defender os mais fracos e indefesos e talvez tenha sido isso. Ele achou a donzela em perigo que era a Cecília e a salvou.
-E depois enfiou o pinto nela, seu pilantra. Agora olha o que temos aqui! - murmuro com raiva.- Se você ao menos estivesse aqui…- mas ele não está. Eu penso 
“Jules confiava em vocês.” “Jules daria a vida por qualquer um de vocês e sei que se fosse ele no meu lugar, ele faria o mesmo.” As palavras de Cecília reaparecem na minha cabeça.
-Você faria, não faria ? Se tivesse sido o Charles no seu lugar e eu no lugar dela, você cuidaria do nosso filho não é?- Continuo perguntando para o teto e sinto uma lágrima quente escorrer do canto dos meus olhos até o travesseiro macio. - Eu não sei ser mãe, Jules. Eu nem ao menos tive uma mãe decente para me ensinar coisas do tipo. Sempre foram você e Charles e a família de vocês que eu pegava emprestada. - Eu confesso. - E se eu for uma péssima influencia para ele ? Ele é tão pequeno e tão bonito. Se parece com você, sabe ? Sua cópia. Mas uma versão mais bonita. - Dou risada. - Você iria amá-lo. Iria cuidar tão bem dele. Igual você cuidava de mim e do Charles, mesmo a gente não querendo. - eu limpo as lágrimas que vão escorrendo com mais intensidade. - Eu sinto muito por você não poder estar aqui. Por não poder vê-lo. Isso não é justo Jules, nada disse é. Você merecia mais que isso. Era para você estar com sua família agora e não…Não em um cemitério. - Suspiro em frustração. 
Eu levanto da cama e vou até o banheiro, sentindo cada parte do meu corpo pesado e tentando conter os meus pensamentos. 
Eu lavo o rosto com a água fria e prendo meus cachos em um rabo de cavalo alto. Volto para o quarto e sento na cama, pegando meu celular e vendo que há uma mensagem de texto de Charles.
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Dou risada de sua mensagem e me estico na cama para pegar o telefone que fica em cima da mesinha de cabeceira, disco o número do serviço de quarto do Hotel, que está anotado em uma agendinha ao lado do telefone. Eu peço dois hambúrgueres com bastante batata frita e molho Ketchup - pois conheço o paladar infantil de Charles-  e duas coca-colas para beber. A recepcionista responde que ficaria pronto em meia hora e eu agradeço antes de desligar. 
Assim que eu coloco o telefone de volta ao gancho, ouço o barulho de batidas na porta e me levanto já sabendo que era Charles. Abro a porta e dou de cara com o piloto que me olha e da um sorriso. Seu semblante demonstra que está tão cansado quanto eu, e se eu ainda o conheço bem, posso garantir que sua mente não o está deixando em paz nem por um segundo. 
-Oi.- Ele diz. 
-Oi. - Eu responde e me afasto para o canto para que ele possa entrar - Entra ai. - Ele entra no quarto e olha ao redor. 
Por um momento eu posso jurar que vi ele respirar fundo, mas eu finjo que não reparei.
-Eu pedi a comida, meia hora até ficar pronta. - passo por ele me sentando na cama. 
Charles assente com a cabeça e se senta na pequena poltrona que tinha ao lado da cama, virada para a mesma. 
-É um quarto agradável. - Ele diz e eu percebo que ele está nervoso, talvez tanto quanto eu. Só não sabia dizer se era por ter que ficar em um quarto comigo, ou devido à situação de mais cedo. Ou talvez seja ambos. 
-Sim, é confortável. - respondo simples e também olho ao redor. O quarto não é grande, nem luxuoso, mas atende as minhas necessidades e é realmente aconchegante. 
Nós caímos em um silêncio um tanto desconfortável. Sabíamos o porquê de estarmos ali, mas a conversa parece que ficou presa a nossa garganta. Era uma decisão difícil, o destino de uma criança que soubemos da existência a menos de uma semana, está em nossas mãos e nem eu nem Charles sabemos como lidar com isso. Ambos não estávamos esperando pelo ultimato de Cecília. Na verdade, eu nem ao menos sabia o que iria acontecer naquela conversa, muito menos ter que decidir criar uma criança. O filho do meu melhor amigo. 
-Eu liguei para a minha agente de relações públicas. - Charles quebra o silêncio e eu o encaro surpresa. - Eu sei que foi meio precipitado , mas o que quer que aconteça, achei melhor entrar em contato com ela e pedir para que ela venha até aqui. Ela chega amanhã. - Ele desvia o olhar para as mãos e começa a brincar com os anéis em seus dedos. 
-Você fez o certo.- Digo e ele volta a me encarar. - Nós não sabemos o que nos espera e você é uma figura pública. Tem uma carreira que precisa ficar longe de qualquer escândalo. - Ele assente e eu dou um meio sorriso tranquilizador para ele. 
-Você pensou sobre? - Ele pergunta e sou eu quem assinto dessa vez. 
-Na verdade, não parei de pensar nisso um minuto se quer. - Respondo. 
-Eu fiquei me perguntando o que ele faria se estivesse no nosso lugar. - Charles diz se referindo a Jules. - E eu sei o que ele faria. - Ele termina e vejo seus olhos brilharem com lágrimas , mas ele desvia o olhar de volta para as mãos. 
-Eu também sei. - Respondo e solto uma respiração pesada. - Jules não pensaria duas vezes em salvar o dia. Ele adorava ser o herói - Solto uma risada baixa e Charles acompanha. 
-Você lembra quando ele subiu na árvore para salvar o gato da minha vizinha? - Ele pergunta e eu dou risada mais alto. 
-Sim! Aquele idiota quase quebrou o braço tentando descer com o gato. - Eu digo e Charles joga a cabeça para trás rindo mais.
 - E ainda foi arranhado. - Ele completa. 
A gente ri  lembrando de Jules sendo atacado pelo gato assim que pisou no chão. 
-Confesso que eu queria ser mais como ele. - Charles diz e eu o encaro, o sorriso caindo de seu rosto e percebo que ele está entrando na parte escura de sua mente. 
-Eu também. - Respondo tentando puxar ele de volta. - Acho que na verdade, todos deveriam querer ser mais como Jules. Ele era ótimo. As vezes um babaca mandão, mas era ótimo. - Eu o encaro e ele assente. 
Caímos mais uma vez no silêncio, mas dessa vez eu sou a primeira a quebrá-lo. 
-Você não chamou sua agente, apenas para manter as coisas baixo. Você já tomou a sua decisão não é? - Eu digo e ele tira os olhos das mãos e me encara. Seu pomo de Adão sobe e desce e eu tenho a confirmação que preciso e ele sabe disso, pois seus olhos ficaram mais firmes. 
-Ele faria o mesmo por nós. - Ele responde e eu afirmo com a cabeça. - Sei que não é assim que funciona, mas sinto que devo isso a ele. E se você não quiser, eu vou dar um jeito nisso sozinho. Irei fazer o máximo que eu puder, vou contratar babás, governantas, professores particulares. Irei arcar com tudo. Mas eu não posso deixar ele ir para um orfanato, Marie. - Ele diz com a voz baixa e eu afirmo novamente com a cabeça. 
-Acho que nós dois devemos isso a ele, sabe ? Por termos continuado vivos. - Eu desabafo. - Jules teve a vida interrompida sem nem ao menos entender o que estava acontecendo. Ele morreu sem saber da existência do filho. Mas nós estamos aqui, vivos. E agora sabemos que Vincenzo existe e que precisa de nós. - Mantenho meu olhar firme no de Charles e sinto meus próprios olhos arderem. 
Charles se levanta do sofá e se senta ao meu lado na cama, eu acompanho o seus movimentos, com os olhos. Ele passa o braço pelo meu ombro um tanto quanto relutante e se não fosse pelo momento eu teria rido dele. Mas acontece que nada naquela situação era engraçada. E quando ele me puxa em direção ao seu peito, em um abraço acolhedor é quando eu desabo. 
Deixo todas as frustrações, a raiva e a angústia, serem levadas ali. Era assustador para caralho ter que encarar as coisas assim e entender que eu e Charles concordamos mutuamente com essa situação só faz a minha cabeça girar. Nenhum de nós dois temos experiência em como criar uma criança, mas agora teríamos que aprender na marra. 
Mas o que fazer? Por onde começar ? Temos que contratar um advogado ? O charles provavelmente tem um. E como que iríamos fazer para criar essa criança? Eu moro na Itália, Charles mora em Mônaco, mas passa a maior parte do tempo viajando pelo mundo. Isso não vai dar certo. Não tem como dar certo. 
-Shh, ta tudo bem. Vai ficar tudo bem. - Ele esfrega o meu braço, seu queixo encosta na minha cabeça e eu sinto o seu peito tremer. Ele também está chorando. - Eu também estou apavorado, mas vamos fazer isso juntos, tudo bem?- Ele pergunta e eu tiro o rosto de seu peito e o encaro. 
Nossos rostos estão a centímetros de distância um do outro. Seus olhos verdes estão inchados e vermelhos assim como suas bochechas e pescoço . Meus olhos vão até a sua boca e depois voltar tentando encontrar os seus e percebo que ele também encara meus lábios antes de voltar a encarar meus olhos. 
É aquela maldita atração, mesmo sabendo que não era o momento certo, aquela coisa que cutuca o peito fazendo o coração acelerar, as mãos suarem e o estômago encher com aquelas malditas borboletas. O impulso aparece e me atrai a tudo que se diz respeito a ele. É tudo que se trata sobre Charles. Seu cheiro, sua pele, seu toque, aqueles olhos que enxergam suas piores e melhores versões e aquela boca. Malditos lábios macios e perfeitos que um dia eu tive o prazer de experimentar. Isso é uma maldição. Um castigo. 
Charles se aproxima devagar, seus olhos focados nos meus lábios e eu fecho os olhos, esperando o contato. O contato que provavelmente vai nos trazer vergonha e constrangimento no dia seguinte, mas que agora parece tão certo, mesmo sendo tão errado.
O som das batidas na porta nos tira daquele transe e eu pulo da cama em um instante, assustada. Charles está com a respiração pesada e olhos arregalados me encarando. 
-Serviço de quarto. - a camareira diz do outro lado da porta e eu apenas fico lá parada encarando Charles. Suas bochechas ficaram mais vermelhas do que estavam e ele se levanta da cama e vai até a porta atender quando percebe que eu não iria fazer. 
-Boa noite, por favor entre. - Ele diz para a camareira e eu permaneço de costas para eles. Por favor você pode deixar ali em cima, obrigada. - Enquanto ele atende eu vou a passos largos e rápidos até o banheiro e fecho a porta com força. 
Abro a torneira da pia e faço conchas com as mãos enchendo-as de água e jogando contra o rosto, afim de tentar refrescar o calor que se espalha pelo corpo. 
-Mas qual é seu problema, porra!?- pergunto para o meu reflexo no pequeno espelho em cima da pia. - Você ia deixar ele te beijar! Você ia beijar ele de volta! Cacete, isso não tá certo! Vocês dois estão em um puta momento delicado e iam se deixar levar! Cresce, Marie! Ele não é mais o seu Charles e vocês só estão aqui por terem sido colocados nessa situação ruim pra caralho!- Eu fecho os olhos com força e respiro fundo. 
Puxar. Um, dois, três. Soltar.  
-Chega. Acabou. - Digo uma última vez para meu reflexo e me viro em direção a porta do banheiro. Respiro fundo uma última vez antes de girar a maçaneta e abrir a porta, saindo logo em seguida. 
-Você pediu hambúrgueres.- Tomo um susto com a voz de Charles e eu olho ao redor do quarto não o encontrando. - No terraço. - Ele diz e eu olho para a pequena porta de vidro que separa o quarto do terraço vendo-a aberta. Caminho até la   à passos lentos, com medo de voltar à encara-lo. 
Charles está sentado em uma das duas cadeiras disponíveis, e à sua frente, em cima da mesa, nosso jantar está posto em pratos de porcelana. 
-Você disse que queria hambúrguer. - Respondo me sentando a cadeira de frente para ele na mesa. Meu estômago da uma leve estremecida quando o cheiro do lanche fresco e das batatas recém fritadas atingem meu olfato.
-Eu sei. Mas você me disse que iria pedir pizza. - Ele rebate e eu tiro os olhos da comida à minha frente e o encaro. 
-Mas eu decidi pedir hambúrgueres. - Eu o respondo atravessado. Meu deus eu preciso comer. 
Pego uma batata com a mão e a levo a boca. Está quentinha e crocante, delícia.
-Sim. Sou a favor de decisões que voltam atrás. - Ele responde e eu o encaro. 
Charles está pegando o recipiente de Ketchup e o apertando para que o molho caia por cima de suas batatas. Paladar infantil. 
-Ainda estamos falando da comida? - Pergunto enfiando mais uma batata na boca. 
-Do que mais estaríamos falando? - Ele rebate me encarando. Seus lábios pintam um sorriso malicioso e eu sei que ele está se referindo ao que quase acontecerá no quarto a minutos atrás. 
Me finjo de boba e dou de ombros. Dois podem jogar esse jogo. 
-Sei lá, talvez do fato de que depois de todos esses anos você ainda prefira comer hambúrgueres, mesmo sabendo que há outras coisas no cardápio. - Eu digo e ele para de mastigar a batata lambuzada de Ketchup por um momento e me encara. 
-Faz muito tempo que eu não comia hambúrgueres e eu senti falta do sabor. Passamos por muitas coisas novas hoje. Talvez eu só queira algo que eu já tenha provado antes e que eu sei que me trará conforto.- Seus olhos ficam fixos no meu. 
-Talvez não seja saudável. Há uma razão pela qual você ficou tanto tempo sem comê-lo. - Eu digo e abrindo a lata de Coca-Cola e levando até os lábios. Tomo um gole do líquido gasoso e doce . A todo tempo, Charles me encara e mesmo com a luz fraca da área do terraço ainda consigo ver as dezenas de emoções diferentes que passa pelos seus olhos. 
-Sim, você está certa. Não é saudável, mas mesmo assim você os pediu. Você quis comer hambúrgueres tanto quanto eu.- Ele rebate. 
Eu coloco a Lata de Coca-Cola na mesa e pego o meu hambúrguer com a mãos e a outra eu pego uma batata. 
-Essa é a última vez que irei trocar a pizza pelo Hambúrguer, Charles. E você está certo, passamos por muitas coisas hoje e talvez o sabor do hambúrguer seja algo em que já chegamos a nos acostumar uma vez e que nos trazia conforto. Mas não podemos esquecer que ele ainda continua sendo não saudável e que por mais que seja gostoso agora, será muito prejudicial lá na frente. - Eu dou uma mordida no lanche. 
Charles assente com a cabeça e faz o mesmo com o seu lanche, não sem antes por Ketchup nele.
-Então um brinde ao que é bom, mas não saudável. - Ele levanta a lata de Coca Cola e eu faço o mesmo. 
É, aquilo literalmente não era uma conversa sobre a comida. 
(…)
-Eu não posso sair da Itália, Charles. Minha vida inteira está lá. - Digo andando de um lado para o outro no quarto. 
Charles está sentado esparramado no pequeno sofá, suas esferas castanhas esverdeadas me acompanhando a cada passo. 
-E eu não posso sair de Mônaco, Marie. E para termos mais chances em relação a adoção de Vincenzo, será necessário que nós dois desempenhamos o papel de casal feliz que vive sob o mesmo teto. -Ele diz e eu suspiro. 
-Você mal fica em Mônaco, Charles. Está sempre viajando. - Eu paro em pé em frente ao sofá e o encaro cruzando os braços. - Então me diz o por que  deveríamos ir para Mônaco? - Charles arruma a postura no sofá e me encara sério. 
-Porque é nossa casa. - Ele diz simples. 
-Mônaco já deixou de ser a minha casa há muito tempo.- Digo desviando o olhar dele. 
- Foi em Mônaco que crescemos e tivemos os melhores momentos de nossas vidas, inclusive com Jules. Minha família vive em Mônaco e tudo o que tenho está lá também. - Ele responde. - Sei que parece idiota, mas acho que seria ótimo criar Vincenzo lá. E prometo que irei fazer de tudo para ser o mais presente possível. - Eu volto a encara-lo e por um momento eu tenho vontade de pegar minha bolsa e sair correndo para fora do hotel. - Por favor, Marie. Confie em mim. - Ele pede e eu engulo em seco. Maldito olhar de cachorrinho sem dono. 
Eu suspiro alto e passo as mãos pelo rosto. Eu sei que poderia trabalhar a distância, e talvez consiga convencer os diretores a pagar um apartamento para Marcella, caso ela aceite a proposta de se mudar para Mônaco. Mas sinto um pequeno incomodo em pensar que estou desistindo tão facilmente de tudo o que conquistei na Itália. 
-Eu sei que é pedir muito para que você abandone tudo o que conseguiu nesses anos. - Charles comenta como se adivinhasse o que eu penso. - Mas pensa no que podemos construir com Vincenzo. Poder mostrar a ele cada lugar em que fomos com o Jules e fizemos as maiores burradas. - Ele ri e eu sinto meus lábios formarem um pequeno sorriso com o pensamento de mostra a Vincenzo um pouco mais da vida de seu pai. - Sei que você não considera mais Mônaco o seu lar, mas  um dia ele  já foi e você era feliz lá. - Ele se levanta e põe a mão no meu ombro. - Deixe-me te provar que lá ainda pode valer a pena. - Sua voz é terna e quente e eu sinto aquele mesmo impulso de mais cedo tomar conta de mim. Porém, antes que eu deixe ser controlada por aquelas emoções, dou alguns passos para trás até bater na lateral da cama. A mão de Charles cai do meu ombro e eu encaro meus pés.
-Tudo bem. - Digo por fim e respiro fundo. - Mas precisaremos de regras. - Volto a encara-lo e não consigo conter o sorriso quando vejo o dele tão abertamente estampado naquele rostinho perfeito. 
-Quantas regras você precisar, mon ange. - Ele diz com os olhos brilhando e um arrepio desce pela minha coluna. 
Deus me ajude, pois esse será o maior desafio da minha vida.
🇫🇷
20 de Janeiro de 2023 - Nice, França. 
-Então é por livre e espontânea vontade que a senhora quer entregar a guarda para o Sr. Leclerc e a Srta. Anderson, certo? - Giovanni,  o advogado que Krista, Diretora de comunicações e RP da Ferrari e de Charles, indicou, pergunta a Cecilia. 
-Sim. Charles e Marie são de minha mais alta confiança. - Cecilia diz e encara a mim e a Charles do outro lado da mesa. - Sei que eles poderão cuidar do meu filho como mais ninguém seria capaz e isso inclui a mim também. - Ela diz e um pequeno sorriso triste mas confiante aparece em seus lábios. 
Charles a encara sério mas afirma com a cabeça e eu dou um sorriso reconfortante para ela. 
-E vocês dois concordam? - O advogado de Cecilia se dirige a nós dois. 
Charles e eu nos entreolhamos por um minuto, nosso olhar fazendo  mesma pergunta um para o outro. Nós dois sabemos que muitas coisas deverão ser sacrificadas em pró dos cuidados de Vincenzo. Eu tenho uma carreira ao qual dedico a vida e Charles também. Mas nós dois concordamos com tudo. Colocaremos Vincenzo em primeiro lugar e conciliaremos o resto. Será um desafio e um processo de readaptação para nós três, mas iremos fazer funcionar. Seremos bons nisso. 
-Sim. - Charles responde, seus olhos ainda grudados nos meus. 
-Sim.- Eu respondo e meu coração falha  uma batida e eu faço uma nota mental de marcar um cardiologista. Depois de tantas emoções nesses últimos dias, eu não me surpreenderia se sofresse um ataque cardíaco. 
Charles sorri e eu retribuo.
-Tudo bem. Então seguiremos com as documentações pela guarda. E após três anos, vocês poderão entrar legalmente com o processo de adoção direta - O advogado de Cecilia diz.
-Três anos? - Charles pergunta.
-Há alguns procedimentos os quais serão necessários durante esse período. - Giovani passa  duas cópias de documentos para mim e Charles. - Como Cecilia e vocês recorreram pela adoção direta, Legalmente vocês dois precisarão ter a guarda de Vincenzo por um período de três anos antes de poder entrar com o processo de adoção. - Ele termina e eu tiro meus olhos do documento e o encaro. 
-Mas a guarda seria provisória, certo? Isso não trará futuras complicações ? - Pergunto para Giovanni e para o outro advogado. 
-Para ser sincero, por mais que esta seja a forma mais rápida de vocês conseguirem a adoção legal de Vincenzo, além de impedir que ele seja levado para um centro de adoção, onde pode ser entregue à famílias que já estão na fila a mais tempo, esse processo implica em alguns problemas que possam ocorrer futuramente sim. - Giovanni responde. 
-Como quais ? - Charles pergunta. 
-São vários fatores diferentes, mas os mais comuns são mães biológicas que se arrependem de ter entrego a guarda e recorrem à justiça para uma nova sentença. - Giovanni diz e tanto eu quanto Charles encaramos Cecília. 
-Eu não farei isso. - Ela afirma duramente. - Não seria justo com vocês e nem com Vincenzo. - Ela completa. 
-Há também, tutores que após um período de convívio com a criança, percebem que há mais desafios do que os previstos e não se acham capazes de dar continuidade sendo responsáveis pelos menores. E assim, optam pela devolução da criança aos genitores ou a um centro de adoção. -   Dessa vez é o outro advogado que diz. 
-Nós iremos encarar da melhor forma que pudermos. - Charles o responde meio atravessado. - Sei que somos novos nisso e claramente não esperamos que seja apenas flores e algodão doce. Vincenzo é uma criança mais velha e sabe quem é a mãe e o pai, mesmo não o tendo conhecido. - os olhos dele encaram Cecília por um tempo, seu tom com um toque de ressentimento. - Iremos lidar com todos os procedimentos necessários e garantir a Vincenzo a oportunidade de ter uma vida feliz e confortável, além da melhor educação possível. Ele diz firme. 
Minhas mãos pinicam com a vontade de toca-lo mas eu me contenho e as aperto em punho. Quando foi que Charles se tornou um homem tão decidido? Isso o deixa sexy.  Se contenha, Marie! Isso não é hora nem lugar. 
-Então não vejo problema em seguirmos com o pedido de guarda provisória. - o Advogado de Cecília responde encarando Charles. 
-Se essa for a melhor forma de garantir que Vincenzo fique conosco, então tudo bem. - Respondo e Charles apenas afirma. - Mas há alguma possibilidade de conseguirmos a guarda mais rápido ? Eu e Charles ainda temos muito a fazer para receber Vincenzo, além de não querermos que essa notícia se espalhe e interrompa a nossa privacidade. - pergunto. 
-Sendo honesto e até soando um pouco anti-profissional, mas realista, para vocês dois o processo pode ser bem mais rápido. - Giovanni diz. - Charles é um atleta mundialmente famoso e milionário. Falando com as pessoas certas, não tenho dúvidas de que leve mais do que alguns dias para que Vincenzo já esteja sobre os cuidados de vocês. - Ele esclarece o ponto de vista dele e eu posso apenas concordar. Claro que a influência de Charles mexeria alguns pauzinhos e por mais que eu sempre repudie esse tipo de ato quando eu o presencio, dessa vez eu só pude me sentir grata. Faremos o que for preciso para ter Vincenzo seguro conosco. Até mesmo utilizar dos privilégios que a fama e o dinheiro de Charles pode proporcionar. 
-Então o que vocês ainda estão esperando para encontrar essas pessoas? - Charles pergunta e eu tento disfarçar o sorriso. 
É, isso será mais excitante e assustador do que eu pensei. 
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educibercultura · 9 months ago
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Cultura de Massas, Cultura das Mídias e Cultura Digital: o que a TV tem a ver com isso?
Sejam bem-vindos ao blog EduCibercultura!
Hoje, vamos bater um papo sobre a televisão, um verdadeiro ícone da cultura pop no século XX, que começou suas transmissões lá nos anos 30, nos Estados Unidos e Europa.
No Brasil, essa história iniciou em 1950 quando a TV Tupi chegou com tudo, criada pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand. Ao longo do tempo, a TV foi ganhando espaço nos lares brasileiros, marcando uma transição importante da cultura de massas para a cultura das mídias e depois para a cultura digital.
A cultura de massas surgiu lá entre o final do século XIX e o início do século XX. Ela foca em entretenimento e na venda de produtos culturais para as camadas populares. É aquela história de poucos produzirem e muitos consumirem, sem muito espaço pra gente influenciar o que está sendo produzido.
Depois, veio a cultura das mídias lá pela metade do século XX, onde "[...] qualquer um pode produzir, criar, compor, montar, apresentar e propagar suas produções" (Santos; Alves; Oliveira, 2018, p. 69).
E chegamos na cultura digital! Essa é a era da internet, do computador e da convergência das mídias, mas também é sobre como a gente se comporta, nossos valores e atitudes, tudo sendo influenciado pelas tecnologias digitais.
E a TV, como fica nisso tudo? Bom, ela começou como um símbolo da cultura de massas, mas foi se adaptando. Hoje em dia, com o surgimento da internet e de serviços de streaming como a Netflix, Amazon Prime e Star+, ela ainda está firme, acompanhando essas mudanças tecnológicas. No próximo post, falaremos sobre TV e educação. Será que há conexão? Fiquem ligados e até breve!
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Referências
SANTAELLA, Lucia. Culturas e Artes do Pós-humano: da Cultura das Mídias à Cibercultura – Col. Comunicação. São Paulo: Paulus, 2003.
SANTOS, Isabella Silva dos; ALVES, André Luiz; OLIVEIRA, Kaio Eduardo de Jesus. Cibercultura: que cultura é esta? In. PORTO, Cristiane; ALVES, André; MOTA, Marlton Fontes. (Org.) EDUCIBER: diálogos ubíquos para além da tela e da rede: Aracaju: Edunit, 2018. Disponível em: https://editoratiradentes.com.br/e-book/educiber1.pdf. Acesso em: 5 abr. 2021.
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blogdojuanesteves · 2 years ago
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BOB WOLFENSON
O livro falado
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Acima: Lina Bo Bardi
Concordando com Kiko Farkas e João Farkas, editores do livro Bob Wolfenson O livro Falado ( Instituto Olga Kos, 2023 ) Wolfenson é sem dúvida um dos fotógrafos brasileiros mais publicados. Ele mostra imagens que são referência há tempos para qualquer fotógrafo novato ou veterano e reconhecido não somente em seu meio profissional. A razão, em parte, é porque na sua produção ele inclui também referências importantíssimas do cânone da fotografia. Segundo, é um autor inquieto que em sua trajetória soube ser plural não ficando somente em segmentos nos quais consagrou-se como na moda, retratos e publicidade, mas sendo um criador que arriscou em diferentes produções no cinema e na arte, obra já representada em diferentes publicações. [ Leia review aqui https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/166536557006/o-paulistano-bob-wolfenson-sem-d%C3%BAvida-tem-um-dos ].
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Acima: Otto Stupakoff nos Estados Unidos
Certamente seus retratos o levaram  ao nosso cânone brasileiro. Indiscutível posição juntamente com outros consagrados profissionais do gênero como o seu amigo e contemporâneo, o catalão J.R.Duran ou seu conterrâneo Jairo Goldflus, vizinho de infância do bairro paulistano do Bom Retiro, onde ele nasceu em 1954, em meio a uma família de intelectuais de esquerda, o que era tradicional na região outrora ocupada massivamente por judeus ou como ele mesmo escreve um "gueto judaico": Em uma atmosfera estimulante, cheia de humor, sagacidade e inteligência. O que ele não sabe se aparece em sua fotografia, mas que aparece na forma com que se relaciona com os outros, elementos essenciais para seus retratos.
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Acima: da série Antifachadas
O retrato é o meio fotográfico que toma a maior parte do livro, o mais expressivo com certeza. Entretanto, as suas histórias abrangem outros segmentos nos quais é igualmente um virtuose: a moda e experiências com a arte. Retratar alguém que expõe todo o seu potencial é algo que exige um relacionamento que pode ser imediato, improvisado ou estudado. Não há mágica. Esta fica para os que se dizem "mágicos". As figuras de Wolfenson contam histórias visualmente, e estas são escritas por ele sem afetação e sem a exposição de uma falsa intimidade quando esta não existe. Ele lembra da frase do americano Richard Avedon ( 1923-2004): "Embaixo da pele não há nada”. Para aqueles que romanticamente ainda acham que retratar alguém é buscar a sua “alma” talvez isso possa assustar. 
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Contato de fotografias de Caetano Veloso
A publicação faz parte da Coleção IOK de fotografia (do Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural de Arte). É seu quarto livro, o primeiro publicado em 2018 é Caretas de Maragojipe do fotógrafo João Farkas [ leia aqui review em https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/179872336636/maragojipe-est%C3%A1-a-pouco-mais-de-130-quil%C3%B4metros-de ];  o segundo Estudos Fotográficos, de Thomaz Farkas, de 2019, [Leia aqui review em  https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/186313247856/em-14-de-janeiro-de-1949-o-jovem-fot%C3%B3grafo ] e o terceiro, de 2021,  Olho Nu, de Rogério Reis de 2021 [ leia aqui review em https://blogdojuanesteves.tumblr.com/post/657805456882958336/olho-nu-rog%C3%A9rio-reis-instituto-olga-kos-2021-do ].
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Acima: o diplomata e poeta João Cabral de Melo Neto
Editadas pelo fotógrafo João Farkas e o designer gráfico Kiko Farkas, Bob Wolfenson o livro falado, conta as histórias de bastidores das fotografias. É a possibilidade de levar ao grande público os sucesso e os percalços que o fotógrafo teve na construção de imagens que podemos considerar icônicas no corolário de sua obra. É um elenco multifacetado em que figuram o compositor baiano Caetano Veloso, a atriz e roteirista niteroiense Fernanda Young (1970-2019), o diplomata e poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto ( 1920-1999); o fotógrafo paulistano Otto Stupakoff (1935-2009); o jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, Pelé ( 1940-2022) ou a cantora americana Nina Simone (1933-2003) entre outras personalidade que fizeram história, além de seus comentários sobre séries de lavra  mais autoral que resultaram e seus livros  Antifachada e Encadernação dourada (Cosac & Naify, 2004); Apreensões ( Cosac e Naify, 2010) e Belvedere (Cosac Naify 2013).
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Acima Nina Simone, músico e manager da cantora no Free Jazz
Em sua narrativa curta e simples, Nina Simone estava cambaleante e exausta quando veio para sessão de fotografias após sua apresentação no Free Jazz Festival de 1988, talvez cansada do show. O fotógrafo improvisou um fundo infinito nos bastidores e fez poucas imagens dela sozinha, por que viu que ela não ia conseguir mais. A solução foi juntá-la com um músico e seu manager, que a ampararam e posaram beijando a genial cantora. Com um domínio claro, os dois retratos apresentados são nada menos que excepcionais. Não é qualquer profissional que com apenas sete imagens consegue o que Wolfenson conseguiu. Fica aqui a mensagem, que às vezes o improviso dá certo.
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Acima: Flagrante de Charles Chaplin
Radicalmente oposto aos retratos está a série  Apreensões publicada no livro homônimo em 2010. A ideia surgiu ao deparar-se com a frequência e a infinidade de apreensões feitas pela polícia e publicadas pela imprensa. Ele conta que "Se, por um lado, trata-se de experiência à parte da minha vivência mais prosaica, por outro, seria impossível ficar indiferente à presença acachapante desses fatos na vida entre nós." Aqui, o leitor fotógrafo ou amante da fotografia ganha um bônus, pela descrição da técnica usada pelo autor: "O aparato empregado para recapturar aquilo que vemos diariamente na mídia foi novo para mim. Cheguei a ele na busca de um procedimento que substituísse os sistemas analógicos tradicionais, para obter mais agilidade no set fotográfico e na pós-produção. Utilizei o sistema de varredura digital, ou seja, um fracionamento da cena no momento da tomada fotográfica para que a imagem final alcançasse uma definição alta, salvo nas fotos de animais, pelo fato de eles se moverem e impossibilitarem o uso dessa técnica."
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Acima: Retrato do artista Hélio Oiticica
A história do retrato de Caetano Veloso é curiosa. Um de seus portraits mais difundidos - assim como o da arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992) segurando um pequeno bule que está no livro - no qual o músico estica sua sobrancelha. Wolfenson conta: "eu vinha já fazendo há algum tempo uma coisa em fotos de moda, baseado em fotos que eu tinha visto do Irving Penn (1917-2009), do William Klein (1926-2022), principalmente uma foto do Klein que eu tinha no meu estúdio, num pôster. Eu achava que arquear a sobrancelha conferia uma classe maior às modelos e eu fazia isso sempre quase como um método, e pedia isso a elas." 
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Acima: A fotógrafa Maureen Bisiliat
O fotógrafo dá uma pequena receita: "Quando você está diante de alguém, você precisa um pouco dirigir, inventar gestos e falar coisas. Nessas fotos do Caetano uma hora eu falei “levanta uma sobrancelha” e ele, que já fazia isso com uma destreza impressionante, imitando um ator de cinema americano desde a adolescência, fez variações pro lado esquerdo, pro lado direito, pra cima, pra baixo, enfim, uma profusão de variações e uma delas eu congelei. Enfim, virou a foto principal e é isso, a história é essa. Há pouco tempo alguém perguntou como é que eu tinha feito esse Photoshop... Eu deixo as folhas de contato junto para verem que a coisa é real mesmo..."
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Acima: Fernanda Young
Todo autor, mesmo os mais importantes, apesar de alguns renegarem dizendo que inventaram a roda (e não são poucos) tem suas influências e inspirações em alguns de seus predecessores, como já escreveu o genial crítico Harold Bloom (1930-2019) em seu A angústia da influência (1973), um livro sobre poesia, mas podemos fazer a transcrição para fotografia. Estamos perto dos 200 anos da invenção de um aparato que reproduz as coisas na nossa frente em imagens. Wolfenson como vemos acima, com sua modéstia e generosidade conhecida, não deixa de revelar algumas receitas e influências. É como uma receita de um grande chef, pode dizer os ingredientes com precisão, mas somente ele sabe aquele pouquinho de pimenta a mais que muda todo o sabor.  
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Acima: Luiz Frias > Otávio Frias Filho
Na fotografia do Grupo Oficina, comandado pelo ator José Celso, que estavam montando a peça Ela do dramaturgo francês Jean Genet (1910-1986), de 1997. Os atores estão de costas, agachados e nus, cobrindo seu derriére com as mãos. [Infelizmente não é possível de publicar neste blog por conta da censura]. Wolfenson diz: "Essa é a foto mais difícil, mais forte, mais agressiva de todas as fotos que eu tenho. No fim da leitura começamos a fazer umas fotos e eu falei “ah, vamos tirar a roupa?” Eles toparam – eu sabia já que eles tiravam a roupa na peça. Primeiro fizemos uma foto de frente – e eles é que deram a ideia dessa foto: “nós vamos melhorar... vamos fazer essa aqui”. A ideia é totalmente deles e fica um documento histórico desse momento Zé Celsiano." Podemos aqui fazer um saudável paralelo com a famosa imagem de Richard Avedon do grupo inglês Monty Python, quando Graham Chapman (1941-1989) e Terry Jones (1942-2020) sugeriram que os Monty Python fossem fotografados nus. 
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Acima: da série e livro Belvedere
Outro "desvio" das produções editoriais ou publicitárias, é a série Antifachadas de 2003, que tem o livro homônimo. Wolfenson conta que era inverno estava perambulando tristemente pelo centro de São Paulo, "a luz estava oblíqua, límpida, olhei praqueles edifícios carcomidos semiabandonados, a luz conferia a eles uma nova beleza na feiúra de seu abandono. Eu fotografava mais pessoas, o meu barato era sempre foto de gente. Mas fiquei com isso na cabeça: realizar um trabalho sobre esta paisagem que me era muito familiar, porque eu era do Bom Retiro, nesta região central, e morava num primeiro andar onde a paisagem era sempre um prédio à frente, tudo meio amassado, não havia horizonte e a atmosfera era, digamos assim, rarefeita." Para o fotógrafo essas antifachadas são o começo de todos os  trabalhos que começou a fazer, a partir de então, "que eu inventei e realizei a partir de uma mera observação de um lance fortuito." 
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Acima: “moda impressionista”
"O livro falado" traz uma oportunidade rara de "ouvir" um autor excepcional sobre suas inúmeras imagens em uma narrativa essencialmente informal e franca, afinal são mais de 50 anos de fotografia e um reconhecimento indiscutível. Seu encontro com personagens já mencionados e outros como os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula; artistas geniais como Luiz Hermano, e Hélio Oiticica (1937-1980); conhecer os bastidores dos lindos nus e imagens sensuais da Playboy de atrizes como Maitê Proença e Bárbara Paz ou da cantora Anitta ou se preferir  o cantor Chico Buarque e o artista chinês Ai WeiWei seminus, além de imagens que foram resgatadas do estúdio do fotógrafo, inundado por duas vezes, que transformaram-se em obras de arte. A história do entretenimento contemporâneo brasileiro ( e as vezes internacional) por um raro e feliz raconteur.
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Acima, Cubatão, imagem em grande formato.
Imagens © Bob Wolfenson  Texto © Juan Esteves
Infos básicas:
Fotografias e textos: Bob Wolfenson
Edição de imagens : João Farkas e Kiko Farkas
Design: Kiko Farkas/ Máquina Estúdio
Digitalização e  tratamento das imagens: Chris Kehl
Pré impressão e impressão: Gráfica e editora Ipsis
Para adquirir o livro: https://shop.bobwolfenson.com.br/products/book-o-livro-falado
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musicshooterspt · 2 years ago
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#QueroMaisMusicaPortuguesa
Depois da quota obrigatória de 30% de música portuguesa nas rádios ser abandonada pelo ministro da Cultura, surge o movimento #QueroMaisMusicaPortuguesa. Este movimento conta com uma petição com mais de 2,000 assinaturas e o apoio de inúmeros artistas portugueses como Rui Veloso, Luísa Sobral, Luís Represas, entre outros.
Podem perceber melhor sobre este movimento com este vídeo do Expresso:
youtube
Alegando que “não há produção suficiente de música portuguesa para assegurar estes valores”, o presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão também se apresentou contra o aumento da quota.
Hoje deixamos algumas sugestões de música portuguesa, provando que existe muita e boa música no nosso país, que pode satisfazer todos os gostos.
Para fãs de thrash metal apresentamos os promissores Warout com a recente Addicted to Violence, uma bomba ao vivo! (Data de lançamento: 6 de Janeiro, 2023)
Os transmontanos Whales Don’t Fly, no género do Metal, iniciaram em 2018 e lançaram o primeiro álbum em 2022. Uma viagem que vale a pena fazer, do início ao fim (Data de Lançamento: 6 de Fevereiro, 2022)
Também de raízes transmontanas, os Soul Despair são uma banda promissora no MetalCore. (Data de Lançamento: 14 de Abril, 2023)
Outras bandas dentro do género que vale a pena ouvir: Seventh Storm, Jarda, Toxikull, Ledderplain, Moonspell, Tara Perdida, Apotheus
Vamos dar uma voltinha até ao rock, com os mirandelenses Dan’s Revival, que remetem para o rock dos anos 60. (Ano de Lançamento: 2019)
No folk rock temos os brigantinos Yvette Band com o novo álbum Co[N]tradição.
(Desculpem, isto está a tornar-se uma ode a Trás-os-Montes)
Os Diabo na Cruz, que continuam a deixar saudade.
No indie rock não podemos deixar de mencionar os já conhecidos Capitão Fausto e Ornatos Violeta
No pop rock/ punk rock os Baleia Baleia Baleia continuam a dar cartas com o álbum Suicídio Comercial lançado em 2022, considerado um dos melhores do ano.
No rock alternativo, Persona 77 lançaram o mais recente EP em 2022.
Paraguaii, First Breath After Coma, The Miami Flu, The Poppers, Fugly, Grandfathers House, Bed Legs tudo nomes de bom rock indie português
Os portuenses Jupiter lançaram hoje (14 de abril, 2023), Diamante em Bruto, um estilo funk/groovy “à moda do Porto”
No campo instrumental, já conhecemos Homem em Catarse
Os tops nacionais não mentem com vários artistas portugueses na lista, demonstrando que o público português gosta da música que por cá se faz:
Bárbara Bandeira, Carolina Deslandes, Diogo Piçarra, Slow J, Bárbara Tinoco, D.A.M.A., Miguel Araújo, António Zambujo, são apenas alguns nomes que estão uma e outra vez entre os mais ouvidos no nosso país
Lo-fi beats? Também temos
Com raízes no R&B, Lo-fi e rock, os vimaranenses The Midnight Spot surgiram há alguns anos e finalmente lançaram dois singles em 2021. Fica aqui um deles.
Chegamos finalmente ao rap e hip hop, com nomes como Sam the Kid, Plutónio, Wet Bed Gang, Boss AC, Da Weasel que são já parte do nosso vocabulário.
Bezegol, que dispensa apresentações e rótulos (esta com Rui Veloso, que dispensa ainda menos de apresentações) - Aqui
Não esquecendo a música popular, que não é só pimba, deixamos algumas sugestões engraçadas para fazer um bailarico à moda portuguesa.
Canedo // Galandum Galundaina
Quem nunca dançou esta música de braço com um amigo que atire a primeira pedra.
Ainda há muitos portugueses que acreditam não gostar de música nacional porque “não gosto de pimba”. Temos que deixar umas palavras de agradecimento ao pimba, mesmo assim, por todas as festas da terrinha, todos os finos derramados, os sorrisos rasgados e a certeza de que cada verão português vai deixar saudade até ao próximo.
O fado, é obviamente, um dos géneros mais característico do nosso país, apesar de não ser o favorito de toda a gente. Mesmo assim vale a pena ir a uma casa de fados e apoiar a nossa economia local, ou ir à Monumental Serenata em Coimbra chorar com os amigos.
Povo que lavas no rio // Amália Rodrigues
Canção do Mar // Dulce Pontes
Além de vários outros artistas aqui não mencionados (tentámos dar palco aos menos conhecidos, não querendo esquecer os nomes de renome no país), se esta lista ainda não te foi suficiente para despertar a curiosidade (esperamos que não), podes ouvir mais música portuguesa aqui:
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papodecasual · 1 year ago
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Como relembrar é viver, vamos lembrar de um dos últimos atos oficiais de reconhecimento que Cho Aniki teve por parte da empresa detentora de seus direitos: o "Cho Aniki Festival" (超兄貴祭). Realizado em 24 de março de 2018, no Ikebukuro EDGE, em Tóquio, o evento, organizado pela Extreme Corporation, tinha como objetivo celebrar 25 anos de existência da franquia e reuniu fãs em um show com diversas atrações que remetem ao legado musical da franquia.
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Uma das primeiras a se apresentar no evento foi a cantora e dubladora Emi Uema que cantou "Pouring Rain"(1), música que fez parte da campanha de marketing do personagem Uminin, o bonequinho azul mascote de Cho Aniki que caiu no gosto da Extreme Corporation em meados de 2010.
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Depois dela, a banda Kaminari (神鳴) fez a sua apresentação. O nome não é muito familiar a primeira vista, mas se buscarmos na sua composição veremos Don Mc Cow, um dos compositores da franquia que teve grande influência na composição da trilha sonora do jogo de PS1 e SS, Cho Aniki: Kyuukyoku Muteki Ginga Saikyou Otoko.
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A banda Idaten-tai (韋駄天隊) também marcou presença! Esse grupo musical foi formado após o anúncio do jogo Cho Aniki Zero, lançado para PSP como um reboot da franquia. O ponto alto de sua aparição foi a música "Men's Panic" (2), tema que embalou muitos dos trailers do último jogo e foi tratado por um tempo como o "tema oficial" da série.
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Outra atração convidada foi o grupo "Nagareda Project" (流田Project). Desconheço a ligação que eles têm com a franquia, mas parece que o show foi muito bom! A banda fez cover de algumas aberturas bem conhecidas como "Pegasus Fantasy" e "Cha-la Head Cha-la" o que levou ao delírio o público, majoritariamente composto por homens na casa dos 40 anos.
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O mestre Koji Hayama, compositor mais icônico da franquia, também apareceu, não para cantar, mas para trazer uma mensagem de parabéns para Cho Aniki.
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Além dos shows, os fãs receberam latinhas de energético e tiveram a oportunidade de tirar fotos comemorativas com os "verdadeiros" Adon e Samson, que recebiam as pessoas na entrada do evento.
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O site Nico Nico Douga fez uma transmissão ao vivo do Cho Aniki Festival, mas infelizmente a gravação de se perdeu no tempo, tudo que restou para nós foram algumas imagens sobre a cobertura do evento e o excelente artigo do site 4Gamer(3) que traz uma excelente retrospectiva da noite, está em japonês, mas o google tradutor até que nos salva.
Bem, é isso, esse é um tipo de posto que não funcionaria bem no Twitter, então fica aqui no Tumblr como registro.
Links: 1) Pouring Rain por Emi Uema: 【うみにん】Pouring rain【Tifan】 - YouTube; 2) Men's Panic por Idaten-tai: [Cho Aniki] Men's Panic (Animated Music Video) - YouTube; 3) Cobertura do evento pela 4Gamer: 「超兄貴」25周年を祝したライブ「超兄貴祭」をレポート。マッチョマンが猛り,うみにんが踊り,皆でフロントダブルバイセップスした (4gamer.net)
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