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#E agora José - De Carlos Drummond de Andrade
algumaideia · 1 year
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What now, José? The party’s over, the lights are off, the crowd’s gone, the night’s gone cold, what now, José? what now, you? you without a name, who mocks the others, you who write poetry who love, protest? what now, José?
You have no wife, you have no speech you have no affection, you can’t drink, you can’t smoke, you can’t even spit, the night’s gone cold, the day didn’t come, the tram didn’t come, laughter didn’t come utopia didn’t come and everything ended and everything fled and everything rotted what now, José?
what now, José? Your sweet words, your instance of fever, your feasting and fasting, your library, your gold mine, your glass suit, your incoherence, your hate—what now?
Key in hand you want to open the door, but no door exists; you want to die in the sea, but the sea has dried; you want to go to Minas but Minas is no longer there. José, what now?
If you screamed, if you moaned, if you played a Viennese waltz, if you slept, if you tired, if you died… But you don’t die, you’re stubborn, José!
Alone in the dark like a wild animal, without tradition, without a naked wall to lean against, without a black horse that flees galloping, you march, José! José, where to?
...
Translated by Len Sousa
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annalegend · 8 months
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E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
- Carlos Drummond de Andrade
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megacoeh · 9 months
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Carlos Drummond de Andrade, poema
“E agora José? https://m.facebook.com/groups/2707479516149993/
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danielapachiani2021 · 11 months
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"Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode ..."
Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
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JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
(...)
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho do mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade - Óbito 17 de Agosto de 1987
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fredborges98 · 1 year
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Qual a relação entre Moliére, Drummond e Patativa de Assaré, Suassuna e Hobsbawn?
A ironia e o desencontro entre o conceito de democracia e sua prática.
Por: Fred Borges
Sempre que há atrito entre os extremos é preferível procurar o caminho do diálogo e da diplomacia de resultados práticos a curto, médio e longo prazos.
Como fonte inspiradora cito a Índia de Mahatma Gandhi e os EUA de Martin Luther King Jr.
Há excessos de ambos os extremos, nem tanto e nem tão pouco, é preciso ter um equilíbrio.
Estamos diante de uma operação de desmonte da oposição legítima pelo revanchismo ao Bolsonarismo, uma direita do movimento da TFP( Tradição, Família e Propriedade) e CCC( Comando de Caça aos Comunistas) e do outro lado da COLINA ( Comando de Libertação Nacional), ambos do período da Ditadura Militar no Brasil.
E agora, José?
Perguntaria Carlos Drummond de Andrade em plena ditaduras-1942, século XX, Era dos Extremos de Hobsbawn.*
Segue o poema:
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Para não antagonisar é preciso ouvir ou melhor escutar as duas partes de uma mesma laranja, esta laranja chama- se Brasil, maior exportador de suco de laranja em forma de commodity, mas que urge ter que distribuir e fazer o dever de casa otimizando e disseminando a riqueza do suco entre os brasileiros e da mesma forma a esquerda deve dividir seus ativos entre a população renunciando a centralização, cooptação, corrupção, abdução a sua nave vermelha, manipulação do poder e do seu patrimônio sindical, "proletário", fortunas pessoais de políticos e empresários de todos setores da economia " socialista" com a mesma população.
Mas como isto configura- se utopia e estamos caminhando para uma distopia e desequilíbrio entre os poderes que governam a nação,proponha-se uma via do real patriotismo, onde não cabe nacionalismo de esquerda ou de direita, cabe o Brasil soberano como Nação.
Neste sentido propõe- se analisar políticas internas e externas de outras nações do mundo, no presente elas servirem de benchmarking**, adaptando e fazendo o melhor pela população.
Exemplo da Índia. A quinta maior economia mundial.
Esta nação tem como principal objetivo da política externa garantir sua autonomia estratégica.
Para tal, torna-se necessário alcançar: segurança externa e interna, crescimento econômico sustentável, segurança energética e marítima e acesso à tecnologia e desenvolvimento de tecnologias de ponta.
A política interna é base para a política externa.
Uma é dependente da outra, em termos micro, e com grau acentuado de relatividade é uma metáfora de um pai que diz ao seu filho: Faça o que digo, não faça o que faço!
Temos que sermos um exemplo interno para sermos o nosso reflexo externamente.
Sabemos que a base de um país é uma educação de qualidade e na Índia ela é rígida, disciplinada e meritocrática baseada em exames e avaliações exigentes, assim se quisermos chegar ao cume da montanha devemos olhar para o céu, pois este será o limite da nossa imaginação e realização.
É claro que, como toda nação, teremos idiossincrasias.
No caso da Índia, cito duas: o sistema de castas( Brahmins, Kshatriyas, Vaishyas e Shudras) e a multi diversidade de dialetos falados.
Mas no Brasil também ás temos, e as piores idiossincrasias são ás não declaradas, como o "apartheid" entre ricos e pobres, dos que se declaram negros e brancos, das favelas ou comunidades e luxo- lixo dos condomínios,a perseguição, o revanchismo e marginalização da oposição diante da " politicagem"do governo atual, com múltiplas máscaras, muito eufemismo,derivada do politicamente correto na palavra,perante a pouco ou nada correto na ação.
A política externa do atual governo tem apresentado paradoxos ao mundo, pudera, falta-lhe consistência de propósitos maiores, muito além da sobrevivência simplista, medíocre e superficial dos cargos políticos que gerem o pessoal, individual, corporativo, como se fosse gerir sua própria casa, lar, conta individual ou jurídica de suas empresas, monopólios,lobby, oligopólios, cartéis nas suas bases eleitorais, sejam de que " casta" forem.
Se o Brasil fosse um paciente da área psiquiátrica ou psicológica ele seria diagnosticado por várias CIDs, como não sou desta área, prefiro não emitir opinião, deixo para os especialistas.
Uma coisa é certa, sendo um país, onde a maioria é cristã, temo dizer que estamos vivendo o inferno num país por muitos considerado o paraíso.
Certo também que foi empoçada a quadrilha de Carlos Drumond de Andrade e o prefeito sem prefeitura de Patativa em versos e prática:
Quadrilha
De Carlos Drummond de Andrade.
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili,
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Onde cada um por si e Deus por todos. Se existe uma unanimidade no Brasil é Deus!
Ou como escreveria Patativa:
Nesta vida atroz e dura
Tudo pode acontecer,
Muito breve há de se ver( já estamos há muito vendo e foi intensificado com o governo atual)
Prefeito sem prefeitura;
Vejo que alguém me censura
E não fica satisfeito,
Porém, eu ando sem jeito,
Sem esperança e sem fé,
Por ver no meu Assaré.
Prefeitura sem prefeito
Por não ter literatura,
Nunca pude discernir
Se poderá existir
Prefeito sem prefeitura.
Porém, mesmo sem leitura,
Sem nenhum curso ter feito,
Eu conheço do direito
E sem lição de ninguém
Descobri onde é que tem
Prefeitura sem prefeito.
Ainda que alguém me diga
Que viu um mudo falando
E um elefante dançando
No lombo de uma formiga,
Não me causará intriga,
Escutarei com respeito,
Não mentiu este sujeito.
Muito mais barbaridade
É haver numa cidade
Prefeitura sem prefeito.
Não vou teimar com quem diz
Que viu ferro dar azeite,
Um avestruz dando leite
E pedra criar raiz,
Ema apanhar de perdiz
E um rio fora do leito,
Um aleijão sem defeito
E um morto declarar guerra,
Porque vejo em minha terra
Prefeitura sem prefeito.
Patativa do Assaré.
Com inspiração em Ariano Suassuna citando Moliére concluímos este artigo:
" Não existe tirania que resista a gargalhadas que lhe dêem três voltas em torno.”
Mas não poderia deixar de citar outros pensamentos de Moliére:
Todos os vícios, quando estão na moda, passam por virtudes.MOLIÈRE, J.,Don Juan, ou Le Festin de Pierre, 1810
Ou
Foge a razão perfeita a toda a extremidade,
E deve a gente ser sagaz com sobriedade.Molière
O Misantropo
A virtude é o primeiro título de nobreza; eu não presto tanta atenção ao nome desta ou daquela pessoa, mas antes aos seus atos.MOLIÈRE, J.,Don Juan, ou Le Festin de Pierre, 1810
Ou
Um tolo que não diz palavra não se distingue de um sábio que se cala.
MOLIÈRE, J., O Despeito Amoroso.
Ou
A virtude neste mundo é sempre maltratada; os invejosos morrerão, mas a inveja é poupada.Molière
O Avarento.
Estamos diante de uma máquina de moer cana e tirar o sumo( purê) da laranja, o que vai lá para fora é diluído em água, só quem é esclarecido e iluminado pelo saber em poder democrático, convive o dia a dia do Brasil, sabe realmente conceituar e diferenciar a realidade da fantasia,o joio do trigo do campo e em Brasília, a cana do álcool do líder alcoólatra, a laranja do suco natural do exportado para o mundo, pois Deus é brasileiro ou teria somente Antônio Conselheiro alcançado o iluminismo e a iluminação de Deus-Pai?
* Eric John Ernest Hobsbawm (Alexandria, 9 de junho de 1917 – Londres, 1 de outubro de 2012)[1] foi um historiador marxista britânico reconhecido como um importante nome da intelectualidade do século XX. Ao longo de toda a sua vida, Hobsbawm foi membro do Partido Comunista Britânico.
** Processo de avaliação das organizações em relação à competição e competitividade micro e macro econômica, por meio do qual incorpora os melhores desempenhos de outras organizações ou nações ( micro/macro) e/ou aperfeiçoa os seus próprios métodos, políticas e sistemas de modo geral e específico- segmentos.
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lucianopodes · 2 years
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José🤔 E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio — e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde Carlos Drummond de Andrade @prof.lucianodornelles #carlosdrummonddeandrade #eagorajose (em Por Ai) https://www.instagram.com/p/CnwnFtLOHhO/?igshid=NGJjMDIxMWI=
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sentimentosdemim · 2 years
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E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
(Carlos Drummond de Andrade)
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dccxxvii · 3 years
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"E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio — e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?"
José (1942), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
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felicitypdf · 4 years
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top 5 films you've seen this year & top 5 poems ❤
zee! thank you darling💘💖💞💕
top 5 films: emma, moving parts, parasite, scream (the og), and thoroughbreds! I have no concept of time but I think I watched all of them in 2020
top 5 poems (I’ll do longer ones!): soonest mended by john ashbery, adieu to norman bonjour to joan and jean-paul by frank o’hara, midsummer by louise glück, e agora josé? by carlos drummond de andrade (can’t find an official english translation😔) annnd good bones by maggie smith! but they’re always changing!
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60 anos da publicação de O arado
Em 2018, passou-se o centenário da poeta Zila Mamede (1928-1985) — autora de Rosa de pedra, Salinas, Corpo a corpo, entre outros livros. Agora, em 2019, passam-se seis décadas da publicação de seu terceiro trabalho; O arado saiu em setembro 1959, no Rio de Janeiro, pela Livraria São José, com prefácio de Câmara Cascudo e elogiado por Carlos Drummond de Andrade.  Imagens:  1. Zila Mamede e João Cabral de Melo Neto (visita do poeta pernambucano a Natal, 1976); 2. Capa da 1ª edição de O arado (Rio de Janeiro, 1959); 3. Fac-similar de uma das páginas de O arado, com o poema “Banho (Rural)” e intervenções de Zila Mamede.
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umshowdeaurelio · 5 years
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José (1942)
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio — e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
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sobreplanos · 4 years
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José
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio — e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
-  Carlos Drummond de Andrade, 1942
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meu-novomundo · 6 years
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José
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio — e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde? 
- Carlos Drummond de Andrade
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m-ecanicaceleste · 6 years
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E agora, José?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
Carlos Drummond de Andrade.
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blogmariagchagas · 6 years
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José
E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? Sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio — e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José! José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
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