#. ✴︎ 𝙗𝙚𝙝𝙤𝙡𝙙 𝙩𝙝𝙚 𝙨𝙪𝙣𝙨𝙝𝙞𝙣𝙚 : interactions
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──── ⠀. ✹ 𝒔𝐭𝐚𝐫𝐭𝐞𝐫 𝐩𝐚𝐫𝐚 @lysanstd 𝘦𝘮 𝖯𝗋𝖺𝗂𝖺 𝖢𝖺𝗅𝗂𝗌
𝐀dorava desanuviar das contrariedades na quietude de Sycamore Park, graças a vastidão de beleza e natureza quase sacra, intocável por mãos mundanas. Contudo, essa inviolabilidade absoluta trazia um dilema particular para alguém cujo prazer residia em colecionar fragmentos do mundo. Não devastar o ambiente era cabível, respeitava plenamente, mas a proibição de não poder sequer recolher uma pequenina pedra parecia quase uma afronta pessoal. Por isso, ao raiar da tarde, ela já encontrava-se em seu outro refúgio querido, quase sempre partilhado com Gale: a praia de Calis.
A ausência de sua habitual companhia lhe soava estranha, mas o Seon ao seu lado, pousando vez ou outra sobre os cabelos escuros como se fosse uma bolinha quicando sobre o solo, atenuava todo e qualquer pesar da ausência. Sentia-se, então, impelida a caminhar sem cessar, absorvendo o compasso das ondas e deixando-se envolver pelo marulhar incessante. Não resistia a encher o interior da barra de seu manto branco, improvisando como se fosse uma espécie de pequena bolsa para os achados; entre eles, uma concha terminantemente perfeita, que, ao posicionar rente a orelha, a sussurrava segredos do mar. Mas até o ato de respirar parecia, por vezes, uma interrupção da jornada; queria que cada instante fosse dedicado a descobrir os detalhes ao redor. Em dias assim, em que buscava se afastar das amarguras, o tempo lhe parecia ainda mais fluido, como se cada segundo se desfizesse mais volátil.
Sem perceber, o crepúsculo já despontava, tingindo o céu em entretons de coral, amarelo e laranja. A luz dourada do sol derramava-se sobre a pele, irradiando um brilho morno que a fez, por fim, desacelerar os passos — um gentil lembrete do mundo, implorando para que pausasse e absorvesse a infinita beleza daquele instante.
Ao se aproximar um pouco mais do limiar da água, notou como aquela área era quase cristalina, de um azul profundo que parecia guardar segredos ancestrais; ela quase conseguia enxergar o movimento lento das correntes abaixo da superfície, e deteve-se a contemplar o reflexo ondulante. Algo ali acendeu os sentidos, como se uma presença a observasse das profundezas, em uma ligação silenciosa que se estendia de ambos os lados. Ao estreitar o olhar, uma sombra que parecia domiciliar-se na escuridão líquida captou-lhe a atenção. A princípio, pensou que fosse apenas uma formação de rochas ou, talvez, algum tronco submerso. Mas à medida que o vulto se tornava mais claro, uma nova possibilidade surgiu em sua mente: poderia ser um crocodilo-marinho — grande demais, é claro, mas tudo depende do referencial.
Então, dois olhos, de fendas largas e brilhantes, abriram-se repentinamente quase diante dela, encarando-a com intensidade palpável, como se averiguasse algo. Seu corpo enrijeceu, e o ar esvaiu-se de seus pulmões. Um dragão. "Oh, céus, mil perdões, ó grande… Azul?" Uniu as mãos rente à cabeça, numa reverência improvisada. Sem saber como chamar a criatura, limitou-se a aludir as escamas índigas, ainda mais refulgentes pelo contato com a água. "Não irei mais incomodar seu son-" Tentou recuar, mas seus pés se entrelaçaram em nós trêmulos e incertos, e antes que pudesse recompor-se, viu-se caindo e inevitavelmente levando consigo não somente o corpo, mas as quinquilharias, as quais esparramaram-se e perderam-se no vaivém.
A maré, ainda que calma, parecia ganhar força própria ao seu redor. Os braços moveram-se freneticamente na tentativa de voltar à superfície, mas o tecido embaraçava-se a cada movimento, e o peso da saia molhada parecia impossível de vencer, puxando-a para baixo como uma âncora. Ela conseguia ver bolhas flutuando para cima, levando embora o último fôlego que restava. O mundo começava a escurecer ao redor, cada vez mais distante da superfície.
Ainda que a visão estivesse mais e mais turva, Arya pôde distinguir quando uma outra silhueta humana atravessou a superfície acima de si, descendo em sua direção. Ao lado, pôde entrever novamente o corpo vigoroso, movendo-se com uma graça quase sobrenatural, enquanto as escamas refletiam o brilho verdemar da água. Mas antes que pudesse entender o que estava acontecendo, o mundo apagou-se completamente, deixando apenas um silêncio profundo e negro, como as profundezas mais remotas do oceano.
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𝐄mbora toda sua família mantivesse uma postura prudente — ainda que não desprovida de coragem —, Aishwarya jamais se destacara por uma natureza particularmente cautelosa. Ao contrário, em momentos críticos, seu impulso invariavelmente era maquinado pelo temor em si, o que, embora não a tornasse intrépida, tampouco a entregava por completo à mercê do próprio destino.
Quando, repentinamente, se viu paralisada pela figura que a ela nada parecia senão pura escuridão entrecortada por tímidos reflexos da lua e voz plenamente desconhecida, os olhos, grandes por natureza, assumiram o aspecto vítreo de bolas de gude, prestes a despencar de suas órbitas e rolar pelo chão daquele espaço que, segundos atrás, jurava ser a fortaleza perfeita para resguardar seu segredo.
Não estava na presença de seu seon, tampouco havia considerado prudente carregar o delicado pincel em suas vestes; confiara que, sob os auspícios de um evento oferecido pelo Imperador, tudo seguiria a mais estrita normalidade.
Tola, tola tola.
Sentindo-se apunhalada pelos caprichos do destino, como se lhe coubessem novos descasos, com os lábios ainda polvilhados de farelos doces e os dedos lambuzados, agarrou um dos confeitos e o lançou, com toda força que lhe era cabível — e, francamente, não era muita — na direção da criatura inesperada, acertando-lhe exatamente o centro da fuça.
“Ai, assombração! Some! Some! Some!” O desespero lhe toldava os sentidos, abafando até mesmo a consciência dos próprios protestos descabidos.
A voz materna reverberou nos despenhadeiros da mente, repreendendo os modos perecidos por estar à vontade, consequência de uma confiança demasiada na escolha de um espaço seguro. E uma lady ideal nunca deve permitir-se estar à vontade, nunca!
Prestes a fugir, as sombras finalmente cederem ao clarão lunar, revelando que ali não havia assombro algum, apenas um corpo sólido de gente bem viva, com carne e osso.
"Oh, céus." Com ambas as mãos discretamente ocultas nas costas, escondeu qualquer vestígio comprometedor, e mordiscou os lábios ciente do próprio erro. "Mil perdões, agora sinto-me Dom Quixote," Ela contorceu o nariz sem notar, com a sensação de que um sorriso deveria estar prestes a ser exposto em si, nada secretamente achando graça. "Lutando contra criaturas imaginárias que na verdade são moinhos de vento. Seu rosto está bem?"
𝒐𝒑𝒆𝒏 𝒔𝒕𝒂𝒓𝒕𝒆𝒓 . 𓂅 você!
Era fácil para as pessoas usarem o anonimato do drink de Valinor para deixar suas mais profundas fantasias aflorarem. Rhys olhava curioso para o salão do baile, sem reconhecer nenhuma das pessoas ali presentes, um sorriso sutil despontando nos lábios enquanto observava casais saindo escondido, conversas fiadas e muita bebedeira. Estava pronto para deixar que o álcool surtisse efeito em si quando reparou num pequeno pedaço de pergaminho caído no caminho, curioso abaixou-se para apanhá-lo e encontrou nele um recado: encontre-me no lado leste do salão, no canto mais escuro da varanda. Ora, ora se não era um encontro as escondidas e que ele não deveria saber, infelizmente para o remetente da mensagem, Rhys era muito curioso e como a mensagem não tinha chegado ao destinatário - assim imaginava - ele podia passar-se pelo mesmo. Rumou até o local do encontro marcado, mas não encontrou ninguém, demorando-se em esperar pelo menos mais alguns minutos até que passos se aproximaram e fizeram um sorriso brotar nos lábios do rapaz. " achei que passaria a noite toda esperando. "
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──── ⠀. ✹ 𝒔𝐭𝐚𝐫𝐭𝐞𝐫 𝐩𝐚𝐫𝐚 @harmonicabreeze 𝘦𝘮 𝖡𝖺𝗅𝖽𝗐𝗂𝗇’𝗌 𝖦𝖾𝗇𝖾𝗋𝖺𝗅 𝖶𝖺𝗋𝖾𝗌
𝐔m enorme chapéu, escandalosamente decorado com pedrinhas de valor duvidoso, foi enfiado sobre a cabeça de Arya, ocultando-lhe parte das mechas escuras e boa quantia do semblante, deixando à mostra apenas o sorriso franco que logo se desdobrou em uma gargalhada, duas ou três oitavas acima do habitual, ao fitar brevemente o próprio reflexo em uma das janelas modestas.
“Uma verdadeira dama da capital do império.” Com as mãos firmes nos quadris, ela desfilou com ar de solenidade e o nariz empinado, embora a pose não durasse mais que três segundos antes de disparar o olhar ao amigo, com bochechas inflando-se em diversão. “Não pense que esqueci o motivo de estarmos aqui: prometeu que encontraríamos rasgulla e boas tintas.” Retirando o chapéu, empoleirou-o sem brusquidão sobre a cabeça dele, revelando um sorriso traquina no movimento.
Desde o calamitoso sucedido de outrora — não bastasse a vida com tantos tropeços terríveis —, o corpo de Aishwarya parecia quase carente e falho de uma engrenagem essencial, devido a ausência do costumeiro ritual, e Gale a encontrou exatamente assim, vagando pelos corredores como um cachorrinho abandonado à beira da estrada.
Após tantos anos de amizade — quase suficientes para contar nos dedinhos das mãos — ambos conheciam muito bem as forças e fraquezas um do outro, para o bem e para o mal, e como se nada fosse, ele logo buscou animá-la com a promessa de materiais para seu hobby e um banquete de rasgullas, que tratam-se de bolinhos esféricos de chenna cozidos em calda doce, tão suculentos que o néctar infiltrava-se até o coração da massa. E céus, Aishwarya não poderia fazer algo que não sucumbir às tentações de doces e guloseimas, como girassol que remexe inconsciente as pétalas seguindo a luz solar.
“Aliás, com toda essa tensão, talvez seja sensato não voltarmos muito tard-” Olhinhos brilharam e a fala abruptamente interrompeu-se quando, do outro lado da sala, avistou um colar; como um peixe fisgado por um anzol bem firme, ela foi levada pelo movimento da linha invisível.
Num piscar de olhos, ela atravessou a distância, examinando o acessório mais de perto. O colar tinha uma corrente delicada, de elos finos, levemente fosca, conferindo-lhe um aspecto sutilmente envelhecido. No centro, pendia uma pequena âncora de metal polido, com detalhes gravados que lembravam suaves arabescos, emoldurando o desenho com uma elegância artesanal. O corpo da âncora era compacto e refinado, mas robusto o suficiente para sugerir um peso simbólico — como um amuleto de proteção. Na parte superior, um laço entrelaçado a prendia à corrente, e, na base, um minúsculo cristal azul, brilhando com a luz ao menor movimento, trazia um toque de cor, imitando as profundezas do oceano. “Isso ficará perfeito em você, veja só!” E, sem hesitar, já se dirigia ao balcão, pronta para pagar pelo presente inesperado e absolutamente não requisitado.
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𝐌al havia pousado a taça de suco de morango, deliciando-se em seu sabor adocicado salpigado em toda extensão da língua, quando a voz da princesa ressoou pelo salão de refeições, firme e cortante, como o toque frio e afiado de um sino metálico. As palavras, ainda que cuidadosas, reverberaram com uma seriedade que fez as chamas das tochas vacilarem, tornando o ambiente subitamente mais frio. Ao redor, murmúrios cessaram, e olhares desviaram para a expressão implacável de Elysia, cuja severidade não se quebrava nem mesmo ao piscar.
Num primeiro momento, mesmo em meio à tensão crescente e ao fluxo de informações, Aishwarya permaneceu mais absorta na textura aveludada da torta. Mas, ao erguer as vistas, encontrou-se diante do furacão silencioso que prendia-se nos reconditos da outra. Seu coração apertou, mais em compaixão do que em receio. Sabia que a perda da pira sagrada provocava justa indignação, mas questionar tão diretamente os convidados a inquietava. Parecia excessivo e, ousadamente pensou que... Indevido? Tinha certeza que o poder necessário para isso não estaria ao alcance dos meio-feéricos.
Ajeitando os cabelos soltos que moldavam sombras ao redor da face, ensaiou um sorriso discreto, quase tímido, buscando, com aquela leveza, dissipar o peso que o ambiente adquirira, e, em um tom suave, porém audível o bastante para que Elysia captasse cada sílaba, começou a falar.
“Ei, ei, ei. Ely, será que isso tudo não passa de um... equívoco? Digo, imagine só,” Aishwarya iniciou a sugestão, acompanhando o fluxo do pensamento com um riso breve e incerto. “Seria ingenuidade um changeling tentar — ou mesmo conseguir — algo que claramente lhe escapa às habilidades, não acha?” Ofereceu aos bocados a sombra de um sorriso sem defesas no limite dos lábios, esperançosa de não receber algo áspero em resposta. “Às vezes, no calor de tanta devoção, esquecemos que nossas tradições são mais fortes do que as circunstâncias. Pode ser que a pira tenha sido apenas... temporariamente extraviada? Esses salões são tão grandes, e qualquer um poderia, sabe, enganar-se sobre o paradeiro de uma coisa ou outra.”
Esboçou um gesto displicente, como se referir-se a uma pira sagrada perdida entre almofadas e tapeçarias fosse a mais corriqueira das situações; sabia que não era, é claro, mas poderiam, ao menos, sustentar essa aparência até que os ânimos se apaziguassem devidamente. Arya então se aproximou, perfume de canela e mirra pairando no ar, o olhar doce pousando sobre a amiga com uma gentileza quase desarmante. “Não seria melhor respirarmos fundo? Pois, veja, estou certa de que a verdade realmente se revelará... Mas, até então, deveria experimentar esse suco, os próprios deuses devem tê-lo abençoado!
𝖣𝖤𝖫𝖨𝖡𝖤𝖱𝖠𝖭𝖣𝖮 𝖲𝖮𝖡𝖱𝖤 𝖠 𝖯𝖨𝖱𝖠 𝖲𝖠𝖦𝖱𝖠𝖣𝖠
♡ 𝗦𝗧𝗔𝗧𝗨𝗦 : aberto para todos .
♡ 𝗟𝗢𝗖𝗔𝗧𝗜𝗢𝗡 : salão de refeições .
em meio ao rumor que reverberava pelas paredes de hexwood, elysia observava com um silêncio calculado, a expressão austera escondendo o fervor que lhe habitava o peito. a pira sagrada havia desaparecido, um símbolo de poder e espiritualidade tão antigo quanto aldanrae, arrancado do coração de sua tradição khajol. quem teria tamanha audácia? quem ousaria desafiar o equilíbrio delicado da magia e das divindades?
“ao que parece,” começou ela, as palavras se desenrolando como seda envenenada, “os eventos da noite passada trouxeram não apenas música e máscaras, mas uma sombra sobre nossa honra.” sua voz mantinha um tom impassível, mas os olhos eram tempestades silenciosas. elysia percorria o salão de refeições com um olhar apurado, a cada instante mais afiada, como se desvelando segredos invisíveis. ela sabia bem que o cálice dos sonhos ainda estava ausente do alcance dos changelings e suspeitava que sua ausência não fosse mero acaso. "duas relíquias tão sagradas — uma chama que nos liga aos deuses e um cálice que abre os portais dos sonhos — agora perdidas?"
havia uma precisão letal na sua escolha de palavras. “pode ser que entre nós hajam almas desleais, que não respeitam o que é mais caro para os filhos de hexwood,” acrescentou, lançando um olhar sutil, mas impiedoso, para o lado da mesa onde os changelings conversavam em tons baixos. a suspeita não era sutil, e a insinuação, velada por um verniz de cortesia, era clara. elysia, com o rosto sério e altivo, olhava-os como quem examina veneno prestes a ser derramado na taça. um murmúrio surgiu entre os colegas, mas elysia continuou, tão calma quanto incisiva. “e se for verdade que há em nossos muros aqueles que desconhecem os valores que compartilhamos, é apenas questão de tempo até que a justiça se imponha e a verdade seja revelada."
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𝐀ssim que despontou da entrada, Aishwarya encarou a bebida quase como quem examina um remédio amargo — toda a leveza de seus lábios sorridentes desvanecendo ao primeiro gole. Aquilo, para ela, era como beber algo que se pretendia interessante, mas, como sempre, o álcool lhe parecia ter pouco a dizer além do gosto azedo e da estranheza. Suspirando, fesforçou-se para manter uma expressão graciosa, evitando permitir transparecer o desgosto completo, mas no fim tornou-se nada além de uma careta oculta sob a máscara de sua máscara.
Foi então que uma voz masculina, tingida de humor seco, lhe chamou a atenção ao lado. Ao se virar, deparou-se com um homem de pele jambo que, de maneira adoravelmente deslocada, parecia tão fora de contexto quanto ela mesma em relação à bebida. Notou as ondas escuras e lustrosas de seus cabelos, que refletiam a luz tênue dos candelabros, e a barba que delineava, com precisão, os contornos do rosto. Seu olhar deslizou até a manga de renda que o homem deixara despretensiosamente desajustada, o que lhe arrancou uma risada baixa e suave, quase involuntária.
Inclinou-se ligeiramente para responder, mantendo uma distância meticulosamente calculada, controlando o desejo de ceder à proximidade — uma prática que, para ela, exigia certa medida de autocontrole. "Pelos deuses, ao menos não sou a única a pensar que isso parece mais uma poção arcana — feita para o gosto de quem não distingue o mel do fel!” Riu, e sua risada dançou pelo ar, doce, porém um tanto mais vibrante do que a etiqueta esperaria da filha de um nobre. "Estou quase crente que o sabor pretendido por quase todas as bebidas daqui é de mais puro arrependimento.”
Ela pendeu novamente as vistas para o conteúdo da taça, com um certo desdém disfarçado, antes de retornar sua atenção a ele.
"Sabe," começou, com um sutil tom de humor, "se estivesse ao meu alcance, converteria essa... peculiar infusão em algo mais aprazível. Um toque de canela, talvez algumas frutas vermelhas... quem sabe até um pouco de mel." Depositando a taça com uma leve e fingida resignação sobre a mesa ao lado, ela piscou, divertida, e acrescentou: "Mas, enquanto isso, creio que nos resta encará-la como um enigma amargo. Se conseguir tomar mais goles sem qualquer expressão de desgosto ou sombra de descontento, aviso que isso, certamente, merecerá aplausos!"
⠀⠀𓂅 ×⠀⠀Qualquer um que o olhasse perceberia que Andreas não estava confortável com sua roupa, em especial as rendas na manga. Desistiu de deixá-las de uma maneira que fazia sentido e concentrou-se em pegar mais uma taça daquela tal água aromatizada, por mais estranho que esse conceito lhe parecesse. — Isso aqui devia ter sabor de algo específico? — perguntou para a pessoa ao seu lado, não se importando em puxar assunto com desconhecidos - algo que não lhe era costumeiro - afinal, naquele momento, todos eram desconhecidos para todo mundo
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"Ei!" Protestou, embora segurasse o escapar de uma risada, apertando os dentes superiores nos lábios comprimidos, mas inevitavelmente sorridentes.
Em fato, desde o alvorecer da vida, nunca foi exatamente moderada ou humilde em variadas nuances — ao menos, não quando distante das vistas reguladoras maternas, que circundavam seu pescoço com grilhões invisíveis, tão pesados quanto inegáveis. Contudo, Arya, oscilando feito montanha russa que chega ao topo mais alto, para logo descer às alturas mais baixas, acreditava compreender bem até onde se permitir ousar — ainda que, no fundo, a veracidade fosse um pouco mais nebulosa; às vezes, era pretensiosa demais para o próprio bem.
Inicialmente chacoalhou a cabeça para os lados, um gesto que denotava incerteza diante da réplica. Talvez aquilo fora tão inicialmente incômodo que, com a passagem dos ponteiros, tornou a ser nada além de costumeiro e trivial. É a graça divina de lidar com aspectos desagradáveis constantemente: hora ou outra, aprende-se a aceitá-las com um grau quase elegante de indiferença.
"Poderíamos ir depois até algum curandeiro em busca de remédios, não? Certamente devem ter algo que possa derrubar um dragão, quem dirá algo miudinho feito a gente." Havia evidente indício de preocupação, mas não sabia se conseguiria persuadi-lo a caçar quaisquer auxílio novamente, quando a maioria das coisas não pareciam servir ao problema. Mesmo assim, Arya sentia-se compelida a insistir, como uma mosquinha irritante, flutuando rente dos ouvidos até criar raízes no juízo do rapaz — afinal, tentar nunca era desperdício.
Batendo as palmas uma nas outras, terminou o movimento com o indicador erguido e uma expressão luminosa que por si só dizia: 'exatamente!'. Era chocante o quão cordialmente a maioria parecia estar levando a vida após tal profundo absurdo. "Se era para acordamos assim, era preferível sequer lembrar de nada." Exclamou rápido demais, atropelando palavra por palavra. Uma ruga peculiar sulca o centro da testa outrora lisa, enquanto ambas as sobrancelhas se arquearam compassadas em um padrão incomum. "E eu fingirei desmaio."
Então, tornou o rosto diretamente para ele, com um brilho nada sutil cintilando no olhar e um ar deliberadamente curioso. Ambas as mãos encontraram as próprias bochechas, como quem antecipa ouvir algo muitíssimo emocionante ou extraordinário. "Mas, e então, viveu alguma cena digna de romance com alguém?" A entonação mesclava descontração com uma inquietude latente. "Em, em?"
Arya costumava tecer fantasias sobre como seria testemunhar todos os irmãos amando e sendo amados, e Gus era agora a vítima restante, uma vez que os demais haviam encontrado seus supostos pares. Ela detestava assisti-lo cada vez mais enclausurado em uma carapaça de solidão, onde poucos conseguiam alcançá-lo. Desejava com fervor vê-lo um dia envolto pelas risadas vibrantes de crianças tão adoráveis quanto o coração que portava, ao lado de uma esposa com quem certamente partilharia tardes de chá e boa música. Talvez assim o visse mais feliz, distante das sombras impiedosas que a família Delaunay havia lançado, finalmente livre para resplandecer na felicidade que lhe era devida. Claro, ela mais do que ninguém compreendia que a felicidade não se restringia a viés romântico, longe disso. Porém, abrir o coração para o amor em outras instâncias, em sua humilde opinião — ligeiramente enviesada pela vontade de ser tia enquanto possuía tempo —, poderia ser um passo significativo para ele.
O riso divertido e cumplice as palavras de outrem, desprendeu-se dos lábios do Delaunay, perdendo-se no vento entre eles e todos os outros mais distantes. "Teve algum momento em que você foi modesta, desde que nos conhecemos?", provavelmente sim, diversos momentos que intercalavam o espaço nas lembranças de Angus, com outros mais divertidos e um pouco implicantes. Crianças tendiam a isso, brincar umas com as outras, implicar e irritar umas as outras. Não sabiam como demonstrar afeto de outra maneira, que não fosse assim, chamando atenção da forma que entendiam ser adequada e que trazia resultado. Nem mesmo a diferença breve de idade entre eles, foi capaz de evitar a dinâmica. Era inevitável sim, principalmente considerando a frequência em que o Delaunay ocupava a casa de outrem e vice-versa.
Ao que sentiu o toque singelo sobre o ombro, o corpo respondeu de forma mecânica, habitual, com a cabeça inclinando-se na direção da mão da mais nova, deixando-se repousar ali por curtos segundos, como forma de retribuir o afeto que recebia. Logo, retornava a postura, virando levemente o tronco no sentido alheio, rindo uma segunda vez. "Suponho que tenha sido bom então.", mesmo que a ideia do soco não fosse algo que remetesse a um agrado. Só de não ter sonhos estranhos, ou rolar inquieta na cama, já era uma vitora. Algo que Angus, infelizmente, não podia compartilhar. "Não tão bem assim, o suficiente para não me atrasar para as aulas de hoje.", o que já era alguma coisa. Não podia perder o emprego, não por questões de sustento, mas por outras que diziam respeito a ter que voltar para powys, caso não tivesse mais serventia em lugar algum.
"É estranho, não é? Quero dizer, eu não consigo me lembrar de rosto algum, apenas detalhes, como a cor dos olhos de alguém, sorriso, detalhes das roupas.", alguns tinham ficado perto o bastante para que recordasse o perfume, mas duvidava muito que fosse aproximar-se outra vez, em circunstancias comuns, apenas para constatar quem era quem naquele lugar. "Nada muito além disso.", concluiu por fim. Era interessante também como não havia dito seu nome para ninguém, sempre que tentava, se via travando no ato, estranho, para dizer o mínimo. "Aqui entre nós, da próxima vez que uma festa exigir um drink na entrada, eu apenas fingirei que tomei.", não que a presença de Baco no seu corpo fosse permitir tamanho desperdício, mas Angus poderia tentar.
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𝐀rya expeliu os últimos resquícios da água que insistia em ocupar-lhe as vias aéreas, virando a cabeça para o lado direito em um gesto instintivo. Seus pulmões, ávidos por oxigênio, lutavam em meio a tosses violentas, acompanhadas do som áspero de um engasgo persistente. Ainda envolta no véu vigente do desespero, o calor inesperado sob seu peito chamou-lhe a atenção, compelindo-a pousar ali a palma trêmula, sentindo o pulsar de algo além de si mesma. Seus dedos hesitaram por um instante, antes de se fecharem, com suavidade, em torno de um par de mãos.
Se abrindo com pequenos intervalos, os olhos, involuntariamente embaçados por lágrimas acumuladas, desfocavam e deformavam a percepção do mundo ao redor. As imagens pareciam uma tapeçaria de imagens confusas, ora desenhando espectros, ora revelando apenas sombras, enquanto ainda teimava em registrar as formas ao redor. Primeiro buscou o alto, o céu que estendia além. Depois, voltou-se para baixo, para si mesma, totalizando mentalmente que um mais um era dois para cada membro, e estava inteira.
Permanecendo naquela postura, ainda que a voz ao longe já indicasse pistas, ela começou a juntar as pecinhas dispersas da figura salvadora. Não era dragão ou fera, mas um homem. Não conseguia vê-lo plenamente, mas de sua pele exalava o cheiro de água salgada evaporando, um aroma que evocava imagens de ondas quebrando e maresia subindo, tão distante quanto próximo, e ainda assim presente, como o próprio pulsar do mundo.
A despeito das forças drenadas, os dedos, guiados por um resquício compenetrado de vontade, moveram-se com delicadeza e tentaram, em vão, afastar moderadamente as mãos do jovem. No gesto, buscava transmitir que, por ora, estava bem, mas nas entrelinhas havia também os ditames das formalidades, ainda que por natureza não atribuísse grande mérito às exigências.
Mesmo neste instante, detida na tentativa de recobrar os sentidos após a sufocante experiência, ela questionou a própria sanidade e a veracidade do que acabara de vivenciar, ponderando se não teria se lançado, de forma insensata, a um risco inconcebível — sabe-se Hathor por quais desígnios. Ainda assim, as imagens permaneciam gravadas com clareza inquietante em sua mente: desde o instante em que a aparição da criatura se revelou nítida até o momento derradeiro.
Certo...? Ou estaria, mais uma vez, preenchendo as lacunas de sua memória com devaneios fantasiosos?
Exausta, deixou que a cabeça pendesse devagar para trás, os próprios pensamentos portando pesos demais para sustentar agora. Mas tudo ainda estava gritando: o mar, o vento, o céu, seu coração.
"Você também viu, não foi?! Não imaginei que encontraria um assim... É a primeira vez que vejo tão de perto, e como pode ser tão grande e majestos-" Tossiu algumas vezes após o indício da confissão, enquanto o corpo, lentamente, parecia ajustar-se novamente, como uma máquina a recuperar suas engrenagens enferrujadas. Esforçando-se para retomar a atenção ao semblante à sua frente, constatou, com certa certeza, que jamais havia cruzado com aquele rosto antes. Talvez fosse um reflexo de sua memória pouco confiável, e ele também não possuía traços que pudessem ser chamados de singulares — era uma beleza cativante, porém costumeira, com cabelos castanhos ondulados e íris da mesma tonalidade. Ainda assim, havia algo impossível de ignorar: o olhar. Frio, incisivo, e tão distante quanto as estrelas mais pálidas. Aquele par de olhos não era algo que se esquecesse facilmente. Pareciam uma casa amaldiçoada, mas Arya nunca tivera medo algum de fantasmas. "Obrigada por isso..." O sol morno do fim de tarde refletia sua luz amanteigada sobre ambos. Sentiu as bochechas aquecerem, um rubor involuntário subindo à pele enquanto processava o constrangimento de quase sucumbir de maneira tão feia e boba; detestava profundamente se ver reduzida à figura de uma donzela desamparada. "E peço perdão por qualquer incômodo que minha necessidade possa ter causado." Absorta, acompanhou o percurso de uma gota que deslizou pelo rosto alheio, hesitando brevemente no queixo antes de se desprender, caindo em algum ponto fora de alcance às vistas. Ignorando os clamores exaustos de sua carne e os avisos murmurados em cada fibra, esforçou-se para erguer o próprio peso. "Será que posso compensá-lo de algu-"
Os lábios entreabriram-se, formando um perfeito círculo ao notar a figura do dragão surpreendentemente próxima a ambos, evidenciando que não estava fora de si em momento algum. Repentinamente, tudo fazia sentido; aquele não parecia ser o ato imprudente de alguém que, ciente da criatura, saltara sem pensar. Ele devia ser seu montador, logo... "Um changeling", concluiu, com a voz escapando mais alta do que pretendia. Contudo, o tom não carregava desprezo ou repulsa, mas sim uma ponderação curiosa e genuína. Não se tratava da curiosidade superficial de quem observa uma criatura exótica num zoológico, mas de algo além.
Indecisa quanto aos próximos passos e com a cabeça fervilhando de dor, mesmo antes de cuidar-se devidamente com magia, optou por seguir com naturalidade, e um sorriso brotou discretamente no canto dos lábios, alargando-se gradualmente até iluminar seu semblante, revelando dentes alinhados e brilhantes, enquanto seus olhos arqueavam-se como delicadas luas minguantes. Ofereceu a mão instintivamente antes das palavras, notando o quão vacilantes e tremidos ainda estavam os dedos; era o indício frio. "Bem... Prazer a todos. Arya." declarou como se o nervosismo de outrora tivesse evaporado. Afinal, se o dragão não a ferira quando tivera a chance, e seu montador a ajudara apesar de sua ignorância, não havia motivos para esperar o pior.
como moedas de diferentes pesos e eras, thetis e lysander eram, em um ímpeto eufemismo, almas que se completavam e que não se confundiam. desde o encontro e seu vínculo em sonhar, cada dia era um passo para compreender que se tornar um montador de dragão não significava que suas essências eram iguais. enquanto a aquaris carregava a fluidez dos mares, lysander era um filho da terra, tão racional quanto era necessário ser. poderia ser indomável e ter suas vontades e objetivos inquebráveis, mas eram complementares, como o dia e a noite que se encontram no crepúsculo, a luz e a sombra que se entrelaçam. ele, inclusive, refletia seu próprio vínculo com thetis enquanto escutava as falácias que diziam que a água tanto bate que pode furar uma rocha dura. e algo que particularmente tirava seu sono após o incêndio (além da convivência com khajols) eram as reações que a dragão poderia criar a partir dali. não era um tutor, tal pensamento nem atingia seus pensamentos, mas alguma parte menos calejada de si não deixava de intervir em âmbitos que talvez nem fossem se concretizar. por isso, lysander estranhava de início a preferência da aquaris pelas praias próximas, vez ou outra trilhava seu caminho em direção a onde thetis estava apenas como uma confirmação de que tudo estava bem. se aquilo fosse apenas para acalmar o próprio coração, não se deixaria que aquilo tomasse suas rédeas, escondido por baixo de uma responsabilidade que ele deveria ter. o que seria dele sem sua dragão, afinal? o nada de certo o perturbava naquele sentido, embora a mente rígida não deixasse que tal possibilidade abandonasse seu campo de ideias. foi com uma surpresa que se deparou com a cena em calis: em um momento, via apenas sua companheira alada em seu descanso habitual, e em outro, uma figura irreconhecível parecia se aproximar, como se não a enxergasse. atento a qualquer movimento suspeito, a postura defensiva que analisava a espécie de... reverência? era tão cômico que os lábios se curvaram para cima, rígidos, esperando que thetis acordasse e que por alguma obra de sua deusa afastasse aquela companhia indesejada. nem tudo, porém, acontecia da maneira que o changeling gostaria que acontecesse, uma batalha interna sendo travada entre a moral e o dever quando notou os movimentos assíncronos no corpo d'água. de onde estava, não precisava de muito para saber que ali estava alguém em afogamento, algo bastante peculiar tratando-se da profundidade das águas (thetis não gostava de ir ao fundo, preferia o ritmo intenso das ondas se quebrando para niná-la). talvez fosse uma nova forma de chamar a atenção da dragão? se assim o fosse, poderia simplesmente deixar que morresse ali mesmo. contudo, algo se revirou dentro de si, impacientemente correndo até o local para salvar quem quer que fosse a presença estúpida. sem qualquer cerimônia, puxou o corpo que agora reconhecia como feminino até a região das pedras, a dragão curiosa a seu encalço. se para se certificar de que a mulher não teria morrido ou apenas por curiosidade, lysander achava irrelevante saber, afinal, aquilo agora seria um problema que ele teria que resolver. — vamos lá, acorde — o ritmo dos artelhos sobre o peito como foi ensinado muito anos antes era acompanhado por diversos resmungos. não sabia o que teria feito para sua deusa ou para thetis se a sua forma de retaliação era através de tomar as rédeas daquela situação. — ande logo — pelas contas, deveria manter o ritmo até qualquer sinal de vida, mesmo que sentisse por debaixo de camadas e camadas de tecido um ritmo fraco de um coração.
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𝐍ão era novidade a uma alma sequer o quão embora Aishwarya andasse com pés bem fincados no chão, sua cabeça estava sempre muito distante, quase alçando as nuvens no céu. Havia certas minúcias e pessoas, contudo, que os olhinhos pareciam atentar-se a capturar quase de forma institiva, feito faróis que se acendem na escuridão à espera do barco há muito ansiado.
A presença de Angus, em verdade, provocava um efeito quase singular: ao invés dela repará-lo como farol, metamorfoseava-se em barco, e ele, o cais seguro onde seu pequeno barco ancorava. Quiçá, a presença dele desde a infância fez vê-lo como esse refúgio acolhedor, uma extensão do lar e nunca longe de uma família.
"Sem falsa modéstia, conheço-o como a palma da minha mão!" Com o indicador esticadinho, ela deu leves batidinhas na mão espalmada. Eram livros abertos e fáceis de mutuamente folhear, mesmo as letras miúdas.
Sentou-se ao lado dele com rapidez, sentindo a relva ceder sob os sapatos. Um sorriso acolhedor surgiu em seus lábios, e tocou-lhe o ombro, breve em seu contato, mas terno em sua essência. “Como se houvessem me desmaiado com um soco no meio da cara, mas ao menos foi tão forte que apaguei como uma pedra." Não sendo afeita ao consumo de bebidas alcoólicas, aquela quantia que descera por sua garganta — sob compulsão das pressões ainda no gênese do imemorável baile de máscaras — mostrou-se mais que suficiente para deixá-la com uma enxaqueca intolerável logo ao romper do dia, acompanhada da nítida certeza de que pouco entendia a fascinação por algo que, na maior parte das vezes, trazia nada além de mal-estar na manhã seguinte. "E você, Gus? Aliás, por favor, diga que não sou a única que não recorda um rosto sequer da fatídica noite." Confessou, o semblante momentaneamente contorcido em uma careta, enrugando a testa e apertando as sobrancelhas. "Como se não possuíssemos infortúnios suficientes em tão pouco tempo, fomos deliberadamente drogados pela coroa!" Este último comentário o fez baixinho, mas o tom agudo de sua voz ao final denunciava o quão incrédula estava; céus, e sua mãe ainda ansiava por um enlace matrimonial entre ela e um dos herdeiros do dono deste manicômio imperial a céu aberto. Deuses, jamais! Nem morta, pensou, e riu sozinha, pois, afinal, sempre estava com um pé na cova.
with: @ohaishwarya
where: pátio central
prompt: ❛ you look like you need a hug. ❜
Angus sabia que aquele espaço não o pertencia mais, no entanto, sempre foi um dos seus lugares favoritos nos tempos de estudante da academia e velhos hábitos eram difíceis de mudar. Por isso, seguia sentado em um dos bancos, a cabeça erguida em direção ao céu, os olhos fechados. Buscava um pouco de paz dentro do caos que se instaurou no lugar nas últimas semanas, changelings para todos os lados - não que tivesse muitos problemas com esses -, bailes que não conseguia lembrar-se muito bem das pessoas e furtos, para todos os lados também. Respirou profundamente, largando o ar dos pulmões na sequência, um suspiro perfeitamente audível e interrompido pela voz familiar que o fez abrir os olhos para constatar que ela realmente estava ali. "Perguntaria se está tão obvio assim, mas acabo de lembrar-me que me conhece muito bem.", comentou num tom baixo, com pouco humor. O manear da cabeça apontava ao espaço do seu lado, ofertando silenciosamente sua companhia. "Como está? Conseguiu dormir bem essa noite?"
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