Tumgik
#[ mas não duvido nada que esqueci algum ]
kinoko-project · 1 year
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Nisemonogatari, Livro 1
009
Não se preocupem, eu estou quase chegando na parte mais importante da história.
Depois de nós termos terminado de jogar Hanafuda e a limpeza também, eu decidi ir embora. Já estava quase anoitecendo. A vó da Kanbaru me convidou para jantar lá (como sempre. Eu já aceitei essa oferta algumas vezes. A comida dela era excelente), mas naquele dia eu recusei com educação.
Aliás.
Durante a limpeza, eu perguntei para a Kanbaru sobre algo que estava me incomodando. Sobre como ela explicou sobre o braço esquerdo para a família dela.
“Eu disse que isso era um machucado,” ela disse. “Sabe, esse não é o tipo de coisa que eu conseguiria explicar.”
“Hmph… e eles aceitaram isso? Não é que nem o meu vampirismo. Eles só teriam que olhar pro seu braço pra perceber a verdade.”
O braço esquerdo da Kanbaru, possuído por uma monstruosidade, tinha uma forma grotesca.
“No caso da Senjougahara,” eu expliquei, “o pai dela sabia a verdade porque ela não tinha como esconder aquilo.”
“Meus avós estão preocupados, é claro. Mas aquele assunto envolvendo a minha mãe sempre fica entre nós. Eles nunca se intrometem no que eu não quero que eles saibam.”
Então foi assim.
A mãe dela… É mesmo.
O braço de macaco da Kanbaru era uma lembrança da mãe dela. Mesmo se os avós dela não soubessem disso, se eles achassem que havia algum tipo de relação, eles provavelmente não tentariam interferir.”
A não ser que eles soubessem de tudo e só estivessem fingindo o contrário. Isso era possível.
De qualquer forma.
Eu acho que isso era difícil para ela.
Deixando a sua mãe de lado, a Kanbaru admirava os seus avós. Para alguém tão honesta quanto ela, eu duvido que seria fácil ter que guardar um segredo desses.”
Mas essa responsabilidade também estava nas mãos dela.
“De qualquer forma,” ela disse, “eu só vou ter que lidar com isso por mais alguns anos.”
É mesmo.
O braço da Kanbaru vai voltar ao normal até la´.
Diferente do meu vampirismo, ela não teria que lidar com aquilo pelo resto da sua vida. Eu tenho certeza que ela conseguiria aguentar até lá. Foi isso que eu pensei enquanto eu olhava para a minha sombra, esticada pelo por do sol.
Seguindo em frente.
Quando eu subi na bicicleta e passei pelo portão de madeira da casa dela, eu vi um homem parado ali fora.
A primeira vista, eu pensei ter reconhecido ele. Mas eu nunca tinha visto aquele homem. Eu nem precisei consultar as minhas memórias.
Ele parecia ter mais de 40 anos e usava um terno preto e uma gravata igualmente preta, como se ele tivesse saído de um funeral, mas ainda estava de luto. Ele era tão obviamente suspeito, e mesmo que dizer isso seja meio vago, ele parecia ser algum tipo de personagem.
Um personagem suspeito. Verdadeiramente suspeito? Ou uma fraude?
É difícil de decidir isso só de olhar para ele.
Ele parecia não se encaixar nessa cidade, ou talvez não. Considerando tudo o que eu vi ultimamente, ele parece exatamente o tipo de pessoa que apareceria por aqui. Sim, resumindo…
Um homem duvidoso com uma aura sinistra.
E ele estava olhando para a casa da Kanbaru.
“Hm? Você mora aqui, garoto?”
Dada a distância, eu não tinha conseguido ver ele antes, é claro, e o homem de luto falou comigo assim que eu saí da casa.
Aquilo que ele disse fez com que eu me perguntasse se ele era um comerciante, mas a sua aparência dizia o contrário. Se esse fosse o caso, por que ele tinha escolhido roupas tão sinistras?
Eu não compraria nada de um personagem tão sombrio.
“Não…” eu balancei a cabeça, sem ter certeza de como reagir. Comerciante ou não, talvez ele esteja aqui para visitar os Kanbarus, e eu não queria ser rude. “Eu não… moro aqui.”
“Ah, me perdoe. Eu esqueci de me apresentar. Você é esperto por ser cauteloso com um estranho como eu. Valorize essa desconfiança. Meu nome é Kaiki.”
“Kaiki?” Essa parecia ser uma palavra para algo bizarro e misterioso, mas isso não pode estar certo.
“Isso mesmo. Kai como em kaizuka, sambaqui¹. Ki como em kareki, árvore morta.”²
Sua expressão era imutável, ele tinha uma atitude que demonstrava conhecimento e era estranhamente sombria. O homem de luto, Kaiki, me deu um olhar de lado.
Seu cabelo preto estava rígido com pomada.
Ele exalava um cheiro artificial.
Eu não conseguia ignorar a sensação de que conhecia ele.
Quem é que ele lembrava? Se isso fosse verdade, então quem?
“Eu sou o Araragi…” Já que o homem se apresentou , eu me senti obrigado a dar pelo menos o meu último nome. “Escrito com os caracteres de…”
Hmm. A-ra-ra-gi³. Os três últimos eram bem simples, mas o primeiro era difícil de explicar, mas não de escrever.
“Não se incomode,” o homem interrompeu meu raciocínio. “Esse é um nome que eu acabei ouvindo há pouco tempo,” ele disse de forma desconcertante. “O último caractere também significa árvore, não é mesmo? Enquanto eu estou murcho e seco, eu suponho que você seja uma muda.”
“…”
Ele estava falando da diferença entre as nossas idades?
A fala dele era estranhamente confusa.
Bem, não exatamente confusa, mas parecia que ele estava propositalmente falando de um jeito que só ele entenderia.
“Um,” eu disse, “se você tiver algo para fazer na casa da família Kanbaru…”
“Hmph. Você é bem educado para um jovem de hoje em dia. E você é atencioso. Interessante. De qualquer forma, essa sua gentileza está sendo desperdiçada comigo. Eu não tenho nada a fazer nessa casa.”
De qualquer forma, ele disse. Sua voz era monótona e pesada.
“Eu ouvi dizer que o legado da Gaen reside aqui. Não que eu tenha planos em mente. Eu simplesmente queria ver o lugar.”
“Gaen?”
Esse não era o nome de solteira da mãe da Kanbaru? Se esse for o caso, então o legado da Gaen é a Suruga Kanbaru?
É por isso que ele perguntou se eu morava aqui? Mas então isso significa que ele teria vindo para cá sem nem saber se a Kanbaru era menino ou menina.
“Mas parece que eu acabei perdendo meu tempo,” o Kaiki disse isso como se tivesse terminado algum tipo de avaliação. “A aura é quase indetectável. Talvez ela tenha se reduzido para apenas um terço. Considerando essas circunstâncias, eu não vejo problema em ignorar isso, na verdade eu preciso. Não tem dinheiro envolvido, infelizmente. A lição a ser aprendida com esse caso, é que as vezes, a verdade é trivial mesmo quando ela é esperada.”
E assim…
Sem ter resolvido nada, não que ele tivesse algo para resolver, ele se virou e saiu andando rapidamente, em uma velocidade alarmante mesmo estando a pé.
“Umm…”
Já eu, por outro lado, só conseguia ficar parado. Não que eu não quisesse me mexer. Foi mais como se eu estivesse relutante.
Só depois que o Kaiki sumiu, eu consegui me lembrar. Ou melhor, em vez de me lembrar…
Eu fiz uma associação.
Com aquele homem desagradável de camisa florida.
O Meme Oshino me veio à mente.
Especialista em monstruosidades Meme Oshino.
Um homem que morou nessa cidade por alguns meses e depois sumiu.
“Mas ele não era que nem aquele preguiçoso do Oshino.”
Se eu tivesse que dizer, eu consegui me lembrar de outra pessoa.
Sua figura amaldiçoada ressurgiu no fundo da minha mente.
O homem a quem o Kaiki lembrava era aquele fanático…
“Guillotine Cutter…”
Esse era um nome que eu não queria lembrar, e que eu não podia esquecer.
“Bem, o Oshino e o Guillotine Cutter eram tão diferentes quanto a noite e o dia…”
Eles não tinham quase nada em comum, o Kaiki também estava incluso nessa comparação. De fato, é até estranho que ele me lembrou do Oshino e do Guillotine Cutter.
“Eu deveria segui-lo?
Seguir ele para falar mais um pouco?
Eu comecei a pedalar, mas o guidão foi na direção oposta. Era como se minha boca dissesse uma coisa e meu coração outra.
Foi como ver alguém diferente no meu corpo, mas eu estava pedalando por conta própria, e eu estava fugindo.
Esse era só um palpite… Mas aquele cara parece ruim.
Aquelas roupas de luto, tão sombrias. Mas tinha algo além disso.
Ele parecia ser… Sinistro.
Como um mau presságio.
“De qualquer forma, eu estou indo pro lado errado…”
Eu tinha terminado a limpeza do quarto da Kanbaru, e estava pensando em ir direto pra casa, mas o lado para onde eu estava indo me levaria à um grande desvio. Não tinha nenhuma parada no caminho, até mesmo a livraria ficava pro outro lado. Mas ei, por que não dar um passeio de bicicleta?
Hmm…
Talvez eu devesse avisar a Kanbaru sobre aquele cara? Considerando o que ele disse no final, ele provavelmente não vai voltar para cá. E uma denúncia mal feita de pessoa suspeita só deixaria ela mais ansiosa.
Mesmo assim, era melhor não me arriscar.
Afinal a Kanbaru era uma menina. Ela parecia ainda mais feminina agora.
Pronto, eu decidi que ligaria para a polícia ao chegar em casa.
Eu estava empurrando a minha bicicleta para subir um morro, quando eu vi alguém descendo por ali.
A saia dela era longa o suficiente para alcançar os tornozelos, ela estava usando um suéter de verão com mangas longas e seu cabelo estava amarrado na nuca. Seu rosto não demonstrava emoção, mas ela também parecia irritada. É claro que eu não preciso descrevê-la em tantos detalhes.
Hitagi Senjougahara.
Minha namorada.
“Eu estou encontrando todo mundo que eu conheço hoje…”
Esse era o último episódio ou algo do tipo?
Os encontros com a Hachikuji eram coincidência, e o fato de que eu pensei em visitar a Sengoku e a Kanbaru também foi por acaso. E agora, aqui estava a Senjougahara. O que está acontecendo hoje?
Será que a Hanekawa cancelando aquele compromisso foi um evento tão importante que todos esses encontros eram necessários para compensar por aquilo?
Se esse for o caso, ela tinha uma presença bem marcante.
Mas eu parecia ser um cara que foi pulando de mulher em mulher… o que não era muito louvável.
“Ei, Senjougahara.” Já que ela parecia não ter me percebido, eu chamei o nome dela e acenei.
O olhar dela era ruim, mas ela enxergava muito bem.
Ela deve ter me ouvido, porque ela ergueu a cabeça e olhou na minha direção, antes de simplesmente fazer uma curva e sumir.
“Quê… Ei, ei, ei!” Eu comecei a pedalar em velocidade máxima para seguir ela. “Você tá ferindo meus sentimentos!”
Eu pedalei até ultrapassá-la, parei e bloqueei o caminho.
Ela me deu um olhar tão gelado que eu senti nos o frio nos meus ossos. Qualquer pessoa que consegue produzir frio sem nem falar nada tinha que ser um feiticeiro de alto nível.
“S-Senjougahara…”
“Eu não conheço nenhum homem que ficaria aqui fora em vez de estudar.”
“Ah, uh…” Ela estava brava, com certeza. “V-você não entende.”
“Silêncio. Eu entendi tudo. Na verdade, eu entendi até demais. Pular uma das minhas aula é uma coisa, mas uma da Hanekawa? Isso é triste. Estou decepcionada. Não, eu retiro isso. Eu nunca tive tanta fé em você.”
“Não, não, a Hanekawa estava ocupada, então ela me deu um dia de folga.”
“Patético, eu me cansei de ouvir essas desculpinhas.” Ela me interrompeu.
Na verdade eu acho que nunca fiz tantas desculpas em se tratando de estudar.
“No fim,” ela me acusou “você não é um homem de palavra. Minha maior vergonha nessa vida foi ter deixado um lixo como você roubar meu coração.”
“Caramba, calma aí. Se eu fosse qualquer outra pessoa, eu teria ficado com vontade de pular da ponte…”
“Hmph, seu verme,” ela disse, erguendo o queixo como se quisesse olhar de cima. Ela se virou e voltou ao caminho da descida. Ela só entrou nesse beco para me evitar.
Não é como se eu pudesse deixá-la para trás, então eu segui ela de novo.
“Gahara-san! Gahara-san!”
“O que foi, Churaragi?”
“Será que você pode parar de fazer o meu nome parecer uma gíria de Okinawa? Meu nome é Araragi e essa é a piada da Hachikuji.”
“Foi mal, eu cometi uma gafe.”
“Não, você fez de propósito...”
“Uma gafe e você vai quebrar o pescoço.”
“Foi de propósito mesmo!”
Ela nem se virou. Ela estava realmente irritada.
Honestamente, eu não acho que ela duvidava do fato de que a Hanekawa cancelou a aula. É só que depois de ficar brava, ela tinha dificuldade para se acalmar.
Ela era difícil assim.
Quando a Tsukihi ficava histérica, ela se acalmava bem rápido. Mas com a Senjougahara, as coisas eram mais complicadas.
“Sabe, Senjougahara…”
“Ugh, tem um cara esquisito me seguindo?”
“Quem você tá chamando de esquisito?”
“Ugh, tem um anão esquisito me seguindo.
“Você me chamou de anão?!”
Droga, eles vão descobrir a minha altura! Depois de tudo o que eu tentei pra esconder ela!
“Quem liga?” Ela disse. “Quando eles fizerem a adaptação em anime todo mundo vai ver que você é mais baixo do que eu.”
“Eu sou contra o anime! E se eles estragarem o material original!”
Bem, era só por alguns centímetros, mas a Senjougahara estava falando a verdade. Nesse caso, ela era alta para uma menina. Porém nem tanto quanto a Karen…
“Será que tudo precisa ser adaptado?” Eu reclamei. “Eles acham que qualquer livro vai vender mais se tiver ‘Agora tem um anime’ escrito na capa, e eu odeio essa tendência. Numa era dessas, eu quero ver um anime original que não é baseado em nada!”
Já fazia um tempo desde que eu fiquei tão irritado.
Os caras altos nesse mundo nunca vão entender!
Como é pedir pelos de sola grossa toda vez que você compra sapatos!
“Talvez você esteja se preocupando por nada,” a Senjougahara disse. “No anime eles vão cortar o seu personagem.”
“O protagonista?!”
“Sim, se isso aqui fosse Galaxy Angel, você seria o Tact Meyers.”⁴
“Não, eu quero um tratamento melhor”
“Tudo bem , eu acho que você combinaria com o papel da Chitose Torimaru.⁵”
“Se for assim, eu prefiro nem aparecer. Será que eu posso ser pelo menos o Normand⁶?”
“Oh? Eu não sabia que você gostava tanto de carne enlatada.”
“Não foi isso que eu quis dizer!”
Ela tinha algum tipo de autoridade? Ela era algum tipo de diva que controlava as escolhas do elenco? Que medo.
“Se acalma Araragi, para de ficar gritando. Quando Deus fecha uma porta, ele também quebra uma janela.”
“Isso era pra ser positivo?!”
“Não se preocupe. Você pode ter sido cortado, mas eles criaram um mascote legal para te substituir.”
“Isso é claramente um esquema pra vender mercadoria!”
“Além do mais, você não é o protagonista. Quem você pensa que é?”
“Urk…” É mesmo, eu tinha esquecido. Eu sou só o personagem central.
“Você não é o protagonista, você só tem um papel importante.”
“Que atributo!”
A Senjougahara estava andando rápido, mas eu estava em uma bicicleta então eu conseguia acompanhar ela sem problemas. Eu pensei em parar na frente dela de novo, mas em vez de fazer isso, eu só continuei seguindo.
“Tudo bem,” eu disse, “não tem problema se eu não precisar aparecer… Afinal, você vai estar dançando com uma expressão vazia enquanto eu fico olhando de fora da tela.”
“Hein? Você não vai me ver dançando.”
“…”
“Por que eu teria que me fazer de boba assim?”
“……”
Legal!
Super legal, Hitagi-san!
“Eu é que vou ver todo mundo dançar,” ela afirmou. “E depois que todo mundo acabar, durante a última imagem do episódio, eu vou dizer ‘Não dancem na estação!’”
“Caramba, eu sei que isso veio de uma propaganda do café ‘Georgia’, mas quantas pessoas vão entender essa referência hoje em dia?!”
“Seria decepcionante se eles simplesmente dançassem depois de tanta preparação.”
“Não dá pra te agradar!” Que gananciosa. “Caramba, às vezes eu não consigo te entender… Esquece, eu te entendo muito bem.”
“Você está insinuando que tem algum problema com a conduta de Hitagi Senjougahara, também conhecida como ‘uma fonte naturalmente amigável de gás tóxico’?”
“Que slogan terrível!”
“Então talvez ‘anormalmente amigável’ seja melhor.”
“Melhor pra quem?!” E desde quando ela era amigável, naturalmente ou não?
“Só não me entenda errado. Na verdade eu odeio a escória da humanidade como você, Araragi.”
“Você tem certeza que não está só abusando do seu rótulo de tsundere e mostrando sua alma?”
“Dizem que uma mulher encontra a felicidade ao ficar não com o homem que ela ama, mas com um homem que ninguém ama.”
“Esse ditado não é assim.”
E, um homem que ninguém ama? Como ela saberia?!
“Eu estava brincando,” ela disse.
“Tudo bem, desde que seja uma piada mesmo…”
“Você é tão popular e amado pelas mulheres.”
“…”
Sarcasmo? Uma referência ao inexistente Harém Araragi?
“Hum hum hum…” a Senjougahara cantarolou de forma falsa e sem emoção. Ela esticou um braço para perto da minha cabeça e a segurou com força. Aproximando seu rosto sem expressão, ela olhou nos meus olhos.
Encaaara, ela até fez um efeito sonoro com a boa. Então ela disse…
“Foram três… não, cinco?”
“O quê?”
“O número de mulheres que você viu hoje.”
“……nkk!”
Desde quando ela tinha Percepção extrassensorial?
Hachikuji, Sengoku, Kanbaru… Três, ela acertou. Ah e ela incluiu a Tsukihi e a Karen.
Incrível!
“Se eu quiser ser rigorosa, então são… seis?” a Senjougahara perguntou, inclinando a cabeça. Aparentemente a vó da Kanbaru também contava. Isso não é ser rigorosa, mas sim draconiana. “Com base nessa estimativa, eu posso repetir: Você é tão popular e amado pelas mulheres.”
“…”
A sua expressão vazia me assusta, entendeu?
As pupilas dela estavam dilatadas?
“Heheh.” A Senjougahara finalmente soltou a minha cabeça, e antes que eu pudesse piscar, ela enfiou a mesma mão na minha boca.
Todos os quatro dedos, menos o polegar estavam lá dentro.
“Relaxa, Araragi. Acredite ou não, eu sou muito mente aberta quando se trata de pular cerca.”
“M-mão estou pulando mecca?” Eu tinha esquecido como falar direito. “O mais maior que eu fato é salto trigo.” Eu tentei fazer uma piadinha, mas isso acabou dando errado.
“Sim, você vai ficar praticando salto triplo eternamente para pular por cima de uma montanha de amor…”
“Não roube a minha piada!” Eu nem precisei de ajuda, mas o choque da situação foi o suficiente para concertar a minha fala.
“Então será que era uma pilha em vez de uma montanha? Porque você está empilhando as suas mulheres.”
“Isso aí já é exagero,” eu disse. Eu nunca usaria aquela palavra nesse contexto. Que sessão de estudos cansativa…
“Mas a verdade é que você é cercado por mulheres,” a Senjougahara afirmou.
“É mesmo? Eu não acho.”
“Você diz isso, mas todos os contatos no seu celular tem nome de mulher.”
“Não fica mexendo no celular dos outros sem permissão!”
Parando para pensar… A Kanbaru tinha dito algo parecido.
Esse era algum tipo de consenso? Que triste.
“Mas eu acho que é inevitável,” ela lamentou. “A sua caracterização envolve ser gentil com as meninas e frio com os meninos.”
“Para com isso! Para de falar besteiras que vão destruir a minha reputação!”
Isso era difamação! Calúnia!
“Eu aposto que se um homem estivesse em perigo, Araragi, você diria, ‘Caramba, isso parece difícil, eu espero que você dê um jeito de resolver tudo,’ e continuaria indo para casa.”
“Boatos e mentiras!”
“E se ele começasse a implorar pela sua ajuda, você diria, ‘Uhhm, eu acho que vou ignorar isso’.”
“Eu não ignoraria um pedido de ajuda!”
“Acredite ou não, eu sou muito mente aberta quando se trata de pular cerca.”
Assustadoramente, antes que eu conseguisse me livrar daquela difamação, ela simplesmente se repetiu para que a conversa voltasse ao rumo anterior. O que ela estava tentando fazer com a minha imagem? E se as pessoas acreditassem naquilo?
“Então,” ela continuou, “você está livre para sair com quem quiser e como quiser, mas se as coisas ficarem minimamente sérias, você vai morrer.”
“…”
Caramba, ela não parecia estar brincando, nem um pouco.
Eu entendi a seriedade dela.
Mas não o motivo.
“Não se preocupe,” ela disse. “Eu vou te dar um tempo para escrever o seu testamento.”
“Não era isso que estava me incomodando!”
“Bem vindo ao Cantinho da Contagem Regressiva da Hitagi… Faltam quatro segundos.”
“Como é que eu vou escrever um testamento em quatro segundos?”
“Isso é um tempo normal.”
“Os seus padrões são rígidos demais!”
“Se acalme, Araragi, você não vai morrer sozinho, a sua amante também será morta logo depois.”
“Será que dá pra parar de querer matar os outros?!”
“Eu também vou mandar a Kanbaru junto para você não se sentir solitário no pós vida.”
“O que você acha que ela é?”
“Uma kouhai flexível?”
“Isso aí é maldade!”
“Então ela é uma oferenda para Koyomi Araragi.”
“Ela vai ser sacrificada?!”
“Por que não? O termo usado para isso é hitomigoku, que rima com Son Goku, o rei macaco. Então é perfeito para a Kanbaru, que é uma macaca.”
“Você sabe que só o braço esquerdo dela é uma pata de macaco né?”
“Eu estou brincando. Ela é uma pessoa querida para mim. Além do mais…” A Senjougahara finalmente tirou os dedos da minha boca. “Eu não acredito na vida após a morte.”
“Entendi…” Ela nem precisava ter dito isso, eu não achava que ela acreditasse mesmo.
“Araragi, eu só quero que você saiba os riscos de me namorar.”
“Eu já sei…” Eu concordei, mas eu nem precisava desse lembrete. Os riscos estavam bem ali. A Senjougahara era um grande espinho de uma rosa. “De qualquer forma, eu não vou te trair.”
“É mesmo,” ela disse rapidamente. Ela não demonstrou emoção, mas adicionou, “Então tudo bem. Desde que você se lembre de quem é a sua namorada, eu vou ficar bem.” Algo nessas palavras parecia demonstrar fraqueza. Isso era raro para ela. Mas também era típico. “Do meu próprio jeito, eu me esforço para ser sua namorada, e se possível, eu quero que você faça o mesmo.”
“Esforço…”
Quando foi mesmo? A Hachikuji não tinha tocado no assunto? Manter uma relação é uma questão de esforço. E sobre como isso não era insincero, mas era baseado em confiança.
“Eu vou tentar também,” eu respondi com firmeza, como se estivesse fazendo uma promessa. “Eu nunca me esqueci de quem é a minha namorada.”
“Tudo bem.”
Minhas palavras fizeram ela dar mais uma resposta rápida. Isso é tudo. Talvez ela tivesse ficado satisfeita.
“Aliás, Araragi, tem mais uma coisa que eu quero dizer.”
“Vá em frente.” “Como uma garota, é gratificante ter um namorado que é popular com as outras mulheres.”
“ Seria melhor se você guardasse isso para si mesma!.”
Mesmo agora, a expressão dela não demonstrava nada. Ela tinha um controle inacreditável sobre os seus músculos faciais.
Parece que a conversa tinha acabado, então eu resolvi perguntar, “Você estava indo para algum lugar?”
“Eu estava voltando para casa depois de fazer compras. Você não conseguiu perceber isso só de me olhar? É por isso que eu odeio seres invertebrados.”
“Eu tenho um sistema nervoso desenvolvido!”
Além do mais, como eu saberia só de olhar? Ela não estava carregando nenhuma sacola.
“Pode subir na garupa,” eu disse. “Eu te levo pra casa.”
“Garupa?”
“Da bicicleta.”
“Ahh… Você está falando dessa besta mecânica.”
“Onde é que você foi criada mesmo?”
“Muito obrigada, mas não. A minha saia ficaria presa nas rodas.” É verdade, além de ser bem longa, a saia dela era folgada e esvoaçante. “Ou esse é um pedido sútil para que eu tire ela em público?”
“Não!”
Falando nisso, ela basicamente só usava saias longas, seja no uniforme da escola, ou nas roupas do dia-a-dia. Quando ela colocava algo mais curto como um culotte, ela sempre vestia meias-calças.
Ela se recusava a mostrar as pernas. Eu acho que dá para dizer que ela estava sendo casta? Sim, considerando o que ela passou, isso fazia sentido. Mas…
“Araragi.” Tendo liberado raiva o suficiente, e se sentido satisfeita, eu acho, a Senjogahara estava preparada para mudar de assunto. Seu tom de voz ainda era frio e sem emoção, como sempre. “Deixando os estudos para o vestibular de lado, o festival cultural acabou e nós estamos de férias. Você não acha que o ensino médio vai acabar logo?”
“Hm? Eu acho que você está certa.” A verdade é que eu andei tão focado nos estudos que eu nem parei pra pensar nisso, mas agora que ela falou nisso, a formatura estava se aproximando mesmo. “Pelo menos, até lá eu vou ter alcançado os requisitos de presença. Eu provavelmente não vou ter que repetir de ano.”
“Que pena, isso seria engraçado.”
“Eu não vejo a graça!”
“Abandonar uma piada tão boa depois de tantos anos no ar.”
“Nós estamos no colegial e não num programa de variedades!”
“Quando eu penso nas minhas memórias do ensino médio…” Ela ergueu o queixo como se fosse se lembrar de algo por alguns momentos antes de chegar a uma conclusão, “O ponto alto foi o hockey de borracha.”
“Você só começou a jogar isso no ensino médio?”
“Você está me insultando, Araragi. Caso você não saiba, eu costumava ser a Rainha do Hockey de Borracha.”
“Esse título não é meio insultante para uma menina do colegial?!”
“Eu praticava sozinha depois da escola por horas, e minha técnica era invencível.”
“Por favor para, isso é deprimente demais!”
“É claro que, como eu não tinha ninguém para jogar comigo, eu nunca tive uma partida de verdade.”
“Se você continuar assim, eu vou acabar chorando!”
“Cuidado com o jeito que você fala comigo. Senão eu vou cometer vários crimes violentos e confessar que fui influenciada pelo seu mangá preferido.”
“Agora você está fazendo autores de reféns?!”
“Deixando o hockey de borracha de lado, eu acho que vou ficar meio triste depois da formatura. A frase ‘mudança de lugares’ nunca mais vai ser tão animadora.”
“É só isso que o ensino médio era pra você?”
Não que eu não entendesse. Mais de dois terços da experiencia dela eram caracterizados por nada, literalmente. Ela não tinha nada para se lembrar.
“Na verdade,” eu disse, “eu não consigo te imaginar ficando animada com a mudança de lugares.”
“Sim. Mesmo se o meu lugar mudar, eu continuo sendo a mesma.”
“…”
Mesmo que essa frase fosse profunda, ela simplesmente disse o óbvio.
Foi exatamente assim que você mudou, Senjougahara.
Mas isso nem é preciso dizer.
“Primeiro, nós nos formamos,” ela continuou, “e então vamos para a faculdade, isso é, se você for aprovado.”
"Guarde esse comentário.”
“Então nós nos formamos e viramos adultos?”
"Adultos…”
"Qual você acha que é a diferença entre adultos e crianças?” Ela perguntou. Eu não sei se ela queria ouvir uma resposta. Ela só parecia estar pensando em voz alta.
“Vai saber. Eu não posso dizer que nunca pensei nisso… Mas esse é o tipo de pergunta que te faz pensar por horas, e mesmo assim não saber a resposta.”
“Aqui o que eu acho,” ela parecia estar séria. “As crianças assistem a versão em filme de Nausicaä do Vale do Vento, enquanto os adultos leem o mangá.”
“Mas você parecia estar falando tão sério!”
“O que significa que eu já sou adulta.”
“E eu ainda sou criança!” Hmph. É mesmo, ela lia bastante. “Romances, mangás, livros de negócios… Você lia quase de tudo né?”
“Sim. A única coisa que eu não leio é o clima de uma sala.”
“Esse é um tipo importante de leitura!”
“Eu sou completamente disléxica nesse quesito. Eu leio os espaços entre as linhas sem ler elas.” Ou eu só dou uma olhada nas notas de rodapé, ela adicionou.
Que piada complicada.
“Eu posso até não saber ler o clima de uma sala, mas eu consigo ser bem fria com as pessoas lá dentro,” ela se gabou.
“A humanidade não precisa desse talento!”
“No mangá de Nausicaä, a Kushana acaba sendo uma pessoa boa. Eu pensei que nós fossemos farinha do mesmo saco… Mas parece que nós seríamos inimigas.”
“Eu duvido que qualquer versão da Kushana fosse querer se aliar a você.”
“Araragi, você tem que parar de depender da Sessão da Tarde e virar um adulto.”
“Você vai recomendar mangás para um cara que está estudando pro vestibular?!”
“Não seja burro. Têm coisas muito mais importantes do que o vestibular.”
“Sim, mas!”
Sim, mas ela perderia a cabeça se eu dissesse isso.
A Senjougahara ainda não parou de Nausicaä ainda. “Descobrir que a famosa fala, ‘Apodreceu. Estava cedo demais’ estava certa, e de fato estava cedo demais, é bem comovente e te faz crescer como pessoa… Mas e se você tivesse lido o mangá primeiro, eu me pergunto como você reagiria à cena no filme?”
“Eu acho que eu não ligaria!”
“Tente ligar um pouco. As vezes eu me preocupo se você nunca vai crescer.”
“As pessoas ficam me falando isso…”
Você nunca vai crescer.
Mas a Tsukihi tinha dito o oposto hoje não é mesmo?
“Mas, sim,” eu disse.
“E você, Araragi, por que você está aqui? Esse não é o seu território habitual,” a Senjougahara mudou de assunto num piscar de olhos.
Eu usei uma fala dela de antes: “Você não conseguiu perceber isso só de me olhar?”
“Infelizmente,” ela retrucou, “Eu não entendo o comportamento de micróbios.”
Eu sabia que uma competição de deboche com ela não seria uma boa ideia. Mas micróbio?
“Mas, se eu fosse dar um palpite…” ela pensou, “considerando com quem eu estou falando. Você está voltando para casa depois de cometer algum crime leve?”
“Eu saí pra caminhar e cometer alguns delitos!”
Um crime “leve”?! Aí já é demais!
“Na verdade eu estou voltando da casa da Kanbaru,” eu respondi.
Dizer que eu passei na casa da Sengoku primeiro, só esticaria a conversa, e eu acho que ela e a Senjougahara nem se conhecem. Hm… talvez elas nem soubessem da existência umas das outras.
Agora não era a hora de mudar essas situação. Apresentar uma irmãzona assustadora pra Princesa Tímida seria uma ideia ruim.
“Ah, entendi. Então você cometeu algum crime pequeno na casa da Kanbaru.”
“Não!”
“É mesmo? Eu senti como se você tivesse visto ela pelada.
“E-eu não vi,” eu gaguejei.
Era mentira. Mas eu não vi ela de frente!
Eu só omiti detalhes para simplificar as coisas!
“Tudo bem,” ela disse. “Tudo bem, você não foi pra casa da Kanbaru para cometer um crime leve.”
“Que bom que você entendeu…”
“Porque um crime sexual é maior do que um delito desses.”
“Você não consegue entender que eu não gosto de pensar na minha querida kouhai assim, mesmo que só numa conversa!”
“Mas, é sério, você deveria ver ela nua pelo menos uma vez. O corpo dela é uma obra de arte. Não tem nada de sexual nisso, é só bonito. Os homens podem ter suas preferências, mas do ponto de vista de uma mulher, aquele é o corpo perfeito.”
“…”
Eu queria concordar e ficar falando sobre os detalhes, mas eu sabia o que estava acontecendo. A Senjougahara poderia estar plantando uma armadilha, então eu fiquei quieto.
Então ela também já viu? Isso não era tão estranho, já que as duas eram meninas, mas eu fiquei curioso… A Hachikuji estava brincando, e isso era segredo, mas a Kanbaru gostava da Senjougahara.
Tarada. Lésbica.
Masoquista. Exibicionista.
Suruga Kanbaru. Ela era tinha qualidade. Mesmo que eu tenha zoado ela por causa das capas dos livros de BL, não dá para ignorar o fato de que ela é uma pervertida de elite.
“Agora que ela deixou o cabelo crescer,” a Senjougahara comentou, “ela parece mais feminina… Agora ela só precisa falar de um jeito mais feminino, e ela vai ser o pacote completo.”
“Eu não quero interromper essa sua fantasia, mas eu gosto do jeito que ela fala.”
“Eu me orgulho de ser a dona de algo tão perfeito.”
“Mas você não é dona dela!” Eu estava com medo de algo ruim acontecer se a conversa continuasse assim, então eu decidi mudar de assunto. “Ah, é mesmo, tinha um cara estranho na frente da casa da Kanbaru.”
“Hein, quando foi que eles instalaram um espelho lá?”
Ela inclinou a cabeça como se estivesse falando sério.
“Ele não era tão estranho, eu diria que ele era mais… sinistro,” eu me corrigi.
“Sinistro?” A Senjougahara se virou lentamente para mim.
Sem entender o significado disso, eu continuei, “Ele disse que se chamava… Kaiki.”
E eu não me lembro de mais nada depois disso.
Notas de tradução
¹ Sambaquis, também conhecidos como concheiros, são depósitos de materiais orgânicos e calcários como conchas e ossos.
² Kaiki = 貝木. Kaizuka = 貝塚. Kareki = 枯木
³ Araragi = 阿良々木.
阿(a) é um kanji usado em nomes e pode ser usado como um prefixo de familiaridade.
良(ra) significa “bom”.
々 é usado para indicar que um kanji se repete.
木(gi) pode significar árvore ou madeira.
⁴ Galaxy Angel é uma série de jogos japoneses que depois virou anime. No anime, o Tact, que era protagonista dos jogos, foi cortado.
⁵ Outra personagem de Galaxy Angel. Durante a maior parte do anime ela foi tratada como piada, se machucando de formas cômicas e planejando vinganças que davam errado. E na segunda temporada ela consegue um emprego chato e fica reclamando com o narrador.
⁶ Mais um personagem de Galaxy Angel. Um tipo de inteligência artificial no corpo de uma pelúcia que parece ser um pinguim/gato estranho. Ele também é constantemente visto como piada e torturado.
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strxngests · 5 years
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antes tarde do que nunca, vamos aqui com um novo update com todos os blogs que eu tenho no momento. todos estão ativos ou semi-ativos, sem exceção, embora eu possa demorar eventualmente a responder os turnos por conta da faculdade & da vida num geral.
@strxngests​: multimuse de ocs da marvel & da dc.
@fxghters: todos os muses canon do universo da marvel & dc.
@reneggades: multimuse baseado no universo de the boys, série da amazon.
@lxstsinners: com base num plot junto com a sarah e o solid, esse blog é especificamente da nova geração de losers / com uma nova coisa à solta em derry.
@starxnthesky, @quinnyvega, @spellxnme, @hxlltitan: ocs com vários verses
@milwxys: baseado em sky high: escola de heróis, muses oc.
@delacrow​: exclusivamente muses do mundo de harry potter.
@mxleficis: multimuse do plot de bruxas com a sarah.
@bxysout: em suma, a maioria dos muses masculinos se encontram aqui.
@rollxrcoster: multimuse para uma história original que se passa em um acampamento de música e de artes.
@virtutibxs: multimuse da personificações das virtudes. kind of.
@rottxnbitch​: muses que não se encaixam em nenhum dos blogs acima.
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romantizare-i · 2 years
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Faz uns meses desde que notei o quanto ainda te amo, é a mesma proporção de tempo que digo para as pessoas que já te esqueci, que você é só uma lembrança bonita. Elas não sabem que eu abro sua conversa no WhatsApp cada vez que algo incrível acontece ou quando estou tendo uma crise e quero sumir, ou num minuto qualquer do dia, na esperança de encontrar um "Oi, tá aí?". Mas no fundo meu coração sabe que esse dia não vai chegar, essa mensagem nunca vai vir. Queria te falar que apaguei nossas fotos dia 27/08/2022 tinha mais de mil fotos e foi o dia que tudo em mim doeu, não tinha um pedaço de mim que não doía na hora. Tem dias que a Ray me pergunta se eu acho que nós vamos voltar, há um tempo eu realmente achava que sim, mas hoje parece quase impossível, mas eu continuo respondendo a mesma coisa, "Acho que sim amiga, por mais que pareça estranho, sinto que ainda vamos voltar a ficar juntos", não sei se ela acredita nisso, mas tudo bem, hoje eu também não acredito. Em especial desde o dia 26 de agosto (nem sei se você se lembra o que é essa data) tem sido mais difícil os dias, tem sido mais dolorosa a saudade, tá apertando mais e a falta de você muitas vezes é sufocante, eu me sinto perdida, não acredito que te mereço de volta, mas eu queria tanto pelo mais uma conversa com você, um adeus de verdade sabe? A ultima lembrança que tenho nossa, é você saindo da minha casa com as coisas que dividimos e fim, você pediu para que eu me cuidasse e se foi. Mais eu sei que nao tenho esse direito, nem posso te cobrar nada. Preciso confessar que queria te excluir da minha vida, te tirar de todas minhas redes sociais, mais eu não consigo, e se um dia eu conseguir, por favor não pense que foi porque deixei de te amar, porque acredite vai ser uma das decisoes mais dolorosas que ja tomei, e com certeza vou chorar demais. Mas é estranho, eu não costumo ter problemas para tirar as pessoas da minha vida e agir como se elas nunca tivessem existido, mas você não consigo, acredito que é porque você é o meu significado de amor, e isso significaria perder ate mesmo as memorias das covinhas que eu mais amo (mesmo escondidas nessa barba, me desculpa mais sou a favor das covinhas a mostra), de olhar e você entender e a gente sorrir, de deitar no seu colo e te perturbar enquanto você com toda paciência do universo tenta realizar todos meus caprichos, de te fazer cafune, te apertar, te abraçar e dormir. Vi uma trend no tiktok, que diz que quando conseguimos dormir ao lado de alguém com essa facilidade é porque a nossa eu criança sentiria confiança, e eu não duvido disso, você é a pessoa que eu sei que me ajudaria se eu tivesse bêbada, não encostaria um dedo em mim e nem deixaria que ninguém chegasse perto, esse é você. Hoje eu chorei, já venho chorando há uns dias na verdade, e eu só consigo imaginar nas vezes em que eu te fiz chorar, e ai eu me lembro que não tenho direito nem te de pedir um tchau. As mensagens que me mandou na nossa última conversa, a uns meses atrás, me destruíram, você nunca falou comigo daquele jeito, tão indiferente. Eu sei que eu parti seu coração, eu sei que eu desisti de tudo que a gente estava construindo, eu sei que fui uma grande fdp, mas hoje, eu aprendi com tudo que passou e se hoje não cabemos mais um na vida do outro, em algum momento vamos precisar sair por completo e cortar qualquer vínculo que tenha sobrado, tenho a sensação de que ainda estamos presos de certa forma a tudo isso, já fazem 3 anos desde o fim, e é tudo muito estranho. Está tudo tão confuso, assim como esse texto, meus pensamentos estão gritando, todos querem sair ao mesmo tempo, pois são mensagens que eu ensaio para te enviar diariamente e nunca mandei, acho que nunca vou mandar, queria coragem só pra te mandar essa aqui.
Você era meu raio de sol, meu lar, meu melhor amigo, minha definição de amor e paz, e eu não menti aquele dia, quando te disse que daqui uns anos queria ver os seus cabelos brancos juntos com o meu, eu te amo você sempre será o amor da minha vida, mas estou entendendo que talvez podemos não ser o amor para a vida.
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notmaddiecine · 4 years
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                      TASK 005 - 𝓐 𝓱𝓮𝓻𝓸'𝓼 𝓳𝓸𝓾𝓻𝓷𝓮𝔂 (Flashback)
                                On this bed I lay Losing everything                                   I can see my life passing me by                                              Was it all too much                                              Or just not enough?                                 Wake me up I'm living a nightmare
TW: Violência infantil, agressão a mulher, gore, muito gore e sangue. 
Certo, é minha vez de contar minha história agora, só fica quietinha e escuta sua maninha! Então, tinha essa mesinha de vidro bem no centro da sala, eu claro, fui até ela e vi que tinha lá em cima uma chave dourada e pequeninha, para uma das portas ela tinha de ser! Então, em todas elas eu tentei, mas ou as fechaduras eram grandes demais ou largas demais, nada parecia funcionar, quando já estava quase me dando por vencida foi que eu vi, uma cortina bem suspeita e a fumaça da curiosidade apareceu como um sorriso bem sinistro por alguns breves segundinhos, mas logo se foi quando me aproximei e puxei a cortina e me deparei com uma porta bem pequena, uns quarenta centímetros talvez? O que importa é que a chave funcionou! Mal poderia imaginar a minha alegria! Porém, é claro, algum problema eu teria, pela primeira vez, eu era grande demais para entrar em algum lugar, acredita?! Tudo que eu pude enxergar foi um corredor estreito, não era muito maior que um buraco de rato. Mas havia mais, depois do corredor havia um jardim, o mais belo que já vi! Se bem, que ele me era um pouco familiar, mas naquele momento nem percebi. 
Para qualquer outra pessoa seria impossível encolher e passar por ali, mas não para nós é claro, então, já sabia exatamente o que procurar, afinal, muita pouca coisa era realmente impossível. Quando olhei para mesa, logo apareceu uma garrafinha com um bilhete em letra cursiva amarrado a ela com as palavras: BEBA-ME. Tenho certeza de que já ouvi algo assim antes, Marlo, mas não lembro onde, você lembra? Bem, não importa, tenho toda a história ainda para contar. Então bebi tudo da garrafa e foi o esperado, logo diminui e diminui, por um momento pensei que fosse sumir, mas boba eu não sou e sei que só aquilo não seria o suficiente. Sabia que no frasco não era veneno, por que um igual havia no castelo da rainha branca e se não morri lá, porque morreria agora. 
—Torresmo mal passado! Esqueci a chave!
Foi o que eu resmunguei enquanto dava um tapa na minha própria testa, mas não entrei em pânico, sabia bem o que precisava fazer, então, olhei em volta outra vez, perto da mesa deveria ter algo para ajudar. Dei um outro tapa em minha própria cabeça e não me olhe assim! Alguém precisa cobrar de mim um desempenho melhor, por que não eu mesma? A maioria me trata como louca ou como se fosse criança, eu preciso ser dura comigo mesma às vezes, Marlowe. Então, voltei pra perto da mesa e lá eu encontrei uma caixinha de vidro ao pé da mesa, nela tinha um pedaço de bolo, me diz se não foi o timing perfeito? Ele estava em um belo arranjo de frutas secas que diziam: COMA-ME. E então, eu comi e como o esperado, logo mais eu cresci, o suficiente para pegar a chave, mas além disso eu fui, não demorei para no teto bater e que dor eu já estava na cabeça, só piorou ainda mais. Meus pés, meus belíssimos pés! Eu não estava vendo eles, Poppy, dá para acreditar? Um absurdo bem grande eu diria, estranhissérrimo! 
Okay, okay, talvez eu esteja contando tudo isso um pouco errado ou fora de ordem, sim, sim, eu sei que do começo sabe bem, mas tenho que contar mesmo assim, Marlo, fica confuso sem início e só com o fim, mas como bem sabe tudo se deu início com a voz, não era a voz normal que a gente conhece ou alguma emoção que resolveu sair por aí para brincar, não, era uma voz diferente. Ela falava algo mais ou menos assim…
“Venham, crianças, venham brincar na floresta enquanto seu lobo não vem”
Não? Qual é Poppy? Tem que admitir que é mais divertido assim, mas tudo bem, vou contar o que a voz disse mesmo dessa vez, ao menos o que eu lembro.
“Entrem na floresta assombrada… Se os desaparecidos querem achar, na floresta devem entrar...”
E como era de se esperar que o que? Nós pensássemos que era algum aprendiz de gracinha, mas nope, não era não, tinha mais gente escutando aquela voz, mas então de quem era? Bem, isso foi o que queríamos descobrir, né? E foi com isso que a gente decidiu o que? Exatamente, entrar na floresta, não como se você eu não tivéssemos quebrado algumas regras vez ou outra. Então, a gente só foi, armas foram levadas? Afinal, você bem sabe, eu já sou uma arma, anos de artes marciais não foram atoa. A floresta eu já conheço bem, ser da Anilen me veio para o bem, Marlo prejudicada saiu um pouco dessa vez, mas bem, não dá para se ter tudo, não é, meu bem?
Escutei muita gente dizer sobre entrar na floresta durante a noite, imbecis todos eles são, nós entramos no fim da tarde, por que idiotas não somos nós. Ainda estava claro o suficiente, não é como se a gente fosse ficar muito tempo lá né? Era tudo questão de achar a voz, matar ela e ir embora. Mas é claro que não seria tão fácil assim, afinal, logo que entramos na floresta, foi quase como se instântaneo, sussurros começaram a soprar em nossos ouvidos e quando pisquei a personificação do medo já havia saído de dentro de mim, estava correndo o mais rápido que conseguia e eu não entendia bem o por que. É, eu sei, não deveria ter te deixado para trás, mas sabe como é perigoso viver sem o medo? Na verdade, duvido que viveria muito se não houvesse o medo na minha vida, emoções são complicadas, mas precisamos de todas elas. Então, corri e te deixei para trás, sorry, Marlo. 
—Você não pode me capturar, do medo não consegue escapar…
Essa eu não entendi, por que quem estava fugindo era o medo? Mas bem, nem todas as emoções fazem sentido, ser racional não é bem o forte dela, entende? Então, eu segui correndo sem qualquer medo do que poderia surgir, mas a personificação do medo estava completamente assustada, os cabelos loiros esvoaçantes pelo vento, e o tecido azul e branco do vestido dela mal se moviam durante a corrida, ainda que estivessem manchados de sangue, o rosto do medo? Eu não sei dizer, ela nunca se mostrou para mim, sempre achei que não houvesse algum. Mas o medo nem sempre só foge, ele também assusta, é quase como se projetasse os medos dele em você. 
—Madison… Tem que se comportar, Madison, não quer que seus avós a chamem de louca, não é?
A voz de Alice saiu da personificação do medo, que parou subitamente e se voltou para mim, mas a cabeça baixa fazendo com que os cabelos loiros cobrissem o rosto, se é que havia um.Louca, sabe que eu não sou louca, nem você é? Na verdade, todos somos, mas eles são mais, nos taxam assim por que não vêem o que está na frente deles e quando tentamos falar, loucos somos nós apenas por nos deixar imaginar. Eu quis gritar, mas de que adianta gritar com o medo? Foi então que o medo veio para cima de mim, me derrubando com tudo no chão, nunca achei que o medo teria poder sobre mim estando do lado de fora, mas era como se o medo estivesse gerando o medo outra vez, como se buscasse se tornar ainda mais forte, entende? Eu gritei, em pânico, algo que eu não deveria estar sentindo ali. 
“Você não faz ideia do seu potencial, criança… Acha que a loucura é seu mal, mas é seu maior triunfo, os medos abraçar, será seu único meio de voltar.”
Voltar para onde? Para o que? Não sabia dizer, mas a voz é misteriosa e disso você sabe bem, Marlo, mas foi então que tudo escureceu assim que o medo mordeu meu ombro. Não sabia que o medo mordia, assim não imaginava o quanto isso doeria, e doeu para um caralho. Um breu foi tudo que vi, nisso lembrei do Astro, nome do pai dele não é esse? Enfim, não vem ao caso. Tudo apagou e quando se acendeu, não acendeu realmente por que não eram velas que tinham a minha volta. Caindo estava eu, com tudo escuro ao meu redor, quando espremi os olhos para ver as paredes, não vai acreditar! Louças e estantes tinham de montão, juntas  quadros e mapas e tinha geleia! Sabe o quanto eu amo geleia, não é? Mas não era da que eu gosto, era laranja, detesto geleia de laranja. Joguei o pote de geleia para longe, o que faria eu se aquilo batesse na cabeça de alguém como quase bateu na minha? 
—Depois disso, rolar pelas escadas não vai mais me provocar nenhuma emoção.
Foi o que eu murmurei ao vento, afinal, ninguém parecia estar por perto para ouvir, procurei e procurei, mas tudo que tinha era uma imensidão, já não sabia dizer se eu era pequena demais caindo em um buraco de tamanho normal ou se era eu do tamanho normal e o buraco muito fundo. Sabe, Marlo, uma vez ouvi que existem pessoas do outro lado do chão, aqueles que andam de cabeça para baixo, que estranho devem ser… Qual era mesmo o nome deles? Os antipáticos tinham de ser! Quase certeza venho a ter, afinal, como ser simpático se mundo está se cabeça para baixo? Bem, como aquela queda não parecia ter mais fim, eu voltei a falar sozinha, sabe como é chato não ter com quem conversar e quem melhor para me ouvir do que eu mesma?
—Poppy, como deve estar? Nem sabia que da floresta essa parte tinha… Espera, na floresta ainda estou? Difícil é dizer quando já não vejo mais você. Talvez tudo isso seja apenas aquilo, isso, aquilo! Aquilo que ao nascer e morrer é grande, mas no vigor da idade é pequenina! Faz sentido agora que aqui não se tenha uma lamparina!
Mas sem resposta fiquei eu, como já era de se esperar, porém antes que eu voltasse a divagar, senti enfim minhas costas contra folhas secas e galhos baterem, finalmente havia chegado ao chão! Quando olhei para o lado, não vai acreditar! Era a curiosidade bem ali! Na sua forma de coelho-gato, pulando e miando enquanto se locomovia com pressa, a seguir com a mesma rapidez, afinal, se havia curiosidade, algo de interessante me aguardava. No entanto, ela apenas me levou a uma sala comprida e baixa, iluminada apenas por uma fileira de lâmpadas penduradas no teto. Tinham portas espalhadas por toda a volta da sala, mas pareciam estar fechadas e isso me lembrou de algo que ouvi em uma história muito tempo atrás, quando ainda era pequenina, lembra de algo parecido? Portas e chaves são sempre uma confusão. O coelho-gato desapareceu como fumaça, me deixou sozinha, maldito fosse ele. 
Bom, bom, agora voltamos onde eu estava lá no ínicio, ou seria o início o final? sinceramente, já não sei dizer exatamente, esse é um mal ou apenas sem igual? De qualquer forma, estava eu na floresta sabe, mas não a do instituto que é chata e monótona, não, era a floresta de Wonderland disso eu tenha certeza sim! Mas como estava eu em Wonderland? Simples é responder essa, eu não estava, mas estava. Sabe o que quero dizer, não? Claro que sim! Eu caminhei pelo que pareceram ser horas sem fim, meus pés já estavam doendo tanto que tirei as sapatilhas e as deixei para trás, foi quando ouvi uma risada de criança, uma que eu reconhecia, mas não sabia de onde. 
O amor fraternal, não sei por que o amor se dividiu na minha cabeça, ele só dividiu, mas ele parece ser difícil de multiplicar, o amor romântico disse da última vez que apenas subtrai, que ele não soma mais. Mas eles sempre dividem, mas essa não é a questão. Amor fraternal, sou eu, quando criança, em torno de uns cinco anos? Descalça, um vestido azul bebê correndo por entre as flores resmungonas de Wonderland, ria como se tudo estivesse belo e realmente estava. O sol brilhava e eu podia sentir os raios solares beijando minha pele, o aroma floral preenchendo meus pulmões… Um trovão ressoou no céu. Escuro. Tudo ficou escuro e eu corri quando ouvi o amor fraternal gritar, mas ela não estava chamando por mim.
—MÃE!
Eu congelei na mesma hora, pés enraizados no chão, literalmente. Raízes de uma árvore prenderam meus pés ao chão, tudo que eu pude fazer foi ver o amor fraternal correndo por um jardim no meio da chuva, gritando pela mãe, chorando de forma compulsiva, completamente suja de lama. Pelo chão estar escorregadio, ela resvalou algumas vezes no chão até que caiu em um buraco. Ela gritou e gritou, mas eu não conseguia sair do lugar. 
Emoções e sentimentos… Não são pessoas de verdade, alguns se parecem com pessoas, mas não são, é algo que a nossa mente cria através do que ela associa aquela emoção. O amor romântico sempre muda para a pessoa que você ama, quando não se ama ninguém, ele apenas volta a fazer parte do amor como um todo, ele apenas se divide quando fico apaixonada, não é uma emoção que vejo com frequência. Mas existe a alegria, no momento ela toma a forma de uma criança, afinal, quem se diverte mais que uma criança? Mas ela não é uma, às vezes é difícil para os outros separarem essas coisas, eu nunca matei alguém de verdade, mas já matei os sentimentos ruins tantas vezes… Alguns deles levam isso pro coração, mas por que eu iria querer conviver com eles? É mais fácil matar aquilo que me incomoda, o que eu não gosto em mim, você também não vê dessa forma, Marlowe?
Eu olhei para meus pés e não lutei, não os puxei para tentar me livrar, eu apenas respirei fundo na esperança de que conseguisse me soltar. Eu só desejei que as raízes deixassem de existir, que nada mais me segurasse, quando abri os olhos outra vez elas haviam desaparecido e eu estava livre. Sabe, Marlo, eu li uma vez uma frase que era mais ou menos assim “A imaginação é mais importante que o conhecimento. “ E eu acho que posso concordar com ela, nas nossas mentes tudo é possível, mas… E se for da mesma forma na vida também? E se a imaginação realmente por mais importante do que qualquer conhecimento? O que realmente sabemos? Eu acabei ficando cheia de questionamentos, desculpe. 
Corri na direção do amor fraternal, eu me debrucei sob o buraco e estendi a mão, mas ela era pequena demais para alcançar minha mão, não conseguiria tirar ela dali, eu sabia disso, mas eu fiz aquilo de novo. Fechei os olhos e respirei fundo, imaginei que a distância entre mim e o amor fraternal estava diminuindo e só abri os olhos outra vez quando senti a mão pequena dela agarrar a minha, sendo o suficiente para que ela saísse do buraco. Deu certo, Poppy. Eu acreditei e deu certo. Ela me abraçou de imediato e eu não me importei com isso, até o momento em que ela se separou e me chamou de mamãe… Como eu disse, sentimentos não são pessoas Marlo, eles não tem mães ou pais, essas pessoas são os mesmos que eu teria. Ela achava que eu era nossa… Aquela que começa com A. Eu fiquei horrorizada e neguei, mas ela seguiu dizendo que eu era ela, falava com tanta certeza que por um momento eu fiquei em dúvida de quem realmente era, mas me lembrava de ser eu mesma naquela manhã, será que havia mudado durante o dia e não havia percebido? Porém, não me transformo em outras pessoas, tenho quase certeza disso. 
Falando em transformar em outras pessoas, sabia que a raiva é parecida com a rainha de copas? Acho que é por que sempre ouvi ela ameaçando a gente. Ela me assusta às vezes, a raiva e o ódio agem como se fossem casados, sabe? Claro que não são, por que não são gente, mas você entendeu. Ela parecia furiosa quando vi ela no jardim, sabe? Lembra do jardim que comentei mais cedo? Então, eu estava nesse jardim e ele era muuuuuuito bonito, as flores brancas eram muito belas, mas tinha alguma coisa estranha que acho que esqueci de comentar esse tempo todo, sabe quando as luzes piscam? Então, às vezes piscava, não eu, mas o mundo todo. Quase como se fosse um clarão no meio de uma tempestade, as flores nesses clarões não eram tão bonitas, elas estavam murchas e cobertas por sangue, reconheci pelo cheiro metálico que elas exalavam, mesmo quando na forma bonita. Na verdade, durante os clarões tudo parecia bem mais escuro e menos colorido, era como se tudo estivesse morrendo na minha volta. 
—ONDE PENSA QUE VAI?!PEGUEM ELA!
A raiva gritou para os soldados de cartas que começaram a sair de lugar algum, mesmo sendo a raiva, ela ainda parecia tão linda… Isso até o clarão vir outra vez, e dessa vez ele ficou por mais tempo nesse modo escuro, o cheiro de podridão e sangue apenas aumentou, os soldados de carta não estava mais saindo do nada, Poppy, eles estavam saindo de dentro da raiva. Literalmente. Ela estava encurvada para frente, o vestido feito de entranhas e corações pingava sangue fresco, havia um rasgo enorme nas costas dela e os soldados pareciam brigar para sair de dentro do corpo, rasgando ela cada vez mais, mas a raiva não parecia se importar, ela apenas dava risada de tudo aquilo. Eu fiquei chocada, não conseguia me mover, nunca tinha visto a raiva de forma tão bisonha, os soldados de copas tinham o coração do lado de fora do peito e estavam completamente cobertos de sangue, marchando na minha direção, com foice em uma mão e o martelo na outra, escolha de armas curiosas eu diria. Tentei correr e o clarão veio outra vez, os sorrisos amigáveis nos naipes de carta limpos, não parecia mais tão amigável assim, eles eram bisonhos e me assustavam, o mundo parecia estar girando e meu estômago se embrulhou. Se eu vomitei em cima do Ás de copas? Você ainda tem dúvidas? Ele estava coberto de sangue e fedia a morte, não tinha muitas decisões nesse caso. 
Espera, espera, eu não tinha terminado de contar o que aconteceu com o amor fraternal, não é? Bem, ela seguiu com aquela história de que eu era aquela que não deve ser nomeada Kingsleigh, um absurdo completo, sabe? Só por que eu tenho cabelos loiros e estava vestindo um vestido azul, não significa que eu era aquela pessoa, um ultraje completo, quem iria afinal querer ser comparada a alguém tão esquisita quanto ela? Eu segui dizendo para ela que não era sabe? Mas lembra que estava chovendo demais nessa hora? Então, a chuva começou a trazer um cheiro horrível pro meu nariz, demorei um pouco pra captar, meu olfato já não é mais o mesmo depois dela droga que fiz e deu muito errado, você sabe, mas ainda consigo sentir cheiros fortes como aquele ali. Foi ai que veio o primeiro clarão, foi aí que o primeiro clarão veio, foi rápido, mas a visão que eu tive foi pavorosa, eu não tinha tirado o amor fraternal de um buraco mais de um poço e você não vai acreditar! Sabe do que era o poço? Vamos, lá! Você tem que saber! É facinho, ainda mais para você que tá sempre presente na hora do chá! Certo, certo, não farei mistério, era um poço de… Melado! Sim, sim, igual o da história da Marmota, não é que aquela dorminhoca estava certa sobre o poço de melado? Depois aquela ingrata diz que isso tudo era tolices… Enfim, voltando. 
Eu tirei o amor fraternal de um poço de melado, até aí tudo bem, não era tão bisonho, mas foi outro clarão e eu vi claramente que o amor fraternal que estava nos meus braços… Aí, nossa, to com ânsia de vômito só de lembrar disso, Marlo, foi horrível sabe? Uma das minhas mãos estava dentro dela! Literalmente! Tocando as entranhas e elas tinha uma textura tão estranha e o cheiro… Eca, eca, eca! Eu soltei ela na mesma hora e fui para trás, mas o chão tava resbalando de mais e ela veio na minha direção, eu conseguia ver um pedaço do cérebro dela, acredita? E o olho nesse lado do crânio estava girando loucamente até que caiu pra fora e ficou pendurado, foi um nojo só. E as mãos pequenas dela agarraram meu tornozelo, mas era só os ossos das mãos da menina, então, eu fiz o que eu consegui fazer, sabe? Não, eu não vomitei nessa parte, tá legal? Eu não sou tão fraca assim! Foca no que to falando, eu fiz o que eu conseguia fazer pra me livrar daquela criatura horripilante, eu chutei a cara dela, mas assim, eu dei uma bicuda naquela cara bisonha e a criança voou de volta para dentro do poço de melado. 
—AHÁ! TOMA ESSA ZUMBI DOS INFERNOS!
Eu gritei me levantando em um pulo, fazendo uma dança da vitória por alguns segundos, isso até que você não vai acreditar. Mas queria dizer aqui, que assim, se aquele é realmente um pedaço do meu amor, não quero encontrar com ele nunca mais, por que porra. Enfim, adivinha. O amor fraternal ou a versão morta viva dele, estava escalando a porra do moço de melado, e coberta com melado, até nas partas abertas agora… Novamente, tive que segurar o vômito, ela seguia me chamando de mamãe. Quando eu vi a cabeça dela saindo do poço, amiga, eu só corri, nem ferrando que eu ia continuar ali esperando aquela praga me atacar. E foi assim que acabei no jardim, mas daí já tinha parado de chover e o demônio infantil não me alcançou, mas foi por pouco, sabe?
Certo, agora onde eu estava? No jardim, não é? Sim, certo, eu tinha vomitado no Ás, lembro disso, acredita que ele ficou com nojinho e começou a chorar de raiva… Até que faz sentido considerando que ele saiu de dentro da raiva. Mas isso não impediu os outros soldados sabe? Então, eu corri ainda que estivesse tonta e tropeçando, em claro, cabeças. Acho que a raiva levou o cortem-lhe a cabeça a sério demais dessa vez, ou a expressão cabeças rolando. Eu tive que chutar algumas cabeças em uma parte do labirinto no jardim, por que estava tenso de caminhar pisando na cara das pessoas, será que é isso que querem dizer quando dizem pisando em alguém? Se for, eu não gostei, não tenho vontade de repetir não. Eu consegui entrar no castelo, completamente molhada de chuva, sangue e… Bem, melado. Um pouco de vômito também, mas isso não vem ao caso. Eu senti uma dor no couro cabeludo, alguém estava me puxando pelo cabelo com uma força muito grande, eu pisquei e quando vi, minhas costas estavam na parede, meus pés não tocavam o chão e as mãos grandes do ódio estavam circulando meu pescoço me erguendo contra a parede, tornando cada vez mais difícil de respirar. 
—Vejo, que não é tão engraçado quando somos nós criando emboscadas e matando você, não é, Madison? Ou eu deveria dizer Alice?
Acho que que nunca cheguei a comentar, mas quando você está na sua cabeça, se você sentir uma emoção, isso meio que torna ela mais forte. Então, já deu pra perceber o que o ódio estava tentando fazer, não é? E com isso dito, eu senti o aperto no meu pescoço aumentar, cara, eu queria gritar, mas eu nem conseguia falar mais nada. Comecei a me perguntar se era assim que as emoções se sentiam quando eu matava elas, mas com isso novamente, elas não são pessoas de verdade, são emoções e só sentem o que elas representam e nada mais. Claro, ódio pode se dividir, tal como ele se dividiu e veio a raiva, mas quando os dois se fundem, o ódio sente raiva também, mas ele não sente alegria por exemplo. Aliás, meu ódio e raiva, eles sempre estão lado a lado, mas nunca vi eles realmente juntos. 
Sabe quem mais geralmente anda pelos cantos? Na verdade, geralmente ele fica mais preso do que realmente solto pelos cantos, mas é por que é perigoso deixar o medo a soltar, ele assusta a maioria dos sentimentos bons. Faz isso da pior forma possível, ele faz com que se aproximem pedindo ajuda e parecendo assustado, quando se aproximam o suficiente, ele dá o bote. Por isso eu geralmente mantenho ele preso, assim ainda sinto medo e não faço burrada, mas assim ele também não causa o caos e mata as emoções boas. Eu prendi o medo em uma caverna, nos confins da minha mente, longe de todo o resto e deixei a severidade de guarda, por que ela é severa demais pra deixar as outras terem acesso. Eu sabia que o medo ter fugido, era o motivo de tudo estar tão estranho, digo, mais que o normal. Inclusive, foi isso que me fez lembrar o por que de eu estar ali em primeiro lugar, eu precisava capturar o medo!
Mas bem, voltando ao ódio, eu achei que fosse morrer ali… O que acontece se morrer dentro da sua própria mente? Nunca soube de nada parecido antes, mas presumo que seja morte cerebral ou coisa do gênero, provavelmente fica em estado vegetativo. Bom, eu tô aqui falando com você muito bem, então, sabemos que não morri, desculpa o spoiler, mas né. Na verdade, lembra que disse que nunca tinha visto a face do medo antes? Isso é por que ele muda de forma, sabe? Na verdade, eu posso ter morrido e ser o medo falando com você agora mesmo, você não saberia a mesmo que eu quisesse… Na verdade, agora vai ficar se questionando para sempre quando me ver se sou o medo ou não. Mas enfim, o ódio, certo, antes que eu me perca outra vez. 
Lembra o que eu disse sobre o poder da imaginação? Eu acreditei por que era um momento complicado, mas é loucura sabe? Afinal, nem tenho esse poder, mas claro, eu posso fazer qualquer coisa dentro da minha cabeça, afinal, a cabeça é minha, mas sabe como é difícil lembrar disso quando se está sendo atacada? Então, bastante, por isso o medo estava ganhando. Mas não iria mais, eu fechei os olhos e imaginei todas as armas que estavam nas paredes vindo na direção do ódio, eu consegui sentir até em mim quando um machado se cravou nas costas do ódio, os cabelos brancos se pintando de carmesim na minha frente e um grito do mais puro ódio escapou de dentro dele quando me soltou, com apenas um gesto de mão, ele começou a se contorcer no chão na minha frente, as armas se cravando contra a pele dele até que ele morresse. Entenda, ele não era uma pessoa, então, não é como se eu tivesse matado alguém de verdade ou coisa do tipo, além do mais, ele me deixou, bem, com ódio e raiva. Era de se esperar uma reação não tão boa assim. 
Eu fugi, agora sabia pra onde eu tinha que ir, pra caverna onde o medo ficava preso. Ele passou tanto tempo por lá, é comum que volte, sabe? Agora, que eu tinha lembrado que eu tinha o poder ali, era mais fácil, pois a próxima porta que eu abri me levou para o lado de fora, para a ponte que eu tinha que cruzar para chegar na caverna, não existiam mais clarões agora, o mundo colorido que costumava ser estava cinzento e sem vida, tudo murcho e apodrecido, coberto de sangue. Não me foi uma surpresa encontrar o corpo da severidade em pedaços, mas novamente, meu estômago embrulhou de uma forma terrível outra vez. Mesmo assim, eu entrei na caverna, depois é claro, de fazer uma pausa e limpar meu estômago, sim, Marlo, eu vomitei de novo, tá legal? Eu mato as emoções ruins, mas nunca de forma tão brutal, não gosto de ficar vendo tripas na minha frente. 
Eu tentei fazer uma luz se acender dentro da caverna, mas era como se eu não tivesse controle sobre aquele espaço, isso me preocupou bastante, mas sabe o que foi o pior? Eu chamei pelo medo, pelo nome que dei a ele quando o coloquei na caverna, sim, eu sei passei falando sobre como não eram pessoas e não tinham nomes, mas dei um nome pro medo. Mas, em minha defesa, foi por que ele tinha uma “casa” os outros não. De qualquer forma, o nome do medo é Eco, por que ele sempre que ele falava ecoava pela caverna. Quando eu chamei, ele respondeu, mas quando eu me aproximei no único ponto de luz da caverna, que era onde o medo ficava preso, Marlowe, ele estava lá. Você não está entendendo o problema, se o medo estava preso ali, o tempo todo, significa que ele nunca saiu de dentro de mim, significa que outra coisa entrou na minha mente e corrompeu tudo, que alguma coisa me mordeu naquela floresta. Depois disso, você já sabe, eu acordei com você me chamando, me arrastando pra fora da floresta, eu tô com medo real, Poppy, eu não faço ideia do que me mordeu e entrou na minha cabeça, eu sequer sei se saiu. Mas tudo que eu lembro é a voz semelhante a do medo, ressoando na minha cabeça. 
“Você nunca vai se livrar de mim, não enquanto não aceitar quem você é, pequena Alice.”
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eudown · 4 years
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"A mulher mais linda da cidade."
Das 5 irmãs, Cass era a mais moça e a mais bela. E a mais linda mulher da cidade. Mestiça de índia, de corpo flexível, estranho, sinuoso que nem cobra e fogoso como os olhos: um fogaréu vivo ambulante. Espírito impaciente para romper o molde incapaz de rete-lo. Os cabelos pretos, longos e sedosos, ondulavam e balançavam ao andar. Sempre muito animada ou então deprimida, com Cass não havia esse negócio de meio-termo. Segundo alguns, era louca. Opiniões de apáticos. Que jamais poderiam compreendê- la . Para os homens, parecia apenas uma máquina de fazer sexo e poucos estavam ligando para a possibilidade de que fosse maluca. E passava a vida a dançar, a namorar e beijar. Mas, salvo raras exceções , na hora agá sempre encontrava forma de sumir e deixar todo mundo na mão. As irmãs a acusavam de desperdiçar sua beleza, de falta de tino; só que Cass não era boba e sabia muito bem o que queria : pintava, dançava, cantava, dedicava-se a trabalhos de argila e, quando alguém se feria , na carne ou no espírito, a pena que sentia era uma coisa vinda do fundo da alma. A mentalidade é que simplesmente destoava das demais: nada tinha de prática. Quando seus namorado ficavam atraídos por ela, as irmãs se enciumavam e se enfureciam, achando que não sabia aproveita- los como mereciam. Costumava mostrar-se boazinha com os feios e revoltava-se contra os considerados bonitos- "uns frouxos", dizia, " sem graça nenhuma. Pensam que basta ter orelhinhas perfeitas e nariz bem modelado..... Tudo por fora e nada por dentro.... " Quando perdia a paciência, chegava as raias da loucura; tinha um gênio que alguns qualificavam de insanidade mental. O pai havia morrido alcoólatra e a mãe fugira de casa, abandonando as filhas. As meninas procuraram um parente, que resolveu interná- las num convento. Experiência nada interessante, sobretudo para Cass. As colegas eram muito ciumentas e teve que brigar com a maioria. Trazia marcas de lâmina de gilete por todo o braço esquerdo, de tanto se defender durante suas brigas. Guardava, inclusive, uma cicatriz indelével na face esquerda, que em vez de empanar-lhe a beleza só servia para realça- la. Conheci Cass uma noite no West End Bar. Fazia vários dias que tinha saído do convento. Por ser a caçula entre as irmãs , fora a ultima a sair. Simplesmente entrou e sentou-se do meu lado. Eu era provavelmente o homem mais feio da cidade- o que bem pode ter contribuído. 
- Quer um drinque?- perguntei. 
-Claro por que não? 
Não creio que houvesse nada de especial na conversa que tivemos essa noite. Foi mais a impressão que causava. Tinha me escolhido e ponto final. Sem a menor coação . Gostou da bebida e tomou várias doses. Não parecia ser de maior idade, mas, não sei como, ninguém se recusava a servi- la. Talvez tivesse carteira de identidade falsa , sei lá. O certo é que toda vez que voltava do toalete para sentar do meu lado, me dava uma pontada de orgulho. Não só era a mulher mais linda da cidade como também das mais belas que vi em toda minha vida. Passei- lhe o braço pela cintura e dei- lhe um beijo. 
- Me acha bonita?- perguntou. 
- Lógico que acho, mas não é só isso.... é mais que uma simples questão de beleza... 
- As pessoas sempre me acusam de ser bonita. Acha mesmo que sou?
- Bonita não é bem o termo, e nem te faz justiça. 
Cass meteu a mão na bolsa. Julguei que estivesse procurando um lenço. Mas tirou um longo grampo de chapéu. Antes que pudesse impedir, já tinha espetado o tal grampo, de lado, na ponta do nariz. Senti asco e horror. Ela me olhou e riu. 
- E agora, ainda me acha bonita? O que é que você acha agora, cara? 
Puxei o grampo, estancando o sangue com o lenço que trazia no bolso. Diversas pessoas, inclusive o sujeito que atendia no balcão, tinha assistido a cena. Ele veio até a mesa: 
- Olha - disse para Cass,- se fizer isso de novo, vai ter que dar o fora. Aqui ninguém gosta de drama. 
- Ah vai te foder, cara! 
- É melhor não dar mais bebida pra ela- aconselhou o sujeito. 
- Não tem perigo- prometi - 
O nariz é meu - protestou Cass, - faço dele o que bem entendo. 
- Não faz, não - retruquei, - porque isso me dói. 
- Quer dizer que eu cravo o grampo no nariz e você é que sente dor? 
- Sinto , sim. Palavra 
- Está bem, pode deixar que eu não cravo mais. Fica sossegado. 
Me beijou ainda sorrindo e com o lenço encostado no nariz. Na hora de fechar o bar, fomos para onde eu morava. Tinha um pouco de cerveja na geladeira e ficamos lá sentados, conversando. E só então percebi que estava diante de uma criatura cheia de delicadeza e carinho. Que se traía sem se dar conta. Ao mesmo tempo que se encolhia numa mistura de insensatez e incoerência. Uma verdadeira preciosidade. Uma jóia, linda e espiritual. Talvez algum homem, uma coisa qualquer , um dia a destruísse para sempre. Fiquei torcendo para que não fosse eu. 
Deitamos na cama e , depois apaguei a luz, Cass perguntou: 
- Quando é que você quer transar? Agora ou amanhã de manhã? 
- Amanhã de manhã- respondi virando de costas para ela. 
No dia seguinte me levantei e fiz dois cafés. Levei o dela na cama. Deu uma risada. 
- Você é o primeiro homem que conheço que não quis transar de noite. 
- Deixa pra lá - retruquei, - a gente nem precisa disso. 
- Não, pera aí , agora me deu vontade. Espera um pouco que não demoro. 
Foi até o banheiro e voltou em seguida, com uma aparência simplesmente sensacional- os longos cabelos pretos brilhando, os olhos e a boca brilhando, aquilo brilhando.... Mostrava o corpo com calma, como a coisa boa que era. Meteu- se em baixo do lençol. 
- Vem de uma vez, gostosão. 
Deitei na cama. Beijava com entrega, mas sem se afobar. Passei- lhe as mãos pelo corpo todo, por entre os cabelos. Fui por cima. Era quente, apertada. Comecei a meter devagar, compassivamente, não querendo acabar logo. Os olhos dela encaravam, fixos os meus. 
- Qual é teu nome? - perguntei. 
- Porra, que diferença faz? - replicou. 
Ri e continuei metendo. Mais tarde se vestiu e levei-a de carro de novo para o bar. Mas não foi nada fácil esquecê-la. Eu não andava trabalhando e dormi até as 2 da tarde. Depois levantei e li o jornal. Estava sentado na banheira quando ela entrou com uma folhagem grande na mão - uma folha de inhame. 
- Sabia que ia te encontrar no banho- disse, - por isso trouxe isto aqui pra cobrir esse seu troço aí, seu nuclista. E atirou a folha de inhame dentro da banheira. 
- Como adivinhou que eu estava aqui? 
- Adivinhando, ora. 
Chegava quase sempre quando eu estava tomando banho. O horário podia variar, mas Cass raramente se enganava. E tinha todos os dias a folha de inhame. Depois a gente trepava. Houve uma ou duas noites em que telefonou e tive que ir pagar a fiança para livrá- la da detenção embriaguez ou desordem. 
- Esses filhos da puta- disse ela, - só porque pagam umas biritas pensam que são donos da gente. - Quem topa o convite já esta comprando barulho. 
- Imaginei que estivessem interessados em mim e não apenas no meu corpo. 
- Eu estou interessado em você e também no teu corpo. Mas duvido muito que a maioria não se contente com o corpo. 
Me ausentei seis meses da cidade, vagabundei um pouco e acabei voltando. Não esqueci Cass, mas a gente havia discutido por algum motivo qualquer e me deu vontade de zanzar por aí. Quando cheguei, supus que tivesse sumido, mas nem fazia meia hora que estava sentado no West End Bar quando entrou e veio sentar no meu lado. 
- Como é, seu sacana, pelo que vejo você já voltou. 
Pedi bebida pra ela. Depois olhei. Estava com um vestido de gola fechada. Cass jamais tinha andando com um traje desses. E logo abaixo de cada olheira, espetados, havia dois grampos com ponta de vidro. Só dava para ver as pontas, mas os grampos, virados para baixo, estavam enterrados na carne do rosto. 
- Porra, ainda não desistiu de estragar tua beleza? 
- Que nada seu bobo, agora é moda. 
- Pirou de vez. 
- Sabe que senti saudade? - comentou. 
- Não tem mais ninguém no pedaço? 
- Não , só você. Mas agora resolvi dar uma de puta. Cobro dez pratas. Pra você , porém é de graça. 
- Tira esses grampos daí. 
- Negativo. É moda. 
- Estão me deixando chateado. 
- Tem certeza? 
- Claro que tenho ,po. Cass tirou os grampos devagar e guardou na bolsa. 
- Por que é que faz tanta questão deesculhambar o teu rosto? - perguntei. 
- Quando vai se conformar com a idéia de ser bonita.? 
- Quando as pessoas pararem de pensar que é a única coisa que eu sou. Beleza não vale nada e depois não dura. Você nem sabe a sorte que tem de ser feio. Assim quando alguém simpatiza contigo, já sabe que é por outra razão. 
- Então ta. Sorte minha né? 
- Não que você seja feio. Os outros é que acham. Até que a tua cara é bacana. 
- Muito obrigado. Tomamos outro drinque. 
- O que anda fazendo? - perguntou. 
- Nada. Não há jeito de me interessar por coisa alguma. Falta de animo. 
- Eu também. Se você fosse mulher, podia ser puta. 
- Acho que não ia gostar de um contato tão íntimo com tantos cara desconhecidos. Acaba enchendo. 
- Puro fato, acaba enchendo mesmo. Tudo acaba enchendo. 
Saímos juntos do bar. Na rua as pessoas ainda espantavam com Cass. Continuava linda talvez mais do que antes. Fomos para o meu endereço. Abri uma garrafa de vinho e ficamos batendo papo. Entre nós dois a conversa sempre fluía espontânea. Ela falava um pouco, eu prestava atenção, e depois chegava a minha vez. Nosso diálago era assim, simples, sem esforço nenhum. Parecia que tínhamos segredos em comum. Quando se descobria um que valesse a pena, Cass dava aquela risada- da maneira que só ela sabia dar. Era como a alegria provocada por uma fogueira. Enquanto conversávamos, fomos nos beijando e aproximando cada vez mais. Ficamos com tesão e resolvemos ir para a cama. Foi então que Cass tirou o vestido de gola fechada e vi a horrenda cicatriz irregular no pescoço - grande e saliente. 
- Puta que pariu, criatura- exclamei, já deitado.- Puta que pariu. Como é que você foi me fazer uma coisa dessas?
Experimentei uma noite, com um caco de garrafa. Não gosta mais de mim? Deixei de ser bonita? 
Puxei- a para a cama e dei- lhe um beijo na boca. Me empurrou pra trás e riu. 
- Tem homens que me pagam as dez pratas, aí tiro a roupa e desistem de transar. E eu guardo o dinheiro para mim. É engraçadíssimo . 
- Se é - retruquei, - estou quase morrendo de tanto rir... Cass , sua cretina eu amo você... mas para com esse negócio de querer se destruir, você é a mulher mais cheia de vida que já encontrei. Beijamos de novo. Começou a chorar baixinho. Sentia - lhe as lágrimas no rosto. Aqueles longos cabelos pretos me cobriam as costas feito mortalha. Colamos os corpos e começamos a trepar, lenta, sombria e maravilhosamente bem. Na manha seguinte acordei com Cass já em pé, preparando o café. Dava a impressão de estar perfeitamente calma e feliz. Até cantarolava. Fiquei ali deitado, contente com a felicidade dela. Por fim veio até a cama e me sacudiu. 
- Levanta cafajeste! Joga um pouco de água fria nessa cara e nessa pica e venha participar da festa! 
Naquela dia convidei-a para ir á praia de carro. Como estávamos na metade da semana e o verão ainda não havia chegado, encontramos tudo maravilhosamente deserto. Ratos de praia, com a roupa em farrapos, dormiam espalhados pelo gramado longe da areia. Outros, sentados em bancos de pedra, dividiam uma garrafa de bebidas da tristonha. Gaivotas esvoaçavam no ar, descuidadas e no entanto aturdidas. Velhinhas de seus 70 ou 80 anos, lado a lado nos bancos, comentavam a venda de imóveis herdados de maridos mortos há muito tempo, vitimados pelo ritmo e estupidez da sobrevivência . Por causa de tudo isso, respirava- se uma atmosfera de paz e ficamos andando, para cima e para baixo, deitando e espreguiçando-nos na relva, sem falar quase nada. Com aquela sensação simplesmente gostosa de estar juntos. Comprei sanduiches, batatas frita e uns copos de bebida e nos deixamos ficar sentados, comendo na areia. Depois me abracei a Cass e dormimos encostados um no outro durante durante quase uma hora. Não sei por que , mas foi melhor do que se tivéssemos transado. Quando acordamos, voltamos de carro para onde eu morava e fiz o jantar. Jantamos e sugeri que fossemos para a cama. Cass hesitou um bocado de tempo, me olhando, e ai então respondeu, pensativa: 
- Não. Levei- a outra vez até o bar, paguei-lhe um drinque e vim- me embora . no dia seguinte encontrei serviço como empacotador numa fabrica e passei o resto da semana trabalhando. Andava cansado demais para cogitar de sair á noite, mas naquela sexta- feira acabei indo ao West End Bar. Sentei e esperei por Cass. Passaram- se horas. Depois que já estava bastante bêbado, o sujeito que atendia no balcão me disse: 
- Uma pena o que houve com sua amiga. 
- Pena por que? 
- Desculpe . Pensei que soubesse. 
- Não.
- Se suicidou. Foi enterrada ontem. 
- Enterrada? - repeti Estava com a sensação de que ela ia entrar a qualquer momento pela porta da rua . Como poderia estar morta? 
- Sim, pelas irmãs . 
- Se suicidou? Pode- se saber de que modo? 
- Cortou a garganta. 
- Ah! Me dá outra dose. 
Bebi até a hora de fechar. Cass a mais bela das 5 irmãs, a mais linda mulher da cidade. Consegui ir dirigindo até onde morava. Não parava de pensar. Deveria ter insistido para que ficasse comigo em vez de aceitar aquele "não". Todo o seu jeito era de quem gostava de mim. Eu é que simplesmente tinha bancado o durão, decerto por preguiça por ser desligado demais. Merecia a minha morte e a dela. Era um cão. Não, para que por a culpa nos cães? Levantei, encontrei uma garrafa de vinho e bebi quase inteira. Cass, a garota mais linda da cidade, morta aos vinte anos. Lá fora, na rua, alguém buzinou dentro de um carro. Uma buzina fortíssima, insistente. Bati a garrafa com força e gritei: 
- MERDA! PÁRA COM ISSO, SEU FILHO DA PUTA! 
A noite foi ficando cada vez mais escura e eu não podia mais fazer nada.
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mllstcne · 4 years
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❄ 𝐌𝐘 𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓 𝐒𝐀𝐍𝐓𝐀... 𝙠𝙞𝙣𝙙𝙖 𝖍𝖆𝖙𝖊𝖘 𝖒𝖊.
❛ — eu sei, eu sei. pelo título parece ser um puta CLICKBAIT, mas dessa vez eu falo sério. quando li o nome no papelzinho, juro que senti um calafrio e olha que era um dos dias quentes da nossa tão amada califórnia. minhas mãos suaram e eu não tive a menor ideia do que fazer. provavelmente conseguiria arrumar alguém para trocar comigo, ou daria um jeito de tirar de novo, eu tenho lábia. mas eu meio que... enxerguei isso como uma oportunidade? sei lá, espero que não tenha sido um erro. ❜
𝐓𝐎: @aarvn​ 𝐅𝐑𝐎𝐌: 𝙮𝙤𝙪𝙧 𝙬𝙤𝙧𝙨𝙩 𝙣𝙞𝙜𝙝𝙩𝙢𝙖𝙧𝙚
meu caro aarón,
aqui quem fala é o romeo, caso ainda não tenha percebido. o que é improvável, considerando que eu vou te entregar tudo isso em mãos. relaxa, não é uma bomba. eu gastei dinheiro com você, acho que só por isso já mereço uns pontos, hein? de qualquer forma, para o caso de estar pensando que se trata do bicho papão ou sei lá, de algum trauma de infância que ocasionalmente apareça nos seus pesadelos, sou só eu mesmo. se bem que eu sou bonito demais para ser chamado de pesadelo, aposto que se eu apareço nos teus sonhos eles são bem bons.
eu sei que você não quer me ver nem pintado de ouro. acredite, eu também não. mas nos últimos meses eu cresci ( não de tamanho, relaxa ) e me sinto um cara bem mais maduro do que quando a gente se conheceu. vai fazer o quê? um ano? enfim, me arrependo de ter voado no seu pescoço mesmo que sua trupe da ocean view merecesse. e me odeio um pouco por não ter sido um bom amigo naquele verão onde tudo começou. até hoje eu fico meio sem entender o que rolou, de uma hora pra outra a gente perdeu contato e quando vi já te odiava por tabela. quem mandou estudar no colégio errado? talvez agora em armstrong as coisas voltem a ser como eram antes. eu tenho esperança.
o que dar de presente para alguém que já tem tudo? bom, eu dei o meu melhor, acredite. e olha que não tenho muita paciência ! espero que você goste e que veja isso como uma bandeira branca. por mais que eu deteste admitir, foi legal dividir sorvetes com você e fazer você rir das minhas piadas sem graça durante quinze dias. também foi legal te dar aquele soco no rosto. juro de dedinho que sou um cara legal.
𝟎𝟎𝟏. 𝖋𝖑𝖆𝖘𝖐
as aparências enganam. essa frase famosa me inspirou para o seu primeiro presente. afinal, quem diria que você com essa cara de bom moço seria na verdade um cuzão? brincadeira. mas esse CANTIL PERSONALIZADO vai ser bem útil pra esconder uma dose e pagar de culto, duas coisas que eu sei que você gosta. com ele você vai conseguir burlar a tolerância zero contra álcool e drogas do colégio e ainda fingir que é um intelectual fã de livros em edições especiais.
𝟎𝟎𝟐. 𝖑𝖎𝖌𝖍𝖙𝖊𝖗
nada de 24 quilates, pelo menos não é o que parece. tem umas partes descascando, então duvido muito que seja. de qualquer forma, barganhei esse ISQUEIRO DE OURO em um brechó de luxo que me custou o olho da cara, então é bom que você use muito. se perder ( e não for pra mim ) eu te mato. fun fact: o velho que me vendeu falou que ele pertenceu ao próprio james dean. também não sei se acredito, mas achei que você gostaria de saber.
𝟎𝟎𝟑. 𝖗𝖎𝖓𝖌
chegamos na parte fútil da coisa, sei que você adora. devo admitir que eu sempre quis ter um desses, mas não faz muito o meu estilo. além disso, eu provavelmente ia acabar sumindo com ele, esquecendo no vestiário ou deixando cair na piscina. o que seria uma pena, principalmente pro meu bolso. qual é, minha mesada não é infinita, cara! escolhi o modelo mais famoso e ornamentado, esse sim é ouro legítimo. faça bom proveito e não vai se acostumando. esse é o primeiro e único ANEL DA VERSACE que eu vou te dar na vida, não que você já não tenha uma coleção deles. 
𝟎𝟎𝟒. 𝖕𝖔𝖑𝖆𝖗𝖔𝖎𝖉𝖘
por último, hã... isso aqui não é bem um presente, mas eu achei nas minhas coisas e senti que devia te devolver? achei que talvez você fosse querer de volta. são algumas FOTOGRAFIAS DE POLAROID que tiramos naquele verão e acabaram ficando comigo. são bem legais, se postar uma foto delas no seu feed acho que os seus seguidores vão amar. só não esquece de me marcar, babaca.
então é isso. trégua? se tudo isso não foi suficiente para amolecer seu coração, eu amoleço é os seus dentes com o meu gancho de direita. dá o braço a torcer logo e assume que eu estou evoluído e responsável, nem esqueci a data da entrega! mas não precisa agradecer se não quiser. eu só fiz porque no fundo gosto muito dessas brincadeiras e espero ganhar um presentão do meu amigo secreto em troca. e também aproveitei a oportunidade pra falar contigo. agora que vamos ser obrigados a conviver e se cruzar direto pelos corredores, espero que nossa relação seja mais parecida com a que tivemos no início de tudo. naqueles dias de sol.
com amor, 
romeo 
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ptbr-hypmic · 5 years
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DRAMA TRACK 「JUST YOUR FRIEND」
Apenas Seu Amigo (Just Your Friend) é a segunda faixa de drama do Fling Posse VS Matenrou.
Gentaro: Hum? Dice? Por que ele está ligando se está aqui ao lado?
[Atende a ligação]
Gentaro: Beep! Olá?
Dice: Oh, Gentaro! Desculpe incomodá-lo, mas você pode vir me pegar?
Gentaro: Pegar você? Você não está no seu quarto?
Dice: Eu decidi sair um pouquinho, mas me envolvi em uma situação da qual não consigo sair. Por isso, preciso que você me pegue agora.
Gentaro: Ora, ora. Compreendo. Onde você está?
Dice: Sério, você é um salva-vidas! Estou em...
Gentaro: Bem, estou quase certo sobre que tipo de "situação" ele quis dizer.
—————
Dice: Ei! Gentaro, aqui! Você realmente salvou meu traseiro.
Gentaro: Não posso dizer que não esperava algo assim, mas isso é demais. Dice, por que você só tem sua cueca e Hypnosis Mic?
Dice: Que bom que você perguntou! É um conto de aventura, que faz com que tanto o caixa quanto o público chorem de tristeza...
Gentaro: Ah, na verdade, não há necessidade. Você acabou de ser pego no jogo e apostou tudo o que pôde, salvando seu Hypnosis Mic.
Dice: Como você sabia...? Você é um médium?!
Gentaro médium: Isso está correto. Eu sou um tipo de psíquico.
Gentaro: 100 em cada 100 pessoas que te conhecem saberiam o que aconteceu, apenas de te olhar. A propósito, o que há com esse lugar suspeito?
Dice: Este é um antro de jogo ilegal!
Gentaro: Não, mesmo que você diga "ilegal" com tanta confiança... De qualquer maneira, como você encontrou um lugar como esse? Acabamos de chegar aqui.
Dice: Encontrar um bom lugar para jogar onde quer que eu vá é o meu talento especial!
Gentaro: Que “talento especial” desnecessário. Diga, como você espera voltar para o seu quarto? Você não pode andar assim.
Dice: Ahahahaha! Por favor. Me empreste um pouco de dinheiro!!!!
Gentaro: Eh? O que você disse?
Dice: Por favor. Me empreste... Um pouco de dinheiro!!!!
Gentaro: Mais uma vez.
Dice: POR FAVOR. *prestes a soluçar* ME EMPRESTE UM POUCO DE DINHEIRO!
Gentaro: Foi o que pensei que você diria, por isso, trouxe um pouco. Por enquanto, você poderia parar de se ajoelhar? É embaraçoso.
Dice: Obrigadooooo…
Gentaro: Você está bem comigo simplesmente comprando de volta suas roupas, sim?
Dice: Na verdade, sinto que posso ganhar tudo de volta com outro jogo, então… Me dê 100.000 ienes!
Gentaro: Eu só vou comprar suas coisas.
Dice: Não, de jeito nenhum ...
—————
Doppo: Ahh, tantas coisas aconteceram hoje que estou esgotado. Melhor se apressar e dormir para amanhã.
Doppo: Ughh.
Doppo: Sim, estou indo.
Hifumi: Olá, Doppo-kun. Vamos tomar uma bebida?
Doppo: Hifumi, essa roupa…
Hifumi: Ahahaha! Eu nunca poderia andar pelo centro de Chuuoku com minhas roupas normais! Então, naturalmente, eu trouxe meu terno.
Doppo: Hum, mesmo que você pareça ter orgulho disso...
Hifumi: Mais importante, você não gostaria de beber? As gatinhas de Chuuoku estão me esperando!
Doppo: Haa... Estou cansado. Deixe-me dor– Uwah!
Hifumi: Cansado, você diz? Nós não podemos ter isso. Você simplesmente deve se recuperar antes que o amanhã chegue.
Doppo: Não, é por isso que eu disse que está bem, deixe-me dorm–
Hifumi: Não se preocupe. Hoje à noite, mostrarei a noite mais magnífica. Agora vamos lá!
Doppo: AAHHH! N-Não me arraste! E pelo menos deixe-me trocar de roupa!
Hifumi: Hahaha!!!
—————
Doppo: Ei, Hifumi. Se vamos beber, não há problema em não convidar o Sensei?
Hifumi: Uma pergunta interessante. Você quer que o Sensei beba de novo?
Doppo: !!! I-isso é...
Hifumi: Você vê? Admiro o Sensei, mas hesito em beber com ele.
Doppo: S-sim. Entendi.
Hifumi: Lá, existem duas gatinhas.
Doppo: Não importa quantas vezes eu o veja, ele ainda é uma pessoa totalmente diferente com esse traje.
Hifumi: Perdoe-me. Eu poderia ter um momento do seu tempo?
Mulher 1: Sim?
Mulher 2: Oh! É ele? Ele não é Izanami Hifumi do Matenrou?
Mulher 1: Eh? Oh! Você está certo!
Hifumi: Bem, bem. É uma honra ser reconhecido.
Mulher 2: Vou torcer por você durante a Batalha de Território de amanhã!
Hifumi: Muito obrigado. Estou realmente muito feliz. Se você está torcendo por mim, não me permitiria passar uma noite magnífica com você?
Mulher 1 e 2: S-sim! Claro!
Hifumi: Ahahaha. Tenho a sensação de que esta noite será a melhor.
[passos]
Mulher 2: Eh? Doppo-kun também está aqui!
Doppo: Eh?! Doppo... kun?
Mulher 1: Ahhh! É verdade! Estamos sendo atingidas por Hifumi e Doppo-kun!
Doppo: O qu—? C-Como você sabe sobre mim?
Mulher 3: Hein? Aqueles caras ali poderiam ser...
Mulher 4: São Hifumi e Doppo-kun, não é?
Mulher 5: Vamos chamá-los!
Doppo: E-ei! Hifumi, isso pode ser uma coincidência, mas você não acha que há muitas mulheres ao nosso redor?
Hifumi: Ahahaha! Vocês todas, eu amo vocês! ☆
Mulheres: Kyaaaaaa!!!!
Hifumi: Agora, agora. Isso é um problema, gatinhas. Vocês todos estão se aproximando de mim com tanto vigor, mas, infelizmente, há apenas um de mim.
Doppo: *grita de medo* E-estamos correndo por isso, Hifumi!
Hifumi: Ahahaha! É difícil ser um homem procurado!
—————
Dice: Obrigado, você realmente salvou minha bunda! Graças a você, consegui tudo de volta!
Gentaro: Que pena, sempre há problemas com você. Ficar de olho em você nunca é chato. Desta vez, talvez eu escreva um romance com você como protagonista. Em troca, perdoarei sua dívida.
Dice: Sério? Escreva um monte então! Eu ajudo a qualquer momento!
Gentaro: Bem, era apenas uma mentira.
Dice: Sério isso? Você me deixou super feliz por apenas um segundo, caramba.
Gentaro: Ahahaha. Mas, não é mentira que eu baseie um romance em você.
Dice: Claro. Deixe-me ler quando terminar. Estou ansioso para isso.
Gentaro: Farei o possível para escrever uma história interessante. Hmm, Deixando isso de lado, eu poderia estar inventando isso, mas já faz um tempinho que sinto como se estivesse sendo observado.
Dice: Sim, sinto o mesmo.
Gentaro: Você não acha? O que diabos está acontecendo... *para* Hein? O grito está vindo dali...
—————
[Hifumi e Doppo continuam fugindo das mulheres gritando]
[Doppo grita]
Doppo: De alguma forma elas aumentaram?!
Hifumi: Hahaha! Minhas gatinhas, não podemos conversar se vocês estão falando ao mesmo tempo! Diga-me corretamente, uma por uma, ok?
Doppo: (gritando) Por que você é assim?! Estou ficando maluco!!!
[passos]
Dice: Aquelas pessoas que estão correndo... não são os caras do Matenrou?
Gentaro: Na verdade, eram sim. Eu tenho um sentimento muito ruim sobre isso.
Mulher 6: Não são o Dice e o Yumeno-sensei da Fling Posse por lá?
Mulher 7: Você está certo! Então, Ramuda-chan deve estar em algum lugar por perto, certo?
[Doppo grita]
Doppo: Você aí! Por favor, saia do caminho!!!
Dice: Você não acha que devemos correr agora, Gentaro? Hum? Gentaro? …Ele se foi! E como diabos ele chegou tão longe?!
[Doppo corre por Dice]
Dice: E-ei! Espere!
Doppo: Me desculpe!
Dice: Se você está arrependido, não corra dessa maneira!
Hifumi: Ahaha! Que homem pecador eu sou!
—————
[correndo até parar]
Dice: *sem fôlego* Sério, que diabos foi isso?
Doppo: *sem fôlego* Me desculpe.
Gentaro: Agora então. Por que você não explica o que aconteceu?
Doppo: Eu realmente não entendo, mas parece que essas mulheres nos reconheceram. Então elas de repente começaram a nos perseguir.
Dice: O que há com isso? Não fizemos nada de errado, Gentaro?
Gentaro: Apenas um momento atrás você estava orgulhosamente se gabando de atividades ilegais... Mas, eu discordo. Duvido que aquelas garotas tenham tido algum mal por nos perseguir. Pelo contrário, elas pareciam bastante amigáveis.
Hifumi: Ahaha! Aquelas gatinhas animadas simplesmente queriam um pouco de amor de moi, só isso.
Doppo: Besteira. Vamos lá, não há mais mulheres aqui, então tire essa jaqueta.
[Doppo tira a jaqueta de Hifumi]
Hifumi: Doppooo ~, devolva minha jaqueta! De que outra forma devo entrar no modo anfitrião?
Doppo: Cale a boca! Vou segurá-lo até voltarmos!
Hifumi: Boo.
Gentaro: O ar ao seu redor mudou, não é?
Hifumi: Hum? Você está falando de mim?
[Doppo agarra Hifumi]
Doppo: Se você se intrometer, isso tornará as coisas mais complicadas, então se comporte!
Hifumi: Ehhh, mas eu sei por que tudo aconteceu.
Dice: Sério? Sobre o que era tudo isso?
Hifumi: Antes, o Sensei me disse que "os competidores de Batalhas de Território são tratados como ídolos, portanto, tenha cuidado".
Dice: Que diabos?
Velho Gentaro: É assim que é? Oh, querida, não acredito que esqueci!
Gentaro: É verdade, eu já ouvi falar disso antes. Mas não achei que nossa equipe fosse afetada. Eu esqueci.
Doppo: Hifumi. Se você sabia disso, por que saiu flertando?!
Hifumi: Bem, quando ouvi isso, fiquei totalmente assustado! Então, eu apenas vesti meu traje para me acalmar, e antes que eu percebesse, eu estava no modo anfitrião, derramando palavras bonitas para a esquerda e para a direita sem nenhuma razão real... Algo assim?
[Doppo dá tapinhas no rosto]
Doppo: Haaaa... Então é tudo culpa sua, novamente. É sempre a mesma coisa. Eu sempre estou sendo empurrado no lazer de Hifumi, pisado por tudo sem mostrar nada. Na verdade, eu deveria estar esperando isso por saber, por isso é minha culpa que fui envolvido nisso. Certo. Deve ser isso. Não há realmente nenhum valor para mim como homem...
Hifumi: Haha! Eu realmente não entendo o que você está dizendo, mas não se preocupe!
[Doppo agarra Hifumi pelo colarinho novamente]
Doppo: Eu não quero ouvir isso de você!
Hifumi: Hehehe! Hahaha!
Dice: Q-qual é o problema deles?
Gentaro: Honestamente, eu não poderia me importar menos com vocês dois e com suas discussões, mas não podemos simplesmente deixá-los livres de uísques sem um pedido de desculpas por nos arrastar para isso também.
[Doppo lança Hifumi]
Doppo: Ah! Por favor, aceite minhas sinceras desculpas em relação ao que ocorreu! Vamos lá, Hifumi! A culpa também é sua, então peça desculpas!
Hifumi: ‘Kay ay kay! Desculpe, desculpe! Hum? Espere, as roupas desse cara são hilárias! O que você é? Um aluno da velha escola? Que época é essa?
Gentaro: Me desculpe. O que você disse?
Hifumi: Quero dizer, de verdade, não há como estar na moda hoje em dia! Melhor desistir, siga alguns conselhos gratuitos do seu vizinho amigável, Hifumin!
Gentaro: O que você sabe?
Hifumi: Hein? Sua voz é tão baixa que não consigo entender você ~.
[Gentaro respira fundo]
Dice: E-ei, você está bem, Gentaro? Essa é uma nova cara que você fez.
Gentaro: Não é nada, Dice. Eu (ware), eu (maro), eu (soregashi) ... eu sou (boku), o mesmo de sempre (1).
Dice: Ei, agora, você definitivamente não é o mesmo de sempre!
Gentaro: Perdoe-me. Sempre que se trata do tema da minha roupa...
Dice: Suas roupas?
Gentaro: Sim. Só um pouco.
Hifumi: Hein, hein? Descobrindo como devolver suas roupas aos anos 1800?
Dice: Idiota!
[Dice agarra Hifumi pelo colarinho]
Dice: Seu bastardo, cale a boca já! Todo mundo tem um esqueleto ou dois no armário, e agora você o arrasta!
Hifumi: Hein? O que você—
[Hifumi leva um tapa]
Hifumi: Ow! Para que foi isso, Doppo?
Doppo: Me d-d-d-d-d-desculpe! Ele não sabe ser atencioso e parece que causou uma grande quantidade de problemas! Apresse-se e peça desculpas!
Hifumi: Por quê? Eu só estava tentando lhe dar conselhos—
Dice: Hein? Então, se for um conselho, você acha que pode se safar? Dane-se isso! Se eu apenas me sentar e deixar você fala merda com meu amigo assim desse jeito, eu nem sou humano!
Hifumi: *careta* Bem, isso é ruim.
Dice: Hmph!
Doppo: Causamos todos os tipos de problemas para você hoje, por favor, aceite nossas desculpas!
Dice: Ei!
[Dice agarra Doppo pelo colarinho]
Dice: Você continua se desculpando sem parar, desde cedo. Um pedido de desculpas não faz sentido se você pedir desculpas por tudo.
Doppo: Eu sinto muito. Eu sinto muito. Eu sinto muito.
[Gentaro coloca a mão no ombro de Dice]
Gentaro: Dice. Agradeço por você se levantar em meu nome, mas agora é sua vez de se acalmar.
Dice: Tch.
[Dice lança Doppo]
Doppo: *tossindo* Eu, eu sou realmente tão—
Dice: Apenas um par (2) é mais útil para mim do que suas besteiras de "desculpas". Nem mesmo os cães aceitam essa porcaria! Isso é o que há de errado com todos os trabalhadores de colarinho branco, você acha que tudo e tudo será resolvido assim se você apenas inclinar a cabeça e pedir desculpas, hein? Tch. Você e suas palavras inúteis (3) não passam de um fardo para a sociedade.
Doppo: Ah ... Haha ... Isso mesmo, é exatamente como você disse...
[Hypnosis Mic ativado]
Hifumi: Tch. Sei que não estou em posição de dizer nada agora, mas, ainda assim, deixe-me dizer isso— O que você sabe sobre o Doppo?! Ele tenta o seu melhor com a vida! E, no entanto, você, que não sabe nada, está escorrendo pela boca... Não quero ouvir!
Dice: Ha! Esse é o espírito, traga-o!
Gentaro: Ah, isso não pode ser ajudado. Afinal, é minha responsabilidade tomar medidas pelo que está acontecendo.
Doppo: Hifumi, nós... Temos que fazer isso?
Hifumi: Vamos lá!
[Hypnosis Mic ativado]
Rap de Hifumi:
Apenas por uma questão de argumentação, o que você sabe
Você acha que tem doutorado em Doppologia?
Rap de Doppo:
Eu desisti de lidar com esse modo dele
Rap de Hifumi:
Pegue suas roupas desatualizadas e jogue-as com merda
Rap de Doppo:
Sinto muito, é um pouco demais
Esta é a nossa estratégia, estilo colarinho branco
Sempre observe seu passo, é um campo minado
Rap de Hifumi e Doppo:
Quando você chegou na cidade de Matenrou
[onda de ataque do Hypnosis Mic]
Dice: Ugh…! Parece que eles não são tão ruins.
Gentaro: *respiração pesada* Eles podem ser estranhos, mas suas habilidades são verdadeiras.
Hifumi: O que é isso? Já tiveram o suficiente?
Dice: Ha! Isto é o que você pensa. É a nossa vez!
[Hypnosis Mic ativado]
Gentaro: Agora, vamos começar?
[Hypnosis Mic ativado]
Rap de Dice:
Ei!
Estamos representando Shibuya
Aproximando-se de um xeque-mate no quadro, visitando assassinos de Shinjuku
Rap de Gentaro e Dice:
Placa superior!!
Rap de Dice:
Nocaute! Mostrar, não contar. É nosso
Rap de Gentaro e Dice:
Solo stage!!
Rap de Gentaro:
Uma história de vitória
Para escrever uma coisa dessas, as palavras
Praticamente se escreverão como este poema
Rap de Dice:
Hpmh hphm!
Rap de Gentaro:
Quase como um Kyokusanjin sem expressão (4)
Qualquer pequena chance de vitória que você acabou de perder
[onda de ataque do Hypnosis Mic]
Hifumi: Urgh !! Isso ainda não acabou!
[passos se aproximando]
Mulher 8: Ah! Eles estavam aqui!
Mulher 9: Por aqui, pessoal!
[os gritos de mulheres à distância se aproximam]
Hifumi: Mulheres…! M-minha jaqueta!
Doppo: Nós não podemos! Se eu deixar você colocar, será um problema.
Dice: Parece que termina aqui.
Gentaro: Certamente parece que sim.
[Hypnosis Mic desligado]
Hifumi: Terminaremos isso amanhã de manhã!
Dice: Ha! Digo o mesmo a você! Até mais!
[Os caras fogem]
—————
[correndo devagar]
Gentaro: Parece que ninguém mais está nos seguindo.
Dice: Ahhhh, estou cagado!
Gentaro: Eu também.
Dados: Ahhh, estou morrendo de fome! Eu não comi nada o dia todo.
Gentaro: Ora, ora. Hoje é uma exceção, então eu vou cuidar disso.
Dice: Hein? Essa é apenas mais uma de suas mentiras.
Gentaro: Não, isso não é mentira.
Dice: Oh?! Sério? Viva!
Gentaro: Bem, esta é minha gratidão a você, por mais cedo.
Dice: Hein? Você disse alguma coisa?
Gentaro: Eu não disse nada. Vamos então?
Dice: Sim!
—————
[correndo devagar]
Hifumi: Acho que já corremos longe o suficiente.
Doppo: S-sim, eu também acho.
[começa a andar]
Doppo: Ei, Hifumi…
Hifumi: Hum? O que é isso?
Doppo: Bem, desculpe por mais cedo.
Hifumi: Desculpe? Você fez algo para mim pelo qual precisa se desculpar?
Doppo: Não. Você ficou com raiva por minha causa. Como devo dizer ... Sinto que fui salvo.
Hifumi: AHAHAHAHAHA!
[Hifumi começa a bater nas costas de Doppo]
Doppo: Dói!
Hifumi: Idiota! Você não precisa dizer isso! Quantos anos você acha que nos conhecemos?
Doppo: Minha culpa. De qualquer maneira, você me salvou.
Hifumi: Bem, há uma coisa que eu quero que você pare de fazer.
Doppo: Hum? O que?
Hifumi: Doppo, você deve tentar parar de pedir desculpas o tempo todo.
Doppo: Ah, me desculpe–
Hifumi: Está vendo?
Doppo: Parece que eu deveria. Eu vou tomar cuidado.
Hifumi: (baixinho) Bem, mesmo que pareça impossível.
Doppo: Eh?
Hifumi: Não é nada! Estou morrendo de fome, então vamos comer! E você estará cuidando.
Doppo: Ah, tudo bem.
Hifumi: Viva! Então eu quero sushi sem correia transportadora (5)!
Doppo: Não–?! Ei, meu salário é baixo, não posso!
Curiosidades:
1. Gentaro usa pronomes diferentes para si mesmo, às vezes junto com uma mudança de voz. Nesta frase, ele usou todos os quatro - "ware", "maro", "soregashi" e "boku". Os dois primeiros não são muito usados ​​no Japão moderno. 2. Dice se refere a jogos de pôquer / cartas em geral, onde um par é a mão mais baixa possível, além de não ter nada. 3. “Kyoji” ou “虚 辞” são palavras que contribuem para a estruturação de uma frase bem formada, mas não oferecem nada ao significado geral dela. Em japonês, os falantes usariam palavras adicionais para alongar a frase, a fim de suavizar o tom. Quanto mais longa a frase, mais educada / inferior ela soa. 4. 曲 山人 / Kyokusanjin é um escritor no final de Era Edo, conhecido por seus romances ninjobon / românticos sobre habitantes da cidade. Ninjo em Ninjobon significa algo como "humanidade", "costumes e normas sociais" e "natureza humana". Toda a linha de Gentaro diz "Como um Kyokusanjin sem Ninjo" - significa algo semelhante a "como quadrinhos da Marvel sem super-heróis" . 5. Sushi de correia transportadora, diferentemente do sushi de correia transportadora, é muito caro.
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Amor de outras vidas-capitulo 60
May: Clara...(assustada) o que você ta fazendo aqui? quer dizer...você não ia para a facul? Clara: Eu ia, mas não iria chegar a tempo, então..eu não fui.(estranhando) May: Entendi...ér eu tava aqui falando pra minha mãe...(nervosa) o quanto eu e Lu te considera como uma irmã mesmo sabe, afinal você é como se fosse e o Max também claro, falando nisso, mãe você vai adorar conhece-lo...nossa que sede. Elisa: Tenho certeza que sim...(paralisada) Clara: Desculpa atrapalhar a conversa, eu só vim beber agua e... May: Aqui...(lhe entregando) Clara: Não vai beber?(estranhando) você falou que estava com sed... May: Eu falo demais Clarinha...(nervosa) Clara: Então tá...(pegando) obrigada, com licença... May: Toda...(sorrindo) Elisa: Precisamos conversar...(a puxando) Na empresa Lu: Então, o que será que a Van resolveu hein? Fernanda: Não sei.. Lu: Será que ela vai demitir ela? Fernanda: Não sei... Lu: Será que ela... Fernanda: Luana eu não sei! (rispida) ~silêncio~ Fernanda: Desculpa...(suspirando) Lu: Ta tudo bem? (estranhando) eu fiz alguma coisa? Fernanda: Não, nada...eu só não quero falar disso. Lu: Ta bom, então não precisamos...(se aproximando) podemos falar sobre nós. Fernanda: Como assim? (se afastando) Lu: Escuta, tava pensando da gente sair com a minha mãe, o que acha? Fernanda: Eu? (rindo irônica) com a sua mãe? Lu: É, também posso chamar minhas irmãs e a Thais e... Fernanda: Espera ai...(estranhando) você tem outra irmã? eu pensei que era só a Mayra... Lu: E é...eu disse minha irmã, a Thais, a Clara e também o Edu... Fernanda: Pensei que tivesse dito minhas irmãs, no plural. Lu: Não, ér...você deve ter ouvido errado, mas então, o que acha dessa idéia? (mudando o foco) Fernanda: Ah não sei nã Luana, não me vejo num ambiente com seus amigos, e com a sua familia, não sei se você sabe, mas nenhum deles vai com a minha cara e o que me consola é que é reciprocro. Lu: O que importa...(a abraçando) é que eu gosto, e eles...bom eles vão aprender a gostar também, você mudou baby. Fernanda: E como vai me apresentar a eles? (arqueando as sobrancelhas) Lu: Como assim? (confusa) Fernanda: O que vai dizer a eles? que sou sua.... Lu: Não tinha pensado nisso...(pensativa) Fernanda: Então não tem porque eu conhecer a sua mãe.(se soltando) Lu: Mas porqueeee? Fernanda: Porque? porque eu só quero conhece-la, quando você definir o que somos, se definir, caso contrário, eu prefiro ficar no anonimato. Lu: Mas eu pensei que... Fernanda: Pensou em que? estamos ficando, ficar não significa nada pra mim, pra falar a verdade, essa fase de ficante pra mim ja passou! Lu: Não significa nada...?(chateada) Fernanda: Luana, ficar eu fico com qualquer pessoa, e você também, eu não apresento a minha familia ficantes, nunca apresentei, e nunca vou apresentar, portanto, enquanto fomos apenas " ficantes" eu não quero conhecer sua amiga e também não quero ser inserida...(gesticulando) no seu ciclo de amizade. Lu: Bom, então tá, caso mude de idéia, você me fala. (pensativa) eu...vou deixar você trabalhar. Fernanda: Otimo, tenho mesmo muita coisa para fazer.(sem encara-la) Lu: Com licença...(saindo) Luana não havia entendido o motivo pelo qual Fernanda estava a tratando daquele jeito, afinal a algumas horas atrás as duas estavam juntas, decidiu não procura-la mais durante aquele dia. Algumas horas mais tarde... Junior: Olha só que maneiro.(jogando um avião papel) Angela: Ai Junior para de ser infantil...(revirando os olhos) Diego: Estamos cheio de coisas para fazer hein.(focado em seu computador) Junior: Ah galera, só para descontrair um pouco, estamos bem adiantados. Angela: Estamos? deixa de ser cara de pau, a Clarinha está fazendo a sua parte. Junior: Clarinha entendeu que eu estou correndo atrás das coisas do meu casamento. (despreocupado) Clara ouvia a tudo mas sua cabeça não estava ali e nem no que estava fazendo, ela havia pensado algumas coisas, precisava falar com Vanessa, mas estava chateada e seu orgulho não a permitia, sem contar que ali não era o melhor lugar para terem esse tipo de conversa, a menos que Vanessa a procurasse. Paula: Clara? (chamando sua atenção) Clara: Oi Paulinha...(saindo de seus desvaneios) desculpa, não vi você entrar. Paula: Desculpa te atrapalhar, mas a Vanessa pediu que assim que possivel você ir a sala dela. Clara: Claro, só vou terminar aqui e já vou, obrigada.(sorrindo) Era a deixa que ela precisava, mas ainda sim o orgulho falava mais alto, e por esse motivo demorou o tempo necessário até que terminasse o que estava fazendo, Vanessa com certeza a chamaria para conversarem sobre o relacionamento delas, e por acreditar nisso, não teve pressa. Na casa da May May: Mãe, a Clara não tem culpa de nada disso, ela é tão vitima quanto a senhora.. Elisa: Mayra, eu não tenho rancor algum dela, essa jovem é apenas mais um dos inumeros erros que seu pai cometeu, mas quando eu a vi, fiquei assustada, com a semelhança que ela tem com a mãe. May: Mãe, porque não me contou que tinhamos uma irmã? Elisa: Bom, quando eu desconfiei dele com a mãe dela, e liguei os pontos com a gravidez, seu pai me garantiu que a criança não era dele, que quando se envolveram ela ja estava gravida, e como ele nunca mais voltou para aquele lugar, eu acreditei, e não mexi mais nessa história. May: E como descobriu? Elisa: Uma vez, quando você tinha 10 anos, recebi uma ligação, e uma mulher alegava que Alejandro era o pai da filha dela, quando ela me disse de onde era, a minha ficha caiu, eu nunca esqueci do rosto daquela mulher... May: E mesmo assim perdoo? e escondeu dele? (incredula) Elisa: Escondi que ela havia ligado, mas seu pai sabia que tinha uma filha, não havia sido a primeira traição, perdoei, e eu estava gravida da sua irmã então...fiz pelo bem da nossa familia. May: Claro...(sorrindo irônica) mas pensar que ela carregava o mesmo sangue que o meu e o da Lu, não pensou...o importante é pensar apenas na "familia". Elisa: Mayra, não seja dura comigo, a culpa não é minha, e sim do seu pai! May: Mãe, a partir do momento que a senhora sabe de toda história, e segue a vida como se nada tivesse acontecido, torna-se tão culpada quanto ele! Lu e eu fomos criadas com regalias, como herdeiras, mas e ela? consegue imagina pelas coisas que ela passou? Elisa: Quando sua irmã nasceu, encorajei seu pai a procura-la, é claro que eu me sentia culpada por isso, afinal era uma criança, não tinha culpa de nada... May: E ele a procurou? Elisa: Na época ele viajou, para encontra-la, mas disse que não a encontrou mais, por ser uma cidade pequena, imaginei que ela havia se mudado, a verdade é que sumiram e... May: Não, não, não, Clara sempre morou lá, nunca mudou-se. Elisa: Eu não duvido, conhecendo seu pai como conheço, bem provavel que isso apenas mais uma mentira dele. May: Cada descoberta, uma nova decepção.(suspirando) Elisa: Filha, eu lhe devo perdão, por ter escondido isso de você, mas porque remoer essa história? porque mexer num passado com mais de 25 anos. May: 26, pra ser mais exata, e porque remoer minha mãe? (incredula) porque enquanto eu vivia no luxo, enquanto eu tinha tudo em minhas mãos, tive oportunidades, mas ela... Elisa: E o que vai fazer? Contar a ela? May: Ela tem que saber mãe, mas isso não vai sair da minha boca, o meu pai vai ter que falar com ela. Na empresa Assim que terminei tudo o que estava fazendo, fui até a sala de Vanessa, a porta havia sido recolocada, então ela já estava de volta a sala presidencial, bati na porta e ela pediu para que eu entrasse. Clara: Com licença...(entrando) mandou chamar. Van: Pedi que chamasse...a quase uma hora atrás.(sem encara-la) Clara: Eu estava ocupada! (estranhando) e então... Van: Preciso que você verifique pra mim como está o processo do projeto, falei com eles e marquei uma visita amanhã, como você fez, eu acho que deva estar presente comigo, preciso que você averigue cada detalhe do que foi apresentado, pois tudo tem que estar de acordo... Eu não estava acreditando que ela havia para me chamar para falar de trabalho, menos ainda que ela estava me tratando friamente, mantive a postura, afinal ali era o nosso local de trabalho, ela a minha chefe, eu precisava manter a etica, então eu apenas a escutava, nada dizia, ela não havia me olhado ainda, isso estava me irritando, mas devido ao meu silêncio, ela enfim, ergueu os olhos para me encarar. Van: Ta entendendo? (arqueando as sobrancelhas) Clara: Sim, eu entendi! (irritada) Van: Era só isso...( voltando sua atenção para o que fazia) "Era só isso?", de duas a uma, ou ela estava me tratando daquela forma porque sabe que errou (espero que saiba) e está com receio de tocar no assunto, ou ela virou suicida, a verdade é que ela parecia não se importar, com a gente, ou com a nossa discussão, estava prestes a sair da sala, mas algo estava me incomodando, eu não podia mais esperar, la se vai a ética pelo ralo. Clara: Vanessa! será que eu posso falar com você? Van: Claro, ficou alguma duvida? (sem encara-la) Clara: Primeiro eu quero que você olhe pra mim. ( chamando sua atenção) segundo, o que eu tenho pra falar não tem nada a ver com o trabalho. Van: Sobre o que então? (supirando) Clara: Ah deixa eu pensar...(irônica) ah sim, lembrei, sobre NÓS! Van: Clara, eu to muito, mas muito ocupada, de modo que eu gostaria de te pedir, que deixamos as pendencias do nosso relacionamento para uma outra hora. Clara: Pendencias? Van: Sim, você me apontou pendencias que precisamos resolver e... Clara: Distanciamento, falta de tempo uma pra outra, VOCÊ que some e me deixa plantada na sua casa, virou pendencias? (irritada) Van: Eu ja expliquei o episodio que aconteceu ontem! (quase gritando) Clara: Sem gritar, apenas te fiz uma pergunta...(surpresa) Van: Desculpa...(suspirando) eu apenas não quero brigar, quero resolver isso da melhor forma possivel, porém estamos no nosso ambiente profissional, eu estou com muita coisa para resolver, de modo que eu gostaria que você entendesse, e deixasse essa conversa para uma outra hora. Eu realmente estava cheia de coisas para resolver, os problemas da empresa estavam me consumindo, eu não estava com cabeça para mais uma discussão, e nem para uma conversa, talvez o meu erro tenha sido esse, mais uma vez a deixando para depois, percebi o quanto as minhas palavras a chatearam, mas era tarde para voltar atrás. Clara: Ambiente Profissional...(pensativa) concordo com você, aqui não é lugar para resolvermos isso, e pelo jeito e nenhum outro também. Van: Eu não disse isso...(suspirando) Clara: Não, eu estou dizendo, a verdade Vanessa, é que nem relacionamento profissional temos mais, não da mais pra ficar nos enganando... Van: Hey Clara, calma, também não precisa radicalizar.( indo até ela) Clara: Não estou Vanessa, estamos tentando enganar quem? faz tempo que estamos empurrando esse relacionamento, estamos perto, e ao mesmo tempo distantes...e é exatamente de "tempo" que precisamos. Van: Ambas tem coisas para fazer que acaba atrapalhando mas isso não significa que... Clara: Significa sim Van...(séria) eu tenho as coisas da minha faculdade, você tem as coisas da empresa, vamos lá, cada uma foca no seu, ninguém precisa estar presa a ninguém...então é isso e... Van: Eu falei sério, quando disse que queria ficar com você, eu apenas não estou conseguindo conciliar assim com o você, mas podemos dar um jeito e... Clara: Van, eu quero um tempo, eu preciso desse tempo, e você também...(tirando a aliança da sua mão) Van: Clara n... Clara: Van, assim vai ser melhor...(a interrompendo) quando essa tuburlencia das nossas vidas passar, conversaremos, mas nesse momento, eu quero terminar. "É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado"
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desabafho · 3 years
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Aventura riorítima
Há muito tempo eu estava em busca de aventura. Algo que me tirasse da zona de conforto e saísse da rotina de esperar o fim de semana para fazer algo.
Eu queria inovar. Não só encontrar meus amigos e jogar conversa fora. Queria pular a paquera que eu já tanto conhecia, os flertes que eu tanto gosto, queria algo novo, diferente, algo excitante.
Me considero uma pessoa previsível. Eu costumo fazer as mesmas coisas, seguir as mesmas rotinas. Pragmático, eu diria, eu não costumo ter comportamentos de risco, fazer coisas que sejam perigosas.
Eu acordo nos mesmos horários, como as mesmas coisas, faço os mesmos caminhos. Seria fácil me perseguir, pergunte aos meus perseguidores. Eu não fujo da caixa, eu não sei se estou vivo ou morto, eu sou o gato do schrödinger.
Eu estava literalmente empacado. Foi então que decidi tentar algo novo. Sair da famigerada zona de conforto. Eu decidi velejar. Sim, pegar um barquinho e sair por aí.
A cidade onde vivo é ribeirinha, nós temos aqui um lindo lago artificial, cuja alguma hidroelétrica ceifou a vida de árvores, animais e até pessoas (segundo contam os antigos) para que esse pudesse existir. Realmente lindo.
Então, não foi dificil arrumar um caiaque e ir, na correnteza, descobrir onde ele me levaria.
Veja bem, se você lê os textos daqui há certo tempo, vai saber que além de sofrer por macho, eu também não sei nadar. Então saiba que isso é uma baita aventura pra mim.
A questão é que eu esqueci os remos e sobrou apenas a maresia (ou seria a rioresia?) para me guiar.
Eu tenho me deixado levar, tenho permitido ser carregado para lugares que eu não queria ir. Tenho aceitado que meu destino seja escrito por forças que não são minhas.
Não em totalidade, porque eu bem sei que toda ação tem uma reação e que de algum modo, isso reflete meus interesses. Mas em todo caso, até que ponto temos liberdade para algo?
Eu vejo que já estou longe da terra firme que para mim, de firme nada tem. Me deixei levar demais, tanto, que já não sei mais como voltar.
Eu deixei me levar demais. A tal ponto, que já não sei mais o motivo de eu ter pegado esse caiaque. Além do fato dele ser da cor que eu gosto.
Você sabe que cor é essa?
Eu duvido muito.
Eu deixei me levar demais. E agora, tenho medo que sobre apenas mais um "caldo" nas mesmas velhas águas dessa mesma cidade velha onde já, outra vez antes, eu me deixei levar.
Andy.
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cris7in4kus73r · 3 years
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Keep #48
bate cabeça de uma pessoa só: dias estranhos, de me contradizer e ficar sem aonde ir não posso ser inocente a ponto de nao notar as consequências das minha escolhas meu comportamento nao é saudável, então como vou esperar algo saudável pro futuro ? eu nao faço exercício, nao como direito, fumo, bebo, como eu vou esperar algum futuro q nao o futuro obvio dessas escolhas ? mas penso, não me importo, nao vou mudar de postura pra ter um futuro saudável, do jeito q for vai ser mas cara, nao é muito pouco ? parece tao mediocre tanto minhas escolhas quanto o provável resultado delas e o meu conformismo diante mas sera que eu to mesmo lidando com o real grau disso, pra aceitar assim? porque adiantar a morte é tão divertido? tenho pensado em morrer, mas de virus, nao suicidio, foi estranho, me desnivelou, descobri varias falsas verdades, apavoro na minha rua, não sei se sei mais escrever porque não sei quem sou nem o que quero, um dia eu já soube, ah, e foi bom, foi bom só ter medo de se arrepender. Ilusão, temos poder enorme de iludirmo-nos e isso cansa, sempre que acho que to ligada, puxo meu próprio tapete, dentro de mim há uma guerra, sobre o valor da vida e o da morte, do lado de quem, quais os sacrificios quais as escolhas, eu to fugindo, eu só quero fugir, desligo o racional, pra mentir pra mim, pra deixar passar, isso tudo que me assola a cabeça e descredibiliza o coração, me roe as unhas até a carne dos dedos, fabrica lágrimas e aperta o nó da garganta. Isso tudo me assusta e não consigo sair daqui, estou num lugar muito vazio onde eu erro muito e não tenho outras chances, o tempo não tá acabando, mas uma hora ele acaba, percebi que não temo a morte se ela estiver sob meu controle, morrer por outra coisa parece muito estranho, estaria eu me enrolando e escapando da morte? inventando um jeito só meu de morrer, pra ficar de boa e não ter que ter medo, o que vejo é que sou eu de novo, menina, inventando sempre um jeito meu de fazer qualquer coisa e tudo, porque 'ah o que você ensinou não funciona pra mim', é um menosprezo narcísico onde não me coloco como igual, nunca acima nem a baixo, só, diferente, e nisso vou me sabotando e me achando exclusiva, sendo que sangro choro nasço e morro como todo mundo, igual, isso dói muito, ver que estou cada vez mais distante do real. Cada palavra que eu adiciono no meu discurso me dói, não tenho resposta pra nada, não sei se consigo me fazer entender, pois nem eu estou me entendendo. Existe um medo absurdo de morrer logo, de morrer nessa leva de 420mil pessoas que já morreram recentemente, nao quero ser idiota a ponto de me achar imune, mas tem me ocorrido o pensamento da possibilidade, tenho ainda umas coisas pra fazer, uns prazeres pra sentir, qual é meu problema?  algum desvio de realidade, mecanismo de defesa é meu cu, eu sou o mecanismo de defesa, é uma aflição esquemática, eu duvido de tudo hoje, tudo está na mesa, em jogo, e eu fujo, continuo fugindo de ver tudo espalhado, tudo escancarado pra mim mas não tenho coragem de encarar, duvido de mim, 'ah vc tem muito potencial, só nao usa', que porra é essa caralho, se eu tivesse mesmo eu usaria né, mas me engano direitinho, que nem mosca na lâmpada, peixe na isca, e sou comida por mim mesma, sempre, e ficando maior, que nem um monstro, ou mudo o existir e viro dejeto de mim mesma,  me transformo. Hoje eu quero ir pro inferno, pra adiantar logo ta ligado, to indo por um caminho perigoso, se quero vida saudável e preciso mudar o comportamento pra isso, ao mesmo tempo nao quero mudar porque estou confortável e acho que assumo as consequências, e ai, quero mesmo vida saudável?  dali 5 min eu penso nas consequências e porra, e se eu ficar dependente de algo ou alguém, quando chegar nesse nivel, eu dou um jeito, falar é facil demais. Não consigo comprar a ideia de uma vida sem prazeres mas sei que o lance é encontrar novos e saudáveis prazeres, mas não é hoje que isso vai acontecer.  É como se eu não quisesse esperar, se já sei o que vai acontecer. Não consigo comprar uma briga com o tempo. Minha escolha está sendo perecer e isso me parece muito pouco, estou apenas acelerando o fim e não acho errado, sei que faz mal e continuo fazendo, será? se eu não achasse errado eu não estaria me questionando, ou estaria? Onde reside a verdade, se é que ela existe? ah mas conheço pessoas que escolheram o mesmo caminho e tão aí firme e forte é roleta russa irmão a vida também tá meio russa agressiva e difícil de entender acho que esse é o texto mais sem cabeça, até agora penso no bando de coisa que vou deixar quando morrer, dai quanto mais penso em morrer e me conformo com o que não vou realizar, mais quero a morte, ah, venha logo pra acabar com esse meu drama, é isso que me sobra diante do fim, o drama. Estou cansada, eu me cansei, causei isso, agora o nó é na garganta e na cabeça. Não to conseguindo olhar através do que sinto, meus olhos param no que isso parece e tento chorar sem sucesso eu sou tão pouco, faço tão pouco, me limito tanto, me faço tão mal as vezes, ou sempre. hoje ninguém pega na minha mão, porque afastei todos, me isolei numa ilha, e 'no men is an island', a pele que habito é carregada e meu corpo, estranho tudo isso eu que escolhi me sinto rasa por sofrer com pensamentos rasos fiz suco de medo pra tomar no café, com pão de angústia e manteiga de dor onde está a paz? onde foi que eu à perdi? ainda tento chorar mas estou tão perdida nos pensamentos que não consigo manter uma linha emocional estável pro choro vir alternancia de corrente elétrica de casa velha a razão está em falta e travo, pois sei que serei punida por cada escolha, então no automático só faço o necessário pras horas passarem, bebo água. piso em ovos cacos de vidro não sei o que quero amanhã, nem hoje, e retiro tudo o que disse porque nao tenho certeza de nada e a vida continua, lá fora e aqui, tudo ordinário e reles o dia de hoje é só mais um pra conta do passado, o sofrimento de hoje é só mais uma ficha no baú da tristeza, mas no presente momento isso dói  e me enfraquece, estou rumo ao disfuncional eu quero pouco demais, porque faço pouco demais, então espero pouco demais, medíocre, bem do jeitinho que sempre detestei achei que ia passar, achei que não ia mais entrar nesse lugar, mas voltei, a vida é circulo, as coisas sempre acontecem de novo, de outro jeito, mas de novo. carta 10 roda da fortuna eu devo estar muito enganada mesmo não consegui nenhum aperto de mão com as sombras sigo em agonia por escolha? ou é isso ou é dormir não aguento mais dormir, mas tem sido a melhor fuga e fugir é cada vez mais difícil, pois cada palavra que adiciono na minha fala é mais uma escavada no buraco do peito, cada ideia e pergunta é mais uma pedra no bolso do corpo no lago, tudo arde, tudo está sensível, o mundo me assusta e eu também. tenho medo de estragar o pouco que tenho todos os dias eu sei que posso tudo mas hoje isso pode ser bem perigoso pra mim hoje tudo me dá medo e é perigoso aposto que amanha vai estar tudo ao contrario mas como hoje não é amanhã permaneço onde estou, me movimentando o menos possível contra o gingado da avalanche leve e lave tudo, o que sobrar eu junto e arrumo depois me entrego por nao ter mais forças pra mudar o cenário sinto que estou esquecendo de tudo todo dia to lembrando do dia que fui embora do sul eu fugi igual to fugindo hoje e esqueci varias coisas pois acho que é isso que acontece quando fugimos hoje meu pai me falou que eu não faço nada que tenha resultado financeiro e produtivo, ah me conte uma novidade! como se eu não me assombrasse o suficiente pra surtar, ele ainda vem querer me ajudar com o discurso positivo, a única coisa que consegui fazer foi dizer que não queria mais conversar com ele por hoje. como que perder minha fonte de renda vai ser bom? caralho o positivismo é uma grande bosta mas o pessimismo também tudo é uma grande bosta e não ganhamos nada com isso tem que saber jogar, parece que tem que pisar nos outros pra dar certo, mas eu só consigo pisar em mim sou egoísta mas não sou má, eu acho os gatilhos são incontáveis e pareço pele exposta ao sol sem preparação, até o vendo machuca nosso inconsciente é muito mais forte e maior que o consciente, e acho meu consiente num tamanho chato e suficiente demais pra me atazanar o bestunto. É tão feinho esse meu papo, tão -inho, mesquinho de vida, medriocrezinho, inutilzinho, todos os diminutivos de bosta que tiver vejo a vida esvaindo e eu me iludindo num pseudo conforto e não fazendo nada não estou capaz de fazer nada, esgotada está a energia que eu tinha de riso, de corpo, de esperança, de prazer, de ação esgotou não quer dizer que não vai voltar, mas é que hoje não tem mais nada me anima por escolha?   eu nao sei, nao sei mais pensar, to burra de tristeza   estou completamente desconfortável e desconectada
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otropstories · 4 years
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Amor X Arena (2013) - Capítulo 10
This post is an version of “Amor X Arena”, my fanfiction released in 2013. For the english version, coming soon.
                                           Capítulo 10
Não importa o que aconteça. Vou me lembrar o que aconteceu antes do último apagão. Não posso me esquecer o que me aconteceu. Memórias não desaparecem assim.
– Senhoras e senhores, senhorita Katniss Everdeen.
Uma voz grossa e grave murmura a frase lentamente conforme Effie anuncia a minha presença na festa ao apresentador com rápidos estalos de dedos e apontadas disfarçadas na minha direção. Ele chama a atenção dos vários convidados no piso de baixo com algumas tosses improvisadas, e quando todos estão com olhar atento, sou empurrada por Effie até a escadaria em frente ao homem do microfone, que ergue sua mão direita para me ajudar a descer as escadas. É então que um coletivo aplauso é seguido adoravelmente para mim, como se eu fosse a debutante do lugar.
Todo o Congresso deve estar aqui, aplaudindo.
Estou sorrindo para eles. Ou pelo menos, estou me esforçando para maquiar o que sinto de verdade. Por dentro, estou com uma raiva descontrolada para matar o infeliz que me estragou. Que me faz ter apagões todos os dias. O que me abandonou naquele maldito leito de Hospital quando quase me acidentei na panificadora, enquanto deve estar por aqui, saboreando banquetes que não reconheço repetindo a mentira horrenda e suja que me ama. Maldito.
Nunca pensei que Gale chegaria ao ponto de mentir para mim. Só espero que eu não deva ter perdido alguma memória preciosa ou importante durante minha embriaguez forçada, mas hoje estou mais sóbria do que nunca. O bastante para atuar, assim dizer. E feliz, por ter a revelação reconectada para mim justamente agora.
Sinto-me como se demorasse milênios para chegar até o ultimo degrau de mármore, até finamente tocar na gravata em silêncio do homem que me anunciou e sussurrar um "obrigada" forçado, quando ele se distancia assentindo e os aplausos se seguem para mim enquanto continuo sorrindo e acenando de maneira educada e graciosamente idiota. O quê raios é isso? Sou algum tipo de celebridade americana e não me lembro? Mas com tudo que tem me ocorrido nas últimas 48 horas, sim, não duvido de mais nada.
É então que John entra em cena, abrindo passagem entre os convidados. Ele aplaude mais euforicamente e com as suas palmas brancas, que juro ficarem roxas para tanto. Ele ergue os braços e com movimentos provocativos com os dedos como "mais, por favor!" pede e consegue aplausos ainda mais animados da multidão rica que percebo por meio segundo.
Enquanto todos assoviam para mim, homens me queimando com o olhar e as mulheres murmurando algo invejoso para as amigas dos lados e frente, John dá uma meia-volta e pula entre os sapatos sociais, segurando levemente meu cotovelo e sorrindo simbolicamente para uma câmera que surge nas mãos de um fotógrafo vestido de branco e suspensórios e meu reflexo se segue com ele. John desliza a mão para minha cintura e sorrio para uma pose automaticamente de perfil, e mais aplausos excitados são jogados para nós. Mas não estou entendendo coisa alguma. 
Parece até que ninguém se importa com o fato que acabei de acordar de um acidente.
– Senhores... – John levanta minha mão para cima e segura delicadamente meus dedos levemente os esmagando enquanto me leva em direção de uns homens velhos e barbados, com sapatos bem polidos e ternos caros enquanto riem ruborizados em uma expressão de pura surpresa para mim – Como eu disse, e vocês duvidaram, aqui está minha encantadora enteada. – Ele sorri para os homens e depois para mim, sendo os últimos a aplaudirem – Ela não é a jovem mais linda que já viram?
– Meu caro Johnny, pedimos seu perdão em desconfiar de você... – Um dos homens, mais baixo e de barba e sobrancelhas grossas e brancas, gargalha com uma taça de champanhe na mão esquerda enquanto me analisa, de cima a baixo – Ela é realmente uma jovem muito graciosa. Admirável, meu caro! – Ele dá um gole rápido e cutuca John, que gargalha com os colegas e de costas sinto Effie sorrir orgulhosa e responsável pela minha beleza instantânea.
É então que eu sinto. A mão de John percorre por acidente minhas costas quando os aplausos enfim acabam e toca minha pele exposta e nua. Meus olhos se dilatam e por quase meio segundo, meu pânico me lança em uma corrida para qualquer lugar longe dali e acabo me deparando com um gigantesco espelho oval, surgido entre as taças de champanhe empilhadas cuidadosamente na mesa de entrada.
Meu vestido. Minha aparência. Se me recordo bem, pedi para Effie esconder o máximo de mim em algo grosso e protegido, nada berrante ou característico ao termo "sexy", bem longe disso. Mas, para minha (não) surpresa e ataque de raiva e batimentos cardíacos, ela fez justamente ao contrário do que pedi, enquanto estava perdida em pensamentos no quarto.
Meus cabelos estão delicadamente mais lisos e ondulados nas pontas e soltos, meu rosto está enfeitado entre bochechas rosadas com um batom avermelhado para uma celebridade de cinema e meu vestido de cor vermelho-sangue, com uma calda que arrasta no chão, o que explica minha dificuldade de descer as escadas, com um tomara que caia curto, o que deixa parcela dos meus seios expostos e estranhamente aumentados. Minhas costas e ombros estão completamente á mostra, com um vestido totalmente ruborizado e bem colado no corpo, em complemento de saltos agulhas e cílios bem alongados.
Droga. Sinto minhas bochechas corarem quase imediatamente ao me analisar naquele maldito espelho e tenho o tempo necessário de deixar o ataque de raiva me subir para a cabeça. Eu fui burra o suficiente para esquecer quem é Effie Trinket: aquela berrante idiota mulher superficial, que é ousada o suficiente para me expor á dezenas de pessoas nesta humilhação pública. Ah! Como pude deixar ela me vestir? Ou melhor... Por que preciso fazer parte disto? Sou só uma problemática, entre um espartilho que me esmaga por baixo da fina camada do vestido. Estou testando todo meu auto controle que me resta, apenas para rezar que ninguém perceba as marcas no meu corpo. Tudo, menos isso.
– Se está assim por causa do medo de te verem arranhada e toda cortada feito uma boneca de panos, esqueça isso. Querida, como tudo que faço fica excelente, tive a liberdade que mudar um pouco você, só esta noite, ao menos. – Effie sorri um tanto séria pelo reflexo do espelho oval, mas preciso contar até três mil para não arrancar-lhe o sorriso à facadas.
Ela sabe que sou capaz de cometer o que quiser, mas não com tantas testemunhas por perto. Não posso me descontrolar, por mais que me doa ficar neste estado exposto e olhada por pervertidos. Justamente em uma festa de políticos.
– Se foi John que te mandou fazer isso comigo... ou melhor... você planejou tudo. Não foi?
– Não sei... – Effie ensaia uma expressão de confusa – Talvez... – Ela sorri.
– Vou matar você. Está consciente disso, não? – Giro e me encontro com Effie de cara. Ela apenas bufa e cruza os braços, tentando me dar um convite de simpatia que insisto em rejeitar todos os dias desde que Effie e eu fomos apresentadas.
Mas isto foi imperdoável e desumano até mesmo para ela.
– Ah, por favor, Katniss! Só você não enxerga o quanto este estilo lhe cai bem – Ela ajeita desconfortavelmente a peruca encaracolada enquanto analisa as próprias unhas longas – Deveria se acostumar com isso, afinal é meu trabalho – Ela desprende os braços do nó, e os prega na cintura, como assunto encerrado – Além do mais, você que vacilou. Poderia muito bem ter escolhido sua roupa, mas já que se entregou nas minhas mãos...
– Já chega! Eu estava entorpecida! – Grito freneticamente, tamborilando as unhas na mesa da pilha de champanhe, enquanto arquejo para não matá-la ali mesmo pela traição – E... ainda estou! Será que ninguém consegue enxergar que estou com dificuldades e sozinha? Ainda por cima tenho que me sujeitar á caprichos da minha mãe de me mostrar para esses velhos sujos corruptos! Estou cansada daquilo! E disso! – Aponto diretamente ao lustre.
Um lustre clássico, feito de diamantes lapidados em prismas brilhantes e encaixados em belíssimos pinos de cristais, foi pregado no alto na sala principal, bem propositalmente no lugar onde os raios de luz do sol se debatem nos prismas, para o lustre ficar ainda mais brilhante pelo ponto estratégico, bem em frente á pequena janelinha de ladrilhos acima da porta vitral com sua cortina, o que seria obviamente, um item caro e ousado para uma casa do nosso nível. Apesar de parecer "simples", aquele lustre representa tudo o que está ficando desencaixado para mim.
Ele representa dinheiro. Muito dinheiro, festas e banquetes. Não dá como evitar ver seu reflexo entre os prismas clareados, onde só enxergo uma família esquecida das dificuldades do real mundo que nos cerca, para uma vida protegia e deleitosa em gordura e poder. Isso chegava a ser tediosamente irritante e eu me sentia descolada. Não serviria de joguinho para John e muito menos saco de mentiras e prazeres para Gale. O que aconteceu com aquele garoto trabalhador, que dava seu sangue, suor e lágrimas para sua família apenas ter o que comer?
É incrível o que o dinheiro faz com as pessoas. Ela transforma algo bom para algo terrível e viciado. Apenas consigo enxergar pedaços de papel coloridos, com desenhos e números gravados nele, enquanto outros assim dizem verem a própria alma. Mas de uma certa forma, não consigo me entender neste ponto. Como eu não me tornei gananciosa? Será que sou diferente de Gale? Meus apagões... distúrbios... Será que na realidade, sou realmente gananciosa... mas esqueci dessa lembrança também nas últimas 48 horas? É por isso que todos estranham agora meu comportamento, na escola, na panificadora, em casa, aqui... por que não sou assim? O que estes pesadelos me revelam?
Não pertenço nesta realidade?
Outra enxaqueca constante me perfura, mas ao menos não me sinto puxar. Effie precisou de vários minutos até conseguir ler meus pensamentos para compreender o que quero dizer me referindo ao lustre e me dar as respostas que estou – implorando – para obter. Ela apenas bufa pela segunda vez, prende seu braço no meu e caminha apressadamente comigo para o salão, evitando olhares e sorrindo fracamente para os adultos políticos que nos cercam nesta coisa deplorável. Ela revira os olhos.
– Olha, querida... – Effie para de andar comigo e firma os pés se apoiando no meu ombro e aprofundando o olhar sobre mim, em uma conversa séria por vir – Foi justamente para isso que sua mãe me contratou. Estou aqui para ser sua acompanhante. 
– Eu sei – Digo. – Mas eu ainda não entendo.
– É justamente isso! Você! – Dilato os olhos, achando mesmo que ela leu realmente meus pensamentos, mas ela dá outro rumo a conversa – Estou aqui para "acompanhá-la" nesta nova vidinha importante. Sendo uma moça delicada, forte, bela e educada, principalmente. – Ela enfatiza a palavra "educada" e não deixo de revirar os olhos e cruzar os braços. – Te ensinar ser uma dama, sendo mais explícita.
– Então... está aqui para ser minha babá e professora, agora que minha mãe se casou com um Senador? – Bufo e esperneio francamente – Não obrigada, passo esse desafio de você.
– Desafio? É um prazer! – Ela cantarola – Meu trabalho simplesmente é te transformar. Mostrar-te esta nova vida incrível que está vivendo. Tirar estes pensamentos confusos de sua cabecinha de criança e lhe transformar em na mulher de negócios que será daqui a dois anos, quando atingir a maturidade, minha querida.
Não mesmo. Não vão me mudar. Não tem o direito...
– Quer dizer, me transformar em uma esnobe metida, que só pensa em dinheiro e trabalho, e pelo visto, política não é? – Libero meus pensamentos para um tom de voz real, sem me conter.
– Se você pensa desse jeito, tanto faz, querida. Mas não é de sua escolha.
– É o que veremos – Giro, me afastando cada vez mais de minha acompanhante.
Effie ajeita o tomara-que-caia dela mesma para voltar a encaixar nos seios e apenas pisca algumas vezes para mim enquanto me afasto furiosamente. Ela grita meu nome mais uma vez, sussurrando no meu ouvido quando me alcança:
– Você tem um gênio forte e agressivo, Katniss. Mas não deixe isso esconder quem você verdadeiramente é... – E se afasta das minhas costas, enquanto grita cambaleando feito uma bêbada e gargalhando alguém disposto à acompanhá-la para a pista de dança.
                                                       [...]
Com tantas informações se formulando na minha cabeça, preciso respirar. E é assim que me encontro dirigindo até a sacada do segundo andar da casa, já que não consigo aguentar os inúmeros elogios e perguntas sobre mim lá em baixo. É sufocante.
Até que não me decepciono ao ver as estrelas. Pelo menos, algo que é realmente real sobre minha cabeça, a verdadeira beleza do universo. Meus olhos estão marejados, mas consigo controlar a tristeza que me assola, pois nada mais faz sentido para mim. Nem ao menos, por causa dos meus pesadelos e apagões, não consigo separar o que é real do irreal. É como se alguém me chupasse pela cabeça e só restassem ossos em um corpo sem vida, onde podem retocar a pele, a carne, dar um novo corpo e roupas encravadas de joias, mas não á alma. Isso chega a ser assustador, até mesmo para mim. A lágrima é liberada do olho direito.
O que estou dizendo? Quero fugir, quero sumir, quero desaparecer. Quero minha liberdade, eu quero...
– Katniss, querida! – Uma voz fina e mecânica anuncia alta, e sou sobressaltada pelo susto repentino. Realmente não esperava ninguém me seguir para o terraço – Finalmente lhe encontrei! Venha, venha... precisamos lhe apresentar á um convidado especial da festa e seus assessores.
– Não... espera... – Só posso por reflexo, limpo rapidamente as lágrimas escorridas dos olhos e endireito minha postura patética. Não tenho tempo de reconhecer o rosto da mulher, ela apenas se equilibra nos saltos transparentes que revelam suas unhas dos pés bem cuidadas e me empurra para um pequeno grupo de homens que entram pela porta da grande varanda.
O grupo deixa as portas abertas, permitindo o falatório e a música clássica alta soar do lado de fora, o que me faz desejar atirar na própria cabeça em suicídio. Não suporto um barulho de música enjoativa e maquinaria. Não gosto pessoas desconhecidas. Tenho medo delas. Mas os homens caminham mais devagar até pararem na nossa frente e apertam a mão delicadamente da moça ao meu lado, um por um, a cumprimentando cordialmente de maneira educada em padrão.
– Senhores... – A mulher se curva ligeiramente – É um prazer finalmente recebê-los em nossa humilde casa para um jantar.
– O prazer é inteiramente nosso, senhora Everdeen – Um dos homens de terno e várias medalhas de honra e mérito se curva de volta e beija as costas da sua mão – Estamos inteiramente agradecidos por nos recebermos em sua festa maravilhosa.
– Ah, o que é isso... – Ela cora rindo desengonçadamente – É apenas um jantar. Não um baile de casamento da princesa Diana, meu senhor...
Todos eles riem com a piada dela. Olho fixamente de lado para ela. 
Minha mãe? O que ela está fazendo? Ela nunca me permitiu estar entre seus convidados, nunca deixou eu ser apresentada aos políticos com quem John trabalha... ela nunca gostou deles... não pelo que me lembro. Mas eu não lembro de quase nada agora, tudo está confuso. Mais uma memória resgatada: Eu era sempre protegida deste meio.
– Não iremos ter a honra de conhecer a moça? – Outro homem do pequeno grupo estende levemente a mão para me indicar, sorrindo cordialmente também em seguida. Marbleize parece ficar pressionada, mas com sua voz mecânica de volta, sorri e me anuncia para o grupo.
– Esta é minha primogênita, Katniss – Ela agarra meus ombros e posso sentir a tensão que seu aperto me transmite subliminarmente – Ela estuda medicina em uma escola técnica controlada pelo governo, vocês devem conhecer, se chama Colégio Experimental número 1984. – Ela os rodeia com o olhar e todos assentem confirmando – Ela é um prodígio, tem um QI acima de 128, sabe lutas, e é excelente em Biologia e Línguas estrangeiras...
Eu não consigo entender nada do que ela diz.
– ... Além de ser extremamente linda... – Um dos outros homens cumprimenta com a cabeça e só posso devolver o cumprimento, tentando não socá-lo com os punhos por estar me olhando.
– Minha filha é muito esperta, senhores, tenho certeza que isto não é de família – Outra risada gorgoleja das suas gargantas, mas desta vez não me apresso em acompanhar – Ela é demais para mim.
– Sabemos bem como deve ser.
– Que tipos de artes marciais já praticou, senhorita Everdeen? – O homem da direita ergue as sobrancelhas e pergunta levemente.
– Socos. Chutes. Estourar miolos... Também sou ótima para enforcar alguém até a morte – Digo inexpressiva sorrindo.
Por um segundo, o grupo do terraço fica em silêncio pelo o que disse. Marbleize olha para mim surpresa e ao mesmo tempo assustada e os outros ficam sem o que dizer: Será que o que ela disse fora uma piada? Apenas cruzo os braços e bufo, contando quantos segundos os outros permanecem em silêncio. Depois um vento vem assoprar meus cabelos, desmanchando lentamente o penteado em cachos nos meus ombros. Minha mãe tosse limpando a garganta, rindo rapidamente e dando tapinhas no meu ombro e tocando seu colar de diamantes que rapidamente percebo.
– Ora, Katniss não é uma sarcástica? Um humor negro que nós adoramos, não é Ministro? Olha que a festa já estava ficando chata! – Ela gargalha e os outros a acompanham sem fôlego pela risada.
– Concordamos com a senhora – Ele responde, dando tapas nas costas do velho de barbas curtas e brancas na minha frente que ri – Me lembre de nunca provocá-la se nos esbarrarmos pela cidade.
– Vou me lembrar disso – Sorrio com uma perfeita atuação.
A conversa do nosso grupo é cortada por um barulho intenso de movimentação do lado de dentro da festa. Uma movimentação além do normal se segue alto, ouço cumprimentos polidos e passos por todos os lados, como se estivesse atrás de mim. Endureço-me na mesma hora, engolindo em seco e permitindo meus lábios tremerem.
Uma mulher abre as portas. Ela usa um vestido tão vermelho quanto o meu, só mais vivo, com um tecido que vai até seu pescoço e deixa os ombros à mostra, com um corte decotado nos seios. Ele é justo e cai até os joelhos e me pergunto como ela consegue se movimentar. Ela usa saltos agulhas como os de Effie, mas grossos deixando sua aparência magra ser considerada esbelta, um coque no topo da cabeça sem um fio de fora do lugar, com sombra, cílios vermelhos e um batom de cor preta em sua pele escura e morena. Incrivelmente, o conjunto de maquiagem lhe cai bem e os homens lhe considerariam atraente. Com suas enormes argolas de cor prata balançando no ar no mesmo ritmo, ela toca levemente o ombro do velho assim que fecha novamente as portas. 
– Senhores... – Ela inicia e sua voz é dura e rígida, como se fosse uma soldado – O presidente acaba de chegar na residência. Ele está cumprimentando os outros convidados lá em baixo, trazendo o ex-senador Alberthany e o senador Carter com ele, se não se importarem.
– Mas é claro que não – O  tal Ministro balbucia surpreso pelo convite. Minha mãe sorri assentindo para a mulher que retribui movimentando a cabeça como entendido.
– Então ele subirá em um instante – Ela desliza o dedo indicador direito em uma tela de celular, dando ordens por mensagens e sussurra algo no comunicador de microfone preso em sua orelha conectado ao celular – Está subindo.
– Muito prazer – Me adianto, levando minha mão para cumprimentar a mulher. Ela sorri surpresa e assente com a cabeça – Sou Katniss Everdeen.
– Me chamo Paylor, sou a assessora do presidente. Prazer em conhecê-la, senhorita Katniss. 
Ela se curva e volta em direção à porta, abrindo e falando algo indescritível com um outro homem que surge do outro lado. Ela confirma algo para ele e volta na nossa direção, anunciando e sorrindo para mim:
– Estão com fome? Todos os convidados estão se retirando para a sala de jantar do andar inferior. O presidente e os senadores os aguardam em uma mesa reservada para a família Everdeen, alguns convidados e os ministros do seu partido. Se nos apressarmos, conseguiremos providenciar vinho antes de todos os outros – Ela cruza os braços e novamente cumprimenta com a cabeça, como se tivesse ensaiado várias vezes o discurso na memória, enquanto o resto de nós somos levados novamente para a barriga da festa de vaidades. Só não entendo o que o tal novo presidente quer conosco agora.
                                                          [...]
Paylor e mais dois seguranças com microfones nos ouvidos nos escoltam até o primeiro andar em menos de três minutos. Fico tensa ao ouvir o barulho do público que se arrasta até aqui, com taças de álcool e rindo com conversas inúteis, mas começo a relaxar um pouco mais quando somos levados á subir mais uma escadaria, até uma sala de jantar mais reservada e improvisadamente luxuosa, com poucas mesas.
A sala está um pouco escura, mas luzes brilhantes estratégicas em partes no chão e nas mesas, e vejo também que tem pratos de porcelana e vários garfos e facas em ordem desconhecida para mim, com várias taças - umas mais longas e outras menores e redondas - aleatórias de cristal. No meio, um vaso com várias flores e rosas vermelhas que de longe posso sentir o cheiro forte que lhe emana. Um música mais suave de violinos soa nesta parte reservada da festa, e vários empregados arrumados se movimentam levando mais champanhe aos convidados que chegam.
Desde quanto temos mais de uma sala de jantar? Eu não me lembro disso. Marbleize e os ministros do pequeno grupo parecem se entreterem com uma conversa acalorada e animada sobre debates políticos, na qual não faço muito esforço para ignorar. Eles riem e apertam as mãos de alguns assessores que se levantam de suas mesas para nos cumprimentar e continuem a ir até a nossa mesa bem no meio do pequeno salão, quanto apenas eu para do segui-los. Minha boca ligeiramente se abre surpresa ao ver os que já estão na nossa espera na mesa.
O presidente Coriolanus Snow e seus convidados. 
O novo presidente eleito dos Estados Unidos, à meio metro de distância. Sua aparência é idêntica da que vi na aerotela do bar quando passava rumo á escola no carro de Gale: uma expressão fria e ao mesmo tempo orgulhosa, velho de barba branca e pele enrugada e olhos profundos; além de sempre estar bem vestido um terno caro.
Fico sentindo a minha saliva escorrer até a garganta lentamente, quando minha mãe se vira a minha procura. Eu sumira de seu campo de vista. Com os dedos das mãos cruzados e pequenos desvios de cabeça sem perder a postura reta, ela vaga o olhar pelo salão até se virar de costas e me encontrar.
– Katniss! Venha, vamos nos sentar e conhecer estes senhores...  – Ela treme o lábio inferior, mas não muda o tom alegre da voz ao me chamar. Com um sorriso franco, espanto meus pensamentos de medo do presidente que tive no carro, e me dirijo à mesa puxando para cima meu vestido de calda para que eu não tropece e caia.
Um empregado puxa minha cadeira para que eu me sente e depois me oferece um pouco de bebida. Nego com a cabeça para ele, e fixo meu olhar no arranjo de flores até que o presidente pare de me encarar.
Ele é um Renegado. Ele é um Renegado. Ele é um Renegado. Ele é um Renegado. Não olhe nos olhos dele. Ele é um Renegado. Ele é um Renegado. Ele é um Renegado. 
– Oh, meu Deus! Senhora Everdeen, quanta honra se juntar á nós e convidar Vossa Excelência para esta festa maravilhosa!  – Um homem de terno extravagante e nariz afinado com cirurgias plásticas - além de ter o cabelo em topete manchado de um líquido de tom azulado que escorre e mancha toda sua pele rosa e roupa também - berra excitado, enquanto se levanta de supetão da cadeira  – É um prazer! É um prazer!
– Ora  – Marbleize franze as sobrancelhas  – Ora, ora, ora...?! Quantos elogios! Já disse para estes cavalheiros que apenas um jantar de negócios, Meu Deus! - Ela balbucia sorrindo  – Não tive a honra de conhecê-lo, senhor...?
– Caesar, Caesar Flickerman, senhora Everdeen. Muitíssimo prazer  – Ele se inclina na mesa, quase esbarrando em uma jarra de água e beija as costas da mão dela do outro lado da mesa.
– Me desculpe tocar nisto, mas querido... isto no seu cabelo seria...?  – Marbleize apenas inclina levemente a cabeça, com o olhar fixado no topete encharcado de Caesar enquanto ele beija sua mão.
– Oh! M-me perdoe!  – Ele se endireita, e volta a se acomodar na cadeira, esfregando os cabelos com as mãos, tentando se limpar de alguma força e apalpando todo terno  – Uma mulher sem querer esbarrou um suco de sua taça em cima de mim agora á pouco enquanto a cumprimentava, acidentalmente. Me desculpe! Me desculpe, irei me limpar! Juro que meu cabelo não é azul!
Os outros ao redor da mesa riem com um expressão divertida, pois seu topete está realmente de cor azul pelo suco.
– Tome  – Me levanto de vagar, estendendo um guardanapo de pano que um dos mordomos havia colocado sobre meu colo - e eu não sei para o que aquilo serviria em meu colo - então puxo e levo até Caesar para que ele tenha algo para se enxugar. Surpreso, ele puxa o guardanapo e agradece diversas e diversas vezes  – Não há de que.
– Que menina meiga  – Um dos senadores murmura alto o bastante para que todos na mesa ouçam, e Marbleize sorri orgulhosa.
O presidente ainda continua me observar.
– Eu sei que isso pode soar estranho...  – Minha mãe volta a falar  – Mas... o senhor não seria um dos senadores, não senhor Flickerman?!
– Ora! Não senhora  – Ele dobra ligeiramente o guardanapo de pano no bolso do terno  – Eu sou um homem de notícias. Pode assim se dizer. Sou um repórter.
– Um repórter...? – Ela se choca, mas não se sobressalta para não fazer o sentir mal  – Aqui? – Presidente. – John, que chegava na mesa, murmura quase em silêncio ao meu lado nos ouvidos de Snow.  – Pensei que esta reunião fosse privada. Trataremos se negócios do partido, não podemos ter a presença da.... - Ele limpa a garganta.
– Tenho certeza que trazer um repórter anotar as notícias será muito melhor do que ver tudo vazando. Iremos nos adiantar no contra-ataque entre nós e o  Partido Revolucionista. – Paylor se intromete, respondendo pelo presidente.  – Além do mais, não foi o senhor, senhor senador, que trouxe sua esposa e sua enteada para uma reunião privada?  – Ela sorri irônica, em postura de soldado, sem mudar o tom do voz.
John bufa, e se aproxima mais dos dois para que não escutemos.
– Foi Katniss que pediu para vir. Marbleize apenas concordou estar aqui.
Pedi?
– Não vamos falar nada de mais. Assuntos banais, sobre os outros países, as viagens que o senhor terá que fazer, Presidente.  – Paylor volta o olhar para o celular, olhando ligeiramente para o celular enquanto John se senta em uma cadeira livre da mesa, dando espaço para o gravador de Caesar e assentindo para ele como cumprimento. O ar parece tão pesado, e continuo fingindo que não estive ouvindo nada. – Vinho, senhorita Everdeen?
– Não.
– Tem certeza? É de uma safra...
– Não, obrigada.  – Suspiro, tentando não parecer rude, enquanto Effie aparece também na mesa, e eu bufo.  – Olá Effie.
– Amor! Experimente este vinho!  – Effie dá um gole rápido em um copo que vê primeiro na mesa, se abanando com as mãos desesperadamente  – É fan... - Ela dá outro gole desesperado –  Hummm.... tástico!
– Não bebo bebidas alcoólicas.
– Então não sabe o que de maravilhoso está perdendo, queridinha. 
 Uma voz. Meu coração dispara. Um homem com uma voz rouca grita finamente enquanto para atrás de mim. Eu fico congelada no lugar, tentando ranger os dentes de raiva por ter que conhecer outro político. Outro que quer fazer minha vida um inferno. Todos da mesa giram surpresos, se levantando para cumprimentá-lo.
O Presidente continua a me observar.
– Ex-Senador Albertany, finalmente se dispôs vir para um jantar conosco!  – John menciona, apertando sua mão e dando tapinhas nas suas costas.
– Eu não poderia faltar.  – O homem se mantém longe do meu alcance de vista, soluçando como se estivesse prestes a vomitar e rindo. – Soube que esta mesa vai ser a primeira a receber o vinho da casa. – Todos riem com sua fala.
Fecho os olhos. Conto até dez. 
O presidente me observa até respirar, e eu tento maquiar minhas expressões novamente, ensaiando uma conversa calorosa para mostrar que eu estou bem e sou educada. Sem vergonha, eu não posso ter outro apagão, não no meio desta festa. Minha cabeça volta a latejar, e eu faço uma careta de dor.
Sinto Effie beliscar minha mão e eu volto a abrir os olhos, com o maior sorriso que posso, quando sou surpreendida com o convidado de Alberthany se sentar na mesa ao lado de Caesar. É impossível. Meu sorriso de desfaz rapidamente.
– Já conhecem Peeta, meu ajudante da fazenda?  – Ele aponta para Peeta, bem arrumado e sorri assentindo a cabeça para todos na mesa, e enxergo Marbleize corar  – Soube que ele acaba de salvar sua filha a uns dois dias, Marbleize. E ela nem o agradeceu por isso.
Parece que todos ao redor do salão param de comer e conversar para me olhar. Estou sentindo um frio maior do que o normal, meu sangue não corre direito em minhas veias. 
O que minha mãe irá pensar? Que eu fui acudida por um desconhecido da escola? Não fora Gale? O que aconteceu realmente...?
Gale me observa na porta do salão com uma expressão triste. Ele me seguiu. E agora, ele sabe que estou fazendo parte deste meio novo. Eu pedi para John me trazer até aqui? Não me lembro. 
Não me lembro.
– É um prazer te conhecer novamente, Senhorita Everdeen  – Peeta se levanta da cadeira novamente, e beija as costas da minha mão. Fico séria e tento ignorá-lo, mas Effie volta a beliscar minha outra mão.
– O prazer é todo meu  – E então, me lembro que nos tocamos no Hospital. Prendo a respiração. Ele apenas sorri para todos na mesa.
O presidente continua a me observar.
                                                           (...)
Partindo deste ponto, não voltei à escrever a fanfiction “Amor X Arena”, sendo excluída em 2013. Obrigado todos por lerem!
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ladycampone-blog · 7 years
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Contrato Inviolável - Capítulo IX
O pedido
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Quando se entra na adolescência a gente meio que pensa como vai ser quando namorar, certo, o pedido de namoro e essas coisas, não é? Quer dizer, a gente normal, no meu caso nunca achei isso aquelas coisas a não ser pela parte da coleira bonita e valiosa – o que não era verdade no início porque quando fui obrigado a usar uma como castigo, achava o cúmulo do absurdo, até adotar como artigo indispensável -  mas sabe como é né, isso não é lá muito normal, logo eu não entedia nada de nada de namoros.
Mas realmente jurava que o início não seria como aquilo.
 A loucura começou quando um por um dos pais voltaram para casa depois do almoço e não saíram mais. Foi quando pensei “Não, eles não iam fazer eu passar aquele mico né?” Mas me dei conta que sim, eles iam. Então tio BM surgiu do nada para tomar um café com pai Soo. As três da tarde! E logo tio Yixing também entrava discutindo algo aleatório com pai Jongin.
Aquilo seria uma inquisição espanhola?
 Eu fui ficando apreensivo e nervoso, mas o pior... O pior foi quando a campainha tocou e eu fui me erguer do sofá onde já desejava me enterrar para sempre com a cabeça enfiada no vão das almofadas, e pai Sehun me olhou questionador:
— Desistiu?
 Eu gemi alto choroso e desesperado. Aquilo ia ser “as trevas”, eu sentia...
 E então os dois estavam lá e um pouco do pânico se foi como mágica me deixando o mesmo bobo babão de manhã. JYJ usava uma camisa polo amarela e jeans bonito e organizado, alinhadíssimo, com o cabelo escovado de lado e sorriso seguro enquanto Bianca usava uma jardineira amarela e tênis baixo. Parecia uma modelo de capa de revista teen.
 Porque eles eram tão lindos e arrasadores? E porque tanto amarel... Ah, Yuto! Era por isso, a pergunta era sobre aquilo!
 Eu pensei quase rolando os olhos e rindo de modo imbecil. Se apaixonar tinha um efeito louco em mim, não era possível!
— Boa tarde, senhores Kim! - JYJ disse como uma desenvoltura de um palestrante de universidade, nenhum pouco intimidado pela reunião exagerada e já tirou algo do bolso entregando certeiro ao pai Soo que o encarou surpreso – Um presente ao dono da casa.
— E quem disse que é ele?
Pai Jongin disse com um sorrisinho de canto quase irônico e JYJ devolveu um sorriso digno de Tom Cruise para ele:
— Cresci com muitos babys, daddys, doms e subs, senhor Kim, conheço o coração de uma casa apenas em olhar. Vocês todos estão em volta dele e de Yuto, direto ou indiretamente. Fazemos isso em casa sem nem percebermos – Ele se voltou para mim e eu quase ofeguei – Como está o braço? Tomou o analgésico da tarde?
— Tomei.
Respondi sem gaguejar e quase fiz high five comigo mesmo me parabenizando. Pai Channy me encarou sorrindo e falou divertido:
— Gostei dele!
— Claro que gostou, Chan, claro que gostou – Pai Sehun disse suave e então apontou os sofás – Por favor.
 E logo todos se sentaram nos três sofás de quatro lugares cada um da imensa sala, e eu claro, ficando sozinho com a única poltrona do ambiente porque aparentemente era meu pescocinho lindo e delicado a leilão. A situação era bizarra, mas os dois pareciam tão tranquilos que acabei me tranquilizando também, Bianca então falou pela primeira vez.
— Meu nome é Jang Bianca Campone e meu primo se chama Bang Jongup Youngjae Júnior, mas o chamamos de JYJ. Viemos pedir para namorar o Yuto, como ele já nos disse que vocês são casados acreditamos que não tenham problema em nos ter os dois com o Yuto, estou certa?
— Vocês têm mesmo dezoito anos?
— PAI!
Resmunguei alto e Jongin riu baixo:
— O que? Ela parece ser mais velha oras, quem fala desse jeito com dezoito anos?
— Ela é da América do Sul ‘tá! Para com isso!
Disse entre os dentes, Bianca me olhou sorrindo suave:
— Tudo bem Yuto, seus pais tem o direito de me fazer esse tipo de pergunta, é normal.
 Eu assenti vencido e então foi que Jongin me encarou surpreso:
— Ela, você ouve!
— PAPAI!
— Chega os dois – Sehun nos disse em ordem baixa e eu suspirei, que ótimo, já levando bronca... – Sim, nós não vemos problema nisso, senhorita Bianca, mas vocês são quase três anos mais velho que meu filho e ele nunca namorou, acredito que entende minha preocupação, ele é muito novo para certas...
— Ai papai! – Me ergui nervoso encarando Sehun quase tremendo já – Não vai falar sobre isso né! Poxa eles estão me pedindo em namoro, não em casamento! Eu nem beijei ainda imagina se eu vou tran...
Arregalei os olhos e parei de súbito quase mordendo a língua e querendo desaparecer da face da Terra. Eu não disse aquilo, não disse...
— Não se preocupe com isso, senhor Kim – JYJ - agora eu poderia apelidá-lo de o inabalável perfeitinho das exatas – Disse sorrindo suave e tranquilo para Sehun – Não pretendemos cruzar nenhuma linha que seja definida por vocês até quando Yuto se tornar adulto. Aliás eu e minha prima somos virgens também, nós temos laudos médicos de todo nosso histórico e até decodificação genética. E claro, meu pai que é inclusive um dom da nossa família pode atestar nossos antecedentes. Temos a melhor das intenções para com o filho de vocês e vamos cuidá-lo, provê-lo e amá-lo de acordo com a conduta também.
— Dezoito anos? Duvido!
Jongin resmungou rolando os olhos enquanto eu virava uma poça mentalmente desmaiada na poltrona enquanto fisicamente congelava em uma estátua viva paralisada e em choque perplexo.
Aquilo era uma miragem, um sonho psicodélico, eu não podia ter ouvido aquilo... JYJ era um dom? Ai deus... AI DEUS!
— Nossa família passou por um período turbulento nessa transição de mudança e nova casa, mas agora estamos estabilizados – Bianca acrescentou de forma suave – Podemos oferecer ao Yuto tudo o que ele necessitar. Vamos levá-lo e trazer da escola se necessário. Garantir que ele passe a usar o capacete também assim como todos os aparatos que ele não tem usado. Fará isso não é mesmo, Yuto?
 Engoli em seco e assenti. Jongin me encarou fulminante:
— É mesmo?
— Amor, depois.
Pai Soo disse baixo e nem olhou para o papai, mas ele deixou de me encarar e desfez a cara de assassino de aluguel. Ok, eu fazia escândalo sobre o equipamento de segurança, puxa, me incomodava, mas né... Como eu ia dizer não para minha ex crush e namorada oficial caso eu sobreviva aquele inquérito?
— Bom, se for assim eu não vejo problemas, mas caso algum de vocês faça meu filho chorar...
— Eu lhe dou a minha palavra que ele jamais vai chorar se depender de mim, as mulheres da minha família têm um lema, senhor Kim. Nada atinge quem amamos, nada.
Bianca disse isso firme e me encarou fixo. Eu desmaiei outra vez mentalmente e espiritualmente querendo me abanar e tremer como um louco. Se aquilo não foi a afirmação mais emocionante da minha vida eu não sabia o que era. Meu deus!
— Vocês são filhos de doms, é bem óbvio. Gostaria de conhecer sua família.
Tio BM disse levemente interessado e JYJ assentiu:
— Quando quiser. Meus pais e tios gostam de fazer um almoço de domingo especial, um hábito do Brasil que adquirimos. Estão todos convidados nesse fim de semana.
— Convite aceito. Agora tenho que ir, foi um prazer, crianças!
Tio BM se levantou, me deu uma piscadinha animada e eu fiquei vermelho, o que era aquilo, aprovação? Eu hein! Doms! Aigo...
Bianca e JYJ se ergueram em respeito ao tio BM, mostrando uma etiqueta impecável também, e então Sehun assentiu com um sorrisinho, pela primeira vez:
— Todos iremos, gostaria muito de conhecer a sua família. Se for mesmo possível.
— Claro que é, serão bem recebidos.
— Ótimo. Kyung?
Sehun se virou para pai Soo que assentiu:
— Eu aprovo.
Channy fez joinha para mim e Jongin me encarou como quem diz que íamos ter uma longa e irritante conversa depois e foi assim, nesse clima maluco, o meu pedido de namoro. Nada românico outra vez, mas quem ligava?
 Bom, eu ligava um pouquinho, contudo quando, amém deus! Todo mundo saiu da sala e nos deixou ao menos um pouquinho sozinhos, eu logo esqueci da cena péssima em que caímos de cabeça e me senti em um misto de alivio e ansiedade. Eu estava agora mesmo namorando, oficialmente, definitivamente!
— Tudo bem? Você está bem?
Bianca perguntou vindo para mim e se agachando na minha frente. Eu assenti, tinha que treinar falar com eles, mesmo, era urgente, mas naquele segundo apenas suspirei e sorri um pouco emocionado:
— Estou. D-desculpe por isso...
— Eu não esperava nada menos.
Ela respondeu tranquila e logo JYJ se agachava ao lado dela:
— Fomos bem, não acha?
 Eu assenti de novo meio que viajando no olhar dele, um olhar todo animado e vitorioso. Éramos um trio estranho mesmo, incrível! Suspirei por fim:
— Será que ainda podemos sair para tomar um sorvete ou algo...
— Hoje não, YUTO, hoje temos uma conversa você e eu.
Jongin disse da cozinha e eu gemi, droga, DROGA!
    — Do que se lembra?
— De nada, eu não me lembro eu... Estava com sono, foi isso, era quente...
  A voz do garoto tremeu e Wooyoung se sentiu um crápula por forçá-lo a lhe dizer algo. Agora ele estava vestido com roupas quentes e menos descabelado, mas ainda parecia um peixe fora da água e constantemente abria boca como se respirasse por ela. Ele não sabia nem seu próprio nome, só sabia que abriu os olhos, estava com frio e entrou no “monstro negro” para dormir.
Quem chamava um carro de “monstro negro”?
Conferiu a pulsação e a temperatura, estava baixa, mas nada muito fora do normal.
 Nick era o psicanalista deles, ele devia estar ali, mas seu irmão parecia muito perturbado aquela manhã e se recolheu no quarto desde que chegou. Ele não o culpava, afinal eles saíram de madrugada para irem até peixaria, mas foram até o litoral e voltaram com um baú cheio de ouros e pedras preciosas e um homem muito perturbador com amnésia aguda. Tudo bem que nos últimos anos coisas estranhas aconteciam ao redor do Chanyeol, mas aquilo... Era mesmo perturbador e louco. Extrapolava a razão... Até a gravidez dele era mais lógica que um baú de tesouros.
— Está tudo bem, vamos descasar um pouco sim?
 Disse suave e o garoto logo fechou os olhos e se encolheu no sofá parecendo muito cansado. Ele parecia ter um vinte e poucos anos, mas poderia ter menos. Ou mais, ele não sabia direito, Baek tinha quarenta e três e aparentava ter trinta...
 Se ergueu do sofá e se virou para chamar um dos babys quando viu Tao escorado na porta com um olhar pensativo:
— Ainda bem que agora teremos dinheiro para alimentar mais uma boca, ou os Kim iam fazer um drama mexicano dessa vez!
— Como assim? Vamos mesmo usar aquil...
—Young-ah meu bem, o Baek já foi trocar no mercado negro pelo menos uns vinte rubis.  Cavalo dado não se olha os dentes, não é esse o ditado? Não estamos podendo olhar nem as cáries do dito cujo. Pense pelo lado positivo, as crianças gostavam dele. Se ele quiser ficar...
  Wooyoung não sabia bem o que sentir... Mas voltou a encarar o estranho desmemoriado que já dormia no sofá como se não houvesse amanhã.
Podia ser mais louco?
 Contudo o sorriso suave que ele deu ainda que no sono mexeu consigo de um jeito que deu um passo para trás assustado. Não, não podia ser...
— Cuide dele ok? Eu tenho que sair.
 E saiu dali o mais rápido possível. Não Wooyoung, não, ficou louco!?
Foi se reprendendo dali até a rua...
 “Ignora isso, ignora agora!”
Mas o sorriso dele o seguiu como uma entidade o fazendo choramingar como um idiota, era absurdo, não podia acontecer, não mesmo!
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napracinha · 4 years
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FLUXOS SENIS ou Sobre a Saudade de um Gesto
Sábado final de tarde 
Será que quem fez viu alguma foto dela?; Como pode ser possível?; Tão real?; Sim, até mesmo aquele jeitinho de ficar em pé deixando o corpo cair apoiado sobre a perna esquerda enquanto a mão fazia aquele ligeiro gesto da altura do peito indo até a cintura quando repreendia a amiga dela!; Como pode parecer-se tanto?; Meu Deus, ou eu vi coisa demais?; Ou foi a iluminação noturna?; Amanhã de manhã volto pra ver se vai estar lá do mesmo jeito!; Não é possível! Ou foi efeito daquela cerveja de brinde que o garçom trouxe? Só porque era de graça? Pilantrinha o garçom, se Miro pedir cerveja de brinde de novo...; Meu Deus que horror, ainda bem...velho...agora vou tomar a Mussielo, Francisco...hé hé...Meu Deus estou rindo sozinho, o que vão dizer “esse velhote pinguço!”? os jovens desse bairro, sabem nada...até se perdem — Mas que se danem...agora eu se eu passo pela Mussielo, Eugênio? Você é Francisco? Você foi o que, Mussielo?...hé hé diabos estou conversando com a rua...
— Viu, viu nada né? Vi...ele quebrou ali pela rua...Paulo, Paulo, você deve ter endoidado, mas hoje o sábado foi animado, só faltou a Joana passar, igual Joaninha, já tem três anos de viúva...coroa linda...ela já descobriu será que tenho andado no calçadão de Camburi só pra encontrar...ela tá lindona...L-I-N-D-A! Tá morando sozinha? Mora é com filho?...
— Seu Miro — diz o garçom — desculpa interromper, é que...
— Nada, nada...tava pensando em voz alta, vão fechar agora? Eu tô indo também, um coroa como eu...quase seis da noite...agora quem assume são os garotos né? Você viu o Paulo saindo hoje por uma rua diferente, Zuna?
— Notei, não, Seu Miro...mas por que? Alguma preocupação?
— Nada, nada não...é que ele sempre vem e volta ali pela Anísio Fernandes, ele mora ali ao lado da Pracinha do Carone...o que será que esse velhote treteiro tá arrumando?
— Pode ser que ele tenha ido passar no supermercado...
— O Paulo? PAULO? — quase gritando — ele odeia esse supermercado aí, o joelho dele é estourado, não aguenta ficar na fila não, nem mesmo a preferencial...
Sábado à noite
Cheguei; Ufa; Rua; Caralho; Sono; Vou tomar um banho; Paulo saiu mais cedo, eu devia ter ido com ele, pinguço sem vergonha, deve tá com algum rolo; Eu vou é dormir cedo e acordo duas da manhã; Procurar o uro pra receitar um remédio que diabo acordar pra urinar...; É; Sono...; Mas amanhã...amanhã vou passear no calçadão; Será que ela vai estar lá?
Domingo de manhã
Nossa e é mesmo ein?; Nossa; É você, Maria? Maria!; Claro que não, mas olha, olha, lembrar lembra; Ela tinha uns 32 anos na época; De quando tinha 32; Sim; De quando veio de Domingos Martins; Saudade; Meu Deus eu vou...; Vou dar uma volta; Calçadão; Depois volto por aqui pra dar mais uma olhada...
— Cansei; Duas horas rodando por aqui igual otário; E essa dor de cabeça?; Será que foi a cerveja de brinde?; Horrível!; Nem água de coco cortou; Hum...; Paulo andando no calçadão? Esse velhote, é algum rolo; Já que não vi Joana, vou seguir esse sacana; Ele vai entrar pela rua do Clube dos Oficiais?; Andando na praia pleno domingo?; Joelho parou de doer?; Ééé malandro...(nossa de novo eu falando alto e sozinho...)
Mas o que...; Mas por que ele anda passando pela Pracinha do Epa?; Aí tem coisa!; O Paulo de rolo?, aí duvido!; Ué, mas o que diabos?!; Ele parou ali...o que ele tá vendo?; Parece que tá até apaixonado, hummm; Ali tem coisa...
Caramba; ele ficou uns vinte minutos parado ali...;
Uma semana depois, outro sábado, depois do almoço
— Paulo, deixa eu te perguntar, antes da primeira, antes do primeiro copo, bebe não, bebe não...vamos esperar o Gio chegar...
— Perguntar o que, Miro?
— Argh...espera aí, espera aí porque eu comentei com Gio, ele quer saber também...
— Ô Zuna, aquela cerveja de semana passada...aquela de brinde...tá enfiando cerveja estragada na gente é? Olha o estatuto do idoso ein seu sacana...mim respeita ô, uma merda de dor de cabeça...
— Viu, aí, Zuna...eu também...
— Você também o que, Miro?
— A dor de cabeça...que inferno...horrível...
— Ah vá, vocês dois! Hoje então não vai ter brinde não...só a de costume? Gelada? gelada?
— E eu vim aqui pra tomar chá é, Zuna? Há há há
— Olha aí quem tá chegando, puxa a cadeira, Gio...
— Paulo, Paulinho do Banestes...aposentado, gente boa...você ein! Miro me contou, cheio dos mistérios...a coisa da vitrine...
— Que conversa é essa, Gio? Paulo disse o que?
— Domingo passado...na Praça do Epa, ele me falou que você ficou quase uma...
— Sim, foi lá pro início da década de 80. O pai dela tinha morrido, venderam a fazenda em Domingos Martins, ela se mudou com a mãe pra Jardim da Penha. Eu ainda morava lá em Goiabeiras...foi ali naquele bar antigo, como é? Não lembro, lá perto da saída da UFES, ela tinha começado a estudar lá, química, eu lembro, sem querer naquele dia decidi ir tomar uma aqui em Jardim da Penha, eu quase não saía de Goiabeiras, era início de março, ela estava lá naquele dia com duas amigas. Eu tinha ido sozinho, sexta à tarde...elas bebiam pouco, ficaram mais conversando, mais de uma hora, aí escuta, caramba, teve uma hora que ela se levantou, a amiga dela disse algo, e, é, ela fez aquilo...eu nunca me esqueci, sabe? A amiga disse algo sobre elas irem à noite numa festa, ela assim, então, não disse nada não, apenas levantou o braço, meio que até da altura do peito, e baixou, desenhando quase um círculo, até a altura da cintura, caramba, Gio, foi tão lindo isso que ela fez...eu lembro perfeitamente, eu fiquei olhando aquilo, eu não tinha visto nunca uma mulher tão linda como aquela aqui em Vitória...
— Nunca tinha ouvido isso, Paulo, você já tinha ouvido, Miro?
— Pra mim também é surpresa...mas e aí, você a conheceu? O que foi que aconteceu depois?
— Nada ué.
— Como assim nada?
— Aí Maria voltou, elas pagaram a conta e foram embora. E eu voltei a frequentar aquele bar até o final do ano. Eu frequentei todas as festas que os alunos da UFES faziam. Foi aí que decidi fazer engenharia, estudei naquele ano, me preparei, cinco anos estudando ali na UFES só pra ver se a encontrava...e
— E? E? Encontrou?
— Não, eu acho que ela tinha mudado de curso, Miro, ou mudou, ou era alguma assombração...ou ela mentiu...
— Paulo, mas como você soube do nome dessa mulher? Do caso do pai dela?
— Ué, eu estava sentado uma mesa atrás. Eu ouvi elas conversando...ouvi tudo...
— Mas olha que safado curioso você ein...
— Gio, vocês não entendem...foi a mulher mais bonita que eu vi em Vitória...nunca a encontrei...Maria, entrou no curso de Química, morava com a mãe, era de Domingos Martins, perdeu o pai...e aquele gestinho com a mão...
— Zuna, trás lá mais uma gelada...que estou ouvindo cada coisa hoje...
— Hummm...peraê, Paulo, seu malandro...já tinha esquecido, perguntei uma coisa e você veio com outra...num era isso não, o que Miro me contou, você tem até mudado de rota, que diabos foi que você estava parado domingo passado ali perto do Epa? Na entrada da Mussielo?
— E esse pilantra do Miro tá sabendo disso como?
— Eu te segui, seu sacana...eu estava no calçadão domingo, vi você entrando ali pela rua do Clube dos Oficiais...
— Aé, mas que putaria tá virando esse bairro...então
— Então o que?
— Teve um sábado que eu saí daqui desorientado, fui andando, inventei, nem lembro mais, eu sei que, sei não, acho que entrei na rua errada e saí na Pracinha do Epa...aí passando numa loja ali por perto, sabe, caramba...eu vi uma manequim...
— Manequim? Como você sabe que era uma manequim? Ela falou algo?
— Manequim de loja, Miro, larga de ser tapado...
— Manequim de loja? Você fala esses bonecos?
— Sim, Gio, ué...
— Zuna, vem cá...
— Fala, seu Miro...
— Olha aí o motivo do velhote, há há há, tá apaixonado por uma boneca...
— Mas puta que pariu viu, apaixonado não, caceta, é que...
— É que o que, Seu Paulo?
— Tem uma manequim ali na loja, Zuna, ela tá assim, meio que, vou levantar, assim, meio que com o braço pra baixo, perto da cintura, que me lembrou uma mulher...
— Ah meu Deus, corta a cerveja de Paulo há há há
— Corta primeiro a dele, Zuna...fica me chamando de safado, e fica cercando mulher casada...seu velhaco...
— Que história é essa, ô Paulo? Tá me seguindo também é?
— Ih, aê, Zuna...lembra o que eu te disse? Que eu achei que esse esperto tava se engraçando pro lado da Joana...
— Mas que vagabundos vocês, a mulher é viúva...
— Há há há...você a conhece, Gio? Conta pra ele, Zuna...
— A Joana num é viúva não, seu Miro...
— Como assim não é?
— Num é não, o esposo dela teve um início de derrame há uns três anos, ele não sai mais de casa...por que o senhor achou que ela fosse viúva?
— Aí eu vou perguntar pro Gio que foi quem me contou...
— Opa, pera lá, Miro...eu te disse que achei, ACHEI, que ela fosse viúva, porque sempre passava por aqui sozinha e sempre vestida de preto...aí o restante é de sua cabeça...
— MAS PUTA QUE PARIU, VIU, VOCÊS!
— Calma, Miro, há há há, olhaê, Zuna...querendo me sacanear dizendo que eu me apaixonei por uma manequim, enquanto ele, há há há, ao menos a boneca não é casada...
— Mas o senhor está apaixonado mesmo pela boneca, seu Paulo?
— Claro que não, Zuna, claro que não...é que, ela, ela me fez lembrar de alguém que eu por pouco, quase havia esquecido...é isso, na nossa idade, o medo é esquecer, e o melhor é recordar, daí que fico olhando pra ela, só pra isso mesmo, pra lembrar, lembrar melhor. E mais.
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kenperguntou · 7 years
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Mande “✉” para uma mensagem que NÃO FOI ENVIADA. & Mande “ツ” para uma mensagem ANIMADA.
Mande “✉” para uma mensagem que NÃO FOI ENVIADA.
[TEXT]: do jeito que o quadro do meu dormitório é sacana eu não duvido nada que ele te deixe mesmo entrar
[TEXT]:  foi mal a demora, btw, fui no vilarejo e esqueci o celular no quarto
[TEXT]:  e... por algum motivo as mensagens não tão enviando
[TEXT]:  ATA
[TEXT]:  aparentemente já é segunda-feira djfhskjf
[TEXT]:  te vejo daqui a pouco no café
[TEXT]:  mas vc provavelmente só vai ler isso semana q vem
“ツ” para uma mensagem ANIMADA.
[TEXT]: quem foi q tirou um ÓTIMO no ultimo teste de feitiços??
[TEXT]: EU MESMO
[TEXT]: sou foda dms, pode admitir
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rangerloey · 5 years
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QUATRO: Chuva de setembro
Antes da neve passar de minúsculos floquinhos para montes cobrindo as calçadas, eu lembro que choveu consideravelmente.
A semana que antecedeu a neve foi só de chuva, primeiro uma garoa fina, e então passou a engrossar e se estender por mais tempo, e na sexta-feira as gotas pesadas faziam baques assustadores no vidro das janelas.
Nós éramos praticamente obrigados a ficar dentro de casa, porque só de abrir a porta o vento já jogava respingos pesados contra nós e molhava tudo no hall de entrada.
Chanyeol veio na quarta-feira para ajudar Sehun com os estudos e depois foi embora, me mandando tomar conta dele, já que eu era o mais velho (como ele tinha tanta certeza disso, eu não sei), alegando que não poderia vir na sexta porque o mundo ia despencar nas nossas cabeças e ele não era louco o bastante pra comprar uma arca e vir fazer uma visitinha.
Eu só concordei com tudo e tranquei a porta, como ele disse pra fazer. Não que alguém fosse invadir, mas os riscos eram grandes de a chuva intensificar e ela abrir sozinha. Eu fiquei meio horrorizado com isso, então, obviamente, tranquei a porta e, só por garantia, todos os outros cacarecos que serviam para isso também.
Desde então, nós estávamos tendo dias tranquilos.
Diferente do que minha mãe costumava dizer, Sehun se parecia muito com um adolescente normal, o que só me fez pensar que é porque ele era um. Ele jogava videogame, comia porcarias, via filmes e ficava acordado até tarde, como qualquer outra pessoa. Ele só não dançava e não ouvia músicas, mas eram detalhes insignificantes perto das outras coisas.
Minha mãe sempre falava sobre ele e meus tios como se eles fossem uma família reclusa, que largou a sociedade pra morar numa caverna, mas ela nunca dizia ou dava a entender que haviam motivos para eles serem assim, e de repente, quando eu finalmente conheço um dos assuntos constantes na nossa casa, ele é um cara normal que faz coisas normais e sabe o que é fogo.
No começo, eu estava com um pouco de medo, porque achava que seria um Inferno, que ele muito provavelmente não gostaria de mim, que alguma coisa ruim aconteceria... Eu estava tentando ser o mais realista possível, mas com toda a influência das palavras dos meus pais na minha cabeça, eu praticamente esqueci que minha tia sempre foi educada e elegante, que meu tio era um homem sério na maior parte do tempo, mas que era carinhoso como qualquer pai deveria ser também. Esqueci que eles eram uma família normal, e esse foi o maior choque para mim: descobrir que, pelo menos para mim, eles não pareciam ser nada do que eu ouvia dizer.
Minha tia tinha porta-retratos nas prateleiras da estante na sala, com fotos emolduradas dos três sorrindo para a câmera, de Minho com Sehun no colo quando ele era bebê, fotos onde eles faziam caretas, e uma prateleira só com álbuns, enumerados em ordem crescente, de acordo com o crescimento de Sehun.
Eram uma família normal, e eles se amavam muito.
Não sei como eu consegui pensar que eles fossem divididos, e confesso que senti vergonha de mim mesmo por julgar tão mal. Afinal de contas, quem era eu ali, para saber qualquer coisa sobre eles ou o relacionamento dos dois com o filho?
Eu estava bisbilhotando um dos álbuns de fotos, aquele que eu achei mais interessante, porque era a transição de Sehun para a pré-adolescência. Ele parecia pequeno em todas as fotos, mas cresceu um pouco depois dos onze.
Uma das fotos era ele sentado na grama, as pernas cruzadas e uma careta no rosto. Havia uma taça de vinho em sua mão, e eu concluí que ele havia provado e não gostado. Ri da expressão de Minho, a mão esticada em direção à taça como se ela fosse explodir. Eles estavam congelados no tempo, em um dia ensolarado, e aquilo pareceu uma memória tão feliz que eu quis pegá-la pra mim.
A chuva se chocando contra as janelas me impediu de ouvir o chuveiro no andar de cima desligar, e quando me dei conta, Sehun estava parado na porta, me observando mexer nas coisas dele como se elas fossem minhas.
Fiquei constrangido e fechei o álbum, pronto para colocá-lo no lugar, mas ele veio até mim antes, abrindo-o de novo, e folheando as páginas grossas em busca de algo.
Bem no finalzinho, nas últimas duas páginas, havia uma foto velha, as bordas parecendo gastas como se ela tivesse sido guardada por muito tempo, intocada.
Franzi as sobrancelhas para a imagem, me perguntando se era realmente o que eu estava vendo.
A mãe de Sehun estava numa maca de hospital, com ele no colo, quietinho e encolhido em um cobertor rosa (mamãe disse que era porque meus tios achavam que Sehun era uma menina, já que eles deixaram para saber o sexo do bebê na última hora, então já tinham comprado algumas coisas, incluindo o cobertor), e, ao lado da maca, Junmyeon em pé, com seis anos, olhando apavorado para os dois. Papai me segurava no colo, e eu aparentemente estava chorando, a boca aberta e o rosto transformado em uma expressão indecifrável de criança. Mamãe estava inclinada sobre minha tia, um sorriso gigante estampando seus lábios enquanto ela olhava para Sehun.
Minho havia tirado a foto, e como ela estava meio tremida, imaginei que ele estivesse nervoso.
Fiquei encarando a fotografia pelo que pareceram séculos, surpreso demais, porque ninguém me falou nada sobre aquilo. Eu era pequeno demais para me lembrar, claro, mas era uma coisa interessante a se mencionar, tipo "Baek, sabia que estávamos lá quando seu primo nasceu?". Ninguém falava sobre aquilo, que, poxa, era realmente uma coisa da família. Algo que eles poderiam mencionar sem problemas.
Nem Junmyeon falou alguma coisa sobre, e eu duvido que ele tivesse simplesmente esquecido. A cara dele na foto marcou o momento como um dos muitos inesquecíveis na vida.
Então por que ninguém falava sobre aquilo?
Ergui a cabeça para olhar para Sehun, mas só tive tempo de ver seu sorriso, antes de tudo cair em escuridão e silêncio.
Meu susto demorou uns segundos para vir, e eu estiquei o braço na direção da estante em reflexo, batendo com o cotovelo em alguma coisa que, por sorte, não caiu.
Senti a mão de Sehun tocar meu peito, antes de alcançar meu ombro e então meu braço, descendo por ele até seus dedos encontrarem os meus.
Não sei se a intenção dele foi passar conforto, mas eu me senti uma criança, o que significa que funcionou. Deixei o álbum sobre alguma superfície sólida, e então me permiti ser puxado para onde quer que fosse, a mão livre esticada para tatear as paredes e o que mais houvesse no caminho.
Eu senti o aparador de chaves do corredor, e imaginei que estivéssemos na cozinha.
Sehun soltou minha mão de repente e eu congelei no lugar, com medo de, sei lá, dar um passo, me bater em algo e morrer.
Tudo bem, eu não falava muito sobre isso, mas eu tinha um medo absurdo - e meio ridículo, confesso - do escuro. Dormia com o projetor de estrelas sempre ligado e o mais escondido possível nas cobertas, se estivesse sozinho. Às vezes havia a Lua para iluminar um pouco os cômodos, e então eu me permitia dormir sem o projetor, mas era muito raro.
Não sei de onde o medo vem, porque nem meus pais nem Jun tem medo do escuro. É só uma coisa aleatória que se criou em mim em algum momento da minha vida, e tudo bem, eu sei que é ridículo, porque nunca tem nada lá, mas e se tiver? E se eu apenas não conseguir enxergar? Por que eu deveria arriscar, certo?
Minhas mãos já estavam tremendo e eu praticamente mastigava meu lábio inferior, esperando que Sehun encontrasse uma solução para o meu problema, já que eu não conseguia fazer aquilo sozinho.
Eu acho que mais um pouquinho e eu teria chorado de desespero.
A rua estava escura com a queda de energia, não tinham nem raios para clarear o céu, e as nuvens pesadas escondiam a Lua cheia. Parecia um compilado de como me matar do coração.
Por sorte, uma luz surgiu. Literalmente.
Sehun acendeu uma lanterna, apontando o feixe largo para o chão, depois para os meus pés, e subindo pelas minhas pernas até encontrar meu peito. Onde ele achou a lanterna eu não tenho ideia - nem quero saber -, mas aquilo me salvou. Acho que até um fósforo teria me salvado no meio do meu desespero infantil.
Eu não conseguia ver o rosto dele muito bem no início, mas depois que meus olhos se adaptaram eu percebi que ele estava sorrindo. Acho que era um sorriso tranquilizador, mas eu não saberia dizer.
Nós saímos da cozinha e fomos para o quarto dele. Ele estava com a luz, eu jamais protestaria, ainda mais quando estava praticamente colado nele como um carrapato.
Fechei a porta, porque o corredor estava escuro demais para mim, e sentei no chão, no meio dos cobertores e coisas espalhadas sobre o futon. Sehun colocou a lanterna dentro de um copo, apoiando-o sobre a prateleira que havia no painel da TV. A luz era fraca, mas suficiente para clarear um pouco o quarto, principalmente onde nós dois estávamos, bem no meio dele.
Sehun sentou de frente para mim.
Mais uma vez o vi conjurar o caderno dos céus, abrindo uma gaveta para procurar um lápis, e então rabiscando alguma coisa numa página em branco.
"A luz já vai voltar, nunca demora muito." Eu li. E em seguida: "Você tem medo, não é?"
Balancei a cabeça, concordando. Ele me ofereceu um sorriso.
"Isso significa que você vai dormir aqui hoje?" Ele escreveu, enquanto eu levantava um cobertor para me enfiar embaixo, buscando um pouco de calor no frio da casa.
Dessa vez, tomei o caderno das mãos dele, rabiscando umas palavras e entregando-o de volta. Ele balançou a cabeça em negativa e eu deslizei para baixo sobre o futon, deitando de costas e esticando as pernas, antes de flexionar os joelhos de novo e deitar de lado para me aquecer.
Perguntei para Sehun se tinha problema eu dormir ali, pertinho da luz, e ele disse que não, então eu já estava praticamente à vontade. Meu moletom ajudava a me manter aquecido, mas o que fazia a mágica era o cobertor de Sehun, que era uma coisa grossa e macia e quentinha, e eu me lembrei das vezes em que Junmyeon e eu estendíamos cobertores semelhantes a esse no chão, porque eles eram tão espessos que podiam servir de futon, e então minha mãe dava um jeito de amarrar um lençol em algum lugar e nós dois dormíamos numa cabaninha muito confortável e quentinha.
Sehun se arrastou para perto de mim com o caderno, buscando espaço para apoiar a cabeça no travesseiro que eu roubei dele. Me afastei um pouco para que ele pudesse deitar e voltei a tremer, esperando que meu corpo esquentasse no gelado do lençol.
Fazia muito tempo que eu não dormia com alguém. A última pessoa foi minha mãe, depois que me arrastei para a cama dela no meio da noite, obrigando meu pai a sair de lá porque eu era muito espaço pra dividir colchão com duas pessoas. Ele dormiu no meu quarto e eu fiquei no deles, sendo mimado com carinhos nos cabelos até dormir de novo.
Não sei por que motivo, mas eu imaginei que Sehun fosse me mimar também. Eu já estava pronto para ser ninado e tratado como criança, inclinado na direção dele e todo encolhido de frio, esperando.
E eu continuei esperando, porque ele não era vidente para adivinhar que eu queria um pouco de afeto, então não fez nada. Como eu não me sentia íntimo o bastante para simplesmente pegar sua mão e colocá-la no meu cabelo, eu aceitei dormir sem um carinho, mexendo um pouco as pernas para ver se o calor vinha mais rápido, e então fechando os olhos.
Sabe aquela sensação de que está sendo observado por alguém? Não quando tem um assassino te caçando, e sim quando um colega do colégio olha pra você e, sei lá, você simplesmente sabe?
Bem, eu sabia que ele estava me encarando.
E em vez de pegar no sono eu ocupava minha cabeça com pensamentos confusos, me questionando se havia algo no meu rosto, para ele olhar tanto. Por fim, abri os olhos de novo, buscando responder minha pergunta silenciosa.
Achei que ele fosse fazer como todo mundo faz e desviar o olhar, mas não aconteceu. Ele continuou me encarando, deitado de lado, uma das mãos debaixo do travesseiro e os joelhos flexionados encostando nos meus. Sua mão livre estava em algum lugar entre nós, e eu imaginei que, se eu esticasse a minha e buscasse a dele, conseguiria encontrá-la sem problemas.
Mas eu não fiz isso, claro. Não tinha motivos.
Sehun continuou olhando para o meu rosto, e ali, com todo aquele silêncio, quentinho e confortável, eu comecei a ficar com sono, deixando de me importar com o olhar dele sobre mim para me ocupar em dormir de uma vez.
Ele não ia me fazer mal algum, eu sabia disso, então acho que tudo bem ele... me observar enquanto eu durmo de boca aberta babando no travesseiro. Devia ser interessante, já que dizem que as pessoas ficam vulneráveis durante o sono, essas coisas que fazem sentido até demais.
Fiz uma nota mental para questioná-lo a respeito daquilo depois, mas antes que conseguisse gravar qualquer palavra que pudesse ser dita, eu já estava dormindo.
. . .
Acordei do lado oposto ao qual dormi, o cobertor pesado sobre minha cabeça, até as orelhas.
Sehun ressonava baixinho ao meu lado, e quando me virei, da forma mais delicada do mundo, para observá-lo, ele acordou também, seus olhos se abrindo de forma preguiçosa, piscando um pouco antes de focar em mim.
Nossos joelhos esbarraram, e dessa vez eu toquei na mão dele, sentindo uma satisfação besta me preencher quando percebi que ela estava bem onde eu imaginei que estaria. Veja bem, eu não acertava muitas coisas a respeito de nada, então aquilo me pareceu uma espécie de conquista.
Já estava esperando algum tipo de achievement surgir na frente dos meus olhos, sei lá, eu ainda estava sonolento demais para pensar com clareza.
Sehun trocou as mãos, tirando a esquerda de debaixo do travesseiro para colocá-la sob a minha, enquanto guiava a outra para o meu rosto. Achei que ele fosse falar que eu estava babado, mas seus dedos foram direto para minha orelha.
Devia ser a quarta vez que ele fazia isso.
Na terça-feira ele fez o mesmo. Nós estávamos na sala, jantando macarrão, sentados de frente um para o outro, e de repente ele largou a tigela vazia e estendeu as mãos para acariciar minhas orelhas como se eu fosse um coelho e aquela a coisa mais normal do mundo.
Fiquei tão vermelho que ele riu. Mas é que aquilo era esquisito. Eu sentia como se tivesse algo errado comigo, principalmente por não saber o que raios se passava na cabeça dele quando fazia essas coisas.
E agora ele estava fazendo de novo, acariciando a dobra da minha orelha suavemente com o polegar, enquanto o indicador deslizava por trás dela. Fiz um bico constrangido, abaixando a cabeça pra esconder meu rosto no travesseiro, minha testa encostando no peito dele.
Eu ouvi quando Sehun riu, bem suavemente, e foi a primeira vez que a mão dele largou minha orelha tão amada para tocar nas minhas costas, acariciando em círculos e me fazendo sentir como um bebê sendo ninado. Gostei daquilo, permanecendo parado na mesma posição.
Minha mãe dizia que eu era muito cara de pau de fazer isso, e que era um hábito que vinha da minha infância, porque meu pai sempre parava os carinhos quando eu me mexia, então eu ficava bem quietinho, porque sabia que assim ele continuaria.
Acho que essa "tática" funciona com qualquer pessoa, porque Sehun continuou acariciando as minhas costas, depois os meus braços, então voltou para a minha orelha - ele realmente devia gostar delas -, e finalmente seus dedos se embrenharam em meus cabelos.
Fechei os olhos, aproveitando a carícia, até que ele afastou a mão de repente.
Não reclamei, claro.
Deitei de costas, esticando as pernas e apoiando as mãos sobre a barriga, encarando o teto sobre nossas cabeças, antes de decidir levantar, porque meu estômago começou a roncar, desde que eu só comi uns biscoitos noite passada.
Achei que Sehun fosse me seguir, mas ele continuou deitado, a cara enfiada no travesseiro e os cabelos espalhados sobre a fronha. Decidi fazer o café e depois chamá-lo pra comer, como ele havia feito comigo no dia anterior.
Quando fui parar ali, eu pensei que demoraria pra me acostumar com o ambiente, mas isso era o de menos. Eu estava até orgulhoso de mim mesmo por conseguir me adaptar àquilo tudo, mas talvez o fato de precisar me virar para entender Sehun quando ele não estava com o caderno em mãos fosse o bastante para distrair minha cabeça.
Não demorei muito pra reparar que às vezes ele acordava de mau humor, fosse de manhã ou no meio da noite, ou de tarde. Quando estava emburrado, sem motivo nenhum, ele era evasivo e nós passávamos um longo período sem nos comunicar ou qualquer coisa do tipo, mas depois ele melhorava magicamente, como se alguém tivesse jogado uma macumba na encruzilhada e resolvido meus problemas, e então nós conseguíamos rir juntos e fazer alguma coisa que divertisse os dois.
A cada dia eu me sentia pior pelas coisas que ainda rondavam minha cabeça.
Minha mãe falava tanto da vida deles - em vez de cuidar da própria - que eu estava esperando que algo que ela disse realmente acontecesse, tipo, sei lá, o Sehun dar a louca e mostrar que ele não tinha capacidade de manter um comportamento estável perto de outros seres humanos.
Eu meio que estava esperando que ele surtasse, inconscientemente, sem perceber que quem estava surtando era eu, esperando por coisas que não aconteceriam.
Então, toda vez que eu percebia que estava esperando por alguma dessas coisas nada a ver, eu fazia algo pra tirar o que quer que fosse da cabeça, e, bem, acho que estava dando certo.
Essas coisas me faziam lembrar de quando eu tinha oito anos e fiz uma ceninha idiota depois de ver meu irmão beijar um garoto na minha frente. Meus pais não eram homofóbicos, mas eles tinham uma tendência besta a tentar nos guiar na direção da heterossexualidade. Junmyeon foi o primeiro a correr na direção contrária, e uns anos depois eu fui atrás, mas, naquela época em questão, eu achava que garotos só podiam beijar meninas.
Via meus pais se beijando - o que sempre pareceu meio nojento na minha cabeça, porque eles são péssimos demonstrando esse tipo de afeto -, e achava que aquilo era a verdade absoluta, tipo, "daqui em diante só beijarás mulheres". O que estava completamente errado, claro.
Eu lembro que o Jun ameaçou me dar uns tapas pra ver se me endireitava, e no fim do dia a gente se enfurnou no meu quarto, deitados no chão com os pés em cima da cama, dividindo meu cobertor de foguetes, e aí ele me explicou que não tinha nada de errado naquilo, e que não era tudo o que as pessoas diziam ser. Era uma questão de preferência, não de recusa.
Demorou um pouco para a frase dele fazer sentido na minha cabeça, mas quando eu cheguei na adolescência e comecei a sentir coisas, eu percebi que ele era uma espécie de gênio incompreendido, porque passei a me sentir exatamente como ele disse que se sentia.
E foi aí que eu soube que tinha preferência por garotos.
Isso não deixou meus pais chocados. Na verdade, eu acho que eles já esperavam por isso, mesmo que secretamente torcessem para eu jogar a bola pro lado das meninas.
Quando eu contei para eles que tinha conhecido um menino muito legal no colégio e que eu achava ele a pessoa mais incrível do mundo, acho que eles desistiram e me deixaram caminhar sozinho para onde quer que eu quisesse ir.
Eu não tive nada com o garoto - mesmo que Junmyeon me incentivasse diariamente pra fazer alguma coisa -, mas ele foi minha primeira paixão platônica e eu provavelmente nunca esqueceria. Até hoje eu lembro que o que me fez olhar pra ele pela primeira vez foi o tênis com os LED piscando embaixo. Achei aquilo muito incrível, então o menino era incrível também.
Enfim. Ninguém ficou chocado quando eu assumi minha homossexualidade, e eu amei aquilo, poder dizer para a minha família que eu gostava de garotos e eles não me chutarem pra fora ou tentarem "me endireitar", algo que sempre foi muito comum por aqui.
O ponto a que quero chegar é que...
Eu havia recém-fechado uma semana de convivência com Sehun, e tudo bem que eu era a pessoa mais desligada do mundo, e tudo bem que ele não tinha trejeitos ou essas coisas que as pessoas buscam para rotular as outras, mas eu percebi que ele parecia ser do tipo que está no meio. Que não é nem um nem outro, e eu ficava me perguntando se ele estava confuso, preocupado, receoso.
Eu queria muito perguntar diretamente se ele era gay, mas faltava coragem, porque, de novo, eu não sabia como ele reagiria e não queria constrangê-lo, mas ficava martelando na minha cabeça que talvez ele fosse e não se sentisse confortável pra falar sobre, e por algum motivo eu queria ser a pessoa que abriria essa porta para ele.
Nos longos quase dez dias de convivência que tivemos, nós não conversávamos verbalmente, então eu me pegava atento aos detalhes, percebendo o jeito que ele se afastava quando não estava esperando que nossos corpos se esbarrassem, ou a forma como ele reagia à presença de outros homens, e como ele quase não olhava para as mulheres, tipo na quarta-feira, quando Chanyeol nos chamou para jantar na casa dele, e a irmã dele estava lá, sendo simplesmente a pessoa mais encantadora e engraçada do mundo com todos, e Sehun parecia muito mais interessado em brincar com a filha do professor do que conversar com a garota, que sabia libras fluentemente.
Eu sabia que era muito pouco (em convivência, em todos os aspectos) para sair apontando dedos, mas era uma forma que eu encontrei de me distrair das pretensões da minha mãe.
Eu lembro que, quanto mais eu me fazia perguntas e quanto mais tentava desvendar as coisas antes de Sehun revelá-las para mim, mas eu prestava atenção nele, mais eu me dedicava a tudo que o envolvesse, e mais eu me envolvia também, mesmo que não percebesse.
E hoje eu sei que foi bem aí que eu comecei a errar.
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CAP.14 - ALGUMAS AULAS
Pov: Professora de Química
Já faz 2 minutos que deu o horário. Agora são 7:32 da manhã de uma quarta feira. Não estou muito afim de dar aula, Mas estou aqui. Ninguém chegou ainda do café da manhã. Minha cabeça está quase explodindo… Tente dar aula de ressaca, duvido muito conseguir. Na verdade já é difícil dar aula quando se está bem, imagina assim… Ontem briguei com minha irmã. Pensa numa mulher chata pra casete. Acha que todo mundo deve seguir exatamente o que ela acha ser correto. Vive me perguntando. Tá namorando? Casou ? Mas me perguntar se estou feliz, ela não pergunta. Eu tenho um cachorro, quem precisa mais do que isso ? Um border Collie lindíssimo. Estou muito bem. Talvez ela devesse se preocupar mais com a vida dela, ou melhor, com a vida de seu filho, porque pelo o que sei, não está tão bem em Química analítica. Só falta ela jogar a culpa em mim . “Meu filho é perfeito ” “ Você é o problema ”. Ah vá. O moleque dorme a aula inteira, não tem como eu passar por telepatia as aulas. De ele não acordar, literalmente, vai repetir de ano. No nono ano já está assim. O que será dele no ensino médio… falando em ensino médio. Aqui estou eu. Dentro da sala do primeiro ensino médio. Pessoal aqui tem em média 16 anos. Bando de criança.
- Bom dia professora - A Natacha entra e se senta em uma das mesas da frente.
- Bom dia.
A Natacha é uma excelente aluna. Faz todas as lições, tira boas notas. Não conversa. É educada… Acho que tive uma ideia.
- Natacha, você gostaria de ajudar alunos mais novos em Química ?
- Como assim? - ele aparenta estar interessada.
- É que eu tenho alunos com dificuldade. Porém não tenho horário para uma aula de reforço.
- Mas…
- Servirá para seu currículo
Ela parecia um pouco confusa.
- Mas eu daria aula pra eles sozinha ? Eu não sou tão boa assim. Eu…
- Chame o Luiz
- O Luiz?
- Porque não?
Ela não me respondeu. Outros alunos começaram a entrar na sala. Preferi encerrar o assunto, os outros poderiam se sentir inferiores. Sei lá. Eu não sei se o Luiz é uma boa opção. Apesar de sempre ir bem nas provas. Notas máximas na maioria, ele não entrega todas as lições. Precisa ter comprometimento. Porém… Estou com um ótimo pressentimento. Os alunos estavam entrando, e aquela barulheira Estava me incomodando por demais. Fiquei sentada em minha mesa calada. Levantei e escrevi na lousa “ Quem incomodar está de detenção ”. Foram se calando aos poucos.
- Vou escrever na lousa o nome dessas pessoas. - disse assim que ficaram quietos.
- Professora! - A Larissa levanta a mão - Aquele trabalho é pra hoje, não é?
Droga. Esqueci dessa merda.
- A gente já falou que é - O Marcos responde a Larissa.
- A discussão em roda é pra hoje. - A Rosalina diz.
Eu não tô afim de discutir é nada. Não vou prestar atenção no que vão falar.
- É pra semana que vem - disse
- Não professora é pra hoje - A Maile me diz, como estivesse me ajudando.
- O trabalho é pra semana que vem. - digo decidida.
- E quem não fez vai poder tirar a mesma nota de quem já fez pra data correta? - A Belinha pergunta.
- A data correta é semana que vem.
Eles começam a discutir. Meu Deus, que merda heim.
- HhEeeyyy - berro batendo Palma.
- Chega! A DATA É PRA SEMANA QUE VEM. QUEM JÁ FEZ, tem uma semana pra se preparar para as perguntas e quem não fez ganhou uma semana pra fazer. Fim.
- Isso não é justo - A Letícia reclama
- Me diz alguma coisa que é! - A respondi tentando me controlar. Estava irritada. Queria bater a porta e ir embora daquela sala. Sentei em minha mesa e respirei fundo.
- Quem tiver mais algum problema com isso pode esperar para discutir na detenção. Ok ? Ou na diretoria, no intervalo. Sei lá aonde. Mas aqui já deu !
Ficam calados.
- Façam os exércitos complementares da página 51… É pra entregar.
- em dupla ? - alguém pergunta
- Não
- Vale nota ? - outro pergunta
- Não sei ainda.
- Professora, eu não sei fazer isso - A Stefany resmunga.
- Tá tudo no livro - respondi
- nossa ajudou muito - Eu ouso ela resmungando baixinho pra os colegas.
- Já volto . NÃO BRIGUEM
Sai de lá e respirei fundo. Minha cabeça estava dilatando. Bebi um pouco de água. Fui ao banheiro. Lavei o rosto e encarei meu reflexo. “ O que eu estou fazendo com a minha vida? ”. Não acredito, que com 32 anos ainda me pego com crises adolescentes. Respirei mais fundo e voltei para aquela sala. Aos poucos iam me entregando os exercícios e logo após o sinal, pedi para a Natacha me procurar amanhã e para ela informar o Luiz. Sai e fui tomar café na sala dos professores.
Pov: Nicole
O dia estava passando rápido hoje. Quando vejo já estamos na última aula. Polo aquático. Detesto essa aula. Coisa mais sem sentido. Saímos e fomos direto para o vestiário. Todo mundo tinha a mesma roupa de banho. Nos garotas usávamos um maiô e uma touca. O maiô era de shortinho, cobria nossas bundas. Mas mesmo assim era um maiô, me sentia exposta de mais com isso. Me vesti e fui direto para a piscina de raias. Hoje faríamos corrida de revezamento. Outra coisa que detesto. Todas as garotas adoravam essa aula, tenho certeza. Aqui podiam exibir seus corpos sem parecer que querem os exibir. Dos garotos sinto o mesmo. Vivem fazendo musculação. Para quem não sabe, temos uma espécie de academia aqui. Um dos alunos do Terceiro ano tem vários equipamentos de musculação e deixa os meninos usarem por determinado valor. Todos vão, inclusive o Luiz e o Leo. Pois é, bem decepcionante isso. Queria eu dizer que meus amigos são os diferentões, Mas não são. Porém não tenho o que reclamar, já tô conseguido ver diferença nos dois. Então até que de certa forma é legal isso. Eles precisam ser fortes, principalmente nessa escola de gente louca. Por Qualquer coisa já querem meter porrada.
- Coloquem a Touca - O professor pede com seu jeitinho “ fofo”.
- Todos já estão aqui ? - O professor pergunta.
- Sim - O Leo responde.
- Na verdade o Luiz não está aqui- A Letícia diz.
Babaca.
- Porque? - ele pergunta e ninguém responde. Dão de ombros.
Pov: Inspetor do Colégio
Trabalhar aqui é de fato surpreendente. Pra mim é um mundo completamente diferente do qual eu vivi na adolescência. Na minha escola até tinha uma piscina, mas era conhecida por “defeto de neguinho”. Um bando de criança entrava naquela água. Diziam que a limpavam com frequência, mas eu não arriscava não. Não por frescura, mas era realmente bem difícil olhar para aquele projeto de piscina e acreditar que sairia de lá sem contrair nenhum doença. Na minha época de moleque a gente era proibido de ir ao banheiro durante a aula. Achavam que iríamos fugir. Mas tinha grade em todo canto, nem sei como imaginam isso. Os professores de educação física não nos fazia correr 12 voltas pela quadra que nem o professor Sérgio daqui. Os alunos consideram esse professor um mostro, puta mostro esse cara heim. Se me mandassem correr 12 voltas, já estava eu correndo 15, só pra não ter que catar lixo da quadra enquanto escuto meu professor de educação física definir meu futuro. Apontando saquinhos de drogas e me jogando na cara que só tenho esse caminho pra seguir. Foi um tempo complicado esse viu, mas jogar bola a gente não jogava, por causa de alguns que acabaram jogando a única bola que a escola tinha no telhado. Ficamos um tempão sem jogar, nada que uma latinha no intervalo não resolvesse, Mas se fosse aqui, dariam outra bola na hora. A final de contas a aula não pode parar. Na época até tentamos recuperar a bola do telhado, mas deu ruim, Gabriel um amigo meu, achou que poderia alcançar com um pau se pudesse subir no muro da frente. Ele até conseguiu subir no muro, mas o morador do outro lado jogou uma pedra nele. Acertou em cheio. Machucou. Houve vários xingamentos. No fim ficamos sem a bola e o Gabriel foi suspenso. Os professores daqui ficam loucos com esses alunos. Vivem falando sobre eles na sala do café. Essa sala permite qualquer funcionário de entrar. Deve ser por isso que não gostam muito de mim. Afinal de contas não entendem porque alguém sem diploma pode frequentar o mesmo espaço que eles. Eu não me incomodo. Na sala tem café e pãezinhos. Muito bom. Vou lá sempre. Apesar de esses diplomados não aguentarem a baderna que esses alunos fazem, eu tolero muito bem. O que são eles, perto do que eu era. A diretora proíbe severamente pegação no colégio. Tudo bem, acho justo sua opinião. Mas pra quem estava acostumado a ver sexo todo dia em sua escola, não acha de lá tão problemático alguns beijos. Muitas vezes fingi não ver. Não vou mandar eles para a diretoria por causa de alguns selinhos. Alguns levariam a maior bronca dos pais. E uma bronca pra eles as vezes é o fim do mundo. Então não invento novos problemas. Mas quando o assunto é briga tenho uma forte rigidez. Odeio brigas. Desde discussões até surras. Tento sempre não deixar ocorrer. Mas parece que sempre estou no lugar errado. Quando vou ver, já tá acontecendo. Neste momento a escola inteira está em silêncio. Todos estão em suas salas. Uma calma em todo lugar. Nenhum aluno berrando. Correndo pelos corredores. Brigando. Nada. Não gosto muito desse silêncio, mas é muito necessário de vez em quando. Fico andando pela escola. Admirando cada lugar. Essa escola tem tudo. Acreditem ou não, tem laboratório aqui, sim, com todos os equipamentos e tudo. Quando os alunos tem aula nele vão todos com roupa de cientista, tá ligado ? Aquele avental branco. Acho muito foda. Na minha escola não tinha isso não. Nem sala de jogos. A gente tinha uma mesa ping pong, mas nunca teve as raquetes nem bolinha. Então o pessoal improvisava. Até que uns malucos brigaram e um deles caiu em cima dela. Já era a mesa. Neste momento estou na frente da biblioteca. Entro nela e me lembro da minha. Essa parece biblioteca de filme, a minha existia, não sei se alguém lia algum livro ali por vontade própria. Na verdade eu conhecia um moleque que todo dia pegava um livro. Ele curtia ler. Eu não curtia muito não, acho que a primeira vez que entrei naquela biblioteca foi pra tentar parar uma briga. Desse vez o que quebraram foi um relógio. Um relógio grande de vidro que estava preso na parede foi quebrado na cabeça de um deles. Aí pararam de brigar. Entrei e fui analisar esses livros. Todos estavam em bom estado. Não sei se isso é bom, porque livro perfeito demais quer dizer que ninguém toca. Tinha um garoto sentado na última mesa da biblioteca. Acho que ninguém sabe que está ali. Fui e sentei em sua frente.
- Tá fazendo o que aqui ? - perguntei
- Estou lendo
- Porque não está em aula ?
Ele não me responde.
- De que turma você é? - pergunto ele também parece não querer me responder
- Do segundo
- Do segundo? Então vamos - disse me levantando.
- Pra onde ?
- Pra sua aula. Não pode ficar aqui. Tá perdendo matéria.
- Não está tendo nada.
- Você está fazendo lição que não fez antes?
- Não, é só livro
Eu olho e estranho o livro. Ok né.
- Porque quer saber se defender de um ataque de um gnomo de Jardim ?
- Eu não sei.
- Levanta… Vamos levanta logo - insisto. Ele levanta.
Saímos da biblioteca e ele esperava que chegássemos até a porta do segundo ano para me avisar que não é do segundo ano.
- Qual é sua turma então? - pergunto sério
Se ele estiver começando a tirar com minha cara, não vai gostar que eu perceba isso.
- Já está acabando a aula- ele me responde
- Eu acho que eu sei qual é sua turma. Vem ! - Digo e o levo para a sala do primeiro ano. Eles não estavam na sala de aula.
- Qual sua aula de agora ?
- polo aquático - me responde
Eu não consigo pensar porque não fazer aula de polo aquático. Deve ser a aula mais legal que tem. Sem ser a do laboratório. E tem mais, essa piscina é limpinha.
- Beleza, pode terminar de ler seu livro.
Ele não diz nada.
- Não é pra ficar cabulando aula não. Tá certo que ninguém precisa de polo aquático. Mas mesmo assim acho que é mais útil do que aprender a se defender de gnomos.
Ele achou graça. Não era pra rir. Mas tudo bem.
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