Orgulho, reflexões e resistência LGBTQIA+ (Miguel Rios [email protected])
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O primeiro personagem do MCU realmente lgbtqia+, realmente gay, realmente com representatividade. Realmente nós.
Veio com toda força e contradições que somos.
Wiccano. Com destaque, sucesso e possibilidades de um futuro grandioso. Encantador.
Grato, Joe Locke. Novinho, vc arrasa. Vc já é histórico.
Quero mais da tua magia. Bora lá, garoto bruxo, superpoderoso. Novos Vingadores contam contigo.
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A indústria do entretenimento sempre tratou a comunidade lgbtqia+ com a tática do morde e assopra.
A gente pode até aqui, mas daqui pra ali não. Pode insinuar e excitar, mas não assumir, reforçar, confirmar. Pode causar, provocar, mas sem incomodar muito o conservadorismo.
A velha política repressora do “não assuma, somente induza” para satisfazer desejos reprimidos, que permaneçam como errados, mas caridosamente perdoados e sigilosos.
Os caras eram da comunidade lgbtqia+ e não podiam dizer que eram. Podiam dar toda a pinta que eram, mas sem afirmar que eram.
O silêncio era o tesão e o sucesso.
Sucesso por quê? Cabe à heterossexualidade descrever e, talvez, se confessar.
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Um homem gay assumido, casado e pai, formando uma família que não cansam de perseguir, que não descansam para invalidar e entristecer, chega por votação popular ao título de melhor senador do Brasil.
Um cara com quase 60 anos, idade onde até na comunidade lgbtqia+ é alvo de discriminação, por este país ser tão entrelaçado de violências. É o cara que briga por todas as pautas inclusivas, denunciando como a agressividade trabalha e onde ela está e se camufla.
Fabiano Contarato é ícone de luta desde quando como delegado resolveu desafiar o macho-pesado ambiente policial.
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Um corpo que o Brasil sempre condenou à prostituição, ao escárnio, a não andar sob o Sol, torna-se, por votação popular, a melhor deputada federal do país.
Só desejo, só espero, que muitas mais entrem pela porta da frente como Érika Hilton entrou. Os espaços de poder em uma real democracia pertencem a qualquer pessoa que queira estar lá, com dignidade e competência, coração e abraço, para estar lá, na luta pelo avanço de direitos e equidade.
Em meio a tanto atraso e tanta ignorância, temos um vendaval chamado Érika arejando o plenário e nossa crença em dias menos poluídos.
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Amor é amor? É tudo igual? Ok. Podem ser validados. Mas querer comparar o amor heterossexual com o homossexual é, no mínimo, uma simetria fofa para quem desconhece nossas realidades.
Pode até ser boa intenção, mas é desconexa com o que passamos, inclusive, para amar a nós mesmos.
Começamos com autoestima lá no fundo do precipício, por um entorno que nos considera erro da natureza, inimigos do divino, corruptores do normal. Daí, escalar o amor-próprio é alpinismo brabo, diferente de héteros que já ganham acesso livre ao elevador.
Depois, achar alguém que também esteja, pelo menos, meio caminho andado para engatar numa relação é outro obstáculo na montanha.
Nossa vida amorosa começa na clandestinidade e no submundo. O que nos leva ou à derrocada por culpa cristã ou à quebra de algemas de uma moralidade tacanha e hipócrita. Meio termo, ainda desconheço.
Ao mesmo tempo em que há mais hedonismo, há a compulsão por se autopromover e autoafirmar como desejáveis e conquistadores. Lembra da autoestima baixa que falei lá em cima? É para tapar os buracos cavados por ela.
Assim, vamos nos modernizando e afrontando com casamentos abertos, poliamor, trisais, pegação geral, porque nossa dinâmica sexual e amorosa não é igual. Há quem queira imitar e se encaixar no heteronormativo. Ainda assim, percebe que, mesmo no esforço descomunal, nunca é da mesma forma, se na reunião de pais e mestres te olham de lado e com sorrisinho amarelo, se no Congresso existe projeto para anular teu casamento, se há uma luta incessante para ser aceito.
Amor é amor foi um lusco-fusco que criamos para ganharmos respeito com a comoção que a palavra amor trás. Amamos sim. Mas como podemos e do nosso jeitinho.
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Fiquei imaginando: “Se fosse no Brasil, teria essa complexidade toda para engatar um romance entre dois caras?”. Resposta: “Sim”. Aqui, a gente é bem mais expansivo, mais atirado, mais de contato físico que nas culturas orientais. Mas a opressão contra lgbts não tem fronteiras. Daí, ter medo de envolvimento mais sério, de assumir compromisso, nos é uma trava difícil de abrir.
Há muitos sentimentos complicados entre os rapazes. Todos jovens, com pouca experiência de relacionamentos. Muito recém-assumidos e, como sempre, com histórias de conflito por terem se revelado gays e bis, para a família, para o mundo, para si. Todos com esperanças de que vai melhorar, mas com o aperto no peito de que pode ser pior.
Me foi viciante acompanhar tanta complicação em mostrar desejo e afeto, em retribuir quando, finalmente, eram mostrados. Ao invés de relaxamento, eles se enchiam de tensão. Foi recompensador no final, ainda que com a angústia de que, em qualquer local do mapa, estamos lotados de sequelas por sermos quem somos.
PS: não tive dúvidas de que os costumes do Japão interferem nas relações deles quando chegou um brasileiro, ainda que descendente de japoneses. Enquanto os outros se apresentaram com a reverência de se curvar, sem se tocar, o brasileiro já abraçava todo mundo logo de cara, com um sorrisão gigante.
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O mundo saiu do século 20 e somente o reaça não viu.
O reaça, que adotou o nome gourmet conservador para se sentir mais nobre, acha que poderá conter a primavera com postagens nas redes sociais.
A França mandou o recado. Aliás, o ofício. Com carimbo e assinatura. A França que deu ao mundo a grande revolução contra o status quo opressor em 1789.
Cabeças mofadas cairão. Gostem ou não.
Se sempre ridicularizaram a comunidade lgbtqia+, agora reclamam? Acham que ser drag é ridículo? Não é. É contestar. É marretar o sistema. Botar abaixo as muralhas opressoras, estraçalhar moldes.
Santa Ceia de drags é chicotear vendilhões do templo.
Jesus era um lacrador. Veio para atirar ao chão os frascos de conserva.
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A masculinidade tradicional, conservadora, aquela tóxica, causa um estrago não muito comentado, guardado em sigilo, até mesmo negado. O do fetiche sexual por homens com tal performance.
O homem bruto, convencido de superioridade, é visto como macho alfa. Como o ideal. O homem verdadeiro. O que foi feito para ser idolatrado, servido. O gostosão maior e melhor, que exala tesão.
Se for violento, mais quente é tido. Se for bandido, só melhora.
No meio gay, os pornôs que alimentam essa fantasia são muitos e são sucesso de acessos.
Assim, um gay feminino, ainda que humilhado e agredido, drag queen e com um amigo também feminino por ele interessado, vai se ver atraído e enredado pelo agressor.
E, surpresa, o agressor, que somente posava de 100% machão, o gângster, gabaritando todos os quesitos do estereótipo, esconde a vontade de assumir o papel de “fêmea” de alguém que o trate como ele trata, que assuma o personagem que ele assume.
Em meio a tapas e beijos, uma história contada com olhares desconfiados, expressões que demonstram tentação e arrependimento, e ambos misturados. Rostos e atitudes repletos de incoerências e descobertas incômodas.
Porque a masculinidade tóxica conta com pilares tão fortes e antigos, que contamina, se entranha e se alastra de formas inesperadas. Nem que seja em transas eventuais, de lavou tá novo, na desculpa de que é apenas ali e saiu dali nada a ver.
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Lá atrás, lutaram para você ser quem é. Assumir quem é.
Sem vergonha de ser quem é. Pela vergonha de ser quem é ter sido imposta.
Precisavam da tua vergonha para se propagarem como orgulhosos. Orgulhosos de serem opressores.
Os “normais” são uma idealização. Uma imposição para que uma parcela se acha superior e, por isso, obtenha privilégios.
Compartilhar direitos, para esse povo, é abrir mão de direitos. Mentira. Querem evitar que privilégios que os enaltecem sejam destruídos.
Casamento lgbt, beijo lgbt, família lgbt, reconhecimento lgbt, etc, como normal é desfazer a noção de normalidade da heterocisnormaludade.
Perda de comando e superioridade.
Ao menos, reconheça.
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“Vocês têm que ser mais dóceis.”
“A paz tem que ser cultivada por vocês.”
“Não há motivos para tanta revolta.”
“Somente com amor se muda as coisas.”
“Tenham bom comportamento.”
“Sejam mais discretos.”
“Tenham paciência.”
Em 28 de junho de 1969, a galera queer de Nova Iorque, mandou para aquele canto todas as imposições de boas maneiras, que, na real, eram imposições de covardia. Conselhos para que o cotidiano opressivo heterocisnormativo nunca se visse ameaçado e desafiado.
A galera encurralou a polícia e foi resolver na garrafada.
É, aliadinhos. Nem sempre com diálogo se avança. A história está repleta de exemplos e o Google é fácil de usar.
Enquanto discretos e enrustidos se mantiveram na asfixia “segura” do armário, quem deu a cara a cassetete sangrava na rua e criava um marco.
E hoje nos enche de orgulho e determinação. Não de conformidade e imobilidade.
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O humor é uma arma ideológica poderosa. Daí, por que não requisitá-la e usá-la a nosso favor? Outstanding: A Comedy Revolution é um documentário sobre a história dos comediantes LGBT de stand-up.
Fala como riram de nós no passado com tanto preconceito, tanta ridicularização, por nos acharem menores e referências de erro humano.
Bob the Drag Queen afirma: “Houve um tempo em que a comédia aceitava bem a homofobia.” Ele se lembra de comediantes famosos na década de 1980, como Eddie Murphy, que levavam as pessoas às gargalhadas e recebiam muitos aplausos por piadas abertamente homofóbicas e que associavam gays e aids.
Chegou a hora de virar a mira. Ou de trocar a munição. De nós falarmos sobre nós, rirmos sobre nós mesmos, mas sem a zombaria agressiva de héteros cis nos apontando o dedo e nos usando como palhacitas para se divertirem. E de apontar para lgbtfóbicos. Sem pena.
O documentário recupera a ousadia e pionerismo de Scott Thompson, que compunha o elenco do anárquico grupo canadense de humor The Kids in the Hall, que teve seu próprio programa entre 1988 e 1995. “Eu peguei o estereótipo do gay afeminado e virei do avesso”, relembra Thompson. “Fiz com que o alvo das piadas não fosse ele, fosse você”. Leia-se no “você” os lgbtfóbicos.
A produção evidencia ainda a força das lésbicas que pagaram o preço por irem longe demais aos padrões de suas épocas. Ser mulher e comediante no século 20 era barra. E ser ainda lésbica…
Trata-se de um importante registro de como vozes talentosas foram silenciadas ou diminuídas e de como conseguiram se sobressair em meio a tanta discriminação, alfinetando aqui e ali a lgbtfobia. E, hoje, são bem mais letais contra ela.
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Assisti a esse filme faz tempo. O lançamento foi em 2000. Sobre gays do século passado. Muitos sentimentos e entendimentos que não mudaram e ainda permeiam, felizmente e infelizmente.
Reassisti.
Muito de um Miguel que reviu o filme e que percebeu mudanças. Felizmente. E que notou como boa parte permanece minha parte. Para mudar e repensar.
Nem tudo sai no mijo, somente porque resolvi que sairia, que era o ideal.
Há pedras difíceis de mijar. Doem. A gente evita. E há a que você se orgulha de ter expelido. Nem doeram tanto assim.
Quem assistir, com olhar de consciência do anacronismo, entenderá. Eu, novamente digo, entendi. E fiquei feliz daquele Miguel, com pedaços de racismo, transfobia, lesbofobia, misoginia e até gsyfobia, ter se revisto e evoluído para longe disso.
PS: É uma obra datada. Peço que entendam, como eu me entendi.
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Tem um cara que faz assaltos no trânsito e que incriminou a própria mulher, a mandando para a prisão. Mas acham que o criminoso é o garoto por que faz vídeos dublando divas da música.
Tem uma evangélica que trai o marido compulsivamente, com homens estranhos, em locais clandestinos. Mas o garoto que se interessa por maquiagem e dança é que desobedece as leis divinas.
Tem a mulher que decide entrar para uma gangue de assaltantes, apontando motoristas que possuem valores que darão lucro. Mas é o filho que demonstra homossexualidade que envergonha a família.
Tem pastor que compra o fruto dos assaltos para ostentar. Mas são as pessoas da comunidade lgbtqia+ que são erradas e devem se submeter à cura gay.
Como a lgbtqia+ não é somente um preconceito direcionado e ignorante, mas também um desvio de atenção para que criminosos possam sair de bonzinhos porque o mal aos olhos de deus é estar fora do padrãozinho heterocisnormativo.
Todos merecem perdão e compreensão. As queer merecem tortura e correção.
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A história de Alan Turing me dói da alma à pele. Até hoje não consigo assistir ao filme O Jogo da Imitação. A injustiça e a crueldade a que ele foi submetido é de uma imensidão de desregular a sustentabilidade das pernas. E tudo por ser homossexual.
Matemático e cientista brilhante, herói inglês de guerra. Mas cometeu o “crime” de ser gay e foi humilhado e morto.
Neste 7 de junho de 2024, são 70 anos de sua morte.
A Inglaterra, onde nasceu, que defendeu na 2ª Guerra Mundial e que o condenou, lhe pediu perdão muitas décadas depois e tenta abrandar o erro.
De 2005 a 2015, Jonh Leech, um deputado, apresentou diversas propostas para que fosse concedido um perdão a Turing, retirando as acusações contra seu “crime”.
Depois de muita insistência, o governo retirou as acusações e emitiu um perdão oficial em 2013, quando o casamento entre pessoas de mesmo gênero foi legalizado na Inglaterra.
Uma lei intitulada “Lei Turing” entrou em vigor logo após, declarando perdão a todas as outras 75 mil pessoas que haviam sido condenadas por sua orientação sexual no país, que perseguia a comunidade LGBTQIA+ em nome da decência e do divino.
O berço do liberalismo era carrasco com liberdades.
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Amor entre corações feridos é complicado e agressivo. Daqueles amores bem relatados em canções de Núbia Lafayette, onde dor e desprezo, reconciliação e revide, são o dia a dia, o noite a noite.
Louis e Lestat são um casal tóxico. Se entre humanos é porrada, imagine entre inumanos que somaram toda a problemática das existências anteriores à imortalidade e ao desejo assassino por sangue.
Uma guerra infinita entre egos e personalidades que colidem em distintas visões de mundo.
Lestat é o hedonismo que não abdica de um companheiro fixo e o quer igual a ele, ainda que forçado, pelo autoritário que ele é. Louis, a responsabilidade familiar com os sonhos de conquista de dinheiro e poder exacerbados. Enfie Claudia, uma menina que vê seus desejos sexuais crescerem presa a um corpo infantil, e os ingredientes de um caldo indigesto estão completos.
O veneno tanto alimenta o ódio quanto a paixão eterna, em uma liga doentia, onde afeto e planos de assassinato pelo livramento se sucedem. A apreciação mútua, a dependência um do outro e a necessidade de cair fora.
Imagine viver nesse caldeirão por séculos.
PS: a série é bem mais completa e imersiva em sentimentos que o filme do passado. Nela, os atores se dispõem a mostrar tesão, carinho e pegação entre homens. No filme, se sabia, mas nem beijo rolou, nem uma declaração de amor higiênica foi dada. A velha política homofóbica cordial e aceitável: “não fale, não pergunte”.
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Livrinho novo.
Nossa história. Nossos ícones. Meu povo. Desde a antiguidade até aqui.
Não somos iguais a héteros cis como nos querem convencer. Temos opressões por milênios, assim como compreensões. E particularidades. E existências. E resistências.
Temos trajetória própria.
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Um dos episódios mais marcantes é Balenciaga, pressionado pelas dívidas e pela invasão do prêt-à-porter, ceder ao convite da Air France e se dedica a desenhar e produzir uniformes para as aeromoças.
Ficam bonitos. Mas pouco funcionais. As mangas são curtas e causam desconforto, sobretudo quando elas levantam os braços para arrumar bagagens.
A princípio, ele se irrita. Depois, reconhece. “Elas estão certas.” Seu namorado e executivo da maison, Ramón, intercede a seu favor: “Não se culpe. Você nunca desenhou roupas para mulheres que precisam levantar os braços”.
O mundo do luxo e da riqueza de Balenciaga o aprisionou numa visão social de futilidade e descompromisso politico. Sua vida era decorar mulheres com tecidos em volta delas. O fez com arte e esforço.
Tornou-se, segundo seus concorrentes como Chanel, Givenchy e Dior, o maior entre todos da alta costura. Tanto que preferiu fechar a companhia a repassá-la, desempregando muita gente e enfrentando processos trabalhistas.
Seu trono era também um armário. Maltratado desde criança pela homofobia, não achou coragem para assumir-se, apresentar seus relacionamentos. Via sua homossexualidade como vergonha.
Tamanho trauma o levou até a ocultar-se dos aplausos da casta que o adorava. Não aparecia nas passarelas após seus desfiles, odiava a imprensa e a divulgação de sua imagem, apesar de ser bonito.
Preservou a aura de mistério pelas sequelas de ser o garoto que gostava de costurar como a mãe e, ainda que aclamado por isso na vida adulta, não superou o bullying de um início de século 20 machista ao extremo. Armário é coisa séria.
Em defesa da moda como algo direcionado, individualmente, para cada corpo e combatendo com fúria as medidas padronizantes dos 38, 40, 42, era contraditório em não se reconhecer, literalmente, como criador de arte. O fez indiretamente quando se comparou a Picasso, por não acreditar ser substituído em sua maison, e foi surpreendido por uma jornalista inglesa que o emparedou: “Enfim, você assumiu ser artista”.
PS: imagino o que ele não diria hoje da Balenciaga vendendo saco de lixo como bolsa. 😏
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