você fosse feliz ou rebentasse o universo. Bem-vind@s ao universo paralelo de mim mesma.
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Foi o que restou de nós
Só eu e eu
Mais ninguém.
Ninguém viu,
nem vai ver
que,
Quando você for,
Ao amanhecer,
Será ainda
só eu e eu
Mais ninguém.
E o que sobrou do amor?
Foi o que restou de nós:
Eu e você.
Mais ninguém
No alvorecer de um novo dia.
Desenhando o infinito
Advindo de um lugar desconhecido e lindo.
Breve despedida.
Até um outro
dia novo.
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DIÁRIO DE BORDO sem número
São 6:51 da manhã e estou a caminho do meu trabalho, no meio do caminho.
Ontem, foi o primeiro dia do meu estágio obrigatório da faculdade e foi um achado. Faço licenciatura, então meu estágio foi em uma sala de aula, só que da EJA, Educação de Jovens e Adultos. Percebi o quanto a vida é difícil para aqueles que querem e não podem, ainda mais difícil, porque é nadar contra maré. Todos chegam cansados do trabalho e estão lá perguntando sobre palavras bonitas e seus significados, opinando sobre os feitos e os defeitos do Brasil. Todos em busca de um pouquinho de voz por meio do conhecimento.
Ninguém tem voz.
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DIÁRIO DE BORDO IV
Hoje não escreverei nada angustiante, pois estou estranhamente me sentindo muito bem.
Comi três pedaços de pizzas e ontem vi um filme tão inspirador que passei o meu dia quase inteiro ouvindo The Beatles.
Agora, 21h15, a cama me espera e como não gosto de perder oportunidades; estou me indo.
Beijos para quem fica.
Estou quase terminando de ler “Me chame pelo seu nome”,logo mais devo falar sobre.
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DIÁRIO DE BORDO III - PARTE 3
-Mas que caralho você quer que eu diga? -Eu digo. -Mas que porra você quer que eu grite? -Se for preciso, explodo o universo com gritos. Eu quero o ter e o ser no toque. Ao toque. Quero ter o toque, ser ao toque e ser o toque. Sentir à flor da pele o calor quase que evaporando do meu corpo. Sentir o cheiro.
Inebriante.
Vibrante.
Vívido. Gritei essa semana algumas palavras políticas para aliviar meu coração selvagem sem você. Vívido é o movimento. Ao mesmo tempo que é sutil reflete selvageria magistral. As primeiras vezes nem sempre são as melhores, mas sempre são inesquecíveis.
Quero um dia ser e ter ao som de Pernambucobucolismo.
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DIÁRIO DE BORDO III – PARTE 2
O dia tá tão longo que tem até parte 2.
Acabei de descobrir que não passei em um concurso que fiz esses dias. Não fiquei surpresa, já imaginava esse resultado. Acho que não aprendo com frustrações e ainda sou boba de insistir em me frustrar.
Ultimamente, não estou conseguindo me concentrar, estou tornando minha vida um emaranhado de pendências e problemas. O incrível é que sempre tive tanto controle da situação e de uma hora para outra: sou alguém sem controle, sem controle de mim mesma.
Medo de nunca ser feliz ou de continuar na mesma.
Falta tão pouco para me formar, falta tão pouco para tanta coisa e a única coisa que eu queria era encontrar algo que me desse prazer. Prazer de verdade.
Eu adoro música, amo filmes, gosto de ler, adoro tirar fotos... e sempre que tenho um tempinho extra tento ocupá-lo com essas atividades que acabam por equilibrar o meu cérebro e me sentir mais viva. Mas já não funciona mais como antes. Atividades saturadas.
Por isso estou aqui falando comigo mesma por meio do texto escrito, cansei de me ouvir e do tom da minha voz dentro de mim.
Ah esqueci de dizer: adoro viajar, apesar de eu nunca viajar. Só não viajo por motivos financeiros... na realidade, todo dia planejo uma viagem diferente para o futuro. Mas além da falta de dindin, tenho problemas para arranjar companhias. Tenho um belo namorado que poderia ir comigo, me animaria muito mesmo, mas ele não gosta de viajar e não guarda dinheiro para esse tipo de planos e eu também cansei de incutir possíveis viagens de verão/inverno na cabeça dele. Viajarei mesmo que seja sozinha, acho que não será mais deprimente do que transcrever meus pensamentos como estou a fazer agora.
Não sei se você me conhece, acho que não.
Então, sou uma pessoa um tanto diferente, eu acho. Minha vida sempre foi um pouco perturbada, de todos os lados e cantos, internamente e externamente. Por muitos e muitos anos me calei diante de desastres e acontecimentos horríveis na minha vida, guardei e guardo ainda muitos desses acontecimentos. Não guardo rancor, porém, sinto um pouco de dor ainda. Sangramentos.
Por dentro, ao me descrever, devo me parecer com o mar, em constante movimento, bonita confusão. Por fora, sou sutil, serena, uma pequena por aí a procurar. Não posso dizer muito o que me considero ser, até porque quem diz o que é não é, não é mesmo? A verdade é que a minha identidade emocional e a minha própria identidade pouco importa, estou escrevendo de maneira aleatória e louca. Passar o tempo. É o que quero. Preciso.
Uma das minhas sensações prediletas do mundo vem do abraço. Queria agora um abraço carinhoso de alguém que guardo afeto. Adoro sensações e demonstrações de carinho, adoro assistir a demonstrações de carinho. O engraçado é que eu não sei muito bem demonstrar carinho, sempre demoro um pouco para começar a demonstrar. De início, sou sempre a parte mais fria. Acho que é porque tenho medo de sofrer, é bem mais fácil ser fria.
Não sei se escrevo bem, às vezes só escrevo. Acho a minha escrita muito bagunçada. Pensamentos soltos, largados e muitas vezes bagunçados jogados na tela e no papel. Tenho dificuldades de criar coisas além de mim, personagens, começo, meio e fim.Além do que vejo. Acho que passarei a vida escrevendo sempre sobre o meio, o meio de mim e da minha vida.
Isso não quer dizer que escrevo só de mim e que não invento.
Acho tão engraçado como nos enganamos achando que conhecemos as pessoas. Quase ninguém me conhece de fato e acho que conheço quase ninguém também.
O tempo passa e percebo que sinto falta de tanta gente, arrependo-me de ter deixado de falar com tanta gente. Queria ter cultivado mais amizades. Tantas alegrias passadas e brincadeiras. Tenho uma imensa saudade da infância. Tenho um gigantesca saudade da viagem de 2012. Tenho uma grande raiva de mim por não ter mantido algumas dessas amizades. Sou boba, guardei apenas saudade.
Sou uma mulher negra de vinte e pouquíssimos anos e ao mesmo tempo que acho que vivi demais, acho que vivi de menos. Beijei praticamente duas pessoas na minha vida. Beijo de verdade. E as duas, eu as namorei. Tive vontade de beijar, no máximo, mais cinco pessoas, além dessas duas que matei a vontade. Sempre acho que vivi de menos quando penso no meu lado amoroso, apesar de eu ser feliz com a minha vida amorosa e satisfeita. Acho que vivi demais porque já quis morrer mais de um milhão de vezes e me canso facilmente. Não tão facilmente, pois a vida nunca ativou o modo easy para mim.
Aquele cheiro de ferro é tão forte e vivo na minha memória como se eu tivesse sentido hoje. O nó na minha garganta, então, de querer chorar, mas, ao mesmo tempo não querer e sentir como se não pudesse, ainda sinto ao engolir a comida. Aquele dia foi um dos mais difíceis da minha vida e eu, aparentemente, fui mais forte do que eu realmente fui. Morta por dentro. Morta. Fingindo que estava tudo bem.
São tantos episódios. Um dia caí entre o asfalto e o meio fio brincando de polícia e ladrão. Isso aconteceu quando eu devia ter uns 11 anos e até hoje tenho a cicatriz daquele momento que não foi tão feliz, mas que me recorda, hoje, bons e divertidos momentos. Episódio de quando invadimos o quarto da minha irmã e sujamos toda a parede sem querer, só por querer o banco imobiliário.
Boa parte do que sou devo a minha mãe. Nos desentendemos muito, muito mesmo e nos amamos mais, bem mais do que nos desentendemos. E olha que nos desentendemos!
Passamos por muitas coisas juntas: medo, solidão, brigas, aflição, perdas, aparecimentos, mudanças, lutas, por aí vai. Nunca me esquecerei do dia que o Mc Lanche Feliz se transformou em uma cena cinematográfica de drama. Admiro muito minha mãe pela sua força e perseverança.Sei que não deve ter sido fácil ser mãe solteira. Se um dia eu tiver metade da força que ela tem, fico satisfeita.
Enxergo muitos pontos negativos nela também, principalmente quando diz respeito a criação de suas filhas, eu e a minha irmã; entretanto, olhando para trás, vendo o que ela já passou pela gente e o que nós três passamos juntas... acabo por anular a falta de jeito na criação e só sinto amor e gratidão. Claro que uma hora ou outra nos desentendemos, somos mulheres de tempos e personalidades diferentes. Mortais. E eu confesso que sou muito crítica.
Será que, nesses momento, eles estão rolando os dados?
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DIÁRIO DE BORDO III
São 17h de um sábado ensolarado e eu estou com uma colher de nutella em uma mão e com a outra digitando preguiçosamente.
Mês de maio é o mês das noivas e hoje, nesse mesmo horário, deveria eu estar em um casório desses tradicionais feitos em maio. Maio ensolarado. Mas, imprevistos acontecem... até que eu queria ir; ontem, lavei meu cabelo, fiz todo um ritual do YouTube, comprei vestido e.
Gastei meu tempo e dinheiro.
Estou um pouco chateada com isso. Pelo menos justifica a nutella que tinha dito para mim mesma que evitaria. Serve de pretexto para minha fome de besteira.
A verdade é que não me importo com maios ensolarados, para mim, é um mês como qualquer outro, só que esse ano é diferente, semana que vem meu pai deve ver o sol nascer redondo e eu não sei como vai ser. Eu só espero que não seja mais do mesmo e que o ciclo que nunca me acostumo se repita.
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DIÁRIO DE BORDO II
Acordei hoje às 3:48 da manhã para ir ao banheiro. Ao deitar novamente, pensei no quanto seria difícil acordar daqui duas horas e perdi meu sono. As lutas internas são as piores, pois você tem de lutar pelo desconhecido, contra as vontades que brigam dentro de você e te cansa e te vence. Que sanha!
Nesse momento estou no ônibus começando a minha semana e tirando forças não sei de onde para prosseguir. Mesmo que meio anestesiada.
O mais interessante disso tudo, sobre o que sinto ou na verdade, não sinto, é que há dois dias eu estava ótima, ontem também estava bem.
Nem eu sei o que sinto. Talvez Deus saiba.
Resiliência é a palavra que devo apreender este ano.
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DIÁRIO DE BORDO I
Estou tentando melhorar o modo como levo a vida, mais especificamente o modo como eu sinto a vida. Desde muito pequena sou uma pessoa introvertida, se você me conhece, provavelmente, pode achar que não estou falando a verdade, ou que pelo menos estou me distanciando dela... Entretanto, isso pode ocorrer porque tenho vivido uma imensidão de vidas que varia de acordo com as pessoas em minha volta, as diferentes situações sociais. Não as tenho vivido, talvez.
Sobre viver:
Vez em quando acho que não é sobre sentir. Estou sempre confusa. Na maioria dos últimos dias ando estado inerte ao mundo. Sem reação. ANDO ESTADO INERTE. Realmente paradoxal.
Sofro por às vezes sentir demais e por não sentir nada.
A verdade é que sofro por pensar demais e não fazer nada em relação a isso, por não achar explicação em mim mesma e perder noites e noites de sono, de vez em quando sofro apenas pelo simples fato de existir. Sobreviver tem sido o pouco que sei sobre viver.
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Saudações
Prezados/as, sejam muito bem-vindos/as ao meu blog pessoal.
Meu nome é Maria e aqui você encontra pedacinhos secretos de mim, não tão secretos assim porque vocês estão aqui, né.! Nunca falei a respeito das publicações desta página, mas, agora, como estou com um projeto paralelo e um pouco diferente, cá estou a me pronunciar: a partir de hoje postarei pequenos diários de bordo. E o que vão ser esses diários de bordo? Os diários de bordo consistem em reflexões/desabafos que podem ou não ser diários, a ideia é que sejam feitos corriqueiramente... entretanto, nunca se sabe o dia de amanhã.
A verdade mais que verdadeira e singular é que eu sou brasileira e, como todos os brasileiros/as, não estou passando por ‘bons bocados’, assim, preciso me aliviar de alguma forma e essa foi a forma que encontrei. Acho que ninguém deve acompanhar minhas publicações (já que fiquei também muito tempo sem postar), mas tudo bem...
Abraços!
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E aí
O maior desafio da vida é a felicidade. Não estamos nunca satisfeitos; seja com o nosso corpo, emocionalmente, na profissão, estudos e relacionamentos. Mas o pior disso tudo é nunca se satisfazer consigo mesmo, é o peso que colocamos e colocam em nossos ombros.
É a tristeza. Ou só o capitalismo frustrando nossos sonhos. Ou a própria frustação nos quebrando as pernas. É difícil.
Atualmente não leio mais livros. Muitos livros são amargos como a vida, já outros são de plásticos, horríveis, bem piores que os amargos, pois não servem a nossa necessidade de sentir. Estou me tornando uma pessoa seca, sobretudo cansada.
Gostava dos amargos, eu confesso, mas, hoje em dia, com tanta amargura cotidiana e vivida, discursos de ódio disfarçados de liberdade de expressão, o empurra-empurra das pessoas, competitividade excessiva, violência, preços absurdos por coisas que em pouquíssimo tempo ficam obsoletas, entre outras coisas. Entretanto, gosto de livros, eles não fazem parte da obsolescência programada. Só estou amarga e cansada (repito: cansada). Mais cansada que amarga, na verdade. Voltarei a ler, nem que seja estas minhas insatisfações que estou a escrever.
Anunciaram um programa na televisão.
Arruinaram a televisão e os jornais também. Querem arruinar ainda mais a educação... e a segurança então. Vida digna para quem? Não é para os trabalhadores e muito menos para os ... você sabe.
Precisamos ver através do outro às vezes.
#texto en tumblr#importante#empatia#Vida ou Morte#Vida#sociedade#meuspensamentos#dispensalegenda#ideias#portfolio
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Até parece um mundo
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Fot'Arte
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Velejadores
Ei, olhem as horas, percebam que, de uns meses pra cá, exatamente a essa hora, acontece sempre a mesma coisa. Ouçam essas vozes, notem que são milhares de vozes cantando a mesma deprimente canção. Parecem vir de todas as partes, mas todos sabemos que vem do mar. Janeiro, Fevereiro, Março, Abril, Maio, Junho, Julho, Agosto já são oito meses aguentando essa melodia. Como conseguem ser tão coordenados e gerar um som tão uniforme? E, o pior de tudo, desde que esse coro começou, os peixes não aparecem, os pássaros não cantam como de costume, essa pequena cidade litorânea afogou-se na tristeza daquela letra melancólica. Setembro está chegando e ninguém tem vontade de saber que tipo de homens gera aquele lamento em forma de música. Bom, na verdade, vontade não falta, mas de que adianta toda essa vontade sem a coragem necessária para ir ao mar e saber o que se passa ali. Enquanto ninguém se habilita a saber a origem de todos aqueles sons, as crianças não dormiam direito e não conseguiam se concentrar em algo realmente produtivo. Os adultos, por também não terem boas noites de sono, viviam de mau humor e atritos eram muito comuns entre eles. Cansado de todas essas coisas, um adolescente criou a coragem necessária para saber o que se passava no mar todos os dias exatamente àquela hora da noite. Certo dia, arrumou uma mochila com algumas coisas básicas e rumou para o oceano. Inicialmente, sentiu medo, mas nada que o impedisse de seguir em frente. Foi ficando mais calmo com a brisa que sentia. Chegando perto da praia, olhou para o horizonte e não enxergava absolutamente nada. A neblina era muito densa e não permitia que o jovem enxergasse muito longe de onde estava. Desistiu ali mesmo e resolveu voltar lá um outro dia. Maldita neblina! Aquele garoto ficou ainda mais curioso para saber o que tinha lá. Voltou no local exatamente no dia seguinte. Tudo aconteceu da mesma forma. Preparou uma mochila com algumas coisas básicas e rumou para o oceano. Mais uma vez, sentiu calafrios no começo da jornada. Sentindo a brisa, foi se acalmando. Chegou perto da praia e aquela neblina não estava lá. Viu alguns barcos se movendo no oceano. Seriam barcos motorizados? Aproximou-se para ver de que se tratava. Viu uma legião de velejadores indo de um lado para o outro, com uma liberdade invejável. Porém, se todos eles têm toda aquela liberdade, pra que ficar parado próximo àquela pequena cidade e cantando aquela tenebrosa canção? O jovem ficou ali achando muito interessante o que estava vendo. Depois de muitos minutos olhando aquilo, percebeu que muitos deles, ou melhor, todos eles, tentavam se mover para algum lugar mas algo os impedia. Decidiu ir embora e voltar na noite seguinte. Ficou martelando aquilo na cabeça. Por que não podiam ir para onde quer que fosse? Pensou, pensou e pensou e nada de achar uma resposta convincente para a questão. Chegando em sua casa, cumprimentou seus parentes e rumou para seu quarto. Lá, mais uma maratona de pensamentos invadiu sua cabeça antes que dormisse. Acordou no dia seguinte já no meio da tarde com a mesma dúvida da noite anterior na cabeça. Chamou mais algumas pessoas para irem com ele na praia na noite daquele dia. Entretanto, as outras pessoas estavam ocupadas demais pecando e causando brigas entre si. A cidade já estava totalmente tomada pela impaciência devido à musica daqueles velejadores. As agressões estavam se tornando cada vez mais frequentes e os pecados cada vez mais escancarados. Enfim, anoitece e ele se prepara para voltar a praia. Colocou sua mochila nas costas e partiu. No caminho, ficou olhando para o céu, observando as constelações e procurando a Lua. A Lua estava na fase minguante, quase nova, e, por esse motivo, ele não podia vê-la com muita facilidade. Chegando na praia, viu todos aqueles velejadores de novo, velejando pela escuridão daquela noite quase sem luar de um lado para o outro e tentando ir para algum lugar. Desta vez, não ficou apenas observando o movimento dos velejadores ou ouvindo a melodia que todos cantavam, permaneceu em pé na areia procurando algum motivo para o fato de todos estarem presos exatamente ali. Procurou, procurou e procurou e nada. Estava muito escuro para poder ver alguma coisa por ali que não fossem as velas içadas. Continuou procurando por mais alguns minutos até desistir devido a escuridão. Decidiu então voltar quando a Lua estivesse cheia. Três semanas, apenas três semanas, era esse o tempo que demoraria para que a Lua voltasse a ser cheia e, enfim, descobrir o que prendia toda aquela legião de velejadores naquela praia. Eram apenas três para uma pessoa qualquer, mas para o jovem envolvido era uma eternidade. Não conseguia pensar em qualquer outra coisa que fosse. Estudos, amigos, família, tudo ficava em segundo plano no cérebro daquele garoto. Três semanas, apenas três. Passou-se uma semana e faltavam apenas duas. Duas semanas de tortura e de pensamentos sobre o motivo. Tinha de descobrir o que era aquilo rapidamente para que a cidade voltasse ao normal e todas as pessoas deixassem de ser ignorantes umas com as outras. A música parecia ficar mais alta a cada noite que passava e toda a cidade ficava impaciente com tudo o que acontecia por ali. Favores não mais existiam, a gentileza já tinha sido deixada de lado há muito tempo. Tudo que se via na cidade era raiva. Mais uma semana se foi, só faltava mais uma. O garoto estava sentado a frente de um relógio, contando os dias, as horas, os minutos e os segundos para a Lua cheia. Não ia na praia há duas semanas para não alimentar ainda mais sua curiosidade. O volume maior da música o deixavam muito angustiado com a situação. A insônia, que sempre foi sua companheira, parecia estar mais forte, ou melhor, ela realmente estava. O sono não vinha e os minutos não passavam. Era apenas uma semana, apenas uma. A Lua já estava crescente lá em cima e só faltava mais essa fase passar. Mas que demora, o cuco não bate e o ponteiro não se mexe. Onde está a distração quando se precisa dela? Estava quase morrendo com a demora quando o dia finalmente chegou. Passou a tarde como nas ultimas semanas, apenas pensando no que deveria ser aquilo tudo e o motivo da música ter ficado tão alta nessas ultimas semanas. Quando a noite enfim chegou e a Lua estava alta no céu, a mochila já estava preparada e metade do caminho já havia sido percorrido. A noite estava clara como nunca e nada de neblina para atrapalhar a visão do adolescente. Começou a sentir sono devido ao péssimo sono que vinha tendo nas ultimas semanas. Chegou a praia e viu um número assombroso de velejadores navegando pelo mar e cantando aquela misteriosa melodia. Tentou ver o que estava prendendo todos aqueles homens naquela região, mas tinham muitos cobrindo sua visão. Ficou lá esperando que se movimentassem como sempre faziam, aquele vai e vem de sempre. Aquele barulho de tantos velejadores era irritante e não conseguia muita concentração no que realmente queria fazer. Ignorar, por mais dificil que parecesse, era tudo o que devia fazer. Permaneceu lá atento àquela dança horripilante e as brechas que talvez fossem abertas no meio de todos aquelas velas. Esperou por algumas horas até que a brecha finalmente foi aberta. Espaço aberto, a noite clara e sem uma neblina sequer, era tudo o que precisava. A brisa ficou mais forte como se o vento quisesse que ele fechasse os olhos para que não visse o que estava ali. Olhou com bastante atenção e viu uma grande corrente no meio do mar. Uma grande corrente que se dividia em sete ramos principais e esses sete em ramos menores, prendendo cada homem que estava ali e privando-os de sua liberdade. Prestou mais atenção na grande corrente e viu que ela caía do céu e parecia que vinha para punir os que estavam aqui embaixo. Por que? Pra que tudo isso? Qual era o motivo de castigar todos aqueles homens? Deitou-se na areia olhando para o céu para tentar encontrar uma resposta que pudesse responder aquilo. Era uma grande corrente que se dividia em sete principais. O que seŕa que aquilo queria dizer? A corrente parecia vir diretamente do céu para punir os que estavam aqui. Como achar algo que tenha relação com isso? Pensou bastante no assunto e nada de achar uma solução para esse mistério. Então, entrou no mar, junto com todos aqueles velejadores e começou a ouvir algumas coisas que faziam algum sentido. Concentrou-se nas vozes e notou que eram as vozes de todos os que estavam ali. Todos os velejadores queriam dizer algo para o jovem. Ouviu então algo parecido com:- Vá embora antes que suas tentações te consumam por inteiro. Escutou aquilo com muita atenção mas não conseguiu seguir aquele comando. Ficou lá no meio tentando conversar com todos eles, mas eles não davam ouvidos. Insistiu com a conversa até perceber que sua cidadezinha não tinha mais salvação e que ela acabaria em pouco tempo devido ao alto número de pecados cometidos por ali. Parou com toda aquela insistência e rumou para casa. Dormiu com a dificuldade que sempre o atormentou e quando acordou foi falar com todos os habitantes da pequena litorânea cidade. Foi para a praça gritar para todos o que tinha descoberto na noite anterior. Poucos lhe davam ouvidos e os que ouviam achava que aquilo era uma história apocalíptica completamente sem sentido. Até mesmo seus parentes achavam que estava ficando louco. Ficou indignado com aquela situação. Ninguém o levou a sério e ficou muito nervoso por conta disso. Ir embora da cidade, assim como os velejadores disseram pareceu ser a única alternativa para o jovem. Iria embora a noite quando todos estivessem tentando dormir, para não ser notado. Passou a tarde caminhando pela cidade, sua ultima tarde ali. Lembrou de todos os momentos bons e os ruins que passou por lá. Uma pessoa que ouviu seu discurso percebeu o desconforto do garoto com aquela situação. Chegou perto do jovem, deu-lhe dois tapinhas no ombro e disse:- Fique calmo, Deus irá nos proteger.Ouviu aquilo e foi direto pra casa, deixando a pessoa lá sozinha. A noite chegou, começou a preparar suas coisas para ir embora. Arrumou sua mochila como sempre fazia e esperou a madrugada para que nenhum dos seus parentes o visse partindo. Escreveu um bilhete para toda a cidade enquanto alguns de seus parentes estavam acordados. Inevitavelmente, muitas lagrimas caíram enquanto as lembranças vinham à sua memória. Chorou bastante, como nunca havia feito antes. A hora havia chegado. Abriu a porta de sua casa, olhou para trás para ter certeza de que não se arrependeria da decisão que estava tomando. Levou o bilhete consigo para a saída da cidade e o colou num poste. Partiu, foi embora e nunca mais voltaria. Não demorou muito para que as pessoas da cidade decaissem e todos começassem a se matar por ali, tudo devido a uma triste música dos velejadores. Uma guerra começou ali naquela cidade, todos estavam se matando, pareciam animais brigando por um pedaço de comida. Todos sem exceção estavam impacientes a ponto de menosprezar o que mais devia ser valorizado. O tempo passou, passou e passou, apenas uma pessoa na cidade sobreviveu. Um sobrevivente sem nome. Ele caminhou sobre os corpos, sobre todo aquele sangue até que chegou num poste na saída da cidade. E lá estava escrito “De que vale ter tanta fé em Deus, se tudo o que fazem agrada ao Diabo?”
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