poeta, 24, São Paulo. rascunhos, poemas em processo, experimentações, anotações, coisas esquecidas. aqui, é tudo no gerundio. versão final: marianacorreiasantos.com
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Brazil Railway Co. e outros poemas
Meu novo projeto de poesia, a plaquete Brazil Railway Co. e outros poemas, publicada em novembro de 2023, já está à venda no site da Editora Primata. Em dez poemas, escrevi versos às voltas com minha cidade de origem, Guarujá/SP, memórias de infância, amor, desejo, uso e exploração, além dos sempre presentes raça, gênero e classe. Entre 2021 e 2022, enquanto trabalhava na produção dos títulos…
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o texto pode ser a feitura do texto? a busca?
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sobre querer e não querer ler, ao mesmo tempo
sobre querer e não querer ler, ao mesmo tempo
ou sobre a leitura 1. começar um livro �� sempre delicioso. esse é o meu mal. comecei a ler com a estante dos meus pais em casa, ocupada por cadernos velhos de colegial, livros doados na escola, clássicos de vestibular, forasteiros. entre eles, mariana, de manuel bandeira, o princípe e o mendigo, de mark twain, adaptado e ilustrado. a começar pelo meu nome, lembro de me sentir animada ao sentar…
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sons
https://open.spotify.com/track/26x75c32oXBl5fQMFAYptW?si=ba625f1723914855
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e se eu simplesmente começar a escrever aqui?
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[TRADUÇÃO] Notícias de outras ilhas, Revista Cult
[TRADUÇÃO] Notícias de outras ilhas, Revista Cult
Poetas, escritores, críticos, editores e tradutores sugerem leituras para abrandar o peso do noticiário no período da quarentena
Fonte: Notícias de outras ilhas: Viviane Nogueira
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Mariana Correia Santos — escamandro Mariana Correia Santos (1996) é poeta, escritora, tradutora e assistente editorial. Nasceu em Guarujá, na Baixada Santista.
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Angelina Weld Grimké, por Mariana Correia Santos — escamandro Angelina Weld Grimké foi poeta, dramaturga, jornalista e professora, nasceu em Boston, Massachusetts (EUA), em 1880, numa família miscigenada e influente no movimento abolicionista: suas tias-avós eram Angelina e Sarah Grimké, famosas sufragistas; seu pai era Archibald Grimké, segundo negro a se formar na Universidade Harvard e vice-presidente da NAACP (Associação Nacional para o Progresso de […] Angelina Weld Grimké, por Mariana Correia Santos — escamandro
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novo site
agora, tô por aqui também: https://marianacorreiasantos.com/
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recortes
minha vó faz cuscuz e fala coma minha filha, coma que amanhã não tem o medo da falta na presença faz o cuscuz descer doido sem sabor
minha mãe assiste ao sexo na tevê um pequeno trecho fugaz crianças na sala ai que horror, ela diz não desgruda os olhos da tela ai que horror dez quinze anos depois adultos e adultos na sala ai que horror, ela diz ai que horror
meu pai passa pela porta chega entra sai amor fugidio me atento pequena ao piso da sala a capturar os passos com as mãos
sozinhas em casa minha irmã corre no chão molhado cai e não se mexe mais me deito sobre o peito e escuto: toda uma vida disfarçada de todo dia
mariana correia santos
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ADÃO E EVA NO PARAÍSO BRASILEIRO, by Rosana Paulino
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queixa
minhas portas fechadas os inscrevem são criaturas de interiores bonecos de maquete os recebo prostrados nas esquinas nas saídas dos shoppings tensos e eretos esperando não se sabe o quê a natureza parece uma imposição é projetada apenas para eles -- mata estética muito apropriada às fotografias aos piqueniques sem formigas ao jogging, à ioga muitos deles nunca foram ao ibira seus cômodos, tão cômodos -- há de tudo parece ser difícil lidar com a luz do sol quando se deve ter camadas e camadas de filtros quando se deve evitar a greta luminosa queimando o braço os espero. expecto seus movimentos não há ninguém fora das jornadas de trabalho não há um só que viva que lance os olhos acima da linha do peito e me agradeça pelo céu arranhado mas azul que ainda os deixo entre uma sacada e outra
mariana correia santos
foto: Cardeal Arcoverde (1972) - Carlos Moreira
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um corpo outro
você tem vinte e um e vinte e um anos tem o teu desejo já de um alaranjado fluorescente prestes a romper nunca se sabe sobre quem. ouve sua mãe dizer certa vez uma maldição anda nessa família você pensa isso ou a diabetes? tuas mãos não mais carregam surpresas às vezes é como fazer cócegas em si mesma. teus dedos longos e magros tão habilidosos teus dedos agora não são nada como um corpo outro. você é bem capaz mas quanto mais rotineira a viagem mais rápido se descobre o caminho mais certo chega o destino. mariana correia santos
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a meia
ali no canto, meio deformada, não calça ninguém e entre suas fibras a colônia de bactérias já fez casa. esquecida ao lado de um sutiã descartado, uma camiseta suada - o gato brinca, alguém escorrega. e se ocupa as esquinas durante muito tempo, a desordem não é apenas doméstica. trama impregnada de dias, se recusa a ser limpa. cede ao atrito, corrompe as veias, estica e figura uma nova anatomia. suga o sangue da ferida ao calcanhar, e todas as secreções de horas oferecidas ao caos. à noite é descartada, sem laços ou cuidado e sua presença em pontos obscuros, a brancura do algodão manchada do uso, flagra movimento e vida de quem já pensava não os ter mais.
mariana correia santos
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*1990 -
Matheus em frente à tela observa o mundo e tudo o que ouve é o som da própria voz. as aves têm seu timbre as ondas sonoras têm o tom de seu lamento a radiação dos gadgets sussurra a autopiedade que corrói sua alma adentro. seus planos ditam os trâmites internacionais o dólar aumenta pois vai viajar o carro à frente colide porque está com pressa a chuva cai porque quer sol. sobre seus olhos há um filtro da cor de seus conflitos e em discussões ele jura, em tom científico que o mundo é negro. Matheus em seu sentir tão exato em sua dor nunca mensurada ele é toda a ordem mundana é a resposta final a qualquer pergunta Matheus - a suprema condição de existência. pelamor-de-deus, Matheus.
mariana correia santos
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lar
não quero voltar à casa da infância. por toda a vida o pó que cobre a cidade, que senta quieto nas fendas do meio fio das calçadas - envelhecendo as fachadas, assentando entre os caminhos da tinta velha craquelada caindo nas beiradas - o pó em cima dos tetos penetrando as casas caindo no feijão, na água modelando os rostos pó que - antes fosse terra esse pó eu o sentia na pele, tornava meu suor lama, graxa sentia soprando na volta pra casa "aqui nada acontece, nada se cria, perece".
mariana correia santos
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