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"To stay behind bars until use and old age accept them and all chance of valor has gone beyond recall or desire." — LORD OF THE RINGS: THE TWO TOWERS (2002)
#• ·➤ everything comes in waves ll musings#to devendo umas quatro coisas mas posto amanhã#tô podre de sono
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤUm riso leve escapou de seus lábios ao vê-la ceder, ainda que com ares de quem enfrentava um grande sacrifício. "Cuidado com essa cara emburrada. Algum guardião das águas pode interpretar como uma ofensa," brincou, arqueando as sobrancelhas de forma teatral, deixando claro que o tal guardião, provavelmente, seria ela mesma. Assim que o remo foi entregue à amiga, Maressa assumiu a dianteira, começando o processo de remar com movimentos ritmados. "Facilitar as coisas tiraria todo o charme da aventura, sem contar que um caminho mais simples provavelmente estaria bem mais vigiado." Ela fez uma careta rápida. "E, convenhamos, o som das águas é relaxante. Você só não concorda porque tem alma de gato com medo de banho," completou, revirando os olhos de forma exagerada antes de deixar escapar uma risada breve.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤPara Maressa havia algo quase sagrado na sensação de deslizar sobre as ondulações suaves das águas. Cada remada parecia conectá-la ao rio, à vida que pulsava em suas águas, e, de certa forma, à própria deusa Nun. Contudo, desde o desaparecimento da pira, essa conexão havia se tornado instável, como um sussurro que ameaçava silenciar. A preocupação pesava em seu peito, mas ela escolheu ignorá-la naquela noite, focando no momento. "Além disso," continuou, "se pararmos para analisar todos os simbolismos e poesias, nada representa mais a liberdade do que o mar. Então, voltamos ao ponto de partida, onde você não passa de uma reclamona." O sorriso que surgiu logo após era metade provocação, metade afeto, um lembrete de que, apesar das diferenças, ela apreciava a companhia de Brianna.
Às vezes ela se perguntava que tipo de divindade havia ofendido para estar cercada de pessoas com a personalidade tão oposta a dela. O otimismo e despreocupação daqueles que partilhavam sua inclinação para a música era sempre algo que a fazia sentir que não pertencia a aquele núcleo. Mesmo assim, Brianna sorriu para a escuridão do corredor, seguindo Maressa para o pier, que fazia seu estômago revirar. Brianna não era estranha a quebrar as regras, pelo contrário isso parecia ser a coisa que ela mais fazia, fossem regras sociais, da academia, regras gerais de convivência, ela parecia determinada a quebrar todas elas. Sua hesitação não vinha da perspectiva de quebrar regras, isso já tinha virado parte de sua rotina, mas a parte de entrar no barco era o que fazia que ela demorasse um pouco mais para contemplar a liberdade. Nada que a provocação da amiga não desse um jeito, a melhor forma de obrigá-la a fazer algo era desafiá-la a não fazê-lo. Ela rosnou por um momento antes de ceder e entrar no barco. — Eu odeio essa parte. — reclamou, pois era a única coisa que podia fazer ao viver em uma ilha pela maior parte da sua vida. — Honestamente, será que seria difícil demais construir uma ponte entre as ilhas? Ou melhor, fazer a Academia no meio do continente, cercada por terra firme e zero água ao redor. Você tem sorte de que estou tão desesperada por liberdade quanto você, porque nunca em minha vida entrei em um barco por vontade própria.
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com @princekiercn, nos estábulos.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤDesde o roubo da pira, Maressa começou a se sentir estranhamente desconectada. Embora seus poderes ainda não mostrassem sinais claros de enfraquecimento, e Ishaan continuasse com o mesmo brilho azulado característico, algo dentro dela parecia estranho. Seu humor oscilava de maneira imprevisível, mudando abruptamente ao ponto de ela mesma não compreender completamente suas emoções. Com essas mudanças, Maressa passou evitar estar sempre próxima de muitas pessoas, buscando refúgio em momentos de solidão e foi assim que descobriu uma nova paixão pelos cavalos; já que não podia simplesmente sair e passar o dia todo p´roxima ao mar. O tempo passado com eles oferecia uma espécie de tranquilidade que até então ela só havia conseguido encontrar próxima as águas.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤAquele era um dos dias em que sentia ser melhor para ela estar sozinha, por isso, pegou um pequeno cesto onde colocou algumas cenouras para oferecer aos cavalos e foi até o estábulo em um dos horários que sabia não haver outras pessoas por lá. No entanto, quando chegou, se deparou com o príncipe herdeiro observando um dos estábulos. Seu cenho estava franzido e a expressão nitidamente séria, contrariando por completo o comum do amigo. A passos furtivos, ela se aproximou devagar, cuidando para não chamar a atenção dele. "Bu" disse próxima ao ouvido alheio em uma tentativa de susto, afastando-se em seguida e indo para o lado dele entre risos. "O que o pobre cavalo fez para você olhar para ele com essa carranca feia, ein?" Perguntou, imitando a carranca dele enquanto retirava uma das cenouras do cesto.
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𝐹𝑙𝛼𝑠𝘩𝑏𝛼𝑐𝜅.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ"Desde que não suba para a cabeça, ego inflado não faz mal, é até bom." Comentou, um leve erguer de ombros e um sorriso contido marcando sua indiferença quanto a isso. Era estranhamente satisfatório ver que pouco a pouco ele parecia estar mais confortável em sua presença. "Bom, você tem um bom ponto, mas ainda assim..." ela fez uma careta "pode chamar de intuição feminina, mas eu sinto que tem alguma coisa além do que sabemos. Mas, sendo sincera, já desisti de tentar entender." Um riso soprado escapou de seus lábios e então seus olhos, assim como os dele, se voltaram para aos pessoas ao redor, no entanto, retornar seu olhar para a companhia, percebeu que ele já a observava.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤAgora tão próxima dele, sentia uma familiaridade ainda maior oriunda daqueles olhos, como se já tivesse os encarado muitas vezes antes daquela. No entanto sua memória ainda a estava traindo sempre que tentava se recordar. O elogio a afastou dos pensamentos, fazendo surgir um sorrriso largo em seus lábios. "A prática traz algumas vantagens." Disse com um leve ar de convencimento, sustentando o olhar dele enquanto se permitia ser guiada. "Você, por exemplo, fez uma péssima propaganda de si mesmo, mas está se mostrando um ótimo dançarino, sequer pisou no meu pé até agora." Apesar da brincadeira, seu elogio era genuíno, assim como a vontade de ouvir novamente o risada dele.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSeguindo a coreografia, afastou-se levemente, girando o corpo com o mesmo gracejo das ondas, apenas para retornar aos braços dele logo em seguida. No entanto, ao antecipar o giro por um breve instante, acabou colidindo contra o peitoral dele. A proximidade inesperada deixou suas mãos espalmadas sobre a região, e seus rostos ficaram a meros centímetros de distância. Devagar, ela ergueu os olhos, encontrando o olhar dele fixo no seu. Um leve rubor começou a subir por suas bochechas, algo que ele certamente notaria. “Acho que você me elogiou cedo demais,” murmurou, a voz baixa, mas audível o suficiente naquela distância íntima. A tentativa de humor sendo sua válvula de escape para a vergonha. “Perdão,” completou, sem conseguir disfarçar o sorriso tímido.
FLASHBACK.
Agradeceu mentalmente que havia dito as coisas certas dessa vez, mesmo que não tivesse que pensar muito para dizer coisas daquele tipo - realmente pensava daquela forma, por mais fora da norma que isso fosse considerando a importância da nobreza e dos costumes no mundo atual. Ela teria notado o vermelho que tingiu levemente suas bochechas com o elogio que não escutava rotineiramente, não fosse a máscara cobrindo suas feições. "Desse jeito meu ego ficará inflado." Admitiu, deixando um riso leve escapar, levando consigo o nervosismo. A conversa estava mais do que agradável até então, e ele rezava silenciosamente a Hórus que se mantivesse daquele jeito.
Escutou a pergunta em silêncio, não havia companhia, ele havia ido ao baile sozinho, até porque ele tinha noção de sua fama ou infâmia, então, não a compartilharia com qualquer outro, mesmo que soubesse que haviam aqueles que não se importavam tanto assim com seu passado. Dava graças aos Deuses por ter encontrado aqueles que viam a mudança além do que ele fora um dia. "Bom, acredito que as máscaras dificultem encontrar as pessoas com quem combinamos de vir... Principalmente com tantos novos alunos por aqui." Comentou, olhando ao redor por um momento antes de voltar seu olhar a ela.
Havia uma sensação fora do usual quando olhava para a garota à sua frente por muito tempo, mesmo que seu olhar normalmente afiado não reconhecesse as feições belas da mulher. De qualquer forma, não se permitiu levar por aquilo, afinal, era um baile de máscaras, não deveria estar tentando lembrar quem era aquela pessoa, deveria apenas aproveitar o momento. Seus passes na pista de dança eram básicos, mas vez ou outra tentava copiar algo que outros cavalheiros ao redor deles faziam para dar alguma graça e elegância ao seu gingado que, apesar de presente, não brilhava tanto no passar ritmado da valsa que tocava por não ser profissional ou mesmo muito treinado nos vários aspectos da dança. "Devo elogiá-la. Você dança bem..." Podia dizer ao menos isso com seu conhecimento. "Fico impressionado com quem consegue se mover com tanta leveza."
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𝐹𝑙𝛼𝑠𝘩𝑏𝛼𝑐𝜅.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤO quão irônico era um de seus problemas encontra-la justamente quando ela buscava fugir de problemas? Certamente ela não era capaz de mensurar, mas pensar sobre a fazia ter vontade de rir. Não o tipo de risada leve e bem humorada que geralmente as pessoas ouviam dela, e sim o tipo de risada que leva mulheres para um hospital psiquiátrico. E se aquele encontro houvesse acontecido em uma das noites reservadas para dança? Não teria nem como fingir que se tratava de outra coisa, e, certamente, toda a Aldanrae estaria ciente no dia seguinte de seus hábitos, inclusive seus pais que habilmente encontrariam formas muito criativas de fazer com que ela se arrependesse de seus atos. Até poderia acusa-lo de mentir, mas ele ainda era o maldito príncipe mais novo e sua palavra era tida como crível por uma parcela gigantesca da população simplesmente por ele ser quem era. Ela odiou Vincent naquele momento. Odiou a escolha dele de aparecer justamente ali naquela noite e odiou ainda mais que o sobrenome que o cretino carregava desse a ele uma credibilidade que ele certamente não merecia.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤTodavia, o espanto que passou por suas feições após o tapa desferido causou em Maressa uma pequena porcentagem de satisfação, e por uma breve fração de segundos ela imaginou que talvez o pouco de bom senso existente nele retornasse. Mas não demorou muito para que ela fosse relembrada que era quase impossível associar bom senso e ele na mesma frase. "Claro que você não faz, mas o punho que atingiu seu lábio certamente sabia muito bem o que estava fazendo." Assim como ele, Maressa não fez a menor questão de esconder o sarcasmo empregnado em cada palavra que compunha sua fala, deixando evidente que ela não comprava aquela história. Não se deu o trabalho de responder a fala seguinte, limitando sua reação a um revirar prolongado de olhos e um último olhar desdenhoso.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤEntretanto, o que ouviu a seguir a fez parar. Ele realmente acha que pode me ameaçar assim? Pensou. Virando a cabeça levemente para o lado, ainda incrédula do novo absurdo que havia acabado de escutar, ela voltou mais uma vez sua atenção ao príncipe, mas dessa vez, carregava uma expressão estranhamente divertida no rosto, seu olhar afiado dando uma deixa silenciosa de que havia aceitado entrar naquele joguinho de ameaças. "Tem razão. Seria péssimo para minha imagem, certamente chegaria ao mais baixo nível que uma dama pode chegar." Concordou ela, dando mais um pequeno passo na direção do outro. Mantinha os olhos fixos aos dele para que ele percebesse o quão sério falava. "Mas, sabe, eu me pergunto o que aconteceria mais rápido, minha imagem arruinada ou você arruinado se eu gritasse aqui e agora que o príncipe mais novo de Aldanrae está proferindo ameaças contra mim." Seu sorriso se ampliou, e, pela primeira vez desde que aquela conversa havia começado, Maressa parecia se divertir de verdade. "Das pessoas que estão aqui, fico pensando quantas delas você já irritou e quantas delas ficariam felizes em te arrebentar simplesmente por você ser quem você é, príncipe." Proferiu o título com irônia e em seguida estalou a língua no céu da boca. "O que me diz? Gostaria de fazer uma aposta para ver qual dos dois se arrepende mais rápido de ter vindo aqui hoje?" Tê-lo encontrado ali já era arrependimento o suficiente para ela, mas claramente ela não daria a ele a vantagem de saber disso.
flashback.
Maressa era uma criatura tão imprevisível quanto as ondas do mar, mas Vincent nunca imaginou encontrá-la daquele jeito — vestida como uma simples plebeia, parecendo tão diferente agora que usava o vestido puído escolhido para vagar entre os inferiores como um deles, embora a delicadeza e os olhos azuis inabaláveis denunciasse que se tratava de uma nobre. Sentia que, por alguma obra do acaso, havia descoberto um segredo dela que em circunstâncias normais jamais teria acesso — e a julgar pela forte insatisfação estampada na cara de Maressa, ele definitivamente não era querido naquele ambiente. Ótimo. Irritá-la sempre era uma conquista tão satisfatória que até o fez esquecer que também estava igualmente exposto ali, pego disfarçado entre as pessoas.
Vincent levou a cerveja aos lábios para dar um gole, eclipsando o próprio sorriso sórdido que inevitavelmente abriu ao vê-la processar tamanha injúria à honra e a dignidade com a insinuação que ela deveria estar no bordel. Não era a forma adequada de se tratar uma dama, mas Vincent gostava de atropelar os limites; não perderia a oportunidade ideal para se desprender ainda mais do decoro. Inesperadamente, o estalo do tapa ecoou alto pela taverna, a ardência que se espalhou pela bochecha de Vincent pegando-o de surpresa. O espanto engoliu as palavras na boca do Príncipe, que levou a mão até a mandíbula, passando a mão pelo rosto e encarando-a como se ainda não acreditasse que ela ousou dar um tapa na cara dele daquele jeito. Podia sentir os olhares curiosos dos rapazes que a elogiaram sobre ele, fazendo um sorrisinho quase imperceptível se erguer no canto dos lábios de Vincent, ameaçando deixar escapar o súbito bom humor. Se Maressa conhecesse suas preferências secretas, certamente não faria aquilo de novo.
Quando o olhar de Maressa parou sobre seus lábios, Vincent levou a ponta do indicador até ele, o relevo do corte lembrando-o da confusão que havia se metido instantes atrás. O flash do soco que o atingiu piscou na mente, a memória dando razão à suposição assertiva da khajol. “Não faço ideia do que você está falando…” Se fez descaradamente de desentendido, nenhum pouco preocupado em soar convincente. Era uma pena que nem todo casal fosse adepto a dividir, de forma que alguns homens reagiam de forma um tanto violenta quando flagravam Vincent com suas companheiras. Entendia, é claro, que a cultura da monogamia já estava muito enraizada na sociedade, mas era irritante acabar sendo afetado por ela. Que mal fazia tirá-los do tormento da rotina? O rapaz que o agrediu era, na verdade, um tremendo mal agradecido! Embora o corte no lábio não estivesse nos planos, Vincent o enxergava como um motivo de vergonha, assim como o tapa que havia recebido. Ele ergueu o queixo com um ar prepotente, um sorrisinho orgulhoso deslizando pelos lábios, o brilho da malícia cintilando no olhar. “Mas quem disse que eu não me dei bem?” Na visão dele, uma coisa não tinha nada a ver com a outra. Não é como se estivesse arrependido. Ao vê-la prestes a descartá-lo feito um prostituto depois de tê-lo usado para a própria satisfação, Vincent estalou a língua, descontente. “Se eu fosse você, teria mais cuidado. Não acho que seria bom para sua imagem se surgissem boatos sobre por onde você anda se enfiado por aí — e nem me refiro a você sabe onde.” provocou, deixando a ameaça velada pairar no ar.
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𝐹𝑙𝛼𝑠𝘩𝑏𝛼𝑐𝜅.
"Você não bebe com muita frequência? Oh, isso sim pode ser perigoso, ainda mais em locais com tantas bebidas desconhecidas sendo oferecidas." Maressa lutou para manter o bom humor, ainda que seu maior desejo fosse informar a estranha que os changelings que ela havia encontrado naquela noite haviam sido companhias muito mais agradáveis do que ela estava sendo ao despejar todo aquele preconceito em suas orelhas. "E lidar com a frustração é meio complicado mesmo." Disse, a fala parecendo mais um desabafo perante aquela situação.
As falas seguintes não tiveram um impacto muito melhor em Maressa, que a observava com uma descrença contida no olhar. Alguns sotaques podiam ser mais complicados de compreender, mas ainda assim eram compreensíveis, e olhar para os sapatos? Quem era ela, uma alfaiate? Uma pedicure, para se importar tanto com os pés alheios? Fora que falar sobre o modo de dançar dos changelings parecia bizarro, visto que eram as únicas danças que pareciam conter vida por ali. Maressa queria dizer-lhe com exatidão todos os pontos que tornavam as observações dela absurdas e desnecessárias, mas conforme olhava o rosto dela, parecia desenvolver uma afeição genuína pela outra, ainda que a mesma estivesse lhe dando nos nervos, e, por conta disso, suavizou sua fala. "Eu acho que... Simplesmente não me importo. Pra que ligar para a forma que uma outra pessoa fala se ela fala de uma forma que eu sou capaz de compreender?" Maressa forçou um sorriso que ela rezava para parecer suficientemente convincente. "E eu geralmente olho no rosto das pessoas, não nos pés. Acho que por isso eu não percebi nenhum." Ela ergueu os ombros levemente.
O alívio de saber que estava tudo bem com a outra invadiu Sigrid, porque não considerava que estava tendo uma boa noite e tudo se tornaria pior caso tivesse que lidar com a possibilidade de ser a responsável por arruinar o vestido alheio. Era tudo o que não desejava, porque só conseguia imaginar o terror de ter as vestes machadas em um dia de baile. "Ah, que bom que está bem." Proferiu, os olhos passando pelo vestido bonito apenas para ter certeza. "Prometo que não vai acontecer de novo, não é algo que faço com frequência! Costumo ser bem controlada." Contou, um segundo depois percebendo que poderia parecer uma louca. "Não dou dada a acessos de raiva também. Acho que só estou um pouco frustrada hoje, me sentindo abandonada com esse bando de changelings." Olhou em volta, abaixando o tom de voz, como se fosse capaz de identificar cada um deles por trás das máscaras elegante. E não era, o que adicionava uma camada a mais em sua frustração.
"Eu vi alguns por aqui." Confirmou, os ombros se ajustando com exagerada confiança ao falar. "Você não conseguiu identificar? Alguns falam com o sotaque do Baixo Império, denunciando a origem. Outros dançam como changelings, de uma maneira mais..." Parou por um momento, procurando a palavra certa ao ser envolvida pela dúvida. "Mais informal? Acho que posso usar essa palavra. Alguns outros é apenas olhar para os sapatos sujos e surrados." Suspirou, como se estivesse cansada de observar tantos detalhes. "Você não percebeu isso?" Os olhos claros de voltaram para a figura de cabelos loiros, o certo carinho se estabelecendo no coração apesar de não conhecê-la. Como todos os outros, parecia apenas estranhamente familiar.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤO capuz mantinha uma parte do rosto parcialmente escondido enquanto ela caminhava as pressas com Brianna pelos corredores, dando seu máximos para evitarem serem vistas por quaisquer curiosos que passassem por ali. "E eu diria que você pensa muito pouco de si mesma, toda aquela discussão que nós duas já estamos cansadas de ter." Ainda que sua réplica soasse divertida, ambas sabiam que era verdadeira, uma vez que Maressa já tinha um monólogo pré-preparado para todas as vezes em que a amiga insistia em fazer pouco de si mesma. Um riso perigosamente alto lhe escapou após a fala da garota. "Eu até poderia ter medo disso ser verdade se eu não soubesse o quanto você mesma detesta todas essas regras, Bri." Por baixo do capuz, ela revirava os olhos, de forma tearal, mesmo sabendo que a amiga dificilmente veria.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤDiferentemente de Brianna, Maressa entrou no pequeno barco que as aguardava sem qualquer hesitação, se preparando para desfazer o nó que o prendia ao cais. "Olha, eu sinto que se eu não tiver um local para respirar algo que não grite problemas e drama eu vou enlouquecer. Até mesmo o Ishaan hoje parecia perto de endoidar comigo, então sim, eu tenho certeza." Respondeu decidida, estentendo um dos remos na direção dela. "A não ser..." Ela o balançou levemente, como se a estivesse provocando. "Que todo aquele papinho de gostar de ser livre fosse mentira e você, no fundo, é só mais uma bunda mole real..." Ela estreitou os olhos na direção da amiga, como se a analisasse profundamente. "E então, princesa? O que vai ser?"
✧ with: @maredoomstryke ❝ you're not as bad as you make yourself seem. ❞
Brianna cobriu a boca com a mão para abafar o riso, entrelaçando o braço com Maressa enquanto se esgueiravam pelos corredores do castelo em direção ao píer no subsolo. — Bem, eu diria que você me dá bem mais crédito do que mereço — Exclamou sem deixar o divertimento fora de seu tom. Por pior que fosse a impressão que a mulher tinha de si mesma, era de fato refrescante ver a si mesma sob uma nova perspectiva, ou talvez fosse apenas a brisa do mar, indicando que se aproximavam do seu destino. — Eu posso muito bem estar te levando para as garras da imperatriz por estar tentando escapar da Academia no meio de uma semana letiva. Para uma atividade tão frívola quanto dançar em uma taverna, acima de tudo. Imagine o escândalo que seria? — Seu sorriso era travesso, apesar das promessas vazias em sua voz. A verdade era que Brianna ansiava por um pouco de diversão após tempos tão turbulentos com a chegada de novos residentes em Hexwood, e a ideia de escapar para uma noite de dança em anonimato era de fato instigante. Mas claro que manteria essas informações para si, afinal de contas, acima de qualquer outra coisa ela tinha uma imagem a manter. Arrumando o capuz sobre os cabelos de forma que escondesse o seu rosto um pouco melhor, ela exitou antes de entrar no barco, se perguntando se o receio era pela perspectiva de navegar até Zelaria ou pela perspectiva de fuga em si. — Você tem certeza que quer fazer isso? Ainda dá tempo de desistir.
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𝐹𝑙𝛼𝑠𝘩𝑏𝛼𝑐𝜅.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤInúmeras vezes ela se perguntava se perceber as nuances nos comportamentos alheios era realmente um dom ou apenas mais um toque da maldição que sua deusa lançara sobre sua família tempos atrás. Essa sensibilidade nem sempre era útil; afinal, não podia simplesmente questionar as pessoas sobre o que as atormentava, especialmente quando se tratava de desconhecidos, como aquele que estava diante dela agora. As sutis mudanças em seu rosto lhe pareciam pequenos anúncios silenciosos de uma inquietação interna. Cada expressão revelava que sua mente estava longe, imersa em algo que ele claramente não pretendia dividir — talvez com ninguém. O silêncio que se seguiu e a súbita mudança de assunto foram indícios mais do que suficientes para Maressa perceber que aquele era um território fechado, um recanto onde ele guardava suas próprias tormentas, e, sendo ela uma pessoa que possuía suas próprias tormentas, decidiu respeitá-lo.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤUma tempestade. O adjetivo a fez sorrir, em uma concordância silenciosa. Seus medos, incertezas, revoltas e desejo por uma realidade diferente da qual vivia representavam justamente isso, uma tempestade, uma tempestade que assolava as águas profundas de sua mente de tal forma que muitas vezes ela se via com medo de ser engolida por ondas muito maiores do que ela parecia ser capaz de suportar. "É uma forma de se ver. Ouvi dizer que alguns sentiram como se o mar os contasse um segredo..." Um riso baixo e soprado saiu por seus lábios enquanto o copo era gentilmente devolvido para a mesa. De certa forma, ambas as comparações estavam corretas, mas assim como ele, ela possuía segredos que não falaria abertamente com tanta facilidade. "Gosto de saber as diferentes percepções." Ela encolheu levemente os ombros. "Ah, eu tenho pretenções, gostei bastante do lugar."
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤFoi quando ele pareceu envergonhado que ela teve a certeza de que ele de fato lutava contra questões internas mais complexas do que suas deduções eram capazes de descobrir. Ela não se ressentia da falta do flerte inicial, mesmo que sua beleza houvesse chamado sua atenção, o reconhecimento que viu nele e naquele olhar a atraíam muito mais do que a possibilidade de acabar a noite em sua cama, afinal, não era o que ela buscava naquele dia. "Uma criança sendo trazida a uma taverna? Que pessoas interessantes seus pais devem ser." Se viu dizendo enquanto mantinha o sorriso nos lábios, assumindo que ele havia se referido a infância. "Eu conheci alguns artistas proclamados que eram tão artistas quanto essa mesa na nossa frente e outros que sequer queriam o título mas que a arte parecia ser parte do sangue que corria em suas veias." Falou com sinceridade, levemente frustrada por não poder comentar que geralmente os não artistas que ela conhecia acabam se apresentando em ambiente muito mais pomposos do que aquele, e geralmente eram adorados pelo povo dela. "Toda a arte surge da admiração."
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤA admissão a surpreendeu, ainda que feita em um tom tão baixo que passava a impressão de que ele estava envergonhado pelo o que havia acabado de dizer. "Eu quase não subi no palco hoje. Tive medo de não me enquadrar." Ela admitiu, fazendo uma pequena careta ao compartilhar aquele segredo. "Mas, lembrei de algo que minha avó me ensinou a algum tempo atrás, que ajuda a trazer calma." O sorriso se tornou cúmplice. "Se você me permitir, posso te ensinar um pequeno segredo de família que pode ser muito útil à você em momentos de incerteza."
flashback.
ㅤㅤㅤㅤFoi o sorriso delicado e feminino que o despertou para a realidade. Céus, ela era linda, com olhos que pareciam inundá-lo, e era também a distração perfeita para evitar enfrentar o seu pesar. Já havia se tornado um hábito difícil de quebrar, e o estava fazendo de novo–o álcool, o flerte vazio, a busca desesperada pela anestesia de não se lembrar; em quantos vícios podia se enfiar para não ter que pensar nela? Ali, naquele espaço que um dia havia dividido com Alya em segredo, lhe parecia quase profano que estivesse dando em cima de alguém com tanto despudor. A culpa o atingiu como uma lâmina cega, seu corte tudo menos limpo, diretamente até a pequena e esquecida parte de si que ainda acreditava ter alma, onde a sentiu se dilacerar. Na superfície, sua expressão foi da malícia à neutralidade, como se estivesse prestas a perguntá-la sobre o clima e não convidá-la para a sua cama.
ㅤㅤㅤㅤAo redor de si, tijolo por tijolo, conduziu os próprios pensamentos a reerguer o templo de luto que quase havia deixado desmoronar. Em um outro lugar, talvez, mas não ali. Corrigiu sua postura, até então inclinada na direção da dançarina, de modo a devolver-lhe seu espaço pessoal. Abandonou a caneca de vinho sobre o balcão–por ora lhe bastava. Sabia que a repentina mudança não passaria despercebida, mas era melhor do que violar a santidade do que cultivava como sagrado.
ㅤㅤㅤㅤA encarou como se realmente a pudesse ver agora e, com a lembrança de seus movimentos ainda fresca, percebeu que talvez parte dela o entendesse. A performance da mulher no palco havia sido linda e graciosa, era verdade, mas também lhe parecera triste, como se tivesse um turbilhão de emoções prestes a transbordar em cada passo. ❛ Sua performance foi... ❜ Pausar se fez necessário para escolher a palavra certa com o cuidado de um poeta. ❛ Uma tempestade. ❜ Concedeu, por fim, optando pelo simples. ❛ Você deveria vir mais vezes. ❜ Comentou, a observação despida de significados que não o mais puro: a mulher ali parecia pertencer e, a julgar pelo completo abandono com que se entregara na frente da plateia, também o sabia. ❛ É raro ter um espaço em que a arte é tudo o que importa. ❜ Prosseguiu, parecendo mais pensar em voz alta do que esperar resposta. Raro era bom, pois o tornava precioso, um prazer indulgente que o confortava de modo mais saudável que a bebida.
ㅤㅤㅤㅤSentiu a atenção da mulher recair sobre si conforme bebericava sua bebida e–covarde, acabou por desviar o olhar. Não a podia querer naquele momento, e o olhar cruzado seria mais que suficiente para o tentar. Detestava a ter colocado naquela posição estranha ao ouvir seus impulsos e não a razão, pois ficaria óbvio que suas intenções haviam mudado, o poço de seu desejo contaminado pelo amargo da perda. Já não tinha clima para a conversa e, a bem da verdade, perdera também a vontade de se apresentar, a noite parecendo fadada a terminar como todas as outras desde a perda: ele, em silêncio às margens do palco, desistindo no último minuto e guardando para si a sua voz. ❛ Eu costumava vir mais quando era mais novo. ❜ A verdade maquiada lhe pareceria mais agradável aos olhos, afinal. ❛ Não sou artista. ❜ E aquela era a segunda das facadas–a admissão de que não era tudo o que sonhava e mais. ❛ Sou só um admirador. ❜ Acrescentou com um dar de ombros, sabendo soar ridículo–aos olhos dela, era provável que tivesse se reduzido a só mais um dos homens que frequentavam o lugar pelos motivos errados.
ㅤㅤㅤㅤTalvez fosse por não a conhecer, talvez fosse a ideia de que era improvável que se cruzassem novamente. Fosse o que fosse, como uma virada de chave, decidiu lhe contar a verdade. ❛ Era para eu cantar hoje. ❜ Admitiu, a voz quase quieta. Não mencionou que seria a primeira vez em público desde a morte de seu grande amor. ❛ Mas acho que não estou pronto. Talvez nunca esteja. ❜
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𝐹𝑙𝛼𝑠𝘩𝑏𝛼𝑐𝜅.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ“Se mais pessoas compartilhassem nossa opinião, imagino que o mundo seria um lugar melhor!” respondeu, exagerando de propósito e rindo logo em seguida. A resposta dele a pegou um pouco de surpresa — uma surpresa agradável —, mas antes que pudesse dizer algo, se viu rindo de novo, achando graça do leve nervosismo que ele tentava disfarçar. “Saiba que os efeitos do álcool estão te ajudando a dizer exatamente o que uma dama quer ouvir,” tranquilizou-o com um sorriso divertido nos lábios. “Ainda mais quando é um belo cavaleiro dizendo isso.” Seus ombros se ergueram de leve, como se reafirmassem sua despreocupação com as etiquetas que tanto lhe eram ensinadas.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤEnquanto ele falava, ela o observava atentamente, arqueando as sobrancelhas ao ouvir que ele também havia se perdido das pessoas com quem viera. "Você também perdeu suas companhias? Lamento ouvir isso — imagino que tenha dado uma certa estragada na sua noite. Mas vou te falar, muita gente pareceu se perder das companhias essa noite, parece quase um combinado." Um riso soprado deixou seus lábios, como se desdenhasse da possibilidade, ainda que ela mesmo houvesse cogitado a possibilidade desses desencontros não serem ocasionais durante a noite. Seu cenho franziu levemente ao perceber novamente ele hesitando, e uma genuína curiosidade a invadiu; queria saber o que poderia ter acontecido e se isso tinha alguma relação com a cautela que ele demonstrava. Contudo, respeitava o espaço dele, especialmente considerando que acabavam de se conhecer.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤImitando-o, deixou o copo sobre uma bandeja próxima e o encarou com um sorriso amplo. “Disse sim.” Com um gesto tranquilo, estendeu a mão na direção dele, entrelaçando seus dedos aos dele com leveza. Aquele toque despertou novamente aquela estranha sensação de familiaridade, uma sensação que, para sua sorte, ela conseguiu conter rapidamente. “Claro que aceito.” E então, acompanhou-o até a pista de dança, pousando delicadamente a mão sobre o ombro dele antes de começar a mover-se ao ritmo da música, aproveitando o momento, deixando o ambiente e o ritmo envolvente fazerem o resto.
Arthas não pôde rebater ao que ela dizia, sabendo bem que ela não havia levado o que ele dissera como um real interesse seu por vestir um corset, ou assim esperava. "Digo o mesmo. Acredito que o simples fato de estar confortável já deixa qualquer um mil vezes mais elegante, do meu ponto de vista." Comentou, sem medo de dizer aquilo que pensava, mesmo que a ideia pudesse ser mal vista na alta sociedade, sendo aquele o padrão de beleza do momento. Sua opinião também não faria tudo aquilo acabar, então, costumava guardá-la para si, até porque não tinha uma tão bem formada assim sobre moda ou qualquer coisa do tipo. "E mesmo assim você está conseguindo ficar bonita sem sacrificar o privilégio de respirar..." Ele comentou, exibindo um leve sorriso, cortês, porém, logo desviou seu olhar aos petiscos novamente. Talvez ele estivesse falando demais para alguém que não deveria estar tão abertamente se expondo daquela forma. "Perdoe minha ousadia em dizer isso em voz alta. Acho que o drink fez seus efeitos, não costumo ficar falando coisas assim." O riso leve, nervoso, se fez necessário naquela situação, uma vez que não queria que aquilo fosse visto de forma errada. Quem era ele para tecer elogios assim descaradamente?
Escutou com calma o que ela dizia sobre pessoas que reconhecia terem sumido e assentiu. "Na verdade, eu tenho a mesma sensação..." Apesar de que, para ele, aquilo era mais uma dádiva e um alívio que qualquer coisa. Odiaria estar rodeado dos olhares que o perseguiam onde quer que estivesse, pelo menos ali parecia que ninguém o ficava observando, e isso já era um conforto que não havia conseguido sentir desde que voltara do reformatório e fora admitido em Hexwood. "Eu costumava gostar mais de eventos festivos, se vou ser sincero... Agora, não parece tão interessante para mim." Talvez por receio do que pudesse fazer se se permitisse aproveitar um pouco sequer da celebração. "Você disse que gosta de dançar, certo?" Ele comentou, deixando seu copo de lado, numa bandeja de um dos serventes que passada, e ofereceu sua mão. "Aceita uma dança?" Não era dos melhores dançarinos, mas certamente faria o básico com maestria.
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Ela parou no instante em que ele pronunciou seu nome, piscando algumas vezes enquanto o reconhecimento surgia lentamente. “Roiben?” respondeu, em um tom quase inaudível, ainda absorvendo o impacto da descoberta. Embora ele claramente já a tivesse reconhecido, para ela a ficha caía naquele momento, e a surpresa a deixou brevemente sem palavras. Maressa nunca teve problemas em dividir o instituto com os changelings, mas, desde que chegaram, tornou-se inevitável reencontrar alguns rostos familiares das noites em que fugia para as tavernas. Aqueles eram rostos que a reconheciam por outra faceta, e ela nunca teve certeza de como reagiriam ao descobrirem que, na verdade, ela era uma khajol.
"Eu..." Começou a falar, mas logo se calou novamente, completamente perdida em como prosseguir. Ela havia encontrado com Roiben algumas vezes e trocado correspondências com ele por um certo período, no entanto, após os pais ficarem muito próximos de descobrir que a vida dela não se limitava aos estudos em Hexwood, Maressa acabou se afastando de quaisquer elementos que podiam denuncia-la, e isso se estendeu a correspondência entre eles. E claro, aquela podia ser uma boa justificativa para o afastamento súbito, mas como ela explicaria a parte da omissão sobre quem ela de fato era? E ainda, qual seria a reação dele? Ishaan parecia um globo de festa, emitindo diferentes tons de azul conforme as emoções de Maressa oscilavam. Ela segurou a bolsa com mais firmeza, de modo a deixar o seon um pouco mais afastado do campo de visão alheio. "Eu estudo aqui." Disse quando um pequeno fio de coragem finalmente a despertou para o fato de que precisaria falar alguma coisa.
"Eu sou uma khajol, Roi...ben." Por muito pouco não o chamou pelo antigo apelido, achando que talvez isso pudesse deixar as coisas ainda mais esquisitas do que já estavam. Seus lábios se apertaram com força similar a que ela apertava a alça da bolsa, extremamente tentada a sair correndo dali ou inventar alguma mentira para tornar aquele momento menor pior, no entanto, agora que dividiam o mesmo ambiente, ambas as possibilidades não trariam melhorias, apenas piorariam algo que já era ruim por si só. "Antes de qualquer coisa, só... Me escuta. Não é tão..." seus lábios se apertaram novamente enquanto tentava pensar em adjetivos bons o suficiente. "Não é exatamente o que parece."
Os Arquivos não eram exatamente o local preferido dos cavaleiros de dragões, o que significava que eram pouco vistos com um livro em mão em dias normais - para isso, tinham seus preciosos escribas. Em Hexwood, contudo, toda a ignor��ncia dos montadores parecia ficar ainda mais evidente em meio a um mar de khajols aplicados e dedicados ao estudo de seus deuses e de todas aquelas bruxarias. Era como um golpe no ego de Roiben, que sempre tinha sido um cavaleiro bem recomendado, o primeiro de seu esquadrão, orgulhoso de tudo o que era capaz de fazer; ali, seus conhecimentos não pareciam ter valor algum para aquela gente. Ainda assim, não foi de propósito que acabou esbarrando nos livros da khajol – apenas uma das muitas inconveniências de ter de dividir o espaço com eles. Até entendia que a casa fosse dos feiticeiros, mas era inegável que podiam ser demasiado espaçosos e pouco hospitaleiros. Podia ter um relacionamento melhor com os donos do lugar do que muitos cavaleiros do Quadrante, mas isso não significava que desejava estar ali e não no conforto de Wülfhere, mesmo que Wülfhere fosse só um amontoado de pedras atualmente. Ao receber o aviso de cuidado, que o corpo imediatamente recepcionava como uma ameaça – mesmo que vinda de um ser diminuto como aquele – foi natural o retrucar, algo sobre a mais nova não ser cuidadosa o suficiente com suas próprias coisas, o que ele não estava em posição de assumir, já que não a conhecia, e ela estava certa quando disse exatamente isso. O cavaleiro seguiria em frente independentemente do discurso contendo lição de moral que era proferido, apenas ignorando-o, não tivesse o timbre alheio soado em seus ouvidos reacendendo uma memória. Foi só quando as íris focalizaram, de fato, na mais nova, que o Kaya soube que não estava diante de uma completa desconhecida. Ou melhor, percebia agora que, se dependesse de Mare, ele não saberia muito além de seu primeiro nome, como o fato dela ser uma khajol. "Mare?" testou, franzindo o cenho e retornando para se virar na direção dela. Seria possível que estivesse confundindo? Tinham se visto poucas vezes, mas Roiben tinha considerado saber o suficiente para ser capaz de reconhecê-la, e para concluir que ela não passava de uma humana. Tantas horas de conversa tinham de servir para algo. "O que está fazendo aqui?" questionou, sorrindo sem graça, como se tivesse sido pego desprevenido. Na realidade, o que queria mesmo era perguntar: o que está fazendo aqui se você é apenas uma humana? "Quero dizer, você não deveria estar aqui, deveria? Hexwood é uma instituição para khajols"
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤDesde o primeiro dia, quando ambos eram crianças fugindo de formalidades tediosas das quais eram obrigados a participar, ela havia encontrado em Gale o encaixe perfeito para seu espírito naturalmente aventureiro; fosse enquanto se escondiam debaixo de mesas para roubar sobremesas antes do jantar ou em momentos roubados como aquele, onde tudo o que desejavam era a companhia um do outro e o som agradável do movimento das águas. Maressa era o próprio mar revolto indo de encontro as águas calmas que representavam Gale.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤLevemente inclinada sobre a lateral do barco, Maressa tocava a água com a ponta dos dedos quando a voz dele se fez audível, fazendo um sorriso amplo se formar em seus lábios; ela entendia perfeitamente o que ele estava dizendo. “Eu tenho me escondido?” Ela fingia indignação, seu cenho levemente franzido enquanto fingia julga-lo. “Você que parece ter se enfiado em uma caverna nos últimos dias, e olha que eu sempre te vi como uma criatura dos mares," seu tom era levemente sarcástico. A fala seguinte a fez revirar os olhos de forma teatral antes de um riso escapar por seus lábios. "O seu drama, todos os dias me encontro com ele para discutirmos qual história resolver." Aproveitou a mão molhada para fazer com que alguns respingos voassem na direção dele, tornando a rir. "A verdade é que você subiu de nível e esqueceu daqueles que só irão subir no fim desse ano." Disse, sua expressão se tornando levemente emburrada. Sentia falta das aulas que assistiam juntos, até mesmo das pequenas discussões que as vezes sucediam alguma matéria mais crítica.
com @maredoomstryke, às horas que quisesse, além da Porta da Alcova
Ela ainda tinha aquele mesmo riso de quando eram mais jovens. Desde os eventos sociais tardios em que acabavam juntos em sofás laterais numa soneca cúmplice enquanto os adultos faziam o que adultos faziam, Maressa seguia com aquele mesmo riso, e Gale seguia com aquele mesmo hábito de pô-la em suas aventurinhas. Claro, após o ingresso na Academia, por limitações e regras e mais regras, às vezes perdiam-se nos corredores esplendorosos e exageradamente pomposos; justamente o motivo que o fez, portanto, convidá-la para uma quebra de protocolo em meio a um dia simplório como uma terça-feira. "Fazia tempo demais que eu tava precisando disso", comentou, remando o barco de madeira para o recôncavo canto atrás das rochas, nem tão longe das docas, mas protegido o suficiente para não serem vistos.
Não havia definido "disso", porque não sentia que precisava. Maressa e o mar e a falta de relógios pela ilusão de se ter todo o tempo. "Por onde você tem se escondido tanto? Parece que não te vejo há anos", embora fizesse só algumas semanas desde que o ano escolar recomeçara, agora um nível acima do dela e perdendo-a de sua companhia nas lições. "Quem tá competindo pelo seus almoços e dias livres?", brincou, como se fingisse ciúmes. Soltou os remos para escutá-la junto da canção das ondas e porque o balançar contínuo das águas era aprazível. Havia um cheiro de sal e saudades no ar.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤEla notou o riso baixo dele e acabou o acompanhando. "Imagina, acontece. Pode ficar tranquilo," respondeu, em um tom leve e tranquilizador, antes de voltar ao assunto. "Nem todos são bons, tem um de vegetais que, pessoalmente, acho meio sem sabor... parece que falta algo. Não sei explicar." Com um gesto sutil, apontou para onde o tal canapé estava. "Aquele ali é o grande inimigo do sabor, mas não dá pra negar que a apresentação dele é impecável com todas aquelas cores." Ela ergueu levemente os ombros, num gesto de resignação.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤDona de uma mente criativa e língua afiada, Maressa não conteve o riso ao ouvir a resposta seguinte. "Se me permite dizer," começou, como se já se desculpasse pela ousadia, "acho que os corsets não te valorizariam muito bem. Você fica melhor com as roupas que está usando agora." Mudando para um tom quase conspiratório, ela acrescentou: "A verdade é que a maioria de nós também detesta esses trajes. Mas acabamos sacrificando alguns privilégios — como o de respirar — em busca de ficar bonita." A lembrança da mãe a repreendendo por seu modo informal de falar lhe veio à mente, arrancando outro riso breve. "Sendo sincera? Até agora estou gostando, adoro festas e ocasiões para dançar. Só tem uma coisa que me incomodou: todas as pessoas que conheço simplesmente sumiram nesse salão, e me senti um pouco perdida ao longo da noite." Ela suspirou levemente e desviou o olhar, repousando-o no rosto dele novamente. "E você? Como está sendo a sua noite até agora? Está se divertindo?"
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSendo filha de pais controladores, Maressa aprendeu cedo alguns truques para ocultar certas coisas deles. Entre as lições essenciais, aprendeu que estar alimentada o suficiente diminuíam o efeito do álcool no organismo. Não havia bebido tanto aquela noite, mas ao passar pela mesa de comidas, notou que haviam alguns itens dos quais ela gostava muito, por isso se aproximou da mesa, pegando uma unidade e comendo logo em seguida.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤQuando estava prester a engolir, a voz masculina chamou sua atenção, fazendo com que ela se virasse no mesmo instante na direção do recém chegado. Em um gesto um pouco envergonhado, ela levou a palma para frente dos lábios, engolindo a comida antes que um riso baixo irrompesse de seus lábios. "Perdão, você me pegou em um momento de distração." Disse em tom baixo, mas ainda assim suficientemente alto para que ele a ouvisse. Ao encará-lo pela primeira vez, piscou algumas vezes ao perceber que ele lhe parecia familiar, embora não soubesse dizer exatamente de onde; era uma sensação que, ainda que indefinida, evocava lembranças desconfortáveis. Contudo, afastou o pensamento rapidamente.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSeu olhar acompanhou o local apontado e um sorriso amplo iluminou sua face antes de ela se virar para ele novamente. "Esse também é um dos meus favoritos, então estou com você nisso." Percebeu um leve toque de hesitação na voz dele, mas manteve a simpatia, atribuindo a hesitação a ele ser uma pessoa possivelemente tímida. "Obrigada pelo elogio ao vestido! Admito, estou particularmente feliz por ter escapado dos corsets apertados esta noite. Poder respirar… e comer, é maravilhoso." Ela disse em tom conspiratório, quebrando levemente o protocolo das damas refinadas. Naquela noite, por sorte — ou talvez azar —, as convenções sociais lhe importavam ainda menos.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤMaressa não conteve a risada ao ouvir a resposta da outra; não estava zombando, mas entendia tão bem o sentimento que achou a situação genuinamente engraçada. "A mulher de quem mais gosto para encomendar meus vestidos uma vez me disse que um vestido é, na verdade, um acessório que se adapta à pessoa que o usa." Ela recitou as palavras com um sorriso leve. "Achei profundo e filosófico demais para se referir a tecidos, mas a frase me deu o argumento perfeito para usar mais as peças que gosto. Então, ela se tornou minha modista favorita desde então." Rindo novamente, Maressa aproveitava a rara oportunidade de admitir isso em voz alta, certa de que a outra não a julgaria. Assentiu lentamente enquanto ela falava, divertida com o quanto suas ideias pareciam combinar. "Sem necessidade de agradecimentos! E entendo completamente essa questão dos corsets — tenho uma relação de amor e ódio com eles." Fez uma careta dramática antes de continuar. "Me sinto linda quando os uso, mas nem todos oferecem beleza e conforto, e é isso que mais me incomoda. E, quanto às roupas bufantes... não poderia estar mais certa! Elas me fazem sentir igualzinha à minha irmã mais velha, e às vezes até pior, como se eu fosse minha própria mãe." Ambas costumavam criticá-la por suas escolhas, mas com o tempo acabaram desistindo. Nada que causasse restrição involuntária costumava agradá-la. "Perfeito!" disse, empolgada. "Vi duas pessoas completamente bêbadas jogando um jogo mais adiante e estou certa de que poderíamos vencê-las apenas na conversa. Duvido muito que notariam se trapaceássemos." Ela riu novamente, oferecendo o braço para a outra. "E não vou te deixar sozinha; se eu encontrar alguém conhecido, prometo te apresentar, para que possamos, enfim, conhecer alguém nesse salão que mais parece um formigueiro com tanta gente!" Mantendo o entusiasmo, aguardou que ela pegasse seu braço para então guiá-la pelo salão.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ “ estamos na mesma situação. na verdade, não faço a mínima ideia de onde está qualquer um que eu conheço. ” àquela altura, já abandonara a veia investigativa e desistira de procurar qualquer pertencimento pessoal nas figuras de estranhos mascarados. provavelmente só encontraria algum dos seus caso erianhood operasse algum tipo de milagre, mas tinha a noção de que a deusa tinha coisas melhores para fazer que atender aos seus caprichos. “ é uma pena que ninguém tenha me dado esse conselho… confesso que não ia reclamar de uma roupa um pouco menos bufante. ” a confidência saiu, breve. não era como se fosse um segredo — acreditava que qualquer um que tenha ocasionalmente passado ao seu lado ao longo das horas daquela ocasião a escutou resmungar sobre pelo menos uma característica do traje que adornada o corpo esguio. o vestido era pesado e os sapatos apertavam o mindinho, além das cordas do corset estarem um pouco bem apertadas demais. mesmo assim, gostava da sensação de se sentir bonita; o uso de trajes tão elaboradas, para ela, acontecia uma vez na vida e outra na morte. “ muito obrigada! as outras opções que cogitei me faziam me sentir um pouco claustrofóbica dentro dos tecidos. não combino muito com mangas tão longas… e suspeito que você também não. ” comentou, com um sorriso, com a notoriedade óbvia nos recortes sinuosos do vestido da companhia. “ bom, acho que de ajuda eu não preciso. não estava indo a nenhum lugar específico, só tentando me sentir um pouco menos perdida por aqui. andando de um lado para o outro, sabe. ” o abano da mão demonstrava trivialidade. “ mas, de todo modo, a companhia é mais que aceitável. o que você quer fazer? e ah, claro, não se sinta presa à mim se ver algum conhecido seu no caminho. ”
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ"Já que fui eu quem falou com você primeiro, acho que está mais para alguém encontrado do que alguém que encontrou." A resposta veio em um tom de provocação descontraído, mas, enquanto mantinha seus olhos fixos nos dele, um sorriso malicioso se desenhou em seus lábios. "Mas admito, me perder valeu a pena." E não era mentira; nos últimos minutos, estava completamente absorta naquele olhar e do mistério que o acompanhava. Se ao menos lembrasse quem ele era, entenderia o magnetismo que ele exercia sobre ela e a dificuldade em simplesmente ignora-lo. "Duas amigas, apenas. Ninguém especial." Respondeu com simplicidade, rindo logo em seguida ao vê-lo imitar seu gesto. "Não acho que você seja antipático, só está resistindo em admitir que dançar não é assim tão ruim." Ela respeitava opiniões contrárias, mas ainda assim era teimosa, e com toda a certeza, gostava de se provar estar certa, especialmente quando era sobre algo que gostava. A leve provocação em sua voz deixava claro que não se importaria em tentar mudar a opinião dele.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤEla não respondeu de imediato, apenas segurou a mão dele ao ver a oferta aceita, conduzindo-o para um canto mais afastado do centro, onde a multidão era menor e a música não era assim tão alta permitindo conversar sem tanta dificuldade. Agora próximos, a diferença entre os dois parecia ainda mais evidente: o vestido brilhoso de Maressa resplandecia como um manto estrelado sobre o céu noturno que eram as vestes escuras dele. Com uma confiança tranquila, ela elevou a mão livre até o ombro dele, sustentando seus olhares e exibindo um sorriso discreto. Com confiança, elevou a mão até o ombro dele. "Se não gostar," respondeu devagar "ganha o direito de pedir algo que o agrade mais." Ela não se preocupou em disfarçar a ambiguidade, deixando a oferta aberta, quase como um desafio, enquanto dava início a uma dança calma, tal qual a música que tocava no momento.
Ninguém estava vivendo uma experiência única ali e já havia ficado claro para Cillian que o baile era uma espiral de encontros que, por alguma razão, não queriam se revelar. Sentia profundamente que conhecia a mulher e suas íris de algum lugar, a cor clara sendo um perfeito oposto das próprias. "Nesse caso, vou ter que agradecer suas amigas por terem te perdido quando encontrá-las, ou eu não teria feito." O flerte saiu tão descontraído como se já estivesse habituado ao ato, o que não era bem verdade. Se soubesse que era Maressa, entenderia o porque, como no dia em que se conheceram. Estava naturalmente atraído por ela, com noção para apareciar a beleza alheia e uma companhia positiva. "Veio acompanhada de muita gente? Ou alguém em especial?" A curiosidade era genuína e queria mesmo saber se a moça já não havia outra companhia como ele gostaria de ser.
"É tão ruim assim ser antipático?" Retribuiu ao gesto que ela fizera, um sorriso discreto plantado no rosto. "Danço, só não gosto." Os lábios franziram-se em um bico rápido apenas para entoar sua preferência. Acabou por aceitar a mão ofertada para além da convicção de que dançar era algo divertido. Era, ele não. Apesar da carranca que havia se tornado um estado de personalidade de Cillian, sentia o desejo de fazer um agrado, como se não quisesse muito desapontá-la ou deixá-la na mão. Não que tivesse recusado dança alguma durante a noite, mas a energia que rondava a moça era um pouco diferente das demais. Sentia-se conectado com uma completa estranha e não iria contra os instintos. "Está fazendo muitas promessas para uma noite. Se a dança não for boa, o que eu ganho?"
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤQuanto mais encarava as orbes escuras, mais fácil parecia ser se perder em sua imensidão e afastar-se por completo de todas os limites que a ocasião trazia consigo. Não que em dias ordinários Maressa fosse uma fiel seguidora de regras, muito pelo contrário, ela não poderia ligar menos. No entanto, ainda que se deixasse levar por alguns impulsos hedonistas, o fazia em segredo, de modo a não trazer problemas para si e nem para quem a estivesse acompanhando. Assim que o elogio foi proferido, os lábios curvaram-se em um sorriso que deixava evidente o quão bem recebido o elogio indecente havia sido. "No need to apologize, I appreciate your honesty." A tonalidade simples empregada na fala junto do sorriso exibido tornavam ainda mais evidente seu apreço.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSeus olhos eram como brasa sobre a pele dela, marcando cada parte em que passavam ao mesmo tempo em que pareciam exibir a verdadeira natureza dos pensamentos que orbitavam a mente dele naquele momento. Era como um lembrete constante de que ela devia cortar seja lá o que estivesse se passando entre ambos naquele momento, um lembrete que ela intencionalmente escolhia ignorar. Aproveitando a proximidade, se permitiu inspirar mais profundamente o cheiro intrigante de sua colônia enquanto a fala rente ao ouvido enviava pequenas ondas de arrepios por sua pele, mas ainda, Maressa se mantinha sob postura, inclinando de leve a cabeça sobre o ombro dele para que pudesse respondê-lo de modo que os demais não percebessem que naquele momento ela o queria ainda mais perto. "Like i said, you make me curious before, so..." Desceu da cadeira, parando tão perto d'outrem quanto a normativa permitia. "I would be happy to join you." Concluiu, seu tom ainda baixo enquanto ela mantinha o olhar fixo nele.
Seu olhar era como a ponta fria de uma adaga, traçando o contorno de cada centímetro de pele exposta sem a perfurar. A notou ajustando a postura, as pernas cruzadas um par de linhas elegantes, o movimento do tecido diáfano de seu vestido o fazendo cintilar como estrelas. Tão fácil seria estender a mão e a tocar, e tão graves seriam as consequências: precisava se lembrar de onde estava e dos limites que ali eram impostos, mas o álcool em suas veias e o vagar de seus olhos pouco fez para disfarçar a intenção. Se o impasse era a curiosidade, tinha a maneira perfeita para a saciar; só o doce do vinho alheio desfez o amargor de ter que engolir as palavras sórdidas que lhe vieram à ponta da língua, prestes a escapar. As substituiu por outras, de mesma maneira indecentes, mas que eram elogio e não proposta–por ora. ❛ Pardon my honesty, my lady, but it may very well be the way your figure is hugged by that dress. ❜
Não era mentira. Enquanto a maioria das demais presentes havia optado por cortes modestos, o dela convidava a atenção. Em trajes finos, as curvas femininas pareciam lavradas pelas mãos delicadas de um escultor, e Tadhg nada era além de um fiel apreciador da arte. A língua da mulher era um espetáculo próprio, conduzindo sua imaginação por terras onde damas de família não deveriam andar. Levou o polegar ao próprio lábio inferior ao assisti-la, hipnotizado, a vendo perfeitamente capaz de sugar até a última gota–do vinho, é claro. Soube que o movimento era intencional, e era também permissivo: se ela o dava a mão e então o braço, assumia ser seu o direito de a querer de corpo inteiro. ❛ If you're keen to test my theory, I would very much like to get you off of it. ❜ Sua voz foi não mais que um sussurro, se inclinando na direção dela para a falar ao pé do ouvido. Enquanto a mulher lhe sorria, sua expressão se manteve séria, os olhos intensos ao procurar pelos dela. ❛ Care to join me for a stroll? ❜
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSendo filha de pais controladores, Maressa aprendeu cedo alguns truques para ocultar certas coisas deles. Entre as lições essenciais, aprendeu que estar alimentada o suficiente diminuíam o efeito do álcool no organismo. Não havia bebido tanto aquela noite, mas ao passar pela mesa de comidas, notou que haviam alguns itens dos quais ela gostava muito, por isso se aproximou da mesa, pegando uma unidade e comendo logo em seguida.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤQuando estava prester a engolir, a voz masculina chamou sua atenção, fazendo com que ela se virasse no mesmo instante na direção do recém chegado. Em um gesto um pouco envergonhado, ela levou a palma para frente dos lábios, engolindo a comida antes que um riso baixo irrompesse de seus lábios. "Perdão, você me pegou em um momento de distração." Disse em tom baixo, mas ainda assim suficientemente alto para que ele a ouvisse. Ao encará-lo pela primeira vez, piscou algumas vezes ao perceber que ele lhe parecia familiar, embora não soubesse dizer exatamente de onde; era uma sensação que, ainda que indefinida, evocava lembranças desconfortáveis. Contudo, afastou o pensamento rapidamente.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤSeu olhar acompanhou o local apontado e um sorriso amplo iluminou sua face antes de ela se virar para ele novamente. "Esse também é um dos meus favoritos, então estou com você nisso." Percebeu um leve toque de hesitação na voz dele, mas manteve a simpatia, atribuindo a hesitação a ele ser uma pessoa possivelemente tímida. "Obrigada pelo elogio ao vestido! Admito, estou particularmente feliz por ter escapado dos corsets apertados esta noite. Poder respirar… e comer, é maravilhoso." Ela disse em tom conspiratório, quebrando levemente o protocolo das damas refinadas. Naquela noite, por sorte — ou talvez azar —, as convenções sociais lhe importavam ainda menos.
closed: @maredoomstryke
Arthas não bebia desde sua ida ao reformatório, consciente de seu jeito quando estava sob o efeito de álcool ou de qualquer substância não usual, e ainda assim era obrigatório na entrada que bebesse do drink que sua Majestade havia proporcionado ao evento. Talvez seu eu passado tivesse se rebelado contra aquilo só para causar confusões, mas esse não era ele mais, era apenas a sombra que um dia tampou a luz que ainda havia dentro de si. Com o tempo ele havia aprendido isso... Por tanto, ele havia aceitado de bom grado o shot, prometendo a si mesmo que beberia apenas um, mas um havia sido o suficiente para os efeitos o envolverem.
O sorriso permanecia leve, controlado, em seu rosto ao que seu olhar caminhava por todos ali presentes, sua vista lhe traindo, incapaz de reconhecer qualquer um ali presente, principalmente com as máscaras em seus rostos, ocultando suas identidades; sua ansiedade e o medo de se aproximar de outras pessoas, temendo reencontrar faces que já havia machucado no passado, faziam com que ele evitasse muitas interações, e à sua mão ele carregava um copo de água, sua melhor companheira. Foi só quando uma figura se aproximou da mesa de petiscos próxima dele que ele assentiu. "Gostei do seu vestido. Bem brilhante..." Ele comentou, tentando ser simpático. "Recomendo aquele ali." Apontou um dos petiscos que achara mais saborosos. "Isso é... Se quiser ouvir minha opinião."
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