leticiablack
Baby, it's ok.
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you should love me, right?
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leticiablack · 5 months ago
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A noite em que você me tocou
Fazia tempo que eu não sentia ansiedade ao encontro. Um estranho tão conhecido tocaria meu corpo, mas acabei saindo de lá não apenas com isso; ele também tocou meu coração.
O jeito como a minha pele tão timidamente encontrava a sua e o jeito delicado com que ele despia cada parte de mim: minha roupa, minha armadura, meus medos, minha insegurança.
Ali eu sabia que me entregaria, ao momento, a mim e a ele. Cada respiração e cada olhar que ansiava pela sintonia só confirmavam o desejo antigo, mas também escancaravam a grandeza da vulnerabilidade e das expectativas.
Ele cativava cada parte como quem sabe o que faz, e ele sabia exatamente. Até quando escutava a forma como eu confortavelmente falava sobre mim e meus planos, ele sabia o que fazia. Foi naquele momento que precisei desviar os olhos; olhar para ele era encarar a minha expectativa de viver um amor sob alguém que só seria capaz de me oferecer a metade.
Como ele ousa cativar bem mais do que acreditei ter controle e sem ter a intenção de permanecer?
O pouco dele não poderia dar conta do muito que eu sou, e entendi que eu era. Depois que fui, fui querendo ficar, mas sabendo que precisava ir. E assim, apesar de colocar minha roupa de volta, eu sabia que nada seria como antes, porque eu não poderia ser mais. Ele tinha tocado bem mais que o meu corpo, mas escolheu ser apenas isso, e eu também.
–Letícia Black
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leticiablack · 5 months ago
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Eu quero me demorar no outro, quero fazer morada, quero bem mais do que um momento, eu anseio pelo depois. Não mais me satisfazem os encontros curtos onde não somos quem somos, mas somos aquilo que acreditamos que o outro vai querer ouvir. Enchemos nosso ego e o ego do outro por uma noite e acordamos vazios no dia seguinte. Honestamente, eu quero mais. Quero o suspiro que o corpo dá desejando o mesmo toque, quero desejar alguém bem mais do que pelo corpo. Eu gosto do conforto do silêncio onde os olhos se encontram e a gente não precisa ser nada além do que se é, o gosto da entrega. Quero me entregar para alguém com a certeza da reciprocidade. Quero as horas de conversa sem pressa. Quero me aventurar pelas histórias do outro e prestar atenção na forma como os olhos se fecham ao sorrir. A verdade é que tudo o que eu quero é sentir algo por alguém e não mais viver na efemeridade dos encontros.
–Letícia Black
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leticiablack · 5 months ago
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Eu só queria amar
Hoje eu percebo que tudo aquilo que passei, na verdade, era apenas uma garota querendo viver o amor.
O amor nunca foi acessível para mim, nunca esteve disponível para mim. Eu nunca fui escolhida, assumida, nunca fui amada e desejada, a não ser pelos meus pais. Mas o amor romântico, o amor afetivo, eu nunca pude viver. Tudo que senti foi unilateral: amei por dois e amei por mim.
Tudo o que eu sempre quis e me negaram era viver um amor. E, apesar de soar romântico como em um filme, na verdade, essa busca incessante para que eu fosse escolhida me causou uma ferida enorme e alguns buracos que talvez jamais eu consiga de fato fechar e cicatrizar. Sempre será aquela marca que me faz lembrar que eu só queria amar e o que isso me custou.
É muito louco pensar que, para alguns, é tão simples que é possível encontrar em cada esquina, em cada prateleira. Mas, quando chegava a minha vez, ele sempre estava fora de linha, em falta, indisponível, e eu só queria amar.
Eu quis tanto amor que perdi o meu próprio para ter combustível suficiente para ir em busca dele e me vi no meio de uma encruzilhada: ou eu retornava para o meu próprio amor e parava de procurar, ou eu seguia e me perdia de mim para sempre.
E eu só queria amor.
Eu nunca fui amada como gostaria e talvez eu nunca verdadeiramente seja. Mas, quando eu retornei a mim, entendi que, apesar de toda dor causada nessa busca de ser amada, só eu poderia dar a mim mesma esse amor e mais ninguém.
Nessa jornada aprendi que você precisa se amar, não para que o outro te ame, mas para que você não dependa do amor de ninguém para se sentir feliz.
– Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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Eu quero ser vista
Em 2022 eu escrevi um texto e curiosamente mesmo após 2 anos, tudo que está escrito ainda é o meu desejo, eu quero ser vista, ou melhor, eu quero ser amada, mas quero ser por quem eu sou.
Eu quero ser vista. Vista por quem eu sou, como eu sou, o que sou. Eu quero ser tocada, e não somente pelo corpo. Eu quero ser amada, desejada, lembrada, admirada. Quero a beleza dos encontros onde tudo o que temos a oferecer somos nós, e para ser sincera, isso já é tanto... Eu sinto falta de rir sem pretexto, amar levemente, falar sobre os tantos porquês da vida e ser abraçada como quem não quer nada além de aproveitar aquele momento. Eu sinto falta da leveza dos dias, das mensagens ao acordar, de compartilhar um texto, uma música, uma imagem, como quem diz “lembrei de você”, “acho que você gostaria de ver” ou apenas com a vontade de saber o que penso sobre. Não é sobre sentir um frio na barriga, borboletas no estômago ou a ansiedade apertando o peito, é sobre a saudade de quando podia mergulhar no outro de forma tão natural como se já tivesse nascido sabendo nadar. Já não somos os mesmos há tanto tempo nos escondendo por detrás dos muros tudo o que nos torna quem somos: seres humanos. Eu quero transbordar, sem dosar, sem me preocupar, sem poupar nada. Eu quero ser sentida, ouvida, cuidada. Quero poder escutar que está tudo bem ser intensa demais e a tranquilidade de também poder ser vulnerável, sem medo do que possa parecer ou do que o outro vai achar. Quero sentir que meu amor é uma grande força, não minha maior fraqueza. Durante muito tempo tive medo de me mostrar ao mundo e reneguei a mim mesma meus próprios desejos e vontades em nome de qualquer coisa que me fizesse sentir algo. Mas hoje eu não quero nada que não faça verdadeiramente sentido e, para isso, não posso ser metade de mim por nada nem ninguém. Eu quero ser vista.
– Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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Não enxergamos o que está bem na nossa frente porque é doloroso precisar deixar ir. A gente se agarra mesmo nas incertezas e nas dúvidas, nos segurando em uma brechinha do que pode ser: “e se”, “quem sabe se...”. Não queremos encarar a verdade de que, por mais que se queira, não cabe; por mais que se queira, não vai ser como quis que fosse. Por mais que se queira muito ficar e construir morada, o outro tem data de validade e vai mais cedo do que se pensou. A gente se agarra nas incertezas porque ainda há algo, mesmo que ilusório, ali. Porque é isso ou estar só, mesmo que seja como construir um castelo de areia sob o mar. A gente não quer enxergar a verdade e mentimos para nós mesmos que estamos sendo quem somos, que em algum momento vai ser como queremos e que tudo está sob controle. A vontade de que agora dê certo é tão grande que não queremos enxergar que o outro já comunicou o que queria, mas escolhemos não ouvir para permanecer. A gente acredita que o parafuso que falta e que sustenta a viga da vontade não vai desmoronar a casa toda: “tá tudo bem, tudo vai dar certo”. Mas nada é capaz de se sustentar por muito tempo se o outro não quer ajudar a encontrar a peça que falta. Uma hora ou outra, a gente precisa enxergar e ver que continuar onde não podem nos oferecer o que queremos não é o lugar que merecemos estar. É preciso ir.
–Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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A gente não consegue e não pode controlar quem entra e sai das nossas vidas. Tudo o que podemos fazer, por mais doloroso que seja, é aceitar e, em alguns casos, com uma boa dose de coragem, abrir a porta para que se vão.
Todas as vezes que tentei fazer permanecer o que precisava ir embora, eu sofri. Talvez um sofrimento um tanto egoísta pelo medo de ficar só, por pensar em como eu ficaria sem aquela pessoa, em como eu suportaria sem ela, como seriam os dias e as noites, e como lidaria com aquele vazio que me restaria. Lutei, forcei, implorei, tudo para fazer ficar o que já não pertencia mais àquele lugar.
Eu não queria lidar com a ideia de que eu não era suficiente para que aquela pessoa ficasse, que quem eu era não era o bastante e que, não importasse o que eu dissesse ou fizesse, ela iria de qualquer jeito.
Depois de um tempo, comecei a entender que não era sobre mim ou sobre ser boa o suficiente ou não, mas sim que algumas pessoas simplesmente precisam ir por terem cumprido o seu papel, seja ele qual for, para dar espaço para outras chegarem. Assim, parei de lutar contra o vai e vem, contra quem fica e quem não, e as coisas se tornaram mais leves. O ver da vida se tornou mais leve.
Está tudo bem ir quem quer ir, quem precisa ir. Não se feche com medo do que virá, de quem entrará e do que acontecerá. Não lute contra essa grande maré; boie junto com as ondas e aproveite todo o aprendizado que vier de cada pessoa que entrará e sairá. No final, assim é e assim foi, você ficará bem, acredite em mim.
– Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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Libere-se do passado e de quem você foi
Olhar para dentro de si e revisitar o seu passado pode ser extremamente doloroso. É reviver aquela lembrança que você cavou muito fundo para esconder, pois não sabia se um dia conseguiria olhar para aquilo que fez e lidar com o peso do que foi. Mas, apesar da dor da revisitação, é extremamente necessário entender que fomos o que éramos naquela época e isso não define nem dita o presente. Fomos o que pudemos ser com a consciência que tínhamos naquele momento, e hoje não cabe mais o julgamento a si.
Lembrar o que foi não é para relembrar a dor, nem para se envergonhar ou até mesmo se questionar, mas sim para se entender, fazer as pazes consigo e se perguntar: “O que isso quer me ensinar?” “O que isso está tentando me dizer?” Nada, nada mesmo, é por acaso. E se hoje essa memória veio à tona, seja qual for a causa, veio porque precisa vir com o intuito de te curar dessa dor e te preparar para o que está para chegar.
Acolha o que vier, entenda sem julgamentos, e libere para vir o que é preciso vir.
–Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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Sobre o medo de sentir demais
Eu sinto mais do que demonstro, principalmente em relações amorosas.
Para não me sentir rejeitada, eu sempre neguei qualquer coisa que parecesse demais para o outro: minha intensidade, minhas palavras, meu jeito que era só meu, minha risada. Neguei até mesmo a mim mesma ser o que eu quisesse ser.
Não sendo capaz nem mesmo de elogiar, de dizer o que eu realmente pensava e sentia, sempre com receio de ser e parecer demais.
Eu passei a fingir que não sentia nada, negava a mim mesma sentir qualquer coisa que me deixasse vulnerável porque sempre acreditei que era um grande sinal de fraqueza e estava exposta demais para o outro, que eventualmente poderia acabar brincando com meus sentimentos.
Assim, sempre acabava estando à mercê das escolhas do outro por nunca me posicionar sobre aquilo que eu realmente queria. Então, se o outro não quisesse, eu também não queria, mesmo que tudo que eu queria era querer.
Era devastador me confrontar com o fato de que, por ter tanto medo do outro não me querer, eu preferia fingir não sentir. Todo o sentimento e a vontade de gritá-lo ao mundo eram abafados como um choro escondido no travesseiro. Precisava ser silencioso e não podia durar muito para que ninguém desconfiasse.
Eu sempre fui um grande e imenso poço de sentir. Eu sempre senti tudo com uma intensidade grotesca e era sempre difícil lidar comigo mesma, por não saber o que fazer com tudo isso que transbordava. Era humilhante demais as outras pessoas verem e saberem que eu sentia demais num mundo onde as pessoas sentem e se contentam com a superficialidade do contato.
Fingir não sentir e não ser sempre foi o caminho mais confortável para o outro, não para mim. Eu só consegui perceber que, esse tempo todo, o que eu fiz foi ignorar tudo e qualquer sentimento para não me sentir exposta quando, pela primeira vez, olhei para alguém e o vi por quem ele era, e não apenas como um potencial ou o que eu queria que fosse.
E entendi que, mais uma vez, por medo desse outro não me querer e para me proteger do sentimento da rejeição, eu já estava dizendo para mim mesma que a melhor escolha é fingir e fugir, repetindo velhos padrões de comportamento dos quais eu luto tanto para sair.
A verdade é que dá medo, dá muito medo encarar os próprios sentimentos, a própria imperfeição, a verdade sobre si e o seu desejo. Enxergar a vulnerabilidade como ousadia e não fraqueza, ser o que quer ser e sentir o que quer sentir. Dá medo sentir o que está sentindo e assumir para si e para o outro, indo contra tudo o que já fez anteriormente.
E… Eu acho que estou indo com medo mesmo, mas desta vez estou indo para ser honesta comigo. Não dá mais para construir uma nova versão de mim se continuo repetindo velhos padrões de sofrimento.
–Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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Acordei hoje pensando sobre a importância de se abrir para o novo, para que outros te conheçam, te vejam, abrir espaço para ficar quem quer ficar. Durante anos eu nunca me permiti isso, me acomodei a velhas amizades e me acostumei com o sofrimento de não ser quem eu realmente era e de sentir que nunca seria boa o suficiente para ocupar um espaço.
Diversas vezes eu me vi em situações onde precisava me redimir, me desculpar, me silenciar, sempre pelas escolhas e ações do outro. Eu era culpada por aquilo que o outro fez comigo, mas, apesar do desrespeito, eu voltava por não ter para onde ir. Eu aceitava porque era isso ou ficar sozinha, era isso ou deixar que o outro contasse uma mentira sobre mim, era isso ou eu não pertenceria a nada.
Até que um dia minha terapeuta me disse: “Ou você coloca limites ou você corta essas pessoas da sua vida”. Depois que ela me disse isso, eu senti um misto de medo, confusão e tristeza.
Medo porque eu precisaria explorar um lugar novo, desconhecido. Confusão porque não sabia como seria: “E se?” “Será?” “E agora?” “Mas e?” E tristeza porque eu precisaria abandonar e desapegar de vez de todas as pessoas que, apesar do sofrimento, eram a minha zona de conforto, eram o lugar já conhecido para mim. Eu sabia que já não poderia aceitar mais tudo que já aceitei e que era hora de ir embora.
A gente fica pelas histórias, pelo tempo, pelo amor, mas também precisamos ir pelo desrespeito, sofrimento e pela dor. É preciso desapegar, por mais difícil que seja, e se abrir para o novo, para que o novo te encontre, para que ele olhe para você e queira ficar. A gente se mantém tantos anos em um lugar só e esquece que o mundo tem infinitas possibilidades e que fica quem realmente quer e precisa ficar.
–Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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“I’ve found that growing up means being honest. About what I want. What I need. What I feel. Who I am.”
— Epiphany
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leticiablack · 6 months ago
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Quase
Todo “quase” carrega uma dor sentida de diversas formas. A dor do que poderia ter sido e não será, das possibilidades e probabilidades, a dor do quase que mais uma vez bate na trave, do quase que mais uma vez não vai poder ser, da dor de precisar lidar com o sentimento de “mais uma vez não aconteceu”, da vontade que não vai poder passar de um desejo e de uma expectativa não concluída, a dor de querer fazer morada mas precisar ir embora antes, a dor de que tivesse sido mais do que foi, a dor de saber que seria mais se o outro quisesse, a dor de encarar a si mesma, o passado e a realidade, e sentir o que está sentindo. A dor que também não pode ser sentida por muito tempo porque precisa ter prazo, a dor da partida e de saber que não pode obrigar ninguém a ficar se não quer ficar, e tudo o que você pode fazer é agradecer e também ir embora. Ir embora de todo "talvez" e de todo “quase” que ficou e saber que agora o vazio é que ocupa esse lugar e que não pode ser tampado, mesmo que queira muito. É preciso aprender a lidar com o que falta, porque sempre vai faltar algo. Ver o outro ir embora é escolher a si, não só porque ele não quis ficar, mas porque você entendeu que não pode mais ir além de quem você é em nome de algo que nunca foi verdadeiramente seu, ninguém perde aquilo que nunca teve. E por mais doloroso que seja, não somos capazes de forçar o outro a sentir o que não sente e a querer só porque queremos.
— Letícia Black
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leticiablack · 6 months ago
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“Anybody can look at you. It’s quite rare to find someone who sees the same world you see.”
— John Green, Turtles All the Way Down
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leticiablack · 9 months ago
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leticiablack · 2 years ago
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leticiablack · 2 years ago
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leticiablack · 2 years ago
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Você nunca me viu dançar, nunca me viu ficar enlouquecida quando toca a minha música preferida dançando como se somente eu estivesse ali e ninguém mais me visse. Você nunca me viu ficar enfurecida e ter explosões de raiva como se fosse xingar em todas as línguas diferentes. Também nunca me viu ter crises de riso com uma mistura engraçada de uma risada estranha mas feliz ao mesmo tempo, aquela que te faz querer rir sem nem saber o motivo. E também nunca me viu em meus piores momentos, como se eu pudesse sentir a dor do mundo pesando meu corpo. Você nunca me viu chorar por um filme de romance e falar sobre minhas impressões e indignações sobre ele e algumas indagações sobre o que é o amor, ou sobre como eu detesto filmes de terror mas assisto mesmo assim para comentar da burrice de todos os personagens. Você pouco sabe dos meus medos, da minha fobia por aranhas e por lugares tão pequenos. Você não sabe dos meus sonhos e nunca me ouviu falar sobre eles, talvez não como eu fico tão empolgada falando sobre. Você não sabe mas antes de você eu detestava falar ao telefone e hoje se tornou uma das minhas linguagens de amor. Também não sabe como quão intensa eu sou e ao mesmo tempo me culpo muito por me sentir assim fazendo com que eu esconda qualquer traço que demonstre o tanto que há em mim. Sentir me aterroriza, paralisa, me aflita. Você não sabe mas é mais fácil não sentir, fingir que não sinto, ou sentir pouco mesmo que as vezes o copo queira transbordar. Você não sabe que eu gosto de me vestir conforme eu me sinto e escolho as minhas músicas da mesma forma. As vezes eu só quero ser melancólica e as vezes eu só quero conhecer um artista novo ou ouvir aquela da época dos meus pais. Nunca me viu ficar tão viciada em uma música e ouvi-las por uma semana direto como se só ela existisse no mundo. As vezes eu também só quero assistir um filme besteirol e sem sentido para me fazer rir e tirar o peso do mundo que eu carrego como uma imensa rocha nas minhas costas. Nem sempre tudo precisa ser sobre um filme premiado e uma música com um grande significado. Você não sabe sobre minha dificuldade de ler um livro mas querer um com capa bonita. A verdade é que você nunca me viu, apenas um breve pedaço, um spoiler com vários cortes, uma letra mal traduzida ou uma sinopse mal escrita. Você viu tão pouco de mim como se eu fosse tudo aquilo que viu, afinal, tudo o que você sabe sobre mim talvez não tenha sido somente pelo o que eu me permiti mostrar mas também por até onde você se interessava em conhecer.
–Letícia Black
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leticiablack · 2 years ago
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Sobre feridas
há três meses que eu não escrevo sobre você e ontem, como um lembrete no celular, era a única coisa que eu conseguia pensar. por que ainda dói como se tivesse sido ontem o que já faz muito tempo, aperta o peito como se o tempo não tivesse passado, curado. tempo tempo tempo… há aqueles que vem e vão mas você ainda fica e só agora pude me dar conta de que eu sofro pela ausência de alguém que possa suprir o que você foi ou o que éramos mesmo sabendo que jamais seremos novamente tudo o que fomos, e nem sei se realmente queremos… eu tenho uma ferida em aberto que volta a pulsar toda vez que meu corpo está com outro que não você e por mais que eu queira, não podemos nos curar no mesmo lugar que nos feriu.
–Letícia Black
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