djinfurtacor
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Hora sem Sombra
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djinfurtacor · 24 days ago
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Além do Alcance
Hoje vivi a experiência de olhar para o céu através das lentes de um telescópio.
Vi a lua acender por detrás das nuvens. Observei seu passo apressado. Crateras. Pontos luminosos. Desenhos sombreados disseminando luz com elegância.
Lembrei do mar, quis mergulhar, deitei no véu da noite pra sonhar com o brilho prateado que tocou minha retina.
Miúpe que sou, sorri feliz ao testemunhar tamanha beleza com tanta min��cia. Fazia tempo que os detalhes eram apenas borrões.
Hoje matei saudade com dignidade.
18.01.2025 Canta Galo, Candeias
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djinfurtacor · 27 days ago
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Visões
Debaixo da Terra do Recôncavo correm veios de ouro negro.
Tubos sugam sua riqueza e a população que esteja alerta do perigo constante de explosão.
Jovens negros morrem assassinados no ponto de ônibus.
Florestas desmatadas para criação de gado.
E o povo que fique atento porque a barragem do rio pode romper a qualquer momento.
Até quando?
Sopros de reflexão da minha chegada ao Recôncavo. Muito pra aprofundar ao longo dos dias...
14.01.2025
Coroado, São Francisco do Conde, BA
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djinfurtacor · 28 days ago
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Registros da Retina
Tudo que fotografei hoje foi com meus olhos.
A escada antiga entre plantas da restinga na beira praia da terceira. Os canos das casas apontados para o mar. As ondas desenhando caminhos na areia. Pescadores jogando rede. Maré mexida pós chuva de verão. Pássaro de olhos vemelhos, penas preta e cinza que pousou diante de mim. O arembepeiro se equilibrando estre buracos no pier de madeira. Cada arte! A letra S desenhada no céu. Disse sim! Pequenas ilhas de floresta entre o mato que cresce no brejo. Tantos tons de verde brilhando!
Como foi delicioso caminhar na ciclovia, que permanece a mesma desde sempre, com as mesmas rachaduras. Dessa vez eu estava diferente, sabia reconhecer cajueiro, aroeira, bambuzeiro, castanha- do-brasil, araçá, goiabeira, sanhaço. Sabia mais sobre o bioma do lugar onde cresci e portanto, sobre mim.
Na estiagem da tempestade me lancei em direção ao mar. O tempo passou diante de mim marcado na existência de uma senhora que afirmou: É arembepeira mesmo se não está com frio nesse vendaval.
Gargalhamos e seguimos.
Me diverti bastante também com o olhar abismado das pessoas que acreditam que estou emulando a aparência de um homem só porque corto o cabelo curto e as vezes uso shorts moletom.
Ai ai, sentirei saudades da restinga, da brisa das pessoas, da loucura e da cultura baiana assumida.
Voltarei para o Litoral Sul da Bahia carregada de afirmação cultural e quanto mais os dias passarem, mais baiana serei.
13.01.2025 Fim do Arco Arembepe
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djinfurtacor · 1 month ago
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Descoberta e firmamento
Eu me lembro de quando corria por toda extensão desse terreno. Criava universos nos caminhos traçados pelo radie da casa da frente que talvez nunca fosse ser concluída. Os coelhos Gilmar e Francisca corriam também, faziam tocas, tiveram ninhadas. Eram queridos companheiros.
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Me lembro que aqui nessa casa tudo que foi plantado com desejos cristãos se desfez.
Tantos anos de mentiras, tantos anos de prisão da mente. Tantas violências desnecessárias.
Tudo se desfez.
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Eu viajei demais em profundeza dentro de meus pensamentos quanto li um livro chamado "O Código Da Vinci" de Dan Brown, que chegou em minhas mãos através da Biblioteca Mística de uma Bruxa. Risos.
Eu nunca havia ouvido falar em bruxas. - risadas escandalosas -
Mas quando ouvi pela primeira vez sobre as intenções e manipulações por detrás das ações da Igreja Católica eu entendi sem pestanejar, sem duvidar, sem me assustar.
Eu senti no meu corpo a resposta adentrando cada músculo enquanto meu cérebro assimilava e encaixava completamente tudo no lugar. Todas as dúvidas e inquietações encontraram resposta e isso se tornou propósito em meus dias.
Ontem, sentada na mesa de um boteco com minha querida mãe, descobri que minha Bisavó Raimunda tinha uma casa de macumba, um terreiro. Que era onde ela morava.
Lá, ela recebia, toda segunda feira, uma entidade em seu corpo cálice de receber.
Minha mãe, que era bem pequena nessa época lembra de ouvir os tios, filhos mais velhos de minha Bisa, dizerem:
- "Hoje não é mamãe que está aqui".
A catequização também chegou até o corpo da minha Bisa. Fazendo-a deixar o seu ofício de origem. Mesmo assim ela segue caminhando, vivendo a cultura dela, comendo da mesma forma de antigamente, sendo mau interpretada por isso. Segue mandando todo mundo tomar no cú, fala da vida de cada ser que existe em sua comunidade. Sabe da existência das pessoas. Cada uma. A bicha é braba. Pequena. Linda. Dona.
A mesma Bruxa que me entregou livro que citei outrora se tornou minha mestra no caminho da cultura do equilíbrio da Bruxaria Mariposa. Ela me ensina tantas coisas e ontem me lembrei de um ensinamento que me faz enxergar que a herança correndo no sangue é mais forte do que a colonização. Essa que sim, é feroz e suja. Mas não é maior do que o Tempo de nossas antigas.
É por isso que se desfaz. Que some no vento. Que cai quando a onda do mar bate. Que morre no esgoto da cidade.
Se desfaz sem final.
Sou grata, minha mestra. Por tudo. Por me orientar a buscar minhas antigas. Por me apresentar para o Reino Invisível. Por caminhar ao meu lado no destino.
Sigo vivona no caminho das mais velhas!
10.01.2025 Arembepe, BA
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djinfurtacor · 1 month ago
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Sopro de desejo para os novos frutos
Olá Alícia! Desejo que a minha existência continue acesa em sua memória mesmo que demore um tempo até o nosso próximo encontro. Que você siga crescendo com graça, sabedoria e audácia! Que grandes aventuras floresçam no seu caminhar. Que cada passo seja como ir e voltar:
Na maré do tempo, Na história das suas raízes, Na memória da sua pele afro indígena.
Com muito amor, sua prima, HK
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djinfurtacor · 1 month ago
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Início
Ontem atravessei o mar com a bendição da Senhora do Bom Despacho. Subi a embarcação na companhia de uma gata que confortou o meu pescoço ao longo da viagem. Os motores ligaram, o curso foi apontado e partimos por cima do sal.
Quando mirei a cidade solar Salvador ao longe, me deparei com uma realidade que ainda não havia testemunhado com os próprios olhos.
- "Onde estão as árvores de Salvador?!", indagou meu coração pulsando em solavanco como se fosse saltar.
Foi mais forte que a velocidade da minha consciência sobre a questão. Meu coração tomou a voz. Como um ato de instinto. Farejei o perigo, o rastro da destruição.
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Na travessia é possível enxergar os lados.
Dá pra ver ilhas de terra ao longe, cobertas de verde, salpicada de casas entre as copas. Voei na imensidão d'água buscando cada fagulha de vida nos horizontes ao meu redor.
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Enxerguei o que estava atrás de mim, Itaparica de águas azul vibrante, e mais atrás, toda a floresta que atravessei até encontrar o mar. A cada minuto que me distanciava do ponto de partida, inevitavelmente me aproximava da chegada. E ali, no cruzo da maré alonguei a minha vista. Toquei os lados da intercessão, e a frente, o meu destino se revelava: O único pedaço de terra que reluzia o brilho do sol em um tom branco acinzentado da cidade que agora é de pedra. Aquela era uma Salvador completamente nova para mim.
O que me aguarda do outro lado?
Que tesouros colherei nessa aventura?
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Aportei.
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djinfurtacor · 4 months ago
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Hoje completam-se quatro anos que atravessei o mar pra chegar aqui, do outro lado do litoral da Bahia. Saí do norte pra encontrar no sul, a raiz dos Saberes Antigos no caminho da Bruxaria.
Sigo caminhando, descascando, descobrindo, construindo hábitos saudáveis e desconstruindo vícios que me prendem em ciclos.
Não é fácil, também não é impossível.
Sou feliz pela escolha que fiz, pelo destino e pelos encontros.
Sou raivosa e teimosa. Arrogante, chata, complicada.
Me sei filha da Bahia e na encruzilhada aprendo com minha mestra a curar minhas águas.
É foda e gozo todo dia.
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djinfurtacor · 7 months ago
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Revérbero de uma noite de rodopios.
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Encontrei com Madalena nas falas da sacerdotisa que me guia.
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Segunda é sempre de girar.
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djinfurtacor · 7 months ago
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Maximum Alteritas
Não consigo esquecer o olhar triste da moça que atravessou meu caminho hoje pela manhã. Me pergunto quantos anos ela tinha. Certamente era mais jovem que eu. Carregava em seus braços um bebê recém nascido coberto por um tecido de algodão claro. Um homem visivelmente mais velho que ela caminhava logo a frente com seu bigode acentuado, passos firmes e pesados portando-se expressivamente como um proprietário. Ela não estava feliz. Tampouco ele, porém era claramente perceptível a diferença entre as posições dentro daquela estranha relação. Eu não consegui desviar o olhar. Depois que eles passaram por mim, olhei para trás pra confirmar que estava vendo aquilo mais uma vez. Uma moça prisioneira caminhando a luz do dia, sendo puxada pela coleira invisível e sufocante do machismo estrutural. Ele olhou pra mim de volta como quem se sente visto no momento da prática de uma violação. Olhei pra frente novamente. Uma mistura de, "você pode se fuder por fazer isso" com "eu preciso cravar nos meus olhos essa vítima, ela precisa saber que foi percebida, que não está só". Olhei de volta, já quase perdendo-os de vista e dessa vez era ela quem olhava de volta.
Nunca é fácil de engolir a constatação de uma violência sofrida por outra mulher, pois no segundo em que se percebe o ato, o corpo sabe e sente.
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djinfurtacor · 8 months ago
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A auto piedade torna a visão turva.
Minha mestra costuma dizer: Hellen, pare de alisar a mão sobre a sua própria cabeça e encare suas questões de frente. 
Hoje percebi isso de fora pra dentro. Acontece com outras pessoas também, de idades diversas, gerações distantes e próximas. 
A arrogância e a auto piedade unidas são como goles de veneno. Uma você engole. A outra você cospe.
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djinfurtacor · 8 months ago
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E se?
Hellen Karoline canta artistas baianos que inspiram movimento.
19.06.2024
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djinfurtacor · 8 months ago
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Caminhar por estradas, caminhos, trilhas, becos. Conhecer cada esquina, curva, casa, pessoa, fonte de água, árvore, bicho. Se fazer presente genuinamente no território que habita.
Ser responsável e resiliente. Maleável e insistente. Delirar com as cores que vibram respondendo em um idioma que só quem se reconhece filha(o) da terra sabe ouvir.
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Eu gosto de estar aqui. Gosto de viver entre artistas que são pessoas reais. Gosto de me ralar entre galhos, folhas, flores, espinhos, enquanto aprendo a dar passos para o além de mim.
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Estou aqui de novo, onde já estive outrora. Descobrindo quem sou e o mundo ao meu redor. Há tanto. Tanta vida acontecendo ininterruptamente.
Tanta beleza que acontece independente de mim.
É bom existir. Sentir o maravilhamento eterno de encontrar com a beleza. Deixar entrar pelas retinas até preencher todo o imaginário.
Sombra, arco-íris, pele, traços que viajam no tempo e na memória, rios, cachoeiras, divindades visíveis, palpáveis.
Viver aqui é bom. Um dia a vida já foi sobre sofrimento, escassez, dogma, pecado, culpa. Mas hoje é sobre reflorestar o pensamento. É sobre encantar os lugares, criar mapas, ler o mundo e despertar olhos para enxergar além da superficialidade plástica imposta pelo capitalismo, atuar na realidade, criar artisticamente para mover o mundo para o bem.
Há tanto.. Tanta beleza acontecendo independente de mim que sinto vontade de ter fome pra devorar o mundo.
Sim, meu júpiter é em touro. Tenho fome. Agora quero e preciso cultivar a fome de crescer.
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Sou grata a todo sopro de sorte e ventura que a Guilda Anansi é na minha vida.
Navegar nesse mar com vocês é o que eu quero!
Ahoy.
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djinfurtacor · 8 months ago
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Refletir
Até que os dois lados se entrelacem.
Aquilo que sai pela boca e as ações na vida real.
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djinfurtacor · 8 months ago
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Céu azul vibrante, sol constante e intenso.
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Registros da beleza pulsante das ruas do Bairro Novo às doze horas.
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Entre escritos, elaborações e partos, a Guilda Anansi caminha para nutrir o imaginário.
Agentes culturais presentes nos registros:
@amamaia @jonataspinheiro-fractal
@lobamariane @13ellamanifesta
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djinfurtacor · 8 months ago
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Meninas desejam voar
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Cada linha firmada
expressa o grito
impregnado da vontade de
viver em liberdade.
Quantos significados posso enxergar nessa imagem?
Uma jovem moça firmou as dobraduras que deram vida a este pequeno pássaro. Ela abriu momento no tempo-espaço e o entregou em minhas mãos depois de tudo que ouvimos e construímos em uma roda que fez confluir no mesmo ambiente histórias nossas, tão semelhantes e dolorosas e aprendizados necessários e fundantes para seguir nos dias mais seguras pois quando tomamos consciência de nossos direitos, da luta de nossas mais velhas ao longo do tempo para nos encaminhar até este ponto na história, também nos tornamos agentes dessa revolução. Movimento ascendente que cresce de dentro pra fora.
Agora carrego comigo o símbolo de algo que a minha mestra me ensinou no início dessa jovem caminhada:
Toda vez que mulheres se encontram e se conectam, um fenômeno de cura começa a acontecer. Somos como árvores organizando a vida dentro de um ecossistema.
Ao mesmo tempo que grita em minha retina a certeza de outro ensinamento:
A luta pela liberdade é uma causa coletiva. Só seremos livres quando todas as gaiolas deixarem de existir, quando todas as asas se articularem para alçar voo.
Sigo fincando os passos no caminho e ouvindo o sussurro palpável dos ensinamentos da mais velha que me guia toda vez que me deparo com a verdade.
Revérbero de um momento importante para jovens mulheres e moças do território de Serra Grande. Uma formação para o Grupo das Meninas: Vivências Femininas, que reuniu jovens do território com o intuito de disseminar informações e gerar aprendizados sobre os direitos das mulheres e meninas na sociedade brasileira.
Ao longo de três encontros, aconteceram rodas com a presença de mulheres ativas na luta da causa das mulheres, e/ou no inicio de sua caminhada, para partilhar conhecimentos e aprofundar os temas escolhidos.
18.05.2024 no Barracão de Seu Lito Bairro Novo, rua Beira Rio Serra Grande, Uruçuca, Sul da Bahia
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djinfurtacor · 8 months ago
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Toda vez que uma pedra é colocada em cima da biodiversidade do nosso território, ela também oprime a existência dos nossos corpos.
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djinfurtacor · 11 months ago
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Tudo que vai, volta
Todo mundo pensa que retribuição é só desgraça, troco, volta, tapa na cara. A retribuição é sempre linda e fim. Isso não pressupõe que ela seja boa ou má. Diz que ela é. Por tanto retribuição também pode ser delícia, prazer, encontro, aprendizado. Tudo depende daquilo que as antigas sempre dizem: O que você escolhe plantar?
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