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Hoje completam-se quatro anos que atravessei o mar pra chegar aqui, do outro lado do litoral da Bahia. Saí do norte pra encontrar no sul, a raiz dos Saberes Antigos no caminho da Bruxaria.
Sigo caminhando, descascando, descobrindo, construindo hábitos saudáveis e desconstruindo vícios que me prendem em ciclos.
Não é fácil, também não é impossível.
Sou feliz pela escolha que fiz, pelo destino e pelos encontros.
Sou raivosa e teimosa. Arrogante, chata, complicada.
Me sei filha da Bahia e na encruzilhada aprendo com minha mestra a curar minhas águas.
É foda e gozo todo dia.
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Revérbero de uma noite de rodopios.
Encontrei com Madalena nas falas da sacerdotisa que me guia.
Segunda é sempre de girar.
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Maximum Alteritas
Não consigo esquecer o olhar triste da moça que atravessou meu caminho hoje pela manhã. Me pergunto quantos anos ela tinha. Certamente era mais jovem que eu. Carregava em seus braços um bebê recém nascido coberto por um tecido de algodão claro. Um homem visivelmente mais velho que ela caminhava logo a frente com seu bigode acentuado, passos firmes e pesados portando-se expressivamente como um proprietário. Ela não estava feliz. Tampouco ele, porém era claramente perceptível a diferença entre as posições dentro daquela estranha relação. Eu não consegui desviar o olhar. Depois que eles passaram por mim, olhei para trás pra confirmar que estava vendo aquilo mais uma vez. Uma moça prisioneira caminhando a luz do dia, sendo puxada pela coleira invisível e sufocante do machismo estrutural. Ele olhou pra mim de volta como quem se sente visto no momento da prática de uma violação. Olhei pra frente novamente. Uma mistura de, "você pode se fuder por fazer isso" com "eu preciso cravar nos meus olhos essa vítima, ela precisa saber que foi percebida, que não está só". Olhei de volta, já quase perdendo-os de vista e dessa vez era ela quem olhava de volta.
Nunca é fácil de engolir a constatação de uma violência sofrida por outra mulher, pois no segundo em que se percebe o ato, o corpo sabe e sente.
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A auto piedade torna a visão turva.
Minha mestra costuma dizer: Hellen, pare de alisar a mão sobre a sua própria cabeça e encare suas questões de frente.
Hoje percebi isso de fora pra dentro. Acontece com outras pessoas também, de idades diversas, gerações distantes e próximas.
A arrogância e a auto piedade unidas são como goles de veneno. Uma você engole. A outra você cospe.
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E se?
Hellen Karoline canta artistas baianos que inspiram movimento.
19.06.2024
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Caminhar por estradas, caminhos, trilhas, becos. Conhecer cada esquina, curva, casa, pessoa, fonte de água, árvore, bicho. Se fazer presente genuinamente no território que habita.
Ser responsável e resiliente. Maleável e insistente. Delirar com as cores que vibram respondendo em um idioma que só quem se reconhece filha(o) da terra sabe ouvir.
Eu gosto de estar aqui. Gosto de viver entre artistas que são pessoas reais. Gosto de me ralar entre galhos, folhas, flores, espinhos, enquanto aprendo a dar passos para o além de mim.
Estou aqui de novo, onde já estive outrora. Descobrindo quem sou e o mundo ao meu redor. Há tanto. Tanta vida acontecendo ininterruptamente.
Tanta beleza que acontece independente de mim.
É bom existir. Sentir o maravilhamento eterno de encontrar com a beleza. Deixar entrar pelas retinas até preencher todo o imaginário.
Sombra, arco-íris, pele, traços que viajam no tempo e na memória, rios, cachoeiras, divindades visíveis, palpáveis.
Viver aqui é bom. Um dia a vida já foi sobre sofrimento, escassez, dogma, pecado, culpa. Mas hoje é sobre reflorestar o pensamento. É sobre encantar os lugares, criar mapas, ler o mundo e despertar olhos para enxergar além da superficialidade plástica imposta pelo capitalismo, atuar na realidade, criar artisticamente para mover o mundo para o bem.
Há tanto.. Tanta beleza acontecendo independente de mim que sinto vontade de ter fome pra devorar o mundo.
Sim, meu júpiter é em touro. Tenho fome. Agora quero e preciso cultivar a fome de crescer.
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Sou grata a todo sopro de sorte e ventura que a Guilda Anansi é na minha vida.
Navegar nesse mar com vocês é o que eu quero!
Ahoy.
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Refletir
Até que os dois lados se entrelacem.
Aquilo que sai pela boca e as ações na vida real.
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Céu azul vibrante, sol constante e intenso.
Registros da beleza pulsante das ruas do Bairro Novo às doze horas.
Entre escritos, elaborações e partos, a Guilda Anansi caminha para nutrir o imaginário.
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Agentes culturais presentes nos registros:
@amamaia @jonataspinheiro-fractal
@lobamariane @13ellamanifesta
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Meninas desejam voar
Cada linha firmada
expressa o grito
impregnado da vontade de
viver em liberdade.
Quantos significados posso enxergar nessa imagem?
Uma jovem moça firmou as dobraduras que deram vida a este pequeno pássaro. Ela abriu momento no tempo-espaço e o entregou em minhas mãos depois de tudo que ouvimos e construímos em uma roda que fez confluir no mesmo ambiente histórias nossas, tão semelhantes e dolorosas e aprendizados necessários e fundantes para seguir nos dias mais seguras pois quando tomamos consciência de nossos direitos, da luta de nossas mais velhas ao longo do tempo para nos encaminhar até este ponto na história, também nos tornamos agentes dessa revolução. Movimento ascendente que cresce de dentro pra fora.
Agora carrego comigo o símbolo de algo que a minha mestra me ensinou no início dessa jovem caminhada:
Toda vez que mulheres se encontram e se conectam, um fenômeno de cura começa a acontecer. Somos como árvores organizando a vida dentro de um ecossistema.
Ao mesmo tempo que grita em minha retina a certeza de outro ensinamento:
A luta pela liberdade é uma causa coletiva. Só seremos livres quando todas as gaiolas deixarem de existir, quando todas as asas se articularem para alçar voo.
Sigo fincando os passos no caminho e ouvindo o sussurro palpável dos ensinamentos da mais velha que me guia toda vez que me deparo com a verdade.
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Revérbero de um momento importante para jovens mulheres e moças do território de Serra Grande. Uma formação para o Grupo das Meninas: Vivências Femininas, que reuniu jovens do território com o intuito de disseminar informações e gerar aprendizados sobre os direitos das mulheres e meninas na sociedade brasileira.
Ao longo de três encontros, aconteceram rodas com a presença de mulheres ativas na luta da causa das mulheres, e/ou no inicio de sua caminhada, para partilhar conhecimentos e aprofundar os temas escolhidos.
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18.05.2024 no Barracão de Seu Lito Bairro Novo, rua Beira Rio Serra Grande, Uruçuca, Sul da Bahia
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Toda vez que uma pedra é colocada em cima da biodiversidade do nosso território, ela também oprime a existência dos nossos corpos.
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Tudo que vai, volta
Todo mundo pensa que retribuição é só desgraça, troco, volta, tapa na cara. A retribuição é sempre linda e fim. Isso não pressupõe que ela seja boa ou má. Diz que ela é. Por tanto retribuição também pode ser delícia, prazer, encontro, aprendizado. Tudo depende daquilo que as antigas sempre dizem: O que você escolhe plantar?
#penseira#aprendiz do tempo#bruxaria mariposa#fazendo para aprender#coragem para ir além#aqui e agora#direto do templo
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Na certeza de chegar
Beijar o céu, desejar o mar. Fincar os pés firmes no chão enquanto a direção corre sinuosa. Pra cima. Pra cima. Sempre mais.
A vida corre e cresce à cada curva.
Exu está aqui.
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Despachos encaminhavam comunicações enquanto navegávamos no caudaloso corpo de serpente da estrada escura e sonora que nos dizia:
Vai chegar!
Nós aventureiras da revolução, fomos amadas pelo breu.
Estrelas brotavam no véu doce da noite, enquanto grilos cantavam em uníssono um agudo som de abertura de portais.
Cada pedaço dessa travessia se deu com o ar fluindo entre dentes. Todos os sentidos à favor do vento, até encontrar o mar de salinas.
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palavras que saltaram enquanto bordejávamos o rio Paraguaçu // poucos dias antes no ano campo aberto findar // expedição // lunação de capricórnio
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Dentro Aqui
Sol a pino, esquentando a moleira. Terça-feira. Dia de munir o corpo para seguir caminhando na guerrilha. Meio dia. Quente e intenso. Plantaram vento na terra do recôncavo baiano.
Nasci.
Feliz quem encontra fresca na hora sem sombra. Feliz quem acessa a virada do tempo, quando as divindades dançam na rua brincando com os elementos.
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entrando pela fresta // verão mutável na bahia dos mistérios // lua balsâmica em peixes
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